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1 www.portaltestemunho.blogspot.com ORAR E ESTAR A SÓS COM DEUS PREGAÇÃO COMPLETA PREGADOR: PAUL WASHER TRADUÇÃO: PORTAL TESTEMUNHO Vamos abrir as nossas Bíblias em Lucas capitulo 11, verso 1. “E aconteceu que, estando ele a orar num certo lugar, quando acabou, lhe disse um dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos.” Quero que reparem algumas coisas que são muito, muito importantes aqui. Eu creio, de todo o coração, que era uma coisa terrível ver Jesus orar. Era algo espantoso, superior a tudo o que Ele já tinha feito, porque se repararem diz: "Aconteceu que, estando ele a orar num certo lugar, quando acabou..." (Lc.11:1) Ninguém ousava tocar na arca... Quando Ele estava de joelhos, quando estava a clamar ao Seu Pai, era como algo que nunca ninguém tinha visto sobre a face da terra. E continua, diz: “lhe disse um dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar" Eu acho esta frase maravilhosa, e é uma frase muito, muito ignorada entre os que estudam este texto. Se repararem, há aqui algo muito, muito importante. Nenhum discípulo chegou a Jesus e disse "Senhor, ensina-nos a pregar". Nenhum discípulo chegou a Jesus e disse "Ensina-nos a andar sobre as águas". Nenhum discípulo chegou a Jesus e disse "Ensina-nos a ressuscitar mortos". Nenhum discípulo chegou a Jesus e disse "Ensina-nos a expulsar demónios". Acredito que - sem dúvida - a maior demonstração de poder divino não era quando Jesus Cristo ressuscitava os mortos, ou andava sobre as águas, mas quando Ele orava. Se quisesses aprender a jogar basquetebol, provavelmente não vinhas ter comigo, porque eu sei muito pouco sobre basquetebol. Ias tentar descobrir qual era mesmo a minha especialidade, e, então, irias perguntar-me sobre isso. Quando queremos saber sobre alguma coisa vamos ter com quem é especialista. Perguntamos a determinado homem sobre o que mais nos impressiona nele. E acredito que quando os discípulos viam Jesus a orar, não podiam acreditar no que estavam a ver, nem no que estavam a ouvir. Jesus era um homem de oração. Um homem de oração... Deixa que te pergunte: quando as pessoas te ouvem orar, ouvem alguém que conhece a Deus? Ou ouvem o ritmo de uma religião... palavras que te foram ensinadas por outros homens? Ouvem formalidade, intelecto? Ou ouvem um homem, uma mulher ou uma criança, que passa muito tempo na presença de Deus? Alguma vez alguém veio a ti e disse: “Ensina-me a pregar como tu pregas”? Bem...podias orgulhar-te disso, mas não diante de Deus. Alguma vez alguém veio a ti e disse: “Ensina-me a administrar como tu”? Mas alguma vez alguém veio a ti e disse: “Ensina-me a orar”? Não sou um grande homem, mas na minha vida tive o privilégio de estar na presença de muitos homens usados por Deus. E reparei que eles tinham muito pouco em comum, excepto uma coisa: quando dobravam os joelhos, algo pouco usual acontecia. Há um dito... quando alguém atinge uma dada coisa, pode olhar à sua volta, com um brilho nos olhos, e dizer: “Não podes aprender. Tens que nascer com isto.” Não podes fingir a oração. Jesus era um homem de oração, e quando Ele orava, as pessoas viam a diferença. Quero que reflictam um pouco na ideia de que Jesus era um homem de oração. Tenho aqui um rascunho de um molho de versos, e vou ler este monte de versículos para que possam entender a importância da oração na vida de Jesus Cristo, e, então, entendam que, se a oração

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ORAR E ESTAR A SÓS COM DEUS PREGAÇÃO COMPLETA

PREGADOR: PAUL WASHER

TRADUÇÃO: PORTAL TESTEMUNHO

Vamos abrir as nossas Bíblias em Lucas capitulo 11, verso 1. “E aconteceu que, estando ele a orar num certo lugar, quando acabou, lhe disse um dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos.” Quero que reparem algumas coisas que são muito, muito importantes aqui. Eu creio, de todo o coração, que era uma coisa terrível ver Jesus orar. Era algo espantoso, superior a tudo o que Ele já tinha feito, porque se repararem diz: "Aconteceu que, estando ele a orar num certo lugar, quando acabou..." (Lc.11:1) Ninguém ousava tocar na arca... Quando Ele estava de joelhos, quando estava a clamar ao Seu Pai, era como algo que nunca ninguém tinha visto sobre a face da terra. E continua, diz: “lhe disse um dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar" Eu acho esta frase maravilhosa, e é uma frase muito, muito ignorada entre os que estudam este texto. Se repararem, há aqui algo muito, muito importante. Nenhum discípulo chegou a Jesus e disse "Senhor, ensina-nos a pregar". Nenhum discípulo chegou a Jesus e disse "Ensina-nos a andar sobre as águas". Nenhum discípulo chegou a Jesus e disse "Ensina-nos a