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Curso de Conhecimentos Gerais e AtualidadesCentro Universitário Leonardo da Vinci

OrganizaçãoGrupo UNIASSELVI

Reitor da UNIASSELVIProf. Malcon Anderson Tafner

Pró-Reitor de Ensino de Graduação a DistânciaProf. Janes Fidélis Tomelin

Pró-Reitor Operacional de Ensino de Graduação a DistânciaProf. Hermínio Kloch

Diagramação e CapaPaulo Herique do Nascimento

Revisão:Harry Wiese

José Roberto Rodrigues

Todos os direitos reservados à Editora Grupo UNIASSELVI - Uma empresa do Grupo UNIASSELVIFone/Fax: (47) 3281-9000/ 3281-9090

Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011.

Proibida a reprodução total ou parcial da obra de acordo com a Lei 9.610/98.

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FILOSOFIA E PSICOLOGIA

FILOSOFIA E PSICOLOGIA

1 ECOLOGIA

A ecologia vem sendo um dos temas mais recorrentes da atualidade. A origem do termo é grega: oikos significa casa, e logos, estudo. Teríamos, então, “estudo da casa” ou, por extensão, estudo do ambiente onde se vive. A ecologia é, portanto, a ciência que estuda as interações entre os seres vivos e o seu ambiente.

As brutais transformações que a humanidade vem imprimindo ao ambiente, principalmente após a Revolução Industrial, vêm colocando em xeque a própria sobrevivência da espécie. Por isso, a ecologia é uma temática que desperta tantos interesses e tantos debates acalorados.

Martínez Alier (2007), um renomado estudioso do ecologismo, acredita ser possível enquadrar os mais diversos grupos presentes nesse debate em três grandes correntes: “o culto ao silvestre”, “o evangelho da ecoeficiência” e “o ecologismo dos pobres”.

A corrente do culto à vida silvestre faz a defesa romântica da natureza intocada, de maneira bucólica, contemplativa, com preocupações muito mais estéticas do que científicas. Entre os

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adeptos dessa corrente não há uma preocupação explícita em combater o crescimento econômico, contentando-se em manter o que resta dos espaços de “natureza original”, ainda não inseridos na lógica do mercado.

Nas sociedades ocidentais, o culto ao silvestre tem se manifestado com bastante frequência no ativismo do movimento da chamada Ecologia Profunda, também conhecida como Ecologia Radical. A tônica se assenta numa forte crítica à perspectiva antropocêntrica nas questões atinentes às relações homem-natureza em prol de uma atitude biocêntrica, negando a preponderância ou predominância do humano em relação às demais espécies vivas. Há, nessa corrente, excessos de romantismo tão exacerbados que, prescindindo dos mais elementares princípios lógicos das ciências, chegam a considerar o próprio planeta Terra um ser vivo.

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FIGURA 1 – BELEZAS NA NATUREZA INTOCADA

FONTE: Disponível em: <http://www.guiame.com.br/images_materia/materia/j_2070.jpg>. Acesso em: 1 ago. 2011.

A corrente do evangelho da ecoeficiência volta sua atenção para os impactos ambientais e danos à saúde provocados pela urbanização e pelos processos produtivos tanto da indústria quanto da agricultura. A economia torna-se o foco central desse grupo de ecologistas que, a exemplo dos anteriores, não condenam o crescimento econômico. Pelo contrário, muitas vezes o incentivam, acreditando que “desenvolvimento sustentável” e “crescimento econômico sustentável” sejam sinônimos.

O amor à “natureza original”, à bucolicidade, os valores estéticos relativos à “natureza intocada” não os preocupam, dando ênfase aos “recursos naturais”, “capital natural”, “serviços ambientais”. Os lucros econômicos devem estar associados

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também aos lucros ecológicos. A ideia de comercialização dos créditos de carbono é uma aberração produzida por esse grupo tão heterogêneo que abarca mesmo aqueles que defendem o uso de transgênicos. Estes justificam sua adesão afirmando que o cultivo de transgênicos podem diminuir do uso de praguicidas e até realizar uma síntese muito melhor do nitrogênio atmosférico.

Entre aqueles que compactuam com esse credo encontramos um cem(100)-número de “ecologistas” abrigados sob o guarda-chuva do “ambientalismo moderado”, que propõe o matrimônio do crescimento econômico com a conservação ambiental. Tal perspectiva teórica é altamente funcional ao modelo econômico liberal/neoliberal, especialmente na sua versão neofordista, de acumulação flexível.

Entretanto, as evidências empíricas vêm demonstrando que, nesse casamento, o juramento de fidelidade encontra sérias dificuldades de concretização. A racionalidade econômica, ainda que ostente a adjetivação de “sustentável”, é frontalmente conflitante com a racionalidade ecológica. O fracasso, ou pelo menos, a parca efetividade das ações propostas e acordadas nas conferências de Estocolmo, Rio de Janeiro e Johanesburgo, são uma clara demonstração do iminente divórcio a que está fadado esse casamento.

