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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SULESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
ADP 723 - GESTÃO AMBIENTAL E COMPETITIVIDADEProf. Dr. Luís Felipe Nascimento
Ecodesign - Projeto para o meio ambiente
Análise do Ciclo de Vida
Cláudio Senna Venzke
senna@portoweb.com.br
Porto Alegre, RS
ÍNDICE
Evolução da preocupação ambiental__________________________________3
O que é Ecodesign?______________________________________________4
O Ecodesign dentro de empresa___________________________________5
Integração empresarial________________________________________________5
Desenvolvimento sustentável__________________________________________5
Desafios para a implementação do Ecodesign________________________6
Elementos do ecodesign__________________________________________8
Medidas de eco-eficiência_____________________________________________8
Práticas de projetos Eco-eficientes______________________________________8
Métodos de análise de eco-eficiência____________________________________9
Passos para a implementação de um programa de Ecodesign___________9
DIRETRIZES PARA A PRÁTICA DO ECODESIGN_____________________11
A Necessidade de Diretrizes__________________________________________11
Catálogo de Diretrizes para Ecodesign__________________________________12
Práticas de Ecodesign_______________________________________________13
ANÁLISE DE CICLO DE VIDA (ACV): Definição e Aplicação____________15
Fases da ACV______________________________________________________16
Estratégias do Design do Ciclo de Vida_________________________________17
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS_________________________________19
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ECODESIGN - Projeto para o meio ambiente
Evolução da preocupação ambiental
Apesar da preocupação com a qualidade do meio ambiente ser
relativamente nova, já que até a geração passada pouco se conhecia e se fazia
com relação às questões ambientais, atualmente vivemos numa era de
consciência elevada. Muito desta consciência surge a partir de grupos de
interesse público, como as organizações não governamentais. Entretanto, os
processos os processos de fabricação de grande parte dos produtos atuais pode
causar impactos negativos ao meio ambiente, como a geração de resíduos,
destruição de ecossistemas e a diminuição dos recursos naturais disponíveis. Da
mesma forma que os atuais modelos de desenvolvimento industrial ameaçam
exceder os limites de sustentabilidade em termos da utilização de recursos
naturais e geração de resíduos, ameaçando também o equilíbrio do clima, da
vegetação e de produção de alimentos.
Infelizmente os debates sobre qualidade ambiental muitas vezes não
encontram um ponto de equilíbrio, pois de um lado estão ecologistas que, embora
bem intencionados, são dogmáticos nas suas desconfianças do que as
instituições causam ao meio ambiente. Do outro lado os homens de negócio que
se preocupam somente com as questões econômicas. E junto a estes dois grupos
estão as entidades reguladoras que geram muitas leis, mas pouco fazem de
implementação prática. E o cidadão comum se desencanta com estas questões.
Assim, no meio destes desentendimentos, pouco progresso ambiental
alcançamos.
Talvez o caminho que nos dê mais esperança seja aquele que nos leve a
alcançar o desenvolvimento industrial compatível com qualidade ambiental. Isto
passa por uma radical mudança dos sistemas de produção tradicionais, trazendo
para dentro da empresa a responsabilidade ambiental, reprojetando seus
sistemas industriais para alcançar qualidade ambiental e eficiência econômica.
Desta forma, o desenvolvimento sustentável por intermédio da eco-eficiência tem
se tornado lema de muitas empresas que descobrem as vantagens competitivas
na conservação dos recursos naturais e consciência ambiental.
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Dentro deste contexto surge o conceito de Projeto para o Meio Ambiente
ou Ecodesign.
O que é Ecodesign?
O conceito de Ecodesign é recente, segundo Fiksel (1996) originou-se no
início dos anos 90, com os esforços das indústrias eletrônicas dos EUA para
criarem produtos que fossem menos agressivos ao meio ambiente. Formaram
uma força tarefa para desenvolver um base de conhecimentos em projetos
voltados para a proteção do meio ambiente, que primeiramente beneficiou estas
indústrias. A partir desta época, tem crescido rapidamente o interesse pelo tema,
principalmente em empresas que já desenvolviam programas de gestão
ambiental e de prevenção da poluição.
