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WALTER GUERRA DA SILVA FILHO A NOVA CONJUNTURA NO ATENDIMENTO A ACIDENTES COM PRODUTOS QUÍMICOS PERIGOSOS - O EXEMPLO DA BAHIA Salvador 2005 Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo, Universidade Federal da Bahia – UFBA, como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista. Orientadora: Profa. Lucia Cardoso

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WALTER GUERRA DA SILVA FILHO

A NOVA CONJUNTURA NO ATENDIMENTO A ACIDENTES COM PRODUTOS QUÍMICOS PERIGOSOS - O EXEMPLO DA BAHIA

Salvador 2005

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo, Universidade Federal da Bahia – UFBA, como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista. Orientadora: Profa. Lucia Cardoso

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LISTA DE TABELAS TABELA 1 – Classificação de produtos perigosos 11 TABELA 2 – Áreas contaminadas no Estado de São Paulo 14 TABELA 3 – Acidentes por modal de transporte 16 TABELA 4 – Acidentes rodoviários 17 TABELA 5 – Acidentes rodoviários com produtos químicos 17 TABELA 6 – Denúncias recebidas pelo CRA 20 TABELA 7 – Autocomunicação de acidentes 21 TABELA 8 – Tempo de resposta a emergências 21

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LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – acidentes na bahia por região – 1985/1995 24 FIGURA 2 – acidentes na bahia por região – jun/02 a ago/05 24 FIGURA 3 – acidentes por moral de transporte – 1985/1995 26 FIGURA 4 – acidentes por moral de transporte – jun02/ago05 26 FIGURA 5 – acidentes rodoviários com produtos químicos - 1985/1995 29 FIGURA 6 – acidentes rodoviários com produtos químicos - jun02/ago/05 29 FIGURA 7 – Organograma do P2R2 32

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 7 1.1 HISTÓRICO 9 2 METODOLOGIA 11 3 O PANORAMA BRASILEIRO 12 4 O PANORAMA BAIANO 18 4.1 FERRAMENTAS E PROCEDIMENTOS 19 4.1.1 Ampla divulgação do sistema gratuito de recebimento de denúncias 20 4.1.2 Equipe disponível 24 horas 20 4.1.3 Criação de uma Resolução tornando obrigatória a comunicação de acidentes ambientais 20

4.1.4 Estabelecimento de tempo limite para chegada da equipe de Plantão ao local do acidente 21

4.1.5 Licenciamento Ambiental das empresas transportadoras 21 4.1.6 Sistema de Informações Sobre Risco de Exposições Químicas – SIREQ 22 4.1.7 Introdução na Legislação de circunstâncias atenuantes 22 4.1.8 Estabelecimento de parceria com outras instituições do Estado 22 4.2. ACIDENTES NA BAHIA 23 4.2.1 Espacialização dos acidentes 24 4.2.2 Modal dos Acidentes 26 4.2.3 Tipologia de Produto 29 5 P2R2 31 5.1 A BAHIA NO ÂMBITO DO P2R2 34 6 CONCLUSÃO 35 7 REFERÊNCIAS 37 8 ANEXOS 39

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1 INTRODUÇÃO

A atuação do Estado no atendimento a acidentes com produtos químicos perigosos

tem evoluído gradativamente nos últimos anos. Constantemente estão sendo criados

instrumentos e mecanismo que visam obter melhorias para o sistema ambiental e

menos prejuízos para as empresas. Porém esta injeção de idéias e novos conceitos

no mercado ainda não atingiram seu desejado efeito no panorama geral dos

acidentes químicos.

Porque com tanta tecnologia, investimento tecnológico e aumento da preocupação

ambiental, ainda nos debruçamos com elevados índices de acidentes com produtos

químicos envolvendo a população e o meio ambiente?

Para responder a essa pergunta, iremos fragmentar a resposta em cinco partes:

1 – A crescente expansão urbana desordenada. Vilas, lugarejos e cidades se

desenvolvem a cada dia ao lado de parques industriais, faixa de servidão de dutos, e

a margens das rodovias e ferrovias brasileiras, aumentando o risco e as

conseqüências negativas de um acidente. Muitas vezes, esse desrespeito a

distancia mínima necessária e a falta de conhecimento dos produtos que circulam ao

seu redor é causa fundamental para o estopim/agravamento do acidente;

2 – A tendência nacional para escoamento dos seus produtos pelo modal rodoviário.

Essa estrutura resultou no crescimento exponencial do tráfego de cargas nas

rodovias e eixos urbanos, enquanto que a manutenção das nossas vias e o

surgimento de novas vias não acompanhou tal crescimento. O sistema ferroviário e

marítimo de cargas no Brasil ainda tem muito que evoluir para poder desafogar o

viário;

3 – O despreparo para atendimento as situações de emergências. Mesmo os

Estados mais estruturados encontram problemas para mobilizar e começar a

atuação em tempo hábil. Existem lugares no Brasil que nenhum tipo de ação é

tomada pelo Estado para minimização dos danos causados pelos acidentes;

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4 – A omissão da legislação em alguns casos e a despadronização das legislações

estaduais. No Brasil não existe, por exemplo, nenhuma proibição legal para que se

realize o transporte noturno – horário com maior incidência de acidentes. A falta de

uma legislação similar faz com que Estados tenham exigências distintas: menos de

05 Estados da federação exige o Licenciamento Ambiental das empresas

transportadoras; essa ausência de padronização confunde o setor em todo o país.

5 – A idade avançada de alguns parques industriais, com práticas antiquadas de

produção, aliada a má conservação dos modais de transportes. No Brasil ainda é

possível encontrar unidades produtivas utilizando tecnologias banidas em países

desenvolvidos e produtos perigosos são escoados por sistemas de transporte

sobrecarregados e com deficiências estruturais: Dutos corroídos, rodovias mal

pavimentadas e estreitas, ferrovias antiquadas e vias aquáticas sem uma

fiscalização adequada.

No Estado da Bahia, o Centro de Recursos Ambientais - CRA desenvolveu uma

estrutura para responder as situações de acidentes envolvendo produtos químicos e

eventos que possam vir a causar situações que necessitem de pronta intervenção

por parte do órgão ambiental, de modo a evitar danos à saúde humana e ao meio

ambiente. Com um sistema certificado pela ISO 9001/2000, o Plantão de

Emergência do CRA vêm adotando medidas importantes visando minimizar os

impactos causados por este tipo de acidentes.