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FIGURA 2 – CRÍTICA À COMERCIALIZAÇÃO DOS CRÉDITOS DE CARBONO

FONTE: Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_tSvDPO-28yA/S80VLeLfCxI/AAAAAAAAAKQ/66tCuaVNgqo/s1600/credicarb.jpg>. Acesso em: 1 ago. 2011.

O ecologismo dos pobres, também conhecido como ecologismo popular, questiona as bases epistemológicas tanto da corrente do culto à vida silvestre quanto da corrente do evangelho da ecoeficiência. Estes ecologistas afirmam que o aumento da produção econômica “implica sacrifício de recursos, tais como florestas, solo, água, ar, biodiversidade, estabilidade climática etc.” (CAVALCANTI, 2010, p. 62).

Por isso, a terceira corrente:

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assinala que desgraçadamente o crescimento econômico implica maiores impactos no ambiente, chamando a atenção para o deslocamento geográfico das fontes de recursos e das áreas de descarte dos resíduos (MARTÍNEZ ALIER, 2007, p. 34).

Assevera ainda, o mesmo autor, que os países industrializados são dependentes de importações dos países do Sul para atender à sua crescente demanda por matérias-primas e bens de consumo. Exemplifica assinalando que os Estados Unidos importam a metade do petróleo que consomem e a União Europeia importa uma quantidade quase quatro vezes maior de materiais do que exporta. Já a América Latina exporta uma quantidade seis vezes maior de materiais (inclusive energéticos) do que importa. Os impactos gerados por esses fenômenos absurdos não podem ser solucionados por políticas econômicas ou por inovações tecnológicas, atingindo grupos sociais que frequentemente protestam e resistem e que nem sempre são identificados como ecologistas.

Dentre os atores identificados com o “ecologismo dos pobres” poderíamos enquadrar aqueles ecologistas a quem Gudynas (1992) chama de “contra-hegemônicos”. Tais grupos percebem estreitas relações entre os problemas sociais, em especial aqueles relacionados com a pobreza e os problemas ambientais. Apontam para a necessidade de profundas transformações sociais, com uma importante reflexão ética e com interesse em dialogar com outros grupos.

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Herculano (2006, p. 2) afirma que o:

Ecologismo dos Pobres pode ser também chamado de Ecossocialismo, uma vez que essa corrente percebe nos conflitos socioambientais “uma situação de contradição estrutural própria da economia capitalista contemporânea, onde a produção se orienta pela busca do crescimento econômico, a ser obtido via integração ao mercado globalizado, através da exportação.

Essa lógica antagoniza com a preservação ambiental e com formas de vida não capitalistas, ainda remanescentes, mas paulatinamente incorporadas pela lógica produtiva do agronegócio.

O entendimento dessa natureza leva, necessariamente, ao questionamento e à tentativa de superação da lógica de crescimento inerente ao modo de produção capitalista. A perspectiva ecossocialista não busca, então, simples e ingenuamente, a conservação, preservação ou recuperação de espaços ambientais, pois a luta ambiental não pode ser desvinculada de uma perspectiva mais ampla e global, que ponha em cheque as formas de apropriação tanto dos recursos naturais quanto dos bens socialmente produzidos.

Como nos ensina Löwy (2009), o raciocínio ecossocialista se apoia em dois argumentos essenciais: a) o modo de produção e consumo dos países capitalistas desenvolvidos, fundado na lógica de acumulação ilimitada tanto do capital quanto dos lucros e mercadorias, no desperdício de recursos, no consumo ostentatório e na acelerada destruição ambiental, jamais poderá ser estendido

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ao conjunto do planeta, uma vez que implicaria uma crise ecológica ainda maior; b) a continuidade do “progresso” capitalista e a expansão da civilização fundada na economia de mercado (até mesmo no modelo brutalmente desigual da atualidade) constituem, em médio prazo, ameaça direta à própria sobrevivência da espécie humana.

Para Löwy (2009), a limitada racionalidade do mercado capitalista, preocupada com o cálculo imediatista de perdas e lucros, é intrinsecamente contraditória com a racionalidade ecológica que incorpora a relativamente longa temporalidade dos ciclos naturais. Não é o caso de opor os “maus” capitalistas ecocidas aos “bons” capitalistas verdes. O próprio sistema, cuja competição impiedosa, exigências de rentabilidade e a corrida pelo lucro rápido lhe são inerentes, é que é destruidor dos equilíbrios naturais. Por isso, o pretenso capitalismo verde não vai além de uma manobra publicitária, uma etiqueta promocional de uma mercadoria ou, no máximo, uma iniciativa local semelhante a uma gota d’água no árido solo do deserto capitalista.