ressuscitar mortos". Nenhum discípulo chegou a Jesus e disse "Ensina-nos a expulsar demónios". Acredito que - sem dúvida - a maior demonstração de poder divino não era quando Jesus Cristo ressuscitava os mortos, ou andava sobre as águas, mas quando Ele orava. Se quisesses aprender a jogar basquetebol, provavelmente não vinhas ter comigo, porque eu sei muito pouco sobre basquetebol. Ias tentar descobrir qual era mesmo a minha especialidade, e, então, irias perguntar-me sobre isso. Quando queremos saber sobre alguma coisa vamos ter com quem é especialista. Perguntamos a determinado homem sobre o que mais nos impressiona nele. E acredito que quando os discípulos viam Jesus a orar, não podiam acreditar no que estavam a ver, nem no que estavam a ouvir. Jesus era um homem de oração. Um homem de oração... Deixa que te pergunte: quando as pessoas te ouvem orar, ouvem alguém que conhece a Deus? Ou ouvem o ritmo de uma religião... palavras que te foram ensinadas por outros homens? Ouvem formalidade, intelecto? Ou ouvem um homem, uma mulher ou uma criança, que passa muito tempo na presença de Deus? Alguma vez alguém veio a ti e disse: “Ensina-me a pregar como tu pregas”? Bem...podias orgulhar-te disso, mas não diante de Deus. Alguma vez alguém veio a ti e disse: “Ensina-me a administrar como tu”? Mas alguma vez alguém veio a ti e disse: “Ensina-me a orar”? Não sou um grande homem, mas na minha vida tive o privilégio de estar na presença de muitos homens usados por Deus. E reparei que eles tinham muito pouco em comum, excepto uma coisa: quando dobravam os joelhos, algo pouco usual acontecia. Há um dito... quando alguém atinge uma dada coisa, pode olhar à sua volta, com um brilho nos olhos, e dizer: “Não podes aprender. Tens que nascer com isto.” Não podes fingir a oração. Jesus era um homem de oração, e quando Ele orava, as pessoas viam a diferença. Quero que reflictam um pouco na ideia de que Jesus era um homem de oração. Tenho aqui um rascunho de um molho de versos, e vou ler este monte de versículos para que possam entender a importância da oração na vida de Jesus Cristo, e, então, entendam que, se a oração

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era tão importante para o Filho do Deus vivo encarnado, quanto mais devia ser para nós! Quanto mais nós devíamos depender da oração! Jesus viveu uma vida de oração. É a primeira coisa que vamos ver, em Lucas 5:16: “Ele, porém, retirava-se para os desertos, e ali orava.” Sabem...muitas vezes quando vemos algo que realmente gostamos em oposição ao que relutantemente temos que fazer, tentamos fugir. Um homem pode querer evitar o seu dever de tratar do jardim, então foge para assistir a um jogo da bola. Um homem pode entrar cedo no trabalho, então foge para caçar. Uma mulher pode querer fugir para ir ao centro comercial. Retiram-se para fazer as coisas que mais gostam. Não será um crime que Jesus Cristo, e o trabalho do reino quase pareça ser um trabalho do qual queremos fugir? Ouvi uma história... Um evangelista desceu do avião e foi recebido pelos pastores, que de imediato o levaram para jogar golfe. Não tenho grandes problemas com isso. Já joguei golfe. Mas levaram-no para o campo de golfe, e isso é bom. Imagino que fosse o que ele precisava para descansar. E enquanto estavam a ir por ali a fazer o que quer que se faça num jogo de golfe, o evangelista que mencionei disse: “Bem, sabem... o Senhor é tão Bom. No outro dia Ele...” E o pregador interrompeu-o e disse: “Não vamos falar de trabalho aqui. Aqui é para descansar.” O único lugar onde pode mesmo descansar é em Jesus Cristo. E sabes quando estás a andar com Deus, sabes? Quando te retiras para Ele, quando dizes: “Há tanto para fazer, há tanto trabalho que não me apetece fazer, tanto trabalho! Só desejo retirar-me para Ele um momento, porque Ele é Aquele para quem me retiro. É nEle que descanso.” Quando a oração se torna um fardo, não somos como o Cristo, não somos como Jesus. “Ele, porém, retirava-se para os desertos, e ali orava." Ele ia para o deserto... Amigos, o mundo (e mesmo a Igreja) está tão cheio de confusão. Tão cheio de confusão, que às vezes temos que... especialmente vocês, pastores: tens que te retirar... Tens que ir para o deserto onde ninguém te possa encontrar, e buscar o teu Deus. E não leves todos esses livros contigo... Porque para muitos Jesus Cristo tornou-se boa exegese, hermenêutica, algo a ser estudado, em vez de Alguém para ser amado. Jesus retirava-se... Em Mateus 14:23 diz: “E, despedida a multidão, subiu ao monte para orar, à parte. E, chegada já a tarde, estava ali só.” Podem perguntar: “Porque é que Jesus precisava orar tanto? Ele era o Filho de Deus em carne!” Vamos falar sobre isso... Mas deixem-me