Upload
trinhkhue
View
215
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANAFaculdade de Ciencias Humanas, Letras e Artes
Curso de Pedagogia
A DISCIPLINA NO CONTEXTO ESCOLAR
CURITIBA2003
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANAFaculdade de Ciencias Humanas, Letras e Artes
Curse de Pedagegia
A DISCIPLINA NO CONTEXTO ESCOLAR
Trabalho de Conclusao de Curso apresentadocomo requisite parcial para a obtenvao do graude Licenciado em Pedagogia da Faculdade deCiencias Humanas, Letras e Artes daUniversidade Tuiuti do Parana.
Orientadora: Prof'll Valeria Foriano Machado deSouza.
CURITIBA2003
Jif !l!!~~~E~!~~~~~,~~~!!'~~de ~~~~~
U P UNIVERSIDADE TUIUTJ DO PARANAFAClJLDADE DE CIENCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
CURSO DE PEOAGOGfA
TERMO DE APROVA<;:AO
NOME DO ALUNO: MARCIA MENEZES DE SEIXAS PINTO
TiTULO: A DlSClPLlNA NO CONTEXTO ESCOLAR
TRABALHO DE CONCLUSAO DE CURSO APROVADO COMO REQUISITO PARCIAL
PARA A OBTEN(AO DO GRAU DE LlCENCIADO EM PEDAGOGlA, CURSO DE
PEDAGOGIA DA FACULDADE DE CrENCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES, DA
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA.
MEMBROS DA COMISSAO AVALIADORA:
P~~R~~LORIANO MACHADO DE SOUZAORIENTA RA
DATA: 29/01 /2004.
MEDIA: -,,-mA..<- __
CVRITIBA- PARANA2003
C••..,,~h1!."ie""ilCtl.:RuO~~.tl....,ltNI~l~na.S\I ••••~_CIi:~.::OlWJO·"""-:1(1)'1111U1If"":(~l)>>'71'!c.....,wIilllca<Mft:AuaCf_.JaiorreIIooy;:.""·ItMpf~.~-C£ ••t:S's.-1I1/1·NofI~I~l)Mil01.lIF ••:l·,)llll',)7.:eam,.",CII.I,."....,.c:_ ~~.ChaonpI.g" ••.i05 ./,1•.-. C"P1071."Ilt·!'_ (41»),)17.0IF_t4')J.ll 7V~C.•..•••••Ii_"'\i•••:lllu~"-'Nk_17t·~AJ.ts«•••".·Ci:P81~·"-t·,Jm5!A.lr_(.')'nW4C__ P__ C~_Hi •••••• sa....llt·"""'·CEl>IIOt'Ch.""'·FJo\.:(.')'nU14/Fn:(")laU~C"'pu$Uo_:"""_~lH~ohc..-..:sl.PiI""""""·CEP8l1(~O·"'""o:t41)ml911IF."(C').lWl~1C ••on~".Tcr_:;;"'C.H:.""'-i>:Io:'F"_.IIl4·Jar4im"'\lnIM-CEPlCtlt-41O.F_t.')m)4:"F ••.:('1)~)<I~c...~N·""""'·lI<allil
AGRADECIMENTOS
Agradeyo a prolessora Valeria Floriano Machado de Souza
pelo apoio e orienta~o para que este trabalho se concretizasse.
• 0 homem nasce born mas, mediante urncontrato, cria a socledade para proteger osdireitos dos fortes contra os fracos, e asociedade corrompe 0 individuo, tornando-ornau.- •
Rosseau
RESUMO
Este trabalho se propoe a apresentar uma reflexao e analise sobre a questao da
disciplina no contexto escolar, analisando 0 papel do educador frente a questao,
bem como buscando estabelecer 0 ponto de equilibrio entre 0 poder disciplinador
que nao queremos e a disciplina desejada, a fim de que tenhamos uma educa<;ilo
com mais qualidade. Para tanto, foi buscada a visao hist6rica da postura disciplinar
no Brasil - conceitos, preconceitos e sua repercuss~odireta no ambiente escolar.
Sando a disciplina urn componente relacional, nao S8 pada deixar de analisar a
familia e sua contribuiryoes para a forma~o da sociedade, umbilicalmente
relaclonada com a escola. A pesquisa constatou que a escola e a professor
precisam juntos resgatar a disciplina, sem autoritarismo, mas com autoridade,
estabelecendo urna relac;ao transparente com toda a comunidade escolar
(professor/aluno/familia), cada um desenvolvendo seu papel e complementando-se
entre si. Desta forma, sera possivel nao s6 entender 0 que seja a disciplina no
contexto escolar, como tambem sua constru.,ao na historia do ser humano.
Palavras-chaves: disciplina, escola, sociedade, construc;.ao.
SUMARIO
RESUMO .. .. ii
INTRODUCAo .. . ..4
CAPiTULO 1 - HISTORICO E CONCEITO DE DISCIPLlNA ... . 6
CAPiTULO 2 - A D1SCIPLINA NO CONTEXTO ESCOLAR .. . 11
CAPiTULO 3 - 0 PAPEL DO EDUCADOR FRENTE A D1SCIPLINA 17
CAPiTULO 4 - DISCIPLINA DESEJADA E FORMAS DE ACAO
PARA OBTE-LA... . 19
CONSIDERACOES FINAlS .. . 28
REFERENCIAS . . 30
iii
INTRODUCAo
Atualmente existe uma preocupa~o generalizada em rela~o a disciplina na
ascota.Conquistar a disciplina em sala de aula tornou-se urn verdadeiro desafio e,
bern per isso, marace saria reftexBo, como tambem a busca por alternativas capazesde auxiliar os educadores em sua pratica pedagogica cotidiana, objetivando a
melhoria qualitativa da educavao. Buscando urna melhor entendimento sabre a
questiio, a trabalho aqui apresentado tem par objetivo: como a disciplina e entendida
no cotidiano escolar?A disciplina em sala de aula e urn dos fatores significativDS para que haja urna
boa aprendizagem, porem, grande e a impasse sabre a tema, levando aimpossibilidade de que a masma aconteya numa rela~o harmoniosa entre professore aluno. Para compreender esta relayao fez-se necessaria que no primeiro capitulo,
sa retrocede sse na Hist6ria e no desenvolvimento do Homem, buscando 0 propriohist6rico da disciplina e as diferentes concep¢es sobre 0 assunto, a que possibilitou
fazer urna reflex~o sabre as posturas das disciplina a serem superadas e a disciplina
almejada neste intento par um processo qualitativo da educayao.
No segundo capitulo, coube analisar como acontece a disciplina na realidade
escolar, au seja, como ala vern sendo trabalhada no interior da esco1a, com base na
experiencia vivida e refletindo ate que ponto ala veru sendo imposta, abandonada ou
construida conjuntamente.
No terceiro capitulo, seguindo a linha de analise e reflex8:o, naa saria passivel
deixar de faze-las tambem em rela~o ao papel do educador frente a pr6pria
disciplina, evidenciando a quanta e necessaria que este agente da educa91io
compreenda a poder 'disciplina', refletindo sabre sua pratica e propiciando que a
aluno se desenvolva plena mente e possa sar urn individuo autOnomo, capaz de se
autogovernar intelectualmenta e moral mente.
No quarto capitulo, apresentar-se-a a perfil da disciplina desejada e algumas
formas de a~a para que tanto escola, como professores, familia e sociedade,
possam nortear 0 trabalho dentro da escola, levando a uma postura mais coerente ea uma pratica politico-pedag6gica mais compromissada e eficaz.
