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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE BELAS-ARTES
A importância do lobby no espaço contemporâneo do
hotel
Proposta de um novo lobby para o Pestana Cascais
Sofia Ramos Bazenga Fernandes
Trabalho de Projeto
Mestrado em Design de Equipamento
Especialização em Design Urbano e de Interiores
Trabalho de Projeto orientado pelo Prof. Doutor Raul Cunca
2020
2
DECLARAÇÃO DE AUTORIA
Eu Sofia Ramos Bazenga Fernandes, declaro que o presente trabalho de projeto de mestrado
intitulado “A importância do lobby no espaço contemporâneo do hotel: Proposta de um
novo lobby para o Pestana Cascais”, é o resultado da minha investigação pessoal e
independente. O conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente
mencionadas na bibliografia ou outras listagens de fontes documentais, tal como todas as
citações diretas ou indiretas têm devida indicação ao longo do trabalho segundo as normas
académicas.
O Candidato
Lisboa, 13/8/2020
3
RESUMO
A palavra lobby provém do latim LOBIUM e expressa, não só a associação a um espaço,
vestíbulo ou antecâmara, como também a prática de lobbying, que foi efetuada desde
épocas passadas, em diferentes espaços onde o diálogo procurava, persuadir os
interlocutores para promoção de ideias ou propagação de determinadas ações. Lugar,
portanto, de encontro e de diálogo.
O espaço do lobby, hoje, integrado nas unidades hoteleiras surge como a continuidade e
como uma memória dos encontros entre os primeiros viajantes, que instituem o conceito
da deslocação de um lugar para outro, assim como a necessidade de criar os primórdios
da hospedagem, acolhimento, alimentação, etc.
Com o aumento das viagens, do comércio e as necessidades dos hóspedes, a hotelaria
evoluiu, o que contribuiu para o aparecimento de novas e variadas tipologias de
hospedagem, tais como a boutique hotel, o resort, o casino hotel, as pousadas, etc.
O lobby de um hotel é, possivelmente, a zona com maior importância em todo o
estabelecimento, por ser o espaço não só mais exposto, como o primeiro com que se
confronta o viajante. É neste universo que se cria o maior e mais decisivo impacto para
as pessoas que o visitam ou que o atravessam. Deste modo, o lugar concedido ao lobby
pode ser utilizado, muitas vezes, como instrumento de persuasão e propagação da imagem
que o hotel pretende transmitir. É a partir desta ideia que se pretende refletir e intervir no
ambiente reservado ao lobby. Por esse motivo, neste projeto de design, optou-se por
selecionar um estabelecimento hoteleiro – Hotel Pestana Cascais – Ocean Conference
Aparthotel (Pestana Hotel Group), expondo novas propostas para a disposição da área,
assim como recomendar novo equipamento, com o intuito de atualizar e revitalizar o
espaço adequando-o melhor ao tempo atual, ao local onde se insere e à atmosfera que
pretende difundir. Como material de apoio para este trabalho de projeto, realizou-se uma
pesquisa com incidência no lobby, de modo geral e nos lobbies da empresa Pestana Hotel
Group, em particular, contextualizando-os no plano histórico, e sublinhando a
importâncias de cada um deles, de modo a que se desenvolva melhor entendimento para
futuras projeções de lobbies em estabelecimentos hoteleiros.
Palavras-Chave:
Design; Lobbies; Hotelaria; Pestana Hotel Group: Hotel Pestana Cascais.
4
ABSTRACT
The word lobby comes from LOBIUM in Latin and it conveys not only to a space, vestibule
or antechamber, but also to the practice of lobbying. This practice has been carried out for
decades in different spaces where dialogue searched to persuade communicators in the
promotion of ideas or propagation of given actions.
Currently, the lobby area integrated in hospitality emerges as a continuity and a memory of
the meetings between the first travelers, that established the notion of moving from one
place to the next, as well as the necessity of creating the early stages of hospitality, lodging,
etc.
As travels, commerce and guest needs have significantly increased, hotel management has
evolved which has helped creating new types of hospitality such as boutique hotels, resorts,
casino hotels, inns, etc.
The hotel lobby is quite possibly, the most important area in the facility as it is not only the
most exposed space as well as the first impression for a newly-arrived traveller. The major
impact for visitors and passers-by is created in this universe. This way, a lobby can be used
as a form of persuasion and an image propagation tool for the hotel. Starting from this idea,
this project aims to reflect and seek intervention in the environment that is reserved for
lobbies. For this reason and for this design project it was chosen a hotel – Hotel Pestana
Cascais – Ocean Conference Aparthotel (Pestana Hotel Group) bringing to light new space
dispositions, recommend new equipment with the intention of updating and revitalizing the
space as well as bringing it up to date and modernizing it to the place it is located in. A
research focusing on lobbies, in general as well as at the Pestana Hotel Group, was conducted
as supporting material in order to contextualize it in a historic plan, highlighting the
importance of each of them so they can develop a better understanding for future hotel lobby
projections and designs.
Keywords:
Design; Lobbies; Hospitality; Pestana Hotel Group: Hotel Pestana Cascais.
5
Agradecimentos
Para a realização deste trabalho de projeto, tive o privilégio de contar com o apoio e com
ajuda de diversas pessoas para as quais não posso deixar de exprimir o meu mais profundo
agradecimento. Assim, gostaria de deixar aqui expressas algumas palavras de
reconhecimento pelo tempo que me concederam.
Em primeiro lugar, queria agradecer ao Professor, meu orientador, Prof. Doutor Raul
Cunca, por ter aceitado acompanhar-me na realização deste trabalho. Estou-lhe
profundamente reconhecida pela disponibilidade e pela paciência que sempre manifestou
ao longo de todo este processo.
Em segundo lugar, estou também agradecida à arquiteta Catarina Sequeira Silva que, não
só me sugeriu temáticas utilíssimas para este projeto, como me acompanhou na parte
inicial da pesquisa. Ao Pestana Hotel Group estou igualmente grata pelo apoio sempre
obtido, quer pelos arquitetos e engenheiros, quer pelos serviços administrativos.
Não posso deixar de agradecer à minha família pela tolerância expressa às minhas
ansiedades, pela ajuda e pelo apoio em todos os momentos.
Por fim, aos meus amigos que me muito me suportaram durante a elaboração deste
trabalho. Deles gostaria de mencionar particularmente as contribuições essenciais da
Matilde e da Filipa. Elas sabem como lhes estou reconhecida.
6
Índice
Parte I 12
1. Introdução 12
1.1. Definição do tema 12
1.2. Objetivos 13
1.3. Estrutura da dissertação 14
1.4. Metodologia 15
2. O Lobby 16
2.1. O conceito e sua origem 16
2.2. Evolução do Lobby no espaço hoteleiro 18
2.3. A importância e o respetivo impacto do Lobby de hotel 28
2.3.1. Fatores caraterísticos e marcantes no lobby 28
2.4. Elementos constitutivos do Lobby 33
2.4.1. A receção 33
2.4.2. O bar 35
2.4.3. O lounge 37
2.5. Lobbies Internacionais Emblemáticos 38
2.5.1. Raffles Hotel Singapore (Singapura) 39
2.5.2. Mandarin Oriental (Barcelona, Espanha) 41
2.5.3. Four Seasons (Paris, França) 43
2.5.4. Four Seasons (Guangzhou, China) 44
2.5.5. Fairmont San Francisco (Califórnia) 45
2.6. Síntese 47
3. Pestana Hotel Group 48
3.1. Caracterização do Grupo Hoteleiro 48
3.2. História e percurso 48
3.3. Fundadores 64
3.3.1. Manuel Pestana 64
3.3.2. Dionísio Pestana 65
3.4. Características da Empresa 67
3.5. As marcas 71
3.5.1. Pestana Hotels & Resorts - Cosmopolitan Hotels & Paradise Resorts 71
3.5.2. Pestana Pousadas de Portugal Monument & Historic Hotels 72
3.5.3. Pestana Collection Hotels 74
3.5.4. Pestana CR7 Lifestyle Hotels 75
3.6. Valores da Marca 76
7
3.7. Breve análise de lobbies das diversas marcas hoteleiras 80
3.7.1. Lobby da marca Pestana Hotels & Resorts 80
3.7.2. Lobby da marca Pestana Pousadas de Portugal 82
3.7.3. Lobby da marca Pestana Collection Hotels 83
3.7.4. Lobby da marca Pestana CR7 Lifestyle Hotels 85
3.8. Síntese 87
Parte II 88
1. Projeto para o Lobby do Hotel Pestana Cascais - Ocean Conference
Aparthotel 88
1.1. Apresentação programática 88
2. Contextualização do projeto 88
2.1. O espaço 88
2.1.1. Enquadramento Histórico 88
2.1.2. Análise do espaço 91
2.2. Equipamento 108
2.2.1. Equipamento - Zona de receção 108
2.2.2. Equipamento - Zona do bar 111
2.2.3. Equipamento – Zona do lounge 113
Desenhos técnicos 119
3. Síntese 120
Considerações finais 121
Bibliografia 124
Webgrafia 124
Anexos 130
8
Índice de Figuras
Figura 1 - Hotel Willard durante a Guerra Cívil. Fonte: Brownstein. 2012 17
Figura 2 - Fachada do Hotel Ritz no ano 1898. Fonte: 21
Figura 3 -Lounge do Hotel Morgans, Manhattan. Fonte: Jetsetter, 2020. 26
Figura 4 - Fachada do hotel Stevens Chicago em 1922. Fonte: Chicagology, 2020. 23
Figura 5 - Fachada do Hotel Puerta América, em Madrid. Fonte: Hernandéz, 2020. 26
Figura 6 - Mapa dos principais fatores da importância do lobby. 29
Figura 7 – Fachada do Raffles Hotel Singapore. Fonte: CNN Travel, 2020. 40
Figura 8 - Lobby do Raffles Hotel Singapore. Fonte: Reid, 2019. 41
Figura 9 - Rampa da entrada do hotel Mandarin Oriental em Barcelona. Fonte: Ondiseno,
2019. 42
Figura 10 - Lobby do Mandarin Oriental em Barcelona. Fonte: Ondiseno, 2019. 43
Figura 11 - Lobby do Four Seasons Hotel George V em Paris. Fonte: Mattos, 2014. 43
Figura 12 - Lobby do Four Seasons em Guangzhou, na China. Fonte: ArchDaily, 2020.
44
Figura 13 - Lobby do Fairmont San Francisco. Fonte: Fairmont, 2020 46
Figura 14 - Tabela representativa da evolução história das cadeias hoteleiras Portuguesas
de 2008 a 2017. Fonte: Deloitte, 2018. 48
Figura 15 - Manuel Pestana e Mário Soares na inauguração do primeiro hotel do Grupo
Hoteleiro, em 1972. Fonte: Pestana Group, 2020. 49
Figura 16 - Dionísio Pestana a cumprimentar Mário Soares na cerimónia de abertura do
primeiro hotel do Grupo Hoteleiro. Fonte: Pestana Group, 2020. 50
Figura 17 -O primeiro traço feito pelo arquiteto Oscar Niemeyer do Pestana Casino Park.
Fonte: Wink, 2012. 52
Figura 18 - Prédio Funchal, Lourenço Marques. Fonte: The Delagoa Bay World, 2020.
53
Figura 19 - Pestana Rovuma Hotel, Moçambique. Fonte: House Of Maputo, 2020. 54
Figura 20 - Palácio Valle Flor em construção, publicado na Revista Lisboa Moderna.
Fonte: Olhai Lisboa, 2020. 56
Figura 21 – Edifício das Cocheiras do Palácio Valle Flor, publicado pela Revista Lisboa
Moderna. Fonte: Olhai Lisboa, 2020. 57
Figura 22 - Logotipos das três submarcas no início de 2015, ano do Rebranding da marca
Pestana. Fonte: Meios e Publicidade, 2020. 62
9
Figura 23 - Gráfico representativo da posição do Pestana Hotel Group no Mundo. Fonte:
Pestana Group, 2020. 66
Figura 24 - Esquema das principais caraterísticas do Pestana Hotel Group, esquema
proposto pela autora. 68
Figura 25 - Gráfico do número de quartos pelo mundo e por segmento do Pestana Hotel
Group. Fonte: Pestana Group, 2020. 69
Figura 26 - Gráfico representativo do número de incidência em várias tipologias de
propriedade do Pestana Hotel Group. Fonte: Pestana Group, 2020. 70
Figura 27 - Logotipo da submarca, Pestana Hotels & Resorts. Fonte: Jornal I, 2020. 71
Figura 28 - Logotipo da submarca, Pestana Pousadas de Portugal. Fonte: Pestana Group,
2020. 72
Figura 29 - Logotipo da submarca, Pestana Collection Hotels. Fonte: Banco Best, 2020.
74
Figura 30 - Logotipo da submarca, Pestana CR7 Lifestyle Hotels. Fonte: Pestana Group,
2020. 75
Figura 31 - Logotipo do Programa Planet Guest do Pestana Group Hotel. Fonte: Pestana
Group, 2020. 77
Figura 32 - Áreas de atuação estratégica do Programa Sustentabilidade do Pestana Hotel
Group. Fonte: Pestana Hotel Group, 2018. 78
Figura 33 - Lobby do Hotel Pestana Carlton Madeira. Fonte: Sofia Fernandes, 2019. 80
Figura 34 - Lobby do Hotel Pestana Carlton Madeira. Fotografia: Sofia Fernandes, 2019.
81
Figura 35 - Lobby da Pousada Pestana Churchill Bay, na ilha da Madeira. Lounge, bar e
receção, respetivamente. Fotografia: Sofia Fernandes, 2019. 82
Figura 36 - Lobby da Pousada Pestana Churchill Bay, na ilha da Madeira. Fotografia:
Sofia Fernandes, 2019. 83
Figura 37 - Lobby do Pestana Palace Lisboa. Fotografia: Sofia Fernandes, 2018. 84
Figura 38 - Lobby do hotel Pestana Palace Lisboa. Fotografia: Sofia Fernandes, 2018 85
Figura 39 - Lobby do hotel Pestana CR7, na ilha da Madeira. Fotografia: Sofia Fernandes,
2019. 85
Figura 40 - Lobby do hotel Pestana CR7, na ilha da Madeira. Fotografia: Sofia Fernandes,
2019. 86
Figura 41 - Registo antigo do lobby do hotel Pestana Atlantic Gardens. Fonte:
Tripadvisor, 2020. 89
10
Figura 42 - Registo da versão visual do lobby do hotel Pestana Atlantic Gardens em 2012.
Fonte: Tripadvisor, 2020. 90
Figura 43 - Esboços realizados em 2002, altura que forem efetuadas alternações devido a
problemas de infiltrações. 91
Figura 44 - Render da zona da receção, sob o ponto de vista da porta de entrada do hotel.
101
Figura 45 - Renders da zona de receção, sob o ponto de vista do corredor de circulação.
102
Figura 46 - Render a partir da zona da receção. 102
Figura 47 - Render da zona do bar, sob o ponto de vista da passagem entre o lobby e o
restaurante. 103
Figura 48 - Render da zona de circulação entre o bar e lounge. 104
Figura 49 - Render da zona do bar, sob o ponto de vista do corredor de circulação. 104
Figura 50 - Render da zona do lounge, sob o ponto de vista da zona de descontração. 105
Figura 51 - Render da zona do lounge, sob o ponto de vista do corredor de circulação.
106
Figura 52 - Render da zona do lounge, sob o ponto de vista da zona de trabalho. 106
Figura 53 - Render da zona do lounge, sob o ponto de vista da zona do bar. 107
Figura 54 - Render do lobby visto da porta de entrada. 107
Figura 55 – Render do balcão da receção, vista de frente. 108
Figura 56 - Render do balcão da receção, vista de trás. 109
Figura 57 - Render do sistema de arrumação de cartões magnéticos. 109
Figura 58 - Render do sistema de arrumação de cartões magnéticos, vista aproximada.
110
Figura 59 - Render da peça do sistema de arrumação 110
Figura 60 - Render do sistema de arrumação de cartões magnéticos. 110
Figura 61 - Render do balcão do bar, vista de frente. 111
Figura 62 - Render do balcão do bar, vista de trás. 112
Figura 63 - Render da cadeira do bar. 113
Figura 64 - Renders da mesa da zona de apoio ao serviço de bar 114
Figura 65 - Render do sofá/banco da zona de descontração do lounge. 114
Figura 66 - Renders do segundo sofá mais pequeno da zona de descontração do lounge.
115
11
Figura 67 - Render do sofá mais comprido, com fixação do sofá alto através do velcro.
115
Figura 68 - Render do sofá comprido, que serve de encosto e é fixado ao sofá comprimido
baixo, através do velcro. 116
Figura 69 - Render do balcão situado na zona de trabalho do lounge. 117
Figura 70 - Render do balcão da zona de trabalho do lounge. 117
Figura 71 - Renders do banco da zona de trabalho do lounge. 118
12
Parte I
1. Introdução 1.1. Definição do tema
A evolução da hotelaria foi, naturalmente, exigindo ao longo do tempo, a forte
intervenção do Design como um aliado incontornável na sua conceção. O design de
interiores de um hotel reflete, muitas vezes, as tradições culturais dos locais, o ambiente
em que se envolve, e o mercado-alvo que pretende atingir.
Assim, se pode entender afirmações como esta: «Hotel design is influenced by many
factors: the functions of the hotel and the local cultural and physical environment.» 1(Yu,
1999)
No âmbito do conhecimento da área de Design de Interiores, este trabalho pretende
entender a relevância de um dos espaços de maior importância em um estabelecimento
hoteleiro – lobby –. É compreendido como o lugar de maior impacto em todo o
estabelecimento, sendo aquele onde se criam as primeiras impressões, onde se retêm
memórias, onde se revivem imagens. Na maioria das vezes é composto por elementos
indispensáveis como a receção, o bar ou até o lounge.
O lobby é ainda reconhecido como um ambiente que pode favorecer a escolha de um
hotel, podendo assim avaliarmos a importância que os lobbies mais emblemáticos podem
adquirir quer através da sua visibilidade, quer através da sua opulência ou simplicidade.
Assim se entende o reconhecimento dado a vários casos com a atribuição de prémios a
empresas de hotelaria, que, não poucas vezes, pode estender-se a toda a unidade hoteleira.
Uma recompensa ao lobby pode ser compreendida como uma distinção a toda a unidade
hoteleira.
No seguimento da abordagem ao tema, foi efetuada uma investigação sobre a empresa
Pestana Hotel Group, explicando o início e crescimento do Grupo, as principais
1 «O design de hotel é influenciado por muitos fatores: as funções do hotel, a cultura do local e o ambiente físico.» (Tradução livre pela autora)
13
caraterísticas e de que forma os lobbies dos seus hotéis podem ou não ser relevantes para
hóspedes.
Com o desenvolvimento deste projeto, pretende-se demonstrar a importância do lobby em
um estabelecimento hoteleiro, tendo em conta os principais fatores deste espaço e da sua
atmosfera envolvente, apresentando uma proposta de renovação para um lobby
específico, tendo sido interpretado como pouco adequado para as necessidades dos seus
hóspedes e visitantes, pertencente à marca hoteleira, aqui selecionada.
1.2. Objetivos A presente investigação visa salientar e esclarecer a importância que adquire o primeiro
impacto, aplicado ao espaço dedicado ao ingresso e ao acolhimento em um hotel. Esta
proposta de projeto pretende renovar o espaço do lobby do Hotel Pestana Cascais, com
base em fatores de maior impacto e relevância, enquadrando-os e definindo-os no âmbito
da cultura de uma empresa com vários anos de experiência na prática hoteleira. Este
trabalho propõe também determinar e esclarecer as necessidades e exigências adequadas
ao lobby em cada espaço hoteleiro, pondo em evidência as condicionantes da marca e do
espaço onde se localiza o estabelecimento. Um hotel posicionado à beira mar não terá o
mesmo tipo de configuração que um hotel integrado em um edifício histórico.
Deste modo é possível estabelecer os seguintes objetivos gerais:
- (1) Requalificar o espaço com nova abordagem - (2) Caraterizar o lobby e os seus fatores; - (3) Caraterizar a empresa Pestana Hotel Group e definir a sua cultura e os seus valores; - (4) Verificar o crescimento e evolução histórica do lobby, no caso concreto de uma cadeia hoteleira -- da empresa Pestana Hotel Group; Objetivos específicos: - (1) Compreender a origem do lobby e sua importância na empresa Pestana Hotel Group; - (2) Determinar e definir os elementos constitutivos do lobby; - (3) Analisar o local e o espaço de intervenção e a atmosfera envolvente;
14
- (4) Analisar os problemas e propor soluções na área de intervenção; - (5) Definir os principais fatores de impacto do lobby; - (6) Refletir sobre o reconhecimento dos lobbies mais emblemáticos a nível internacional; 1.3. Estrutura da dissertação
A estrutura do trabalho é composta fundamentalmente por uma componente teórica e por
uma componente prática, organizando-se da seguinte forma:
A componente teórica abrange a primeira parte que, por sua vez, inclui também dois
capítulos que complementam e fundamentam o desenvolvimento do projeto. No capítulo
2 desta primeira parte, focaliza-se no conceito de lobby, apresentando conceitos gerais
sobre a origem da palavra, sobre a evolução histórica da hotelaria e o sobre o surgimento
da nova perceção do lobby. É exposta uma definição e caraterização dos principais fatores
de impacto do lobby, assim como são definidos os elementos constitutivos. Por último,
são ainda analisados os casos de lobbies mais emblemáticos a nível internacional que
podem servir como referência para diversos projetos futuros, e também como fatores
atrativos para hóspedes ou visitantes.
No capítulo 3 deste setor, é analisada e aprofundada a cultura da empresa Pestana Hotel
Group, a instituição do grupo, a evolução histórica, o crescimento e a expansão hoteleira.
Neste capítulo, é feita uma contextualização das caraterísticas principais da empresa, os
valores éticos que pretende divulgar e ainda são definidas as submarcas hoteleiras,
distinguindo-as e realizando uma breve análise de um lobby de cada uma das submarcas.
A componente prática pretende, depois, fundamentar o resultado da reflexão, retirada a
partir da pesquisa temática realizada, através de uma proposta de trabalho de projeto para
o lobby do Hotel Pestana Cascais – Ocean Conference Aparthotel. Nesta terceira parte,
são analisados vários dados, como a localização onde se insere o estabelecimento
hoteleiro, o próprio espaço do lobby e as diferentes intervenções já realizadas ao longo
dos anos precedentes. Neste âmbito, são definidas também as problemáticas do espaço,
através da apresentação do levantamento fotográfico e são apresentadas sugestões e
advertências para a resolução de alterações.
15
Por fim, serão expostos modelos de equipamento e nova estrutura organizacional do
espaço, estabelecendo nova proposta renovada do lobby. Estes elementos finais,
imprescindíveis ao trabalho de projeto, também incluem desenhos técnicos, plantas,
cortes, esquemas percebidos pela autora e ficheiros complementares em anexo.
1.4. Metodologia
A metodologia utilizada para a concretização da presente investigação teve por base a
recolha de informação bibliográfica, maioritariamente no capítulo 2, sobre a evolução da
hotelaria e o surgimento e origem do lobby. Essa pesquisa bibliográfica procurou entender
e enquadrar a importância e o impacto do lobby como o primeiro espaço que mais
condiciona – positiva ou negativamente quem entra ou quem observa uma unidade
hoteleira.
Na pesquisa sobre os elementos constitutivos do lobby são definidos os conceitos e
principais caraterísticas, através de fundamentos teóricos, e como complemento a este
tema de investigação, são ainda analisados de forma breve os lobbies mais reconhecidos
internacionalmente.
Relativamente ao capítulo 3, é efetuado um processo de recolha de informação através
de artigos, publicações de revistas e notícias, e esta fase tem como propósito definir os
marcos históricos da empresa hoteleira em análise, registar a sua evolução e percurso, e
caraterizar o registo apresentado pela empresa, com apresentação de um levantamento
fotográfico da autoria da autora para uma melhor compreensão dos lobbies.
Esta metodologia contribui para um enquadramento completo e construtivo do tema
obtendo, desta forma, uma orientação para o desenvolvimento do trabalho de projeto.
Nesse último processo, são realizadas análises de dados recolhidos por levantamentos
fotográficos e de medidas do espaço, sugerindo outras formas de organização espacial e
estrutural, e apresentando novos modelos de equipamento e mobiliário, contribuindo
assim para a apresentação e renovação de um conceito mais adequado às necessidades
dos utilizadores do espaço, e do ambiente, do local e do tempo em que se insere.
Em conclusão, as soluções apresentadas poderão apresentar uma boa alternativa, apesar
da consciência de que tendências e necessidades estão em constante mutação.
16
2. O Lobby
2.1. O conceito e sua origem Lobby2 é uma palavra de origem inglesa de proveniência latina (LOBIA ou LOBIUM)
que tem mais do que um significado. Em primeiro lugar, lobby exprime por um lado, o
acesso a um espaço (um vestíbulo, uma antecâmara, uma sala de espera, quer num hotel,
teatro, casa, ou apartamento...). Por outro lado, lobby pode também referir-se à ação
exercida por alguém sobre outro para obter um resultado favorável.