Paralelamente, na esfera federal, o Ministério do Meio Ambiente juntamente com

outros atores, criou o Plano Nacional de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida

a Acidentes com Produtos Químicos Perigosos - P2R2. Tal iniciativa tem como

objetivos disciplinar o setor de atendimento a emergência, fomentar a integração dos

diversos órgãos envolvidos nos Estados, estruturar as medidas de prevenção e

preparação e otimizar o tempo e a qualidade respostas aos acidentes envolvendo

produtos químicos perigosos.

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1.1 HISTÓRICO

Resgatando a história podemos verificar o quão democrático é o histórico dos

acidentes com produtos químicos perigosos: eles não distinguem nações, sejam elas

industrializadas ou não, ricas ou pobres, católicas ou mulçumanas, pardas, negras;

nem tão pouco escolhe lugares. Vão desde os locais mais remotos, geleiras,

localidades turísticas, centros industriais, rotas de transportes, grandes cidades,

ecossistemas frágeis, podendo chegar a comprometer o equilíbrio de ecossistemas.

Para exemplificar buscamos, dentre os acidentes mais famosos das últimas

décadas, alguns que causaram impactos e repercussão em todo o mundo:

No ano de 1984, em BHOPAL - ÍNDIA ocorreu o vazamento de isocianato de metila

em fábrica da empresa Union Carbide, que causou cerca de quatro mil casos fatais.

No dia seguinte ao acidente, as ações da empresa caíram à metade do valor. Vale

ressaltar que a Union Carbide perdeu a posição de liderança mundial, com

incalculáveis prejuízos financeiros e de imagem.(MOURA, 1997);

Em 1986, ocorreu o maior acidente radioativo do mundo – Chernobyl, na então

União Soviética. Os técnicos da usina nuclear desligaram os sistemas de segurança

para realizar testes. Porém a falha de coordenação entre as equipes de operação e

manutenção somada a problemas de projeto do reator culminaram com uma

excursão descontrolada de potência e a explosão deste. Houve vazamento de

material radioativo, contaminando a região da Ucrânia, Belarus, e o norte da Europa.

A rigor, apenas o Hemisfério Sul ficou livre da contaminação radioativa. Mais de 100

mil pessoas foram retiradas do local, a maioria num raio de 30 quilômetros da usina.

Como conseqüência, 31 pessoas morreram no acidente e muitas outras ao longo do

tempo. Hoje, cerca de 270 mil pessoas vivem em áreas contaminadas com Césio-

137 em níveis elevados (acima de 555 kBq/m2). (MOURA, 1997).

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Em 1989, o Petroleiro EXXON VALDEZ, da empresa Exxon navegava na região do

Alasca/USA quando desviou-se do canal de navegação e chocou-se com blocos de

gelo. A ausência de combate eficiente ao vazamento de óleo, causado por

indefinição de responsabilidades, aliado a falta de recursos materiais, acarretou na

contaminação de extensas áreas, inclusive viveiros de peixes e de frutos do mar.

Estima-se que 100 mil aves morreram e que no mínimo 1000 lontras foram atingidas.

Os prejuízos da Exxon ultrapassaram US$ 10 bilhões, além do desgaste da imagem

comercial da empresa. (MOURA, 1997).

Acidentes clássicos são relatados desde o início do século XIX: Oppau na Alemanha

(1921), Texas City nos EUA (1947) e continuaram a existir recentemente, na

Espanha em 2002, com o vazamento de 70.000 ton/óleo (o dobro do que carregava

o Exxon Valdez), na Itália (dioxinas em Sevezo), no Brasil (óleo no Paraná e Baía de

Guanabara) e não é possível prever onde e quando acontecerá o próximo.

Acidentes são imprevisíveis – sejam eles causados pela ação humana ou pela força

da natureza, vide o caso dos Tsunamis na Ásia, dos furacões em Nova Orleans,

avalanches, grandes incêndios e vulcões em erupção por espalhados por todos os

continentes.

Os produtos perigosos obedecem a seguinte classificação mundial, elaborada pelo

Comitê de Especialistas Internacionais no Transporte de Produtos Perigosos, da

Organização das Nações Unidas – ONU:

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Tabela 1 – Classificação dos Produtos Perigosos por Classe

Classificação dos Produtos Perigosos

PRODUTOS CLASSE SUBCLASSE

Explosivos

Classe1 1.1, 1.2, 1.3 e 1.4

Gases

Classe 2 2.1, 2.2 e 2.3

Líquidos Inflamáveis

Classe 3

Sólidos Inflamáveis

Classe 4 4.1, 4.2 e 4.3

Substâncias Oxidantes e Peróxidos Orgânicos

Classe 5 5.1 e 5.2

Substâncias Tóxicas e Substâncias infectantes

Classe 6 6.1 e 6.2

Radioativos

Classe 7

Corrosivos

Classe 8

Substâncias Perigosas Diversas

Classe 9

Fonte: Ministério dos Transportes, 2005

2 METODOLOGIA

A metodologia utilizada para elaborar este trabalho foi adotar o sistema de

investigação e recuperação de dados da memória do CRA como fonte principal –

buscamos relatórios, planilhas, arquivos de dados não publicados, dentre outros

documentos do Órgão.

Foram coletadas, ainda, informações com antigos funcionários do CRA e servidores

que trabalham ou trabalharam no Plantão de Emergência do CRA.

A partir da análise dos dados cadastrados no registro de emergência - banco de

dados do sistema CERBERUS, do CRA - foram construídos gráficos que ilustram

mudanças significativas no setor para o período pós certificação ISO 9001/2000.

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Muitas das informações contidas neste trabalho são decorrentes de informação do

próprio autor, que é funcionário do CRA, Membro da Comissão Nacional do P2R2 e

coordenador de uma das equipes de atendimento a emergência do CRA. Fez parte

da equipe que obteve a Certificação ISO 9001/2000 da Coordenação de

Fiscalização do CRA (Atendimentos Emergenciais) e participou de todas as etapas

do grupo de trabalho que Desenvolvimento Estratégico do P2R2.

Assim, o trabalho contém uma coletânea de opiniões e fatos colhidos durante

reuniões de criação do P2R2 e da Comissão Nacional e foi enriquecido com

informações de técnicos de vários Órgãos e Estados que trabalham no atendimento

à emergências com produtos químicos em todo o país.

