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1 A Contratualização na Gestão Pública Municipal e sua interface com as relações do tipo Agente-Principal no Estado RESUMO Essa monografia pretende fazer uma reflexão sobre a importância da Contratualização na Administração Pública a partir de uma interpretação dada pelas Teorias de Agência e da escolha Pública principalmente na relação entre políticos e burocratas. O texto argumenta que a contratualização, caracterizada como a separação entre as funções de formulação de políticas e sua execução, pode tornar-se um importante tipo de controle sobre a burocracia, evitando mecanismos de insulamento e predação. O artigo conclui argumentando que os novos rumos na gestão pública deveriam ser encarados como sendo parte integrante de mudanças inadiáveis que visam essencialmente orientar a ação do Estado para o cidadão-usuário 1. INTRODUÇÃO A esfera municipal ganhou crescente importância no Brasil nas últimas duas décadas. Se por um lado, o retorno à democracia levou à sua associação de forma indelével com o processo de descentralização provocando um fluxo descendente de atribuições do Poder central para as esferas sub-nacionais de governo, principalmente a municipal, por outro, a crise que se abateu quase que de forma generalizada sobre o mundo capitalista nos anos 80, e fortemente sobre o Brasil, fez com que se esgotasse não só a possibilidade do Estado desenvolvimentista como de qualquer tipo de ação mais abrangente e duradoura do Estado. Diante deste quadro, as esferas municipal e estadual, mais a primeira até do que a

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A Contratualização na Gestão Pública Municipal e sua

interface com as relações do tipo Agente-Principal no

Estado RESUMO

Essa monografia pretende fazer uma reflexão sobre a importância da

Contratualização na Administração Pública a partir de uma interpretação dada pelas Teorias

de Agência e da escolha Pública principalmente na relação entre políticos e burocratas. O

texto argumenta que a contratualização, caracterizada como a separação entre as funções de

formulação de políticas e sua execução, pode tornar-se um importante tipo de controle

sobre a burocracia, evitando mecanismos de insulamento e predação. O artigo conclui

argumentando que os novos rumos na gestão pública deveriam ser encarados como sendo

parte integrante de mudanças inadiáveis que visam essencialmente orientar a ação do

Estado para o cidadão-usuário

1. INTRODUÇÃO

A esfera municipal ganhou crescente importância no Brasil nas últimas duas

décadas. Se por um lado, o retorno à democracia levou à sua associação de forma indelével

com o processo de descentralização provocando um fluxo descendente de atribuições do

Poder central para as esferas sub-nacionais de governo, principalmente a municipal, por

outro, a crise que se abateu quase que de forma generalizada sobre o mundo capitalista nos

anos 80, e fortemente sobre o Brasil, fez com que se esgotasse não só a possibilidade do

Estado desenvolvimentista como de qualquer tipo de ação mais abrangente e duradoura do

Estado. Diante deste quadro, as esferas municipal e estadual, mais a primeira até do que a

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segunda passaram a ser depositárias das reais possibilidades de intervenção do Estado no

novo cenário que se desenhou a partir da década de 80.

Nesta nova situação as esferas sub-nacionais tiveram que assumir não só tarefas que

não estavam acostumadas a desempenhar, não tendo qualquer tradição ou conhecimento

acumulado para tal, como também fizeram isto em um contexto de grave crise mundial.

Não há dúvidas sobre o fato de que os municípios vêm assumindo maior autonomia

e mais responsabilidades na provisão de bens e serviços públicos, ainda que de forma

seletiva e na medida de suas possibilidades. Este quadro tem levado muitas administrações

sub-nacionais, a buscar inovação na gestão a fim de dar conta de suas novas

responsabilidades.

No que se refere à reforma da administração pública no nível local, parece que ainda

não está muito clara a inserção do município no novo paradigma que tem guiado a revisão

do papel do Estado em países em desenvolvimento. Nas duas últimas décadas, a maioria

dos países em desenvolvimento passou a responder aos desafios provocados pelas

restrições fiscais e pela internacionalização da economia via a adoção de políticas

convergentes, tais como: eliminação de funções governamentais, cortes em despesas com

custeio e investimento, redução da folha de pessoal, privatização, desregulamentação,

planejamento estratégico para as cidades voltado para a competição entre as mesmas e

descentralização.

Esta agenda de reformas, que passou a ser rotulada como a de primeira geração,

parece que ficou relativamente distante das esferas locais no Brasil, especialmente vis-à-vis

as esferas nacional e estadual, com exceção da diretriz estratégica da descentralização. Os

governos locais no Brasil estariam mais próximos da segunda geração de reformas que, de

acordo com Heredia e Schneider (1998), está calcada na construção ou reconstrução das

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capacidades administrativas e institucionais dos governos. Assim, nos anos 90, a agenda

dos organismos financeiros internacionais para os países em desenvolvimento enfatizou a

criação de capacidade no Estado e a adoção de práticas voltadas para o “bom governo”.

Todavia, a adoção de políticas voltadas para a reforma da administração pública local

(reestruturação das estruturas e práticas administrativas) requer o conhecimento

aprofundado da realidade local, da importância crucial do papel da União e dos estados no

apoio a essas reformas.

Dentre as opções de reforma do serviço público que têm se verificado em todo o

mundo, cresce em popularidade a experimentação em torno da assim chamada

"contratualização". Esse movimento pode ser entendido como uma incorporação das

críticas neoliberais em prol da necessidade de um comportamento empresarial autônomo

em certas esferas de governo. De fato, a contratualização estimula que as partes da relação

negociem um compromisso e assumam, cada qual, o seu papel sem demasiadas

ambigüidades.

Segundo Trosa (2001), o debate de pró-Estado versus anti-Estado tende a ser tornar

obsoleto. Torna-se muito difícil a defesa por um Estado paternalista que pensa conhecer as

necessidades dos cidadãos melhor do que eles próprios, assim como se torna muito difícil a

defesa de Estado liberal mínimo, simples executor da vontade do governo.

É necessário um Estado que não se impõe, calcado eminentemente em negociação,

que não é submisso, um Estado mediador de pontos de vista e interesses, por vezes,

divergentes – o Estado contratual.

As diversas concepções econômicas sobre o papel e a amplitude do Estado em sua

relação com a sociedade e com o mercado influenciaram na proposição de diferentes

modelos de Administração Pública.

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As transformações na Administração Pública se originaram mais da necessidade de

enfrentamento de profundas mudanças econômicas, sociais e tecnológicas do que de

ideologias. Dentre essas mudanças, tem destaque o processo de globalização, a maior

exigência dos cidadãos na qualidade e quantidade de prestação de serviços, a concorrência

e ampla participação de grupos organizados e da própria sociedade civil, a crescente

necessidade de transparência e de prestação de contas e a falência das tradicionais relações

hierárquicas no modus operandi da Administração Pública. Assim, a contratualização vem

sendo apontada como uma das características do Estado contratual/regulador, que vem

substituindo o Estado positivo ou intervencionista (Majone, 1999).

Independentemente do contexto, da natureza e especificidade, reformas

administrativas são consideradas políticas públicas que visam a melhoria no desempenho

do setor público por meio de diversos mecanismos. Políticas de reforma do aparato estatal

são tentativas que se sucedem em diversos governos, contudo com baixa taxa de sucesso na

sua implementação. Por conseguinte, reformas administrativas são políticas que tendem a

ter baixo desempenho e alta persistência e, assim sendo, são políticas que permanentemente

tendem a falhar (Rezende, 1999). De modo geral, as tentativas de reformar o aparato

burocrático estatal têm sido um exercício estéril ou rotundos fracassos tanto administrativos

quanto políticos.

Segundo Heredia e Schneider (2002), reformas administrativas são nebulosas em

países onde existe uma fusão entre as elites política e burocrática. Reformas administrativas

apresentam maior probabilidade de êxito quando grupos políticos alheios a esses esquemas

chegam ao poder. Os autores argumentam ainda que os governos tendem a investir mais na

reforma administrativa quando, para alcançar determinados compromissos programáticos,

exigem-se mudanças na máquina estatal.

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Abrucio (1997) argumenta que o sucesso ou malogro de reformas administrativas

refere-se ao apoio político obtido pelo governo reformista. O autor conclui que as

iniciativas reformistas de maior sucesso derivaram de intenso apoio político e da

configuração de novos incentivos institucionais.

