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Elza Baiocchi Baú de memórias

Além da porta do meio - baú de memórias

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Livro que descreve a saga da família de imigrantes italianos,Baiocchi, no Brasil.

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Elza Baiocchi

ALÉMDAPORTA

DO MEIOBaú

de memórias

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Carmela D’Andréa Baiocchi(Em seu colo, a neta Sheila Maria)

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Caro leitor, este livro foi publicado originalmente em dezembro de 2001 e foi rediagramado a partir da

edição impressa em fevereiro de 2013.

Tendo como objetivo principal a sua divulgação eletrônica, todas as datas e demais informações do

original de 2001 foram mantidas na integra e sem atualizações.

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Elza Baiocchi

ALÉMDAPORTA

DO MEIOBaú

de memórias

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Capa: Velho Ravengard

Fotos da capa: Sônia Baiocchi

Copyright: 2001 Elza Baiocchi

www.baiocchi.com.br

Endereço para correspondência: R. Duque de Caxias, Qd. 9, Lt 35,

Parque Anhanguera.Goiânia - Goiás.

Goiânia, dezembro de 2001

Gráfica Editora Talento Ltda.(61) 386-4345 - 386-8480 - 552-0520

[email protected]

Re-diagramação e PDF:Criatus Design, Brasília-DF, 2013.

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Agradecimentos

Este livro não teria sido possível sem o incentivo e apoio de meus filhos, Paulo Dawton e Sheila Maria.

Agradeço, também, ao meu neto Leonardo, pela sua dedicação nas longas horas ao computador, digitando o texto, escaneando e restaurando as fotos.

Estendo minha gratidão, ainda, ao cunhado Edgard e aos sobrinhos Juliano e Erasto Filho, pela colaboração na revisão do texto.

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‘Tu és a parcela da eternidade. Nela exististe pelos que se foram, nela permanecerás pelos que hão de vir”.

Aos meus irmãos, cunhados, primos e sobrinhos.

Aos meus netos Leonardo, Rodrigo, Lucca e Paula, pessoas que trouxeram alegria à minha vida e que são soberanas em meu afeto.

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Em sua memória, mano Glauco, aqui está “Além da Porta do Meio”, a saga da família Baiocchi, no Brasil.

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SUMÁRIO

I - PREFÁCIO ......................................................................................... 13

II - APRESENTAÇÃO ............................................................................. 15

III - DEPOIMENTOS ............................................................................... 17 Mari Baiocchi ............................................................................. 17 Amália H. Teixeira ..................................................................... 18 Bernardo Élis ............................................................................. 20

IV - O TESTEMUNHO DE UMA ERA ..................................................... 25

V - CARLO PILADE BAIOCCHI - NOSSO PAI ....................................... 39

VI - DO OUTRO LADO DA PORTA DO MEIO ....................................... 58 1. Carmela D’Andréa Baiocchi ................................................... 58 2. As Filhas por Dádiva .............................................................. 65 3. As Amigas ............................................................................. 68 4. Os Cunhados e Sobrinhos ..................................................... 69 5. A Família D’Andréa ................................................................ 105 6 . Os Filhos ............................................................................... 111 7. Os Filhos Através dos Tempos - Fotobiografia ...................... 258

VII - RECEITAS DA MAMMA ................................................................. 273

VIII - GENEALOGIA DA FAMÍLIA BAIOCCHI - CONTRIBUIÇÃO DOS BAIOCCHI NO DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL, SOCIAL E CULTURAL DE NOSSA PÁTRIA........................................... 287

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I - PREFÁCIO

A história se faz com memória e documentos. A memória é fruto do aprendizado de vida e de observações em que, muitas vezes, a emoção suplanta a razão. Já o documento, que pode ser uma fotografia, um registro cartorial, por exemplo, torna-se objeto indispensável na formação do fato histórico. Entretanto, quando a memória e o documento se fundem num processo de construção, torna-se objeto irrefutável na consolidação da história. História que Elza Baiocchi escreveu, valendo-se da memória e reforçada com arquivo fotográfico, contando toda a saga da tradicional família Baiocchi, desde o berço italiano até a sua chegada ao Brasil, precisamente na Cidade de Goiás, onde marcou presença com fatos inovadores no processo desenvolvimentista da velha Capital.