Também foram usados como fontes os sites dos principais Órgãos Estaduais de

Meio Ambiente (OEMAS) onde foram efetuadas pesquisas de como se comporta o

núcleo de atendimento emergencial dos principais Órgãos Ambientais.

3 O PANORAMA BRASILEIRO

O Brasil possui uma legislação abrangente, difundida através de Leis, Decretos,

Resoluções, NBR’s, enfim uma gama de obrigações gerais para doutrinar e

regulamentar as situações de riscos que envolvam produtos perigosos. Porém, não

existe uma regra geral para atendimento a eventos emergenciais. Diversas

instituições se revezam na realização de atendimentos a depender do Estado em

que ocorra o acidente. A falta de definição do papel e responsabilidade de cada

instituição neste tipo de atendimento causa conflitos e duplicidade de ações.

Menos de 20% dos Estados possuem órgãos ambientais com uma estrutura

permanente para atendimento às situações de emergência. Apenas os Estados da

Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul tem Equipes de Plantão

estruturada para atuar 24 h/dia. Outros Estados têm o atendimento realizado por

órgãos ligados a estrutura estatal, como o Corpo de Bombeiro, Polícia Militar

Ambiental e Defesa Civil. Há ainda situações em que o órgão federal – IBAMA

realiza tais atendimentos.

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Dentre os órgãos ambientais, a Companhia de Tecnologia de Saneamento

Ambiental - CETESB é um caso a parte. As emergências são atendidas pelo Setor

de Operações de Emergência, criado após a ocorrência do primeiro grande acidente

ambiental envolvendo vazamento de petróleo, em 9 de janeiro de 1978, quando o

navio-tanque Brazilian Marina derramou cerca de 6000 toneladas de óleo no Canal

de São Sebastião, litoral norte do Estado de São Paulo. 1

O trabalho em São Paulo difere do restante do país pois, em situações extremas, os

próprios técnicos do órgão ambiental efetuam as atividades de emergência como

transferência de produto, vedação de válvulas, aplicação de dispersantes (quando

permitido), dentre outros. Para tanto, possuem treinamento específico,

equipamentos apropriados e uma experiência de mais de 25 anos de atuação na

área.

É importante salientar que a obrigação pelo atendimento é da empresa

produtora/transportadora (princípio da co-responsabilidade) e que o atendimento

estatal se dá na ausência ou na falta de estrutura daquelas.

Outro diferencial é a harmonia existente entre outras instituições paulistas envolvidas

no atendimento e prevenção de incidentes. São realizadas atividades integradas

voltadas para a prevenção de acidentes, e também para o aprimoramento das ações

emergenciais, discutidas juntamente com a Defesa Civil, Corpo de Bombeiros,

Prefeituras, Indústrias e concessionária de rodovias. A vocação Paulista com as

rodovias é bastante é bastante evidenciado pelo elevado numero de

Concessionárias de Rodovias existentes no Estado, é comum encontrarmos planos

bem elaborados e definidos para acidentes com cargas de produtos/resíduos

perigosos em todo o trecho destas estradas.

Uma característica marcante no Estado é o grande número de atendimento a Postos

de Serviços – os chamados postos de abastecimento de combustíveis. Segundo

fontes do Ministério da Saúde - CGVAM, o número de áreas contaminadas em

postos de combustíveis paulista supera o restante registrado em todo o país.

1 Site da CETESB: www.cetesb.sp.gov.br/emergencia/emergencia.asp

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Dados da CETESB mostram que as áreas cadastradas como contaminadas para os

postos correspondem a mais de 70% do total do Estado.

Tabela 2 - Áreas contaminadas no Estado de São Paulo

Áreas Contaminadas no Estado de São Paulo - Maio de 2005 Região/Atividade Comercial Industrial Resíduos Postos de

combustível Acidentes desconhecidos

Total

São Paulo 28 42 20 398 2 490 RMSP - outros 11 70 11 222 4 318 Interior 44 84 21 332 9 490 Litoral 10 31 10 63 1 115 Vale do Paraíba 1 19 0 71 0 91 Total 94 246 62 1.086 16 1.504

Fonte: http://www.cetesb.sp.gov.br/Solo/areas_contaminadas/relacao_areas.asp

Ainda no Sudeste, outro Órgão Ambiental bastante atuante é a FEEMA, do Rio de

Janeiro. A decisão de atuação na área de situações emergenciais se deu a partir

dos acidentes ocorridos no final da década de setenta, início da década de oitenta.

Em março de 1975 o do petroleiro Tarik Ibn Ziad deixou vazar na Baía de

Guanabara, seis mil toneladas de petróleo, e, em fevereiro de 1982, disposição e

manuseio inadequado de produtos perigosos no Mercado São Sebastião causaram

o vazamento de pentaclorofenato de sódio ou "pó da China, causando quatro

mortes. Foi então criado o pronto-socorro ambiental da FEEMA - o Serviço de

Controle da Poluição Acidental - SCPA. 2

Com um grande potencial de produção petrolífera – a maior do Brasil – e a Baía de

Guanabara repleta de petróleo, foi natural que o Rio de Janeiro se especializasse

em desastres marinhos. O Estado se caracteriza pelo grande número de plataformas

marinhas e conseqüente grande malha de escoamento; seja via dutos ou por navios

cargueiros.

No início dos anos 90 foi criado o Plano de Emergência da Baía de Guanabara para

atender a casos de poluição acidental causados por derramamento de óleo no mar.

É composto por órgãos públicos como a Marinha do Brasil, Defesas Civis Estaduais

e Municipais, Feema, Cia. Docas, Cias de limpeza urbana dos municípios do entorno

da Baía e empresas privadas atuantes na área de petróleo.

2 Site da FEEMA: http://www.feema.rj.gov.br/spa.htm

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A FEEMA tem, como característica o estabelecimento de diversos Planos de

Emergência. Para eventos em Rodovias, foram criados os seguintes planos:

• Plano PARE/Nova Dutra - Atendimento a Acidentes com Produtos Químicos

na Rodovia Presidente Dutra, BR-116.

• Plano Concer/Juiz de Fora-Rio de Janeiro - Plano de Emergência para

Atendimento a Acidentes com Produtos Químicos na Rodovia BR-040.

• Plano Via Lagos-Sistema Viário Rio Bonito-Araruama - Plano de Emergência

para Atendimento a Acidentes com Produtos Químicos na RJ-124.

