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7/25/2019 13_social
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REDE CNCER 3
socialAFINAR O SOM À MEDICINA FAZ BEM À SAÚDE
A terapia da músicaSom, ritmo, melodia, harmonia... De diferentesformas, a música está ligada a todos os momentosde nossa vida. Logo após a Segunda Guerra Mundial,nos Estados Unidos e na Europa, quando começa-ram as primeiras experiências de levar música a hos-pitais, na tentativa de amenizar a dor e o sofrimentovividos em meio ao horror da guerra, os resultados
surpreenderam. Surgia assim uma nova disciplina,que passaria a ganhar cada vez mais importância namedicina: a musicoterapia. Diversos hospitais hojeno Brasil utilizam a terapia para melhorar a qualida-de de vida de pacientes, funcionários e prossionais
de saúde. Assim como o médico faz a prescrição deum remédio, o musicoterapeuta utiliza os sons deacordo com cada pessoa e sintoma.
No Instituto Nacional de Câncer (INCA),foi iniciado, em 2002, um programa demusicoterapia, em parceria com
o Conservatório Brasileiro
de Música – Centro Univer-sitário (CBM-CEU) – e emconsonância com o Programa
Nacional de Humanização e As-
sistência Hospitalar. O atendimento inicialmente erafeito para adultos nos serviços de Ginecologia e On-cologia Clínica do Hospital do Câncer II (HC II). Umtrabalho pioneiro, na época, chamado de Projeto
Encanto. Hoje, o programa continua como ProjetoMusicoterapia em Oncologia e foi ampliado para oHospital do Câncer I, que concentra o maior númerode serviços do INCA, na pediatria e no CTI.
Estudos comprovam que, no aspecto siológi-co, a música é capaz de interferir na batida cardiovas-cular, no sistema respiratório e na tonicidade muscu-lar. Marly Chagas, psicóloga e supervisora do Projeto
Musicoterapia em Oncologia, no INCA, defende osbenefícios da atividade para os tratamentos clínicos.Em relação à questão emocional, por exemplo, a uti-lização terapêutica da música é capaz de diminuira ansiedade, o desconforto e mesmo a dor. “Entrea dor e a música, o cérebro prefere a música”,arma Marly, acrescentando que pode haver atédiminuição no tempo de internação, além de um
melhor entrosamento do paciente com seus fa-miliares e com as equipes prossionais.
Já no Hospital do Câncer IV – unidadede apoio para os pacientes em cuidados
paliativos, atendidos em casa pelas
equipes do INCA –, o programatem caráter voluntário. É desen-
volvido, desde 2006, pelo ho-meopata e músico Eduardo
Moreira Barbosa. “Contamoscom um grupo de 50 voluntá-
rios, todos músicos também.
Conseguimos até a doação de
um piano e fazemos concertosvirtuais, levando a todo o hos -pital repertórios erudito e po-pular”, conta Eduardo.
PARA ENGANAR A DORMas o que é a musicoterapia? Em uma denição
simples, é a terapia através da música, utilizando todosos seus elementos – ritmo, som, melodia, timbres e har-monia. Qualquer uma dessas partes pode ser usadapara terapia, prevenção ou reabilitação de pacientes.
O ritmo, por exemplo, induz ao movimento, mesmo empessoas com deciências físicas”, explica Marly Chagas.Cada doença tem uma “fórmula” em sons que podemcolaborar com o processo de melhora. “Podemos utili-
zar técnicas de audição (ouvir a música), de recreação(cantar), além de tocar, compor e improvisar”, comenta.Os resultados dependem da resposta de cada um aos
estímulos. Para os idosos, a música ajuda a recuperar a
memória, desgastada com o tempo.
Mesmo experiente na área de musicoterapia,Marly ainda se emociona com as sessões semanaisnas unidades I e II do INCA, em que os dois esta-giários que coordena usam instrumentos de percus-são, violão e violino. “Percebemos que existe dor quepode ser chorada pelas canções. É como se a músicafosse capaz de fazer uma cama para a gente chorar esair depois”, imagina. Com os funcionários e a equipemédica, a terapia promove a integração dos prossio-nais. De maneira muito sutil, o programa preenche ohospital com sons e novas emoções.
Paciente do HC II, Analice Xavier do Nascimento,
de Campina Grande, na Paraíba, mora sozinha no Rio eaguardava uma cirurgia quando recebeu a visita dos esta-giários do programa de musicoterapia. O humor de Ana-lice logo mudou e ela pediu músicas de Leonardo, seu
cantor favorito. Acompanhou a sessão e, no m, declarou,com um leve sorriso: “Só vocês para me fazer rir.”
Maria Célia da Costa, paciente da mesma unidade,
elogiava a iniciativa. “Eu amo quando eles vêm aqui”.
A ALMA CANTANo Brasil, há uma média de 2 mil musicoterapeu-
tas qualicados. “Contamos, aqui em São Paulo, comum dos três centros de formação em musicoterapiado mundo, o Centro Benenzon Brasil, local em quemuito se tem feito pela área, com a criação de parce-rias”, ressalta Maristela Smith, fundadora e coordena-
dora dos cursos de Graduação e Pós-Graduação eda Clínica-Escola de Musicoterapia das FaculdadesMetropolitanas Unidas (FMU), em São Paulo.
Associada à humanização do ambiente hospi-talar, a musicoterapia traz benefícios comprovados.Na opinião de Letícia Silva, chefe do Serviço Socialdo HC II, a disciplina já t em seu espaço estabelecidonas instituições de saúde. A terapia hospitalar ajuda
F o t o : G a b r i e l J a b o u r
pacientes e familiares a enfrentarem a doença, a nãdesistir do tratamento. Como explica Luzamir Rangegraduanda em musicoterapia pelo CBM-CEU e estgiária do INCA, os benefícios do trabalho com a msica são importantes. “A canção toca a alma, alcançlugares aonde a palavra não chega”, observa.
Luiz Fernando Bentes, também estagiário do INCe formado em violino, acrescenta que a terapia auxilia ntratamento do câncer, atingindo o paciente de uma m
neira diferente, em níveis de profundidade e intimidadem curtíssimo espaço de tempo. “Assim, criamos um cnal de comunicação com o paciente, ajudando-o a lidcom a doença e o tratamento”, arma. No HC I, conLuiz Fernando, também há um coral com os funcionário Além disso, eles desenvolvem um grupo de estudos s
bre a musicoterapia no tratamento do câncer.
ÂNIMO NO TRATAMENTO INFANTILQuando se unem as canções às crianças, o obj
tivo é proporcionar um retorno ao ambiente aconch
gante de casa. Além de promover o desenvolvimen
psicomotor, a expressão de sentimentos, enm, dvoltar a ser criança, de brincar e gastar a energi
A musicoterapia tem resultados surpreendentes n
atendimento infantil, de acordo com a psicóloga Maly Chagas. “Crianças que não demonstravam ânimou alegria, com a terapia, esquecem o sofrimento edor e ultrapassam os seus limites, cantando e toca
do instrumentos improvisados”, exemplica.Os bons resultados são conrmados também pe
chefe do Serviço de Oncologia Pediátrica do INCA, SimFerman. Segundo ela, a musicoterapia é considerad
atualmente parte integrante do tratamento oncológicpediátrico. “A utilização da música e seus elementos tesido importante para amenizar a hospitalização da criaça”, ressalta. A música também promove bem-estar, auliando na recuperação e no enfrentamento da doença. trabalho também tem sido realizado com prossionais dsaúde, harmonizando a equipe, mesmo com as diculddes comuns no cotidiano da enfermaria de pediatria.