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FIGURA 3 – PRODUÇÃO AGROECOLÓGICA

FONTE: Disponível em: <http://www.sct.embrapa.br/dctv/2005/img/Prod_agroecol.gif>. Acesso em: 1 ago. 2011.

2 ÉTICA E RELAÇÕES INTERPESSOAIS

Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem, pisam as flores, matam nosso cão.E não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua, e, conhecendo nosso medo, arranca-

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nos a voz da garganta. E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada. (Maiakovski, início do século XX)

Primeiro eles roubaram os sinais, mas não fui eu a vítima, Depois incendiaram os ônibus, mas eu não estava neles;Depois fecharam ruas, onde não moro;Fecharam então o portão da favela, que não habito;Em seguida arrastaram até a morte uma criança, que não era meu filho...

FONTE: HUMBERTO, Cláudio. Disponível em: <http://www.via6.com/topico/59829/maiakovski->. Acesso em: 1 ago. 2011.

Cecília Meireles, em Romanceiro da Inconfidência (1977, p. 42), conceitua liberdade como: “palavra que o sonho humano alimenta que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda”. Nas palavras de Álvaro Valls (2006), a ética assume o mesmo lugar da liberdade: “A Ética é daquelas coisas que todo mundo sabe que são, mas que não são fáceis de explicar, quando alguém pergunta”.

Por que será que é tão difícil conceituar ética? E, ao mesmo tempo, parece que todos a compreendem? Será por que a vivenciamos diariamente? Por que cada um pensa que tem “a sua” e, por essa razão, nos sentimos autorizados a justificar nossas posturas e a julgar as dos outros? Ou será que a temática é tão complexa porque é tecida em conjunto? Afinal, não existe ética

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simples, pois a ética só é possível quando pensada nas relações entre as pessoas.

A ideia desse texto é conduzir o leitor a refletir sobre as relações pessoais e sociais que estabelece com o seu entorno, (re)avaliando e (re)significando seus próprios conceitos éticos. Para tanto, busca-se um resgate histórico capaz de contextualizar nossos valores hoje.

Vamos às origens. Ética é uma palavra de origem grega que provém do vocábulo êthos, que, semanticamente, relaciona-se a caráter, a um modo habitual de vida e que se aproxima de uma fonte de comportamento. Êthos adquiriu significados relativos à moradia, àquilo que o homem tem dentro de si, ao seu modo de ser e, na atualidade, à cidadania. A ética é, então, um saber humano que implica relação com o outro. Tem-se aí um pressuposto essencial: só construímos valores éticos na relação com o outro. Esse outro não representa apenas mais um ou dois sujeitos, representa instituições organizacionais como família, escola, empresa, igreja, grupos e toda uma sociedade, com suas leis, culturas, ritos, civilizações. Mas a ética se refere ao que pode ou não pode, ao que deve ou não deve ser feito com o outro e consigo mesmo? Quais os objetos da ética? Como ela se desenvolveu no ser humano?

Bem, voltemos à história. Entre os anos 500 a 300 a.C., pensadores gregos como Sócrates, Platão e Aristóteles refletiram sobre os juízos de valor da essência humana, sobre o agir do homem. Pesquisaram sobre a natureza do bem. Afinal, certo,

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errado, bom, ruim, prazer, dor, bem, mal, virtude, vício, verdade, mentira são termos que correspondem a valores e julgamentos éticos. Bom é o que é natural? Bem está relacionado à evolução?

Sócrates (470-399 a.C.), grande mestre da interrogação, não deixou nada escrito, mas foi considerado o fundador da ética. Questionava, em seus diálogos, a validade das leis, pois tinha a crença de que bastava saber o que é bondade para ser bom. Platão (427-347 a.C.) partiu da ideia de que todos os homens buscavam a felicidade. Acreditava em uma vida depois da morte e, assim, não buscava o prazer terreno. O ser humano deveria praticar a virtude como ordem e harmonia universal. Aristóteles (384-332 a.C.), por sua vez, buscou depoimentos sobre a vida das pessoas, utilizou-se da observação empírica para descobrir os fins a serem alcançados para que o ser humano pudesse ser feliz. Seu objetivo era encontrar regras claras que pudessem ser conhecidas, rotuladas e catalogadas. Foi considerado o pai da Ética como ciência, no entanto, subordinou sua ética à política, mantendo-a prática e adaptativa. Kant, Schopenhauer, Nietzshe, Santo Agostinho e muitos outros pensadores mereceriam destaque por seus posicionamentos em relação a essa temática. No entanto, pesquisadores contemporâneos trazem suas contribuições para discutir questões relacionadas a valores humanos e à moralidade.