• Plano de Transporte Rodoviário de Elementos Radioativos, nos percursos Rio

- Resende ou Rio - Angra dos Reis.

• Plano Ponte Presidente Costa e Silva - Plano de Emergência para Acidentes

de Produtos Químicos na ponte Rio - Niterói.

Já na Região Sul, o Rio Grande do Sul é o Estado com maior atuação na área de

atendimento a situações de emergência com produtos químicos perigosos. A

atuação se dá de forma articulada entre o Corpo de Bombeiros e o Órgão de Meio

Ambiente - FEPAM. A Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis

Roessle tem a atribuição de atender emergências com danos ambientais em todo o

Estado do Rio Grande do Sul.

Devido a sua vocação agrícola, o Estado possui um grande número de acidentes

envolvendo agrotóxicos, mas também são elevados os números de ocorrências de

vazamentos de outros produtos químicos, mortandade de peixes, descarte

clandestino de resíduos e acidentes rodoviários, ferroviários e hidroviários no

transporte de produtos perigosos.3

A realidade apresentada para os Estados acima se contrapõe totalmente aos tipos

de acidentes encontrados na Região Norte do País. O número de rodovias na região

é bastante escasso e as distâncias entre cidades são enormes.

3 Site da FEPAM: http://www.fepam.rs.gov.br/emergencia

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Aliadas a essas dificuldades, a falta de pavimentação e muita chuva direcionaram o

transporte de produtos perigosos - principalmente hidrocarbonetos - para os

caudalosos rios da região. Gasolina e óleo diesel são constantemente transportados

em balsas (barcaças) ou em barcos de passageiros, acondicionados em galões.

Um bom parâmetro para analisarmos o perfil dos acidentes envolvendo produtos

químicos é o dado fornecido pela ABIQUIM – Associação Brasileira de Indústria

Química.

Apesar destes dados ainda estarem longe de representar a totalidade dos acidentes

ocorridos no Brasil, podemos verificar a esperada tendência da concentração das

emergências no modal rodoviário e nas instalações fixas - indústrias.

Tabela 3 - Acidentes por modal de transporte

Emergências e incidentes por modal de transporte 2004

Modal JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ ACUM

Rodoviário 15 13 12 06 14 25 15 09 21 14 24 16 184

Ferroviário 01 01 0 02 01 0 0 0 01 0 1 - 7

Aéreo 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 - - 0

Marítimo 0 0 0 0 01 01 0 0 0 0 1 - 3

Local fixo 04 09 09 10 13 17 08 04 13 13 8 7 115

Totais 20 23 21 18 29 43 23 13 35 27 34 23 309 Fonte: ABIQUIM, 2004

Dentre os acidente rodoviários ocorridos em vias Federais no ano de 2003,

constatamos que menos de 1% dos acidentes relatados pela polícia envolve

produtos perigosos e deste total grande parte ocorre com líquidos inflamáveis, como

mostra a distribuição a seguir.

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Tabela 4 - Acidentes Rodoviários

Fonte: Polícia Rodoviária Federal, 2003

Tabela 5 - Acidentes Rodoviários com produtos perigosos

Fonte: Polícia Rodoviária Federal, 2003

TIPOS DE ACIDENTES Total de

Acidentes

COLISÃO FRONTAL 3.943

COLISÃO LATERAL 23.112

COLISÃO TRASEIRA 24.453

COLISÃO COM OBJETO FIXO 12.816

COLISÃO COM BICICLETA 2.445

ATROPELAMENTO DE PESSOA 4.086

ATROPELAMENTO DE ANIMAL 3.872

TOMBAMENTO 5.916

CAPOTAMENTO 7.206

SAÍDA DE PISTA 11.935

INCÊNDIO 423

OUTROS 5.889

TOTAL 106.096

PRODUTOS PERIGOSOS

Quantidade

RADIOATIVO

2

EXPLOSIVO

3

GÁS INFLAMÁVEL

66

GÁS TÓXICO

12

LÍQUIDO INFLAMÁVEL

162

SÓLIDO INFLAMÁVEL

18

OXIDANTE

2

SUBSTÂCIAS INFECTANTES

2

OUTROS PRODUTOS

547

TOTAL

814

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4 O PANORAMA BAIANO

Na década de 70 já existia na Bahia um considerável complexo industrial para os

padrões da época, como a Refinaria Landulpho Alves – Petrobrás, o Centro

Industrial de Aratu, a SIBRA, dentre outras empresa, o que fomentou a criação do

“Conselho de Controle de Poluição do Estado da Bahia”, através da Lei Nº 2.874 de

18 de Janeiro de 1971. Ainda nos anos 70 se deu início a implantação do Pólo

Petroquímico de Camaçari e em 1973 foi sancionada a Lei Nº 3.163/73 que criava o

Conselho Estadual de Proteção Ambiental - CEPRAM, o primeiro do país.

O “boom” da implantação de indústrias no Estado da Bahia, veio acompanhado de

problemas até então desconhecidos para as autoridades ambientais. O núcleo

ambiental era representado por uma Coordenação de Meio Ambiente que

funcionava dentro da estrutura do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia -

CEPED.

O Centro de Recursos Ambientas, autarquia criada pela Lei Delegada no 31, de 03

de março de 1983, está atualmente vinculado a Secretaria de Meio Ambiente e

Recursos Hídricos – SEMARH.

Segundo arquivos do CRA, o primeiro grande acidente atendido por essa estrutura

data de 1976, quando ocorreu um vazamento de Cloro na enseada de Tainheiros

(subúrbio de Salvador) oriundo da empresa Cia Química do Recôncavo - CQR. A

pressão do órgão ambiental, que multou e interditou a empresa resultou na

relocação da empresa para o recente Pólo Petroquímico de Camaçari. Este acidente

é considerado como marco inicial do atendimento à emergência no Estado da Bahia.

Em 1984, já nos tempos de CRA, foi criado efetivamente o “Plantão de Emergência”

seguindo os passos da CETESB. A idéia criou corpo a partir de um vazamento de

amônia na antiga PRONOR, indústria química localizada no Pólo Petroquímico de

Camaçari.

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A demora para dar resposta aos acidentes que ocorriam durante os finais de

semana contribuiu decisivamente para a efetiva implantação do “Plantão BIP” –

nome como ficou internamente conhecido a Equipe de Emergência do CRA.