Aliar a pratica pedag6gica ao referendal te6rico de Michel Foucault,
Vasconcellos, Kamii, Luna e Wallon, concedeu ao trabalho senao um fim em si
mesmo, 0 inlao de uma busca por entender a disciplina como urn poder, 0 poder dedomar mentes dOGeis e formar corpos produtivos" proposto bem diferente daquela
que se pretende ao busca uma educa«1\oqualitativa.
Abordal;cm cncontradJ. na obm de Michel Foucault (Vigiar c Ptmir), discorrcndo sobrc 0 podcr dl5Ciplitw queprocum lIumcr 0 oontrolc sabre 0 corpo d6cH que pode s.er submetido c nl..mipul~,-el.
6
CAPiTULO 1: HISTORICO E CONCEITO DE DISCIPLINA
Tratar-se-a aqui do hist6rico da disciplina (que e tambem fazer um
retrocesso na Hist6ria e no desenvolvimento do Homem) para que S8 possa analisaras conceitos da masma, colocados par variDs autores com diferentes posturas aesse respeito.
Ao pesquisarmos sabre 0 desenvolvimento do sar humane, encontramos suasrelayees com a natureza e com 0 seu semelhante como bern nos posiciona ASCH
(1977, p.16) trazendo um apanhado das ideias de Darwim, concluindo que: .. as
fasseis demanstram que no curso 8volutivo da Humanidade, talvez urn milhao deanos antes de surgir 0 Homo Sapiens, existiram varias especies a caminho da
humanizayao. Dessas especies sobreviveu aquala que melhor S8 adaptou ao meioambiente, au seja, que melhor souba usar a natureza em seu proveito."
Fica evidenciado neste estudo dos f6sseis a necessidade de evoluc;ao para
manuten<;:3oda pr6pria vida que veio diferenciar-se dos demais animais atrav9s dasua organiza~o corporal, desenvolvendo uma consci€mcia de si mesmo e de tudoque 0 cerca. Quando toma consciencia de si masmo, 0 homem parcebe tambem sua
existencia social, pois ao trabalhar, ao agir sobre a natureza, nao 0 faz sozinho, mas
age juntamente com outros homens, com os quais convive. E e atrav9s destaconvivencia que 0 homem interage com os outros de sua especie, passando par umprocesso de socializa~o que Ihe permits aprender..0 modo de vida em grupo, auseja, a forma de produt;;ao, a organiza~o politica e social, enquanto assimilacostumes, atitudes, formas de pensar.
Diante do exposto, fica claro que desde os prim6rdios da existencia humana,
podemos dizer que a busca pela ordem estabelecida em grupo ja exista, caso
contrario 0 homem nao teria alcanc;:ado0 desenvolvimento nas Eras posteriores.
A medida que as sociedades vao se organizando e crescendo, 0 poder
politico, religioso e social comec;aa ficar centrado nas maos das classes dominantese ai aparece 0 conceito de disciplina que respinga ate hoje em muitas instituicoes
sociais, inclusive na escola. Disciplina tern sua origem no jesuitismo quando referia-
7
S8 a disciplina da alma. Ao sa buscar definiyOes, encontra-se urn numero variado de
significados para 0 termo 'disci piina', Abstendo-se na defini~o encontrada no
diciomirio Caldas Aulete, pertencente a coley!lo da Enciciopedia Delta Universal,
tem-se: "instru9iio e dire,1io dada por um mestre a seu discipulo· ou "imposiy!lo de
autoridade, de metoda, de regras ou de preceitos'
Passando par toda a evoluc;ao da sociedade, com 0 surgimento da
propriedade privada, das classes sociais, do acumulo de riquezas, das
desigualdades socials vamos fazer urna breve analise da educayao brasileira nos
prirneiros tempos.
Como base desta analise, temos as praticas dos jesuitas (que, alem do poder
do Estado, a ideologia religiosa exerceu grande infiuencia sabre a vida das
pessoas). Como faltou um metodo definitiv~ para que pudesse haver 0
espelhamento da pnitica pedag6gica, por quase duzentos anos de nossa Hist6ria, a
filosofia contida na edi9iio definitive do Ralio Sludiorium da Companhia de Jesus
esteve presente na forma9iio pedag6gica das nossas escolas (e sera que nao esta
ate hoje?).
A sustentay!lo da pedagogia crista astava justamente no seguinte: 0
prevalecer do espirito sabre a materia. 0 aterno sabre 0 temporal. A fa sobre a
Cibncia. E enquanto Cristo ensina a seus discfpulos a 0 ~imitarem na bondade e na
humildade" (Mt.11,29), a nova religiao nao 56 tolerou, mas ate tirou proveito da
escravidao, desviando~se nisto da pureza doutrinaria do Mestre. Como resultado
tambem se tem a pratica de uma educay!lo tradiciOnal numa sociedade em que a
atividade livre nao se confunde com a atividade escrava, contribuindo para a
estratifica9iio da sociedade em classes, privilegiando uns em detrimento de outros.
Qual sera 0 conceito de disciplina que melhor cabe a este tipo de sociedade?
Com certeza aquele em que disciplina aparece como sinonimo da
manuten~o da ordem imposta por um grupo dominador que precisa sar respeitado
num determinado momento hist6rico. Neste momento, quando disciplina eentendida como adequar;ao a sociedade existente e, portanto, inculcayao,
domesticay!lo, a escola esta para as condi¢es de explora9iio da l6gica capitalista,ou sela, manipulando "mentes d6ceis" e formando ·corpos produtivos". Esta relay!lo
8
de poder disciplinar acompanhara toda a sociedade, dentm das diversas institui¢es
socials.
FOUGAULT, em seus estudos sabre a questao do poder em nossa
sociedade, traz valiosos subsidios a compreensiio da disciplina enquanto pratica
escolar. Eta canceitua a disciplina ·como urna forma de dominayao e de exercicio de
poder nos espayos sociais menores, cuja organizac;ao nAo e garantida, no seu
cotidiano pelas leis maiores." (FOUGAUT, 1977, p.25). Ela permite a contrale do
corpo e da alma, do comportamento integral dos individuos e ulhes imp5e urna
relayao de docialidade e utilidade.· Esta situ8c;ao domesticadora tern origem no
funcionamento das prisOes e dos quarteis.
Neste conceito, a discipiina aparece como sinonimo da manuten~o da ordem
imposta par urn grupo dominador que precisa sar respeitado num determinado
momenta hist6rico. Quando a disciplina e entendida como adequa~o a sociedade
existente, e portanto inculca~o, domestica~o, a escola esta numa condi~o de
explorayiio da logica capitalista.
Embera tais definic;oes tanham sua relevancia, esta.o ainda urn poueD lange
do que S8 entende par disciplina hoje.
Segundo H. WALLON, a 'disciplina pode ser entendida diferentemente
segundo a tarefa do mestre e considerada como de pure en sino ou de educac;a.o e
segundo 0 aluno e considerado como uma simples inteligencia a guarnecer de
conhecimentos au como um ser a formar para a vida." (Wallon, 1979, p.367).
Esse conceito questiona a tarefa do prefes~or,quanto ao mere ensino ou aeduca~o da fato e a condi~o de aluno, guardar conhecimentos au sar realmente
preparados para a vida.