As evocações da terra da infância, sempre presa às suas raízes, o velho casarão de estilo colonial, cuja característica é a existência da porta do meio. E além dessa porta que a autora concentra suas memórias para reviver os momentos que marcaram profundamente sua vida. Recorda a presença dos familiares, o cotidiano de uma vida simples mas sempre apegada à disciplina, o respeito aos mais velhos, o carinho dos irmãos e todos aqueles anseios, desejos que uniam a família Baiocchi na construção de um ideal, de um sonho realmente sonhado. E Elza Baiocchi, com seu espírito criador e sensibilidade captou os sentimentos e emoções emparedadas nos antigos casarões e os trouxe aos dias de hoje. Com o seu baú de memórias ela foi longe, retrocedeu no tempo, buscou documentos, juntou fotografias, narrou o que viu e sentiu na construção do nosso processo histórico-cultural, imprescindível para quem deseja conhecer a presença italiana em Goiás, principalmente em Goiânia.

É um livro que narra a história da família Baiocchi, que deixou rastros profundos no pioneirismo de Goiânia e hoje, seus descendentes ocupam postos importantes no desenvolvimento de Goiás. Deixa, também, registrada a genealogia da família, enriquecendo o livro com a receita culinária da Mamma.

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Cumprimento a autora por sua garra e paixão pelo fato histórico, e que seu livro sirva de incentivo para que outros “imigrantes” trilhem também o seu caminho. A história de Goiás agradece.

Goiânia, 27 de novembro de 2001

José Mendonça TelesPresidente do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás

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II - APRESENTAÇÃO

Por ocasião do Centenário de Nascimento do papai, ocorrido em 24 de agosto de 1988, meu saudoso irmão Glauco incumbiu-me da tarefa de fazer a biografia de nosso pai, comprometendo-se a fornecer-me os dados registrados para que o trabalho se concretizasse. Empolguei-me, pois se tratava de um antigo sonho meu, o de perpetuar a imagem daquele que, em vida, sempre fora o orgulho de toda a sua família e de seus onze filhos. Tudo o que sabia sobre ele deveria ser registrado para conhecimento de seus futuros descendentes.

Enquanto discorria sobre seus dados biográficos, um desejo enorme de ressaltar sua coragem se apossou de mim. Sua vontade de vencer o impeliu a romper barreiras quase intransponíveis. Para alcançar os seus objetivos, lutou como poucos.

O coração de filha se deixou levar pela emoção. Não percebi quando comecei a amar o que ele amara, a sentir o que sentira. Transportei-me para aquela época e me vi entre eles, os pioneiros, ao empreenderem sua viagem para Goiás, terra amada.

Senti vontade de falar, também, sobre a sua companheira em todos os momentos felizes ou sofridos, mas sempre presente em sua vida e nas nossas -mamãe.

Resolvi, então, transformar a biografia de papai em uma publicação com o propósito de transmitir às gerações futuras o conhecimento de sua ascendência, como disse antes, porém, mais completa, envolvendo todos aqueles que, de certa forma, participaram de nossas vidas.

Estimulada por todos os que tomavam conhecimento de meu trabalho, decidi realizá-lo em ritmo desacelerado, uma vez que a biografia de papai já estava concluída para o seu propósito inicial.

Durante os festejos do Centenário de Nascimento de papai, nos sentimos muito honrados com a homenagem prestada a ele pelo emérito membro da Academia Goiana de Letras, Waldir Castro Quinta, que, baseado nos dados de nosso manuscrito, presenteou a família com o livro “Pilade”. Nele, Waldir romanceia a vida de papai, de maneira poética e simpática, fazendo jus à sua capacidade de grande escritor e fiel amigo. Estava realizado o desejo do mano Glauco e o nosso.

Elza Baiocchi

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Agora, restava a mim cumprir a incumbência à qual me propus, sem nunca ter pretendido me transformar em uma escritora. Tive que recorrer às recônditas

lembranças de nossa infância e adolescência, às fotos guardadas no recanto de um baú e deixar minha alma e minhas recordações falarem por mim.

Encontrei incentivo, ainda, nas palavras de Fernando Magalhães, que me encorajaram a prosseguir, cumprindo o desejo de dizer aos nossos descendentes alguma coisa que possa lembrá-los de que são parte da “cadeia infinita” ao realizarem a história de sua geração, com os antepassados palpitando dentro de cada um, num “trabalho incessante de aperfeiçoamento”. Ele nos diz:

- “Tu és a parcela da eternidade. Nela exististe pelos que se foram, nela permanecerás pelos que hão de vir.

