27_Henkin

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  • 7/21/2019 27_Henkin

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    O metodo das constantes de Henkin

    Fernando Ferreira

    Teorema da Completude de Godel (versao dedutiva). Seja um conjunto de formulasfechadas e uma formula fechada duma dada linguagem do calculo de predicados. Se |= entao .

    O teorema da completude acima segue-se do seguinte resultado:

    Teorema da Existencia de Modelos. Se um conjunto de formulas fechadas e consistente entaotem um modelo.

    Com efeito, suponhamos que |= . Entao {} nao tem modelos. Pelo teorema acima,

    {}nao e consistente. Como vimos, isto implica que .Tem-se um resultado analogo de completude para o calculo de predicados com igualdade(emque a semantica e dada por estruturas normais) desdeque nos axiomas logicos tambem se incluamos axiomas da igualdade I G. Para verificar este resultado, suponhamos que nao se obtem de por meio duma deducao formal com os axiomas da igualdade. Pelo teorema da completude acima, I G {} tem um modelo (nao necessariamente normal). Como sabemos, entao existe ummodelo normalde {}.

    O teorema da existencia de modelos permite demonstrar facilmente o teorema da compacidadedo calculo de predicados. Suponhamos que e um conjunto de formulas fechadas finitamentesatisfazvel. Entao, e finitamente consistente (i.e., todo o subconjunto finito de e consistente).Obviamente, sai que e consistente visto que as deducoes formais apenas usam um numero finitode formulas. Pelo teorema da existencia de modelos, tem um modelo.

    Definicao 1. Seja T um conjunto de sentencas duma dada linguagem L e C um conjunto deconstantes deL. Diz-se C e um conjunto de testemunhas para T emL se, para cada formula deL com exactamente uma variavel livrex, existe uma constantec deC tal queT x xc .

    Com a ajuda do proximo lema, vamos demonstrar o teorema da existencia de modelos. Nestademonstracao vamos usar inducao e recursao transfinita. O leitor nao familiarizado com estasnocoes da teoria dos conjuntos pode restringir-se ao caso em que a linguagem e numeravel. Nestecaso, apenas se usa inducao e recursao finita.

    Lema 1. Seja T um conjunto consistente de sentencas duma dada linguagem L. Seja C umconjunto de constantes novas com a cardinalidade da linguagem L e tome-se LC a linguagem Ljuntamente com as novas constantes deC. Entao ha uma extensao consistenteTCdeT, constituda

    por sentencas deLC, de tal modo queC e um conjunto de testemunhas paraTC emLC.

    Demonstracao. Sejaa cardinalidade de L e seja (c)

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    e uma sequencia transfinita de constantes (d)

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    LC, ha uma constante c de LC tal que T x xc . Por modus ponens, tem-se T

    xc . Logo,

    por hipotese de inducao, vem |=M xc e, portanto, |=M x. Caso x nao ocorra livre em , use-sesimplesmente o facto de que, neste caso, x e, novamente, modus ponense a hipotese deinducao.

    Demonstramos, pois, o teorema da existencia de modelos.

    A versao dedutiva do teorema da completude de Godel permite concluir a existencia de deducoesformais atraves de argumentos de natureza semantica. Com efeito, para mostrar que bastaargumentar que e verdadeira em todo o modelo de . Considere-se, por exemplo, o esquema (2)formado pelos fechos universais dexy(x= y ), onde e uma formula qualquer, y estalivre para x em e obtem-se de substituindo uma ou mais ocorrencias livres da variavel xpela variavel y. Dado que as formulas deste esquema sao verdadeiras em todas as estruturas quesatisfacam os axiomas de igualdade I G(recorde-se que estes axiomas estaoapenasenunciados paraformulas sem quantificadores ), sabemos que as formulas de (2) admitem deducoes formais nocalculo de predicados com igualdade. (De facto, nao e difcil argumentar este facto directamente,por inducao na complexidade das formulas .) Trata-se de uma forma indirectade mostrar queexistem certas deducoes formais (o argumento nao e construtivo, na medida em que nao se mostracomo obte-las explicitamente). Esta forma indirecta e frequentemente usada em logica matematica.Quando se quer argumentar que existe uma deducao formal de a partir de por esta viasemantica, e costume comecar o argumento com as palavras raciocinemos em , com vista amostrar que e verdadeira em todo o modelo de . Deve realmente ter-se o cuidado de assegurarque o nosso raciocnio se aplica, efectivamente, a todo e qualquer modelo de . O principiante e,por vezes, levado ao engano por deixar de fora certos modelos (por estes nao serem naturais).Neste texto, evitaremos usar o metodo semantico para justificar a obtencao de deducoes formais.

    Nas proximas seccoes admitimos a existencia de certas deducoes formais. A sua existenciadireta e geralmente simples de argumentar (usando tautologias e o teorema da deducao). A ttulode exemplo, vamos argumentar que se tem x((x) x = t) x((x)(x)) (t), ondet e um termo fechado e tem como unica variavel livre x (e, e claro, a deducao e no calculo depredicados com igualdade). Este facto vai ser usado pelo menos duas vezes nas proximas seccoes.Ora, dado que

    ((x) x = t) [(x= t (x) (t)) ((x) (x) (t))]

    e uma tautologia, vem por (2), {x ((x) x = t)} (x) (x) (t). Como sabemos, daquisai {x ((x) x = t)} x((x) (x)) (t). Agora utiliza-se o teorema da deducao e umatautologia apropriada.

    Ha mais uma observacao que e oportuno fazer sobre a versao dedutiva do teorema da completudede Godel. Esta versao tem, como obvia consequencia, a versao recursiva do teorema da completude.Com efeito, seja T e uma teoria recursivamente axiomatizavel com axiomatica A. Considere-se opredicado binarioR que e verdadeiro do par (m, k) se, e somente se, k e o numero de Godel dumadeducao formal a partir de A da formula cujo numero de Godel e m. Como ja discutimos, R e umpredicado recursivo. Logo, m e o numero de Godel dum elemento de T se, e somente se,k R(m, k).Como e patente, os numeros de Godel dos elementos de T formam um conjunto recursivamenteenumeravel.

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