E preciso parar e se perguntar: que tipo de sociedade queremos? E que tipo
de homens estamos formando para atuar nesta sociedade? De que maneira a
escola vem educando seus alunos? Galados, silenciosos, apaticos? Ou pensantes,
ativos, questionadores e criticos? A visao do educador sobre sua pr6pria 89BO
pedagogica e fundamental para a construyiio da rela~o educacional.
Torna-sa claro entao, a disciplina que nao queremos: a autoritaria, qua caloca
todo a poder nas maos do professor au a espontaneista que oferece a cada um a
liberdade de fazer 0 que bern entende, exallando urn descompromisso tanto do
professor quanto do aluno. Percebe-se entao que a educac;Ao pas sou de urn polo
(repressao) a outro (Iiberdade total) e faz-se necessario encontrar um ponto de
equillbrio. Como afirma Paulo Freire: M A disciplina nao se impoe, se parteja e se
parteja na rela<;lio dialetica, contredit6ria, entre autoridade e liberdade." (in Morais,
1994, p.70). 0 dasafio agora e superar tais posturas.
Nesta tentativa de supera<;lio,ha situa¢es em que a disciplina aparece como
o resultado de um consenso. N~oa imposta, mas decidida e acertada em func;ao de
objetivos e decis6es de um Qrupo. Entao ela deixa de ser determinada ou imposta
por uma unica pessoa, passando a ser decidida, compartilhada, acompanhada e
controlada por todos.
Portanto, para que se possa construir uma nova disciplina, 0 objetivo a
conseguir 0 auto govemo dos sujeitos participantes do processo educativ~, para
uma aprendizagem significativa, critica, criativa e duradoura.
Esta disciplina almejada sa faz pela participayilo, respeito, responsabilidade,
constru<;lio do conhecimento, forma<;lio do carater e da cidadania. Neste sentido,
K( ... ) significa a capacidade de comandar a si mesmo, de se impor eos caprichos
individuais, as veleidades desordenadas, significa enfim, uma regra de vida. Alem
disso, significa a consciEmcia da necessidade para que um organismo social
qualquer atinja 0 fim proposto." (Franco, 1986, pAO).
A perspectiva dialatica-libertadora, parte da pratica em que se esta inserido,
buscando refletir sobre ela critica e coletivamente', para que S8 posse atuar no
sentido de transforma<;lio desta pn'tica na dire<;lio desejada. Nesta perspectiva, a
discipline se constr6i pela interac;lto do sujeito com os outros e com a reelidade ata
chegar ao autodominio e, para isso, e precise estar a autoridade em favor da
liberdade. 0 educador pode assumir a rasponsabilidade da discipline num primeiromom en to, mas a cia sse deve assumi-Ia progressivamente. Parafraseando Paulo
Fraire, podemos afirmar que: "Ninguem disciplina ninguem. Ninguem sa disciplina
sozinho. as homens se disciplinam em comunhao, mediados pela realidade."
( Vasconcellos, 1994, p.41)
10
o ser humano precisa S9 adaptar a urna serie de val ores, mas deve estar
atento para a transformayao desses valores no que e desumano e precisa ser
superado. Entao, necessario e que as pessoas nao apenas se disciplinem, mas
tambem S8 indisciplinem e lutem pela transforma9ilo social. Para isso, no que S8
refere a organiza«ilo escolar deve tentar tornar a sala de aula espa90 de trabalho
coletivo de qualidade visando a educa.,ao. A disciplina desejada a qual nos
referimos e essencial para a vida ern grupo, expressa conduta organizada, met6dica,
coerente, que permite realizar determinadas inten¢es. A disciplina B urn aspecto do
comportamento humano que S8 apresenta na sua rnaneira de sar, agir e participar.
A disciplina passa ,entao, a assumir um novo papel. Ao inves de imposta ou
abandonada passa a ser construida coletivamente a partir de interesses comuns:
formar cidadaos completos? educar para a vida? Ou repetir a l6gica capitalista em
formar apenas reprodutores do sistema? Vasconcellos, ao S8 referir sobre a
questao da disciplina, a conceitua da seguinte forma: • A disciplina consciente e
interativa, portanto, pode sar entendida como 0 processo de construyao da auto-
regulamenta«ilo do sujeito e/ou grupo, que se de na intera.,ao social e pela tensao
dialetica adapta~o-transformayao, tendo em vista atingir conscientemente urn
objetivo." (Vasconcellos, 1994, p.42). Ela e, entao, uma constru.,ao do individuo e do
grupo, que se da nas relac;:Oes sociais, atraves de constantes mecanismos de
adapta«ilo e de transforma«ilo, visando sempre um objetivo.
11
CAPiTULO 2: A DISCIPLINA NO CONTEXTO ESCOlAR
Ap6s sa fazar urn breve retrocesso historico do homem, situando um pouco a
hist6ria de disciplina e buscando os diferentes conceitos em auto res distintos para
podermos situ8r qual conceito malhor sa apropria para a ascola de hoje, fez-s8
necessaria a observa~o de como esta a disciplina atualmente no contexto escolar,
contrapondo a realidade com 0 ideal que buscamos.
Sabido e que em qualquer local ou instituiyao a discipline e necessaria, porem
e preciso compreende-Ia em sua totalidade, percebendo que ela sofre inftuencia de
inumeros fatores e multiples determinayaes.
A ascols mudou e 0 professor tambem. Historicamente ela foi instrumento
privilegiado de ascensflo social, fonte preciosa de informa<;Oes, na qual 0 professor
era valorizado, pois tinha forma~o consistente e melhor remunera~o. Alem disso,
a familia tambem estava estruturada de maneira diferente: as pais eram mais
comprometidos com a educa~o dos seus filhos, deleganda bern menos sua parte aescola. Hoje hi! uma expansao escolar quantitativa, mas decaiu a qualidade de
ensina. Ha uma fragmentac;:ao na farma9~o dos professores, baixos salarios,
parcializa~o dos trabalhos e condiyiies precarias do mesmo.
A escola vem estruturada com urna serie de regras, diferentes da disciplina na
familia, com a inten~o de enquadrar todos nessas regras. Desta forma, a escola
tern a disciplina como regra e nao como objetivo ~ducacional. A indisciplina das
crian9'ls que chegam a escola hoje e urn alelia para os educadores, pois e fruto de
urna indisciplina social, familiar; faltam Iimites a Cfianc;a. E limite e urn alicerce para a
disciplina.
Ha atualmente urna desorientacAo geral da sociedade qua procura superar 0
velho mas nao conhece a novo a 58 amedranta diante disso. Ha urna crise de
identidade da escola, pois afinal, qual e 0 seu papel? Certamente nilo e neutro!
Na escola e passivel propiciar a desenvolvirnento em direc;ao a propria
autonomia. Ainda que na vida dos seres humanos haja, inicialmente, urna certa
'domestica~o', na qual disciplina e autoridade (e porque nao colocar antes de tudo
12
os proprios limites) desempenham papeis-chave. Se nao fosse assim, 0 processo de
socializac;ao do individuo ficaria comprometido e nao seria necessario criar
condiyOes para 0 exercfcio da autonomia. Par processo de socializayao vamosentender, neste contexte, que 0 desenvolvimento normal de urn sar humane e urnatarefa coletiv8. Este processo que torna passivel a sobrevivencia da especiehumana e conhecido por 'socializa~o', constituindo-se na forma segundo a qual 0individuo aprende a adaptar-se ao grupo a que pertence. A complexidade do
processo de sacializavao toma necessaria a intervenyao de diferentes instituir;6es:
familia, escola, igreja...