Lawrence Kohlberg (apud PIAGET, 1994) concebeu uma teoria segundo a qual o desenvolvimento moral se processa numa sequência de estágios, que é a mesma em todas as pessoas, independente da cultura. É importante diferenciar aqui a moral da ética. A moral é normativa, delimita o que é bom ou ruim numa

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convivência, refere-se à conduta, é temporal. A ética, por sua vez, revela princípios, refere-se à justiça, é universal. Mesmo assim, vale citar o estudo, pois ética implica reflexão moral. Segundo Kohlberg (apud PIAGET, 1994), há seis estágios de desenvolvimento moral, divididos em três níveis: moralidade pré-convencional; moralidade convencional e moralidade pós-convencional. No primeiro nível, há dois estágios: o primeiro, quando a noção de moralidade se orienta pela obediência e pelo medo da punição; o segundo, quando os atos são considerados moralmente corretos se lhe dão prazer ou se satisfazem a uma necessidade própria. No segundo nível, estão em um primeiro estágio aquelas pessoas que atendem à moralidade do “bom garoto”, de manutenção de boas relações e de aprovação dos outros; num segundo estágio, a autoridade é que mantém a moralidade. No último nível, o primeiro estágio refere-se à moralidade de contrato e de lei democraticamente aceitos; e o segundo abraça uma moralidade pautada em princípios individuais de consciência.

Essa pesquisa foi realizada em diferentes culturas. Kohlberg (apud PIAGET, 1994) acompanhou, numa pesquisa longitudinal, o desenvolvimento moral de cinquenta pessoas, no período de 1957 a 1977, observando seus julgamentos morais em intervalos de três anos. Os resultados desses estudos apresentam alguns pontos que valem ser destacados: a sequência do desenvolvimento moral é invariante; embora as pessoas não possam pular os estágios, elas entendem e preferem o julgamento moral que corresponde a um estágio além do nível em que estão; as crianças menores de nove anos estão no nível pré-convencional; dos nove aos quinze anos, a maioria está no nível convencional; e somente

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após os dezesseis anos, algumas pessoas atingem o nível pós-convencional. Essa pesquisa nos mostra que a ética é construída socialmente, na relação com o meio e com as pessoas.

Habermas (1989) desenvolveu uma teoria sobre a moral e propõe uma forma de ação comunicativa, pautada no diálogo, na troca, no intercâmbio das relações humanas, na qual as ações morais se desprendem da ética tradicional e nascem de reflexões e questionamentos pessoais e sociais. Assim, uma vez colocada em prática e incorporada à vida social, a moral passa a ser vivida como ética. Os princípios éticos de uma sociedade, então, evoluem segundo os valores morais que, por sua vez, também se modificam seguindo novas ordens religiosas, econômicas, tecnológicas e sociais. Para Vazquéz (2000), os princípios éticos evoluem devido à necessidade de relacioná-los com as relações humanas que pretendem regulamentar.

Aricó (2001, p. 45) vai além e defende uma visão totalitária entre o biológico e o social e lembra que os impulsos humanos sempre se originam nas nossas estruturas genéticas, que, por sua vez, objetivam “além da adaptação ao meio ambiente, a transmissão dos gens para gerações futuras, talvez no âmbito da imortalidade”. Essa ideia nos leva a crer que sentimentos como raiva, ódio, antipatia, desconfiança e a proposição de situações que englobem desonestidade e agressividade podem estar a serviço da ética, do bem e da felicidade? Seria lícito matar a fim de conservar a espécie?

Aricó (2001) descreve as seguintes características do

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Homo sapiens moderno: aptidão para a tecnologia, capacidade de expressão oral e artística, consciência de si próprio e dos semelhantes e capacidade para formular códigos de ética. As relações necessárias entre estas características não têm se estabelecido, avanços tecnológicos não têm promovido uma civilização mais igualitária. O poder instituído tem sido contrário a qualquer forma reflexiva de raciocínio lógico. Pessoas têm sido consideradas desnecessárias. Vamos mal!

Decorre daí outro pressuposto fundamental referente à temática da ética: é preciso ver o outro, não somente com uma ideologia, cultura, raça, religião, cosmovisão diferente da nossa; é preciso reconhecer essas diferenças, respeitar essas escolhas e, sobretudo, ver as pessoas independentemente de nós mesmos. O que requer empatia, um tipo de introjeção do outro e, consequentemente, menos individualismo. Aricó (2001, p. 137) denuncia que “os valores éticos tropeçam na grande muralha narcisista [...] tudo tende a se igualar, tudo tende a possuir o mesmo valor, ou nenhum valor”. De verdade, estamos vivendo uma crise ética, em que posturas e situações antiéticas têm sido banalizadas. Basta pensar nas notícias que nos chegam através dos meios de comunicação diariamente, atravessam nossas próprias conversas e passam a não nos assustar mais. Roubos, crimes, desastres, mortes, destruições, guerras, fome, miséria humana só nos afetam quando a tragédia é próxima. Como chegamos aqui? Será que o ser humano, como pensava Nietzsche, é só uma etapa, uma transição, uma promessa?