Hoje em dia, o termo Lobby é atribuído ao que antes era unicamente intitulado como
receção, como hall de entrada ou átrio em um espaço público. É entendido como primeiro
espaço para acolher utilizadores, e é, muitas vezes, o lugar comum que dá acesso a outras
salas, como, por exemplo, bar, quartos, elevador, etc., podendo chegar mesmo a ser
considerado como o espaço com maior fluxo de circulação.
O Lobby, em um determinado hotel, pode abrigar por vezes os visitantes para certos
eventos, nomeadamente encontros, reuniões, congressos, workshops, celebrações, ou
apenas encontros de lazer e descontração. Além disso, é uma zona que, pelas suas
caraterísticas em open space implica diversas responsabilidades, por se distinguir como
um espaço multifuncional.
No entanto, a palavra Lobby pode ser interpretada também com o sentido do verbo que
justifica a sua interpretação inicial. Em latim medieval, o termo Lobia significava claustro
de mosteiro, o que quer dizer que a palavra naquele momento estava associada ao
recolhimento, ao silêncio, ao falar em voz baixa, ao recolher-se com Deus, à serenidade
do murmúrio em diálogo divino com monges, freiras, frades. Os claustros em mosteiros,
conventos, igrejas, catedrais, abadias, etc. eram não apenas espaço de meditação, mas
espaço aberto, o que permitia contato com o ar livre e contemplação silenciosa do céu e
dos outros. Dava-se, por isso, a designação de clausura, à vivência nos claustros, à
atividade de sustentar entre os religiosos, ambiente de reflexão, de oração, e,
2 Segundo Mata (2000), a palavra lobby, é usada com o sentido de ilustrar um grupo ou uma pessoa que consegue favores dos políticos, nasceu no Hotel Willard da Cidade de Washington D.C., nos USA, pois nos finais do século passado as pessoas posicionavam-se estrategicamente no Lobby do hotel para comunicarem os congressistas que nele se hospedavam.
17
principalmente, de união entre as mesmas crenças religiosas. Porém, e apesar da
desvinculação física com o mundo exterior fora do mosteiro, os monges pretendiam
manter a ligação com a Humanidade e com as suas respetivas dificuldades através da
oração. O recolhimento – o diálogo – com Deus poderia efetuar-se em qualquer lugar,
mas a igreja, as celas, os claustros favoreciam o isolamento, a reflexão e a observação do
outro que também se concentra na súplica.
Em Inglaterra, no entanto, as primeiras utilizações do termo remontam ao séc. XIX em
âmbito político Desde 1830, a expressão «the lobby of the House» designava os
‘corredores’ da Câmara dos Comuns, a ‘sala dos passos perdidos’, onde os membros dos
diferentes grupos de pressão podiam vir ‘fazer os corredores’, quer dizer, discutir com os
Members of Parliament (parlamentares).
Do mesmo modo, nos Estados Unidos, durante a Guerra da Secessão, o general Ulysses
S. Grant3, depois do incêndio da Casa Branca, instalou-se no Hotel Willard4, onde o rés-
do-chão (Lobby) foi invadido por grupos de interesse muito diferenciado. Historicamente,
várias decisões importantes foram resultantes de discussões no lobby, originando a prática
a expressão, que conhecemos, hoje como lobbying.
3 Ulysses S. Grant (1822-1885), militar e político americano, foi também o 18º Presidente dos Estados Unidos, entre 1869 e 1877. 4 O Hotel Willard é considerado o primeiro hotel a conhecer e receber a prática dos lobistas por volta de 1864-69, época que em Ulysses S. Grant governou o país e foi abordado no lobby deste hotel por uma série de pessoas que pediam ajuda com casos que envolviam o governo.
Figura 1 - Hotel Willard durante a Guerra Cívil. Fonte: Brownstein. 2012
18
Significa esta evolução de sentido que a própria língua portuguesa, tendo utilizado as
formas hall, entrada ou receção5, se vai apropriar, mais recentemente, também da
denominação lobby para o ingresso hoteleiro, devido à proporção, à dimensão e à
simbologia que estes espaços adquiriram na hotelaria moderna.
2.2. Evolução do Lobby no espaço hoteleiro
Não podemos refletir sobre a evolução do Lobby sem mencionar, em primeiro lugar, o
próprio desenvolvimento do hotel, da hotelaria e do aparecimento destes espaços para o
público.
Segundo Quintas (1971), as origens da hotelaria, mais precisamente, a prática e a
sensibilidade da hospitalidade surgem nos primórdios da civilização.
«Hotel é o meio de hospedagem mais convencional e comummente encontrado em
centros urbanos. É o estabelecimento onde os turistas encontram acolhimento e
alimentação em troca de pagamento por esses serviços. Hotel é uma empresa pública que
visa obter lucro oferecendo ao hóspede alojamento, alimentação e entretenimento»
(Cândido e Viera, 2003, p. 24).
O primeiro contacto estabelece-se na primeira sala, ou no primeiro espaço que o utilizador
observa, independentemente do termo que lhe foi atribuído (hall, entrada, receção,
lobby). O conceito idealizado para receber o visitante ou hóspede surge nas primeiras
viagens que foram realizadas. Estas, como se sabe, tiveram origem na Grécia Antiga, com
os primeiros jogos Olímpicos, marcando o início da hospedagem e, por sua vez, o da
hotelaria.
Na Olímpia, os espetadores dos jogos pernoitavam durante vários dias numa hospedaria
com mais de 10 mil metros quadrados, sendo considerado por muitos estes tipos de
alojamento o primeiro hotel do mundo.
«As primeiras hospedagens devem ter ocorrido nos tempos de Olympia e Epidauro
quando os povos da época tinham necessidade de viajar muito, porque qualquer tipo de
comércio só podia ser praticado com o deslocamento de pessoas para vender e comprar
5 Mata (2000), considera que a receção é o local do hotel onde são recebidas e controladas todas as mercadorias que entram para o hotel, para uso ou consumo.
19
produtos. Para isso deveriam existir locais para essas pessoas hospedarem-se» (Cândido
e Viera, 2003, p. 27).
Na época do Império Romano perdurava o designado hostellum, uma espécie de palacete,
que hospedava apenas pessoas de classe nobre, e que era conhecido pelo luxo e pelos
serviços oferecidos a seus clientes, infraestruturas, que variavam de hospedaria para
hospedaria.
Durante a Idade Média, surgiram os primeiros espaços da atividade hoteleira com fins
comerciais, e a religião e a hospitalidade aliaram-se, chegando a acolher peregrinos,
padres, missionários em mosteiros ou conventos que funcionavam como pousadas.
Algumas tabernas6, localizadas ao longo das estradas, ofereciam alimentação, serviços,
manutenção e mesmo alojamento e limpeza para as charretes7 ou outro tipo de veículos.
É assim que podemos recordar que «aos modestos refúgios, estabelecidos sob os pórticos
dos templos, onde os viajantes a pé ou a cavalo faziam breves altas, sucederam os
albergues e os cabarets, onde os peregrinos e os negociantes podiam pernoitar, mediante
pagamento» (Quintas, 1971, p. 8).
A estabilidade e preparação dos meios de hospedagem possibilitaram a existência de
cocheiras e estábulos para os cavalos, que puxavam as carruagens durante longos
percursos. Por volta do século XII, o desenvolvimento e frequência das viagens
aumentou, assim como a segurança, tendo obrigado vários países europeus a implementar
leis e regulamentações sobre a prática de hospedagem, como é o caso de França já no
século XIII e Inglaterra mais tarde no século XV:
Por volta de 1420, a lei francesa exige o cadastramento oficial dos
estabelecimentos destinados à hospedagem e reforça o cumprimento das leis em
vigor. Na Inglaterra, a lei estabelece os regulamentos internos para hospedarias, e
6 Conforme Cândido & Viera (2003), as tabernas e pousadas dispunham de empregados, que serviam os viajantes para qualquer necessidade, chegando a cuidar também dos animais, principalmente os cavalos, após viagens de longas distâncias. 7 As charretes eram veículos de tração animal, que se distinguiam da carroça por serem de uso quase exclusivo para passeio e viagens curtas, ao contrário das carroças que eram usadas para transportes diversos e habitualmente para trabalhos.
20
o governo passa a exercer rigoroso controle no seu cumprimento (Cândido e
Viera, 2003, p. 31).
Em Londres, um século mais tarde, os termos também evoluíram, e a palavra hostelers,
que significava ‘hospedeiros’ influenciou então paralelamente a criação de innholders –
hoteleiros (Medlik & Ingram, 2002). Os primeiros servos, ‘criados’ que prestaram serviço
nestes espaços de pousada, foram naturalmente os sujeitos dependentes:
Nas grandes cidades do Império Romano surgiram, então, os primeiros hotéis de
vários andares, tendo como pessoal escravos rudemente dirigidos. (Quintas, 1971,
p.8).
Conforme afirma Penner (2001), os hotéis, como os conhecemos, com salas privativas,
instalações recreativas e componentes de retaguarda, não eram comuns até ao
aparecimento da sumptuosa Tremond House em Boston. A partir dela, a América do
Norte e a Europa marcaram o primeiro grande desenvolvimento de hotéis:
O que realmente caracterizou o ponto de partida da hotelaria de luxo que persiste
até os dias atuais foi a construção, em Boston, em 1829, do Hotel Tremont House,
hotel de luxo com oito banheiros dentro do prédio, UHs privativas com
fechaduras, serviço de recepção, mensageiros para carregar a bagagem (o hotel
tinha cinco andares e não possuía elevador) e menu à la carte em seu requintado
restaurante. Pela beleza, requinte e conforto, pessoas importantes da época
aderiram a nova proposta de hospedagem representada pelos hotéis e passaram a
freqüentá-los: eram artistas, autoridades, políticos, religiosos e isso deu fama e
prestígio a essa nova opção comercial. (Cândido & Viera, 2003, p. 34).
A Revolução Industrial8foi o acontecimento mais importante na evolução dos meios de
transporte e simultaneamente na hotelaria, pois a grande parte da população começou a
ter acesso às viagens, através das carruagens a vapor, que surgem por volta de 1840, e
que circulavam nas novas ferrovias, implementadas por esta transformação social,
8 A Revolução Industrial corresponde à transição para novos processos de manufatura no período compreendido entre 1760 e 1840. A mudança incluiu a alteração de métodos de produção artesanais para a mecanização da produção. A revolução ocorreu inicialmente na Inglaterra e rapidamente se exportou para a Europa e para os Estados Unidos.
21
ocorrendo também, neste período, as viagens marítimas com os novos navios a vapor. Foi
em Inglaterra, em França e nos EUA que se notaram os avanços mais significativos. Os
albergues britânicos tornaram-se, assim, populares, pois foram os primeiros a obter
reconhecimento pelo seu acolhimento e pelos resultados alcançados.
Conforme Cândido e Viera (2003, p.34.) afirmam, a concorrência entre estes
estabelecimentos começou a aumentar e, poucos anos depois, o American Hotel de Nova
Iorque inseriu o sistema de iluminação a gás em todo o estabelecimento. O Holt’s Hotel,
também na América do Norte, implantou os elevadores exclusivos a bagagens e o New
York Hotel trouxe a novidade do sistema de banho privativo.
Um dos acontecimentos mais marcantes da história da hotelaria foi a construção do
primeiro Hotel Ritz9, em Paris em 1898. Foi César Ritz10, filho de camponeses franceses,
quem conduziu a hotelaria em França.
9 O primeiro Hotel Ritz, localizado na Place Vendôme, foi construído pelo arquiteto Hardouin-Mansart, e inaugurado em 1 de Junho de 1898. 10 César Ritz nasceu a 23 de Fevereiro de 1850, e era natural da cidade de Niederwald, localizada na Suíça-Alemã. Foi o terceiro filho de Anton Ritz, e o menos interessado na vida rural. Aos 15 anos de idade, iniciou os seus trabalhos no ramo hoteleiro, num hotel na cidade de Brig, na Suíça, com o cargo de auxiliar, encarregado de cuidar do depósito de vinhos.
Figura 2 - Fachada do Hotel Ritz no ano 1898. Fonte: Historic Hotel Of The World, 2020.
22
«Esse hotel foi um marco na hotelaria pois foi o primeiro estabelecimento hoteleiro a ter
iluminação elétrica e a equipar todos os seus aposentos com banheiro privativo e
telefone.» (Cândido & Viera, 2003, p.41).
Segundo Cândido e Viera (2003), trata-se de um edifício que transmite uma sensação de
bem-estar, de luxo, de sofisticação e elegância, de higiene, modernismo e estética,
constituído por cerca de 135 apartamentos e de 40 suítes, com vista para a famosa Place
Vendôme11.
Caraterizado pela sua decoração própria, e com a subtileza do classicismo francês
tradicional, hospedou diversas personalidades e famosos de renomes como Coco Chanel,
Maria Callas, Chopin, etc., como se pode verificar pelo histórico disponível no próprio
website do Hotel.12
O século XX é marcado pelos grandes progressos a nível económico, social e político
trazendo, mais tarde, consequências positivas a nível do design e do lobby. A evolução
tecnológica influenciou também a evolução turística, a introdução do elevador, de
sistemas eletrónicos, de iluminação elétrica, o nascimento do computador, do telefone, o
aquecimento central, e a canalização da água, no entanto, apesar de todas estas invenções
serem do século XIX, foi no século XX que se tornaram mais populares:
Hotels in the late 1800s were marked by technological innovation: central
heating; indoor plumbing; gas, then electric, lighting; elevators; telephones; and
so on. Also, during this period, the hotel became the center of much of the social
life in cities, and grand hotel dining rooms and ballrooms were developed.
Resorts began to prosper as the industrial revolution created wealthy families
who moved from the cities to luxurious rural resorts for the summer. Hotel
segmentation had begun. The twentieth century, especially since World War II,
has seen immense growth in the hotel industry. Roadside motor inns were
11A praça Vendôme encontra-se localizada no 1º ‘arrondissement’ de Paris, entre o Jardim das Tulherias e a igreja da Madeleine. Deve-se a sua conceção arquitetónica Jules Hardousin-Mansart, em 1699.
12 Informação disponível em http://www.historichotelsthenandnow.com/ritzparis.html
23
developed in the 1970s, and economy hotels, all-suite hotels, and “fantasy”
resorts in the 1980s.13 (Stipanuk & Roffman, 1996, p. 361).
Contudo, é difícil delinear uma evolução concisa especificamente do Lobby, porque
temos de a integrar na ideia de alojamento e do primeiro espaço que acolhe clientes, tendo
vindo a ser explorada e desenvolvida até chegarmos á planificação e estrutura que
conhecemos hoje.
Começando por ser o primeiro lugar, que acolhe o visitante ou o hóspede, é efetivamente
uma zona de receção, sem necessitar obrigatoriamente de um anfitrião que deva
rececionar as pessoas.
Alguns exemplos das fases importantes para a hotelaria ao longo deste século, situa-se
após a Primeira Guerra Mundial (1914 -1918), tendo sido considerado como o segundo
período de ouro para os investimentos e construções hoteleiras. Alguns dos hotéis com
maior importância deste período foram o Stevens Hotel, atual The Hilton Chicago, o Hotel
Pennsylvania, atual Statler Hotel, em Nova York, entre alguns outros.
O Stevens Hotel abriu em 1927 em Chicago, com cerca de 28 andares e 3.000 quartos foi
projetado para se adequar ao maior e ao mais exuberante hotel do mundo.
13 «Os hotéis no final do século XIX foram marcados por inovação tecnológica: aquecimento central; canalização interna; gás, depois elétrico, iluminação; elevadores; telefones; e assim por diante. Além disso, durante esse período, o hotel tornou-se no centro da grande parte da vida social nas cidades, e foram desenvolvidas salas de jantar e salões de grandes hotéis. Os resorts começaram a prosperar quando a revolução industrial gerou famílias ricas que se mudaram das cidades para luxuosos resorts rurais durante o verão. A segmentação de hotéis tinha começado. O século XX, especialmente desde a Segunda Guerra Mundial, registou um grande crescimento na indústria hoteleira. As pousadas ao longo da estrada foram desenvolvidas na década de 1970, assim como os hotéis económicos, e hotéis de suites e resorts de ‘fantasia’ na década de 1980.» (Tradução livre da autora)
Figura 3 - Fachada do hotel Stevens Chicago em 1922. Fonte: Chicagology, 2020.
24
Este hotel foi desenvolvido por James Stevens, pelo filho Ernest Stevens e pela família
que já administrava a companhia de seguros Illinois Life Insurance Company e o La Salle
Hotel. Esta unidade hoteleira era conhecida como uma ‘cidade dentro de uma cidade’,
por, para além de incluir lojas, salões para congressos, proporcionava um campo de
minigolfe no telhado, uma sala de cinema, uma barbearia, uma geladaria e até uma
farmácia. Teve a reputação de hospedar os Presidentes dos Estados Unidos da América
desde esta época, tendo sido Charles G. Dawes14, o primeiro convidado (30º Presidente
dos Estados Unidos entre 1925-1929).
Porém, a Grande Depressão trouxe falência a família Stevens, tendo sido acusada de
corrupção e desvios financeiros por parte do Estado de Illinois. Por volta de 1942, o
Exército dos EUA, durante a Segunda Guerra Mundial, comprou o Stevens Hotel, por
mais de metade do seu valor, com o intuito de abrigar os soldados, usando o
estabelecimento como quartéis e salas de aulas da Força Aérea. Poucos anos mais tarde,
a propriedade foi adquirida pelo empresário Conrad Hilton, tendo dado nome ao novo
hotel, que se mantém até aos dias de hoje. Desde a mudança de proprietários, este hotel
sofreu alguns danos, tanto por ir envelhecendo com o passar dos anos, como com a
Convenção Nacional Democrata de 1968 (Democratic National Convention), em que
dezenas de manifestantes se abrigaram neste mesmo edifício, deteriorando-o ainda mais.
Em outubro de 1985 e, após o encerramento e a requalificação das instalações, o hotel
abriu novamente ao público com uma redução significativa no número de quartos, que,
entretanto, se tornaram maiores e mais elegantes. A última reabilitação deste hotel data
de 2012 com a implementação de novos restaurantes, sobretudo com o objetivo de atrair
maior número de clientes.
Outros acontecimentos do século XX podem compreender-se, após as duas Guerras
Mundiais, pois a hotelaria passou períodos bastante irregulares, tendo momentos de
desenvolvimento e algumas fases de suspensão de atividade. Assim, com o surgimento
da grande depressão ocorrida na década de 1930, o desenvolvimento da hotelaria
14 Charles Gates Dawes foi o 30º vice-presidente dos Estados Unidos da América, entre 1925 e 1929. Charles foi premiado com o Nobel da Paz a 1925, pelo seu esforço e luta com o Plano Dawes, que pretendia viabilizar as indenizações da Guerra com a Alemanha.
25
americana sofreu, dificuldades graves, conduzindo diversos estabelecimentos hoteleiros
ao encerramento. É apenas em 1950 que pode notar-se uma recuperação expressiva.
Até aos finais do século XX, surgiram novos e variados estilos artísticos, resultantes de
outras conceções e diretrizes, que se refletiram também na hotelaria e, neste caso, no
design de interiores. O design do lobby expandiu o conceito da sua configuração, sofrendo
alterações espaciais, relativas à evolução que ocorria na época. Os lobbies foram durante
os anos 50 e 60 projetados com base numa escala relativamente pequena, condicionados
principalmente por princípios económicos. No entanto, por volta de 1970, nos hotéis
sobretudo americanos a escala aumentou consideravelmente e a exuberância passou a ser
notável.
O Hotel Hyatt Regency no centro de Atlanta, na Geórgia, marcou o design do lobby, em
1967, com a implementação de um novo átrio. O arquiteto John Portman desenvolveu um
projeto totalmente inovador para a época, um edifício com 22 andares e com uma cúpula
de vidro que permitisse ver o céu.
The prestige of Atlanta, Georgia soared afters its first atrium hotel, the Hyatt
Regency Atlanta, triggered a wave of a new development and catapulted the city
into the city into the future, further defining its role as capital of “the new South.15
(Penner, Adams & Robson, 2013).
Mais tarde, surgiram novas tipologias para o ingresso no hotel, sendo um exemplo a
Boutique Hotel. Em 1980, o empreendedor Ian Schrager, e o seu colaborador Steve
Rubell, criaram esta nova configuração com o objetivo de transformar o Morgans Hotel
de Manhattan numa boutique hotel.
15 «O prestígio de Atlanta, na Geórgia, disparou após seu primeiro hotel no átrio, o Hyatt Regency Atlanta, provocou uma onda de um novo empreendimento e catapultou a cidade para a cidade no futuro, definindo ainda mais seu papel como capital do “novo sul”» (Tradução livre pela autora).
26
Em conjunto com estes dois, trabalhou Andrée Putman, a arquiteta e designer de
interiores parisiense, acabando por marcar também a história do design de interiores.
Boutique hotels originated in marginal neighborhoods where inexpensive and
obsolete buildings were transformed into high-fashion lodgings. With their
explosive popularity and heavy investment from major chains, boutiques have
expanded to more central upscale locations in the city. Other markets that drive
location in the city are for the hotels located near major medical centers,
government centers, convention centers, financial markets, courts, universities,
and city halls.16 (Penner, Adams & Robson, 2013, p. 15).
No início do século XXI, surgiu um hotel que se destaca pela diferença e vigor, o Hotel
Puerta América, em Madrid, cujo estabelecimento é ainda hoje considerado como um dos
símbolos de modernidade. Qualificado com a categoria de luxo, este hotel representa um
espaço de união entre diferentes culturas e formas de interpretar o design e a arquitetura.
16 «As boutiques de hotel são originárias dos bairros marginais onde os edifícios baratos e obsoletos foram transformados em acomodações de alta costura. Com sua popularidade explosiva e um forte investimento de grandes redes, as boutiques expandiram-se para locais mais sofisticados da cidade. Outros mercados que conduzem a localização na cidade são para os hotéis localizados próximos aos principais centros médicos, centros governamentais, centros de convenções, mercados financeiros, tribunais, universidades e prefeituras» (Tradução livre pela autora).
Figura 4 -Lounge do Hotel Morgans, Manhattan. Fonte: Jetsetter, 2020.
Figura 5 - Fachada do Hotel Puerta América, em Madrid. Fonte: Hernandéz, 2020.
27
Na sua construção, estiveram presentes cerca de dezanove dos melhores arquitetos e
designers do mundo, de treze nacionalidades, que possibilitaram uma aliança com vários
materiais, texturas, cores e formas, acabando por criar espaços diversificados, propondo
uma liberdade criativa e flexibilidade de escolha para melhor consenso por parte dos
hóspedes e consumidores.
A estrutura do edifício consiste num esqueleto de betão armado com duas grandes alas
laterais em um núcleo central constituído por um lobby em frente a um amplo elevador.
Cada ala lateral está ligada a um corredor com acessos aos quartos e suites de cada um
dos lados. Este hotel com 14 andares tem uma forma diedra, que constitui um ângulo de
150º e as cores da sua fachada alteram com a luz à medida que incide nos toldos coloridos,
criando deste modo certo movimento e dinamismo ao edifício.
O hotel Puerta América foi inaugurado em 2006, e a obra contou com a participação de
personalidades como Jean Nouvel17, arquiteto e designer responsável pelo último piso e
pelas 12 suites do 12º andar, mas também por Javier Mariscal, Ricard Gluckman,
Fernando Salas, Victorio & Lucchino, Norman Foster, entre outras, que deram também o
seu contributo ao desenvolvimento deste espaço. O objetivo primordial deste projeto era
refletir luxo, inovação, autonomia, singularidade, e liberdade formal num
estabelecimento hoteleiro, evidentemente eclético, possibilitando aos hóspedes o poder
de descoberta para um universo sempre diferente em cada uma das visitas.
Relativamente ao século XXI, era da tecnológica e da inovação, a evolução constante da
tecnologia, torna difícil uma caraterização deste início de século com um único registo,
pelo facto de nos depararmos com inúmeras variedades de estilos, de linguagens, e de
elementos capazes de formar um ambiente e delinear uma tipologia de design.
Documentam-se práticas de risco com novos materiais, texturas, cores, formas com a
filosofia de não existirem limites.
O design do século XXI carateriza-se fundamentalmente pelo rigor e pela atenção a cada
pormenor. Há maior cuidado com a consistência e com o equilíbrio de cada um dos
17 Jean Nouvel é um arquiteto francês de renome. Estudou na Escola de Belas-Artes de Paris e já foi distinguido com diversos prémios nas suas áreas, tais como o prémio Aga Khan, o Wolf Prize in Arts e o Pritzker.
28
registos propostos. As formas geométricas voltam novamente a ter grande relevância de
modo mais sóbrio, e traduz-se, no geral, no design pensado na estética, mas também no
conforto, na ergonomia e principalmente nas exigências e necessidades do utilizador.