já mostrar a tolice dessa pergunta: seria possível que Ele se retirasse e estivesse a sós com Deus simplesmente porque O amava? Porque Ele O amava! Em Lucas 6:12,13 diz: “E aconteceu que naqueles dias subiu ao monte a orar, e passou a noite em oração a Deus. E, quando já era dia, chamou a si os seus discípulos, e escolheu doze deles, a quem também deu o nome de apóstolos” Deixa-me perguntar-te: alguma vez tiveste que tomar uma decisão muito difícil? E passaste a noite inteira em oração para tomar essa decisão? Se disseres “Não”, respondo: “Vejam, encontrámos um homem mais forte que Jesus.” Não é espantoso que Cristo se retirasse e passasse a noite inteira em oração, para discernir a voz do Pai; para escolher os homens que tinham que ser escolhidos? “Mas nós temos vantagem nisso! Já não é assim tão necessário.” Continua... Mateus 26:36: “Então chegou Jesus com eles a um lugar chamado Getsemani, e disse a seus discípulos. Assentai-vos aqui, enquanto vou além orar.” Quem pode esquecer o Getsemani? Quem pode esquecer a guerra que foi travada naquele lugar? Amigo, quando Ele se levantou de orar a batalha estava vencida. A guerra foi travada ali. Com quantas coisas temos que lutar? Quantos filisteus temos que tolerar, que continuam na terra e que são como espinhos para nós? Porquê? Porque não enfrentamos a situação. Não vamos ao Senhor e não lutamos até vencermos. Jesus venceu naquele jardim, e venceu lutando em oração. Conquistou a vitória! A passagem que diz, “Mas esta casta de demónios não se expulsa senão pela oração e pelo jejum.” não está só relacionada com demónios, meu amigo. Há tantas montanhas na tua vida,

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tantos obstáculos na tua vida, tantas coisas na tua vida que procuram fazer-te descarrilar, e parar. E vão permanecer ali porque algumas dessas coisas não desaparecem com aconselhamento. Desaparecem se te curvares sobre a tua face diante de Deus até Ele te libertar. Jesus foi um homem de oração. Ele mostrou isso em cada aspecto da sua vida. E continua... Jesus ensinou sobre oração. As Escrituras estão tão cheias de ensinos de Jesus Cristo sobre oração que podíamos não fazer mais nada esta noite. Há duas passagens que quero indicar e são ambas de Lucas 18. No verso 1 diz: “E contou-lhes também uma parábola sobre o dever de orar sempre, e nunca desfalecer.” É este o ensino de Jesus Cristo. Se quiserem resumir tudo o que ensinou sobre oração: devemos orar em todo o tempo. Para ti, jovem, deixa-me ensinar algo que te vai ajudar. Ouço os jovens dizerem hoje “Bem... eu não tenho um tempo específico para orar. Oro ao longo do dia, ando na presença de Deus. Mas não tenho esse lugar secreto.” Deixa-me dizer-te, jovem: não há forma de aprenderes a andar na presença de Deus, se não passas muito tempo em oração secreta. O poder de andar na presença de Deus, o poder de viver uma vida de oração, de estar sempre a falar com o Pai, nasce do tempo em secreto com o Senhor. Porções de tempo com o Senhor em oração. E Ele diz: devemos orar sempre, e nunca desfalecer. Começar a orar nunca é um problema. Entendem isso? Começaste a pedir muitas coisas diante do trono. A questão é: lutaste por elas? Prosseguiste até alcançar? Tens continuado? Há petições o teu coração, na tua mente, em pedaços de papel que possivelmente estão ali há 15 anos? Mas dizes ao Senhor “Eu não vou deixar-Te ir.” (ver Gn.32:26) É tão fácil começar a orar. Mas perseverar em oração... Ele disse que devemos orar sempre e nunca desfalecer porque acabamos sempre por desfalecer em oração. E Ele diz no 18:8, que considero ser um dos versículos mais tristes da Bíblia, e é este: "Digo-vos que depressa lhes fará justiça. Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?" Porque é que isto é tão triste? Jesus deu-lhes uma parábola para demonstrar porque é que deviam orar sempre, e não desfalecer. É quase como se Cristo estivesse a dizer: Ouçam, o Meu Pai é Fiel, a Minha Palavra é verdadeira, Ele vai fazer muito mais do que possam pedir ou pensar. Digo-vos: Peçam e receberão, batam e abrir-se-vos-á, busquem e encontrarão. E então o Senhor pára e diz: Quando Eu voltar, vou encontrar alguém que creia nisto? Nós duvidamos demais, não só da infalível Palavra de Deus escrita, mas duvidamos demais do carácter de Deus quando não tomamos posse, corajosamente, das promessas. Ou não temos paixão pelo avanço do Seu reino, ou sentimos que de alguma forma pode ser avançado no poder da carne, no poder do intelecto, no poder de uma estrutura eclesiástica. E continua... Ele ensinou sobre oração... Quero mostrar-vos uma coisa... Porque é que era necessário que Cristo orasse? Já falei do Seu amor pelo Pai. Amor a Deus, que te leva a desejar