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JACINTO. Personagem central d’A Cidade e as Serras*. Nasce em Paris, no 202 dos Campos Elísios, por alturas de 1852. Seu avô, o riquíssimo D. Galião, miguelista fanático, emigrara para Paris quando D. Miguel foi desterrado, comprando
o 202 a um príncipe polaco. Aí cresce o Cintinho que casa com uma Terezinha Velho e logo mor-
rerá de tísica.
Jacinto nasce meses depois herdando
«cento e nove contos de renda em terras de semea-
dura, de vinhedo, de cortiça e de olival». É atra-
vés do seu amigo Zé Fernandes, narrador da his-tória, que ficamos a saber que «Jacinto medrou
com a segurança, a riqueza de um pinheiro das du-nas.
Não teve sarampo, não teve lombrigas. As
letras, a tabuada, o latim entraram por ele tão fa-cilmente como o sol por uma vidraça». Tudo lhe corria bem: «Era servido pelas coisas com docili-dade e carinho; — e não recordo que jamais lhe estalasse um botão de camisa, ou que um papel
maliciosamente se escondesse dos seus olhos, ou que ante a sua vivacidade e pressa uma gaveta pér-fida emperrasse.» Quando um dia compra a um sacristão espanhol um bilhete de lotaria logo lhe saem quatrocentas mil pesetas. Por isso lhe cha-mam «o Príncipe da Grã-Ventura».
A Natureza representava para Jacinto
um mundo estranho e hostil que ele totalmente re- pudiava: «Logo que se afastava dos pavimentos
de madeira, do macadame, qualquer chão que os seus pés calcassem o enchia de desconfiança e ter-ror. Toda a relva, por mais crestada, lhe parecia ressumar uma humidade mortal. De sob cada tor-rão, da sombra de cada pedra, receava o assalto
de lacraus, de víboras, de formas rastejantes e vis-
viscosas.» Zé Fernandes entretanto regressa ao seu Douro natal e quando sete anos depois volta a Pa-
ris vai encontrar o seu amigo Jacinto algo modi-ficado: corcovava, tinha rugas na testa, falta de apetite, considerando tudo uma «maçada» e uma «seca». Queixava-se das agressões da cidade e da multidão que lhe provocavam o que ele chamava os «sulcos», ou seja, as marcas que tais agressões lhe deixavam na alma.
sumptuário = relativo a luxo
sabino = de antigo povo da Itália
alfange = sabre
cerda = pêlo rijo
lauda = página
comanditário = sócio (em comandita)
pelica = pele fina
écarté = jogo de cartas
Concurso Traduzir• alunos do 11.º ou 12.º
• 27 de Abril (15.30-17.30), mas texto a traduzir é dado antes (a partir de 14 de Abril)
• línguas de partida (alemão, espanhol, inglês, francês), mas o domínio da língua de chegada (português) é ainda mais importante
• prémios costumam ser bons
• alunos que quiserem concorrer preenchem ficha de inscrição até ao final da 1.ª semana do 3.º período
Círculo de Leitores
21 de Abril, às 1? horas
(Semana das Línguas)
ensaios na 2.ª e na 5.ª anteriores
leitura de texto em português
/ respectiva versão em língua estrangeira