O lobby é a zona com maior importância e evidência em um hotel ou edifício, devido à
relevância que adquire a nível social, funcional, inclusivo, comunicativo e dinâmico. É
no lobby que se assume a linguagem respeitada em todas as outras salas e serviços, é no
lobby que se apresenta o conceito, do próprio hotel, pois a referência de acesso é dada por
arquitetos e designers de renome.
Algumas caraterísticas no design do século XXI passam também pelo uso de
determinados materiais e tecnologias, tais como: o PVC e a espuma; o uso comum de
plásticos e seus derivados; as cores vivas; alguma ousadia na idealização do projeto, mas
também certa liberdade; aplicação de couro ecológico; materiais recicláveis, e matérias-
primas ecológicas, em virtude da sustentabilidade; desenhos orgânicos; a valorização da
reflexão. No entanto, um fator importante era a consideração de um produto para
constituir um referencial em eficiência, passando a ser inovador, ter distinção estética,
funcionalidade e, cada vez mais, uma responsabilidade ética e preocupação ambiental.
2.3. A importância e o respetivo impacto do Lobby de hotel 2.3.1. Fatores caraterísticos e marcantes no lobby
O lobby é o primeiro espaço a acolher os hóspedes e/ou os visitantes, é o espaço que
introduz o tipo e a identidade do próprio hotel. É a partir do lobby que se transmite e se
traduz as primeiras intenções que possam atrair os clientes, ou apenas passar determinadas
mensagens a quem o visita, ou a quem vai permanecer durante algum tempo.
O lobby é o rosto do hotel, considerando-se um espaço apelativo que recebe quem chega
e que, ao mesmo tempo, transmite uma imagem de atendimento conforto, elegância ou
irreverência, entre tantos outros atributos materiais, que devem ser cuidadosamente
selecionados, de acordo com a imagem que o hotel ou grupo hoteleiro, procura pretender
transmitir aos seus utilizadores/clientes.
29
As expetativas ligadas a um hotel são sempre elevadas, independentemente de o utilizador
ser apenas um hóspede ou visitante. Qualquer um deles tem consciência que o primeiro
impacto já introduz informação essencial para se poder especular a identidade, o conceito
e o grau de classificação das restantes divisões do hotel, podendo, por isso, ser
influenciado pela acomodação, pelo conforto, pelo serviço, e em geral, pela experiência
que pode vir a usufruir. Deste modo, não é surpreendente que haja sempre muita
curiosidade ao entrar primeiramente no lobby, pois é o espaço que apresenta o que se
poderá vir a suceder durante a estadia ou a visita.
A importância do lobby pode ser avaliada pela qualidade dos materiais, do
mobiliário e da decoração que é, normalmente, superior aos demais ambientes,
incluindo os apartamentos. O lobby é um ambiente que está em plena
movimentação em relação à sua atmosfera. O ambiente do lobby de hotel
dependerá também do momento do dia em que ele acolhe o visitante ou o futuro
hóspede. Neste momento, há pessoas a serem acolhidas e processos a ser
executados, o que pode perfeitamente modificar toda a intenção original de ‘fala’
por parte do ambiente. (Castro, Butuhy & Paim, 2008).
Figura 6 - Mapa dos principais fatores da importância do lobby.
30
Considerado o espaço com maior impacto sobre os seus utilizadores, tanto a nível físico,
como a níveis de fatores sensoriais, através da ideia de receção que, na maioria das vezes,
pretende transmitir conforto, bem-estar, serenidade e tranquilidade e, principalmente, a
sensação de que se chega a um destino desejado. É necessário conseguir conceder ao
utilizador um espaço, um universo idealizado e surpreendente que faculte desejo não
apenas para permanecer, mas também para voltar. Deste modo, o lobby deve ser um
espaço único, individual, extravagante, acolhedor, excecional e inesquecível para que
consiga tornar a primeira impressão a mais importante e a mais perdurável.
Estes fatores, que influenciam um espaço, como o lobby, para a possibilidade de vir a
marcar a memória dos seus visitantes, passam também por cumprir as expetativas
lançadas e projetadas, pois, cada vez mais, a imagem que a entidade apresenta através da
internet ou de outros canais de informação, tem importância no ato de escolha e decisão.
Na maioria dos casos, as informações visuais e descritivas que o estabelecimento
disponibiliza sobre o estabelecimento, serviços, experiências, afeta a escolha do mesmo,
dado que o contacto com o espaço real pode potenciar ou desiludir a imagem proposta,
acabando por se tratar com o ambiente do lobby um compromisso por parte da unidade
hoteleira.
As sensações devem ser positivas, mas estas também estão pensadas em conjunto com o
conceito que integra o hotel. O projetista é o responsável por conceber o que se pretende
transmitir através do espaço. De acordo com isso, todos os fatores importam. Entre o
estilo mais informativo, mais extravagante ou exuberante para um hotel de categoria de
luxo, ou, por outro lado, mais sóbrio, com menos informação e menos rigidez, sendo que,
por entre estas oposições se possam encontrar variadíssimos registos e inúmeras formas
de apresentar e transmitir o que se quer exibir a quem o visita.
Todos os agentes relacionados com a dimensão e organização do espaço, com o estilo
decorativo, e com objetivos e função, têm uma grande influência sobre os consumidores
e, por sua vez, na avaliação e classificação. Por isso todos os pormenores são importantes.
31
Ian Schrager18 defendia a convicção de que era necessário proporcionar uma experiência
hoteleira, que se compare à de uma peça de teatro, um espaço em exibição. Tal forma de
pensar acabou também por influenciar o design do lobby de hotel.
«Also similar design concepts are expressed differently in each hotel type. For example,
the social pastime of people-watching in the downtown or suburban hotel is
accommodated by its lobby or atrium space. » 19 (Penner, et al., 2003, p. 7).
Os critérios são os processos que mais influenciam a avaliação dos utilizadores, porque
são estes que qualificarão a qualidade dos serviços, da organização, da localização, da
dimensão dos espaços, mas, principalmente, pelo ambiente, estilo e design em que se
inserem.
Os projetos de design hoteleiros mais eficazes são aqueles que são organizados com
vários pontos-chave: o marketing com apelo ao mercado-alvo, projetando a imagem
desejada e comprovando o preço e a qualidade exigida; um ambiente interno e condições
que apoiam uma atmosfera social adequada e o tipo de serviço; as operações que atendem
as necessidades práticas para servir os clientes de forma eficiente e com o padrão exigido.
O aspeto passa também pela qualidade da manutenção. É uma das aparências que mais
pode condicionar a opinião do hóspede ou do visitante. De acordo com o padrão
adequado, as substituições exigidas, como por exemplo, uma carpete, azulejos raros,
vasos decorativos, etc. Deste modo, o design deve corresponder ao equilíbrio entre as
necessidades dos clientes e a conceção idealizada pelos proprietários e operadores.
Podemos classificar o lobby como uma zona ‘bi- funcional’, agrupando dois ambientes
em um único, aquele que se entende como um espaço aberto e convidativo à atividade
social, como, ao mesmo tempo, se equilibra como um espaço mais reservado e neutro.
Porém, são com os lobbies de maiores dimensões que, na maioria das vezes, é requerida
uma zona de estar que se adeque a estes dois ambientes para que possa encontrar respostas
para as diferentes necessidades das variadas faixas etárias, e interesses dos seus hóspedes.
Ao contrário dos estabelecimentos hoteleiros com lobbies de menor dimensão, em que os
18 Ian Schrager é um empresário americano, hoteleiro promotor imobiliário, conhecido também pela criação da categoria hoteleira de Boutique Hotel. 19 Alguns conceitos semelhantes de design também são expressos de formas diferentes em cada tipo de hotel. Por exemplo, o passatempo social de observar pessoas no hotel, no centro ou nos subúrbios é adequado ao lobby ou espaço no átrio (Tradução livre pela autora).
32
hóspedes acabam por ficar alojados com uma duração mais curta e usufruir menos do
espaço do lobby. Numa ideia de lobby mais completo, o lounge incluiria uma zona
dedicada ao relaxamento, à leitura, ao uso de aparelhos eletrónicos, entre outras
possibilidades, mas também uma área de maior descontração, de socialização, e até ao
acesso ao próprio consumo de um aperitivo, de uma simples bebida. Podemos, neste
contexto, recordar a afirmação:
«Lobbies are where public and private worlds meet. »20 (Berens, 1996).
Segundo Berens (1996), é efetivamente no lobby onde se reúnem dois mundos, dois
registos para diferentes interesses. As taxas de sucesso dos projetos de design conciliam
as duas principais caraterísticas: o impacto visual e o funcional. O impacto é a impressão
que mais subsiste como marco na memória, pois, mais facilmente, um cliente recorda
uma má experiência a nível funcional, do que uma boa sensação. É, por isso que, o serviço
e a resposta aos interesses de quem chega, é fundamental para que as expetativas
correspondam ao que anteriormente se idealizava quando se procedeu à reserva. Os dois
fatores não resultam tão bem quando não estão associados. Na verdade, é sempre
necessário antecipar e analisar o perfil e o tipo de utilizador mais frequente para quem
concebeu consiga adequar o espaço, direcionando-o o melhor possível para os requisitos
pretendidos. Por exemplo, no caso de um casal mais idoso, que se encontre de férias, a
oferta concedida deveria ir ao encontro de um espaço calmo que transmita tranquilidade,
conforto e possa permitir naturalmente momentos de serenidade como ler um livro,
conversar, prevendo espaços de intimidade e de algum silêncio, mas que, ao mesmo
tempo, seja envolvente e social. Relembrando a opinião de Berens (1996):
«The lobby is a total design environment, engendering a sense of arrival socially and
physically. » 21 (Berens, 1996, apud Thapa, 2007).
Por outro lado, um lobby direcionado para um público mais jovem, mais descontraído, já
poderia propor espaços mais conviviais, mais ruidosos, com outro tipo de cores, etc.
Entre as inúmeras formas e caraterísticas para reconhecermos um lobby como espaço de
20 «Os lobbies são onde o mundo público e o privado se encontram.» (Tradução livre pela autora) 21 «O lobby é um espaço que, num todo cria uma sensação de chegada social e física.» (Tradução livre pela autora)
33
fronteira e de acolhimento é aquela que propõe uma melhor separação entre o espaço
exterior do edifício e a sua relação com o acesso ao interior, e, por outro lado, a ligação
convidativa para as restantes divisões e serviços do hotel.
O lobby tem também a importante caraterística de ser o espaço com maior fluxo de
circulação, maior relevância e importância num hotel, podendo concentrar, na maioria
das vezes, outras funções hoteleiras, tais como a receção, zonas de check-in, check-out,
zona de espera ou lounge, espaço de encontro para reuniões formais ou informais, área
para recolha de informações, bar, por vezes, restaurante e é sempre, como sabemos,
uma área de acesso a outros espaços e serviços.
2.4. Elementos constitutivos do Lobby
2.4.1. A receção
A receção é o principal elemento constitutivo do lobby, por conseguir integrar uma maior
quantidade de soluções para as necessidades imediatas de cada um dos utilizadores.
A receção é, como o próprio nome indica, a secção do estabelecimento que tem por
principal objetivo o acolhimento dos hóspedes
Pode, naturalmente, variar em aspetos como a área ocupada em termos de dimensão, que
pode depender, por sua vez, do número de funcionários e colaboradores que nela prestam
serviços, da extensão de trabalhos visíveis a desempenhar, assim como o equipamento e
mobiliário previstos para o efeito. Assume-se como pouco linear o número preciso de
funções que o lobby pode exibir, dado que podem ser flexíveis as opções propostas.
Podemos pensar em lobbies que oferecem boutiques de luxo e lobbies unicamente
circunscritos aos serviços de apoio ao cliente (check-in, check-out, etc.)
Podemos assim considerar que são bastante variadas as funções exercidas pela receção e,
em geral, a diferenciação baseia-se ou está condicionada pela categoria hoteleira ou pela
capacidade económica do estabelecimento.
É na receção que se efetua, como se sabe, na maioria dos estabelecimentos hoteleiros, o
check-in e check-out dos hóspedes que disfrutam das suas estadias no hotel. Até que, com
34
a evolução tecnológica, surgem novos serviços, como é o exemplo do Self-Check-In, um
serviço que oferece a possibilidade de efetuar o registo e entrada dos hóspedes sem se
dirigir fisicamente a uma receção, ou precisar necessariamente que o façam por nós.
Podemos comparar com os check-in para as viagens aéreas. O check-in tinha de ser
efetuado presencialmente nos aeroportos e há algum tempo, como sabemos, a maior parte
dos passageiros realiza o seu check-in antes de se dirigir ao aeroporto. A receção é
também a zona onde se procuram e onde se encontram informações indispensáveis sobre
visitas externas, excursões, estadias, serviços, etc.
Em resumo, a função mais específica da receção, consiste no acolhimento dos visitantes,
na distribuição dos quartos e no acompanhamento, em alguns casos, aos respetivos
aposentos. Deve também prestar todas as informações sobre disponibilidade de
alojamento, preços, etc.
Conforme Quintas (1988), a categoria e classificação do estabelecimento hoteleiro
também sofrem influência através das funções integrantes da própria receção, sendo
alguns trabalhos atribuídos ao próprio espaço conhecidos como: (1) realização de
reservas; (2) portaria; (3) cobrança de serviços prestados; (4) esclarecimento de dúvidas;
(5) centro de informações, atendimento de desejos e reclamações; (6) elaboração de
mapas e quadros estatísticos, entre outros.
A recepção de um hotel deve ter uma apresentação exemplar no aspecto
organização, decoração, iluminação e principalmente a condição de produzir, no
cliente, uma sensação de bem-estar e de aconchego, sendo que o ponto mais forte
e importante é que nunca ela deve ser supervalorizada e deixar de reflectir a
verdade sobre o conjunto de hotel, isto é, condicionar o hóspede a julgar o hotel
como um todo pelo impacto causado pela recepção. (Cândido & Viera, 2003).
É, muitas vezes, entendida e confundida a ideia de que a primeira impressão surge na
receção, quando na realidade é no lobby e no seu conjunto que se consolidam as primeiras
impressões e as imagens que perduram na memória dos clientes e que ajudam a pressupor
o que poderá surgir, tanto no registo presente nos restantes espaços e estabelecimentos
do edifício, como ao nível do atendimento e dos serviços prestados. É possível afirmar
então, que é na receção e com os funcionários, que a representam, que fica delineado o
tipo de experiência oferecido.
35
Deste modo, diversos fatores contribuem para a perceção e avaliação do cliente, desde o
modo como a equipa de serviço se introduz, quais são os limites e liberdades que poderá
ter o cliente, que serviços oferecem e que imagem passam ou desejam passar, o cuidado
com que é feita a primeira abordagem, e se é ou não efetuado com simpatia,
disponibilidade e autenticidade.
«Se pretendêssemos comparar um hotel a uma máquina, diríamos que a recepção é o
motor e o recepcionista quem manobra essa máquina.» (Marques, 2006, p. 135).
Todavia, não são só os aspetos emocionais que importam, também os físicos auxiliam
uma boa perceção e para um primeiro impacto positivo, tais como, por exemplo, a
dimensão – tanto em termos de largura como de altura– do balcão de receção, a forma
como estão dispersos ‘os serviços’ (desde a campainha para chamar um funcionário se
for esse o caso, ao lugar propriamente dito, onde este se encontra, aos folhetos
informativos de livre aquisição, à entrega de chaves ou cartões dos quartos), das cores
escolhidas para o equipamento do próprio balcão, das paredes ou backgrounds, dos
materiais selecionados. Por exemplo, um balcão com uma pedra muito fria pode ser
desconfortável ao toque e, na colocação de objetos e documentos de ambos os lados. O
serviço e atendimento importam certamente, mas a conceção do design também é
fundamental.
A zona de receção é o cartão de visitas de um estabelecimento, impresso no
momento do primeiro contato. O pessoal responsável por esses serviços tem a
missão de criar um elo entre a marca, os princípios de gerência e os hóspedes do
hotel. E a receção tem papel fundamental nesse processo de interação. (Soares,
2008).
2.4.2. O bar
O bar é um dos espaços e serviços onde se produzem recursos económicos consideráveis
de um hotel. É no bar que se encontram margens de lucro extremamente altas. A sua
localização é bastante relevante para alcançar e atrair o maior número de clientes possível,
36
devendo-se, em princípio, localizá-lo perto da entrada para que possa ser imediatamente
visível da receção, e posicionar-se para um acesso facilitado em diversos sentidos.
The lobby bar developed in the 1970s as a way to create activity and excitement
in the open atrium spaces in large hotels. After it proved itself as a popular
meeting place and revenue generator, the lobby bar become standard in most types
of hotels and locations. 22 (Penner, Adams & Robson, 2013).
A principal função do bar é a de propor grande variedade de bebidas, das mais simples
às mais complexas, mas também poder oferecer eventualmente refeições ligeiras ou
aperitivos de acompanhamento. No entanto, a competência do funcionário, ou
funcionários, do barman e colaboradores, que podem servir às mesas, deverá ser modelar,
detentores de postura cativante, refletindo no serviço e no atendimento aos seus clientes
a melhor imagem do espaço hoteleiro.
O espaço dedicado ao bar requer uma organização pensada de forma a incitar os hóspedes
e visitantes a usufruir ao máximo dos serviços de acolhimento. Neste sentido, existem
diversos fatores que contribuem para um bom resultado, como por exemplo, a dimensão,
o balcão onde são servidas as bebidas, a disposição das mesas, cadeiras, bancos,
banquetas maples, os suportes materiais atrativos para os menus, a iluminação, o
equipamento, a escolha dos materiais e das cores atrativas etc. Tudo isto deve incitar o
cliente ao consumo e à permanência neste espaço.
«As instalações do Bar deverão ser acolhedoras e confortáveis, tanto pela importância
dos espaços utilizados e carácter funcional do mobiliário adotado, como pelos cuidados
postos na sua iluminação e ventilação.» (Quintas, 1971).
Existem muitas vantagens em incluir o bar no lobby e, por sua vez, próximo do lounge,
pois, de certa forma, torna o ambiente mais descontraído e convidativo, onde os clientes
22 O bar integrado no lobby foi desenvolvido na década de 70 como uma maneira de criar atividade e emoção nos espaços abertos do átrio em grandes hotéis. Depois de se comprovar como um local popular de reunião e gerador de receita, o bar do lobby tornou-se padrão na maioria dos tipos de hotéis e localizações. (Tradução livre pela autora).
37
podem relaxar, descansar, ou até viajar através das cores, das luzes, decoração e
disposição dos objetos em si, até por que a companhia de um cocktail favorecer um novo
universo de sabores e experiências. Atualmente, é possível encontrar situações em que o
lounge oferece uma separação física em relação ao bar, mas, na maioria das vezes, está
incluído no mesmo espaço, acabando oferecer permutas, auxílio mútuo entre os diversos
serviços.
É importante que o bar seja um espaço atrativo tanto na sua localização, como no
ambiente que oferece de modo a satisfazer o cliente. O bar precisa de ser um espaço
flexível, que se adapte, que possa acompanhar as tendências e que responda às
necessidades e procura dos clientes, para que, deste modo, os mantenha interessados e
atraídos pelo ambiente sugerido.
Segundo Marques (2007), a palavra bar tem origem no termo barra e era destinado não
só ao espaço onde eram servidas as bebidas, mas ao próprio balcão do estabelecimento,
pois era costume ter uma barra em todo o comprimento, onde os clientes se encostavam,
ou apoiavam. Assim, o termo era de tal forma conhecido que o cliente ao desejar consumir
bebidas dizia que se dirigia ‘à barra’23.
O trabalho do designer no bar de um lobby, passa por facultar uma área disponível, para
que seja facilmente visível e acessível tanto para os hóspedes como para os visitantes do
hotel.
2.4.3. O lounge
Este espaço tem de ser concebido de acordo com a intenção pretendida e a mensagem a
ser passada de forma clara, no que diz respeito à aliança entre o bar e o lounge num espaço
único. Pode também ser previsto como zona distinta e o lounge constituir uma área mais
distante, privada e silenciosa.
A iluminação dos espaços comuns tem de ser particularmente cuidada e
tecnicamente correta. O revestimento do pavimento deverá merecer igualmente
23 Nos dias de hoje ainda se utiliza este termo, em Espanha.
38
grandes cuidados, sendo que a solução adotada, terá de ir de encontro as condições
de conforto e conceito estabelecidos para o espaço. (Quintas, 1971).
Sobre o lounge é necessário pensar como área mais especifica, simulando quase uma sala
com divisórias para reduzir os altos níveis de barulho, uma zona para a possível colocação
de um palco ou de um piano para as atividades com música ao vivo e entretenimento.
Este espaço deve apresentar mais baixos níveis de luz durante o período de atuações, mas
também, para o próprio relaxamento dos clientes. Os assentos devem ser poltronas ou
sofás e estar mais espaçados uns dos outros.
This facility is completely enclosed, and features lower light levels and more
tightly spaced seating. Depending on the theme, this lounge might have a distinct
section, including a sit-down bar, an entertainment area with a stage and dance
floor, a games area with billiards or backgammon, and quieter seating alcoves. 24
(Stipanuk & Roffman, 1996, p. 380).
As diferentes salas e zonas de estar variam bastante consoante os tipos de hotéis.
Variation among these active bars and lounges is usually based on the
opportunities of the local market and on the expected hotel clientele. Therefore, it
is especially important that the designer be given a clear set of a design objective
for each outlet.25 (Penner, Adams & Robson, 2013).
2.5. Lobbies Internacionais Emblemáticos
No contexto do desenvolvimento da pesquisa sobre o lobby, é significativo mencionar
alguns casos de construção de lobbies emblemáticos no âmbito da indústria hoteleira.
24 Esta instalação é completamente fechada e apresenta baixos níveis de luz e assentos mais espaçados. Independentemente do tema, o lounge pode ter seções distintas, incluindo um bar sentado, uma área de entretenimento com palco e pista de dança, uma área de jogos com bilhar ou gamão e alcovas mais silenciosas. (Tradução livre pela autora) 25 A variação entre esses bares e lounges ativos geralmente é baseada nas oportunidades do mercado local e na clientela esperada do hotel. Portanto, é especialmente importante que o designer receba um conjunto claro de objetivos de design para cada ponto de venda. (Tradução livre pela autora).
39
Os lobbies mais reconhecidos internacionalmente têm uma importância acrescida, pois,
na maioria das vezes, servem como referência e inspiração para projetos futuros,
sugerindo por consequência a evolução do design de interiores, do espaço e de diversas
áreas envolvidas neste tipo de projetos.
Since each hotel type has a different goal as to the kind of guest it seeks, its
planning requirements will vary by the location selected, size, image, space,
standards, circulation, and other similar characteristics. For example, convention
hotels and conference centers require proximity to airports, while vacation
villages, and ski lodges do not. Airport hotels and roadside motels need high
visibility and signage, while conference centers, country inns, vacation villages
and ecotourist retreats seek seclusion. And while super-luxury hotels must be
small to create an intimate atmosphere, luxury and upscale hotels must be large
enough to justify the great number of restaurants, lounges, and banquet rooms
required by first-class or five-star international standards.26 (Rutes & Penner,
2001, p. 7).
A escolha dos lobbies dos seguintes hotéis foi feita com base em pesquisa eletrónica e em
concordância com opiniões convergentes, que sempre elegeram estes lobbies como os
mais significativos.
2.5.1. Raffles Hotel Singapore (Singapura) O Raffles Singapore encerrou em fevereiro de 2017 para um projeto de renovação dos
quartos e dos espaços públicos comuns e reabriu dois anos mais tarde, a 1 de Agosto de
2019.
Este hotel, que tinha sido inaugurado em 1887, um século mais tarde foi distinguido pelo
governo como monumento nacional pelo elevado êxito a nível mundial ao longo do século
26 Como cada tipologia de hotel tem uma meta diferente quanto ao tipo de hóspede que procura, os seus requisitos de planeamento variam de acordo com o local selecionado, tamanho, imagem, espaço, padrões, circulação e outras características semelhantes. Por exemplo, hotéis de convenções e centros de conferências requerem proximidade aos aeroportos, enquanto que as aldeias de férias e lojas de sky não o fazem. Hotéis de aeroporto e motéis na estrada precisam de alta visibilidade e sinalização, enquanto que os centros de conferências, pousadas de luxo, vilas de férias e retiros de ecoturismo procuram reclusão. E embora os hotéis de grande luxo devam ser pequenos para criar uma atmosfera íntima, os hotéis de luxo e devem ser grandes o suficiente para justificar o grande número de restaurantes, lounges e salas de banquetes exigidos pelos padrões internacionais de primeira classe ou cinco estrelas. (tradução livre pela autora)
40
XX, tornando-se cada vez mais conhecido, passando a constituir um destino apenas pelas
suas características. Os mais recentes projetos de requalificações foram da
responsabilidade da designer de interiores Alexandra Champalimaud, pela empresa de
arquitetura e design Aedas.