Schwartz (1994) vê a teoria da escolha pública e a teoria da agência como as

correntes de maior influência sobre as reformas do setor público nos países desenvolvidos.

Idéias adotadas nestes países, como a separação entre formulação e implementação de

políticas e a criação de quase-mercados no setor público tinham como principal objetivo

impedir a captura das agências burocráticas por grupos privados ou burocratas

"maximizadores dos orçamentos". A assunção do auto-interesse generalizado e o

reducionismo econômico que caracterizam a nova administração pública, segundo Andrews

e Kouzmin (1998), também reforçam sua estreita ligação com o ideário neoconservador.

Existem três casos emblemáticos em que nos defrontamos com problemas

relacionados à Teoria da Agência no interior do Estado. O primeiro ocorre no âmbito do

sistema político, onde os políticos (agente, neste caso) recebem uma delegação dos

cidadãos (titular) para agir em seu nome. Essa relação traz a idéia da

responsabilização(accountability). O segundo refere-se à relação entre o Estado (titular) e

empresários (agente) remetendo a necessidade da regulação. E o terceiro ocorre no âmbito

da Administração Pública, onde o agente representa o empregado contratado pelo governo

(titular) para realizar uma tarefa especificada onde se torna essencial à atividade de

supervisão (oversight) (Przeworski, 1996).

Neste trabalho daremos ênfase a problemas derivados do terceiro caso, que se refere

à relação entre governantes e burocracia, ou seja, à dificuldade dos governantes em

controlar os funcionários do Estado, possuidores da informação técnica e organizacional e

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de especialização. Nesta situação os governantes podem se deparar com problemas de

seleção adversa e risco moral quando a burocracia, que detêm conhecimento técnico e

organizacional, pode utilizar determinadas informações para obter vantagens que vão

contra o interesse dos governantes. Em outras palavras, havendo delegação, o burocrata

pode optar por um comportamento oportunista em beneficio próprio e não cumprir com o

acordo estabelecido. A questão fundamental, como a levantada por Arrow (1963) quando

desenvolveu os problemas derivados das "falhas do governo", é relativa aos custos de

obtenção de informações, questão que é crucial ao processo decisório e a forma de controle

nas relações do tipo Agência.

Diante do quadro acima sumariamente descrito, pretende-se, com este trabalho,

examinar a importância da contratualização de resultados na gestão pública municipal

como uma possível e essencial ferramenta de controle administrativo no tipo de relação

entre políticos e burocratas ou entre o nível executivo da administração e o operacional.

2. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Administrar qualquer estrutura governamental é tarefa por demais complexa, árdua,

inflada de pragmática, que, portanto, jamais pode ser reduzido a uma teoria. Em verdade, é

um exercício da capacidade intelectual do ser humano, requerendo um domínio seguro,

teórico e prático, sobre os sistemas sociais.

A democracia e a administração pública burocrática emergiram como as principais

instituições que visavam à proteção do patrimônio público contra a privatização do Estado.

Democracia seria o instrumento político que visa proteger os direitos civis contra a tirania,

que afirma os direitos políticos, que assegura os direitos sociais contra a exploração, e que

afirma os direitos públicos em relação a res publica. Burocracia seria a instituição

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administrativa que usa como instrumento para combater o nepotismo e a corrupção os

princípios de um serviço público profissional, e de um sistema administrativo impessoal,

formal, legal e racional (Bresser Pereira 2005).

A agenda da primeira reforma do serviço público ocorrida no final do Século XIX e

inicio do Século XX tinha dois alvos claros: a luta anticorrupção (onde os principais

corruptores eram as máquinas políticas e sindicais) e a busca da eficiência (Pacheco 2004).

Tratava-se da reforma do serviço civil com base em três idéias fundamentais

inspiradas em Woodrow Wilson, Frederick Taylor e Max Weber:

- a separação necessária entre política (politics) e administração, sendo a primeira esfera

responsável pela formulação das políticas públicas (policies), enquanto que à ação

administrativa ficava reservada a sua implementação. Woodrow Wilson, em 1887, publicou

o seu clássico Estudo da administração, propondo iniciativas de estruturação da

administração pública e defendendo uma rigorosa separação entre política e administração,

para se afastar do spoils system, fonte da discricionariedade e da corrupção; (Wilson, 1887

apud Pacheco 2004);

- o caráter científico da administração, dado pela separação entre organização do trabalho (a

ser realizada pelo gerente) e a execução de tarefas bem descritas e especializadas (a cargo

dos trabalhadores ou funcionários); a existência de um único método para a realização da

tarefa, comprovadamente mais rápido e melhor (the one, universal, best way); os princípios

da divisão do trabalho, especialização das funções, homogeneidade e unidade de comando;

o estabelecimento de regras, leis e fórmulas que substituem o julgamento de cada

trabalhador individual (Taylor, 1912 apud Pacheco 2004);

- a adoção do princípio hierárquico nas organizações, baseado num “sistema firmemente

ordenado de super e subordinação, no qual há supervisão dos níveis inferiores de

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funcionários pelos níveis superiores”; a lealdade impessoal devotada a postos funcionais

hierarquicamente superiores; a eficiência como resultante da implementação impessoal de

regras racionais e impessoais, desde que não haja interferência política (Weber, 1922 apud

Pacheco 2004).

Embora Max Weber tenha estudado a organização burocrática (seus atributos

morfológicos) sua principal preocupação foi quanto ao advento do fenômeno burocrático

(burocracia enquanto forma de dominação racional/legal), pois a burocracia estatal

constituiu-se num tipo de poder derivado principalmente da concentração da informação e

da capacidade organizacional. Por este motivo, apesar de considerar a burocracia uma

forma de organização adequada às necessidades advindas da modernização capitalista,

Weber atentou para a necessidade de controlar esse poder. O surgimento do Estado

burocrático, para o autor, poderia levar a uma renúncia das responsabilidades por parte da

liderança política e a usurpação das funções políticas pelos administradores, ameaçando a

legitimidade do Estado democrático (Pacheco 2004).

A proposta então dessa primeira onda de reforma visava uma administração pública

não apenas mais eficiente, mas também mais “responsabilizada”. Segundo esta visão, ao ser

a administração separada da política, e garantida a lealdade impessoal do corpo de

funcionários à estrutura hierárquica de comando, estaria garantida a “responsabilização” de

todo o sistema, tanto político quanto administrativo (Pacheco 1999).

O aparecimento, no final do século XIX, da administração pública burocrática em

substituição às formas patrimonialistas de administrar o Estado foi de extrema importância.

No século XX, o Estado ampliou seu papel social e econômico, principalmente no setor

produtivo. A estratégia básica adotada pela administração pública burocrática — o controle

hierárquico e formalista ou legal sobre os procedimentos — se tornou inadequada. No

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momento em que o pequeno Estado liberal do século XIX cedeu lugar ao grande Estado

social e econômico do século XX a administração burocrática se mostrou lenta, com alto

custo transacional, auto-referenciada e pouco ou nada orientada para o atendimento das

demandas dos cidadãos.

Era condizente o formato do Estado liberal do século XIX, um Estado pequeno

dedicado à proteção dos direitos de propriedade; um Estado voltado para as funções

precípuas de segurança e de arrecadação de tributos. Contudo, este formato não fazia mais

sentido no século XX, pois o Estado acrescentou às suas funções o papel de provedor de

educação pública, de saúde pública, de cultura pública, de seguridade social básica, de

incentivos à ciência e à tecnologia, de investimentos na infra-estrutura, de proteção ao meio

ambiente. No lugar da administração pública burocrática ultrapassada se estruturava uma

nova forma de administração — a administração pública gerencial

A transição da administração burocrática clássica, herdada da tradição continental

européia, densamente impregnada de uma visão estatal, com seu corte hierárquico e

autoritário de inspiração franco-prussiana, para a administração gerencial moderna,

fortemente influenciada pela postura pragmática das grandes corporações assim como pela

exigência de transparência praticada no mundo anglo-saxônico, desloca o foco de interesse

administrativo do Estado para o cidadão, do mesmo modo que, antes, a transição da

administração patrimonialista, que caracterizava o absolutismo, para a administração

burocrática, já havia deslocado o foco de interesse do Monarca para o Estado.