Em 1985, foi formada uma equipe multidisciplinar, composta por dois técnicos de

nível superior, um assistente de coleta além de um motorista. Historicamente o

primeiro acidente relatado após a criação do Plantão do CRA foi um atendimento –

ainda precário – de um tombamento de ácido sulfúrico, o produto era originário da

Pasquim, atual Procrigel.

Neste mesmo ano ocorreu o primeiro grande acidente no interior do Estado atendido

pelo CRA, na cidade de Juazeiro. A Usina de cana de açúcar Agrovale foi

responsável pelo vazamento de vinhoto que causou a mortandade de toneladas de

peixes na Bacia do Rio São Francisco, o que acabou por criar o primeiro Escritório

Regional do CRA. O escritório de Juazeiro visava dar respostas mais rápidas a

eventos no norte do Estado.

4.1 Ferramentas e Procedimentos

A Legislação Ambiental da Bahia sempre se destacou pela vanguarda. O

pioneirismo das suas leis antecedeu até a primeira legislação Federal sobre Meio

Ambiente e na área de atendimentos emergenciais não foi diferente.

Em 23/07/2002 o CRA se tornou o primeiro órgão ambiental brasileiro a receber

certificação ISO 9001/2000 para atendimento emergenciais. Foram criadas normas

que otimizaram o trabalho, estabelecendo tabelas, banco de dados e programas que

permitiram otimizar um rastreamento/acompanhamento dos processos de

emergência e fornecer sustentáculo para obtenção de um menor tempo de resposta

aos acidentes.

Além de seguir a Legislação Federal como referência, o Estado da Bahia adotou

uma série de medidas que resultaram em um ganho de qualidade e resultados

importantes no âmbito dos atendimentos:

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20

4.1.1 Ampla divulgação do Sistema gratuito de recebimento de denúncias.

O Disque Meio Ambiente foi amplamente divulgado por todo Estado Bahia. A Central

de recebimento de denúncia, que funciona 24 h, recebeu um incremento de mais de

100% no número de denúncias feitas pela população entre 2002 e 2004;

Tabela 6 - Denúncias recebidas pelo CRA

Denúncias Recebidas

Pelo Telefone 0800 71 1400

ANO QUANTIDADE VARIAÇÃO

2002 662 -

2003 1199 81,12%

2004 1552 29,44%

Total 5684 110,56%

Fonte CRA/SSA-Antares, 2005

4.1.2 Equipe disponível 24 horas.

Em Situações emergenciais a correlação entre pronta resposta e atenuação dos

danos é diretamente proporcional. Um primeiro combate equivocado pode alastrar

os efeitos locais de um acidente com produtos perigosos – logo, os atendimentos

realizados de madrugada e durante os finais de semana otimizaram o sistema de

atendimento.

4.1.3 Criação de uma Resolução tornando obrigatória a comunicação de

acidentes ambientais.

Inicialmente a Resolução CEPRAM Nº 475/86, e posteriormente com a atual

Resolução CEPRAM Nº 3183/03, elevou em mais de 100% as comunicações por

parte das empresas. Hoje a empresa dispõe de vários canais para comunicação

como telefone, fax, ou mesmo o endereço eletrônico emergê[email protected], em

até duas horas – ou quatro horas para localidades remotas;

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21

Tabela 7 - Autocomunicação de acidentes Comunicação de acidentes pela Petrobrás

ANO QUANTIDADE VARIAÇÃO

Até 1986 0 -

2002 09 -

2003 10 11,11%

2004 35 250%

Total 5684 261,11% Fonte CRA/Cerberus, 2005

4.1.4 Estabelecimento de tempo limite para chegada da equipe de Plantão ao

local do acidente.

Como não se tinha um controle efetivo da mensuração deste dado, não era raro a

chegada do CRA após todos os outros atores já estarem atuando. Atualmente, foi

estabelecida no processo de certificação, a obrigatoriedade de chegada da equipe

em até 3,5 horas na RMS. Nos acidentes ocorridos no interior do Estado, as

unidades Regionais fazem o primeiro atendimento até a chegada do Plantão, caso

ainda seja necessário, no tempo máximo de 15 horas;

Tabela 8 - Tempo de resposta a emergências Tempo de Resposta - Equipe de Emergência CRA (Horas)

TIPO Jan Fev Mar Abr Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

RMS 0,97 2,15 1,56 5,00 1,44 1,20 2,80 2,28 2,10 - 1,80 3,15 0,97

BAHIA 0,00 13,00 3,03 5,25 6,80 12,09 4,20 12,50 1,75 15,00 5,00 6,40 0,00 Fonte: CRA/SSA-Antares, 2005

4.1.5 Licenciamento Ambiental das empresas transportadoras

Também uma atitude pioneira que atua como mola sustentadora do sistema de

atendimento Baiano. No ato do licenciamento, toda transportadora é obrigada a

entregar um Plano de Emergência, descrevendo detalhadamente a classe dos

produtos a serem transportados e como irá agir em caso de atendimento – desde

quem efetivamente vai agir, até quais são e onde estão armazenados os

equipamentos que serão utilizados;

Resolução CEPRAM Nº 3183/03

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22

4.1.6 Sistema de Informações Sobre Risco de Exposições Químicas – SIREQ.

Programa de computador que armazena dados, características, informações físico-

químicas, produtores, dados de acidentes, e procedimento para atendimentos para

as principais substâncias perigosas produzidas e/ou transportadas pelo Estado da

Bahia.

4.1.7 Introdução na Legislação de circunstâncias atenuantes.

Abrandamento de penalidades em “caso de auto comunicação imediata do infrator

e/ou arrependimento eficaz demonstrado pela espontânea recuperação do dano”.

Este Art. 223 da Lei 7.799/01 estreitou o relacionamento entre órgão ambiental x

empresa causadora de acidentes; embora saibamos que tal circunstância nada mais

é que a obrigação legal, muitas empresas preferiam correr o risco de casuais

penalidades não realizando a comunicação.

4.1.8 Estabelecimento de parceria com outras instituições do Estado.

Nos últimos dois anos, cresceu bastante o número de comunicação de acidentes por

parte das Polícias Rodoviária Federal e Estadual, Vigilância Sanitária, Corpo de

Bombeiros, Defesa Civil e a colaboração destas instituições nos acidentes

ambientais.

A limitação de horário de rodagem em nossas rodovias é uma proposição que ainda

não foi efetivada. O número de empresas que transportam produtos na

clandestinidade ainda é elevado, o que resulta na falta de um planejamento

adequado e maior exposição da população e das áreas atingidas, nos casos de

acidentes.