Desta forma, Ecodesign é definido como sendo um conjunto específico de
práticas de projeto, orientadas à criação de produtos e processos eco-eficientes,
tendo respeito aos objetivos ambientais, de saúde e segurança, durante todo o
ciclo de vida destes produtos e processos (Fiksel, 1996).
A prática de Ecodesign torna-se essencial para aquelas empresas que já
reconheceram que a responsabilidade ambiental é de vital importância para o
sucesso no longo prazo, pois promove vantagem como redução dos custos,
menor geração de resíduos, gera inovações em produtos e atrai novos
consumidores.
Somado a isto, atualmente os consumidores preocupam-se mais em
adquirir produtos menos impactantes ao meio ambiente, existindo também,
tendências globais que colocam como condição essencial, para os fornecedores,
que os produtos e serviços tenham um projeto que vise o respeito ao meio
ambiente. Governos, principalmente na União Européia, criam leis que fazem com
que os fabricantes se responsabilizem pela recuperação de produtos e materiais,
após o término da vida útil destes. Da mesma forma, esta preocupação está
crescendo voluntariamente em diversas empresas que promovem a
responsabilidade ambiental entre seus funcionários, clientes e fornecedores.
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O Ecodesign dentro de empresa
O Ecodesign representa a convergência de duas tendências que orientam
as formas atuais de produção, que são a integração empresarial e o
desenvolvimento sustentável.
Integração empresarial
É a reorganização dos processos empresariais e dos sistemas de
informação para facilitar o desenvolvimento da empresa como um todo, através
da interligação dos diversos setores da empresa. O gerenciamento da qualidade
total é uma importante base para a integração empresarial. Mais recentemente, o
desenvolvimento integrado de produtos tem sido largamente adotado como uma
estratégia de agilidade na produção, permitindo que as empresas desenvolvam
produtos com alta qualidade enquanto reduzem seus tempos de lançamento no
mercado. A integração dos produtos requer equipes de projeto interligadas e
conhecedoras dos aspectos de segurança, testabilidade, fabricação,
confiabilidade e manutenção ao longo do ciclo de vida deste produto. Como
segurança ambiental é um importante aspecto da qualidade total, o Ecodesign
aparece naturalmente neste processo.
Desenvolvimento sustentável
Implica na questão de como assegurar o crescimento industrial sem causar
impactos ambientais adversos, indo ao encontro da máxima de "atender as
necessidades das gerações presentes sem comprometer o atendimento das
necessidades das gerações futuras". O conceito de empresa ambientalmente
responsável tem servido como base para superar este desafio, assim como a
prevenção da poluição que já se tornou uma prática comum nas indústrias. As
empresas buscam agora integrar suas atividades com os sistemas naturais em
que operam.
Para ilustrar a convergência destas duas linhas, Fiksel (1996) apresenta a
figura mostrada a seguir.
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Fonte: Traduzido de Fiksel (1996)
Desafios para a implementação do Ecodesign
Grandes empresas mostram-se abertas para a adoção de tecnologias
ambientalmente responsáveis em seus produtos e processos, buscando com isto
uma melhor estratégias de desenvolvimento. Mas descobrem que a implantação
de um projeto para o meio ambiente de forma consistente e efetiva é um desafio,
principalmente pelos seguintes motivos: necessidade de pessoas qualificadas; a
complexidade dos fenômenos naturais e suas análises; os sistemas econômicos
nos quais os produtos são produzidos, utilizados e reciclados são muito mais
difíceis de se entender e controlar do que os próprios produtos.
Assim, empresas que desejam implementar o Ecodesign necessitam
considerar cuidadosamente os seguintes pontos:
Motivação empresarial
- Verificar se a empresa possui uma ou mais unidades de negócios nas quais o
ecodesign mostra-se como um fator competitivo;
- Verificar a preocupação dos clientes com o desempenho ambiental dos
produtos ou processos de fabricação;
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INTEGRAÇÃO EMPRESARIAL
ECODESIGN
DESENVOLVIMENTO INTEGRADO DE PRODUTO
PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO
GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL
GESTÃO AMBIENTAL
DESENVOLV. SUSTENTÁVEL
- Prever padrões e regulamentações ambientais que possam influenciar a
lucratividade da empresa.