A administração pública gerencial então surgiu na Segunda metade do século XX

em resposta a crise do Estado, como uma alternativa de enfrentamento da crise fiscal, como

estratégia para reduzir o custo e buscar eficiência administrativa, além de servir como um

recurso para proteção do patrimônio público contra os interesses do rent-seeking.

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Com a emergência de novas modalidades de apropriação da res publica pelo setor

privado exigiram-se novas estratégias que pudessem dar conta disto. A descentralização; a

delegação de autoridade e de responsabilidade ao gestor público; o controle sobre o

desempenho parecem ser recursos mais efetivos na luta contra essas modalidades do que os

procedimentos rígidos da administração burocrática quando ainda predominavam os

valores patrimonialistas no interior do Estado.

Suas características básicas são: a orientação para o cidadão e para a obtenção de

resultados; o pressuposto de que o funcionalismo deve ser merecedor de grau limitado de

confiança; a descentralização e o incentivo à criatividade e à inovação e a utilização de

contratos de gestão como instrumento de controle dos gestores públicos.

Enquanto a administração pública gerencial parte do princípio de que é preciso

combater o nepotismo e a corrupção sem procedimentos rígidos, a administração

burocrática concentra-se em essência no controle preventivo dos processos, sempre a

priori. Ela atenta para os processos sem considerar a alta ineficiência envolvida; entende

que punir os desvios é difícil preferindo assim a prevenção. Esta busca pela maximização

dos controles administrativos a priori teve como ponto de partida a desconfiança

generalizada nos administradores públicos e nos cidadãos que lhes dirigiam demandas.

Com isto, o Estado tendeu a voltar-se para si mesmo e os funcionários foram tornando-se

auto-referidos, esquecendo sua principal missão que era de estar a serviço dos cidadãos.

Partindo da premissa de que a administração burocrática encontrava-se esgotada e

que era possível avançar no rumo da flexibilização do modelo racional-legal, a reforma do

Estado preconizava um novo modelo gestionário.

Desta forma, a década de 90 apresentou-se como um marco fundamental de

transformação da administração pública brasileira. Em síntese, notou-se, para o período,

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uma proposta de mudança de uma administração pública calcada nos excessos burocráticos,

para a administração pública gerencial, formulada a partir do modelo de administração

empresarial. Com ela esperava-se o aproveitamento dos instrumentos de eficácia do setor

privado como mecanismos de modernização da gestão pública e da melhoria dos serviços

prestados pelo Estado. Para a efetivação da Reforma do setor público adotaram-se diversas

linhas de redirecionamento organizacional, dentre elas a contratualização, haja vista que

estruturas organizacionais inadequadas reduzem a eficácia de estratégias estimuladoras de

mudanças.

3. A CONTRATUALIZAÇÃO

A contratualização vem sendo apontada como uma das características do Estado

regulador, que vem substituindo o Estado positivo ou intervencionista; por meio de arranjos

contratuais ou quase-contratuais, entidades públicas (estatais ou não-estatais) orientadas por

missões, organizações sem fins de lucro ou mesmo prestadores privados de serviço vêm

sendo submetidos a novas formas de controle e responsabilização, perante as entidades

responsáveis pela formulação das políticas públicas.

Esta talvez seja uma das maiores inovações institucionais geradas no âmbito das

reformas do aparelho do Estado nas últimas duas décadas e meio. Enfrenta, ao mesmo

tempo, os dilemas do esgotamento do paradigma clássico da administração, e os

imperativos de novas formas de controle sobre o gasto e sobre o desempenho das

organizações públicas (Trosa, 2001).

A idéia de administração por contratos ou contratualização é utilizada para referir as

características de gestão do setor público resultantes do desenvolvimento de novos

relacionamentos no seu seio. O novo relacionamento baseia-se na idéia nuclear de quebrar a

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hierarquia como modelo de coordenação e controle típicos do setor público e estabelecer

um relacionamento mais livre através da delegação do centro para uma subsidiária ou uma

organização autônoma do setor público ou do setor privado através de um contrato

(Harrison, 1993). O elemento essencial no modelo de coordenação por contratos consiste na

divisão da responsabilidade pelo fornecimento e no fornecimento em si mesmo. Numa

relação contratual o governo retém a responsabilidade de financiar o serviço ou o produto,

mas delega a autoridade da produção/fornecimento a uma empresa privada ou a uma

organização não governamental. Este modelo baseia-se na teoria do principal-agente na

qual o governo como principal deve formular um contrato que induza o contratado, como

agente, a ter um comportamento de acordo com os desejos do governo.

O governo decide o que quer, formula um contrato em que define os objetivos, e

procura alguém que se comprometa a realizar esses objetivos ao mais baixo custo. Este é

um mecanismo pelo qual os governos procuram beneficiar da eficiência inerente ao

mercado. E é esta divisão que origina uma quebra nos princípios organizacionais da

hierarquia ou da integração vertical, típico do setor público, para uma estrutura de

fornecimento de serviços baseada em relações contratuais. A separação entre comprador e

fornecedor de serviços e a utilização de contratos ou quase-contratos para coordenar as

atividades de fornecimento de bens e serviços introduz uma nova forma de coordenação de

tipo mercado. O contrato não só reflete um processo de alocação de recursos baseado em

indicadores e medidas de desempenho, típico de uma relação de mercado, como também

conduz à reformulação das relações dentro da hierarquia do setor público. Um dos efeitos

desta mudança consiste na substituição de um único fornecedor por uma pluralidade

possível de fornecedores. O fornecimento de bens e serviços é feito recorrendo a contratos

estabelecidos com aqueles fornecedores que apresentem um preço mais baixo. O governo

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passa então a ser o núcleo de uma constelação de organizações responsáveis pelo

fornecimento de serviços públicos e que se relacionam numa base contratual.

A introdução dos contratos não é uma simples substituição de uma estrutura de

gestão por outra. Ela não se confina a mudar linhas hierárquicas de comando e substituí-las

por contratos. A introdução de contratos tem implicações importantes na forma como o

governo funciona e como se articula com as outras organizações. Há um deslocamento das

considerações políticas para uma abordagem mais gerencial que consiste em assegurar o

fornecimento eficiente dos serviços públicos. A administração por contratos transforma o

governo num comprador altamente qualificado, utilizando os vários produtores de forma a

alcançar os objetivos políticos. Isto é uma forma sutil de re-introduzir a dicotomia política-

administração, e, portanto reduzir a parte operativa do governo (Frederickson, 1996).

A especificação daquilo que os serviços públicos devem fazer não é só uma

mudança na gestão, também implica uma mudança na forma como as decisões de política

são tomadas. A contratualização implica saber o que comprar (a especificação do produto

ou serviço), a quem comprar (a existência de oferta), como comprar (a escolha entre um

preço fixo ou o custo mais o lucro ou uma solução intermédia), a duração do contrato e a

freqüência de contratação, o sistema de fiscalização e cumprimento do contrato.

Naturalmente que os contratos são fáceis de elaborar quando é fácil especificar qual

é a atividade ou tarefa a contratar, como vai ser avaliada e o que é considerado bom

desempenho. A concorrência será mais provável quando existe um mercado no setor

privado. Estas condições verificam-se com maior freqüência nos serviços de apoio e

auxiliares do setor público e em áreas operativas. E é nestas atividades que os princípios de

contratação são mais utilizados.

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O principal argumento a favor dos contratualização, no entanto, pode tender ao

resumo de questões de caráter econômico e de saber escolher entre produzir os bens e

serviços internamente ou comprá-los no mercado. Mas há considerações nesta decisão que

não são meramente econômicas. Assumir que qualquer atividade ou tarefa executada por

entidades públicas pode ou deve ser objeto de formas contratuais é uma perspectiva

comercial e redutora das atividades dos governos. A natureza de muitos serviços públicos,

os seus objetivos e a forma como são fornecidos apresentam características que tornam

difícil, senão impossível, a sua delimitação e a redação sob a forma de um contrato. Por

vezes é difícil definir exatamente a tarefa ou serviço a fornecer ou é difícil controlar os

resultados em termos quantitativos e qualitativos. Por exemplo, é difícil, senão impossível,

escrever um contrato tecnicamente completo em áreas como a saúde, serviços sociais ou

educação.