Em função das melhorias apresentadas, era de se esperar um decréscimo no

número de atendimentos. Porém, a cada ano verificamos um incremento no número

de criações de processos emergenciais no CRA.

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23

Com os mecanismos de comunicação cada mais conhecidos, o CRA é

constantemente acionado pelas próprias empresas, pela comunidade e/ou pelas

instituições parceiras, resultando no aumento do número de incidentes relatados.

No entanto, o dado mais significativo não é o aumento dos atendimentos, e sim a

minimização dos efeitos à população e ao meio ambiente. Com um trabalho eficaz

de prevenção, planejamento e resposta rápida, a periculosidade dos produtos

químicos está ficando encapsulada na segurança crescente dos equipamentos

industriais e de transporte, no aumento da qualificação dos atendimentos, na

resposta rápida e na definição de rotas menos habitadas para transporte.

4.2 ACIDENTES NA BAHIA

Na Bahia é crescente a utilização de produtos químicos perigosos, sobretudo nas

indústrias de transformação. Em função da demanda acelerada registrada, estes

produtos são transportados, armazenados e manuseados em diversas regiões do

Estado. Entretanto, embora os produtos químicos perigosos estejam disseminados

por toda à parte e sejam empregados em muitas atividades, não se tem um

conhecimento sistematizados sobre os empreendimentos e atividades relacionados

a estes tipos de produtos e sobre as áreas mais prejudicadas e mais propensas à

ocorrência de acidentes no Estado (CRA, 2004).

Os gráficos a seguir descrevem duas realidades distintas: os atendimentos

emergenciais na Bahia em períodos anteriores e após a certificação do CRA pela

norma ISO 9001/2000. Neste intervalo de tempo surgiram ferramentas que

otimizaram e melhoraram o nível do atendimento no Estado, as quais serão

analisadas a partir dos gráficos que representam espacialização dos acidentes,

modal de transporte e tipologia do produto.

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24

4.2.1 Espacialização dos acidentes

Figura 1 – Acidentes na Bahia por região – 1985/1995

Fonte: CRA, 2005

Figura 2 – Acidentes na Bahia por região – jun/2002 a ago/2005

Fonte: CRA, 2005

ESPAÇAMENTO DOS ACIDENTES NA BAHIA

63%1%

22%

2%

3% 8% 1% RMSBaixo Sul Reconcavo/Litoral NorteNorte/NordesteSul/Extremo SulSudoeste/CentroOeste

ESPAÇAMENTO DOS ACIDENTES NA BAHIA Fonte: CRA (Jun/2002-Ago/2005)

50%

2%

33%

3% 4% 6% 2%RMS

Baixo Sul

Reconcavo/Litoral Norte

Norte/Nordeste

Sul/Extremo Sul

Sudoeste/Centro

Oeste

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25

O predomínio dos atendimentos realizados pelo CRA acontece na Região

Metropolitana de Salvador. Embora seja um dado totalmente esperado - visto que os

grandes empreendimentos, portos, pólo petroquímico, refinaria, dentre outros,

encontram-se instalados nessa região – podemos verificar que a divulgação do

sistema 0800 de denúncias ambientais, a obrigatoriedade de comunicação e o

fortalecimento com outras instituições, levaram o CRA até locais bastante remotos,

ampliando o raio de ação do seu Plantão de Emergência.

No primeiro período praticamente inexistiam atendimentos nas regiões fronteiriças

da Bahia, principalmente no norte/nordeste, oeste e sul. Os atendimentos fora da

RMS eram motivados pelas transportadoras da capital que tinham seus veículos

envolvidos nas rodovias da região de Feira de Santana (BR 324, BR 101 e BR 116)

e Jequié (BR 116 e BR 330), e pelos escritórios regionais do CRA lotados nestas

duas cidades.

A mudança mais significativa entre os dois períodos é o crescimento dos acidentes

na região do recôncavo/litoral norte. Segundo os dados registrados temos três

grandes fatores: o grande número de atendimentos na região da Petrobrás UN-BA, a

expansão industrial para cidades circunvizinhas a RMS e Feira de Santana, as

péssimas condições das rodovias também na região de Feira de Santana – principal

entroncamento rodoviário do Estado.

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26

4.2.2 Modal dos Acidentes

Figura 3 – Acidentes por moral de transporte – 1985/1995

Fonte: CRA, 2005

Figura 4 – Acidentes por moral de transporte – jun2002/ago/2005

Fonte: CRA, 2005

MODAL DE ACIDENTES NA BAHIAFonte: CRA (1985-1995)

43%

24%

6%

10%

17%RodoviasIndústria/ArmazenamentoNavio/Praias/AquaviasDutosFerroviário

MODAL DE ACIDENTES NA BAHIAFonte: CRA (Jun/2002-Ago/2005)

26%

26%19%

16%

6% 2% 5% IndústriaRodoviasNavio/Praias/AquaviasDutosArmazenamentoFerroviárioclandestino

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27

Analisando os dois gráficos, observamos que o número de acidentes rodoviário

diminuiu percentualmente, não significando, porém, uma diminuição nos números de

eventos. Os dados do CRA nos mostram que houve um aumento dos registros de

novas situações de atendimentos de emergência no Estado.

Com o amadurecimento das normas para comunicação e os mecanismos

desenvolvidos pelo Estado da Bahia como Auto Licenciamento Ambiental - ALA,

Comissão Técnica de Garantia Ambiental - CTGA, estreitaram o relacionamento

entre empresa e órgão ambiental e as auto denúncia, até então inexistentes,

formaram uma parcela significativa no atendimento à emergência dentro das

indústrias.

Outro parâmetro importante foi à mudança de conceito para o aparecimento de

pelotas de óleo nas praias – o chamado betume. Esse fato sempre existiu em todo o

litoral baiano resultante das lavagens clandestinas de navios que transitam pela

costa e da predominância de correntes marinhas. No entanto, apenas há poucos

anos, este tipo de ocorrência passou a ser qualificado como emergência.

O envelhecimento das tubulações de transporte de óleo e o crescimento da malha

dutoviária no Estado fizeram com que acidentes envolvendo vazamentos em dutos

se tornassem mais freqüentes na Bahia.