falar com Deus e ouvir de Deus. E há uma outra razão. Vou ler o texto de At.2:22: “Homens israelitas, escutai estas palavras: A Jesus Nazareno, homem...” Vou ler outra vez: “Jesus Nazareno, homem, aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez” – que Deus fez – “no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis" Notem as minhas palavras. Quando uma seita ataca o cristianismo, a primeira coisa que fazem é atacar a divindade do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Não é verdade? Atacam a Sua divindade. Ao longo de 2000 anos de história cristã temos construído muros para os manter de fora. Tivemos que lutar. Tivemos que acumular armas. Tivemos que criar a apologética. Tivemos que fazer de tudo. É o nosso propósito e a nossa responsabilidade proclamar que Jesus Cristo é Deus. Mas o que temos feito não é tanto esquecermos, mas já não entendermos o que significa este Deus se ter tornado carne. Na sua humilhação... na sua

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encarnação, o Filho de Deus, embora não tenha deixado de ser o que sempre foi, tornou-se em algo que nunca tinha sido. Ele continuou a ser a plenitude da divindade (Cl.2:9), mas essa plenitude da divindade tornou-se carne, humano e andou nesta terra enquanto homem. E aqui o limite é ténue, mas é muito importante: uma coisa que temos feito é atribuir todo o trabalho, toda a acção de Jesus, à divindade. “Bem, Ele fez isto. Como? Ah, Ele era Deus.” E é verdade. Mas o que precisamos ver é que a ênfase nas Escrituras é para o facto de Jesus Cristo ter andado nesta terra como homem. E as coisas que ensinou, os milagres que fez, fê-los enquanto homem total e completamente submetido à vontade do Pai, total e completamente dependente do Espírito Santo. E reconhecendo isso, o que acontece? Jesus Cristo, o nosso Irmão mais velho, torna-se o nosso Modelo. Ele torna-se o nosso Modelo. Creio que foi MacMillan que escreveu o livro “Poder sem medida” (“Power without measure”), um livro excelente, se puderes pega nele... Quero que vejam que na sua humilhação, na sua encarnação, Deus tornando-se homem... Sim, é mesmo Deus. Mas ao mesmo tempo é mesmo homem, completamente. Como homem, Ele viveu uma vida perfeita, ensinou as palavras certas, fez milagres sem fim. Gerou a redenção com as suas próprias mãos, completamente submetido à vontade de Deus, e no poder do Espírito Santo. Vamos ver agora algumas coisas por um pouco... Creio que nos vão ajudar. Primeiro que tudo, vamos olhar para Jesus, o homem completamente submetido à vontade do Pai. Diz em Jo.4:34: “Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra.” Eu não posso dizer isto de mim. Sabem o que mais me preocupou lá atrás... quando estávamos lá atrás a orar? Estaria eu a orar tão zelosamente, e estaria tão interessado nestas reuniões se não fossem nossas? Se não fossem patrocinadas pela HeartCry e se eu não fosse pregar? Eu faço tanto para mim mesmo... E tanta da minha comida cheira mal... E é só forragem. Eu seria um hipócrita se vos dissesse isto de mim. Mas Jesus podia dizer sempre: A Minha comida, o Meu sustento, aquilo para o qual Eu vivo é fazer a vontade do Meu Pai. É por isso que o que um homem ora diz-te muito mais sobre ele do que o que esse homem prega. Podes pregar por imensas razões, mas orar em secreto é fazer a vontade do Pai e comer a pura comida da mesa do Senhor. Um dos nossos maiores problemas (e nós aprendemos isto, falamos disto)... Mas ouçam o que estamos a dizer: um dos nossos maiores problemas é, sim, não sermos mesmo como Jesus. Somos como muitos no movimento reformado, a falar da Lei... O homem será julgado pela Lei, e há verdade nisso. O homem será julgado pela Lei. Mas para mim é pouco ser julgado pela Lei. Põe o Paul Washer de um lado e a Lei do outro: sim, eu vou falhar. Mas sabem qual é a medida mais dura? Põe o Paul Washer de um lado e Jesus, o homem perfeito, do outro... Ser comparado a Ele... É este o nosso objectivo. Podíamos dizer que é a nossa única necessidade. Ser como Jesus. A oração mais perigosa que um ser humano pode fazer é “Senhor, faz-me como Cristo. Não me importa se tens que me destronar, se tens que destruir o meu ministério, não me importa se tens que me destruir. Não me importa o que aconteça, faz-me como Jesus Cristo.” É quase como pedir uma sentença de morte. Mas, de novo, “se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto.” (Jo. 12:24) A sua vontade era fazer a vontade do Pai... Também diz... em Jo.5:19: “Mas Jesus respondeu, e disse-lhes: Na verdade, na verdade vos digo que o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer o Pai; porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente.” O Filho nada pode de Si mesmo.