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3 ADMINISTRAÇÃO DE CONFLITOS

Segundo a Bíblia Sagrada, o primeiro conflito da humanidade foi entre Abel e Caim. Neste conflito houve um perdedor, Abel. Por muito tempo o conflito foi visto como negativo. A ausência de conflitos era encarada como expressão de boas relações e bons ambientes. A tradição educacional e a autoridade paterna, estimulou valores anticonflitos. A estratégia era abafar e não enfrentar para resolver os conflitos, pois eram vistos como resultantes da ação de comportamentos agressivos, intolerantes, atitudes radicais e, como resultado, sempre tinham uma parte perdedora.

FIGURA 4 – ABEL E CAIM

FONTE: Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/-GF09LPjKcxI/TaeLVTPLo6I/AAAAAAAABkk/5YjPC-YQnys/s1600/Abel+e+Caim.jpg>. Acesso em: 1 ago. 2011.

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A humanidade se estruturou em organizações sociais, políticas, empresariais, educacionais, de saúde e outras. Portanto, são administradas por equipes de pessoas habilitadas por funções e responsabilidades específicas, se relacionando para alcançarem objetivos comuns.

Matos Gomes (2003) diz que conviver implica reconhecer a divergência como uma realidade existencial, pois está no âmago da relação humana. O conflito afeta a todos, não tem como escapar.

Maginn (1996) diz que, de fato, o conflito incomoda tanto que todo mundo faria qualquer coisa para evitá-lo. Isto porque o conflito entre pessoas frequentemente se manifesta através de palavras rudes, socos em mesas, vozes exaltadas, ressentimentos, afastamentos.

Para que a sociedade se mantenha organizada e sustentável deve haver um equilíbrio, e este equilíbrio vem do desequilíbrio, isto é, do conflito e da forma de como ele é visto. Os conflitos não surgem de repente, vão dando alguns sinais, por exemplo: as pessoas fazem comentários com alta carga emotiva, atacam as ideias dos outros antes mesmo que eles tenham terminado de falar, dizem não entender exatamente qual é a questão em pauta, se recusam a ceder e, desta forma, as negociações entre as partes não chegam a nenhum lugar. Estes comportamentos indicam que há um conflito.

Os sinais não são suficientes para pensar que os conflitos

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serão resolvidos; em muitos âmbitos organizacionais, eles são acumulados, as causas mais comuns são porque as partes entram no jogo do tudo ou nada. Querem apenas ganhar, em vez de solucionar o problema. Endurecem suas posições, reduzem a comunicação e limitam o envolvimento mútuo.

Cada uma das partes envolvidas no conflito tem uma forma de reagir, algumas das reações naturais são: o confronto agressivo, manobras estratégicas, protelação contínua e combates. A curto prazo é mais simples negar os conflitos do que enfrentá-los. No entanto, é viável solucioná-los construtivamente quando os enfrentamos logo no início.

Tornou-se necessário buscar novos meios para enfrentar conflitos. Tratar os conflitos de modo negativo, abafá-los, ignorá-los ou ganhar x perder não é o melhor modelo de trazer benefícios para a sociedade como um todo.

Atualmente, o que se busca em administração de conflitos é o ganha x ganha, que caracteriza o positivo, pois ambas as partes ganham alguma coisa; quando bem administrado resulta em inovação, oportunidade, enriquecimento pessoal, organizacional e expansão.

Matos Gomes (2003) descreveu seis passos para resolver conflitos no modelo atual, ou seja, o ganha x ganha:

O primeiro passo: Abordagem - significa a confrontação positiva que evita as costumeiras e desastrosas situações eles

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e nós típicas da realidade ganhar x perder que uma sociedade competitiva e predatória alimenta. A conversação é um instrumento essencial nesta abordagem, prestar atenção no que fala e como fala. E nesta conversação levar a verdade dos fatos para ser discutida de maneira objetiva, levando em conta o pensamento, sentimento e criatividade para estimular a busca pelo novo; é a maneira inteligente de responder às situações em mudanças. Não personalizar os problemas, o caso isolado limita a percepção e fecha a porta ao acordo e entendimento. A atitude fechada impede de perceber a realidade exterior e o outro lado, abrir-se na conversação.

Segundo passo: A argumentação - com o conhecimento constroem-se os argumentos. A negociação eficaz parte da realidade conhecida, da análise da situação de forças e fraquezas das reivindicações. A negociação envolve habilidades humanas (relacionamento interpessoal) e habilidades técnicas (processo). Conhecer a tipologia humana que compõe a mesa de negociação ajuda a estruturar a argumentação adequada para o consenso do acordo. Há quatro estilos de negociadores e suas Táticas.