Os contratos requerem uma especificação clara do trabalho a executar e os

mecanismos de controle do trabalho executado, o que nem sempre é fácil. Mas mesmo que

o seja, a capacidade de influência política limita-se à definição da estratégia inicial do

serviço e à sua especificação, retirando a capacidade de influência no processo de

fornecimento decorrente de novas circunstâncias (Walsh, 1995). Alterações no

fornecimento devem ser objeto de negociação ou de nova contratação, o que retira

flexibilidade a este instrumento. Segundo Williamson (1975) em determinadas

circunstâncias, por exemplo quando a incerteza é elevada, as transações variam ou o acesso

à informação é limitado, os contratos devem mesmo ser substituídos pelo controle

hierárquico.

O problema central numa relação contratual é a assimetria da informação entre o

comprador e o fornecedor. Nesta relação o comprador tem, por vezes, menos informação

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sobre a tecnologia e as condições de produção do que o fornecedor, principalmente quando

se trata de tarefas complexas. Nestas circunstâncias o fornecedor parte de uma situação de

vantagem, podendo, portanto obter benefícios acima daquele obteria numa situação de igual

acesso à informação.

Também a manutenção de uma concorrência genuína e a rivalidade nos contratos

não é fácil, principalmente para evitar a associação de empresas privadas, a colusão nos

concursos e a possível corrupção na escolha de propostas. Por outro lado, para muitos

serviços, especialmente os serviços sociais, não há verdadeiros mercados, essencialmente

pela inexistência adequada de oferta. E tal como a teoria econômica já demonstrou a

ausência de competitividade num mercado limita o beneficio econômico, logo o benefício

que a contratualização poderia proporcionar.

4. TEORIA DA AGÊNCIA E TEORIA DA ESCOLHA PÚBLICA

Na década de 80 assistiu-se ao alargamento da aplicação da contratualização a quase

todas as áreas do setor público. A influência das Teorias da Agência e da Public Choice

(Teoria da Escolha Pública) conduziram a uma abordagem mais específica das medidas de

reforma na Administração Pública. De acordo com estas correntes, diferentes tipos de

estrutura de organização e de processo de decisão influenciam a eficiência das organizações

e o comportamento dos indivíduos. As mudanças procuram, então, introduzir estruturas de

sistemas de incentivos que induzam alterações no funcionamento das organizações

públicas.

A teoria da Agência é uma construção pertencente ao campo de estudo da escola de

economia neo - institucionalista. O problema geral das relações principal agente pode ser

formulado da seguinte maneira:

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- Os agentes dispõem de informações que os principais não observam diretamente:

conhecem suas próprias preferências, dispõem de uma informação privilegiada sobre suas

capacidades e têm a chance de perceber alguns estados possíveis do mundo que os

principais não podem perceber. Estes, por sua vez, podem ser capazes de observar, sem

muito esforço, certos comportamentos do agente, ou inferir suas ações a partir dos

resultados, ou ainda podem decidir arcar com os custos de monitorar tais atos. O principal

tem de induzir o agente a se conduzir de acordo com seu interesse, ao mesmo tempo

respeitando tanto a condição de “participação”, isto é, proporcionando ao agente um

rendimento (ou utilidade) superior à próxima melhor oportunidade, quanto à condição de

“compatibilidade de incentivo”, que permite ao agente atuar em defesa de seu próprio

interesse. Um fator importante nesse arranjo é a alocação de riscos, que pode ficar por

conta de uma das partes ou ser compartilhada por ambas, dependendo da posição de cada

uma diante dos riscos.

Tal teoria baseia-se nas seguintes premissas para alcançar sua conclusão:

• Os agentes fazem escolhas para os principais (estrutura da decisão)

• Os principais não podem rever todas as escolhas adotadas (estrutura da

informação); sendo assim, estes deveriam fornecer “incentivos” para forçar os agentes a

adotarem “boas escolhas”.

A sua racionalidade está calcada em dois principais argumentos:

• O processo pelo qual agentes realizam suas escolhas é uma função de custo e

oportunidade

• Tal função pode ser maximizada se os agentes tiverem incentivos para fazerem

boas escolhas para os principais.

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Esta situação é típica da que acontece quando há uma separação entre controle e

propriedade, ou seja, quando há uma delegação de autoridade; por exemplo, quando o

agente é um empregado contratado por um empregador (o principal) para realizar uma

tarefa pré-especificada. O problema contemplado então pela teoria do agente-principal tem

a ver com a existência de informação assimétrica entre agente e principal, pois o custo do

controle total para o principal é tal que não valeria a pena contratar o agente. Por outro

lado, o agente, sendo o único que detém todas as informações sobre seu próprio

desempenho, pode utilizá-la de forma oportunista.

Para a teoria da agência a organização é uma interseção de muitas relações

contratuais entre administradores, governo, credores e funcionários. Como resultado, a

teoria de agência lida com diversos custos de monitoramento entre os vários grupos. O

problema dessa delegação de função é que o agente pode possuir objetivo divergente e até

conflitante do principal. Para evitar esse conflito de interesses, o principal pode criar

mecanismos que incentive a uma convergência de objetivos.

Para Przeworski (1996), o Estado tem um importante papel a desempenhar não

apenas na garantia da segurança material para todos os indivíduos e na disposição de

alcançar outras metas sociais, mas também na promoção do desenvolvimento econômico.

Contudo, não há garantias que essa intervenção será de fato benéfica. Ao trabalhar com

informações limitadas e sujeitas a pressões da parte de interesses especiais, os funcionários

públicos podem não ter o conhecimento necessário ou podem não querer engajar-se em

ações que promovam o interesse geral, ao invés de seus próprios interesses ou interesses de

seus aliados políticos. Assim, sob esta ótica, o maior desafio na administração pública seria

dotar o aparelho de Estado de instrumentos que lhe permita uma intervenção efetiva e, por

outro lado, crie incentivos para que os funcionários públicos atuem segundo o interesse

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público. Contudo, estes por si só não são suficientes. Para que o governo funcione de

forma adequada, a burocracia deve ser controlada por políticos eleitos que, por sua vez,

devem ser passiveis de fiscalização e punição pelos cidadãos de forma que, só permaneçam

no poder aqueles que funcionem de forma adequada.

Num sistema político democrático, os eleitores são os principais e o representante

eleito o agente e, de maneira análoga, o Congresso é o principal e a burocracia o agente. O

problema que se coloca é como conseguir que os agentes realizem aquilo que seus

principais desejam, dada a existência de uma assimetria informacional entre ambos. A

solução para o neo-institucionalismo econômico está na construção de um arcabouço

institucional capaz de evitar o oportunismo, tanto ex-ante (situação pré-contratual) quanto

ex-post (pós-contrato) (Williamson, 1991). As manifestações de oportunismo na situação

pós-contratual são definidas pelo conceito de moral hazard (risco moral). No caso da

burocracia pública, o insulamento - que deveria garantir sua autonomia relativa a interesses

políticos particularistas - pode se constituir num incentivo perverso ao risco. O burocrata,

após ser empossado no cargo (pós-contrato), pode diminuir sua aversão ao risco

representado pela corrupção, na medida em que a fiscalização sobre ele tende a ser débil

(Melo, 1996).

Os estudos que visam conseguir uma análise mais realista e teoricamente mais

consistente do processo político, da ação coletiva e das práticas governativas, deram

origem, no âmbito da Economia e da Ciência Política, a uma nova abordagem: a teoria da

escolha pública (public choice, na terminologia anglo-saxônica).

A teoria da escolha pública foi, ao longo das últimas décadas, uma importante

crítica teórica de outra corrente, o “Keynesianismo”, que fundamenta a intervenção do

Estado na economia - a economia do bem-estar (welfare economics). Enquanto esta se

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centrava na análise dos “fracassos de mercado” que justificavam a intervenção corretora do

Estado, a teoria da escolha pública veio clarificar os “fracassos do governo” e os limites da

intervenção desse mesmo Estado.