Postura ambiental
- verificar se a missão e a política da empresa dão suporte ao ecodesign;
- verificar se a empresa está preparada para uma estratégia pró-ativa de
gerenciamento ambiental;
- como a empresa coloca as metas ambientais na sua estratégia;
- relação com outros programas já implantados;
- identificar quais os impactos na imagem da empresa são causados pela
postura de responsabilidade ambiental adotada.
Características organizacionais
- implementação de um sistema de gerenciamento ambiental integrado com
outros sistemas gerenciais já implantados;
- existência de práticas integradas de desenvolvimento de produtos;
- como os atributos ambientais podem ser incorporados aos processos de
gerenciamento da qualidade de produtos e processos;
- verificar a existência de recursos organizacionais em posições estratégicas
para dar suporte às questões ambientais;
Experiência existente
- existência projetos voltados ao meio ambiente;
- análise de ciclo de vida e performance de produtos;
- existência de programas de reciclagem, conservação de recursos, redução de
resíduos ou recuperação de materiais;
- implementação de iniciativas em prevenção da poluição e consciência
ambiental;
- existência de tecnologias que facilitem a implementação de projetos voltados
ao meio ambiente, como modelagem por computador e ferramentas de
suporte à decisão.
Metas estratégicas
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- como o Ecodesign contribuirá para a lucratividade e desenvolvimento dos
negócios;
- identificação melhoramentos ambientais desejados em produtos ou processos
específicos;
- parcerias e alianças com fornecedores e clientes que são necessárias para
encontras oportunidades ambientais;
- avaliar qual os benefícios do melhoramento ambiental para os funcionários,
clientes, fornecedores, comunidade e acionistas;
- como avaliar os custos e benefícios, ao longo do ciclo de vida, de forma
satisfatória.
Elementos do ecodesign
Como o Ecodesign busca descobrir inovações em produtos que resultarão
na redução da poluição e resíduos em todos os estágios do ciclo de vida, além de
satisfazer outros objetivos de custo e desempenho, ele não deve ser praticado
isoladamente. Para que haja esta integração no processo de desenvolvimento de
novos produtos, os elementos a seguir são necessários:
Medidas de eco-eficiência
São usadas para refletir o desempenho ambiental da empresa, como as
utilizadas nos programas de certificação e de rotulagem ambiental. A escolha das
medidas ambientais é de extrema importância para estipular parâmetros
quantitativos que servirão de controle para o perfeito atendimento dos objetivos
ambientais propostos.
Práticas de projetos Eco-eficientes
São uma variedade de práticas específicas associadas ao projeto de eco-
eficiência, que procuram alcançar as metas ambientais propostas, tais como:
- substituição de materiais;
- redução de resíduos na fonte geradora;
- redução do uso de substâncias tóxicas;
- redução do consumo de energia;
- extensão da vida útil do produto;
- projeto de montagem e desmontagem facilitadas,
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- projeto para reciclagem;
- projeto para a disposição final;
- projeto para reuso;
- projeto para refabricação;
- projeto para recuperação de energia.
Métodos de análise de eco-eficiência
Para completar o processo de desenvolvimento, são necessários métodos
que analisem o grau de melhoramento esperado com o novo projeto, com relação
as medidas de eficiência de interesse. Os métodos mais utilizados são os
seguintes:
- métodos de triagem: são utilizados para escolher entre um conjunto de
alternativas;
- métodos de análise: são utilizados para fazer a previsão de desempenhos de
projetos esperados, com respeito a objetivos particulares;
- métodos de comparação: são utilizados para comparar o desempenho e o
custo de diversas alternativas de projeto, com relação a um ou mais atributos
de interesse.
- Métodos de tomada de decisão: são utilizados para auxiliar ou grupos de
projeto selecionarem alternativas quando há grande incerteza ou
complexidade.
Passos para a implementação de um programa de Ecodesign
Passo 1: discussão do que é Ecodesign
Trazer para dentro da empresa a discussão do assunto
Passo2: formação da base conceitual
Desenvolver o conceito de Ecodesign na empresa, principalmente nos
níveis gerenciais.
Passo 3: comprometimento
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Elaboração da política ambiental da empresa, decidindo quando esforço
será gasto para implementá-la e o que é importante para a empresa.
Passo 4: Planejar o processo
Criação de um plano de implementação do ecodesign, incluindo os
participantes do processo, e o tempo disponível, bem como as formas de
comunicação.