Assim, as alunos devem adaptar-s8 aos valores, costumes e normas da
sociedade. Nao e par esta motivD que S8 deve educar pessoas conformistas e
acriticas. E importante dota-Ias de ferramentas para que sejam livres e autbnomas eque ajustem suas vidas a valores que criticamente adotarem, sem cairem eminconformismo total ou em desvio anti-socia\.
Pais e, porem ainda 0 conceito de disciplina associado a obedi~ncja ainda
esta muito presente na cotidiano escolar, mais ou menos conscientemente, istoporque ha uma verdadeira luta de classe onde 0 professor esta procurando
sobreviver, num contexte de desgastes. 0 trabalho do educador e estressante e,
muitas vezes, refo~ 0 desejo que muitos envolvidos no processo educacional t~m:
uma escola com alunos organizados! Mas organizados como, S8 e na escola que serenete 0 cotidiano da sociedade, a multiplicidade de valores, os questionamentos
desencontrados e os interesses diversos?Oianta disto, encontramos muitos profassores desorientados e angustiados
sabra 0 que fazer em sala de aula e sem entender seus alunos. Passam ent~o a agirdiante da disciplina, com diferentes posturas: liberais, autoritarias, conformados,comprometidos, acusadores, desesperados e em vias de desistir de tudo. Utilizando-
se da c1assifica"ao de VASCONCELLOS (1994, p,27), faz-se uma analise da
postura dos professores, ouvindo as seguintes coloca90es:"Liberais: •0 jeito e deixar as crian9as livres:
Autoritarios: ~Se por bem n~oadianta, imponho aquila que quero~
Conformados: "Sabe, as vezes e melhor deixar:
13
Comprometidos: • Tenho que conquistar meus atunos com atividades
interessantes .•
Acusadores: .. Se as pais, a familia n~o cola bora, a aseela nao pode fazer
nada.-
Desesperados: ~ Os alunos nunca estiveram tao ruins quanta agora:
Em vias de desistir: .. Nao sei 0 que fazer, nada adianta.~
A disciplina para a maioria dos professcres, ainda e sinonimo de respeito,
atenyao, educayao, organizac;ao, momenta de concentrac;ao sem falar au
movimentar-se, acatar ordens ...enfim, ainda e a submissao a alguem superior. 0
aluno disciplinado e aquele que alam de tar todas estas qualidades, comporta-s9
adequadamente. Poucos sao as professores que mostram entender a disciplina sob
a 6tica da harmonia conquistada em sal a de aula, a participar;:ao, 0 questionamento,
conhecimento dos direitos e deveres, colaborac;ao. Estes s~o fatores essenciais
para a conquista da disciplina.
Se a disciplina e vista da forma descrita acima, a aluno indisciplinado e a que
nao respaita, nao presta aten9l\o, mal educado, desorganizado, malcriado, rebelde,
desobediente, falante, agressivo, e aquale que atrapalha, tumultua a aula, pais nao
tem limites. Foge dos padroes da esccla e da sociedade. Mas quem estabelece este
padrOes?
Fazendo urn levantamento sabre as fatores que contribuem para que a
disciplina seja tao dificilmente alcan<;;adadentro do contexto escolar, encontramos
com maior freqOencia as seguintes aspectos: falta d~ dominio do professor ern saber
gerenciar os alunos ; descaso da familia (desinteresse dos pais pelos filhos),atividades propostas em sal a de aula que n~o despertam a interesse da maioria dos
alunos. Na verdade, a grande maioria das escolas (e dos professores) nao passam
por um questionamento sobre a maneira como as relayees estao sendo construidas.
Verdade e que as familias da atualidade deixam a cargo da escola a
responsabilidade de educar socialmente seus filhos, nilo havendo comprometimento
dos pais, em muitos casas, em mostrar e dar a referencia para seus filhos, dos
limites necessarios para que cres~m respons8veis e responsaveis pela sua
cidadania, socializados e integrados (nao acomodados) ao
14
pertencem; porem, verdade e tambem, que 0 professor e a ascola ainda estao nos
moldes tradicionais e nao sa prepararam para assumir com disciplina, a propria
proposta de agir com democracia para urna construyao conjunta e co-responsavel
de tode 0 processo ensino-aprendizagem.Quando se fala em disciplina ou indisciplina, 0 elemento lembrado e sempre 0
aluno e suas atitudes que, de uma forma (dialogo) ou outra ( imposi~o), tem que
ser ·corrigidas" Nunea 0 aluno e lembrado quando sa fala de normas, pois cabe a
ele cumprir e nao construir.
Os alunos percebem quando nao he firmeza naquilo que esta sendo proposto
e, entao, as professores optam par impor urna disciplina "custe 0 que custar",
recorrendo a mecanismos de coeryllo como a nota, par examplo. Na verdade,
alguns professores buscam esconder-se atms de urn autoritarismo sem significado,
sua grande omissao e incompetencia. He um 'medo' e 'respeito' pelas autoridades
constituidas e a escola, par sua vez, usa de mecanismos como punic;6es, castigos,
rebaixamento de notas, reprova,80, metodos esses repressivos que, muitas vezes
inconscientemente, defendem as interesses das classes dominantes.
LUNA aponta que: •A indisciplina parece ser mais frequentemente gerada em
suas situac;6es: como ultimo recurso contra a autoridade autoritaria ou autoritarismodo professor ou como expressao de sua lalta de autoridade." (Luna, 1991, p.69).
Portanto, a indisciplina pode ocorrer como resultado do autoritarismo, da postura
autoritaria do professor au pala sua falta de autoridade que muitas vezes asta ligada
a sua competencia profissional e ao comprometimen10real com a educa~o.
Apesar da refiexao critica de educadores compromissados com a busca da
liberta~o do ser humano e de propostas de transforma~o da escola, muitos
aspectos discutidos por FOUCAULT ainda estao presentes na pnltica educacional
escolar. Seguem alguns aspectos citados por FOUCAULT:
1. A vigi/~ncia hierarquizada na qual 0 poder de coer~o e distribuido entre
muitos individuos e 0 controle exercido continuamente, au seja, quem eencarregado de controlar, tambEimEicontrolado;
15
2. A sant;ao normalizadora que s~o as micropenalidades. Castigos leves,
privagoes e pequenas humilhar;6es sao utilizados como sany6es para as
que se colocaram contra as normas da escola;
3. 0 exame que e urn controle normalizants, urna vigil~nciaque permite
qualifiear, classifiear e punir, tomando 0 individuo como efeito e objeto de
poder e saber. Combinando a vigi/~ncia hierarquizada e a sanqllo
normalizadora, realiza-se as fun¢es disdplinares de repartit;ao e
classificaryao.Estabeleceu-se urn normal que da origem a urna educac;ao padronizada, na
qual todos devem ajustar-se ao mesmo modelo. Tudo 0 que nao se amolda e
considerado des via de comportamento 8, 0 castigo tern a fun930 de diminuir tais
desvios. Justamente com 0 castigo vern as provas que dificilmente servem como
ponto de partida para um novo conhecimento e reflexao sobre 0 que se aprendeu,
mas que fazem com que 0 professor classifique seu aluno. A escola e a sodedade
geralmente acabam colaborando com tal classifica~o e nao contribuindo para a
forma~o de seres humanos pensantes capazes de criticar e transformar a
realidade. Segundo BASIGLlA, ' e a viol~ncia exercida por aqueles que empunhama faea contra os que se encontram sob sua lamina' (D'Antola, 1989, p.43). Ocorrem
portanto, relag6es de opressao e viol~ncia entre poder e nao poder, que se
transfermam em meeanismos de exclusao que caracterizam a nossa soeiedade,
contribuindo para a manuten9aOda ordem e efetivando a repressiio.