A teoria da escolha pública é definida como a aplicação do método econômico a

problemas que geralmente são estudados no âmbito da ciência política: grupos de interesse,

sistemas eleitorais, partidos políticos e a constituição entre outros. James Buchanan

(principal formulador) define Escolha Pública como uma perspectiva do campo político que

emerge de uma extensão da aplicação de ferramentas e métodos econômicos para decisões

coletivas ou tomada de decisões fora do mercado. Este método tem como unidade base de

análise o indivíduo, ou seja, que só este é sujeito de ações individuais ou coletivas e só ele

tem preferências, valores, motivações.

A abordagem da teoria da escolha pública é, sobretudo processual. Cada escolha

coletiva, no processo político, é resultado das preferências dos agentes envolvidos na

escolha (cidadãos num referendo, deputados no parlamento) e das regras e procedimentos

que permitem passar de preferências diversas de cada indivíduo para uma única escolha

coletiva (Pereira, 1997).

Partindo do pressuposto da racionalidade egoísta, a teoria da escolha pública oferece

um modelo onde políticos, burocratas e eleitores são maximizadores de utilidade, atuando

sob a coerção de determinadas regras institucionalizadas. Segundo Anthony Downs (1957),

os governantes são motivados por dinheiro, poder e privilégios no exercício da função

pública, razão pela qual a busca do interesse público é sempre subproduto do interesse dos

políticos em vencer as eleições. Como os eleitores normalmente não têm acesso a todas as

informações necessárias para votar de forma racional e, portanto, fiscalizar seus

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representantes, abre-se espaço para a manipulação da agenda política e dos recursos

públicos em favor de políticos auto-interessados e suas clientelas.

Se o controle dos cidadãos sobre os políticos é por natureza imperfeito e sujeito à

manipulação, o controle sobre a burocracia pública guarda dificuldades ainda maiores. Os

burocratas são normalmente nomeados e não eleitos, o que pode colocar seus objetivos

ainda mais distantes dos interesses do público. A fiscalização do Congresso sobre os

burocratas, que deveria minimizar o problema, também tende a ser falha e há inúmeras

razões para isso.

Para a teoria da escolha pública, portanto, a autonomia burocrática é vista como um

incentivo perverso à busca de privilégios e à corrupção, devendo ser contrabalançada por

um sistema de incentivos e punições que motive a busca da eficiência pelos burocratas.

Numa perspectiva mais ampla, a preocupação maior é com o princípio de que as

instituições estatais devem atender, da melhor maneira possível, aos critérios do mercado.

Se a produção de bens e serviços privados pauta-se pelo atendimento aos desejos

dos consumidores, o mesmo deveria acontecer com os bens e serviços providos pelo

Estado, substituindo-se, por este princípio, a figura do consumidor pelo

"eleitor/contribuinte". Na impossibilidade do Estado atender a este princípio, postula-se o

repasse da produção de bens e serviços públicos para o setor privado Przeworsky, (1996).

5. AS TRÊS RELAÇÕES DO TIPO AGENTE PRINCIPAL NO ESTADO

5.1 Entre cidadãos e políticos (accountability)

O comportamento responsável dos governos - sejam eles locais ou nacionais - depende,

não exclusivamente, mas em grande medida, dos incentivos a que estes estão sujeitos. E são

em grande parte as instituições, isto é, desenhos de política, regras e normas sociais, que

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conformam os incentivos ao comportamento dos atores políticos (North, 1990; Przeworski,

1996). Não há dúvida de que existem governos locais responsáveis e comprometidos com a

eficiência da gestão e o atendimento das demandas dos cidadãos por motivos programáticos

e/ou da qualidade moral de seus governantes. Mas, a responsabilidade dos governos locais -

e, conseqüentemente, a qualidade de um sistema assentado sobre a descentralização -

somente poderia ser garantida exclusivamente com base no programa dos partidos e na

qualidade moral dos governantes se fosse possível garantir que governantes deste tipo

fossem a maioria. Sendo isto é praticamente impossível, o problema dos incentivos ao

comportamento responsável das gestões locais se torna de novo o foco central.

Em suma, a autonomia local para a gestão de políticas cria oportunidades institucionais

para que os governantes implementem decisões de acordo com suas próprias preferências,

as quais não são necessariamente compatíveis com o interesse público e o bem-estar da

população. São as regras institucionais de uma política pública - isto é, regras do processo

decisório, mecanismos de controle e punição, arenas institucionalizadas de representação de

interesses, etc. - que propiciam os incentivos ao comportamento dos governos locais.

A primeira dimensão dessa estrutura diz respeito à influência do eleitor sobre as

decisões dos governantes em um regime democrático. A democracia é um regime político

que se distingue pela responsabilidade dos governantes perante os governados e é por meio

das eleições que essa responsabilidade é garantida (Cheibub e Przeworski, 1997). O eleitor

tem a possibilidade de escolher regularmente aqueles que ocuparão os cargos executivos e,

portanto, em princípio, pode definir, via escolha dos candidatos, que tipo de políticas

seriam as melhores para a maioria dos cidadãos. O eleitor pode ainda punir os maus

governantes, não lhes dando a possibilidade da reeleição. Em tese, o mecanismo do voto

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deveria funcionar como um incentivo para que os governos atuassem de modo responsável

e em favor do bem-estar dos cidadãos.

Para Cheibub e Przeworski (1997) não se pode afirmar com segurança que os eleitores

punam os maus governantes. De acordo com esses autores não há evidências empíricas

suficientes de que o eleitor pune o mau desempenho e premia o bom desempenho dos

governantes. É bem possível que o voto dos eleitores se paute por outras razões que não o

seu bem-estar material.

Pode ressaltar ainda que o eleitor médio não tem interesse particular sobre os detalhes e

modos de organização da administração pública (Moe, 1989), os quais têm de fato impacto

sobre a eficiência das políticas e o bem-estar dos cidadãos.

Poder-se-ia, entretanto, argumentar que, no plano municipal, a visibilidade da ação dos

governantes é maior e, portanto, ali a conquista do eleitor funcionaria como um incentivo

ao compromisso dos governos.

Não há dúvida de que os mecanismos de seleção e punição dos governantes que a

democracia confere aos eleitores, bem como o controle público sobre a ação dos governos

que a livre manifestação da opinião confere aos cidadãos em geral, são instituições políticas

da maior relevância como incentivo ao bom desempenho dos governantes.

Entretanto, evidências empíricas sugerem que não seria suficiente confiar que os

incentivos à gestão responsável dos governos possam advir exclusivamente da ameaça de

punição dos eleitores. Em primeiro lugar, porque a capacidade de controle dos

cidadãos/usuários sobre as decisões dos administradores municipais é reduzida (Costa et

al., 1999).

É certo que para garantir patamares básicos de serviços públicos a todos os cidadãos, as

políticas públicas devem viabilizar o financiamento pelos governos locais de suas políticas

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independentemente de sua capacidade tributária, rompendo o vínculo entre capacidade de

gasto e de tributação. No entanto, na ausência de mecanismos de controle, esta forma de

financiamento pode produzir incentivos para a ineficiência.

Finalmente, se a única motivação de um governante for oferecer bem-estar a seus

eleitores, ele poderá ampliar benefícios no momento presente, às custas do endividamento e

transferir a conta para administrações futuras, o que implicará a redução do bem-estar dos

cidadãos no futuro.

Tendo como base essa teoria, pode-se afirmar que as tendências observadas em diversas

administrações públicas em valorizar os resultados da ação estatal como ferramenta de

incremento da estabilidade democrática e de justificativa - perante um público

“desacreditado” sobre o papel do estado - que este pode fornecer produtos de qualidade e

de valor, a atividade fiscalizatória popular torna-se essencial, pois vai fortalecer e

corroborar para o alcance da ação estatal.