Es o elo de uma infinita cadeia que não se pode interromper; assim o terás compreendido quando interrogares o mistério de tua vida. Vens da multidão pela tua estirpe - avós de número incalculável; volverás à multidão pela tua descendência - prole incontável - perdida no futuro.

Provavelmente desconheces aqueles que se foram a longo tempo, mas de certo hás de pressenti-los na terra que lhes foi ninho e obrigação, no céu que lhes deu esperança e consolo. Contempla as noites estreladas: há luzes rútilas que são de astros mortos, sóis apagados desde milênios que ainda recamam o firmamento negro do pontilhado brilhante de seus fogos.

Assim os antepassados palpitam dentro de ti, na fatalidade de tuas dores, tuas alegrias, tuas inclinações, teus afetos e tuas energias. Nada serieis se eles não tivessem sido. As gerações marcam um trabalho incessante de aperfeiçoamento.

Não é preciso possuir linhagem para venerar os que se foram; também há fidalguias obscuras na estirpe dos anônimos. Alegria de viver, espírito de sacrifício, serenidade de consciência, heroísmos ocultos, abnegações suaves são a nobreza dos humildes! Valem mais que avós brazanados as virtudes remotas que honram a heráldica do sentimento.”

Aí está o mínimo que poderia fazer àqueles que nos deram o máximo. A nossa homenagem a vocês, queridos avós, pais, tios e irmãos, com todo o nosso amor e agradecimento por tudo, principalmente pela convivência exemplar e amiga que marcou de maneira gostosa as nossa vidas.

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III - DEPOIMENTOS

O Centenário de Pílade Baiocchi

Mari Baiocchi

Não é mera coincidência o ano de mil novecentos e oitenta e oito com dois centenários:

Centenário da Lei Áurea;

Centenário do imigrante italiano Pilade Baiocchi, meu tio.

Abolido o sistema escravocrata, amplia-se o trabalho livre nos fins do século IX e início do XX, milhares de italianos carregando sementes de tomate, “paura” do desconhecido, , amores que ficaram além mar e, sonhos, desceram nos portos da abençoada terra americana.

Aqui, adubaram a terra, casaram, tiveram filhos, choraram de saudades, cantaram, construíram, viveram e morreram.

As palavras que se seguem, elaboradas com sentimento e emoção por Elza Baiocchi, representam modesto retrato desse Homem que passou e que, para os filhos, sobrinhos, cunhadas, netos, bisnetos, noras e genros, é uma estrela, pois as estrelas, após cumprirem seu ciclo de vida, continuam brilhando na imensidão dos céus.

Peço-lhes, olhem para o céu hoje, 24 de agosto, e digam o que viram. Não viram?

Oito estrelas: Giovanni e Cezira, Domingos, Oliva, Alzira, Orestes, Colombo e Américo de mãos dadas, em ciranda, ao redor do aniversariante: PILADE BAIOCCHI.

Goiânia, 1988.

MARI DE NAZARÉ BAIOCCHI - Doutora em Ciências Humanas - Antropologia Social; Escritora (“Negro de Cedro”); Professora Titular da UCG e UFG; Pesquisadora em Antropologia Social, Arqueologia, Ambientalista, Etnomusicologista; Coordenadora do “Projeto Calunga - Povo da Terra”; Identificação do Quilombo Calunga e transformação da região em Sítio Histórico e Patrimônio Cultural. Lei na 11.409 de 21/01/1991; Autora do Relatório Científico que Estrutura a Lei; Prêmio “Destaque e Citação de Relevância de Obra para a Compreensão das Relações de Raças nos Países em Desenvolvimento” - UNESCO/1983.

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Pilade Baiocchi Vivo Sempre(Depoimento publicado no jornal O Popular, em 21/10/1988)

Amália H. Teixeira

No desbravamento do Centro-Oeste brasileiro, não há que negar, da intrepidez, da ambição dos bandeirantes, que tanto afastaram a Linha de Tordesilhas, alargando nossas fronteiras, quanto aprisionaram e dizimaram tribos indígenas.