Passo 5: identificar os aspectos ambientais
Os aspectos ambientais da empresa são qualquer tipo de atividade,
produtos ou serviços que podem ter um impacto no meio ambiente, desta forma é
necessário que sejam identificados, considerando a entrada e saída de materiais,
as atividades de produção e administrativas.
Passo 6: determinar os aspectos significativos
Após a identificação dos aspectos, é necessário que sejam determinados
os mais significativos, para que sejam priorizados na elaboração do projeto.
Passo7: fixar padrões
Todo o aspecto ambiental significativo deve ter um conjunto de padrões,
que servem de guia para o controle operacional e ação corretiva quando
necessário, minimizado assim os impactos ambientais.
Passo 8: realizar melhorias
O projeto ambiental permite que sejam avaliadas alternativas e escolhidos
os objetivos, que podem ser a substituição de materiais, prevenção da poluição e
gestão de recursos e resíduos.
Passo 9: montar um projeto de gestão ambiental
Implementação do projeto ambiental, através da mudanças necessárias
nos processos, procedimentos de trabalho e metas a serem atingidas. É
necessário também, uma revisão do processo em intervalos regulares para
mensurar o quanto das metas está sendo atingidas.
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Passo 10: estabelecer um plano de melhoria contínua
Para assegurar o sucesso do plano, são necessárias revisões regulares,
como exposto no passo 9, além disto para promover uma melhoria contínua é
necessário também revisar as formas de gerenciamento e os objetivos propostos,
para que se consiga avançar da solução de problemas mais simples até os
problemas mais complexos que existem na organização.
DIRETRIZES PARA A PRÁTICA DO ECODESIGN
Conforme apresentado anteriormente, o objetivo do Ecodesign é habilitar
as equipes de projeto a criar produtos eco-eficientes, ou seja, que ao longo do
seu ciclo de vida minimizem os impactos ambientais adversos e que maximizem a
conservação de recursos valiosos.
Para atingir tal objetivo, o Ecodesign deve ser integrado de modo
adequado ao processo de desenvolvimento, desde a análise das necessidades do
cliente e o estabelecimento dos requisitos do produto até a constatação de que
tais requisitos foram plenamente atendidos.
Nesse contexto, a disponibilidade de orientações voltadas para a prática do
Ecodesign constituem o segundo elemento-chave de apoio a esse processo de
desenvolvimento.
A Necessidade de Diretrizes
Uma vez definidos os objetivos do produto, seu ciclo de desenvolvimento deve ser
iniciado logo em seguida. É um processo exploratório durante o qual idéias são
geradas, consideradas sob várias perspectivas, e ou perseguidas ou rejeitadas.
Existem pelo menos dois tipos de diretrizes:
- diretrizes prescritivas: algumas vezes chamadas de regras de projeto, definem
afirmações sobre o que os projetistas deveriam ou não fazer. Por exemplo,
lista de materiais banidos.
- diretrizes sugestivas: representam conhecimento acumulado, incluindo as
melhores práticas e lições aprendidas, mas não procuram estabelecer regras
estritas.
Todas as diretrizes aqui apresentadas serão sugestivas, visto que o Ecodesign
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ainda se encontra em um estágio embrionário, não existindo ainda padrões;
envolve diversas trocas complexas, tornando difícil encontrar-se regras gerais
A aplicação dessas diretrizes do Ecodesign gera inúmeros benefícios:
- estimulam a consistência entre diferentes equipes de desenvolvimento em
áreas onde a consistência é desejável, por exemplo, esquemas padronizados
de rotulagem de materiais;
- promovem continuidade por meio da acumulação de conhecimento sobre
sucessivos ciclos de projetos, permitindo que a conservação e difusão do
conhecimento;
- levam a um processo de projeto mais sistemático, sendo menos dependente
de idiossincrasias ou particularidades de projetistas individualistas;
- expandem o escopo de questões consideradas durante o projeto, permitindo à
equipe antecipar tendências que podem desconhecer.
Apesar disso, num ambiente de rápido desenvolvimento de produtos, é
geralmente difícil assegurar que as equipes de produto dêem atenção a diretrizes,
especialmente sendo estas apenas sugestivas e não restritivas.
Catálogo de Diretrizes para Ecodesign
A seguir são apresentadas algumas diretrizes comumente aplicadas por
empresas fabricantes em uma variedade de setores industriais.