● Estilo racional: centrado em ideias e fatos, vai direto aos objetivos. Tática para argumento: estar atento aos pontos convergentes que diferem da objetividade da discussão e conduzam ao acordo.

● Estilo sociável: centrado no esforço da equipe, busca o relacionamento afetivo. Tática para argumento: soltar um pouco o anzol, para satisfazer às necessidades de socialização, mas

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procurar fisgar o peixe, com a proposição objetiva das bases para o acordo.

● Estilo metódico: centrado no processo da discussão, orientado para os aspectos culturais. Tática para argumentação: reservar o tempo inicial para discussão dos aspectos formais (estrutura da reunião, metodologia da discussão, documentação básica, listagens das principais divergências). A partir daí, objetivar ao problema em essência com propostas claras e incisivas.

● Estilo decidido: centrado na solução mais rápida possível, persegue resultados. Tática para argumentação: recomenda-se, já no início da conversação, a apresentação de um quadro diagnóstico confiável da situação, com as várias alternativas solucionadoras. Com isto, atende-se a sua motivação psicológica em discutir objetivamente os problemas, mas dentro de uma análise ampla, com parâmetros efetivos que evitem visões distorcidas e ênfases fragmentárias.

● Terceiro passo: A superação de objeções - cabe diferenciar as objeções das desculpas. Enquanto a primeira constitui um argumento ponderável, a segunda revela tão somente um pretexto, camuflando as motivações mais profundas. Conhecendo as motivações do opositor à proposição e diagnosticando a objeção concreta. É um esforço necessário, cujas dificuldades podem ser minimizadas por uma argumentação planejada, em que possíveis objeções são levantadas e estudadas. Prevenir objeções é uma tática eficaz por meio de estudo e experiência, quando em uma percepção treinada, antevê as objeções, antecipando-se

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com argumentos convincentes. Contornar as objeções consiste em fixar-se nas vantagens substanciais em contraposição às desvantagens levantadas.

Aceitação aparente de uma objeção - esta tática é no sentido de aceitar e respeitar a outra parte com tolerância, obtendo assim receptividade e o momento psicológico que se estabelece entre as partes. O acordo é justamente uma consequência lógica do espírito de compreensão acerca das vantagens recíprocas.

Quarto passo: O acordo - ganhar x ganhar é a situação desejável em que todas ganham algum benefício no processo de resolver o conflito. A situação ganhar x ganhar exige consenso, troca livre de ideias até chegar a um acordo. Estabelecer objetivos integradores e fixar-se neles é um dos melhores estratagemas para negociar com êxito. Os objetivos integradores correspondem aos pontos de interesse mútuo e aos valores, ou seja, aos aspectos que interessam a todos.

Quinto passo: O reforço - se a situação “ou tudo ou nada” significa a radicalização do conflito, a situação nós expressa o acordo, com a necessária harmonização de interesses que implica integração, cooperação, disposição para compreender, negociar e caminhar junto.

Sexto passo: A reabordagem - configura a certeza de que a negociação não é um acontecimento episódico e fugaz, mas como parte da convivência humana. O acordo, portanto, não é uma meta aleatória, nem fruto de racionalizações, muito

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menos obra do acaso, algo tão lógico, natural e gratuito que se deixa acontecer. O acordo demanda preparação, argumentação e superação de objeções; o acordo, portanto, envolve liderança, planejamento, organização, avaliação de resultado, solicita uma estratégia que justifique, integre e dê produtividade às inúmeras táticas aplicáveis ao processo de negociação.

A sociedade em mudança característica de nossa época é uma fonte inesgotável de conflitos. A mudança gera tensões, ansiedades, resistências e, portanto, conflitos. As classes sociais vêm se conscientizando do direito de serem ouvidas e de influenciarem nas decisões que lhe dizem respeito [...] Igualmente são reconhecidos, hoje, de modo conceitual, os Direitos Humanos, mas não se criam as instituições sociais, políticas e econômicas para verdadeiramente respeitá-los e pô-los em prática. (MATOS GOMES, 2003, p. 24).

Assim, cada vez mais, administrar conflitos se destaca como um imperativo de saúde das organizações, de valorização e desenvolvimento humano, de qualidade de vida e prática democrática.

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4 UMA REFLEXÃO SOBRE GÊNERO E SEXO

FIGURA 5 – REFLEXÃO

FONTE: Disponível em: <www.clubedamafalda.blogspot.com>. Acesso em: 20 jul. 2011.

Iniciamos nossa reflexão sobre gênero e sexo a partir da tirinha da Mafalda, uma personagem de quadrinhos atemporal, criada nos anos 40 e que vivenciou o auge das discussões sobre o papel da mulher na sociedade.