A expedição do segundo Anhanguera - 1722-1726-reuniu gente de muitas raças. Na confluência do rio Vermelho com o Bugre - Arraial da Barra - os Goiá, índios que emprestaram seu nome ao nosso Estado, aprisionados, foram encaminhados para as roças dos conquistadores, na estrada das minas, do sertão dos Goiás a São Paulo e para as Minas Gerais. Aqui ficaram para procriar as índias dessa nação, mansas e dóceis.

Minas de Nossa Senhora do Rosário dos Goiás, Arraial de Santana, Vila Boa dos Goiás, Cidade de Goiás, Capital do Estado, ex-capital, berço da civilização goiana, etapas do desenvolvimento de um garimpo de ouro do começo do século XVIII.

A partir do início dos novecentos, ao caldeamento de índios, portugueses e negros soma-se o de europeus de diferentes latitudes. Vieram e contribuíram para a formação do povo de Goiás. Vieram para viver, ajudar, lutar, irmanando-se aos vilaboenses.

Dentre as famílias que aportaram à Cidade de Goiás, os Baiocchi, gente laboriosa, alegre, honesta. Nos fins do século XIX, com apenas seis anos de idade, chegava ao Brasil com seus pais e irmãos, provenientes da província de Lucca, Itália, o menino Pilade Baiocchi. Em Ribeirão Preto, SP, fez-se musicista e alfaiate, ali se casando com Carmela D’Andréa, italiana da Sicília.

Em 1915, Pilade está na Cidade de Goiás. Escolheu Goiás para abrigo e campo de luta e alegrias, aqui vivendo até 1967, aos 79 anos, entregando sua alma ao Criador. Na antiga Vila Boa, montou alfaiataria na Moretti Foggia, 9, criando onze filhos, instruindo-os e educando-os magistralmente - ganhou netos, integrou a sociedade goiana.

Pioneiro no ramo automobilístico, na condução de malas postais,

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comerciante na indústria de carros, contribuiu e muito para o progresso de Goiás, tendo seu nome inscrito entre os beneméritos de nosso Estado.

Com a mudança da capital para os altiplanos de campininha, representa em

Goiânia a Ford - Chevrolet - Austin, garantindo o transporte entre Campinas e a nascente capital, enquanto que as pequenas jardineiras ligavam Vila Boa a Goiânia e a outras cidades.

Fazendeiro com terras no rio Araguaia, contatou índios Xavantes, acompanhando os irmãos Vilas Boas. Um dos fundadores do Jóquei Clube de Goiânia e do Aeroclube de Goiás, brevetou, alçou vôos pelos céus goianos, participou de corridas de automóveis, ganhando premiações honrosas.

Como bem disse sua filha Elza, Pilade Baiocchi foi um lutador incansável aliando às qualidades de esposo e pai exemplar as de destacado cidadão naturalizado brasileiro. Contribuiu para o crescimento da Cidade de Goiás, de Goiânia, de todo o Estado.

Pilade Baiocchi, símbolo vivo da criatividade, da coragem, da humildade, merece as homenagens que a família, os goianos prestam à sua memória neste 24 de agosto, data em que completaria cem anos.

Goiânia, 8 de agosto de 1988

AMÁLIA HERMANO TEIXEIRA - Historiadora, Jornalista, Professora, Advogada e Orquidófila, glorifi-cou com tenacidade e grande ternura a nossa terra - Goiás. Presidente da Câmara do Patrimônio Histórico do Conselho Estadual de Cultura. Autora dos livros: “Curioso Caso da Escola Normal Oficial”, “Reencontro”, “História de Goiás”, “Perfis”, “Dois Anos Sem Maximiano”. Tive a honra de ser sua aluna na cadeira de Geografia e Cosmografia na Escola Normal Oficial de Goiás, hoje Instituto de Educação de Goiás. Em suas pesquisas botânicas descobriu uma espécie nova de orquídea, batizada, em 1978, por Pabst com o seu nome: “Cattleya Nobilior Amaliae”. Faleceu em 28 de abril de 1991, deixando um grande vazio no coração daqueles que a tinham como exemplo de cultura, honradez e sensibilidade.