Para serem realmente úteis para uma empresa e uma equipe de produto em
particular, tais diretrizes necessitam ser convertidas a partir das considerações
gerais relacionadas abaixo para uma abordagem mais específica que seja
aplicável ao(s) produto(s) em questão:
- tal relação não pretende ser exaustiva, embora englobe a maioria das práticas
industriais comuns, visto que novas abordagens estão sendo constantemente
criadas;
- o esquema hierárquico de classificação é um tanto quanto arbitrário, pois
muitas dessas práticas estão intimamente interligadas;
- cada diretriz apresentada pode ter impactos em um ou mais estágios do ciclo
de vida do produto;
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- há muitos pontos em comum com outras disciplinas de projetos, tais como os
de fabricação e o de montagem, sendo um ponto forte do Ecodesign sua
sinergia com tais disciplinas. Por exemplo, a redução da complexidade de um
projeto direciona para menos partes, menores custos de montagem e
desmontagem mais simplificada.
Práticas de Ecodesign
Dentre os vários enfoques que se pode dar ao ecodesign, pode-se enunciar as
seguintes:
1 – Design voltado para a recuperação e reutilização de materiais e componentes:
1.1. Design para recuperação de materiais: para serem recuperáveis com
valor econômico positivo, os materiais precisam se apresentar o mais próximo
possível do seu estado de alimentação do estoque de fabricação. Para tanto, são
várias as características associadas ao valor de recuperação dos materiais:
homogeneidade, pureza e reprocessabilidade, bem como estabilidade e requisitos
estéticos e estruturais. Em geral, a reciclabilidade de um material depende de
inúmeros fatores:
- a atratividade econômica para a reciclagem do material e a existência de
mercados “fim de tubo”;
- o volume, a concentração e a pureza do material reciclado;
- a existência de tecnologias de reciclagem e de separação e uma adequada
infra-estrutura de reciclagem.
1.2. Design para recuperação de componentes: os desenvolvedores de
produtos podem aumentar o valor do fim de vida de vários de seus componentes
de várias formas:
- projetando componentes que sejam reutilizáveis para propósitos de círculo de
fabricação próximo;
- projetando componentes que sejam reutilizáveis para aplicações secundárias
devido à sua funcionalidade, flexibilidade ou programabilidade genérica;
- facilitando a remoção não destrutiva do componente;
- projetando o componente de uma forma que acelere seu diagnóstico e
restauração.
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2 – DFD (Design for Disassembly) ou Design para Desmontagem: visa facilitar o
acesso aos componentes, de modo a simplificar o máximo possível o processo de
desmontagem de cada componente do produto. As métricas de desmontagem
incluem: número de direções de desmontagem, volume/peso dos componentes,
redução de materiais e componentes, reuso de materiais, componentes e do
produto, e reciclagem
2.1 Facilitar o acesso aos componentes: pois o propósito desse tipo de
design é assegurar que um sistema de produto possa ser desmontado com o
mínimo de custo e de esforço. Se não se tem acesso a um componente,
independente do quanto seja valioso, então não se pode recuperá-lo. Da mesma
forma, não se considera compensador desmontar produtos que contenham
materiais diversos em grande número, de difícil identificação ou, ainda, em grande
parte não recicláveis.
2.2 Simplificar as interfaces entre os componentes: evitar o uso de
parafusos, adesivos, colas, dando preferência à utilização de encaixes, clipes, etc.
2.3 Projetar visando simplicidade: pois leva a menores custos de
fabricação, menor volume de material, maior durabilidade e desmontagem mais
fácil para propósitos de manutenção ou recuperação. Entre as formas de se
atingir a simplicidade no projeto, tem-se:
reduzindo a complexidade de fechamento e montagem do produto em termos de
seu projeto geométrico e espacial, bem como a complexidade de sua operação
funcional;
projetando partes multifuncionais que sirvam a uma variedade de propósitos;
utilizando partes iguais em projetos diferentes, representando ou modelos
diferentes numa família de produtos ou em gerações sucessivas de produtos.