O setor ferroviário já foi responsável por 17% dos acidentes e hoje transita na faixa

dos 6%. Este decréscimo não foi causado pela melhoria da qualidade da malha, mas

pela diminuição do número de produtos transportados devido a privatização da via

férrea (atualmente a Ferrovia Centro Atlântica - FCA é responsável por quase a

totalidade das vias férreas). Apesar da diminuição do fluxo de produtos perigosos na

malha ferroviária, a preocupação continua intensa, pois os poucos acidentes que

ocorrem resultam em alto grau de risco e contaminação, pois envolvem grandes

volumes e proximidade de cidades e corpos hídricos.

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28

Dois dos maiores acidentes no Estados ocorreram neste tipo de transporte – o

acidente com descarrilamento de vagões transportando álcool e gasolina em Pojuca,

que ocasionou a morte de mais de 100 pessoas e o acidente com vazamento com

paraxileno, que interditou o consumo de água e a pesca para grande parte da

população ribeirinha do Rio Paraguaçu.

Outro parâmetro não registrado era o aparecimento de lançamentos clandestinos:

tonéis com produtos químicos são freqüentemente abandonados em rios, mares e

áreas desocupadas; o lançamento de produtos tóxicos, motivado por pesca

predatória, causa mortandade de peixes e crustáceos. Atualmente, estes tipos de

eventos são passíveis de atendimentos.

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29

4.2.3 Tipologia de Produto Figura 5 – Acidentes Rodoviários com Produtos Químicos - 1985/1995

Fonte: CRA, 2005

Figura 6 – Acidentes Rodoviários com Produtos Químicos - jun2002/ago/2005

Fonte: CRA, 2005

TIPOLOGIA DOS ACIDENTES NA BAHIAFonte: CRA (1985-1995)

48%

11%

18%

7%

16%Classe 3Poluição AtmosféricaClasse 8Classe 6NI/NC/Resíduo

TIPOLOGIA DOS ACIDENTES NA BAHIA Fonte: CRA (Jun/2002-Ago/2005)

46%

13%10%

4%

5%

17%5% Classe 3

Poluição AtmosféricaClasse 8Classe 6ResíduoNCNI

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30

Quase metade dos acidentes envolvendo produtos perigosos no Estado da Bahia

envolve produtos Classe III – líquidos inflamáveis. Destes, quase a totalidade

envolve derivados de petróleo, fruto tanto da grande movimentação entre as

empresas de produção e beneficiamento, como do transporte e venda direta ao

consumidor.

A produção de petróleo no Estado já ultrapassa os 60 anos e nem sempre a

velocidade na troca das tubulações respeita o tempo de vida útil destas,

ocasionando rompimentos devido a processos corrosivos/erosivos.

Projetos mal concebidos respondem por parte dos acidentes industriais. Um

exemplo de projeto inadequado é a falta de capacidade dos sistemas de separação

água e óleo em épocas de intensa precipitação pluviométrica; muitas bacias de

acumulação e seus respectivos sistemas separadores, não foram projetadas para os

níveis de produção somados a vazão de água das chuvas. O resultado é a

extrapolação do sistema para praias e mangues, criando seguidas ocorrência de

contaminação no período chuvoso.

Nos gráficos destaca-se a diminuição gradativa de produtos de alta periculosidade

envolvidos em caso de acidente, como os produtos Classe 6 – tóxico e Classe 8 –

Corrosivo. Os aumento dos níveis de segurança, o fato de o mercado ser dominado

por poucas empresas, e o cuidado em contratar empresas de transporte licenciadas

e ainda novas alternativas de transporte como dutos, contribuíram para este

decréscimo.

Outro ponto que contribuiu para a mudança entre os dois períodos é a crescente

comunicação para acidente com resíduos perigosos, fruto da autorização para

Transporte de Resíduos Perigosos - ATRP.

Os dados de poluição atmosférica referem-se aos incidentes envolvendo produtos

Classe II – Gases Inflamáveis e aos eventos de lançamentos não conformes. Não

foram observadas diferenças significativas entre os dois períodos.

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31

Os incidentes envolvendo produtos da Classe 7 - Radioativos e os da Classe 1 –

Explosivos não foram atendidos/computados pelo CRA devido a seu controle e

gestão ser competência exclusiva de outros órgãos. Os produtos da Classe 7 são

controlados pelo CNEM/IBAMA e os da Classe 1 pelo Ministério da Defesa.

Segundo dados estatísticos, foi relatado apenas um acidente envolvendo produto

Classe 4 - sólidos inflamáveis, no período 2002-2005, não sendo possível

estabelecer uma comparação. Não foram identificados registros de acidentes com

produtos Classe 5.

Os produtos não classificados nos levam a um questionamento – atender ou não

situações de emergência envolvendo estes produtos? Vamos a um exemplo prático:

vazamento de uréia ou óleo vegetal. Ambos não são classificados como perigosos

pela ONU, porém um acidente envolvendo estes produtos dentro de um rio

acarretaria no aumento excessivo de matéria orgânica (DBO – Demanda Bioquímica

de Oxigênio), diminuição dos níveis de Oxigênio (OD – Oxigênio Dissolvido), e o

resultado seria a mortandade da fauna aquática e/ou a interdição da

captação/consumo de água.

NI – corresponde aos acidentes atendidos mas “Não Informado” quando do repasse

para o banco de dados – o que demonstra uma falha no processo de

coleta/divulgação dos resultados.

5 PLANO NACIONAL DE PREVENÇÃO, PREPARAÇÃO E RESPOSTA RÁPIDA A ACIDENTES COM PRODUTOS QUÍMICOS PERIGOSOS – P2R2.

O P2R2 foi idealizado pelo Ministério do Meio Ambiente após constatação da

deficiência na estrutura de atendimento frente às emergências ambientais,

constatada e evidenciada durante o acidente de Cataguazes/MG, datado de

março/2003.

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32

Em 02/10/03, o Ministério do Meio Ambiente criou os primeiros Grupos de Trabalho

do P2R2, através da Portaria Nº 393/03 e em 03/06/04, através do Decreto

Presidencial 5.098/04. O Plano foi efetivamente criado pelo Presidente da República.

Com o objetivo de prevenir a ocorrência de acidentes com produtos químicos

perigosos e aprimorar o sistema de preparação e resposta a emergências químicas

no País, foram criados 4 (quatro) grupos de trabalho compostos por diversos órgãos

ambientais do país e representantes de 8 (oito) Ministérios de Estado – Grupo de

Mapeamento de Áreas de Risco, Grupo de Desenvolvimento Estratégico, Grupo de

Banco de Dados e Grupo de Recursos Financeiros.