Atraves da coe,,;ao individual e coletiva usanao pressao e repressao, a escola
colabora para a forma98o do autoconceito individual, formando pessoas afastadas
de duas pr6prias necessidades. 0 espayo e 0 tempo na escola sao organizados
para garantir a "ordem' da instituiy1io, baseada na garantia da obedi~ncia e
submissao, deixando de lado a interay1io dos seres humanos. Atraves de regras
impostas vern fortaleeendo a auteritarismo de uns poucos e a submissao e a
dependemeia da maieria.
A eseola funciona, mas para que funcione melhor, e preeiso que a ayao
educacional seja, como a relac;ao professorxaluno, urn processo de constru<;Ao e
reeonstruvao continuo.
16
Historicamente percebe-se que a educa<;tio partiu de um oposto a outr~, ou
seja, do autoritarismo presente na Escola Traditional a urn voluntarismo
espontanefsta na Escola Nova. De urn lado repreende-se as alunos numa falsa
harmonia de 'respeito formal', destruindo a relacionamento e a compromisso
educacional; de outr~, concede-se a liberdade total, exaltando um descompromisso
tanto do professor quanto do aluno, levando ao 'espontaneismo' da Escola Liberal.
Nestas concep¢es, torna-se impossivel constnuir um relacionamento coletivocriando urn compromisso consciente de ambas as partes. Dave-s8 substituir a
contradi<;tioanteriormente citada, participa<;tioalienada e passiva pela participa<;tio
consciente e interativa. E preciso ter conscj~nciaque estamos lutando contra a
aliena~o e destruic;ao do homem e a favor do homem como agente hist6rico de
transforma~o.
17
CAPiTULO 3: 0 PAPEL DO EDUCADOR FRENTE A DISCIPLINA
Como visto no capitulo anterior, dentm da escola algumas concep<;:oesde
disciplina precisam ser superadas. Ressaltando 0 que FOUCAULT (1977, p126)
discorre sobre a disciplina como "metodos que permitem 0 controle minucioso das
operay5es do carpat que realizam a sujeiyao constante de suas forc;as e lhas impOe
urna relaytto de docialidade-. ainda e este 0 principia de muitas escolas que veern a
disciplina como ma forma de a~o para adequar as pessoas it sociedade vigente. E
aqui esta 0 ponto onde a democracia defendida em projetos pedag6gicos e
discursos dentro da propria escola e sala de aula dificilmente e colocada em pratica.
Centrando nossa foco no papel do educador frente a quest~o disciplinar,
observa-se que 0 mesmo, advindo de uma forma<;:aodeficitaria, colabora quase que
inconscientemente com est.e processo de adestramento social. Muitos professores
perderam de vista 0 que vern a ser cidadania: que tipo de homem e sociedade S8
quer? E para que S8 busque com firmeza e clareza 0 que S8 quart e necessariaesclarecer 0 que queremos e para que? Partindo desta certez8, fica mais facil
estabelecer uma pratica pedagogica comprometida com 0 discurso da cidadania.
Se e necessario operar transformay6es na estrutura da escola, para que
mudanyas no entendimento e aplicayao do conceito de disciplina, necessario se faz
mudar lambem 0 perfil do educador diante de tal questao.
Quando 0 educador 'rotula' 5eus educandoi como 'alunos disciplinados' e
'alunos indisciplinados', na verdade esta recebendo tambem um r6tulo por parte dos
5eus educandos; 'professores bonzinhos' e 'professores duroes'. E a dicotomia esta
na necessidade deste professor encarar sua pratica pedagogica comprometida com
o ato educativo em 5i, sabendo usar de maneira democratica a autoridade propria de
sua fun~o, com seu poder de transforma~o e constru~o, promovendo um
relacianamento social de mutua raspaito e responsabilidade, buscando no processo
de intera~o os vinculos necessarios para que a troca de valores e aprendizagem
efetivamente aconteya de forma prazerosa e com liberdade.
18
Contudo, nao e esta realidade que presenciamos nas escolas da atualidade.
Muito embora se busque a quebra de paradigmas em relayao ao educador na
atualidade, a realidade docente mastra que ainda temes muitos profissionais com
saudades do tempo em que 'alunos jamais afrontavam a professor. ..'; a professor da
atualidade requer consciencia de que ele e membra atuante do grupo que aprende,
sujeito as regras que seu grupo estabelece, exercendo sua autoridade de maneira
conquistacta par meio de sua capacidade, agindo com respeito mutua e
reciprocidacte.
Fazendo esta ref1ex~o sobre sua pratica pedagogica, 0 professor estara S8
comprometendo com uma educayao saclalizadora, dando suporte para que 0
individuo tambem desenvolva seu potencial psiquico, pois na medida em que ele
desenvolve sua capacidade de ouvir e aceitar, estara envolvendo as alunos nurn
relacionamento franco e confiante; buscando 0 emprego de diferentes diagnosticos;
planejamentos e processos de auxilio e de avaliayao.
19
CAPiTULO 4: DISCIPLINA DESEJADA E FORMAS DE AyAO PARA OBTE-LA
Encerramos 0 capitulo anterior com a busca pela disciplina desejada.
Sabemos que a disciplina que nao queremos e aquela autoritaria ou espontaneista.
Entao, fica 0 desafio em supera-Ia, buscando construir urna nova disciplina que
deixe de ser a expressao das rela¢es sociais alienadas.
A disciplina diz respeito a lodos as elementos envolvidos com a pratica
escolar e precisa ser compreendida como algo necessaria para atingir urn fazer
pedag6gico coerente e eficaz.Ela deve estar relacionada aos objetivos da ascola, formar 0 aluno .•...como
pessoa capaz de pensar, de estudar, de dingir ou controlar quem dirige" (Gramsci,
1982, p.136). A disciplina deve ser tomada como um objetivo educacional, desde
que colabore para a melher organizayao escolar, para a apropriayao do saber,
agindo como elemento de transformayllo, de forma a proporcionar ao ser humano
autonomia, liberdade, sensa critico. Dave sar entendida como a soma da influencia
educativa, num processo de cooperayao e comprometimento com a formayiio do
homem, 0 que e necessaria a construyao de uma nova sociedade.
Transformar as relac;6es sociais na sala de aula, possibilitara gerar novos
homens, capazes de uma participa~o consciente e interativa. A coletividade
organizada e 0 principal instrumento de constnuyao da individualidade, para que os
individuos possam participar de forma ativa e respo~savel,buscando equilibrio entre
a disciplina e 0 saber, sem camuflar situacoes de poder, sem disfarc;ar
incompet€mcias tecnicas ou falta de recursos, sem discursos desvinculados da
pratica. Busca-se substituir 0 poder docente calcado na instituiyiio da autoridade
docente, delegada pelos alunos a partir dos criterios de competencia, seriedade e
compromisso. Deseja~se uma educayiio flexivel, nao autoritaria, participativa,
integrada em grupos para a troca de experiencias, num processo educativo.