3 – Design para minimização de resíduos: obtido ao se buscar reduzir sua
geração na fonte (redução de peso e volume do produto), facilitar a
separabilidade dos mesmos, evitar o uso de materiais contaminantes, viabilizar a
recuperação de resíduos para sua reutilização e, não sendo isso possível, para
sua incineração
4 – Design para conservação de energia: realizado mediante a redução do uso de
energia no processo de produção, desenvolvimento de equipamentos que
reduzam o consumo de energia na empresa, bem como a diminuição do uso de
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energia usada na cadeia de distribuição de produtos e o uso de fontes renováveis
de energia (solar, por exemplo)
5 – Design para conservação de materiais: desenvolvendo-se produtos com
múltiplas funções de uso, sejam estas paralelas (funções simultâneas, como por
exemplo uma câmera de vídeo que também pode ser usada para reproduzir
filmes) ou seqüenciais (um produto é retirado de seu uso primário e aplicado para
um uso secundário ou terciário); especificando-se que materiais são reciclados
e/ou renováveis, utilizando-se componentes remanufaturados, visando-se
alcançar maior longevidade para o produto (aumento de sua vida útil), buscando-
se a recuperação de embalagens, assim como a adoção de recipientes/depósitos
reutilizáveis
6 – Design para a redução de riscos crônicos: buscando-se reduzir a geração de
desperdício, mediante a adoção de processos de produção mais limpos; evitando-
se o emprego de substâncias indesejáveis (devido a sua elevada toxicidade) e de
químicos redutores da quantidade de ozônio (CFCs), adotando-se tecnologias
baseadas no uso de solventes aquosos, utilizando-se produtos biodegradáveis,
quando sua reciclabilidade não for possível, bem como assegurar a disposição de
resíduos que não possam ser economicamente recuperados e reprocessados
7 – Design para prevenção de acidentes: por meio da aplicação de técnicas
visando a realização de análise de riscos reais ou potenciais relacionados aos
processos e produtos existentes na empresa, a fim de se avaliar conceitos e
tecnologias alternativas de design para os mesmos.
ANÁLISE DE CICLO DE VIDA (ACV): Definição e Aplicação
A crescente preocupação com os impactos ambientais gerados pela
provisão de bens e serviços à sociedade tem sido indutora do desenvolvimento de
novas ferramentas e métodos que visam a auxiliar na compreensão, controle e/ou
redução desses impactos. A análise de ciclo de vida (ACV), portanto, é uma
ferramenta que visa a avaliação dos aspectos ambientais e dos impactos
potenciais associados a um produto ao longo de todo o seu ciclo de vida,
compreendendo etapas que vão desde a retirada da natureza das matérias-
primas elementares que entram no processo produtivo (berço), ao uso e à
disposição final do produto (túmulo).
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A Análise de Ciclo de Vida de Produtos é, na realidade, uma ferramenta
que pode ser utilizada em uma grande variedade de propósitos. As informações
coletadas na ACV e os resultados de suas análises e interpretações podem ser
úteis para tomadas de decisão, na seleção de indicadores ambientais relevantes
para avaliação da performance de projetos ou reprojetos de produtos ou
processos e/ou planejamento estratégico.
Ao ser adotada, portanto, a ACV pode trazer benefícios diversos, dentre os quais:
- encorajar as indústrias a sistematicamente considerar as questões ambientais
associadas aos sistemas de produção (insumos, matérias-primas, manufatura,
distribuição, uso, disposição, reuso, reciclagem)
- identificar oportunidades de melhoramento dos aspectos ambientais
considerando as várias fases de um sistema do produção
- melhorar o entendimento dos aspectos ambientais ligados aos processos
produtivos de uma forma mais ampla, auxiliando na identificação de
prioridades e afastando-se do enfoque tradicional end-of-pipe para a proteção
ambiental
- subsidiar as estratégias de marketing (declarações ambientais, esquemas de
rotulagem, entre outros)
- avaliar a seleção de componentes feitos de diferentes materiais
- auxiliar o processo de tomada de decisão da empresa, por exemplo, no
estabelecimento de prioridades ou durante o projeto de produtos e processos,
podendo levar à conclusão de que a questão ambiental mais importante para
uma determinada empresas pode estar relacionada ao uso de seu produto, e
não às suas matérias-primas ou ao processo produtivo
A ACV, em suma, constitui-se em uma forte tentativa de integração da
Qualidade Tecnológica do Produto, da Qualidade Ambiental e do Valor Agregado
para o consumidor e a sociedade.