5.2 Entre governos e agentes econômicos privados (regulação) A base de análise desta relação consiste em como o governo (principal) estabelece um

sistema de compensação (contrato) que motive o ente privado (agente) a agir de acordo

com o interesse do primeiro. O cerne da questão é que é difícil monitorar o esforço dos

atores econômicos envolvidos em uma transação. Daí deriva-se uma grande dificuldade na

elaboração dos contratos. Por esta razão são incluídos esquemas de incentivos baseados na

performance observada. Na elaboração de um esquema de incentivos as partes envolvidas

enfrentam o trade off entre incentivos ótimos e repartição de riscos ótima. Mesmo

admitindo a vigência de um contrato entre as partes (como por exemplo, um contrato de

concessão), a relação e o cumprimento dos dispositivos contratuais se enquadram num

contexto de informação assimétrica, pois o principal dispõe de um conjunto imperfeito de

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informações sobre o agente. Se essas informações são referentes à estrutura de custos do

agente (empresa regulada), é de se esperar que o principal (regulador) tenha uma base de

conhecimento que depende da confiabilidade das informações prestadas pelo agente. Neste

ponto reside o problema da captura do regulador por parte da firma regulada, uma vez que

o primeiro tem que tomar suas decisões baseado nas informações recebidas do último. Para

reduzir esse tipo de problema, o regulador tenta estruturar um conjunto de mecanismos de

incitações que levem a empresa regulada a fornecer corretamente as informações

necessárias.

Dessa forma, o regulador, ciente da sua situação com relação à assimetria de

informações, deve buscar evitar cair numa situação de captura regulatória: ou seja, pautar

suas ações a partir dos interesses da empresa regulada em detrimento do interesse público.

5.3 Entre políticos e burocratas(supervisão)

A gestão pública é baseada em relações de delegação de funções entre os atores

políticos e burocráticos, que estão sujeitas a problemas de relação do tipo agente x principal

na medida em que a delegação de responsabilidades de execução implica também na

delegação de certa autoridade de decisão, uma vez que o agente tem o controle da

informação prestada ao principal.

Assim, os dirigentes políticos têm informações privilegiadas em relação aos cidadãos

sobre os processos de elaboração das decisões e os agentes burocráticos têm informação

privilegiada em relação aos dirigentes políticos sobre os processos de execução das ações,

que podem influenciar nos resultados da formulação, da implementação e da fiscalização

das políticas públicas. As organizações buscam então, estabelecer instituições que

produzam incentivos para que os objetivos dos agentes e dos principais sejam congruentes,

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de forma que nas relações haja coordenação, cooperação e a comunicação entre as funções

(Przeworski, 1999).

As relações agente x principal na gestão pública tradicional são caracterizadas pela

regulação ex ante das funções delegadas pelos políticos aos burocratas, através da avaliação

das ações, com base nas regras estipuladas (Przeworski, 1999). Mas de acordo com o

paradigma do agente X principal, estas relações entre funções e atribuições políticas e

burocráticas, estabelecidas como transações entre contratado (agente) e contratante

(principal), também são caracterizadas por conflitos de interesse na delegação de ações dos

burocratas pelos políticos. (Melo, 1996; Przeworski, 1996).

Não obstante, este sistema de gestão pública dissocia o cumprimento das regras pelos

agentes burocráticos do alcance das metas pelos dirigentes políticos. O desafio da nova

gestão pública é estabelecer um sistema que associe o cumprimento das regras ao alcance

das metas, através de instituições de regulação ex post dos burocratas pelos políticos, com a

contratualização das metas acordadas e o monitoramento destas.

As relações entre as funções políticas e burocráticas mediadas pelas organizações e

instituições nos modelos de administração pública correspondem a arranjos de gestão

pública para a governabilidade e a governança. Os arranjos são as formas das organizações

e instituições que determinam as funções e relações na deliberação, implementação e

revisão de políticas públicas pelo sistema político-burocrático (Melo 1996).

A governabilidade refere-se às condições políticas substanciais para governar o Estado,

derivada da legitimidade conferida pelos atores sociais aos atores políticos para a

deliberação das políticas públicas. Já a governança refere-se às condições técnicas

instrumentais para gerenciar o Estado, derivada da capacidade conferida aos atores

burocráticos pelos atores políticos para a implementação das políticas públicas. A relação

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entre a governabilidade e a governança requer a responsividade dos atores burocráticos aos

atores políticos sobre os processos das políticas públicas implementadas; e dos atores

políticos aos cidadãos, sobre os resultados das políticas públicas estabelecidas (Bresser

Pereira, 1997).

A governança é caracterizada por relações de equilíbrio entre funções políticas e

burocráticas nas arenas dos sistemas representativo e administrativo, em que há decisões e

ações motivadas tanto pela competição quanto pela cooperação de interesses na formulação

e implementação das políticas públicas.

A autonomia do sistema político-burocrático para formular e implementar políticas

públicas é resultado da relação entre as racionalidades antagônicas das funções políticas e

burocráticas. Esta autonomia é inserida e regulada na medida em que há equilíbrio entre a

regulação burocrática por cumprimento das regras e a regulação política pelo alcance das

metas, além da regulação social por atendimento das demandas (Martins, 1998).

A relação entre políticos e servidores públicos é precipuamente caracterizada pela

“captura” dos últimos pela burocracia. Nessa perspectiva, servidores públicos de carreira

não estariam primeiramente motivados pelo interesse público num contexto de um bom

governo, mas sim na promoção de seus próprios interesses, individuais ou coletivos.

Trabalhando com informações limitadas e sujeitas a pressões da parte de interesses

especiais, os funcionários públicos podem não ter o conhecimento necessário ou podem não

quererem engajar-se em ações que promovam o interesse geral, ao invés de seus próprios

interesses ou os interesses de seus aliados privados.

Essas premissas partem de uma racionalidade econômica pura de maximização, nem

sempre aplicadas coerentemente para explicar o comportamento de agentes públicos.

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Contudo, é um bom ferramental teórico para explicar determinados comportamentos e criar

modelos de controle.

O crescimento dos gastos públicos pode ser explicado pelo comportamento de

burocratas que buscam maximizar os orçamentos de suas organizações com vistas a

adquirir status e importância, inclusive pessoal, na esfera pública (numa interpretação

benéfica). Os burocratas são bem sucedidos nessa “maximização”, pois os políticos

responsáveis pela aprovação do orçamento não possuem o incentivo suficiente para conter

esse avanço da burocracia, nem mesmo o conhecimento adequado para determinar o nível

de recursos necessários para que os programas governamentais necessários para atender os

cidadãos, em resposta a suas demandas políticas (assimetria de informações).

A teoria da Agência é mais útil que a teoria da escolha pública para o entendimento das

relações entre políticos e suas relações com o serviço público. No caso dos municípios,

Secretários municipais possuem a autoridade constitucional e executiva, mas no

desempenho dessas funções executivas eles dependem de agentes subordinados

(burocracia) para aconselhamento político e assistência administrativa.

Desta forma, os agentes têm uma vantagem inerente sobre os principais devido ao seu

conhecimento e experiência prática na aplicação desse conhecimento. Uma segunda

vantagem se refere à possibilidade de determinar cursos de ações, pois o comportamento

dos agentes geralmente não pode ser observado pelos seus principais.

Em suma, existe uma clara tensão entre os dois pilares da moderna administração

municipal: governo responsável e serviço público de carreira. Enquanto o paradigma de um

governo responsável requer que a autoridade seja revestida em secretários (políticos

eleitos), o paradigma do bom governo requer mais que direção política e decisão. Demanda

que o Estado possua um serviço público profissional de forma que o Secretariado (políticos

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formuladores de políticas públicas) seja assessorado por aqueles com os requisitos de

conhecimento e especialização não só para administrar operações técnicas de larga escala,

mas, ainda mais importante, para aconselhá-los em questões relativas a políticas públicas

bastante complexas e de difícil tratamento.

6. DISCUSSÃO

A progressiva necessidade de ampliação (negociada) da autonomia de gestão das

organizações (públicas, privadas ou comunitárias) está relacionada à crescente

complexidade do contexto no qual estas organizações operam e têm de sobreviver.

A sobrevivência das organizações na atualidade é cada vez mais dependente da sua

capacidade e autonomia gerencial (normativa e operacional, para definir suas regras e

operar seus sistemas de gestão) para construir um modelo de gestão (conjunto das regras

operacionais, incluindo-se estrutura organizacional e mecanismos de incentivos ao alcance

dos resultados propostos) apto a responder a um cenário de complexidade e instabilidade

cada vez maiores.

Os modelos de gestão mecanicistas não são responsivos no contexto contemporâneo

dada a sua natureza complexa, exceto em condições muito especiais cada vez mais raras.