Cabe ao professor dirigir 0 processo de construyiio da coletividade em sala de
aula. Ele e 0 coordenador interativo do processo, que deve buscar combinar as
diferenyas, de forma construtiva, fazendo com que todos contribuam para romper 0
20
processo de aliena~o. Auxiliar seu aluno a superar os r6tulos em que e enquadrado
e permitir-Ihe a condiyiio de homem atuante na sociedade faz parte do seu papel de
educador. Pois, a educac;ao deve servir como urn meio para que cada aluno se
encontre e S8 aprimore.
A autoridade e necessaria para que haja educac;:ao, sem ela nao ha disciplina
e sem disciplina nao se pode desenvolver um trabalho significativo. Ela 56 e eficaz
quando tern urna meta a atingir, urn objetivo educacional. A disciplina externa efundamental, pOis sem ela a individuo nao consegue estruturar a interna, que e urna
especie de introjeyao da necessidade da disciplina(o limite). Esta disciplina exterior,
a qual nos referimos, nasce da autoridade do professor, que tendo 0 sentido de
ajudar 0 aluno a crescer intelectualmente, junta-s8 com a interior que encaminhando
este crescimento.Tal crescimento se da atraves do estudo, que e um trabalho fatigante, e a
disciplina torna-S8 imprescindivel para que S9 posse fazer urn exercicio intelectual. A
disciplina intelectual pode comeyar na sala de aula, mas ultrapassa-a na relayaa
professOfXalunoe os limites da pr6pria sala de aula. Ela deve Ter for", estrategica
para reorganizar a escola, auxiliando-a a desanvolver um trabalho pedagogico
compelente, isto e, " 0 saber precisa ter sab~r. Os conteudos devem ser
cuidadosamente planejados e construidos, resultando num sabor do saber." (Morais,
1994, p.13)
A escola e parte integrante da sociedade e 0 professor tera que lutar contra
as condic6es de sua axistencia a da propria existtncia do aluno no mundo, nao
como viti mas, mas como hom ens em movimento, capazes de superar sua condi~o
de oprimidos. Portanto, a escola pode optar por um tipo de disciplina opressiva,
centrando-se na (in)disciplina do aluno, atribuindo a ale teda a responsabilidada pelo
fracasso ou por uma disciplina transformadora que conduza 0 estudante aapreensao do objeto a ser reconhecido e entaa ser encarada como principia
educativo.
Faz-se necessaria construir e erganizar 0 proprio sistema de disciplina,
envoi venda todos os elementos do processo. Esta reconstruc;ao acontecera a partir
do esfon;o dos educadores, na comunidade escolar em busca de um novo modelo
21
de rela90es, entre atuno-professor, escola e sociedade. Deve haver para isso uma
redefinic;Ao de papeis, com novas responsabilidades, deveres e direitos para todos.
Tarefa esta ardua, mas que exige constanta participayao daqueles que nela estao
envolvidos.Conforme aponta VASCONCELLOS, ·0 professor precisa exercer sua
autoridade nos dominios:
• tntelectual: ser capaz de refietir, rever seus pontos de vista, ir alem do senso
comum;
• Etico: tar principios, firmeza de carater, revelar sensa de justi~, comprometer~se
com 0 bern comum;
• Profissional: ser competente, dominar 0 conteudo e a metodologia de trabalho,
preparar bem suas aulas, atualizar-se;
• Humano: perceber e respeitar 0 outro como pessoa." (Vasconcellos, 1994, pA5)
... 0 professor com autoridade e tambem aquale que deixa transparecer as
fazoes pelas quais a exerce: nao par prazer, nao par capricho, nem masmo par
interesses pessoais, mas par urn compromisso genuino com a processo
pedag6gico, ou seja, com a constrw;ilo de sujeitos que, conhecendo a realidade,
disponham-se a modifica-Ia em consonancia com um projeto comum", (Luna, 1991,
p,69), Fica claro entao a import~ncia da autoridade do professor que compromissado
com a constru<;iio conjunta do conhecimento, propce um repensar da realidade,
tornanda passivel sua transforma<;a,o. Na.o se trata de 'afrouxar' as exigencias com
rela930 aos alunos, mas de urn ensina exigente Jno qual 0 sujeito tern que sar
competente para colaborar com a transforma<;iio da realidade, e intelig,mcia, isto e,
a educa~o dave estar baseada em princfpies cientificos e 0 professor dave domina-
los,
Hi! basicamente duas formas de se conseguir discipiina: por coar;8o e por
convicr;ao, A disciplina por coar;8o baseia-se na puni<;iiocomo amea<;:a,propiciando
a dependlmcia, a imaturidade, a imposic;ao de comportamentos. Esta forma de
disciplina e 56 aparente, uma vez que n~oha relac;;ao entre 0 conteudo da sanc;:ao e
22
autonomia. Ja a san9~o por convicc;:ao au reciprocidade esta relacionada com 0 ato
que deseja sancionar, fazendo com que 0 culpado compreencta a significado de sua
falta e as consequemcias da mesma. Sando assim, leva a auto confianya, ao sensa
comunitario, a criatividade e a verdade."(...) os adultos reforyam a heteronomia
natural das crian<;a,s, quando usam recompensas e castigos, e estimulam 0
desenvolvimento da autonomia quando intercambiam pontcs de vista com as
crianyas. (...) Se queremos que as crianyas desenvolvam a autonomia moral,
devemos reduzir nosso poder adulto, abstendo-nos de usar recompensas e castigos
encorajando-as a construir par si mesmas seus pr6prios valores morais. ( ... ) quando
as crianyas nao tern medo de sar punidas, elas S8 manifestam espontaneamente e
fazem a reparat;ao." (Kamii, 1986, p.106).
Portanto, e precise encontrar espac;;o para agir e ele sera conquistado pela
uniao de esfor~os. A disciplina numa proposta desafiadora deve ser participativa,
comunitaria, politica e criadora. Entendendo-se p~r discipiina politica, 0 social
mudando os homens e os homens mudando 0 social. Acreditamos que: "(...)
nenhuma grande transforma~o social acontecera apenas a partir da escala. Porem
tambem e grande verdade afirmar que nenhuma mudanya social sa fara sem a
escola (...r (Vianna, 1986, p.16)
A discipiina participativa democratica facilita a intera~o entre os alunos
quando decidida pelo conjunto de elementos da escola. Atraves da convivencia
democratica, os alunos aprendem a usar a propria liberdade e a do grupo. Esta
disci pi ina dinamica, consciente, criativ8, estfmula a enriquecimento da
responsabilidade pelo social. Somente a participa~o comunitaria e democratica nos
permitira acreditar num futuro mais justa e humano, tarafa esta diffcil, um grande
desafiol
Diante desse desafio, a questeo fundamental e: 0 que fazer?
E necessaria dar pequenos passos concretos em busca de uma mudanc;a
qualitativa e duradoura. Precisamos superar a pedagogia do 'empurra-empurra', pais
apenas culpar as pessoBs individual mente - sejam as pr6prios alunos, as pais, os
alunos, as professores, a escola, a sociedade, nao contribui em nada para a
transformat;ao social. 0 importante Ei que cada um assuma 0 compromisso cem as
23
suas respectivas responsabilidades, numa visao de totalidade. Para isso, propoe-se
algumas formas de 89BO, alguns caminhos que, sob nossa ponto de vista,
fundamentado na pesquisa teerica e associado a observa<;ao pratica que
vivenciamos dia-a-dia em nosso trabalho como educadores, podem auxiliar aqueles
que buscam urna disciplina democratica e 'partilhada' para poder tarnar a relac;ao
ensino-aprendizagem urn educar para a vida numa sociedade mais humanizada.