Fases da ACV
A ISO 14040 estabelece que a ACV de Produtos deve incluir a definição do
objetivo e do escopo do trabalho, uma análise do inventário, uma avaliação de
impacto e a interpretação dos resultados.
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Na primeira fase define-se a razão principal para a condução do estudo, sua
abrangência e limites, a unidade funcional, a metodologia e os procedimentos
considerados necessários para a garantia da qualidade do estudo e que deverão
ser adotados. Como essas definições influenciam o resultado final, representam
uma etapa-chave de qualquer projeto de ACV, sendo importante ressaltar,
contudo, que a ACV é uma ferramenta iterativa, fazendo parte de sua
metodologia, portanto, a revisão, quando necessária, de tais definições.
Tendo sido determinados o objetivo e o escopo do trabalho, passa-se à fase de
coleta e quantificação de todas as variáveis (matéria-prima, energia, transporte,
emissões para o ar, efluentes, resíduos sólidos, etc.) envolvidas durante o ciclo de
vida de um produtos (análise horizontal), processo ou atividade (análise vertical).
Da mesma forma que a fase anterior, a análise do inventário do ciclo de vida deve
ser conduzida de modo iterativo, envolvendo a checagem de procedimentos de
forma a assegurar que as definições estabelecidas na primeira fase estejam
sendo atendidas.
A fase seguinte representa um processo qualitativo/quantitativo de entendimento
e avaliação da magnitude e significância dos impactos ambientais com base nos
resultados obtidos na análise de inventário. O nível de detalhamento, escolha dos
impactos a serem avaliados e a metodologia utilizada dependem do objetivo e do
escopo do estudo.
Por fim, realiza-se a identificação e análise dos resultados obtidos nas fases de
inventário e/ou avaliação de impacto de acordo com o objetivo e o escopo
previamente definidos para o estudo.
Estratégias do Design do Ciclo de Vida
Após as explanações anteriormente realizadas acerca da ACV de produtos,
e com base nas práticas de design previamente apresentadas, busca-se, então
viabilizar a aplicação do design ao ciclo de vida de produtos mediante os
seguintes níveis estratégicos a seguir elencados:
Nível 0 - Desenvolvimento de um novo conceito;
Nível 1 – Seleção de materiais de baixo impacto;
Nível 2 – Redução do uso de materiais;
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Nível 3 – Otimização das técnicas de produção;
Nível 4 – Otimização do sistema de distribuição;
Nível 5 – Redução dos impactos dos usuários;
Nível 6 – Otimização do tempo de vida do produto;
Nível 7 – Otimização do pós-uso.
Tais níveis devem ser aplicados e revisados continuamente, objetivando,
dessa forma, obter-se a melhoria contínua do produto, atuando nas etapas do
ciclo de vida do produto, conforme apresentado a seguir:
- Fonte dos Recursos: neste caso, mediante o uso de fontes de recursos
renováveis; por meio da redução no uso de matérias-primas, energia e demais
insumos ou, ainda, reduzindo-se os possíveis impactos ambientais quando do
transportes das matérias-primas para o local de fabricação do produto;
- Produção, Vendas e Distribuição: por meio de eficiência no uso de energia, na
redução ou prevenção de poluição, ou mesmo na minimização na geração de
desperdícios;
- Uso do Produto: produtos que apresentem redução no impacto ambiental
causado durante sua vida útil;
- Disposição Final: desenvolvimento de produtos que possam ser reutilizados ou
reciclados, sendo, assim, reaproveitados como subprodutos.
Com base no exposto anteriormente, adquiri-se, portanto, condições para o
desenvolvimento e/ou aperfeiçoamento contínuo de produtos.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1990.
Environmental Protection Agency - EPA. A design for the environment
approach. USA, 1999
FIKSEL, Joshep. Design for environment: creating eco-efficient products and
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SEYMOUR, J. e GIRARDET, H. Blueprint for a Green Planet. 1987.
U.S. Office of technology assessment report. Green products by design:
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Pesquisa na internet
http://www.msu.edu/~sop/what_is_packaging.html em 07/09/2000
http://orbita.starmedia.com/~jbraga//index.htm em 02/09/2000
www.unilivre.org.br/centro/f-experiencias.htm em 09/09/2000
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