Composto atualmente por 115 quartos, é caraterizado pela junção de luxo, história e
ambiente colonial, chegando a ser intitulado como um dos melhores e mais conhecidos
lobbies do mundo. Considerado o principal e primeiro hotel do luxuoso do grupo de hotéis
Raffles promete oferecer a estadia e o conforto ideal para explorar Singapura.
As grandes caraterísticas deste estabelecimento hoteleiro e do seu lobby são o estilo,
articulado com a cultura, a combinação da grandeza, da história e do charme, elegância e
notável magnificência. Por esta razão, é considerado um dos lobbies de luxo mais
esplendorosos do mundo.
No novo projeto de renovação não há balcões na receção para realizar o check-in,
possibilitando desta forma aos hóspedes, que realizem processo de check-in, já no
conforto de suas suítes.
Figura 7 – Fachada do Raffles Hotel Singapore. Fonte: CNN Travel, 2020.
41
Uma das principais particularidades deste lobby é a forma positiva como a sua
grandiosidade contribui para a melhor qualidade de estabelecimento hoteleiro – o
acolhimento. A nova imagem concilia sobriedade e boa iluminação, com o requinte e
luxo, conseguindo unir duas caraterísticas quase opostas num excelente resultado, através
da simplicidade na escolha de cores, com tons neutros, não muito garridos, nem
agressivos e a elegância e romantismo do sempre reconhecido Raffles Singapore.
2.5.2. Mandarin Oriental (Barcelona, Espanha) O Mandarin Oriental de Barcelona situa-se na avenida mais elegante da cidade, no
Passeig de Gràcia, perto da Casa Batlló de Gaudí, com a sua exuberante fachada. Foi
considerado exemplar na arquitetura e design de interiores com a transformação e
remodelação da antiga sede do Banco Hispano Americano espanhol do pós-guerra, do
séc. XIX, num estabelecimento hoteleiro reconhecido internacionalmente.
O acesso ao lobby é efetuado através de uma passagem inclinada, como um género de
rampa ou passarela flutuante, proporcionando assim, desde o ingresso, uma vista
panorâmica pela própria entrada. Este declive é formado por uma estrutura metálica que
Figura 8 - Lobby do Raffles Hotel Singapore. Fonte: Reid, 2019.
42
integra as grades, substituindo a entrada original que era construída com o acesso por uma
escada.
A designer responsável pelo hotel foi a espanhola Patricia Urquiola27, que procurou
fundir o design contemporâneo em um ambiente intemporal, criando um hotel totalmente
exclusivo. O conceito projetado na organização espacial e decoração do hotel baseou-se
num reflexo das caraterísticas urbanas da cidade de Barcelona que consistiu em
interpretar o edifício como uma extensão da própria avenida em que se insere, como um
espaço público à semelhança de uma galeria coberta, mas mantendo a sua elegância em
fusão com a informalidade e simplicidade.
Urquiola proporcionou jogos de luz nas portas deslizantes com entradas para as divisórias
entre o lounge e o balcão de receção.
As cores dominantes são o dourado e o castanho-claro, e carateriza-se este lobby através
de um estilo ligeiramente minimalista, simples e descontraído, que muito se articula com
o ambiente urbano.
27 Patricia Urquiola nasceu em 1961 em Espanha e licenciou-se em arquitetura no Politécnico de Madrid. A sua tese de mestrado foi orientada e supervisionada pelo designer Achille Castiglioni, mas participou também em projetos de design industrial com alguns designers como Vico Magistretti, Piero Lissoni, Patrizia Moroso, entre outros.
Figura 9 - Rampa da entrada do hotel Mandarin Oriental em Barcelona. Fonte: Ondiseno, 2019.
43
O lobby oferece visibilidade para o restaurante do hotel, também projetado e inspirado no
estilo escandinavo, simples, com cores neutras e sóbrias e planos verdes provenientes da
natureza.
Este hotel não deve ser considerado de luxo, mas sim de alta qualidade, que oferece ao
cliente uma sensação de grande conforto ambiental, ao pretender reproduzir e incorporar
tradição e atualidade, com materiais, jogos de texturas e procedimentos inovadores.
2.5.3. Four Seasons (Paris, França) O hotel parisiente, Four Seasons Hotel George V situa-se a poucos metros da avenida
com o mesmo nome, na capital de França, e ocupa um edifício histórico construído por
André Terrail e Georges Wybo em 1928. Este hotel é constituído por oito andares e
revestido por uma coleção de arte requintada e tapeçarias datadas do século XVIII.
Porém, a grande caraterística deste famoso lobby de Paris são os seus arranjos florais que
se destacam por se enquadrarem em um ambiente que pode envolver os próprios hóspedes
e visitantes, pela sua distribuição e disposição em diversos níveis, cores e tamanhos.
Figura 10 - Lobby do Mandarin Oriental em Barcelona. Fonte: Ondiseno, 2019.
Figura 11 - Lobby do Four Seasons Hotel George V em Paris. Fonte: Mattos, 2014.
44
Jeff Leatham, de Los Angeles, foi o designer responsável, e é considerado um dos
melhores e mais aclamados designers de flores da atualidade. Leatham foi também quem
criou os ambientes e decorações de quartos, jardins e salões com cerca de 10.000 flores
que chegam todas as semanas da Holanda.
Este hotel é considerado um dos mais prestigiados e luxuosos de Paris e do mundo, tendo
ganho vários prémios, tanto a nível nacional, como internacional. O estilo romântico com
as esculturas de bronze e pormenores franceses ornamentados prevalecem neste
estabelecimento hoteleiro. Sugerem a sensação de um ambiente aristocrático e, ao mesmo
tempo, de relaxamento, levando o hóspede e o visitante para o um universo de natureza.
2.5.4. Four Seasons (Guangzhou, China) O Four Seasons Guangzhou, localizado na China, acima do Pearl River, e ocupando o
primeiro lugar do International Finance Center de Guangzhou, é um dos arranha-céus
mais altos do mundo. É um hotel de luxo de cinco estrelas, projetado elegantemente com
obras de arte de artistas locais e internacionais. O seu amplo e luxuoso lobby inclui duas
escadarias em espiral, entrelaçadas entre si, à esquerda da entrada e uma penetração de
luz natural pelo topo do edifício, provocando a sensação de aproximação ao céu. As
representações mais marcantes são os painéis vibrantes de tela cortada a laser e as
esculturas de bronze, da autoria Jennifer Marchant e de David Morris, respetivamente.
Figura 12 - Lobby do Four Seasons em Guangzhou, na China. Fonte: ArchDaily, 2020.
45
A empresa responsável pela construção do edifício foi a WilkinsonEyre28, que trabalhou
também em parceria com a empresa internacional a Hirsch Bedner Associates (HBA)29 e
esta obra teve início em dezembro de 2005 e foi concluída cinco anos depois. A maioria
dos pisos deste hotel tem a finalidade de dar lugar a numerosas conferências, com alguns
escritórios para reuniões e só nos restantes pisos superiores se encontra instalado
efetivamente o hotel. Os pisos destinados ao Four Seasons são do 69º ao 98º e o lobby
situa-se no 70º.
A sua estrutura diagrid tubular e triangular, ou com a forma de um diamante, é construída
em tubos de aço preenchidos com betão que proporcionam uma boa rigidez e proteção
contra incêndios. Esta forma dá ao edifício um caráter único para o Pearl River e
desempenha também um papel de responsabilidade ambiental, pois o edifício foi
projetado de forma sustentável pelo uso baixo da taxa de carbono. Além das medidas
passivas fundamentais, como a orientação, sistemas de construção sustentáveis foram
incorporados ao projeto, que tiveram em linha de consideração questões como o conforto,
manutenção e custo, respeitando a sustentabilidade ambiental e a preservação de energia.
O Four Seasons Hotel Guangzhou, foi o vencedor do Prémio Lubetkin Riba em 2013 e
vencedor da classificação Cinco Estrelas da Forbes Travel Guide pelo quarto ano
consecutivo30.
2.5.5. Fairmont San Francisco (Califórnia) A reconstrução do The Fairmont Hotel em 1902, surgiu das cinzas de um incêndio.
Benjamin Swig, um homem de negócios da Costa Leste, era o proprietário deste edifício
e o seu filho Richard Swig, o presidente do grupo hoteleiro, The Fairmont Hotel
Company. Após a tragédia, Swig considerou que o interior do hotel requeria uma
remodelação e reestruturação do espaço interior e, por isso, contratou Dorothy Draper31,
28 WilkinsonEyre é uma empresa de arquitetura fundada por Chris Wilkinson desde 1983. No entanto só obteve este nome após uma parceria com Jim Eyre em 1987, pois anteriormente intitulava-se de Wilkinson Architects. 29 A Hirsch Bedner Associates (HBA) é a maior empresa de design de hotelaria internacional do mundo com sede em Santa Mónica, na Califórnia. 30 O Prémio Lubetkin Riba é concedido anualmente a arquitetos com o melhor edifício fora da União Europeia, e o Forbes Travel Guide é um serviço de classificação por estrelas e um guia de viagens on-line para hotéis, restaurantes e spas. 31 Dorothy Draper é uma designer de interiores reconhecida pelo registo em usar cores fortes e atrativas, padrões arrojados e exuberantes, tendo quase uma atitude anti-minimalista. Dorothy Draper & Company é a primeira e mais aclamada empresa de design dos Estados Unidos da América.
46
a emblemática designer da época, que acabou por dar uma nova imagem ao lobby e aos
espaços públicos do edifício.
Draper, introduziu novas ideias na conceção do design, como, por exemplo, os tapetes
pretos e vermelhos, transferindo atmosferas selvagens e tropicais, em simultâneo com as
profundidades sedutoras com ouro lacagem preta. O registo de Draper foi essencial para
a época, tanto pelo cuidado em formas e fases novas após a guerra, como pela inspiração
e aprendizagem que distinguiram o hotel.
O Fairmont San Francisco representa um reflexo da história da cidade de São Francisco.
Considerado como um dos melhores hotéis da categoria de luxo no topo da Nob Hill32, é
conhecido pela sua grandeza, e reputação de um bom serviço, tendo sido palco de algumas
das reuniões e eventos mais influentes.
O lobby salienta-se pelos seus diversos pormenores marcantes, desde as grandes colunas
de mármores, aos veludos azuis, às paredes douradas e às cadeiras de couro. No entanto,
todo o design de interiores dado a este espaço pode ser considerado ligeiramente pesado,
se não fosse o equilíbrio concedido com pormenores verdes das grandes plantas,
proporcionando um clima tropical e californiano.
32 Nob Hill é um pequeno distrito da cidade de São Francisco, no estado da Califórnia.
Figura 13 - Lobby do Fairmont San Francisco. Fonte: Fairmont, 2020
47
2.6. Síntese
Este capítulo permitiu definir e entender a localização e circunstâncias posicionais em
que o lobby tem vindo a ser inserido no desenvolvimento de um projeto de construção de
um hotel. À medida que as diversas áreas (arquitetura, engenharia, design, etc.), se foram
aperfeiçoando, a importância e impacto que este espaço pode vir a ter no ato de decisão
de uma unidade hoteleira acabando por influenciar positiva ou negativamente os
utilizadores na criação das suas perceções do restante hotel, ou até na difusão para
experiências futuras.
É possível enumerar os principais fatores que caraterizam este espaço, e que contribuem
para uma boa impressão, determinando o que fica na memória de quem visita ou de quem
passa por um lobby. Deste modo, é concluído que, na maioria das vezes, é mais difícil
esquecer uma experiência menos positiva do que uma muito boa impossibilitando
consequentemente o hóspede a voltar e repetir essa visita.
Compreende-se, por estes motivos, relevância dos elementos constitutivos do lobby, que
colaboram para melhor resultado e complementam, por vezes, em conjunto, na
composição do espaço de acordo com as necessidades envolventes do espaço, quer no
plano das dimensões como no dos conceitos. A recolha e análise dos aspetos mais
marcantes e significativos nos lobbies internacionais emblemáticos, servem de referência
para projetos futuros, focalizando-os na importância dos pormenores da estrutura e do
design.
48
3. Pestana Hotel Group 3.1. Caracterização do Grupo Hoteleiro O Pestana Hotel Group, é a cadeia hoteleira portuguesa com a maior taxa de sucesso. As
cadeias hoteleiras são grupos de empresas do setor do alojamento, que trabalham de
acordo com regras e procedimentos comuns, estabelecidos previamente por uma entidade
titular de marca comercial. Estes grupos podem ser implantados a nível nacional ou
internacional, assumindo a dimensão de mega-cadeias.
O grupo Pestana é originário da Ilha da Madeira, Portugal, e iniciou a sua primeira
atividade no ramo hoteleiro num período em que no país se iniciava uma expansão com
diversos negócios turísticos, graças à maior produtividade agrícola e pecuária. A partir
dessa altura, o grupo esteve sempre em crescimento em diversas áreas, tendo alargado e
diversificado todos os anos os seus negócios.
3.2. História e percurso
O Pestana Hotel Group nasceu na Ilha da Madeira, região autónoma de Portugal, onde
deu início às suas primeiras atividades empreendedoras. Em 1966, Manuel Pestana o
primeiro fundador do grupo, considerou ter encontrado, no topo de uma falésia, na parte
oeste do Funchal, a localização adequada para o primeiro projeto da M. & J. Pestana –
Figura 14 - Tabela representativa da evolução história das cadeias hoteleiras Portuguesas de 2008 a 2017. Fonte: Deloitte, 2018.
49
Sociedade de Turismo da Madeira, S.A., empresa cujos sócios com partes iguais foram
Manuel e José Pestana, seu irmão, que, mais tarde, vendeu a sua parte ao primeiro.
Surgiu então o investimento na ilha com a ajuda financeira do Fundo de Turismo
português, uma instituição estatal que emprestava metade do capital necessário para a
construção de hotéis de cinco estrelas, e assim foi adquirido o terreno de um pequeno
hotel de 20 quartos, o Hotel Atlântico.
A construção começou em 1968 e em 1972 inaugurou-se o primeiro hotel, o icónico e
atual Pestana Carlton Madeira, antigo Madeira Sheraton Hotel. Alguns conselheiros de
Manuel Pestana, alertaram-no para as dificuldades que poderia encontrar se entrasse
sozinho e sem experiência no ramo hoteleiro e foi por esse motivo que procuraram apoio,
enviando cartas a diversas empresas da área, ao qual só a cadeia Sheraton se posicionou33.
A empresa Sheraton ficou então responsável na altura pela exploração do hotel, sob o
qual também o filho de Manuel Pestana, Dionísio, também trabalhou e dirigiu durante
uma década, chegando a considerar mais tarde esta experiência “ter tido uma boa escola”
(Ornelas, 2008). A prática ao fazer parte da direção do Madeira Sheraton, permitiu a
Dionísio Pestana, assimilar alguns métodos de gestão hoteleira ao longo dos primeiros
anos, beneficiando assim da possibilidade de viajar e frequentar diversas conferências do
grupo.
33 Informação retirada da pág. 68 da Revista Wink, pertencente ao Pestana Hotel Group. Publicada a 7 de dezembro de 2012. https://issuu.com/laca-wink/docs/wink_4
Figura 15 - Manuel Pestana e Mário Soares no primeiro hotel do Grupo Hoteleiro. s.d. Fonte: Pestana Group, 2020.
50
Este primeiro estabelecimento hoteleiro foi objeto de uma remodelação iniciada em 2005
e só terminada em 2008, que envolveu investimentos globais de 15,5 milhões de euros.
As requalificações ocorreram em todas as áreas do hotel, incluindo a fachada, as áreas de
serviço, assim como a receção.
A nova imagem do hotel carateriza-se como um estilo moderno e leve, mantendo, porém,
o seu encanto e elegância, mundialmente famosos.
Algumas alterações levaram também à reconstrução de uma nova piscina, suites-spa,
oferecendo vários tratamentos de corpo, ginásio de pequena dimensão, serviços de
jacuzzi, banho turco, duche escocês, massagens, sauna, área de restauração, e o número
de quartos foi reduzido de 338 para 250. Esta intervenção visava reposicionar o hotel para
atrair um segmento de público mais elevado e elevar em 25% os preços médios por
quarto.
Atualmente, o hotel tem 541 quartos e cerca 1.100 camas e é considerado luxuoso e
sofisticado, na categoria de cinco estrelas com vistas privilegiadas para o mar. O Pestana
Carlton oferece o melhor de dois mundos, o ambiente sobre a montanha madeirenses,
transportando o hóspede para um espaço com um espírito desportista e aventureiro, mas,
ao mesmo tempo, possibilita constantemente a vista sobre o mar conduzindo-o para um
universo mais descontraído e repousante.
Figura 16 - Dionísio Pestana a cumprimentar Mário Soares na cerimónia de abertura do primeiro hotel do Grupo Hoteleiro. Fonte: Pestana Group, 2020.
51
Deste modo, a grande modernização do Pestana Carlton obteve um valor representativo,
por ter sido esta, a primeira obra do Grupo Pestana.
No ano de 1976, o grupo enfrentava a hipótese de perder tudo. Uma ilha, que atravessava
também o período do PREC34, após a Revolução de 74, encontrava-se em momentos
instáveis e pouco favoráveis ao investimento. Manuel Pestana decide então pedir ajuda e
colaboração ao filho Dionísio Pestana, que acabara de regressar de África do Sul, com
apenas 24 anos.
As boas-vindas a Dionísio Pestana eram compostas por dificuldades, juros, dívidas e
sindicatos que o receberam com indiferença. A recuperação do hotel e do negócio
revelou-se muito demorada. No entanto, serviu não só para ganhar confiança e interesse
pela atividade e pelo setor hoteleiro, como também para acalmar as tensões entre
empregados e patrões e, desse modo, reerguer o hotel. Os lucros voltaram a aumentar.
Poucos anos depois, e com o apoio do seu amigo de Joanesburgo, Peter Booth, apostaram
numa nova estratégia de venda, o time-share, ou venda de unidades de habitação
temporária, este negócio permitiu promover, evoluir e fazer crescer ainda mais a marca
Pestana.
Em 1985, o Grupo foi pioneiro e deu início ao conceito Pestana Vacation Club com a
abertura do Madeira Beach Club, sendo atualmente o terceiro maior do setor no mercado
europeu. Helder Valente é o atual gerente que mostra a sua lealdade à família há mais de
trinta anos. Este serviço é reconhecido como o de um aparthotel, oferecendo aos clientes
as cozinhas instaladas dentro dos apartamentos e a estadia a custo acessível. O Vacation
Club cresceu significativamente e obteve tal sucesso que de quatro em quatro anos, era
inaugurado novo hotel pertencente ao clube de férias, como é exemplo o Madeira Village,
Miramar Grand, e depois o Promenade Hotel e Resort.
Também na ilha da Madeira, surge, em 1986, o hotel Pestana Casino Park, que faz parte
do complexo que inclui o famoso Casino da Madeira e um centro com auditório para
conferências. Porém, este edifício foi, em 1976, encomendado pela Sociedade de
Investimentos Turísticos da Ilha da Madeira, propriedade da família de António Xavier
34 A sigla PREC representa Processo Revolucionário em Curso ou Período Revolucionário em Curso, e refere-se ao período de atividades e movimentos criados numa época revolucionária e marcante na História de Portugal. Este período ocorreu durante a Revolução dos Cravos iniciada com o golpe militar de 25 de Abril de 1974 e concluída dois anos mais tarde, na aprovação da Constituição Portuguesa.
52
Barreto e presidida por José Jesus Barreto, com o objetivo de atribuir a responsabilidade
da construção e projeto ao arquiteto brasileiro, Oscar Niemeyer35. Contudo, o
compromisso que surgiu em 1966, só teve início com as obras do edifício seis anos depois,
tendo sido inaugurado a 3 de outubro de 1972.
A projeção inicial dos edifícios do hotel e do casino, são da autoria do conceituado
arquiteto Oscar Niemeyer, porém, quem deu seguimento ao projeto, alterando alguns
pormenores foi o veterano natural de Esposende, o arquiteto Alfredo Viana de Lima.
Os proprietários do espaço não puderam assumir meios para o concluir, o que levou à
intervenção do Governo Regional, que entrou no capital e financiou a conclusão. Mas o
complexo acabou por ser posto à venda, e o Grupo Pestana aproveitou, intitulando-o de
Pestana Carlton Park e, posteriormente como Pestana Casino Park. A compra do Casino
Park foi, além de um bom investimento, o motivo para a separação amigável com a cadeia
Sheraton. A ideia de contratar o arquiteto brasileiro surgiu através da sugestão de uma
amiga, tornando-se mais tarde a mulher de Dionísio Pestana. Margarida falou de
35 Oscar Niemeyer (1907-2012) era um arquiteto, natural do Rio de Janeiro, no Brasil. Reconhecido por ter tido um papel de elevada importância no desenvolvimento da arquitetura moderna principalmente no desenvolvimento da cidade e capital, Brasília.
Figura 17 -O primeiro traço feito pelo arquiteto Oscar Niemeyer do Pestana Casino Park. Fonte: Wink, 2012.
53
Nieyemer e do humanismo do seu trabalho ao ponto de convencer o presidente do grupo
a tomar a decisão final36.
De forma gradual, o grupo foi projetando uma estratégia de crescimento, sustentado com
base na diversificação para os serviços complementares. Como tal, pode exemplificar-se
com o investimento nas áreas de imobiliário turístico e no golfe.
No ano de 1992, estes novos serviços permitiram ao Grupo que não se apresentasse
apenas como Grupo empreendedor, mas também como Marca Pestana iniciando-se
assim a compra de nove hotéis no Algarve, território chave do turismo nacional,
mas também com a aquisição emblemática do Palácio Valle Flor, colocando o grupo em
primeiro lugar no domínio da área hoteleira em Portugal.
Dois anos depois, expande-se então o Pestana Vacation Club, no sul do país, usando a
mesma estratégia de integração de alojamento, já iniciado na ilha da Madeira, um clube
de férias num estabelecimento hoteleiro. Atualmente, o Algarve detém seis resorts como
parte de seu clube de férias.
O início da internacionalização do grupo, dá-se em 1998, com a abertura de
estabelecimentos em Moçambique e, no ano seguinte, com no Brasil com a compra do
Pestana Rio Atlântica no Rio de Janeiro, a que se juntaram gradualmente outras oito
unidades.
36 Informação retirada da pág. 71, da Revista Wink, pertencente ao Pestana Hotel Group. Publicada a 7 de dezembro de 2012. https://issuu.com/laca-wink/docs/wink_4
Figura 18 - Prédio Funchal, Lourenço Marques. Fonte: The Delagoa Bay World, 2020.
54
O estabelecimento em Lourenço Marques, atual Maputo, em Moçambique, é também
uma recuperação de um anterior investimento do fundador Manuel Pestana. Em 1961, os
negócios na bolsa e os investimentos imobiliários na África do Sul e Moçambique,
culminaram na construção do Prédio Funchal, edifício situado no centro da cidade com
90 apartamentos para alugar.
Manuel Pestana, após algumas dificuldades, perdeu o Prédio Funchal, mas, anos mais
tarde, o grupo consegue reaver o edifício, que depois foi recuperado, adquirindo novo
nome ficou como Pestana Rovuma Hotel, uma unidade de quatro estrelas com 119
quartos.
O Pestana Rio Atlântica, em Copacabana no Rio de Janeiro, situado nas proximidades de
colinas e montanhas, foi fundado em 1999 e renovado em 2011, concluindo um processo
de modernização num projeto que priorizou elementos de competência energética e
arquitetura sustentável, evidenciando principalmente a leveza e o espírito casual carioca.
O arquiteto responsável pela obra foi Jaime Morais que optou pelo uso predominante de
tons neutros e claros, por retirar as alcatifas, e dispor o ambiente com alguns espelhos e
madeiras, dando também grande importância ao uso de materiais antialérgicos nos
quartos. O hotel ampliou o número de quartos de 216 para 247 com a transformação de
algumas suites em dois apartamentos.
Jaime Morais quis implementar algumas medidas ecológicas para um novo e melhor
funcionamento do layout. O sistema de reutilização de águas em circuito fechado, por
exemplo, que permite reaver um equivalente a 30% do consumo de água. O sistema
elétrico também foi igualmente modernizado, com o uso de lâmpadas LED, que
Figura 19 - Pestana Rovuma Hotel, Moçambique. Fonte: House Of Maputo, 2020.
55
despendem 20% a menos em energia e têm uma duração muito mais longa. As zonas
dedicadas a reuniões e congressos também foram reestruturadas e organizadas para
acolher diversos tipos de eventos.
Em 2000, ainda no Brasil foram abertos mais dois hotéis em Angra dos Reis e em
Salvador. Todavia, o grupo já tinha estado presente em outras três cidades no Brasil,
Curitiba Natal e São Paulo.
Em 2001, é inaugurado em Portugal, após dez anos de dificuldades burocráticas, o
luxuoso Pestana Palace, um antigo palácio lisboeta de finais do século XIX.