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Um cristão chinês depois de ter visitado os Estados Unidos e ter estado nas nossas igrejas, sabem o que disse? “Estou muito surpreendido com o que vocês conseguem fazer sem Deus. é espantoso o que conseguem fazer.” Mas Jesus diz: Eu não posso fazer nada. Eu não posso fazer nada longe dEle. Ficamos maravilhados com uma Declaração de Independência, quando o que precisamos é de uma declaração de dependência. Absoluta dependência. É tão difícil para vocês que cresceram numa democracia, entender a Soberania absoluta. Entender que Ele é Senhor. Não é para corrermos atrás dEle, não para andarmos à frente dEle. É para andarmos ao lado dEle. Um jovem cresce esperançosamente no seu ministério... normalmente enquanto é jovem o seu ministério é marcado pela actividade, sempre muito activo... E, finalmente, quando a serradura está no chão...bem, não há mais nada... Mas à medida que ele envelhece, há menos actividade (mesmo a ponto de ser rotulado como menos zeloso do que antes), mas mais é feito, porque ele só está a buscar fazer o que o Pai quer. Também em João 5:30 – um dos meus textos da Bíblia favoritos – diz: “Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma.” Quantas coisas fazemos de nós mesmos, pela nossa iniciativa? Não será o maior pecado tomar os problemas nas nossas próprias mãos? Fomos ensinados assim mesmo na nossa cultura... Se um homem precisa de um carro e não tem dinheiro, o que faz? Vai ao banco, toma o assunto nas próprias mãos, pela sua iniciativa, acaba com o assunto e fica preso a isso, em vez de dizer: “Preciso de um carro, não tenho dinheiro, Pai!”; “Preciso de uma casa, não tenho dinheiro, Pai.”; “Quero fazer isto no nome de Jesus Cristo e do ministério, mas, Pai, mas não vou começar nada. Mostra-me, conduz-me, guia-me.” Absoluta entrega a Ele, absoluta rendição. O que vos digo não é algo que dê testemunho de mim, mas é o que vos estou a dizer diz respeito a Jesus Cristo. Quero que O vejam, sim, como Deus feito carne. Mas quero que O vejam como um homem totalmente submetido à vontade de Deus. E quero que vejam que é para isso que também somos chamados. A oração é algo pequeno a menos que este gigante seja morto primeiro. É acabar com a própria vontade e submetermo-nos a nós mesmos a Jesus Cristo. Tem que haver uma forma de podermos responder a questões como estas... Alguém dizer: “Porque foste ali ou porque fizeste isto?” E resposta ser: “Porque creio que é a vontade de Deus.” “Bem, é uma grande oportunidade que está diante de ti.” “Não, não tenho oportunidades a não ser fazer a vontade de Deus.” Se todas as portas, por todo o lado, se escancarassem e Deus dissesse: Pára! Ao parares, ias trazer glória a Deus. E ias salvar-te de grande perigo. E não só isso – e esta é a parte que quero mesmo que vejam: na absoluta submissão de Jesus Cristo à vontade do Pai, Ele era absolutamente dependente do trabalho do Espírito Santo. Jesus Cristo, na Sua humilhação, na Sua encarnação, despindo-Se das Suas vestes de glória – sim, era Deus na mesma – mas andou nesta terra como homem. Fez o que fez, no poder do Espírito Santo, submetido à vontade de Deus, fortalecido pelo Espírito Santo; o nosso Irmão mais velho é o nosso exemplo. Não podemos simplesmente descartar e...dizer: “Nunca vou ser como o meu Irmão mais velho porque Ele era Deus.” Há muita verdade nisso. O teu Irmão mais velho era Deus. Não, nunca serás como Ele. Mas deves aprender isto: o teu Irmão mais velho que era Deus, tornou-se homem, e como homem, andou em perfeita submissão à vontade do Pai, e foi absolutamente dependente do trabalho do Espírito Santo. E isto é algo... Não lutamos por divindade. Mas lutamos, sim, por ser como Ele, por estarmos submetidos à vontade do Pai, e por sermos fortalecidos, dependentes do poder do Espírito Santo.

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Quero ler agora algumas passagens que nos abrem os olhos. Lucas 4:1: "E Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto" Vêem isto? É uma palavra forte. Ele foi empurrado para o deserto pelo Espírito, diz-nos Mateus (ver Mt.4:1) Foi levado ao deserto, pelo Espírito Santo. Eis aqui Deus feito carne, e ainda assim sendo sensível ao trabalho do Espírito Santo, à liderança do Espírito Santo. Quanto mais devíamos nós ser assim! No Peru há uma ilustração que eles usam sempre. É assim... É quando um homem não anda de uma forma santa... Dizem-lhe assim: “És como um bêbedo a descer o Amazonas..” O Amazonas está cheio de perigos... “És como um bêbedo a descer o Amazonas, de olhos vendados, à noite, num barco a motor, com a tua família ali sentada e o barco cheio de dinamite.” Meu amigo, o cristão que não busca ser guiado pelo Espírito Santo, está em maior perigo. Maior perigo. E quero dizer-vos uma coisa: há dois extremos quanto a isto. E ambos são isso mesmo – extremos. Há homens que não têm conhecimento da Palavra, de todo, e dizem ser guiados pelo Espírito. E o espírito que os guia contradiz a Palavra. Sabemos que isso é falso. Mas também há homens que não são nada assim, mas tudo o que há são frases e análises, e uma exegese correcta. É tudo. E não sabem nada sobre serem guiados e dirigidos pelo Espírito de Deus, que às vezes nos leva a fazer