Um grande desafio das organizações contemporâneas é transpor a barreira entre modelos de

gestão mais mecanicistas e outros mais estratégicos. O grande atrativo do modelo

orgânico-estratégico é sua configuração flexível, necessária em um mundo em contínua

mudança e que está presente nas novas matrizes e tendências que hoje norteiam as

inovações nas organizações (Martins 2000).

As organizações públicas também estão sujeitas a esta mesma dinâmica, na medida

em que, a oferta e demanda de bens públicos se torna mais competitiva e diferenciada. O

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novo contexto da governança atual é caracterizado por uma multiplicidade de atores e

modelos de gestão envolvidos na produção de bens públicos. O Estado não detém mais o

monopólio da oferta de bens públicos. Observa-se hoje a emergência de um mercado de

bens públicos, enquanto arena na qual coexistem diferentes ofertantes e demandantes e uma

crescente competitividade entre os atores sociais organizados, o Estado e os investidores

privados. A extensão na qual um ou outro ator se legitima como provedor de bens públicos

é cada vez mais resultado da satisfação, qualidade e efetividade na satisfação das demandas

da sociedade (Martins 2000).

A contratualização na Administração pública é um processo de ajuste de condições

especificas no relacionamento entre órgãos e entidades públicas e privadas, que envolve a

pactuação de metas de desempenho para o exercício da atividade pública, orientadas ao

alcance dos objetivos das políticas públicas. Na maioria dos casos, a contratualização vem

proporcionar flexibilidade e autonomia de gestão que simplificam processos internos das

instituições partícipes. (Martins, 2000).

Podem existir situações diferenciadas de contratualização formalizadas por meio de

acordos ou ajustes de desempenho, termos de compromisso, contratos de gestão e outros,

com o propósito de ampliar a capacidade do governo de implantar políticas públicas

setoriais orientadas para o atendimento às demandas e prioridades da sociedade observadas

a eficácia, eficiência e a efetividade da ação pública.

Todavia, a autonomia das organizações estatais não pode ser irrestrita e necessita de

regulação (pelo Governo e pelo sistema político) e possuir inserção social (orientada para

os interesses do cidadão), de tal forma que se evitem disfunções burocráticas causadas por

ausência ou precariedade desses dois fatores, tais como captura por interesses ilegítimos,

predação fisiológica, insulamento burocrático, auto-orientação etc. (Martins 2000).

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O problema central da burocracia, segundo Weber, não é organizacional ou

administrativo; é político. Max Weber não fez teoria das organizações; fez sociologia

política. A sua posição é clara quando põe em destaque a necessidade de controle político

sobre a burocracia, pelo perigo que representa a crescente autonomia de sistemas

burocráticos em definir e implementar políticas, sobrepondo seus interesses aos de outras

arenas envolvidas no jogo político.

Para Martins (2002), a burocracia pública compete por autonomia e esta autonomia,

se não é regulada pelo sistema político (regulação política dos representantes, das

comissões, dos aparatos de controle interno e externo) ou pelo sistema social (inserção,

controle social, opinião pública, acesso e permeabilidade ao cidadão) é inconfiável na

medida em que corre o risco de ser revertida na prevalência de interesses burocráticos ou de

segmentos específicos, levando a situações de insulamento e predação. A ampliação da

autonomia gerencial das organizações estatais é um pressuposto essencial, e ultimamente,

há um maior reconhecimento por autoridades e dirigentes deste fato. O desenvolvimento de

mecanismos de regulação política e inserção social, com a finalidade de tornar as

organizações mais eficientes (economia de recursos), efetivas (satisfação dos cidadãos) e

responsáveis, é uma peça-chave no resgate da autonomia gerencial da Gestão Pública

municipal. O contrato de gestão é um desses instrumentos, que embora não se constitua

uma inovação, pode desempenhar, um relevante papel como fator de reforma institucional.

Desta forma, a tarefa de reformar o aparelho do Estado visando maior desempenho

das suas organizações requer mais do que prêmios de boas práticas de gestão (auto-

estímulo); requer uma política pública para a gestão que aponte caminhos institucionais, e

assuma o desafio de identificar obstáculos à melhoria do desempenho institucional e

construir alternativas de superá-los. A contratualização parece ser um destes caminhos, um

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dos pilares de uma política pública orientada para a melhoria de desempenho das

organizações públicas, ao equacionar de forma adequada, os requisitos de autonomia (de

gestão) e controle (de resultados) (Pacheco, 2004).

Cabe ressaltar que a contratualização precisa ser vista com certa parcimônia. A sua

aplicação se deu num contexto totalmente diferente do que está em pauta hoje no Brasil.

Nos países anglo-saxões existia uma clareza do perfil da administração pública. Ela era

literalmente calcada pelos princípios burocráticos. Portanto todo instrumental analítico era

coerente, desde as teorias que justificam o controle da burocracia até o papel crucial que as

instituições tem na matriz institucional desses países (neo-institucionalismo econômico).

Assim mesmo, muitas dessas teorias se mostraram falhas ao explicar determinados

comportamentos na Administração Pública (exemplos da Nova Zelândia e Austrália).

A Administração pública brasileira convive atualmente com traços do

patrimonialismo (clientelismo, nepotismo, corrupção demasiada), da abordagem

burocrática (formalismo, racionalidade, ênfase nos processos, distanciamento das demandas

da sociedade) e da recente abordagem gerencial (foco nos resultados e na qualidade do

atendimento dos cidadãos). O amálgama desses elementos em cada ente da nossa federação

vai depender de variações culturais, históricas e sociais de cada região do país, alguns com

processo de acumulação com mais características negativas e outros, mais positivas.

No Brasil, o caráter patrimonialista da Administração Pública ainda é fortíssimo.

Sendo assim, o papel da burocracia não se esgota, pois o risco de apropriação da res

publica é sempre premente. A utilização da contratualização, portanto é um desafio na

medida em que em muitos das situações, o resultado se distancia do que foi proposto.

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7. CONCLUSÕES

Desde os anos 90, no Brasil, ou desde a década de 80, nos Estados Unidos e Europa,

os municípios respondem a uma agenda ampla de desafios. Temas como o

desenvolvimento econômico, a formação e reciclagem de mão-de-obra ou a articulação

supramunicipal, que antes implicavam apenas a responsabilidade de governos regionais ou

nacionais, entraram na agenda municipal, somando-se a outros que demandam esforço

permanente dos governos locais – saúde, educação, proteção social a grupos

desfavorecidos.

Nesse contexto, cabe aos municípios um novo desafio: serem mais competitivos,

através de estratégias que não se baseiem na guerra fiscal. Há uma necessidade premente de

um jogo virtuoso onde a soma seja positiva: competição e colaboração entre municípios e

atores sociais têm sido a chave de estratégias locais bem-sucedidas. Em face dessa nova

agenda, na qual os desafios são mais abrangentes e complexos, a performance do setor

público é fundamental, como já foi assinalado por Osborne e Gaebler (1995). A partir dos

argumentos desses autores, pode-se afirmar que a simples retirada de cena dos governos é

absurda: o que está em jogo é a qualidade de desempenho dos governos locais nos planos

econômico (favorecendo a competitividade), social (tecendo a harmonia) e político-

administrativo (exercitando sua governança).

Cabe ainda ressaltar que essa agenda ambiciosa se forma num contexto de profundo

questionamento do papel do Estado e de escassez de recursos públicos para responder ao

conjunto das demandas sociais. Por um lado, isto implica repensar a organização do Estado

– especialmente do governo local – como uma rede de agentes capazes de impulsionar

novas soluções, catalisados pelo Poder Público. Por outro, torna-se de fundamental

importância as políticas para melhorar a qualidade do serviço e a produtividade do setor

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público, visando o aumento de sua performance. Daí o interesse e oportunidade de discutir

as propostas da Administração Pública Gerencial para os municípios brasileiros,

comparando-a com o paradigma clássico da Administração Pública.