Este grande marco do grupo, resultante da restauração do Palácio de Valle Flor e dos
seus jardins, tendo sido considerados um e outro Monumentos Nacionais. Note-se como
se assinalou a inauguração com o seu flagship hotel em Lisboa, o Pestana Palace Hotel
& National Monument, primeiro hotel de luxo a se tornar membro privilegiado do grupo
The Leading Hotels of the World37. As principais razões derivam da qualidade, da
localização, dos padrões e do serviço prestado pela equipa responsável, tornando deste
modo o Hotel Pestana Palace no mais premiado pelo seu prestígio.
Este palácio, está localizado numa área residencial no Alto de Santo Amaro e revela
caraterísticas próprias na sua arquitetura relativamente ao que era habitual para a época,
demonstrando influências de França, Itália e mesmo de África. Na área envolvente deste
palácio, está situado um exuberante parque privado, com variadas plantas e árvores
subtropicais, que se podem encontrar em climas como os e África, Brasil e América, em
uma espécie de memória colonial, apresentando uma vista panorâmica sobre a capital.
José Luís Constantino foi o responsável pela ordem de construção do palácio, um
emigrante transmontano que viveu em S. Tomé e Príncipe e que enriqueceu na exploração
agrícola. J. L. Constantino foi defensor desta colónia, tendo ocupado diversos cargos ao
serviço do Reino e a sua ação ter-lhe-á valido o título de Marquês de Valle Flor, concedido
pelo rei D. Carlos em 1906.
37 A The Leading Hotels of the World, Ltda. é uma organização de hospitalidade que patenteia mais de 380 dos melhores hotéis, resorts e spas do mundo, localizados em mais de 80 países.
56
Marquês de Valle Flor era, portanto, um homem com posses financeiras acumuladas em
África, e assim se compreende a construção do palácio para o tornar na sua residência.
Diversos arquitetos contribuíram para o projeto, como por exemplo, entre 1905 e 1906 o
italiano Nicola Bigaglia38 responsável por uma grande parte delas. No entanto, quatros
anos mais tarde, o acompanhamento final ficou sob a responsabilidade do arquiteto José
Ferreira da Costa39, encarregue pelas as novas alas, e para as Cocheiras. Alguns
pormenores menos significativos do palácio são da autoria do arquiteto Miguel Ventura
Terra40. Por fim, o Palácio Valle Flor acabou por sofrer influências nas opções no design
dos seus interiores, como o mobiliário e o estilo pomposo inspirado em modelos europeus,
devido ao facto de os marqueses terem relações próximas sobretudo com França.
38 Nicola Bigaglia (1841-1908), era arquiteto, modelador italiano que se radicou em Portugal em 1888. 39 José Ferreira da Costa (1879-1919), arquiteto português, que se distinguia no registo estilístico eclético, estudou em Paris, era também dotado para pintura. 40 Miguel Ventura Terra (1866-1919), arquiteto de formação portuguesa e francesa, e autor de diversos projetos como teatros, liceus, hospitais, etc.
Figura 20 - Palácio Valle Flor em construção, publicado na Revista Lisboa Moderna. Fonte: Olhai Lisboa, 2020.
57
Em 1932, após a morte do Marquês, o edifício perdeu algum do seu prestígio, tendo-se
danificado bastante. Foi, por isso, necessário solicitar outros especialistas, alguns deles
com trabalho efetuado anteriormente no Vaticano. Assim, se observam os frescos, as
esculturas e alguns vitrais que, embora originários de oficinas portuguesas do século XIX,
precisaram de ser transportados para Florença e Milão para um melhor acabamento e
recuperação.
Desde que o Pestana Hotel Group se apossou do Palácio, em 1992 e, após as obras de
restauro e adaptação, de acordo com o projeto de Manuel Tainha, o edifício adquiriu nova
imagem, novo conceito e nova grandeza, podendo ser requalificado como um todo e como
novo estabelecimento hoteleiro. Em 1997, o Palácio Valle Flor recebeu a classificação
de Monumento Nacional, confirmando o seu valor patrimonial e histórico.
Figura 21 – Edifício das Cocheiras do Palácio Valle Flor, publicado pela Revista Lisboa Moderna. Fonte: Olhai Lisboa, 2020.
58
No ano de 2002, o Pestana Hotel Group obtém o número emblemático de 5.000 quartos
no seu percurso, incluindo todos os subgrupos.
Em agosto de 2003, por decisão do Governo Português, o Pestana Hotel Group obtém a
cedência da exploração das Pousadas de Portugal, após concurso internacional. O
Pestana Hotel Group aproveitou a oportunidade para gerir mais um importante negócio,
tornando-se responsável pela exploração e expansão do prestígio das Pousadas de
Portugal.
No decorrer da primeira década do século XXI, o Pestana Hotel Group expandiu-se ainda
por diversos países com diferentes culturas, começando pela África do Sul com o Pestana
Kruger Lodge Safari Resort, junto ao Kruger Park. Este hotel fora aberto ao público em
1997, mas foi, entretanto, remodelado e voltou a reabrir em 2004.
No seguimento da internacionalização, ergueu-se na América do Sul, o Pestana Buenos
Aires que está presente na Argentina desde 2004, e que se mantém até aos dias de hoje.
Em São Tomé e Príncipe, estão presentes três hotéis pertencentes ao Pestana Hotel
Group. O primeiro foi o Pestana Equador que foi inaugurado em 2004 no Ilhéu das
Rolas, ocupando uma área de 250 hectares e com 70 quartos e alguns bungalows pequenos
de madeira. No entanto, este Resort suspendeu o seu contrato de gestão em novembro de
2008 devido a um prejuízo causado por informações “falsas” por parte da comunicação
social41. Em 2012, a direção foi passada a Francesco Raneri 42.
O Pestana São Tomé foi aberto em maio de 2008 e foi o primeiro hotel de 5 estrelas na
cidade. No verão desse mesmo ano, o Pestana Hotel Group investiu ainda em S. Tomé e
Príncipe, onde já geria dois hotéis, com o Hotel Miramar e o Resort Pestana Equador, e
para garantir maior taxa de sucesso, criou as operações de voos charter (com a companhia
aérea Air Madeira, a EuroAtlantic Airways, a Intervisa Travel Solutions, e a Atlantic
Holidays) com 190 lugares para posicionar São Tomé e Príncipe nas principais rotas
mundiais de turismo.
41 Segundo o jornal Público, o Pestana Hotel Group suspende o contrato de gestão em 2009. Disponível em: https://www.publico.pt/2009/07/17/economia/noticia/grupo-pestana-suspende-contrato-de-gestao-de-resort-em-sao-tome-e-principe-1392126 42 Notícia publicada no jornal Sábado em 2017. Disponível em: https://www.sabado.pt/dinheiro/detalhe/o-hotel-pestana-onde-a-horta-foi-plantada-pelo-director
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Essa operação foi anunciada na bolsa de turismo de Lisboa, no final de janeiro de 2007 e
decorreu em parceria com diversas empresas (TerraAfrica, Abreu, Mundo Vip, Soltropico
e Entremares). Esses voos iriam estender-se entre junho e setembro com o objetivo de
transportar cerca de dois mil turistas por ano para São Tomé. No entanto, as expectativas
foram ultrapassadas nesse mesmo ano. O Pestana São Tomé oferece 115 quartos (todos
com varanda privativa), um restaurante, um bar, salas para conferências, um ginásio, salas
para tratamentos com massagens, sauna, banho turco e ainda no mesmo anexo ao hotel,
ergueram-se um casino e uma discoteca.
A Venezuela, também em 2008, passou a fazer parte do portfólio, com um hotel em
Caracas, que abrange cerca de 195 quartos. O investimento custou cerca de 13 milhões
de euros para a construção do Pestana Caracas Hotel, o primeiro hotel do grupo na
Venezuela. A inauguração, que ocorreu em 14 de maio, contou com a presença do ex-
primeiro-ministro português, José Sócrates.
O Pestana Caracas é um hotel com a classificação de 5 estrelas, localizado no bairro
Sucre, junto ao Parque de Leste. A assinatura do projeto foi de Jaime Morais, arquiteto já
conhecido na empresa, tendo realizado anteriormente outros projetos também bem-
sucedidos43. O registo deste arquiteto é identificado pelos seus ambientes
contemporâneos que valorizam a luminosidade natural e artificial, tornando o ambiente
envolvente, através de um recurso mais sustentável, como é exemplo a utilização das
luzes LED. Nesta unidade hoteleira da América do Sul, prevaleceram também alguns
móveis de designers conceituados do séc. XX nas zonas públicas, o uso abundante do
branco e de cores primárias e críticas.
O Pestana Hotel Group consegue em sete anos atingir um número significativo de quartos
de hotel, relativamente ao seu desenvolvimento, e em 2009 passou a gerir diretamente
10.000 quartos.
A abertura do Pestana Chelsea Bridge, em Londres em 2010, dá início a uma nova linha
de crescimento do Grupo, para as capitais europeias e, de seguida, em 2011, é na capital
alemã, que se inaugura o Pestana Berlim Tiergarten. O Chelsea Brigde foi primeiro hotel
43 Exemplo disso é o Pestana Rio Atlantica, em Copacabana no Brasil.
60
português a abrir em Inglaterra, é um hotel de quatro estrelas e está localizado na margem
sul do Rio Tamisa, entre o Battersea Park e Battersea Power Station. Inaugurado a 1 de
março, contém duzentos e dezasseis quartos, e seis salas de reuniões com capacidade para
quinhentas pessoas.
Em Berlim, Dionísio Pestana investiu 23 milhões de euros e o Pestana Berlim Tiergarten
iniciou a sua atividade em 2011. Este hotel de quatro estrelas localizado próximo da Praça
Ku’Dam e do Parque Tiergaen, oferece cento e trinta e sete quartos, cinco suites, um SPA,
um restaurante e seis salas de conferências. O ambiente do hotel destaca-se pelo seu
design moderno que representa o conceito do mar, de poetas e escritores que constituíram
motivo de inspiração.
O Pestana Trópico Hotel, na Ilha de Santiago, cidade da Praia, foi adquirido em 2003
pelo Pestana Hotel Group. No entanto o seu impacto turístico foi apenas reconhecido
dois anos mais tarde. Já em 2013, este hotel beneficiou de uma importante ampliação,
acompanhada por várias reestruturações, passando de cinquenta e um quartos para
noventa e dois.
A 20 de novembro de 2012 o Pestana Hotel Group comemorou quatro décadas de
existência, gerindo mais de 90 estabelecimentos hoteleiros em Portugal e no estrangeiro,
seis campos de golfe, dois casinos, três empreendimentos de imobiliário turístico, doze
empreendimentos de Timeshare, um operador turístico e uma companhia de aviação
charter, constituindo cerca de nove áreas de atividade. Para além destes negócios, o grupo
contribui também para a empresa de cervejas e para a Sociedade de Desenvolvimento da
Madeira, gestora do Centro Internacional de Negócios da Madeira.
Ser um grupo nascido em Portugal influenciou a nossa identidade e a forma como
estamos no Mundo, onde nos 3 continentes em que nos encontramos, com mais
de 90 unidades Pestana Hotels & Resorts, deixamos sempre marcas de respeito
pelo próximo e de gentileza, capazes de nos aproximar de qualquer cultura. Foram
quatro décadas que não se esquecem, feitas de bons encontros com pessoas únicas
que trouxeram para o Grupo Pestana o seu carácter, a sua inteligência,
profissionalismo e criatividade. Sem todas elas, muitas das quais me orgulho de
61
ser amigo, esta viagem teria sido muito mais difícil, senão mesmo impossível.
(Pestana, 2012)
No ano da celebração dos 40 anos, as apostas incidiram no território nacional e no
internacional novamente, com a inauguração da Pousada de Cascais, Cidadela Historic
Hotel, os novos Pestana Tróia Eco-Resort & Residences, no mercado sul-americano, e a
presença estende-se até à Colômbia, com o Pestana Bogotá. Poucos meses mais tarde, a
abertura do Pestana South Beach Art Deco, em Miami, o Pestana Casablanca em
Marrocos, e ainda o Pestana Cayo Coco Beach Resort em Cuba, seguindo-se ainda
apostas em Espanha, com o Pestana Arena Barcelona.
No dia 1 de agosto de 2013, o Pestana Hotel Group chega a Cuba, onde foi construído o
Pestana Cayo Coco Beach Resort, o primeiro hotel nas Caraíbas. Este hotel surge no meio
de um contrato entre o Pestana Hotel Group e a empresa cubana de turismo Gaviota. Esta
unidade hoteleira oferece cerca de quinhentos e oito quartos repartidos por onze
apartamentos posicionados para valorizar a paisagem natural da cidade.
Este Resort está localizado numa das mais conhecidas praias de Cuba voltado para o mar,
com uma avaliação de quatro estrelas. Uma das principais caraterísticas do Pestana Cayo
Coco Beach Resort são os seus restaurantes, que se apresentam com um design moderno
e colorido, inspirado nas cores típicas de Cuba, remetendo-as aos sabores e essências
específicas dos cubanos. Um dos responsáveis pela partilha de sabores diferentes é o
Chefe Pedro Relvas, já reconhecido pelo seu trabalho nas Pousadas de Portugal, tendo
levado alguns pratos portugueses para a atmosfera cubanos.
Ainda em 2013, o grupo inaugurou o Pestana South Beach Art Deco Hotel em Miami,
situado na zona histórica da cidade, unidade hoteleira classificada com quatro estrelas,
que esteve planeada para ser inaugurada dois anos antes. Porém, o incêndio acidental de
2011 em um dos edifícios atrasou o processo de iniciação do projeto. No entanto, a
compra do terreno tinha sido efetuada já em 2009. As expectativas com o primeiro
negócio na América do Norte eram altas, devido à sua capacidade de atração de novos
clientes viajantes, tanto em lazer como em negócios.
62
Em 2015, o grupo atinge 25 milhões de roomnights desde o início da sua atividade. A 19
de maio do mesmo ano, o Grupo desenvolveu nova identidade gráfica, o Rebranding e a
nova segmentação das marcas do Pestana Hotel Group – Pestana Hotels & Resorts,
Pestana Pousadas de Portugal e Pestana Collection Hotels. A autoria da nova imagem
do grupo é de Ogilyy, uma agência criativa, de publicidade e marketing originária do
Reino Unido e, segundo Theotónio (2015) esta mudança resulta de uma necessidade do
Pestana Hotel Group se apresentar ao mercado de uma forma mais clara para que quem
não conhecia tão bem a marca Pestana. Deste modo seriam mais facilmente reconhecidos.
A nova assinatura The Time Of Your Life pretende transmitir a ideia da importância do
tempo que os clientes despendem numa experiência, que deve ser insubstituível. O novo
“P”, além de fazer referência à palavra e ao nome da família – Pestana -, simboliza
também com os dois traços, a pausa no tempo que os hóspedes devem fazer durante a sua
estadia em uma das unidades do Pestana Hotel Group. De acordo com Nuno Ferreira
Pires, responsável pela área de Global Marketing & Sales do grupo, a mensagem que se
deseja passar é a da possibilidade da maximização de um tempo que se quer repetir.
A marca gere 45 hotéis, incluindo 10 na ilha da Madeira, 9 no Algarve, 3 em
Lisboa/Cascais/Sintra, 1 no Porto, 1 em Inglaterra, 1 na Alemanha, 9 no Brasil, 3 em
Moçambique, 1 na África do Sul, 1 em Cabo Verde, 1 na Argentina, 1 na Venezuela, 1
na Colômbia e 3 em S. Tomé e Príncipe e 37 Pousadas de Portugal em todo o país. No
total mais de nove mil quartos disponíveis pela Europa, em África e na América Latina,
em 2011.
No ano seguinte, em 2016 o Grupo realizou uma parceria com o jogador de futebol
Cristiano Ronaldo, uma Joint Venture de 75 milhões de euros que deu corpo ao
lançamento da quarta marca do grupo, intitulada de Pestana CR7 Lifestyle Hotels e
iniciando as suas atividades com a abertura dos dois primeiros hotéis da marca no Funchal
e em Lisboa, projetando também um para Madrid e um para Nova Iorque.
Figura 22 - Logotipos das três submarcas no início de 2015, ano do Rebranding da marca Pestana. Fonte: Meios e Publicidade, 2020.
63
Ainda nesse ano, o Pestana Hotel Group passou por uma fase menos positiva, devido
a dificuldades económicas no Brasil, dois hotéis foram encerrados por tempo
indeterminado, o Pestana Bahia em Salvador e o Pestana Angra Beach Bungalows, em
Angra dos Reis no Rio de Janeiro. No mesmo ano, a GJP Hotels & Resorts Hotels,
cadeia de hotéis brasileira, anunciou a compra do Pestana Natal All Inclusive Beach
& Resort, mudando de nome para Prodigy Beach Resort Natal.
Tal como José Roquette afirmou numa conferência de imprensa a 24 de janeiro de
2018, o ano de 2017 foi o melhor ano de sempre de acordo com os dados estatísticos.
A estimativa supera o resultado de 2015 em 24 milhões de euros. O sucesso da marca
confirma-se com um total de 20 hotéis inaugurados nos últimos seis anos a nível nacional
e internacional, ainda assim o Pestana Hotel Group previa abrir 20 novos hotéis nos
próximos 3 anos.
Foi neste ano que o Pestana Hotel Group fez 45 anos de história e sucesso gerindo cerca
de 90 hotéis em 15 países, mais de 11 000 quartos com um total de 7 000 colaboradores.
Conforme afirmou o administrador responsável pelo desenvolvimento do Pestana Hotel
Group, estava previsto em 2018 o grupo investir 44 milhões de euros na abertura de cinco
novos hotéis em Lisboa e no Porto. Uma das projeções deste ano foi a abertura de uma
unidade com a classificação de quatro estrelas para a Rua Braamcamp, em Lisboa, e tal
como Dionísio Pestana afirmou à Revista EXAME44 a 1 de outubro de 2018, este negócio
foi resultante de um investimento com um grupo chinês que alugou um imóvel e pretende
que o grupo realize a sua gestão hoteleira. A abertura está prevista para 2020, junto ao
Arco da Rua Augusta, também na capital, com 89 quartos e com a mesma classificação e
nasce de uma parceria com o investidor Manuel Rebelo, que adquiriu o edifício, a antiga
sede do Banco Popular.
Adquiriu também a principal indústria de bebidas da Madeira, diversas agências de
viagem, além de ser proprietário de 49% da Enatur45. Diante de um alargado número de
44 A Revista brasileira EXAME é especializada em economia, negócios, tecnologia, e faz publicações quinzenalmente pela Editora Abril. Esta revista inclui, além da revista, plataformas online e aplicações para smartphones e tablets. 45 A Enatur é a única entidade que, por lei, dispõe do uso da marca Pousada como estabelecimento hoteleiro. Esta empresa tem atualmente, a concessão à iniciativa privada e a supervisão da exploração dos estabelecimentos hoteleiros da Rede de Pousadas de Portugal, tal como definidas na legislação aplicável.
64
negócios, o grupo está organizado basicamente em dois grandes blocos de atividades
autónomas, mas que respondem aos interesses do grupo: Pestana Turismo e Pestana
Investimentos.
Toda a evolução desta cadeia hoteleira tem sido espelhada para cada um dos novos
projetos. À medida que a empresa se expandiu para novos continentes, países e até com
o surgimento de novas marcas e submarcas, o Pestana Hotel Group tornou-se
naturalmente mais experiente quanto ao cuidado e à atenção concedida às necessidades
básicas e complementares dos seus utilizadores. Pode considerar-se que essa experiência
é refletida na conceção dos projetos dos lobbies, assim como em todo o estabelecimento,
passando cada vez mais a adotar tendências às necessidades e preocupações atuais,
procurando ir ao encontro do local onde se integra e das exigências de quem o escolhe.
Ainda assim, nota-se que alguns lobbies do Pestana Hotel Group podem ter sido
remodelados, muitas vezes, pelo surgimento de problemas técnicos, mas também por
exigências de maior visibilidade, concedendo maior volume ao espaço em geral como, o
aumento do número quartos. No entanto, e apesar de diversas unidades não terem a
possibilidade de serem alteradas, por se tratar de património nacional, podemos
considerar que a exigência da expansão, menoriza a exigência da manutenção e
desenvolvimento nas unidades já existentes.
3.3. Fundadores 3.3.1. Manuel Pestana
Manuel Pestana, natural da Ribeira Brava, um concelho rural no Oeste da ilha da Madeira,
iniciou a sua carreira profissional por volta de 1941, numa mercearia própria no mesmo
lugar onde nasceu. No início da Segunda-Guerra, Manuel sente dificuldades e falta de
condições para o desenvolvimento e evolução do seu negócio e como os seus projetos e
ideias eram bastante ambiciosos, em 1946 dá o primeiro passo ao sair da ilha em direção
à África do Sul.
Assim que chega ao extremo sul de África, consegue trabalho e torna-se sócio de uma
cooperativa agrícola, a Ranavalt Farm, explorada por 10 pessoas, também madeirenses,
e onde eram produzidos e distribuídos legumes, frutos, entre outros produtos.
65
Ao fim de seis anos, Manuel Pestana conseguiu poupar algum capital para investir no seu
primeiro negócio, uma loja de bebidas em Joanesburgo, aberta em 1951 e chamada Bottle
Store. Já nos anos 60, poupado e com capacidade para o investimento, Manuel adquire
em Moçambique, na cidade de Lourenço Marques, atual Maputo, um imóvel de
apartamentos, intitulado o Prédio Funchal.
Tudo o que ganhara com o negócio de venda de bebidas, investia em ações referentes às
minas de ouro, que só comprava quando se encontravam em preços muito baixos. O
emigrante português soube assim tirar proveito da crise bolsista da década de sessenta.
Com valores irrisórios, adquiriu milhares de ações das minas de ouro. Aguardou que a
economia recuperasse e Manuel Pestana, ao perceber que tinha feito uma pequena
fortuna, decide investi-la. Foi com parte desse dinheiro que mandou construir, por volta
de 1968, o Hotel Sheraton, no Funchal, num terreno que tinha adquirido pouco tempo
antes. (Camacho, 2011).
Deste modo, Manuel Pestana pode ser considerado como o primeiro visionário e fundador
do Pestana Hotel Group, que, a 20 de novembro de 1972, abriu o primeiro hotel na Ilha
da Madeira. Praticamente, desde essa altura, e em conjunto com o seu filho, Dionísio,
atual acionista e presidente, expandiu a marca ano após ano.
O seu hobby era maioritariamente o trabalho, dedicando o resto tempo ao convívio
familiar. As viagens ocorriam, em geral, em contexto de trabalho.
3.3.2. Dionísio Pestana
Dionísio Pestana nasceu em 1952, em Joanesburgo, na África do Sul e estudou nos
maristas, um colégio católico convicto, nessa mesma cidade, onde surgiu a alcunha
“Dennis” criada pelos amigos e colegas de escola. Mais tarde formou-se em Gestão e
Administração de Empresas, Business Economics, na Universidade de KwaZulu em
Pieter Maritzburg, na província de Natal.
Filho de Manuel Pestana e de Caridade Fernandes, Dionísio Pestana era bom aluno,
aplicado e focalizado nos estudos, tendo sempre valorizado o trabalho desde a
adolescência, alternando a escolaridade com trabalho aos fins-de-semana, na loja de
66
bebidas, recrutado por seu pai. Esta foi uma das experiências que permitiram ao
presidente do grupo atual a consciência da humilde e o valor do dinheiro.
Assim que acaba o curso, sente a necessidade de viajar e aos 24 anos aterra na Madeira
para estagiar e pôr em prática os conhecimentos adquiridos ao longo do seu percurso de
estudante. A sua primeira experiência decorre num investimento de seu pai, o Sheraton
Madeira, onde trabalhou com uma equipa, que lhe concedeu diversas lições e que,
naturalmente, o preparou para uma futura forma de gerir a indústria hoteleira, de modo a
conseguir recuperar das fases menos positivas, afetadas por crises económicas, sociais e
políticas da época. Ainda em tempos difíceis, Dionísio Pestana criou um gosto especial
pela ilha que viu nascer o seu pai, e deixou de parte a ideia de regressar a Joanesburgo,
possuindo hoje dupla nacionalidade, a portuguesa e a sul-africana. Ao longo do
desenvolvimento de seus negócios, desafia e convida um amigo da África do Sul para o
acompanhar na aventura, e é então que Peter Booth46, se tornou o principal responsável
pela área do timesharing.
Dionísio Pestana teve uma educação baseada no regime anglo-saxónico, com muita
disciplina, organização, métodos de estudo e de trabalho. Para além da importância da
escola, o desporto teve também muito impacto na vida do presidente do grupo, tendo
praticado râguebi durante vários anos.
46 Peter Booth é amigo da família e o Vice-Presidente de Negócios do Pestana Hotel Group.
Figura 23 - Gráfico representativo da posição do Pestana Hotel Group no Mundo. Fonte: Pestana Group, 2020.
67
Considerou sempre como imprescindíveis os valores que essa experiência lhe trouxe,
adaptando-os sempre à sua vida profissional e pessoal. Um dos desafios deste desporto é
como é conhecido, o controlo de frustrações e de emoções, assim como a obrigação de
trabalhar em equipa, sendo nesta última aquela em que mais se evidencia tentando aplica-
la regularmente e tornando-o num lema.