coisas pouco usuais, que acompanham o Seu trabalho. Nunca coisas que contradizem a Palavra, mas mesmo assim, pouco usuais. Temos que estar na Palavra, baseados na Palavra, mas também clamar ao Espírito por revelação da vontade de Deus pela Sua Palavra, devemos ser sensíveis em tudo, para segui-lO. Não apenas começar a jornada no deserto, mas sermos guiados pelo Espírito no deserto, pelo poder do Espírito Santo. Lucas 4:14: “voltou Jesus para a Galileia” Vejam... Ele voltou do Jordão cheio do Espírito Santo. Agora volta para a Galileia no poder do Espírito Santo, Lucas 4:14. Em Lucas 4:18 fala do Seu ministério, as Escrituras falam do Seu ministério: “O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados do coração, a pregar liberdade aos cativos, e restauração da vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos..." O ministério de Jesus Cristo era um ministério fortalecido pelo Espírito, sensível ao Espírito Santo. Muito mais precisamos nós do mesmo! Meu amigo, muitas pessoas tratam a Palavra de Deus na Nova Aliança como se fosse a Lei escrita em tábuas de pedra (ver IICo.3:1). Dizem: "Aí está a Lei. Obedece no poder da carne." É impossível. Lemos estas Escrituras, vemos estes mandamentos, conhecemo-los mas... Quantos maridos dizem: Eu sei que isto está certo, mas não consigo fazer com que funcione. Sei que devo amar a minha mulher assim, mas simplesmente não tenho a força. Claro que não tens! Não tens força para nada. Então, quando abres este livro e vês os mandamentos, tens que perceber que a única forma de seres levado ao deserto, é pelo poder do Espírito Santo. Clama enquanto lês estes mandamentos: Oh, Deus! Enche-me. Enche-me! Enche-me, enche-me, enche-me... O clamor constante do crente é: “enche-me”. E não dará Deus o Espírito Santo aos que pedirem? Podes dizer: “Bem, irmão Paul, nós temos o Espírito Santo.” Sim. Mas o que o texto significa – e Spurgeon pegou nisto assim – é que embora sejamos nascidos de novo e o Espírito Santo habite em nós, devemos clamar constantemente por maiores e maiores manifestações do Seu poder, de forma que possamos cumprir os mandamentos de Deus e viver uma vida santa, em constante dependência do trabalho do Espírito Santo. Uma das coisas que reparei quando era jovem... Depois de me converter, um velho irmão – chamava-se Pitman – veio ter comigo com uma pilha de livros e disse: “Lê estes livros.” Eram a autobiografia de Hudson Taylor, de George Muller, “O segredo espiritual de Hudson Taylor”, todos os livros que Leonard Ravenhill escreveu.

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Comecei por ali a observar muitos homens diferentes através da história, uns de um lado, outros de outro, de locais e denominações diferentes, de tempos diferentes, e encontrai muito pouco em comum entre esses homens e mulheres que serviam a Deus tão poderosamente, excepto isto: a sua vida de oração e o reconhecimento de que a maior necessidade que tinham era serem cheios do Espírito Santo, para que não fizessem absolutamente nada a não ser a obra do Espírito Santo, para que não começassem nada a não ser a obra do Espírito Santo. Diz em Lucas 5:17: "E aconteceu que, num daqueles dias, estava ensinando, e estavam ali assentados fariseus e doutores da lei, que tinham vindo de todas as aldeias da Galileia, e da Judeia, e de Jerusalém..." E ouçam isto: “e a virtude do Senhor estava com ele para curar.” Vejam isto. O Espírito Santo estava com Ele, para que Jesus pudesse curar. E, meu amigo, vamos voltar lá atrás... Este Jesus era Deus. Este Nazareno, este homem de Nazaré, era Deus feito carne. Mas na Sua humilhação... Ele andou diante de Deus como o único verdadeiro servo de Jeovah. O único verdadeiro homem de Deus. Ele humilhou-Se a Si mesmo. Despiu-Se das Suas vestes de glória. Tomou a forma de homem, e andou no poder do Espírito Santo, e fez o que fez porque estava em submissão à vontade de Deus, e cheio com o Espírito Santo. Muito maior é a nossa necessidade! Muito maior é a nossa necessidade! Os baptistas são muito revolucionários. Vemos todas estas coisas falsas a crescer... e 95% de tudo isso é falso, são coisas feitas supostamente no nome do Espírito Santo e no poder do Espírito Santo mas que contradizem as Escrituras. Mas nós, baptistas, o que fazemos frequentemente – em vez de voltar ao centro – é correr para o outro extremo. Temos uma necessidade constante de ser cheios, e de clamar por sermos mais cheios. Diz em Lucas 6:19: “E toda a multidão procurava tocar-lhe, porque saía dele virtude, e curava a todos.” Isto é espantoso... Lucas 8:46: “E disse Jesus: Alguém me tocou, porque bem conheci que de mim saiu poder.” Creio que a versão King James (inglês) tem “de mim saiu virtude.” Jesus era um homem abrasado, cheio do Espírito Santo e as obras que fez, fez no poder do Espírito Santo. E quando uma obra era feita, o poder do Espírito Santo saía dele. Às vezes comparo isto à pregação. É uma semelhança mínima, mínima, mas existe... Já reparei que quando os homens pregam e exercem os seus dons de pregação, e o fazem no poder do Espírito Santo, depois de acabar estão completamente desgastados. Virtude saiu deles. O Espírito levantou-os tanto e fortaleceu-os tanto, que quando acaba o homem fica... É como uma mulher que sabe