Foi justamente a partir da segunda Guerra Mundial, em 1941, que os papéis entre homens e mulheres começaram a se modificar. Com o recrutamento dos homens para lutarem na guerra, as fábricas necessitaram de mão de obra, e a única alternativa foi retirar as mulheres de casa e colocá-las no trabalho. No entanto, esperava-se que, com o fim da guerra, elas retornassem à função de donas de casa, fato que não ocorreu. Iniciando uma revolução do papel da mulher na sociedade, reivindicando direitos

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de igualdade, liberdade sexual, ascensão e direito a uma carreira profissional.

A expressão “gênero” ganhou força nos movimentos feministas, especialmente entre as americanas e as inglesas, nos anos 70. De acordo com Braga (2007), a expressão gênero começou a ser utilizada justamente para marcar as diferenças entre homens e mulheres, mostrando que não são apenas de ordem física e biológica. Segundo ela, a diferença sexual anatômica não pode mais ser pensada isolada das construções socioculturais em que estão imersas, a diferença biológica é apenas o ponto de partida para a construção social do que é ser homem ou ser mulher.

FIGURA 6 – MULHERES NA LUTA PELOS SEUS DIREITOS

FONTE: Disponível em: <http://www.clam.org.br/galeria/fotos/feminist/manifest_mexico.JPG>. Acesso em: 1 ago. 2011.

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Scott (1991) complementa o conceito afirmando que entende gênero como relações de poder que se estabelecem social e culturalmente a partir das diferenças percebidas entre os sexos.

Diante disso, podemos perceber que os termos sexo e gênero são distintos. Entendemos por gênero a maneira que as diferenças entre o feminino e o masculino se assumem nas diferentes sociedades. É uma construção sociocultural que pode variar de uma cultura para outra e se transformar no decorrer da história. Sexo, por sua vez, é uma construção natural (inato), atribuída às diferenças anatômicas e fisiológicas que diferenciam um homem de uma mulher.

Portanto, o conceito de gênero atualmente é uma representação de direitos igualitários entre homens e mulheres. Conceito esse que vem se ampliando e hoje não está relacionado apenas ao masculino e feminino, pois a identidade sexual abrange também os homo e transexuais, constituindo-se como um direito humano à cidadania.

De acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948): “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade”.Vamos refletir um pouco sobre esse assunto. Você percebe relações de desigualdades em seu entorno? Que relações são estas?

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Apesar da garantia dos direitos humanos, convivemos com quadros de desigualdades no cenário nacional e mundial. No entanto, com o passar dos tempos, as questões de gênero e sexualidade mudaram e novos papéis sociais foram se constituindo.

As contribuições no campo jurídico (novas leis), os avanços tecnológicos e científicos foram decisivos e influenciaram significativamente nessas relações. Vale ressaltar que essas conquistas são atribuídas ao Ocidente e pouco percebidas no Oriente por uma questão cultural, pois, segundo Moore (1991 apud MACHADO, 1999), diferentes culturas desenvolvem diferentes entendimentos sobre o que seja ser homem e mulher.

Essas conquistas são percebidas em diferentes grupos anteriormente considerados marginalizados. Destacamos aqui o direito dos homossexuais ao casamento, dez países já legalizaram o casamento homossexual. No Brasil, de acordo com o jornal Estadão on-line, o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu no mês de maio a união estável homoafetiva e seus efeitos jurídicos. Garantindo aos casais direitos como pensão, herança, regulamentação da comunhão de bens e a adoção de crianças. No entanto, o casamento homossexual ainda não é possível, apenas a união estável, que garante o direito de alteração do estado civil do casal.

Outra conquista percebida é a ascensão das mulheres ao poder público. Atualmente, nove mulheres ocupam o cargo de presidente da República no mundo. No Brasil, Dilma Rousseff é a

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primeira a ocupar o cargo, mas, na América Latina, países como a Bolívia, o Haiti, a Nicarágua, o Equador, a Guiana, o Panamá, o Chile e Costa Rica já foram ou estão sendo governados por mulheres. Dilma Rousseff (Brasil), Cristina Kirchner (Argentina) e Laura Chinchilla (Costa Rica) são as presidentes dos países latino-americanos atualmente. Lembramos também que um negro (Barack Obama) ocupa o cargo de presidente dos Estados Unidos, um índio (Evo Morales) comanda a Bolívia e uma mulher preside um dos maiores times de futebol do Brasil. Estes são apenas alguns dos exemplos, em pequena escala, de que essa problemática que atinge as chamadas “minorias” caminha para um processo de igualdade.

É importante lembrar que, embora novas leis sejam importantes na garantia da igualdade e equidade entre os sexos e gêneros, isto não é o suficiente, essa questão deve estar presente e pautar novas ações de políticas públicas. Independentemente do sexo, da opção sexual, da cor, da idade ou do grupo social, é importante garantir os direitos de igualdade do cidadão, visualizando a construção de um mundo mais “humano”, de fato.