Dionísio Pestana reconhece que em uma empresa de sucesso, o trabalho de equipa, o
espírito de entreajuda, a ambição, e a persistência são valores principais, têm de ser
mantidos. A habilidade e a paixão pelos negócios e gestão hoteleira foi certamente
herdada pela família, em particular, pelos investimentos na bolsa.
Uma das medidas ainda presentes do presidente do grupo é a necessidade de investir em
projetos de hotelaria a longo prazo, pois considera importante fazer um cálculo de sete a
dez anos para um sucesso efetivo.
Dionísio Pestana é um gestor conhecido por ser discreto e cujo low profile marca a sua
personalidade. O empresário há vários anos que tem a seu lado uma equipa eficaz, à
medida que o grupo vai crescendo. José Theotónio é o gestor das finanças e José
Roquette, o administrador para a expansão e desenvolvimento. Luigi Valle foi o ex-vice-
presidente do grupo e Castelão Costa o rosto das Pousadas de Portugal, tendo ambos saído
da equipa em 2015.
A nossa jornada de 45 anos tem sido extraordinária. Tudo começou com uma
visão e um sentido profundo de trabalho árduo e responsabilidade iniciados pelo
meu pai que criaram as bases do PHG. Tive a sorte de ter nos meus pais os meus
mentores que, durante a minha juventude, me orientaram na procura de uma vida
melhor. Ao longo dos anos houve muitas mudanças, mas a fórmula tem sido
sempre a mesma: valores familiares, empreendedorismo, resiliência, trabalho
árduo, inovação e sustentabilidade. Com a ajuda das nossas maravilhosas equipas
multinacionais, procurei honrar o legado do meu pai e preparar a próxima geração
para os desafios e oportunidades do futuro. (Pestana, 2012).
3.4. Características da Empresa
Uma das principais caraterísticas do grupo associa-se à mensagem que pretendem passar
com a palavra change -- a mudança -- que representa para eles a adaptação e flexibilidade.
68
Ao longo de quase 50 anos de história, de conquistas e de sucesso, a mudança tem feito
inevitavelmente parte do seu percurso.
Se assim não fosse, não teriam superado e transformado as crises em oportunidades.
Seguir as tendências é imprescindível para qualquer negócio e o Pestana Hotel Group
tem também seguido o mesmo raciocínio.
Alguns exemplos da sua flexibilidade e adaptação são os diversos negócios da marca
Pestana. A mudança constante em cada um deles, principalmente no ramo hoteleiro, é um
bom exemplo, com a constante procura e vontade para a conquista de novos destinos, ao
procurar atingir novos mercados, ao surpreender sem nunca perder a essência e a
humildade.
Ambição é outra das caraterísticas subjacentes à marca Pestana, ao apresentar-se como
nunca regozijados com as aquisições ou vitórias. Por isso, têm demonstrado a incessante
vontade de crescer. O Pestana Hotel Group continua a estudar novas formas de
desenvolvimento, dentro e fora do país. Nos próximos anos, as principais apostas são, a
nível do setor urbano, as grandes cidades europeias, como é o exemplo a Cidade-Luz e
capital francesa, Paris. No entanto, a sua presença em destinos paradisíacos em forma de
Resorts é igualmente significativa, centrando maior incidência na América do Sul, ainda
que atualmente o número superior de quartos se encontre situado em Portugal.
Figura 24 - Esquema das principais caraterísticas do Pestana Hotel Group, esquema proposto pela autora.
69
Relativamente aos vários modelos de negócio geridos pelo Pestana Hotel Group,
Dionísio Pestana, na entrevista à EXAME, afirma que se não tivessem conquistado
diversas áreas não tinham progredido como progrediram. Inicialmente, o grupo era
apenas proprietário, projetava, construía e geria as suas próprias unidades.
No entanto, com o tempo, o contexto foi-se transformando e foi necessário aceitar a
mudança e aí se justifica o termo e o conceito change do Pestana Hotel Group. A
expansão e crescimento no decorrer do seu percurso são o reflexo da postura e
flexibilidade de Dionísio Pestana que demonstra a sua compreensão e perceção
relativamente às alterações que os negócios em qualquer âmbito sofrem e, deste modo,
foram-se apresentando através da forma de parcerias, joint ventures, alugueres, etc.
Figura 25 - Gráfico do número de quartos pelo mundo e por segmento do Pestana Hotel Group. Fonte: Pestana Group, 2020.
70
Esta necessidade originou então a segmentação em diversas áreas do negócio e o
Rebranding da marca, em 2015.
Atualmente, no segmento hoteleiro, o Pestana Hotel Group é constituído por quatro
submarcas sob sua gestão: a Pestana Hotel & Resorts, compostos por unidades de 4 e 5
estrelas a nível nacional, Europeu, em África e na América; da submarca Pestana
Collection Hotels, as sete unidades de luxo integradas em icónicos edifícios classificando-
se no produto mais premium do grupo; os Pestana CR7 Lifestyle Hotels, com um conceito
muito próprio e destinados a um público mais jovem e urbano e por último as Pousadas
de Portugal, que inclui 34 unidades.
Crescer e investir de forma sustentada fez sempre parte da cultura desta empresa. Desde
2003, o Pestana Hotel Group gere a rede Pousadas de Portugal, sob o qual pratica a
atividade sustentável de dar novas imagens a edifícios e monumentos históricos com o
intuito de promover, não apenas a história, como a sua marca e o seu serviço.
Localizadas em locais exclusivos, esta rede possui caraterísticas únicas e distintivas uma
vez que muitas das suas unidades estão localizadas em Castelos, Conventos e Palácios
recuperados especificamente para este fim.
Segundo o presidente do grupo, a opção é sempre a de reutilizar, relacionando-se não só
com várias associações de âmbito social e ambiental, como no que diz respeito ao
equipamento, material e espaço utilizados para as práticas dos seus serviços e negócios.
Figura 26 - Gráfico representativo do número de incidência em várias tipologias de propriedade do Pestana Hotel Group. Fonte: Pestana Group, 2020.
71
Outra grande caraterística do grupo é mensagem que a sua assinatura pretende pôr a
circular: a da importância do tempo, como é precioso, e como deve ser despendido da
melhor forma possível. A filosofia e método empregues tem sido consistente ao longo da
evolução do grupo, começando pela escolha das melhores localizações para os seus
hotéis, procurando maximizar a experiência humana, e proporcionando a cada hóspede
os melhores momentos das suas vidas.
Entre 4 e 5 estrelas, todos os hotéis Pestana partilham os mesmos elevados padrões de
qualidade, serviços de excelência, formando o seu Staff e muito insistindo na formação
dos seus colaboradores. O reconhecimento do público e os resultados apresentados,
revelam que estes argumentos são a melhor prova da excelência do Pestana Hotel Group.
«Não tinha qualquer consciência desta necessidade de confiar nas pessoas no início da
minha carreira. Ganhar a confiança, e ter confiança nela, era uma necessidade para
conseguir fazer as coisas.» (Pestana, 2018).
Para além da contínua aposta na segurança, na inovação e na qualidade dos serviços, que
envolve todos os colaboradores, clientes e comunidades, o Pestana Hotel Group tem
alcançado excelentes resultados no que se relaciona com as taxas de ocupação e,
inclusivamente, aumentar o número de clientes e o de room-nights comercializadas todos
os anos.
3.5. As marcas 3.5.1. Pestana Hotels & Resorts - Cosmopolitan Hotels & Paradise Resorts
Nesta submarca, insere-se o registo mais diversificado do grupo no que se relaciona com
os destinos. Apresentam um portfólio com mais de trinta e cinco hotéis e Resorts em
quatro continentes: Europa, África, América do Norte e América do Sul, desde cidades
Figura 27 - Logotipo da submarca, Pestana Hotels & Resorts. Fonte: Jornal I, 2020.
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emblemáticas a destinos de férias para viajantes globais, negócios ou lazer, para estadias
individuais ou familiares.
Esta submarca ainda inclui o setor Pestana Hotels & Resorts Premium que oferece uma
seleção de 12 hotéis de luxo em Portugal e no estrangeiro, situados em locais privilegiados
e cosmopolitas. Estes hotéis exclusivos distinguem-se pelas suas caraterísticas únicas e
fornecem serviços prestados por equipas dedicadas e lideradas por supervisores seniores.
No entanto, esta foi a primeira submarca a ser criada pelo grupo pois insere os primeiros
hotéis construídos e adquiridos desde 1972 até aos dias de hoje.
3.5.2. Pestana Pousadas de Portugal Monument & Historic Hotels
As Pousadas de Portugal, nasceram em maio de 1941, por decisão de António Ferro um
escritor, jornalista e político português deste período salazarista. O surgimento do
primeiro estabelecimento hoteleiro da rede ocorreu em Elvas, no Alentejo, e é datado em
abril de 1942.
Esta zona de Portugal é ainda atualmente a que concentra maior número de pousadas,
devido à sua história, às paisagens e a todo o enquadramento que favorece este tipo de
unidade hoteleira.
Este conceito foi de tal forma um sucesso que, uma década mais tarde, o nome transforma-
se em Pousadas Históricas, sempre situadas em edifícios e monumentos
históricos, mosteiros, castelos, conventos e alguns abandonados ou em estado de
deterioração, sendo então ideais para as recuperações e reestruturações que se realizaram.
Figura 28 - Logotipo da submarca, Pestana Pousadas de Portugal. Fonte: Pestana Group, 2020.
73
No início do mês de agosto de 2003, devido a uma circunstância de acumulação de
resultados líquidos negativos durante mais de dez anos, e com um elevado prejuízo só do
ano anterior, o Governo Português resolveu privatizar em 49% o capital da ENATUR,
bem como ceder a exploração das Pousadas de Portugal ao grupo que ganhasse esse
acesso à privatização. Após concurso internacional, o Pestana Hotel Group destaca-se
como vencedor com cerca de 59,8%, o Grupo CGD com um resultado de 25%, e a
Fundação Oriente com 15% e as duas restantes empresas, Portimar e Abreu com 0,2%.
(ENATUR, 2020).
Desta forma, em 1 de setembro desse mesmo ano, o Pestana Hotel Group tornou-se
responsável pela exploração das Pousadas de Portugal por um período de vinte anos,
assim como ficou responsável pela sua eventual expansão. No entanto, em 2015, o Grupo
Pestana conseguiu ainda aumentar mais a sua participação nas Pousadas e comprou a
parte correspondente ao Grupo CGD, cerca de 25%, passando assim a deter 85% do
capital, pertencendo os restantes 15% à Fundação Oriente. (ENATUR, 2020).
Anos mais tarde, depois da inauguração da primeira Pousada de Portugal, a Madeira
também acolheu ainda este ano um hotel, já pertencente à marca Pousadas de Portugal da
submarca Pestana Hotel Group. Situado na baía de Câmara de Lobos, o hotel Pestana
Churchill Bay, ao homenagear a estadia do antigo primeiro-ministro britânico, inclui
através do próprio design de interiores, pinturas nos cinquenta e sete quartos, inspiradas
na altura em que Winston Churchill esteva de férias na ilha. Câmara de Lobos é uma vila
agrícola e piscatória situada a 8 km do Funchal e desde a abertura deste primeiro hotel do
grupo, que se carateriza como uma zona cada vez mais atrativa e de interesse turístico.
Este hotel custou cerca de 4 milhões de euros ao Pestana Hotel Group e gerou cerca de
quarenta novos postos de trabalho. Este foi um dos últimos projetos da submarca
Pousadas de Portugal, embora o grupo ambicione expandi-la internacionalmente com a
abertura de cinco estabelecimentos hoteleiros até 2023 (Coelho, 2019), aliados sempre à
promoção e apoio ao património cultural português, procurando manter sempre as
caraterísticas como o apelo aos sentidos de cada época, mas com os padrões de exigência,
conforto e qualidade.
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3.5.3. Pestana Collection Hotels
O Pestana Hotels Collection é a submarca de hotéis exclusivos de luxo do Pestana Hotel
Group, cinco dos quais são membros ilustres da organização hoteleira, The Leading
Hotels of the World, que é representada por mais de 380 dos melhores hotéis, Resorts e
Spas do mundo, situados em mais de oitenta países no mundo e da empresa Preferred
Hotels & Resorts que é também representada por mais de seiscentos e cinquenta hotéis,
Resorts, grupos e residências em oitenta e cinco países.
Estas unidades icónicas estão situadas em locais Premium com padrões de serviço e
qualidade de destaque, personalizado e de alto nível. São referências em destinos
turísticos, ou em cidades onde se situam, tanto em termos de sofisticação como de
competitividade. Atualmente, já se encontram em Lisboa, Cascais, Porto e até
Amesterdão e Madrid, e todas estas propriedades estão inseridas em luxuosos edifícios
ou monumentos.
Na totalidade, esta submarca agrupa sete unidades hoteleiras, localizando-se no Porto três,
datando a última inauguração de 2018. As restantes, pertencentes às empresas The
Leadings Hotels of The World e a Preferred Hotels & Resorts, têm os nomes, Pestana
Palácio do Freixo Pousada & National Monument e o Pestana Vintage Porto Hotel &
World Heritage Site, respetivamente. Em Lisboa, encontra-se o grande e mais
reconhecido Pestana Palace Lisboa Hotel & National Monument, ratificado pela The
Leading Hotels of The World e a cerca de 30km, o Pestana Cidadela Cascais Pousada &
Art District, pela Preferred Hotels & Resorts.
Internacionalmente, a primeira aquisição foi na Holanda, em Amesterdão, e a
transformação de dois edifícios do século XIX, do estilo neorrenascentista, resultou no
hotel de luxo Pestana Amsterdam Riverside Hotel & National Monument. Inaugurado em
Figura 29 - Logotipo da submarca, Pestana Collection Hotels. Fonte: Banco Best, 2020.
75
janeiro de 2018, e derivado de um investimento de 40 milhões de euros, este hotel,
classificado com cinco estrelas, é membro da prestigiada empresa Preferred Hotels &
Resorts Luxury Collection e conta com cento e cinquenta e quatro quartos, hotel que fora
adquirido pelo grupo em 2014. Em 2019, foi comprada a segunda unidade hoteleira
internacional pertencente a esta submarca de categoria de magnificência, o Pestana Plaza
Mayor Madrid. Trata-se do segundo projeto do Pestana Hotel Group em Espanha e conta
com 89 quartos e suites com um design contemporâneo e elegante, e com peças
decorativas, inspiradas em pintores expressionistas e nas cores e padrões da Plaza Mayor.
A sua localização traduz uma reinterpretação da história e da cultura, através da
arquitetura dos edifícios, que enquadram o hotel, assim como o seu estilo marcado pela
sensibilidade para com as tradições, criatividade e vida urbana presente na capital
espanhola.
3.5.4. Pestana CR7 Lifestyle Hotels Este marca resulta da união entre a experiência hoteleira, que o grupo oferece, e a imagem
do estilo de vida do futebolista Cristiano Ronaldo (CR7), procurando direcionar-se para
quem gosta de futebol, mesmo não aprecie o jogador, mas também para quem tem em
consideração o desporto em geral ou simplesmente se identifica com um conceito
moderno de vida que transmite energia, foco e determinação.
Esta dinâmica é percetível ao longo de todo o espaço de cada uma das unidades hoteleiras
desta marca. Esta convenção foi assinalada em dezembro de 2015, porém foi apenas em
julho de 2016 que se inaugurou a primeira unidade desta submarca, no Funchal, na ilha
da Madeira, local de origem do emblemático jogador e, logo de seguida, após um mês
depois inaugura-se o CR7 na capital, em Lisboa.
Esta Joint Venture possibilitou novamente ao grupo expandir os seus horizontes para
outros territórios, nomeadamente os do desporto e os do próprio aproveitamento da
simbologia associada a um jogador de sucesso, que certamente atrai grandes massas de
faixas etárias muito diferenciadas, englobando neste conceito um marketing entre a
Figura 30 - Logotipo da submarca, Pestana CR7 Lifestyle Hotels. Fonte: Pestana Group, 2020.
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hotelaria e a sigla com o nome do jogador. Essas duas partes são beneficiadas de igual
forma, mas é a entidade hoteleira que assume a responsabilidade pela totalidade da gestão
operacional do negócio.
O objetivo foi posicionar a área hoteleira do Pestana Hotel Group como trendsetters em
cada cidade, concentrando-se sempre em conceitos temáticos situados em zonas urbanas
que promovem preferências por um design conceptual e consegue traduzir a vontade de
vencer, a paixão pela vitória, a obsessão pela competitividade, o trabalho em equipa e o
fair play, de maneira a introduzir na hotelaria e à realidade empresarial, social e pessoal
aquilo que se passa no mundo do desporto. Estiveram também previstas aberturas de
hotéis pertencentes à marca em Madrid e em Nova Iorque para o ano seguinte. No entanto,
por enquanto, só se mantêm ativas estas duas primeiras unidades abertas – Funchal e
Lisboa -- até aos dias de hoje.
3.6. Valores da Marca
Alguns dos valores acima enunciados da marca Pestana, podem também mencionar-se
preocupações pelo desenvolvimento sustentável, o respeito pelo ambiente é um dos
princípios e uma das prioridades estratégicas do Pestana Hotel Group, que se materializa
no programa Planet Guest. O grupo assume-se como agente responsável pela melhoria
das comunidades, onde atua, com a assinatura: Somos apenas hóspedes do Planeta.
Nesta área ambiental, os seus compromissos passam pela preservação e valorização dos
recursos naturais, através da redução de consumos, mas tem também passando pela
inovação, com o desenvolvimento de produtos mais adaptados ao ambiente e ao mercado,
como é o caso do Pestana Tróia Eco-Resort & Residences. O Pestana Hotel Group
apresenta anualmente um Relatório de Sustentabilidade onde são apresentados os dados
relativos ao programa de sustentabilidade.
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Este programa Planet Guest, Pestana Sustainability Program, é um conceito agregador,
que procura transmitir a posição do Pestana Hotel Group como uma organização e como
um coletivo de pessoas que respeita e valoriza o ambiente, a sociedade, a ética corporativa
e, para além da consciência que este programa pretende, proporcionar uma imagem
positiva da marca.
O turismo tem vindo a alcançar importância significativa nos mercados onde o Pestana
Hotel Group está presente e, no que diz respeito ao impacto ambiental, isso acaba por
transformar este programa de sustentabilidade num protótipo, que orienta para aquilo que
deve ser expectável de um grupo hoteleiro responsável e comprometido com o ambiente,
procurando demonstrar como os seus consumos são de forma sustentável. Além desta
responsabilidade e tomada de consciência, o Pestana Hotel Group tem procurado aliar-
se à responsabilidade económica, com a criação de empregos e promovendo a economia
local.
O Planet Guest, para além de colaborar com medidas ambientais, ainda inclui atividades
de apoio a comunidades locais, promoção de educação e cultura, responsabilidade social
interna, apoio ao empreendedorismo e recuperação e preservação do património.
Figura 31 - Logotipo do Programa Planet Guest do Pestana Group Hotel. Fonte: Pestana Group, 2020.
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Esta realização anual ocorre desde 2009, mas é só do ano 2018, que o Pestana Hotel
Group realizou o seu 6º relatório de sustentabilidade, reformulando as áreas de atuação e
adicionando os dois novos eixos de intervenção, a responsabilidade social interna e o
apoio a projetos de empreendedorismo.
Segundo este gráfico, na primeira área de intervenção, o Pestana Hotel Group
responsabiliza-se pelo bem-estar e pela qualidade de vida das comunidades locais onde
estão situados alguns dos seus hotéis com o objetivo também de promover progresso e
igualdade social. O programa inserido neste parâmetro é denominado de Obrigado Por
Ajudar e é coparticipado pelos hóspedes em que o Pestana Hotel Group duplica todas as
doações de 1€ e o apoio anual a várias instituições locais de solidariedade social tais
como: Acreditar em Lisboa, Crescer Ser no Porto, Lar Bom Samaritano no Algarve,
Criamar na ilha da Madeira (Associação de Solidariedade Social para o
Desenvolvimento e Apoio a Crianças e Jovens) e ainda desde 2018 foi alargado para
mais duas instituições, a Afacidase em Manteigas e Santa Casa da Misericórdia em Vila
Franca do Campo, Açores. (Pestana Hotel Group, 2018)
Para além do auxílio a estas instituições, o Pestana Hotel Group também se agrega a
programas de voluntariado como é exemplo o da Comunidade Vida e Paz, realizado em
2018, a recuperação da sede da Associação Os Francisquinhos em 2019, o Natal
Solidário por parte dos hotéis da Madeira e da Serra da Estrela, a doação de brinquedos
no dia da criança, doação de produtos inutilizados, corridas solidárias na celebração dos
seiscentos anos da Madeira, entre muitos outros. (Pestana Hotel Group, 2018).
No campo da educação e cultura, a contribuição passa pela valorização da identidade
cultural das regiões e na educação académica como um direito de todos os cidadãos. Neste
sentido, surgem parcerias e eventos com entidades e oficiais portuguesas como, por
Figura 32 - Áreas de atuação estratégica do Programa Sustentabilidade do Pestana Hotel Group. Fonte: Pestana Hotel Group, 2018.
79
exemplo, Artforyou e Artmach. As contribuições nesta matéria também ocorrem com o
Projeto Comunitário Tilizinwe Bazaruto, com a APPT21 (Associação Portuguesa de
Portadores de Trissomia 21) na integração de jovens proporcionando-lhes estágios
profissionais. (Pestana Hotel Group, 2018)
Na questão da responsabilidade social interna, o Pestana Hotel Group apresenta um plano
de apoio à família, recolhendo material escolar que visa também o reaproveitamento de
livros para filhos dos seus colaboradores. A iniciativa do “Empregado do Mês/Trimestre”,
pretende classificar e recompensar o trabalho dos seus colaboradores.
Quanto à recuperação e preservação do património, o grupo tem intenções de continuar a
desempenhar o papel de reabilitação de edifícios históricos, favorecendo e contribuindo
para a manutenção do património e da história das regiões. Alguns exemplos destas
atividades são o hotel Pestana Plaza Mayor Madrid, construído após uma recuperação de
dois edifícios históricos com mais de 400 anos, o hotel Pestana Amsterdam Riverside,
edifício que pertenceu ao município de Nieuwer Amstel, a Pousada de Óbidos, o hotel
Pestana Churchill Bay, entre outros.
Relativamente ao apreço que o Pestana Hotel Group demonstra pelo meio-ambiente,
algumas medidas foram implementadas para uma redução da utilização de produtos com
forte impacto ambiental, como por exemplo o uso de objetos de plástico, substituindo por
objetos em papel reciclável, substituindo as esferográficas, que eram disponibilizadas aos
hóspedes, por lápis, e também com oferta de uma caneca em inox personalizada a cada
colaborador. Alguns movimentos adotados foram, o Dia da Árvore, plantando uma árvore
com auxílio de alguns clientes, a Limpeza de Calhau, a Brigada Verde, a Dê Uma Tampa
à Indiferença e também a medida Menos Água Mais Ambiente, que visa a redução do
consumo de água na reposição dos lençóis de cama, toalhas entre muitos outros atos
ligados a esta causa.
Por último, em 2018 o Pestana Hotel Group juntou-se a outras ações, não menos
importantes, valorizando o empreendedorismo, que, por sua vez, se associa a outras
movimentos, tais como o apoio a refugiados, revertendo cerca de 50.000€ para o
BlueCrow Dynamic Fund, e também contribuiu para a realização de protocolos de
estágios com a Casa dos Rapazes, e ainda estabeleceu parceria com a REFUJOBS, que
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tem como principal propósito valorizar as habilitações profissionais de refugiados,
considerando as oportunidades de emprego Pestana Hotel Group tem manifestado
bastante preocupação nesta sua implicação social.
3.7. Breve análise de lobbies das diversas marcas hoteleiras 3.7.1. Lobby da marca Pestana Hotels & Resorts O hotel Pestana Carlton Madeira, situado no topo de uma falésia, como já descrito
anteriormente, foi o primeiro estabelecimento hoteleiro do Pestana Hotel Group. Como
tal, as suas instalações, assim como o estilo decorativo e equipamento nele inserido
necessitavam de forte remodelação, quando o Pestana Hotel Group adquiriu o
estabelecimento.
Em 2005, deu-se início a uma requalificação total do hotel, incluindo todas as áreas, desde
o lobby, aos quartos, às áreas de serviço e à própria fachada.
Após estas obras, que duraram cerca de três anos, encontra-se o hotel praticamente com
a mesma configuração, com o mesmo estilo e registo decorativo e espacial.
Figura 33 - Lobby do Hotel Pestana Carlton Madeira. Fonte: Sofia Fernandes, 2019.
81
Deste modo, e tratando-se de um hotel dos anos 70, o seu lobby é caraterizado como um
espaço amplo, com um estilo clássico e sofisticado, com base em tons neutros e quentes,
desde a sua iluminação amarelada, às cores escolhidas para o equipamento, nos remates
e revestimentos nas paredes e no pavimento.