que o seu filho está encurralado no carro e com a força da adrenalina ela agarra a porta do carro e arranca-a; mais tarde os seus braços estão inchados, cansados por causa da força que saiu dela. Da mesma forma acontece com a pregação, o poder do Espírito Santo... – quando um homem o faz de acordo com os seus dons e de acordo com a Escritura, e se Deus está naquilo – vai deixá-lo completamente desgastado. Completamente desgastado... Continuando. A oração era essencial para Jesus Cristo. Quero ler umas coisas... Há um comentador – nem sei quem é – que disse: “Jesus é dependente, e é aí mesmo que nós falhamos. Ele retira-se para o deserto e ora, sempre dependente, como homem obediente e vitorioso.” Vamos ouvir o que ele diz. Diz que a dependência de Jesus em relação a Deus trouxe a obediência e a vitória. Matthew Poole escreve isto: “Encontramos Cristo, muitas vezes, recomendando-nos a tarefa da oração secreta através do seu próprio exemplo.” Isto é tão convincente, porque eu vos estou a recomendar oração secreta pela minha palavra. Mas, e o meu exemplo? É uma coisa séria para se pregar. Diz: “Encontramos Cristo, muitas vezes, a compelir-nos à tarefa da oração secreta pelo seu próprio exemplo, como ele tinha por princípio, sempre escolhendo os lugares mais privados e retirados, para nos ensinar a ir e fazer

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assim, orando frequentemente ao Pai, que vê em secreto, e o seu exemplo impele-nos mais, porque temos mais coisas a tratar com Deus do que ele tinha.” Sabem o que ele quer dizer com isto? Matthew Poole está a dizer: temos mais a tratar com Deus em oração do que Jesus tinha. Porquê? Ele diz: “Por esta razão: Jesus não tinha pecados para confessar, nem tinha que implorar perdão, não precisava pedir qualquer hábito de graça, santificador... Jesus viveu uma vida de oração, e muitas vezes tinha o hábito de fazer oração secreta, com o Seu Pai. E não tinha nada das necessidades que nós temos. Não tinha necessidade de confessar o pecado, não tinha que pedir perdão, não precisava clamar por graça sobre graça, e misericórdia sobre misericórdia, como nós precisamos.” Quero terminar com m exemplo de Jesus em Marcos capítulo 1 verso 29. Vou começar a ler: “E logo, saindo da sinagoga, foram à casa de Simão e de André com Tiago e João. E a sogra de Simão estava deitada com febre; e logo lhe falaram dela. Então, chegando-se a ela, tomou-a pela mão, e levantou-a; e imediatamente a febre a deixou, e servia-os. E, tendo chegado a tarde, quando já se estava pondo o sol, trouxeram-lhe todos os que se achavam enfermos, e os endemoninhados. E toda a cidade se ajuntou à porta. E curou muitos que se achavam enfermos de diversas enfermidades, e expulsou muitos demónios, porém não deixava falar os demónios, porque o conheciam. E, levantando-se de manhã, muito cedo, fazendo ainda escuro, saiu, e foi para um lugar deserto, e ali orava. E seguiram-no Simão e os que com ele estavam. E, achando-o, lhe disseram: Todos te buscam. E ele lhes disse: Vamos às aldeias vizinhas...” Muito brevemente, o quero pôr diante de vocês é – primeiro que tudo – o que se está a passar aqui. Ele estava a ensinar na sinagoga. Estava a lidar com os endemoninhados. Vem de lá e... Marcos gosta de usar a palavra “logo (ou imediatamente), logo, logo”. O livro de Marcos, se o lerem da forma adequada, quando chegarem ao fim vão estar cansados, porque é como uma série de fotos de Jesus Cristo e da sua actividade. Não há descanso. “De imediato, de imediato...” Então, ele diz que lego que saíram da sinagoga, entraram em casa de Simão. e a sogra de Simão estava doente e Ele curou-a... Mais virtude a sair dele. Depois, vindo a noite, depois do sol se pôr, começaram a trazer doentes e endemoninhados. Toda a cidade se juntou. Deixem-me explicar uma coisa: quando veio a noite eles fizeram isto. Porquê? Era o Sabbath (sábado). Faz-me lembrar quando deram terras em Oklahoma, no oeste, como puseram toda a gente em linha, e havia literalmente centenas de homens a cavalo e em carroças. Tudo isso porque ao disparar a pistola iam correr para tentar encontrar a sua terra. Houve pessoas que morreram na largada. Saibam que ali, no sábado, milhares de pessoas estavam à espera do cair da noite para fazer uma caminhada no dia de sábado, uma caminhada até ele, para o alcançar. E era aquele o momento. O momento em que a pistola disparou e a corrida começou. E posso dar-vos uma ideia de como isto era... Uma vez nas montanhas de Santa Rosa, perto do povo de Ayabaca, nas montanhas dos Andes, as pessoas descobriram que eu tinha trazido um médico comigo. Havia cerca de 1500 pessoas ali juntas para a conferência bíblica e descobriram que tinha um médico comigo. Embora o médico não tivesse medicamentos – e eles sabiam disso – embora o médico não tivesse ferramentas de trabalho (e mesmo se tivesse não tinha conseguido fazer nada naquele lugar sujo) nunca vi em toda a vida tal guerra surgir. Não porque eles fossem pessoas maldosas ou más; eram pessoas desesperadas. Nenhum médico tinha estado ali antes. Eles eram pobres. Estavam quebrantados. Tinham filhos que estavam a morrer e doentes. Homens com tuberculose, homens que sofriam... Pessoas que tinham cortes e feridas... aquilo tornou-se um pesadelo. Eles atacaram a porta da cabana. Mudámo-nos para o segundo andar. Tive de parar de pregar; por três dias traduzi para o médico. E quero que percebam o que se está a passar aqui. Podem pensar que Jesus está numa aldeiazinha calma, e que poucas pessoas vêm ter com ele para serem curadas. Não. São milhares de pessoas. E estão violentas, zangadas, pressionam e querem entrar e ser curadas. Ele está a trabalhar, e elas ficam zangadas e consternadas, têm medo que chegue a sua vez e