5 POLÍTICA

A política faz parte de nossa vida e envolve questões de interesse público e privado, relações de autoridade e poder. Mas, na sociedade, a expressão política tem vários significados, o que expressa a polissemia do termo.

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Primeiramente, vamos apresentar a você o significado etimológico da palavra política. A origem é grega e vem de pólis que significa a arte de governar e de gerir o destino da cidade. Geralmente, utilizamos o termo política para descrever a atividade parlamentar de um político, as ações do prefeito, do governador ou do presidente da República. Outra compreensão que temos de política são as campanhas eleitorais que os partidos fazem nas vésperas das eleições e que culminam com o ato de votar nos candidatos aos cargos dos poderes Executivo e Legislativo.

Também se emprega o termo para expressar a multiplicidade de situações em que a política se manifesta: política econômica, política sindical, política ecológica, política das igrejas. Neste sentido, entende-se a política como a atuação de instituições ou de segmentos da sociedade civil com a finalidade de alcançar determinados objetivos. Trata-se, pois, de uma política reduzida aos espaços institucionais, dos quais indivíduos participam apenas ocasionalmente. (CORDI et al., 2000, p. 175).

Conforme pudemos constatar no parágrafo anterior, a política diz respeito às diferentes situações e faz parte de nossa vida de maneira direta ou indireta. Por exemplo, no programa de governo de combate à fome e à miséria, a política vai além dos partidos políticos e destina-se às pessoas mais pobres do país.

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FIGURA 7 – CAMPANHA DO BOLSA FAMÍLIA

FONTE: Disponível em: <http://www.sgc.goias.gov.br/upload/fotos/2011-06/img_851_bolsa_familia_alta.jpg>. Acesso em: 31 jul. 2011.

Muitas pessoas relacionam a política com a politicagem. Quando alguém utiliza a política para o benefício próprio está fazendo politicagem, pois desvirtua a finalidade da expressão política, que é governar e gerir os destinos da cidade em vista do bem comum. Mas nem sempre estas questões estão presentes

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entre os políticos e a sociedade, mas constantemente os meios de comunicação apresentam situações em que políticos se apropriaram do bem público em benefício próprio.

Vamos pensar um pouco? Na imagem que segue, a atitude do político serve ao bem público ou a interesses particulares?

FIGURA 8 – POLITICAGEM

FONTE: Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/_E8OAOhRMlRI/TMcSgPCvFKI/AAAAAAAAATc/syGdnhT9z2w/s1600/POLITICAGEM2.jpg>. Acesso em: 31 jul. 2011.

Acredito que a sua conclusão foi de que a figura caracteriza a atitude de um político que pensa apenas em seus interesses e se esquece de trabalhar para o bem comum da sociedade. Este

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tipo de político não desempenha sua função na sociedade e, numa sociedade democrática o povo pode, através do voto ou da pressão popular, excluí-lo da vida pública.

Além da politicagem que caracteriza muitos políticos, outro aspecto importante a se destacar é o regime político. Por regime político compreende-se o modo como o Estado se relaciona com a sociedade, que pode ser de forma democrática ou ditatorial.

A palavra democracia é de origem grega: Demos significa povo e cracia, poder, logo, democracia é o poder do povo. De acordo com Chauí (1997, p. 430):

A democracia é, assim, reduzida a um regime político eficaz, baseado na ideia de cidadania organizada em partidos políticos e manifestando-se no processo eleitoral de escolha dos representantes, na rotatividade dos governantes e nas soluções técnicas (e não políticas) para os problemas sociais.

Em suma, a democracia se caracteriza pela participação política do povo, a divisão do poder político (Executivo, Legislativo e Judiciário) e vigência do Estado de Direito (o Estado respeita o direito dos cidadãos e os cidadãos respeitam os direitos dos Estados).

Já a ditadura é uma palavra de origem latina, dictare, que significa ditar ordens. Portanto, é uma forma de governo em que os poderes estão nas mãos de um único indivíduo, grupo ou partido político, não possibilitando a participação da

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sociedade nas decisões políticas.

Atualmente, de acordo com Cotrim (1996), um Estado costuma ser considerado ditatorial quando apresenta as seguintes características:

● elimina a participação popular nas decisões políticas;

● concentra a decisão política em uma única pessoa;

● inexistência do Estado de direito, ou seja, as leis só valem para a sociedade, enquanto o ditador está acima das leis;

● fortalecimento dos órgãos de repressão que espalham pânico na sociedade;

● controle dos meios de comunicação.

Para finalizar esta seção, leia a história em quadrinhos.

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FIGURA 9 – DITADURA

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Conhecimentos Gerais e Atualidades

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FILOSOFIA E PSICOLOGIA

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