Por outro lado, o lobby deste hotel com o seu estilo requintado e aprimorado, mas, ao
mesmo tempo, simples e cuidado, transporta, a quem lá entra uma sensação de conforto
e bem-estar e vontade em usufruir de uma experiência compensadora para, por exemplo,
oferecer um plano de um dia de passeio pela ilha com as vistas para o oceano pelas arribas
e falésias diversas.
No entanto, este lobby já não corresponde totalmente ao que cada vez é mais procurado.
Os pormenores sofisticados e de estilo clássico remontam a um espaço mais conservador,
servindo de exemplo o grande candeeiro de cristal no centro do lobby, o balcão de receção
de madeira escura e pedra, o jogo de espelhos entre as colunas, as poltronas de grande
volume aveludadas, etc. Assim sendo, seu estilo não reflete na integridade, uma ilha com
clima tropical e ambiente de praia, deveria deste modo, focalizar-se num estilo mais
moderno com paletas de cores mais claras e sóbrias e remeter para um universo mais leve
Figura 34 - Lobby do Hotel Pestana Carlton Madeira. Fotografia: Sofia Fernandes, 2019.
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e mais primaveril e fresco. A sensação que este lobby transmite é, todavia, de acolhimento
e boa receção para uma estação mais fria e para uma época de outono, pois transmite
segurança e conforto térmico pelo conjunto de cores e texturas escolhidas. Porém existe
falta de coerência na linguagem usada e uma mistura de registos diferentes, acabando por
causa um certo desconforto e confusão visual.
3.7.2. Lobby da marca Pestana Pousadas de Portugal O primeiro estabelecimento hoteleiro pertencente à marca Pestana Pousadas de Portugal,
aberto na ilha da Madeira, foi o Pestana Churchill Bay, e este trouxe à ilha o conceito já
conhecido da marca, destinada a homenagear e a proporcionar experiências diferentes,
criando uma união entre a história da ilha e o conforto que se pretende para uma estadia
em um hotel.
A localização desta Pousada, também acaba por se alinhar com o conceito, situado em
Câmara de Lobos, a vila madeirense com menos população estrangeira e, até há pouco
tempo, das menos desenvolvidas da ilha, mantendo-se leal aos costumes e tradições
antigas da região. Contudo o conceito deste estabelecimento deve-se à visita que o
político britânico fez à ilha em 1950 em que deixou marcas importantes para o turismo
da região, desde a realização de umas das suas pinturas à vista da baía como o próprio
momento imortalizado pelo fotógrafo Raul Perestrelo, tornando-se esse local mais num
miradouro com o seu nome.
Figura 35 - Lobby da Pousada Pestana Churchill Bay, na ilha da Madeira. Lounge, bar e receção, respetivamente. Fotografia: Sofia Fernandes, 2019.
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O lobby do Pestana Churchill Bay, carateriza-se como um ambiente que relembra a
personalidade e trata de forma inspiradora a marca que Winston Churchill47 deixou, desde
pormenores como citações textuais conhecidas do político, à sua silhueta caraterística
pelos corredores, como pelo estilo decorativo, que invoca à sua postura e caráter, pois
Churchill era um homem conservador, mas visionário e esse aspeto é percetível na
escolha de equipamento, na paleta de cores, nos padrões geométricos e nas texturas que
ajudam a recuar no tempo.
Apesar de este lobby seguir o conceito do hotel e se encontrar com um registo mais
conservador, e tradicional indo de encontro ao que caraterizava Winston Churchill, a
sensação que dá é que se entra num espaço antigo e desatualizado, podendo estar
associado à falta de manutenção e cuidado entregues a este mesmo lobby.
3.7.3. Lobby da marca Pestana Collection Hotels
O primeiro lobby da marca de luxo Pestana Collection Hotels é o do Pestana Palace em
Lisboa, no Alto de Santo Amaro. Este edifício adquirido pelo grupo em 1992 e aberto
quase cinco anos mais tarde foi classificado como Monumento Nacional desde 1997. É
um hotel que se manifesta como categoria de luxo por diversas razões, quer seja pelos
47 Winston Churchill (1874-1965), foi político conservador e primeiro-ministro britânico. Churchill foi também artista, historiador, escritor e oficial do Exército Britânico, em 1953 recebeu o Prémio Nobel da Literatura.
Figura 36 - Lobby da Pousada Pestana Churchill Bay, na ilha da Madeira. Fotografia: Sofia Fernandes, 2019.
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seus serviços o, como pelo seu enquadramento histórico, associado, como pelas suas
instalações de requinte e extravagância.
O lobby deste hotel insere apenas a receção, pois quanto aos outros possíveis elementos
constituintes, encontram-se no piso superior com o bar e o lounge. As caraterísticas mais
relevantes são também muito próprias e devem-se à arquitetura do palácio. O elemento
mais atrativo é provavelmente a escadaria em pedra lioz, ao criar um jogo de padrões com
diversas cores, possíveis de se encontrar no pavimento e no revestimento de parede.
Porém, a entrada deste hotel é atrativa pelas suas importantes particularidades tais como:
os vitrais coloridos nos grandes janelões; os candeeiros clássicos e arrojados, refletindo
iluminação amarelada e um ambiente quente e acolhedor; o bouquet de flores em cada
extremidade do corrimão também em pedra, com a sua simetria e equilíbrio; o balcão da
receção esculpido em madeira com o tampo em pedra; o banco em madeira escura
também talhada e com uma forma única; o expositor tipo mupi, que projeta imagens que
promovem e dão a conhecer o hotel, pois também este equipamento tem a sua definição
referente a uma determinada época e ao estilo clássico. Todos estes pormenores
demonstram influências maioritariamente francesas e italianas, uma vez que o
responsável pela construção deste palácio, Marquês de Valle Flor, tinha tido acesso a
influências internacionais.
Figura 37 - Lobby do Pestana Palace Lisboa. Fotografia: Sofia Fernandes, 2018.
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O lobby deste hotel, acaba por não realçar as caraterísticas indispensáveis para um
primeiro espaço de acolhimento, ainda que seja indispensável respeitar a época e os
materiais nobres, é necessário transmitir a sensação de conforto e bem-estar.
3.7.4. Lobby da marca Pestana CR7 Lifestyle Hotels Este hotel foi o primeiro a pertencer à marca mais recente do grupo hoteleiro, inaugurado
em 2016 na ilha da Madeira, com o nome de Pestana CR7 Funchal. Dedicado também a
homenagear uma personalidade inspiradora para muitos adeptos do desporto, Cristiano
Ronaldo, a quem se destina esta consagração, figura emblemática no mundo desportivo
Figura 38 - Lobby do hotel Pestana Palace Lisboa. Fotografia: Sofia Fernandes, 2018
Figura 39 - Lobby do hotel Pestana CR7, na ilha da Madeira. Fotografia: Sofia Fernandes, 2019.
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– futebol--, é natural esperar sucesso nesta associação, sobretudo na ilha da Madeira, local
de origem do jogador.
As palavras de ordem, e mensagens que se pretendem passar são as mesmas que o jogador
emprega no seu quotidiano, como a determinação, a resistência, a persistência, a coragem,
a disciplina, a ambição e agora, e cada vez mais, a capacidade empreendedora.
O lobby deste hotel é, como a marca em si, uma novidade para o Pestana Hotel Group
pelo seu registo visual e espacial utilizado. O design escolhido é moderno, desportivo e
simples tal como o espírito do jogador, direcionado para um público-alvo mais jovem e
com predisposição para cores e formas novas. O seu design é caraterístico de um estilo
inspirado na Art Déco com formas geométricas e orgânicas, cores atrativas e jogo de
texturas de materiais. Trata-se de um estilo muito heterogéneo, requintado, exótico e
eclético e que, por fim, mistura as principais caraterísticas, entre tradição e inovação.
Ainda que o conceito destes lobbies se relacione e se distinga muito com uma linguagem
excêntrica e exuberante, acaba por se torna num exagero de informação, dificultando o
reconhecimento de um registo próprio, podendo criar algum cansaço visual e exaustivo.
Deste modo, em alguns casos, os lobbies das unidades hoteleiras do Pestana Hotel Group,
não se adequam ao registo, conceito, localização e necessidades que deveriam constar
acabando por não valorizar significativamente as suas qualidades. No entanto,
prevalecem os projetos bem concebidos e enquadrados às necessidades e exigências, pois,
na maioria das vezes, a importância procurada encontra-se num espaço como os lobbies
desta cadeira hoteleira. As caraterísticas mais comuns são as sensações transmitidas por
entrar num espaço acolhedor e convidativo, apropriado e envolvente, procurando criar
expetativas através de sugestões feitas por plataformas online, ou por outras pessoas.
Figura 40 - Lobby do hotel Pestana CR7, na ilha da Madeira. Fotografia: Sofia Fernandes, 2019.
87
3.8. Síntese De um modo geral, o Pestana Hotel Group consegue, muitas vezes, adaptar-se às
tendências, priorizando o bem-estar dos seus clientes, e mantendo consciência e empenho
na gestão da empresa. Tem, por isso, obtido a realização dos seus lobbies, de acordo com
as necessidades dos seus utilizadores e com as caraterísticas de cada um dos tipos de
hotel, sustentando e aumentando as taxas de sucesso, ano após ano.
No entanto, e apesar do empenho, do Pestana Hotel Group, na sustentabilidade, nos
serviços, no bem-estar dos hóspedes, e no desenvolvimento da economia local com a
contratação de pessoas naturais do espaço onde se instalam, pode notar-se que a vontade
e entusiamo expansionista é tal forma significativo que efetivamente menoriza o cuidado
que poderíamos esperar quer na manutenção, quer na atualização dos estabelecimentos
hoteleiros já existentes. Lobbies de unidades mais antigas não sofreram modificações e
não se adaptaram, por conseguinte, a exigências mais contemporâneas.
Desta maneira, analisando esta recolha, permito-me selecionar um caso bastante
significativo de um hotel em Cascais, o Hotel Pestana Cascais – Ocean Conference
Aparthotel, cuja disposição e caraterísticas do lobby não se adequam às exigências atuais
de um hóspede que procura instalar-se perto da cidade de Lisboa ou da cosmopolita
Cascais. A intenção do novo projeto é evidentemente manter o bem-estar dos hóspedes,
mas propor-lhes uma nova dinâmica apelativa que os leve, não apenas a optar por esta
unidade hoteleira, mas que se sintam atraídos a aí permanecer, quer para um repouso
pontual, quer para um aperitivo ou digestivo, quer ainda para um diálogo que se poderá
estabelecer entre amigos, familiares ou outros hóspedes que compartilham deste novo
espaço mais acolhedor.
88
Parte II
1. Projeto para o Lobby do Hotel Pestana Cascais - Ocean
Conference Aparthotel 1.1. Apresentação programática O trabalho de projeto pretende a reabilitação e será aplicado ao Hotel Pestana Cascais.
Esta proposta visa a criação de um novo espaço, dedicado ao bem-estar dos hóspedes.
Uma vez compreendido no enquadramento teórico, anteriormente realizado, acabando
por fundamentar e apoiar o projeto, este lobby inclui também uma zona de receção, que
acolhe, em primeiro plano, os hóspedes e visitantes, uma zona de lazer, e uma de
descontração e convívio no lounge, associadas também ao próprio bar, que oferece
serviço de venda de bebidas e refeições ligeiras.
A análise crítica inicia-se com o detetar das principais problemáticas do espaço e com o
que o circunda, apresentando, de seguida soluções alternativas e práticas para melhor
funcionamento e visibilidade deste lobby. Tendo em consideração os fatores implicados
num projeto de design, o desafio passa por responder às necessidades requeridas,
respeitando naturalmente o registo e a linguagem visual, de acordo com o conceito
predefinido pelo hotel em geral. Assim se apresentam novas intenções dando resposta aos
problemas identificados.
Esta proposta deve expressar a identidade da marca Pestana e deve ainda contemplar,
além dos revestimentos de pavimentos e paredes, soluções para o equipamento,
iluminação, climatização e as especificidades regulamentares em termos de caraterísticas
de resistência ao fogo e instalações especiais para o combate e prevenção de incêndio.
2. Contextualização do projeto 2.1. O espaço 2.1.1. Enquadramento Histórico
Ao longo das últimas duas décadas, o Hotel Pestana Cascais – Ocean Conference
Aparthotel sofreu diversas alterações em áreas como a arquitetura, engenharia e design,
tendo apresentado ao longo deste tempo diferentes conceitos e imagens. O edifício
89
Atlantic Gardens foi construído entre 1989 e 1992, tendo sido da responsabilidade do
grupo de construção civil a engenharia Soares da Costa48.
Segundo David John Sinclair, um dos arquitetos que já efetuou diferentes trabalhos de
projeto para o Pestana Hotel Group, a obra passou depois para a responsabilidade da
empresa Soconstroi, tendo sido o único trabalho realizado para o grupo hoteleiro49.
O requerente do projeto foi a Guiatur50, e os arquitetos responsáveis, Castelo Branco e
Peixoto, pertenciam à antiga empresa Compave - Projectos De Arquitectura E
Engenharia, S.A. e que, na altura, geria todo o património do BPA - Banco Português do
Atlântico, especialmente alguns ativos com desenvolvimento mais lento. O design de
interiores de todo o projeto do Hotel foi da responsabilidade da empresa Hans Maden,
atual Geplan Design.
A inauguração do hotel Pestana Atlantic Gardens Ocean & Conference Aparthotel,
ocorreu em 1994. No entanto, ao fim de seis anos, surgiu a necessidade de intervir
48 Informação proporcionada por mensagem eletrónica de 04.12.2019 pelo Arquiteto David John Sinclair, um dos colaboradores do Pestana Hotel Group. 49 A obra foi efetuada por Soconstroi - Sociedade de Construções SA. Esta empresa foi fundada a partir de A Santo em 1980/1981 (https://www.asantomediacao.pt/engb/) pela equipa técnica chefiada pelo Engº Godinho Lopes. A Soconstroi foi vendida a uma empresa francesa, Bouygues (https://www.bouygues.com/en/), e revendida depois à Somague SA ( https://www.sacyrinfraestructuras.com/en/somague) que, atualmente, faz parte de Sacyr (https://www.sacyrinfraestructuras.com/pt). Portanto, trata-se de uma empresa que ainda existe de certa maneira. 50 A Guiatur é uma empresa de empreendimentos turísticos, cujo capital maioritário pertence ao Pestana Hotel Group.
Figura 41 - Registo antigo do lobby do hotel Pestana Atlantic Gardens. Fonte: Tripadvisor, 2020.
90
novamente nesta unidade hoteleira, devido a problemas de infiltrações, tendo assim sido
reorganizada a estrutura arquitetónica, e a renovação do design do espaço.
Assim, realizaram-se algumas alterações dando tendo sido concluídas as obras em 2003.
As mudanças realizadas no lobby e na zona do buffet implicavam o aumento do espaço,
para, pelo menos, cinquenta e oito novos lugares sentados na zona de refeições.
As últimas alterações, realizadas no hotel datam de 2017, e são da autoria do Atelier da
Cristina Matos e do Dr. Miguel Metello, diretor geral do Pestana Hotel Group, e contou
com o apoio de uma antiga arquiteta do grupo hoteleiro, Arquiteta Catarina Sequeira
Silva. Estas alterações tiveram maior incidência nos quartos, já que no lobby se limitaram
à modificação de algumas pinturas, ao forro de cadeiras e sofás com tecidos diferentes. O
mobiliário não se alterou51.
51 Informação fornecida pelo um dos membros da equipa do Pestana Hotel Group, Engenheiro Diogo Tamen.
Figura 42 - Registo da versão visual do lobby do hotel Pestana Atlantic Gardens em 2012. Fonte: Tripadvisor, 2020.
91
2.1.2. Análise do espaço
O edifício está localizado a 35 km do Aeroporto de Lisboa, a 10 km do Estoril e a 19 km
de Sintra, na Avenida Manuel Júlio Carvalho e Costa, em Cascais. A envolvente espaço
circundante do edifício é reconhecido por ser uma zona serena, composta por edifícios e
apartamentos de habitação e hotelaria: frente, encontra-se a pastelaria de renome
Sacolinha52.
Cascais é, como se sabe, uma localidade com forte impacto turístico, situada a pouca
distância de Lisboa, de Sintra, à beira do Atlântico, com um clima e enquadramento
favoráveis ao lazer e à tranquilidade. O turismo de elite (casas reais, estadias aristocratas,
por exemplo) sempre privilegiou esta região. Assim se entende que o próprio Pestana
52 A pastelaria Sacolinha, completou o seu 30º aniversário de existência em 2016. Sacolinha (2020). Consultado a 15.01.2020. Disponível em http://www.sacolinha.pt/
Figura 43 - Esboços realizados em 2002, altura que forem efetuadas alternações devido a problemas de infiltrações.
92
Hotel Group ofereça na mesma localidade o Pestana Cidadela Cascais – Pousada & Art
District53.
O Hotel Pestana Cascais – Ocean Conference Aparthotel, pelo contrário, procura alvejar
um público menos exigente, mais jovem, mais dinâmico e, sobretudo, um público com
estadias breves, como congressistas, empresários, que, normalmente, nunca exigem
permanências prolongadas. Desta forma, um hotel desta natureza, deve proporcionar um
espaço, por certo, acolhedor, mas não obrigatoriamente previsto para permanências
demoradas, que se adequam mais a faixas etárias mais altas e mais abastadas.
É um hotel com a classificação de quatro estrelas, integrado na submarca Pestana Hotels
& Resorts, dispõe de 142 quartos compostos por kitchenette, sete suítes, uma piscina
exterior e um interior com banheira de hidromassagem, sauna e banho turco, além de um
restaurante.
53 Pestana Cidadela Cascais – Pousada & Art District faz parte da submarca Pestana Collection Hotels ratificado pela The Leading Hotels of The World, que ocupam edifícios classificados como património nacional.
93
Levantamento fotográfico54
Zona da receção
54 As fotografias foram efetuadas pela autora; E todas as plantas aqui integradas foram facultadas gentilmente pela arquiteta Catarina Silva Sequeira. A inserção numérica é da responsabilidade da autora.
94
Zona do bar
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Zona do lounge
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Análise SWOT Forças e oportunidades:
- Localização junto à praia;
- Hotel de tipologia aparthotel, o que possibilita autonomia e disponibilidade por parte
dos hóspedes;
- Vãos de grande dimensão junto à piscina interior, que oferece a cómoda ligação ao
restaurante, permitindo entradas de luz natural.
Fraquezas e riscos:
- Layout pouco organizado na zona do lounge;
- Espaço desatualizado e com falta de coerência na sua linguagem;
- Hotel de tipologia aparthotel, implica que o hóspede é normalmente menos
acompanhado, o que naturalmente em alguns casos pode surtir efeitos negativos;
- A luz natural não incide suficientemente sobre o lobby e a zona do lounge. Mesmo
durante o dia, é uma zona pouco iluminada.
Proposta de intenções
Após a análise do espaço e detetada a problemática, foi reunido um conjunto de soluções
que pretendem dar resposta à necessidade de mudança. Foi importante perceber o impacto
que o lobby pode vir a ter para quem o visita e compreender as prioridades que o Pestana
Hotel Group concede a este tipo de projetos, conseguindo, deste modo, recolher e propor
alguns propósitos favoráveis, tais como:
- Respeitar o conceito espacial – mar, praia e natureza circundante;
- Remeter para temáticas da natureza (uso de materiais naturais e padrões alusivos);
- Conceber uma ligação entre as obras efetuadas recentemente, respeitando o registo e o
estilo atuais;
- Criar uma ligação com o local envolvente e com a conotação dada a aparthotel;
- Reorganizar e criar uma ligação entre as três diferentes zonas, incluídas no lobby
(receção, bar e lounge)
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- Criar equipamento e estruturas multifuncionais para a exposição de artigos para venda;
- Criar mobiliário modular para o lounge;
- Potenciar a iluminação zenital;
- Corrigir elementos de incoerência no conjunto dos registos estilísticos presentes;
- Prever divisórias entre a zona de buffet/restaurante e o lobby, de modo a diferenciar
funcionalidades e privacidade, não impedindo a penetração da luz natural;
Moodboard
98
Proposta para o espaço
Esta proposta visa apresentar uma solução que crie uma nova dinâmica no espaço, de
acordo com um conjunto de orientações necessário, que deverá corresponder aos
requisitos necessários para um lobby de hotel desta tipologia. Pretende-se implementar
um conceito que se caraterize como minimalista, simples e organizado, que transmita
conforto e bem-estar, convidando os hóspedes a desejar usufruir do espaço e recordá-lo
como uma boa experiência, de modo a que se torne, também por isso, um lobby
intemporal. Mas, ao mesmo tempo, poder propor uma aliança entre as tendências e as
necessidades. Assim, este espaço deve procurar ser interpretado como funcional e
concetual.
Esta solução, tendo em conta, a informação estudada no Capítulo 2, insere no espaço
dedicado ao lobby as três zonas constitutivas, a receção, o bar e o lounge. Todas estas
áreas foram projetadas em concordância com os sentidos funcional, coerente e formal,
pois, ao longo de todo o desenvolvimento do projeto, a preocupação foi a de renovar a
imagem e adaptá-la às tendências, atualizando a função de acordo com a
contemporaneidade, mas também não perdendo de vista o mercado-alvo deste
estabelecimento hoteleiro. Desta forma o resultado que se expõe, proporciona uma
experiência memorável, que pode ser marcada pelo impacto positivo, de modo a que o
hóspede seja incentivado à repetição da estadia, ou à revisita, podendo até – ambição de
qualquer grupo hoteleiro – também recomendar a outros visitantes.
São vários os fatores contributivos para a organização espacial de um lobby de hotel, a
dimensão, a categoria, a duração das estadias no estabelecimento, a classificação do hotel,
etc. Uma das maiores e mais frequentes dificuldades no momento de entrada num espaço,
como o lobby, é o reconhecimento da zona de receção. Por isso é tão importante a
organização espacial focalizar-se em diversos aspetos constitutivos deste espaço
primordial. Portanto, e relembrando que o lobby é a zona de maior fluxo de um hotel, é
indispensável dedicar determinado espaço para minimizar a aglomeração de pessoas e
bagagens, assim como instituir zonas de circulação com extensão suficiente para o fluxo
distinto entre funcionário(s), hóspede(s) e visitante(s).
A iluminação de um espaço multifuncional como o lobby, deverá ser projetada para os
diferentes ambientes nele inseridos. As diversidades luminosas, hoje, devem assegurar
99
comodidade e segurança, aproveitando áreas com maior incidência de luz natural, pois o
melhor uso de diversos tipos de iluminação deve cooperar no resultado de um lobby mais
dinâmico, mas sobretudo, muito mais funcional. Os principais tipos de iluminação
optados para esta proposição distinguem-se do espaço atual, no sentido de idealizar um
ambiente mais convidativo, tirando proveito da incidência de luz natural, presente através
das grandes janelas junto ao buffet, com a instalação de painéis de madeira maciça, faia,
com 4x9cm de espessura, e dando uso à única janela inserida no lobby, junto do lounge,
colocando também um espelho ao lado para melhor reflexo e repercussão da luz natural.
Quanto à luz artificial, as tipologias podem variar entre iluminação direcionada e
iluminação difusa. Para a iluminação direcionada é colocada uma luminária de teto de
alumínio, com 7 centímetros de diâmetro.
Devido ao grande fluxo de circulação, existente no espaço como o lobby, o pavimento
deve estar preparado para este tráfego intenso, assim como considerar outros aspetos
como a durabilidade dos materiais, a segurança, o conforto térmico e acústico, a facilidade
na limpeza e na manutenção. A proposta, aqui recomendada para o pavimento, apesar de
manter a alcatifa, como solução existente atualmente, inscreve, no entanto, caraterísticas
melhoradas como homogeneidade cromática, para combater a falta de coerência e
continuidade da linguagem visual, entre o equipamento instalado e o solo.
Este pavimento deverá ajudar a refletir no conceito pretendido, através da opção pelo uso
em toda a área abrangente do lobby, incluindo a receção, o bar e o lounge, pois a intenção
é também a de interpretar a integralidade do espaço como um todo, não invalidando a
subdivisão destas áreas, que podem ser diferenciadas de acordo com as suas diversas
funcionalidades. A opção em manter o pavimento coberto por alcatifa, deve-se
principalmente pelos atributos que permitem isolamento acústico e térmico, e também
eficácia que evita a suspensão de partículas de poeira. Assim, a colocação da alcatifa
deverá será executada em módulos pelas vantagens que antecipam uma possível
substituição. Além disso, este sistema modular facilita a alteração entre várias cores,
sendo possível criar padrões policromáticos com alcatifas modulares. A escolha da cor
beige reflete o caráter minimalista, projetado para todo o espaço.
Para o revestimento das paredes e tetos, será utilizada a aplicação de tinta de água branca,
que ao conter vinil lhe dá durabilidade, com um acabamento mate, proporcionando um
100
aspeto suave e aveludado às paredes. Excecionalmente, na zona do lounge, junto à janela,
serão colocadas, do chão ao teto, umas calhas/placas de gesso, como perfis comuns com
espessura de 48 milímetros, e revestidas pela mesma tinta.