O desafio atual para a Administração Pública não é apenas financeiro: é o de

combinar uma gestão mais eficiente com novos chamados à participação democrática. Isso

porque a Administração Pública não se refere apenas à gestão eficiente de organizações,

mas também ao desenvolvimento de modelos apropriados de governança. Nesse sentido, a

Administração Pública Gerencial oferece novas oportunidades aos governos locais, que

buscam fórmulas de incentivar a democracia em nível local. Tornando a accountability

muito mais possível do que o modelo tradicional de Administração Pública, as novas idéias

podem contribuir para aproximar o Estado, em nível local, dos cidadãos.

O problema do controle sobre a burocracia tornou-se crucial, principalmente a partir

da década de 1970, com a chamada Crise Estrutural (Evans, 1993), que atingiu de maneira

particularmente intensa os Estados de modelo keynesiano, tanto os de Bem-Estar Social

quanto os desenvolvimentistas. A constante demanda em quantidade e diversidade de

tarefas levou ao crescimento horizontal e vertical das burocracias, criando pirâmides

administrativas que tornaram por enfraquecer os clássicos mecanismos de controle e

coordenação.

A substituição dos controles burocráticos, exclusivamente baseados em

procedimentos e exercidos pela própria burocracia, por novas formas de controle (social, de

resultados, por competição administrada) é um dos exemplos das possibilidades abertas

pela Administração Pública Gerencial, para o aumento da visão democrática sobre o setor

público. Assim, os governos locais podem adotar, através de contratos de gestão ou

similares, novos arranjos organizacionais para a provisão de muitos dos serviços sociais.

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Com maior flexibilidade administrativa, eles obterão melhores resultados com os mesmos

recursos, podendo ampliar ainda mais sua capacidade de governo.

De acordo com Weber (1922), numa democracia, os políticos eleitos são detentores

de legitimidade e responsabilidade política. Cabe a eles, por meio dos partidos, a

formulação de programas políticos a serem referendados pelos eleitores. Com o advento da

burocracia como forma de dominação racional/legal Weber percebeu o risco da burocracia

estatal avançar em suas atribuições e passar a formular políticas, dado que dispõe de

conhecimento técnico necessário para tanto. Por mais que a formulação de políticas

necessite de conhecimento técnico, a burocracia não é apta a tomar esta ou aquela decisão,

pois lhe falta legitimidade. É uma questão de accountability política, já que os burocratas

não são eleitos. Em conseqüência, torna-se imperativo num regime democrático, o controle

dos políticos sobre as ações da burocracia, pois pode haver o falseamento das metas

estabelecidas. E um exemplo disso é dado pelo problema da corrupção burocrática.

No entanto, a construção de mecanismos que tornem viável esse controle sempre

representou problemas, às vezes intransponíveis, para os governantes e administradores.

Isto se deve ao fato da burocracia constituir um grupo especializado e possuir alta

capacidade organizacional. Ela detém certa quantidade e qualidade de informação que a

coloca em posição de vantagem em relação aos agentes políticos.

A partir da perspectiva da contratualização, adotada neste trabalho, assume-se que

nas relações contratuais delegativas do setor público os controles mesmo que fundamentais,

precisam de constante aprimoramento, pois, mesmo ante um contrato que tente prever todas

as situações possíveis, sem um esquema eficiente de acompanhamento, haverá dificuldades

no cumprimento do contrato. Nesse sentido, a Teoria de Agência nos permitiu avançar em

um aspecto importante, qual seja, a necessidade do controle ex post estando esta

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estritamente materializada no controle dos políticos sobre a burocracia, levando em conta

que são os políticos que devem prestar contas perante os cidadãos.

O grau de diferenciação e heterogeneidade inerente à complexidade dos serviços

públicos torna improvável que haja um único padrão consistente na maneira de

contratualização, haja vista que o seu processo é apenas uma parte de um conjunto muito

mais amplo de relações. Por isto, a contratualização precisa ser analisada no contexto em

que se insere e tem que ser compreendida não como um conjunto de instrumentos formais

para regulamentar trocas econômicas entre um principal e um agente, mas como acordos

desenvolvidos e construídos socialmente, negociados e discutidos, implementados num

ambiente de elevada complexidade e constante mudança estrutural (Ana Escoval, 2003).

A contratualização requer em essência, níveis significativos de confiança. Isto

parece estar claro nas situações em que as relações de longo prazo são consideradas vitais

para o intercâmbio, em que a precisão absoluta da especificação e do monitoramento não é

exeqüível, e a interdependência é elevada (Ana Escoval, 2003).

Nas relações de contratualização com elevado nível de confiança, os envolvidos têm

valores e objetivos semelhantes, são compelidas a se apoiarem, tem perspectivas em longo

prazo e compartilham informação. Já nas relações de pouca confiança, as partes têm

objetivos e interesses diferentes, protegem a informação, calculam cuidadosamente os

custos e benefícios e tendem a minimizar a dependência recíproca.

A contratualização ainda não está totalmente desenvolvida. Existem muitos

questionamentos, como risco moral, seleção adversa, contratos incompletos, ausência de

horizonte mais longo de contratualização, etc., o que torna difícil prever os seus verdadeiros

efeitos. Na verdade a contratualização é apenas uma parte de um conjunto de intervenções

necessárias e inadiáveis na reforma da Administração Pública.

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Sem dúvida, existem inúmeros percalços para a implementação desse processo,

tanto no ambiente interno às organizações quanto no externo. Internamente, nota-se que a

escolha de indicadores e critérios de sucesso adequados às condições das organizações

públicas são prejudicados por interesses múltiplos e conflitantes, ambigüidade de objetivos,

interdependência entre organizações afins, resistência à avaliação e à mensuração, além de

efeitos não previstos no comportamento das pessoas.

No ambiente externo, a complexidade e dinamismo do cenário, a instabilidade das

decisões, a interdependência, a diversidade e a incerteza fazem do dia-a-dia dos

responsáveis pela implementação de programas e projetos governamentais. Vale destacar a

atual situação de controle excessivo dos meios, o que provoca, em diversos níveis, o

“engessamento” da gestão. Faz-se necessária a introdução de uma estrutura de incentivos

que facilite colocar em prática um bom sistema de acompanhamento de resultados, de

forma a promover a responsabilização pelas atividades administrativas e, alternativamente,

flexibilidade nos diversos sistemas de controles, ênfase no cumprimento de resultados da

gestão e fomento a maior consciência e responsabilidade.

Levando-se em conta os atuais entraves jurídico-políticos e materiais para o

estabelecimento desse novo tipo de Administração, tem-se defendido no Brasil, para

aplicação imediata na Administração Pública, de processos de reestruturação

organizacional, redimensionamento de força-de-trabalho no setor público e utilização de

novos mecanismos gerenciais. Um dos mecanismos propostos é a contratualização, pela

possibilidade de conceder, à administração pública direta e indireta, maior flexibilidade

administrativa e condições de competitividade no mercado, oportunizando, dessa forma,

uma gestão integrada com vistas à melhoria dos produtos e serviços prestados ao cidadão.

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Ela permite dar transparência ao uso de recursos públicos, uma vez que determina

previamente os resultados a obter com o uso daqueles recursos, bem como os indicadores

para mensurar o desempenho institucional.

A contratualização se torna uma prática importante na Administração Pública pós-

Reforma do Estado, pois possibilita instituir práticas de planejamento, avaliação e

monitoramento da execução por parte do Estado (órgão contratante) e o terceiro ou órgão

público contratado.

Orientar a ação do Estado para o cidadão-usuário de seus serviços tem um potencial

extraordinário para as Administrações Públicas locais. Trata-se de inverter as prioridades e

lógicas de funcionamento das organizações públicas, tornando-as voltadas para sua missão

institucional (e não para estruturas e programas burocraticamente definidos) e avaliando-as

pelos resultados obtidos e pela qualidade dos serviços prestados (concentração nos

resultados e não nos insumos).

O sentido dessas medidas deve ser a melhoria do desempenho do setor público, para

que os serviços públicos prestados aos cidadãos sejam mais eficientes, mais eficazes e mais

satisfatórios. Sem elas, os municípios não darão conta de responder às crescentes pressões

por melhores serviços e ao papel estratégico que vêm sendo chamados a desempenhar na

articulação de atores sociais, para melhorar a competitividade do município, favorecer a

harmonia social e exercitar sua governança.

PSEUDÔNIMO: Lucas da Costa

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