A proposta e a constru<;aoda disciplina coletiva na sala de aula e na escola,
atraves de urn trabalho humanizador e participativa. 0 ponto crucial e: "comaN
desenvolver este trabalho. E para isto, necessidade basica: 0 comprometimento de
todos aqueles que estao envolvidos com a educa<;aono enfrentamento do problema.
Quando falamos em disciplina, tambem consideramos e existencia da
indisciplina e asta ultima e encontrada em cinco niveis: escola, professor, aluno,
familia e sociedade, sendo que cada urn tern que assumir suas responsabilidades.
Por parte da escola e fundamental repensar 0 seu sentido e que possa ajudar
a aluno a responder ciaramente: estudar para que? Se 0 aluno naD tiver essa
questao bern definida sera dificil gostar da escola, pois nao compreende 0 porque de
sua existencia. Estudar para ser alguem na vida n~o basta; e preciso dar urn novo
sentido ao conhecimento, ajudando na transforma<;iioestrutural da sociedade.
Para que a discipiina seja alcan9Bda, a coletividade deve ter objetivos
comuns, pensando em meios de despertar no aluna projetas com verdadeiro senti do
naquila que faz. Constantemente as problemas de indisciplina sao vistas de forma
autoritaria pela escala que ao inves de buscat soluc;:6es para a problema,
trabalhando com a aluna, acaba tomando-o maior ainda.
o problema da disciplina nao e s6 do professor, mas de urn conjunto de
profissionais da escala. Par isso, ha necessidade de procurar construir uma postura
comum entre os educadores (professores, equipe tecnica, auxiliares, dire<;ao e
educadores), onde sejam estabelecidos par~metros para a escola.
As normas devem ser claras e bem definidas, sendo re~analisadase revistas
periodicamente.
A adequa9Ao curricular e fundamental, pais hi! necessidade de um currfculo
que atenda diferentes aspectos do aluno, com atividades envolventes, significativas
24
e participativas, ende a dialogo, a dramatizac;ao, 0 trabalho em grupo, a pesquisa
fa<;amparte do cotidiano.A escola precisa investir no trabalho de formayao e conscientizayao dos pais,
deixando claro sua concep900 de disciplina, procurando minimizar a distancia entre
a disciplina escolar e a domiciliar. Saba-s8 que hOje, as alunos vern para a escola
com menDS limites trabalhados pela familia, pais a estrutura familiar tambsm mudou
e na verdade, temas atualmente 'partes', 'pedac;os' de familias desestruturadas e
desorientadas. A escola pade ajudar fazendo reunioes farmativas e naD somente
informativas, trabalhando com os pais a import~nciados Iimites, a import~nciade
passar para seus fithos as primeiros alicerces para S8 conviver e fazer parte do
grupo social ao qual pertencem; entender que socializar-se envolve muito mais do
que 'brincar com os coleguinhas pacificamente'; envolve conhecer-se, envolve
conhecer 0 outro e aceitar -S9 para poder aceitar 0 Dutro. Assim, tendo esta base
social em casa e continuando na escola, construir a disciplina, e um ' estar a urn
passo para' ser um ser humano humanizado.
Ao professor, tratar da (in)disciplina e aceitar e assumir a realidade existente,
ou seja, entender que os alunos sao problema seu e nao responsabilidade dos
outros, para entao tentar mudar, transformar. Como Vasconcellos mesmo coloca "
56 58 pode transformar a realidade a partir do momento em que S9 assume a
existente" (Vasconcellos, 1994, p.68). Entao, e preciso compreender e assumir a
realidade que ai esta para ser capaz de transforma-Ia.
Voltando mais uma vez na questao do aluno ser ou nao disciplinado,
reafirmamos que as rela~es e que se tomam indisciplinares. E 0 professor e um
dos principais agentes de mudanc;a da disciplina, pois esta em cantato direto com os
alunos; e um profissional da educac;:ao e um dos mais interessados em resolver 0
problema. Portanto, deve coordenar 0 processo de ensino-aprendizagem e assumir
o seu papel de agente hist6rico de transformayao da realidade. Para tanto, ter
clareza do seu papel e firmeza em relayao a disciplina atraves da conquista da
confian<;a e respeito da tunma e condi9iio basica. Neste seu papel de agente
hist6rico de transformaryao, necessario tambem e que saiba resgatar os valores do
passado estando aberto a novos valores que vl'io se agregando pelas necessidade
25
advindas das contradi<;6es socials, polfticas, economicas, culturais num processo de
continuidade e ruptura que e 0 elemento do proprio desenvolvimento do Homern.
As experiencias acumuladas ao longo da vida devem ser aproveitadas em
situagOes escolares. A sala de aula e um espa90 de humaniza<;lio, de interac;ao
entre as pessoas, urna coletividade. A constru~o do relacionamento humano efundamental para a processo educativo. A constru980 do conhecimento em sala de
aula, necessita da construc;aoda pessoa e esta depende da constru<;lio do coletivo.
A aquisic;ao do conhecimento nao colTe separada das emo<;6es, do auto conceito,
da aceitar;ao que 0 aluno faz de 5i masmo, do professor e masma do ambiente em
que viva.A responsabilidade da disciplina nao e 56 do professor, nem do orientador
educacional ou do dlretor, mas partilhada no calativo da dasse, enda cada urn
envolve-se responsavelmente na organizayao. 0 professor coordena a processo,
mas 0 desejo de aula, de aprender deve ser assumido pelo sujeito-educando.
o trabalho coletivo nao pode ser perdido de vista. 0 professor deve dar
atenr;ao a todos, criando novas vinculos de conhecimento e relacionamento, dai a
importancia de conviver com os alunos dentro e fora de sala de aula.
A disciplina e fundamental para a vida em grupo, mas 0 excesso de imposic;ao
e controle pode significar submiss~o e passividade. Ela esta associada ao
desenvolvimento do individuo com um todo, por isso as normas estabeleddas pela
escola nao pod em ser r[gidas e absolutas, mas devem fluir natural mente do
relacionamento entre educador e educando. Para iSso, 0 educador deve ser capaz
de extrapolar sua pr6pria perspectiva do mundo, adentrando no mundo da crianc;:ae
construindo coletivamente as normas; pois na medida em que participam, assumem.
Quando a discipiina e assumida pela coletividade, a indisciplina e urna agresseo atodos e nao ao professor.
E precise trabalhar a afetividade, pois os objetivos querem ser reconhecidos,
amados, desejam Ter valor uns para os outros. Pode-se atuar sobre a afetivo via
cognitivo, pois quando a sujeito sabe as coisas, fortalece sua autovalla, e condi~es
afetivas favoraveis facilitam a aprendizagem. As intengOesdos educadores voltadas
para a a<;lio, reflexilo, 0 ancontro, a disponibilidade, a espontaneidade, a
26
criatividade, levam a educando a urna maior realiza~o passoal, grupal e requerem
a integrayao do corpo, sentimento e intelecto.o dialogo e fundamental na supera~o dos problemas de disciplina. Nem tude
pade ser reselvida no coletivD, as vazes e preciso urna ayao paralala de orienta9Bo
que de aa aluna condi<;<'lesde compreender seu campartamenta e Ihe permita a
superayao das contradic;08s. 0 professor deve fazer tudo 0 que estiver ao seu
alcance para resolver os conflitos em sala de aula, procurando resolver 0 problema
direlamente com 0 alune. Sa a problema asta na relayao professor-aluno e 8sta que
deve ser trabalhada, na pratica corriqueira.