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passe à frente, e não o vejam; há um campo de batalha aqui... É uma cena horrível. E se alguém aqui algum dia ministrou, sabe que este tipo de coisas te deixa completamente desgastado. Diz aqui nesta passagem que quando a tarde chegou, tendo se posto o sol, começaram a trazê-los a Jesus. Agora vejam o verso 35: “...de manhã, muito cedo, fazendo ainda escuro...” Não há muito tempo entre estas duas coisas. Não passou muito tempo. Imagino que as pessoas tenham acampado à volta da casa. Imagino que quando Jesus saiu de casa, teve que abrir caminho – como abriu caminho pela multidão enfurecida que, às vezes, o queria matar, e outras o queria fazer rei – creio que teve que abrir caminho por entre a multidão, com muito cuidado, para não os acordar... Eis aqui um homem que se entregou, se derramou a si mesmo. Não parece que ele tenha dormido muito... Mas levanta-se para fazer o quê? Para orar. Tenho que ter cuidado aqui, porque há uma grande necessidade de descanso para os ministros. Há uma grande necessidade de que os ministros não trabalhem demasiado, ou estejam envolvidos em actividades que os tirem da actividade da oração, da leitura da Palavra e da pregação. Mas quero que vejam aqui algo sobre a vida de Jesus Cristo. Se algum homem algum dia teve razão para dizer: “Já fiz o suficiente. Dei absolutamente tudo o que podia dar”, foi Jesus. Se algum dia houve um homem que teve razão para dizer: “Senhor, não posso orar agora. Há ali muita gente ferida que Eu ainda não toquei. Há demasiadas coisas para fazer no ministério. Não tenho tempo para orar.” Se alguém algum dia teve o direito de dizer isso, foi Jesus Cristo. Adoro o que Martinho Lutero disse uma vez: “Tenho tanto trabalho, tantas actividades hoje, tenho que orar pelo menos três horas ou não vou conseguir.” Isto é exactamente o oposto de nós, não é? “Tenho tanto para fazer hoje, não tenho tempo para orar.” Vejam o que estamos a dizer. Com esta declaração estamos a dizer: “Vou sair e fazer as coisas na minha força.” Jesus sai... e vejam isto... Penso que... Posso estar a ver mais do que o que lá está, mas penso que aqui Simão tenta fazer com que Jesus se sinta culpado. Verso 36: “E seguiram-no Simão e os que com ele estavam. E, achando-o, lhe disseram: Todos te buscam.” (Mc.1:36, 37) “O que estás a fazer aqui? Não entendes que está aqui toda esta gente? O que estás a fazer aqui a orar no escuro? Não sabes que todos te buscam? Há pessoas ali que estão feridas e precisam de ti.” Jesus nunca entrou nessa. Ele sabia que a Sua prioridade era estar na presença do Seu Deus, buscar a face do Seu Deus, seguir o Seu Deus. A maior coisa que Ele podia fazer pela humanidade... e a maior coisa que tu podes fazer pela humanidade, é buscar o teu Deus. Aqueles que estão em igrejas, talvez alguns pastores aqui... Às vezes pedem-me para ir às igrejas, pregar em igrejas que estão à procura de um pastor. Faço uma coisa especial acerca de como devem tratar desse assunto. Sento-me, peço-lhes para porem num quadro à frente da igreja e digo: “Ok, o que querem que o vosso pastor faça?” E eles vêm com todo o tipo de coisas que aquele homem deve fazer. E, quando acabam, temos cerca de 68 horas de trabalho todos os dias marcadas ali no quadro. E eu digo: “Quanto tempo querem que este homem esteja na Palavra? As almas das vossas crianças podem depender do que ele pregar. Quanto tempo querem que ele esteja na Palavra? Próxima questão: quanto tempo querem que este homem interceda, e busque a face de Deus para que O conheça?” A maior necessidade... Eu não sei quanto a ti, mas para mim, a maior necessidade que tenho é buscar o Senhor como Jesus O buscava. Estar na Sua presença, ser fortalecido por Ele.

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O que não pode ser ultrapassado em oração? Diz-me! O que não pode ser feito pela mão do Todo-Poderoso? Diz-me! O que pode ser feito pelos teus braços fracos? Diz-me! Ele pode desfazer uma cortina de ferro num dia, Ele pode converter uma nação numa hora. Clama por Ele. Crê nEle! Vamos orar: Pai, venho perante Ti e... foste muito gentil para mim esta noite, agradeço-Te grandemente isso, Senhor. Tens sido a ajuda, tens sido misericordioso. Senhor, oro pelo Teu povo. Oro pelo Teu povo, os Teus queridos santos aqui. Derrama neles o espírito de oração e súplica. Que vejam, Senhor, que é persistindo e persistindo que a batalha é ganha, e que o mais fraco, o menos dotado entre nós, o homem mais pequeno da menor tribo de Sião, pode juntar mais vitórias do que o maior guerreiro das doze tribos, orando, buscando a Tua face, gloriando-se no Teu poder e não confiando na carne. Deus, ajuda-nos, no nome de Jesus. Ámen.

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