Ao final dos trabalhos, foi estabelecido um organograma que terá um modelo

institucional, focado em duas estruturas chaves: A Comissão Nacional (CN-P2R2) e

as Comissões Estaduais (CE-P2R2)

Figura 7 – Organograma do P2R2

Fonte: Ministério do Meio Ambiente, 2005

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33

Dentro da estrutura federal da CN-P2R2 foi criado o Grupo de Apoio a Emergência,

que será acionado naqueles eventos em que a emergência abranger os limites

fronteiriços de dois ou mais Estados, ou quando o Estado não dispor de estrutura

adequada para fazer frente à situação emergencial. Dentre as principais atribuições

da CN estão: (segundo proposição do Ministério do Meio Ambiente)

• articular e propor parcerias com órgãos envolvidos;

• estimular o aperfeiçoamento dos instrumentos de gestão do P2R2;

• divulgar e disseminar informações relativas ao P2R2;

• mobilizar os recursos humanos e financeiros de suporte ao P2R2;

• incentivar a criação de CE - P2R2 e CD - P2R2

• apoiar as comissões na ocorrência de acidentes de maior gravidade.

• promover o desenvolvimento, implantação, atualização, padronização e

acesso ao sistema de informações do P2R2.

A Comissão Nacional do P2R2 decidiu priorizar “tipos de acidentes” onde estes

seriam discutidos e atacados primordialmente através de comissão formada por

especialistas, OEMAS – Órgãos Estaduais de Meio Ambiente, representação dos

municípios e governo federal. Decidiu-se pela seguinte ordem de prioridade de

implantação:

1 – Acidentes Rodoviários;

2 – Acidentes em Indústrias;

3 – Armazenamento de Produtos Químicos;

4 – Acidentes Ferroviários;

5 – Acidentes em Dutos;

6 – Acidentes Aquaviários.

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34

5.1 A BAHIA NO ÂMBITO DO P2R2

Em 23 de novembro de 2004, foi criada através do Decreto Estadual Nº 9.235/04 a

Comissão Estadual de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida a Emergências

Ambientais, a CE-P2R2 do Estado da Bahia, uma das primeiras do País.

O início efetivo do P2R2 se deu com o Projeto de Mapeamento de Áreas de Riscos.

Seis Estados tiveram seus projetos aprovados pelo Ministério do Meio Ambiente

(MMA) e foram contemplados com verba do FNMA (Fundo Nacional do Meio

Ambiente) e FNS (Fundo Nacional de Saúde) para viabilização. Dentre eles destaca-

se o Projeto da Bacia do Rio Paraguaçu/BA.

A Bacia do Rio Paraguaçu foi escolhido como piloto devido a suas diversidade de

situações de riscos, usos sustentáveis e áreas protegidas por legislação. São 87

municípios onde podemos encontrar os biomas caatinga, cerrado e mata atlântica,

Parques Nacionais, Áreas de Proteção Ambiental - APAS, onde se destacam

atividades industriais, agrícolas, de mineração.

Cortada por rodovias e ferrovias rotas de transporte de produtos perigosos e

responsável pelo abastecimento da Região Metropolitana de Salvador e de grande

parte dos municípios inseridos, a área da Bacia é constantemente atingida por

acidentes causados por produtos perigosos.

Apesar de ainda não terem sido iniciadas outras etapa do P2R2, a Bahia foi

representada em todas as reuniões de discussão do Plano Nacional.

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35

6 CONCLUSÃO

Os acidentes ambientais continuam ocorrendo com freqüência em diversos lugares

no mundo, e seus efeitos acarretam prejuízos para as empresas, a sociedade e ao

Estado da Bahia.

No Brasil nos deparamos com um quadro bastante heterogêneo no que se refere a

estrutura montada para atendimento a emergências. Enquanto alguns Estados

possuem amplas condições, outros carecem de organização. A tecnologia e

métodos de prevenção, remediação e controle ainda não estão disponíveis para

todas as organizações.

Os novos mecanismos inseridos no contexto de atendimento a emergência têm

começado a surtir efeito, o que pode ser verificado nos números decrescente de

vítima e na diminuição de impactos ambientais significativos para os acidentes

envolvendo produtos químicos.

No entanto, a constante preocupação e a possibilidade de melhorar ainda mais esse

quadro, faz com que Estado e iniciativa privada dêem continuidade aos processos

de inserção de novos mecanismos e exigências.

Uma das recentes iniciativas foi a criação do P2R2, um plano nacional, há muito

esperado, e que se tornou perspectiva de solução para as Unidades da Federação

que não conseguiram montar uma estrutura capaz de resolver os efeitos causados

pelas emergências Ambientais.

Já os Estados que mantém uma estrutura de atendimento estruturada, vislumbram

no P2R2 um caminho de melhora e otimização dos serviços a partir da proposição

de criação de mapeamento de áreas sensíveis, bancos de dados, troca de

experiência entre OEMAS e padronização de normas e procedimentos.

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36

A grande extensão territorial e a pluralidade de situações de produção e de

transporte existentes no país tornam o desafio do P2R2 mais complexo. Com o

amadurecimento do Plano, o Brasil deverá melhorar suas condições de resposta, e

conhecer em detalhes os eventos resultantes de acidentes com produtos químicos

perigosos no país.

Outro fator que auxilia a melhora dos índices do setor é a crescente preocupação

com acidentes por parte das empresas. Criação de planos de emergência, maior

exigência na contratação de terceiros, adoção de programas na área de transporte,

como o SASSMAC e junto a comunidade, como o APELL são iniciativas que

contribuem positivamente para o setor.

Na Bahia, a criação da Comissão Estadual do P2R2, vem unir esforços às

legislações específicas e a um sistema certificado pela ISO 9001/2000. A simples

inclusão de novos atores no cenário de atendimentos faz com que cada órgão atue

dentro das suas competências legais e dá uma maior segurança a população.

Se já foi possível verificar evoluções na análise dos dados de acidentes anteriores e

posteriores a criação de normas, procedimentos e certificação do setor de

atendimentos emergenciais do CRA, é de se esperar novas melhorias ambientais

com a inserção do Plano Nacional de prevenção, preparação e resposta rápida a

atendimentos com produtos perigosos, na conjuntura de atendimentos da Bahia.

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ANEXOS