No que diz raspaito aos alunos, e fundamental a conviv~ncia com a Qutro,
pais leva a potencializar e desenvolver-se; neste contato com 0 Dutro e que posso
enlrar no processo de vir-a-ser homem. Sa pretendemos urn ensina transformadof,
precisamas da participa9aa consciente e interativa em sala de aula. t:. importante
desenvolver a sensa de respansabilidade coletiva pela aprendizagem e pela
disciplina em sala de aula; assim como 0 raspaito ao Dutro e as Kcoisas'.
E preciso superar a postura individualista em sal a de aula, considerar 0
estuda como trabalha, lutar por melhores condi<;<'lesde ensina, fazer auta-avaliayao,
percebenda a impartancia da auta-disciplina.
Com relar;Ao a familia, esta dave retamar 0 dialogo, auxiliar as tithos numa
postura critica frente aDs meios de comunicar;Ao, ajuda-Ios a pansar sabre 0 sentido
da vida, nao acobertar arros e acreditar nas possibilidades dos mhos; desenvolver
em casa urna 'pedagogia da participayao', ande todds ensinam e aprendem.
No que diz raspaito aos limites, estabelecer e cumprir limites, nunca dizer urn
naa ao filha sem dizer 0 parque; ha que S9 pensar bem antes de ditar uma norma au
impor urna sanyaa ao filha. Incentivar a participayao de jagas, superar a
condicianamenta na base do 'esfar90-recompensa', 'premio-castiga', falar a verdade
para a crian~, S8 necessaria, aplicar a san~o par reciprocidade, na argumentar.;:aoapegar-se aa fatar principal.
A familia devera valorizar a escola e 0 estudo, nao sufocando a curiosidade
da crianrya, acompanhar sempre a vida escolar, encarar a avaliayao como parte do
pracessa educativa, nao camparar nota entre os filhos, supervisionar 0 estudo dos
27
filhos, orienta-los para que se preocupem em compreender 0 que estudam,
preocupar-se com a qualidade de ensina, apoiar as mudanyas da eseela e participar
da vida escolar.A sDciedade tambem pode e dave colaborar com a disciplina na eseela sa
comprometendo com a democratizal(Ao politica e economica, desenvolvendo uma
nova etica social, valorizando a educayao e seus profissionais, desenvolvendo urna
nova politica para as meiDs de comunicayao. A disciplina democratica na escola
depende da democratiza<;iio da sociedade. Os educadores devem estar
campromissados com 0 processo de transforma~o da realidade, visando urn projeto
comum da escola e da sociedade.
Com as formas de al(Ao aqui propostas, acreditamos que seja um passo para
que todos aqueles envolvidos no processo educacional percebam que a
(in)disciplina n~o e 56 urna questAo de 'dominar mentes e corpos', mas sim urn
processo que 0 ser humano come9a a adquirir desde que nasee, pois e urn sar
social. 0 que nao podemos fazer e buscar uma disciplina que nao esteja em
conformidade com a busca por uma educal(Ao de qualidade, formando agentes
transformadores da sociedade e naD alimentando 0 pr6prio sistema com 'cidadaos'
socialmente aceitos porem distantes do exercicio de sua plena cidadania.
28
CONSIDERAi;OES FINAlS
Procuramos, neste trabalho, aprofundar urn pouco mais is estudos sabre a
questao disciplinar que S8 faz presente no dia·a-dia da escoJa.No prime ira capilulo pode-se parceber as diferentes concepc;6es de disciplina,
refletindo sabre a que ha par tras dos varios conceitos apresentado, compreendendo
que estes sao reflexos de urna visao de mundo, de urna spoca, de urn determinado
momenta historico. Dai a necessidade de nao parar no tempo, superando ja a que
n~osatisfaz mais hoje e procurando saber 0 que S8 deseja atualmente com relac;aoa discipline.
Pela analise de como a questa.o disciplinar encontra-se no contexto escolar,
foi passivel apontar e refletir como tal questao vem sendo pensada, visla e
trabalhada. E, uma vez constatado que tal realidade nao satisfaz, percebeu-se a
necessidade de se repensar a disciplina como forma do premio-castigo, buscando
clareza no conceito de urna nova disciplina que respeite a coletivD, na construr;8o de
urn consenSD disciplinar.
Com esta reflexao sabre a papal que a disciplina exerce na escola, torna-se
evidenle que as alguns profissionais da educac;ao nao estao sabendo Iidar com ela.
Per iSso, muitas vazes continuam usanda de repressa.o e puni~o, que na verdade
nao ajuda em nada.
Depois de dez anos de trabalho em escolas publicas 8 particulares, pode-s8
estabelecer algumas conclusOes importantes:
• a disci pi ina e fundamental para que 0 processo ensino-aprendizagem
tenha exito;
• nao e atraves de repressao e imposiyao que se consegue disciplina: e a
conquista da evoluyBo de urn trabalho conjunto que envalve tadas as
segmentos da comunidada escolar;
• alunos que apresentam problemas de adequac;ao as normas disciplinares
da ascola acabam marginalizades no processo, abandonades au mesmo
excluidos das opartunidades. Na maieria das vezes! asses alunos
29
demon strand a suas dificuldades de aprendizagem ou de relacionamento
com a familia.
E fundamental e urgente que os profissionais ligados a area da educa<;iio
revejam seus pianos, repensem seus objetivos e reconsiderem sua propria conduta,
buscando caminhos que as auxiliem em sua pratica pedag6gica. Prorurancto auxiliar
neste ponto, apontamos algumas questOes com rela<;iio a disciplina desejada e
encaminhamos algumas formas de aeao sugeridas para a ascola, 0 professor,o
aluno, a familia e a sociedade, possam concretizar a disciplina como urna 'ordem
consentida livremente. >
Partanta, a compreens~o da disci pi ina como urn abjetivo educacional a ser
atingido So imprescindivel para orientar a ByaO pedag6gica na escola e dai,
certamente, conduzir as educadores e as educandos ao caminho de urna educa~o
de qualidade!
30
REFERENCIAS
ASCH, Solomon E. PSicologia Social. Sao Paulo: Companhia Editora
Nacional, 48 ed., 1977.
D'ANTOLA, Arlete (org). Disciplina da Escola: autoridade versus
autoritarismo. Sao paulo: EPU, 1989.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Sao Paulo: Cortez.
FRANCO, Luis A . C. A Disciplina na Escola. In Problemas de Educa,iio
Escolar. Sao Paulo, 1986.
GRAMSCI, A. Os Intelectuais e a Organiza9iio da Cultura. Rio de Janeiro:
Civiliza91!oBrasileira, 1982.
KAMII, Constance. A Autonomia como Finalidade da Educa,ao: implica,oes
da Teoria de Piagel. In: A Crian,a e 0 Numero. Campinas: Papirus, 1986.
LUNA, s. Davis, C. A Questao da Autoridade na Educa,ao. In: Cademo de
Pesquisa (761). Sao Paulo: Funda91!oCarlos Chagas, 1991.
MORAES, Regis de (org). Sala de Aula: que espa90 Ii esle? Campinas-SP:
Papirus, 1994.
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Disciplina: constru,ao de disciplina
consciente e interativa em sala de aula e na escola. Sao Paulo: Libertad,
1994.
WALLON, R. Disciplina e Perturba90es do Carater. In:Psicologia eEduca,iio da Crian,a.Lisboa, Veja, 1979