Desta forma, conseguir-se-á entender este novo espaço, tal como foi concebido na
componente teórica, com a distinção das três zonas principais com ambientes e objetivos
distintos:
101
No seguimento da estrutura tripartida, representada pelas três áreas diferenciadas, é bem
conhecido que o primeiro contacto do visitante neste espaço é com a receção. Esta zona
irá manter a sua organização espacial, à exceção do teto falso, atualmente existente, que
será retirado, e das substituições dos dando lugar a equipamentos funcionais, o balcão e
o móvel dedicado aos cartões magnéticos. A nova proposta para a receção será então
constituída pelo balcão da receção e por um sistema fixo que possa permitir a arrumação
dos cartões de cada um dos quartos do hotel, sustentando deste modo a privacidade dos
hóspedes. A iluminação eleita é direcionada e as luminárias escolhidas têm 1 metro de
comprimento do cabo e 20 centímetros de diâmetro.
Para um hotel residencial ou que atenda na maioria das vezes a executivos, com
permanência média de três dias, e que não receba excursões de massa, a
configuração da recepção será outra. O hotel não necessita de uma recepção tão
grande, porém tem de ser prática e eficiente. (Cândido & Viera, 2003, p. 81).
Figura 44 - Render da zona da receção, sob o ponto de vista da porta de entrada do hotel.
102
Figura 46 - Render a partir da zona da receção.
Figura 45 - Renders da zona de receção, sob o ponto de vista do corredor de circulação.
103
Ao lado direito da receção, de quem entra, encontra-se o bar e este, assim como as
restantes zonas, são visíveis desde a porta de entrada do lobby. O bar disponibiliza o
consumo de bebidas, entre aperitivos, cocktails, vinhos, etc., sabendo que o convívio
partilhado de um bar pode ser um dos trunfos do hotel. Relativamente ao espaço atual,
contrariamente à receção, manter-se-á o teto rebaixado, por desempenhar um papel
importante para a criação de uma sensação de maior privacidade e acolhimento,
permitindo, por isso, que o espaço se caraterize como mais intimista e confortável.
Figura 47 - Render da zona do bar, sob o ponto de vista da passagem entre o lobby e o restaurante.
As substituições correspondem ao balcão do bar, às cadeiras e à estrutura de apoio e
exposição de garrafas, copos e outros objetos requeridos para a caraterização deste espaço
convivial, sendo por isso, retiradas as atuais estantes. Como alternativa, será construída
uma parede falsa de gesso cartonado, estruturada por guias (perfis de aço em forma de
U), fixadas no teto e no chão, nas quais serão encaixados montantes de metal, formando
a estrutura da parede. Esta mesma parede, também será recolhida de 17 em 17 centímetros
entre si, e a 80 cm do chão, para que se obtenha a criação de uma ilusão de prateleiras
embutidas, com o objetivo de colocar e expor objetos de apoio ao serviço do bar. A
iluminação será suave e uniforme. No entanto, junto ao teto rebaixado, a iluminação será
104
direcionada, com luminárias encastradas com 7 centímetros de diâmetro, possibilitando
uma boa perceção das formas, das estruturas e das texturas materiais.
Figura 49 - Render da zona do bar, sob o ponto de vista do corredor de circulação.
Figura 48 - Render da zona de circulação entre o bar e lounge.
105
A zona do lounge, é considerada como a de maior multifuncionalidade,
comparativamente às que descrevemos anteriormente, receção e bar. conseguindo
agrupar todos os ambientes em um único. Começando por inserir uma área de apoio, que
acompanha o serviço de bar disponibiliza, ao mesmo tempo, a colocação de mesas e
cadeiras para o consumo de bebidas e/ou aperitivos, possibilitando maior privacidade do
que aquela que se pode encontrar apenas num balcão do bar. Esta zona é também
composta por outros dois ambientes distintos e com funcionalidades dissemelhantes. Uma
zona de descontração, de tranquilidade com a disposição de sofás modulares, com
volumes diferentes, admitindo diversas disposições e interpretações. E, por se tratar de
uma zona, dedicada ao uso de aparelhos eletrónicos (como por exemplo, computadores,
tablets, telefones, etc), e sabendo que grande parte dos hóspedes deste hotel são
congressistas e jovens que estudam e/ou trabalham, este espaço deverá permitir não
apenas tomadas, simples e duplas, como entradas USB e oferecer um bom acesso à
internet
Figura 50 - Render da zona do lounge, sob o ponto de vista da zona de descontração.
106
Figura 51 - Render da zona do lounge, sob o ponto de vista do corredor de circulação.
Figura 52 - Render da zona do lounge, sob o ponto de vista da zona de trabalho.
107
Figura 54 - Render do lobby visto da porta de entrada.
Figura 53 - Render da zona do lounge, sob o ponto de vista da zona do bar.
108
2.2. Equipamento O equipamento no espaço necessita prestar utilidade de cumprir os princípios da
ergonomia com o objetivo de oferecer conforto, descontração e bem-estar aos seus
utilizadores, por isso têm tanta importância as dimensões do equipamento, a disposição
e os materiais que o envolvem.
2.2.1. Equipamento - Zona de receção
Para a zona de receção foi projetado um balcão com duas alturas desiguais evidenciando
funcionalidades distintas. A altura com maior dimensão é apresentada com uma estrutura
de contraplacado de faia com 30 milímetros de espessura, em forma “L”, que viabiliza
um melhor contato e troca de objetos entre o hóspede e o funcionário, não só no lado
frontal, para quem entra no lobby, como no lateral para a entrega dos cartões para cada
quarto do hotel. A zona, onde o funcionário poderá trabalhar, e guardar documentação
e/ou objetos, terá uma altura de 85 centímetros a partir do solo, e a 25 centímetros abaixo
da estrutura do contraplacado de madeira. É produzida com placas de mármore com 30
milímetros de espessura e apoiada na estrutura do contraplacado de madeira, e em um
móvel também produzido em contraplacado, com gavetas e prateleiras nas mesmas
espessuras. Este móvel terá 1,30 metros de comprimento e 75 centímetros de
profundidade, e está fixado ao chão. No entanto, tanto as gavetas, como as prateleiras,
apenas medem 45 centímetros de profundidade.
Figura 55 – Render do balcão da receção, vista de frente.
109
Ainda na zona de receção, é instalado um sistema que permite maior segurança e
privacidade para os hóspedes do estabelecimento, por impossibilitar a visibilidade do
cartão magnético na receção, indicando a presença do hóspede no quarto.
Este sistema consiste em uma estrutura de madeira maciça, faia, fixada na parede por um
suporte de apoio e um eixo de aço com acabamento mate, com a funcionalidade de inserir,
a partir de uma ranhura, os cartões magnéticos que dão acesso à entrada para os quartos
do hotel.
Figura 56 - Render do balcão da receção, vista de trás.
Figura 57 - Render do sistema de arrumação de cartões magnéticos.
110
O procedimento é intuitivo e manual, pois existe uma margem de 2 centímetros que
permitirá puxar a placa de madeira, recortada para a introdução do cartão. A travagem da
rotação sobre o eixo de aço é feita na coligação desta placa contra uma ripa de madeira,
também fixada à parede, sobre suportes metálicos. Este último – o eixo de aço -- está
colocado com distância suficiente da parede determinando que a sua forma fechada fique
inclinada, impedindo a rotação.
Figura 58 - Render do sistema de arrumação de cartões magnéticos, vista aproximada.
Figura 60 - Render do sistema de arrumação de cartões magnéticos.
Figura 59 - Render da peça do sistema de arrumação
111
2.2.2. Equipamento - Zona do bar
O bar insere no seu espaço dois equipamentos indispensáveis, o balcão e as cadeiras que
o acompanham. O balcão do bar utiliza os mesmos materiais de produção que o balcão
da receção. Este é constituído por cinco placas de mármore com 30 milímetros de
espessura; os tampos do balcão e as laterais, unidas por ângulos de 45 graus, que se
apoiam na estrutura de contraplacado de madeira de faia com 30 milímetros de espessura,
que será, por sua vez, fixada ao solo. Esta estrutura de contraplacado de faia, dá forma e
lugar à colocação de gavetas, prateleiras e compartimentos para a colocação de garrafas,
copos, etc, assim como toda a arrumação da estrutura terá a finalidade de dispensar apoio
ao serviço de bar.
Figura 61 - Render do balcão do bar, vista de frente.
112
Figura 62 - Render do balcão do bar, vista de trás.
A cadeira do bar é constituída por quatro pés de barra de aço, quinada, contendo um
eixo com maior diâmetro na parte superior, onde é suportada a estrutura do assento e do
encosto. Essa estrutura é composta por duas placas de MDF hidrófobo de 16mm de
espessura e é fixada aos pés através de um suporte soldado e perfurado para a introdução
de parafusos. A união entre as duas placas é feita através de um esquadro de aço com um
ângulo de 90 graus com dimensões de 80x80 milímetros e com dois milímetros de
espessura. Para o revestimento, serão usadas duas placas de espuma de poliuretano com
duas densidades e duas espessuras diferentes respetivamente. A placa de espuma interior
tem 10 milímetros de espessura e densidade 30, e a placa exterior tem 20 milímetros de
espessura e densidade 23. Por fim, estas placas são revestidas com um tecido retardante
de fogo de algodão para estofo, resistente a chamas e líquidos, com a cor beige, mantendo
o mesmo registo e linguagem formal, tornando o espaço mais uniforme.
113
2.2.3. Equipamento – Zona do lounge
O equipamento projetado para o lounge foi planificado, consoante as funcionalidades e
necessidades adjacentes que cada zona, deste mesmo espaço, dispõe. O lounge pode ser
interpretado em três área distintas, (1) uma zona de apoio ao serviço de bar; (2) uma zona
de descontração e (3) uma zona de trabalho.
A zona de apoio ao serviço de bar, localiza-se do lado oposto a este, atravessando a
zona de circulação que estabelece a ligação entre o lobby e o restaurante/buffet, e
apresenta mesas e cadeiras idênticas às do bar. Esta área pretende oferecer maior
privacidade e intimidade aos hóspedes ou visitantes, para o consumo de bebidas, ou
aperitivos. As mesas são formadas pelo tampo, com cerca de 70 centímetros de cada lado,
e o material utilizado é Corian55, e a sua cor tem o nome de Antarctica, e tem uma mistura
entre o tom beige, com pequenas pedras brancas. Esta placa tem 30 milímetros de
espessura, que é cortada nas arestas da face inferior. A fixação desta placa com a perna é
feita através de um suporte soldado em aço quinado, com acabamento mate.
55 DuPont™ é a única empresa americana que fabrica Corian®. Este é um material sólido, homogéneo e não poroso que consiste na junção de resina acrílica e trihidrato de alumínio.
Figura 63 - Render da cadeira do bar.
114
Também no lado inferior da perna é colocado um suporte soldado em aço, com cerca de
10 milímetros de espessura, para uma melhor estabilidade da mesa.
A zona de descontração é constituída por seis sofás modulares diferentes, porém são
todos construídos com o mesmos método e estrutura, alternando apenas as medidas. O
sofá de menor dimensão tem também a função de apoio para a colocação de objetos
(exemplo: objetos pessoais, bolsas, carteiras, pastas, etc.) e é estruturado por uma placa
de MDF hidrófobo com 16 milímetros de espessura e assente em adesivos de feltro com
2 milímetros de espessura. O seu revestimento é feito com duas placas de espuma de
poliuretano com 40 milímetros de espessura, sendo que a placa interior é de densidade 30
e a exterior de densidade 23.
Figura 64 - Renders da mesa da zona de apoio ao serviço de bar
Figura 65 - Render do sofá/banco da zona de descontração do lounge.
115
Por fim, é cosido um tecido retardante de fogo de algodão para estofo, com a cor beige.
A altura deste sofá é de 51 centímetros e a largura de 60 centímetros é equivalente para
todos os seus lados.
Todos os restantes sofás modulares têm a mesma conceção, distinguindo-se apenas nas
suas dimensões. O segundo sofá, com menor dimensão, tem capacidade para duas a três
pessoas, ou apenas uma se pretender maior descanso, para entender as pernas por
exemplo. Este sofá tem 70 centímetros de largura, e 1,04 metros de comprimento. A sua
altura é de 43 centímetros, contando com os pés de faia maciça com acabamento
nitrocelulósico, que por sua vez são aparafusados à placa de MDF hidrófobo, com 18
milímetros de espessura, através de um suporte perfurado.
No sofá mais comprido, são usados os mesmos métodos de fabrico que o anterior, e as
suas dimensões são de 2 metros de comprimento e 70 centímetros de largura e a altura é
igualmente de 43 centímetros. Num dos seus lados é colocado velcro até pouco mais de
metade do comprimento, com 1,10 metros. Este velcro fica em contacto com o sofá alto
Figura 66 - Renders do segundo sofá mais pequeno da zona de descontração do lounge.
Figura 67 - Render do sofá mais comprido, com fixação do sofá alto através do velcro.
116
que serve encosto para todos os que desempenham o papel de assento, desta forma, é
possível fixar e manter a ligação entre cada unidade.
No entanto é colocado só em 6 unidades de 7 sofás deste tipo. O sofá alto que serve de
encosto é fabricado com o mesmo método, à exceção da variação da espessura da placa
de espume de poliuretano, que neste caso, tem apenas 20 milímetros.
A zona do lounge é ainda constituída por uma área dedicada ao trabalho e a utilização de
computadores, tablets, ou qualquer outro aparelho eletrónico, ou para qualquer tipo de
leitura. Esta localiza-se no extremo oposto da receção, junto à única janela do lobby, o
que oferece particular visibilidade, não só para quem ali trabalha, mas também para a área
circundante. Esta zona consiste num balcão corrido, com cerca de 6,82 metros de
comprimento e o tampo terá 56 centímetros de largura. Este balcão é fixo ao chão e na
face junto à parede, e tem 90 centímetros de altura. Por consequência, o lado oposto, com
cerca de 20 centímetros, não assenta no solo para proporcionar a aproximação das pernas.
A constituição deste balcão é de contraplacado de faia, com 40 milímetros de espessura,
encontrados no corte com ângulo de 45º graus e é através de uns perfis, também em
contraplacado, espaçados por cada 94 centímetros.
O tampo deste balcão insere ainda uns espaçamentos, cortados em máquina de corte a
laser (CNC), com o fim de dar passagem a cabos de carregamentos dos aparelhos
eletrônicos.
Figura 68 - Render do sofá comprido, que serve de encosto e é fixado ao sofá comprimido baixo, através do velcro.
117
Por último, esta zona de trabalho insere no seu ambiente os bancos para os utilizadores
deste espaço se sentarem para uso dos aparelhos eletrônicos. Estes bancos usam modos
de construção semelhantes aos das cadeiras e dos sofás modulares, sendo constituídos
pelo seu tampo em placa de MDF hidrófobo com 16 milímetros de espessura e para a
revestir, e duas placas de espuma de poliuretano, em que a interior tem 10 milímetros de
espessura e 30 de densidade, e exterior também com 10 milímetros de espessura, tem 23
de densidade, que permite disfrutar de maior conforto.
O revestimento do assento é feito com o mesmo material usado nos outros equipamentos,
o tecido retardante de fogo de algodão para estofo, com a cor beige. As pernas do banco
Figura 69 - Render do balcão situado na zona de trabalho do lounge.
Figura 70 - Render do balcão da zona de trabalho do lounge.
118
são de aço quinado com acabamento mate, a sua forma é em cone, pois o diâmetro em
contato com o solo é de 20 milímetros e o diâmetro na extremidade superior, cujas arestas
são soldadas ao suporte perfurado, tem cerca de 36 milímetros. Este suporte de aço é, por
sua vez, encastrado na placa de MDF hidrófobo.
Figura 71 - Renders do banco da zona de trabalho do lounge.
119
Desenhos técnicos
A
B
C
D
120
3. Síntese
Ao longo da elaboração deste projeto é possível reter, nas suas linhas gerais, que os
conceitos de design de lobbies de hotel, se encontram em constante mudança. Os diversos
fatores de influência partem de conceções globais para mais particularizadas, podendo ser
eleita como base a cultura do país, ou da região, ou da própria área geográfica onde se
localiza o estabelecimento hoteleiro. Os hábitos e as rotinas das pessoas destes lugares,
assim como as tendências e necessidades existentes nesses espaços podem inspirar a
configuração de um lobby.
É de realçar a importância que um conjunto de elementos tem na conceção de um projeto
de design de interiores e, particularmente, no espaço do lobby, pela primeira impressão
que faculta a quem o observa. Alguns desses elementos podem corresponder à
organização e à disposição do layout por zonas (neste caso concreto, receção, bar e
lounge), que, por consequência, poderem alterar as funcionalidades do espaço.
As opções propostas, no que diz respeito à iluminação, têm similarmente forte efeito, pois
irão propiciar um ambiente mais acolhedor, mais íntimo, e, por consequência, mais
confortável, atraindo e convidando o visitante a maior atividade e uso do espaço.
A coerência da linguagem formal, principalmente através da paleta cromática
selecionada, do equipamento projetado, e das correspondências estabelecidas,
desempenha um papel fundamental para o cumprimento do objetivo exigidos por todos
os espaços desta tipologia. Em uma palavra, atrair e surpreender ao máximo hóspedes e
visitantes.
Desta forma, este projeto procurou expor soluções que pudessem corresponder a todos os
parâmetros, acima assinalados, sublinhando a importância da manutenção, atualizando-
se e adaptando-se às necessidades e organização espacial.
121
Considerações finais
A vocação da autora nesta área do design tem vindo a desenvolver, cada vez mais, um
particular interesse pelo design de interiores, sobretudo no âmbito da hotelaria. Como
consequência a este interesse, elaborou-se uma proposta, que teve como objetivo propor
um novo plano em parceria entre a Faculdade de Belas-Artes e o Pestana Hotel Group,
para as “Cocheiras” do Hotel Pestana Palace, realizada em 2018. Este trabalho,
apresentado e discutido no âmbito da disciplina de Design Urbano e Interiores II,
aumentou a curiosidade da autora e o interesse por uma exploração, bem como por uma
pesquisa mais aprofundada sobre este tema – as implicações do design em ambientes
hoteleiros –.
Após um primeiro contato com a arquiteta Catarina Sequeira Silva, que na altura tinha
responsabilidades no Pestana Group Hotel, este trabalho de projeto, surgiu em contexto
de diálogo inicial sobre a possibilidade de renovar um espaço, que necessitaria de uma
intervenção, quer mais atualizada, quer mais adaptada às mínimas exigências que um
lobby de hotel daquela tipologia requer.
Para tal desenvolvimento, foi assim necessário definir e pesquisar algumas bases para a
investigação, aprofundando os conhecimentos sobre a área do lobby. Sobre a sua
importância no contexto do hotel, em concordância com o seu enquadramento histórico,
desde a origem do conceito até à contemporaneidade.
O crescimento da hotelaria foi, por certo, o principal fio condutor para a expansão do
lobby, principalmente no século XVIII, com o aumento e frequência das viagens. Porém,
o auge do design do lobby, ocorre, naturalmente no século XX, com o surgimento do bar
e de espaços de lazer nesta área, de acordo com as diversificadas tipologias hoteleiras.
Deste modo, foi efetuada uma análise dos fatores mais preponderantes pela valorização
do lobby, e a importância do impacto transmitido aos hóspedes e visitantes, tendo em
consideração as suas configurações, tais como: a dimensão do hotel, a sua tipologia, o seu
mercado-alvo, a sua localização, etc.
122
Assumiu-se o lobby como um espaço claramente determinante e influenciador na
estrutura hoteleira, através da expetativa criada com as restantes instalações do hotel.
Podemos assim afirmar que quem vê o lobby, verá todo o hotel. É a imagem e o “rosto do
hotel”, podendo, portanto, ser considerado mais do que uma fronteira, um vínculo de
ligação para as áreas envolventes, confirmando-se deste modo que o lobby é a zona de
maior fluxo de circulação e visibilidade de um estabelecimento hoteleiro
Para além deste aspeto, é fácil concluir que os lobbies são interpretados como um espaço
próprio e até autónomo – visitar apenas o lobby sem qualquer permanência no hotel – O
bom lobby pela sua linguagem formal, pela sua inovação, pela sua audácia, conquistará
visitantes. Indiscutivelmente, esta experiência da visita efémera ao hotel -- apenas ao
lobby – implicará, por certo uma tal curiosidade que o visitante poderá no futuro se tornar
hóspede. O bom lobby terá de ter a importância de colocar ao visitante uma pergunta: Se
este espaço tem estas magníficas caraterísticas, como não serão os quartos deste hotel?
Para uma investigação mais completa e consistente, de modo a compor o suporte para a
proposta de um novo espaço, foram estudados e inquiridos os principais parâmetros do
grupo hoteleiro em análise – Pestana Hotel Group –. Após a realização do enquadramento
evolutivo desta empresa, fundada na ilha da Madeira, e ao examinar as variadas fases de
estabilidade e instabilidade, foi entendido que, ao longo dos anos, o seu principal objetivo
tem sido quase sempre o da expansão. Esta expansão tem sido efetuada através de
diferentes tipologias de negócio, de comércio, de rentabilidade, não apenas no âmbito da
hotelaria, como em outros domínios que, de algum modo, podem a ela estar associadas,
como o timesharing, o imobiliário turístico, o golfe, os casinos, a aviação, indústria do
lazer, etc. Talvez seja por estes motivos que não tem havido – ou não tem sido constatado
– o cuidado, o investimento na manutenção, na atualização e na adaptação de alguns dos
seus estabelecimentos mais antigos. Assim se compreende que a (re)atualização de
algumas unidades hoteleiras que, há muito tempo, fazem parte do grupo, não têm sido
restauradas, nem renovadas.
A caraterização feita a empresa, esclareceu que os seus valores e preocupações com a
sustentabilidade e desigualdades sociais, tem, de algum modo, estado presente nos ideais
do Grupo. No entanto, como a principal ambição tem sido o crescimento, nota-se que,
embora essas preocupações sejam percetíveis, a qualidade das instalações e dos serviços
123
oferecidos, pode nem sempre corresponder ao que se esperaria das unidades hoteleiras
com estes perfis.
Foram observados e analisados presencialmente quatro lobbies de cada uma das
submarcas desta cadeia hoteleira e, ainda que não assumam um registo e uma linguagem
formal própria e identificadora da marca, confirmam-se que os conceitos de cada
estabelecimento se distinguem de acordo com o público e com o ideal que pretendem
transmitir. Contudo, a ideia de que a imagem apresentada através do lobby poderia
identificar a marca não se verifica, nem para hóspedes, nem para visitantes de cada um
dos estabelecimentos. Tem havido mais a preocupação de adaptar o lobby ao espaço e ao
perfil do hotel do que procurar identificá-lo com as diferentes tipologias da marca.
Decorrentes desta constatação, surgiu a possibilidade de projetar um novo espaço para
um dos lobbies do Pestana Hotel Group, localizado em Cascais (Portugal). Após o estudo
dos espaços circundantes, reuniu-se o material necessário para a concretização e
fundamentação, propondo a remodelação de um espaço adaptado ao local, ao mercado-
alvo, e às necessidades, caraterizando-se, sobretudo como um lugar de convívio,
funcional e convidativo.
Por fim, a articulação entre as componentes teóricas e práticas, pretendeu conceber um
conjunto de materiais, de eventual referência, para a conceção de projetos futuros,
dedicados particularmente ao lobby, em âmbito hoteleiro em geral, colocando a questão:
– que força tem um lobby para um hotel? – E como é que um grande grupo – Pestana
Hotel Group – entende o(s) seu(s) lobbies. Um projeto particularizado para cada um dos
seus hotéis e tipologia? Ou um ingresso, de tal modo, identificador que um visitante ou
um hóspede, ao entrar em um dos hotéis do grupo, reconheceria de imediato a marca
Pestana.
124
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130
Anexos
2870-121 Montijo
Fax: 210846482Email: [email protected]
Telefone: 210840824 Movel: 913599165
R. Dr. Manuel da Cruz Junior, nº 28 A
Desenho: Briscad V12 Pro 2012 ( Licença n.º 136928 )Este desenho é Propriedade de Riscos & Rascunhos - Estudos e Projectos, Lda. pelo que não pode ser produzido, divulgado ou copiado, no todo ou em parte, sem autorização expressa (Dec. Lei n.º 45/85 de 17 de Setembro)
PROFISSIONAL O.E. Nº 25669
TÉCNICO C/ CÉDULA
GUIATUR ATLANTIC GARDENS
TELAS FINAIS
PROJECTO DE REDE DE ÁGUAS
GUIA - CASCAIS
12/xx
HOTEL PESTANA CASCAIS - BLOCO C
LOCAL:
REQUERENTE:
PROC.:
JUL. 2012DATA:
DESENHO Nº.
ESCALA:
1:100
PLANTA DO PISO 1
estudos e projectos, lda.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
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Hipótese de proposta no desenvolvimento do projeto