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Pilade Baiocchi, Um Encurtador de Distâncias(Depoimento publicado no jornal O Popular, em 20/08/1988)

Bernardo Élis

A cidade de Goiás, antiga Vila Boa, pela enorme distância do litoral, pelo isolamento geográfico, nunca atraiu para si estrangeiros. Mesmo no tempo da Colônia, os portugueses eram apenas os poucos ocupantes dos mais altos cargos e funções. Por isso, os hábitos, usos e costumes de Goiás, bem como sua cultura são cunho eminentemente caboclo ou mestiço. Entretanto, os estrangeiros que chegaram até Goiás e aí se fixaram, integraram-se de tal forma ao universo goiano, que se pode bem dizer que seus descendentes são mais goianos que os goianos de velha cepa. A explicação estaria no fato de que tanto portugueses, como italianos ou árabes provinham da civilização mediterrânea antes de pertencerem a cada nacionalidade em particular? E há em Goiás traços mediterrâneos muito definidores: topografia acidentada, afloração de rochas, natureza semi-árida, cabras, jumentos, vinhedos, etc.

Numa tentativa de modificar os traços arcaicos de nossa cultura, o governo goiano, tentou-se valer de elementos europeus, procurando criar aqui colônias com tais imigrantes. Assim aconteceu no fim do Império, governo Eduardo Augusto Montandon (1889), com italianos, e depois, em 1923, com alemães deslocados da primeira grande guerra que iriam se estabelecer na colônia de Uvá. Foram vãs ambas as tentativas.

Poucos foram os estrangeiros que se fixaram em Goiás e dentre eles merece referência especial Pilade Baiocchi, exemplar afirmação do que foi dito.

Nascido na Toscana (Itália central), em 1894, com seis anos de idade, veio para o Brasil com os pais, fixando-se no município de Ribeirão Preto (SP). Aprendeu o ofício de alfaiate e como italiano que se preza, não se descuidou da música, tornando-se ótimo tocador de bombardino e de piston. A orfandade e o casamento precoces levaram-no a cuidar mais da alfaiataria do que do bombardino, num cuidado de tanto afinco que logo-logo lhe permitiu comprar um automóvel marca ÍTALA, sinal de status naqueles tempos de automóvel escasso. Mas havia o sonho, a miragem

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de novas terras...e o jovem alfaiate resolve vir para Goiás com sua bela e prolifera esposa, Carmela D’Andréa, também filha de imigrantes.

Com o produto da venda do automóvel ítala, Pilade Baiocchi adquire máquinas de costura, aviamentos, figurinos, cortes de casimira inglesa e linho belga, adio, adio!

E se põe a caminho. Era 1915, a guerra rugia na Europa e decepcionantes as notícias de Goiás: era uma terra selvagem, de índios e feras, terra na qual principiava a penetrar a estrada de ferro, e que estrada de ferro!

Embora curtíssimo o percurso tão recentemente inaugurado, um desastre pavoroso veio marcá-lo. Lá ia a composição com dois vagões cheios de gente, lá ia descendo o longo lançante da Serra da Mesa, nisso o aviso alarmante. Atrás, despencando ladeira abaixo lá envinha uma gôndola carregada de trilhos de aço sem governo nem comando. Estava pega-não-pega o último vagão da composição, justamente a primeira classe. Num sufragante, imprimiu-se mais velocidade à locomotiva e foi esvaziado o derradeiro vagão cujos ocupantes se alojaram no vagão seguinte.

Aí deu-se o abalroamento. No choque, os trilhos da gôndola foram projetados como monstruosos dardos. Trespassaram as paredes do vagão vazio e no seu impulso alcançaram o vagão lotado, cujos passageiros foram alanceados, esmagados e mortos.

Fazendo, porém, ouvido mouco a tantos perigos, Pilade Baiocchi com sua comitiva chega às margens do Rio Corumbá, estação do Roncador, onde terminava a estrada de ferro.

Agora outros gaios cantavam. O transporte era feito em cavalos e burros, por caminhos quase intransitáveis, enfrentando o sol, o sereno, a chuva, a poeira, os ventos e o lamaçal. Para um sertanejo, isso seria a rotina diária, mas como era terrível para alguém desabituado com semelhante situação! E durante um mês seguido a pequena caravana enfrentou as dificuldades sertanejas.

Chegado a Goiás, Pilade Baiocchi instalou-se no ponto mais central, em plena rua do comércio (hoje Moretti Foggia), número 9, onde montou sua chique alfaiataria, a que denominou ALFAIATARIA MODELO. Dentro de pouco tempo, tinha que mandar chamar os demais irmãos deixados em São Paulo, pois não dava conta de atender a tanta procura de fraques

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e casacas para os políticos e homens elegantes da cidade. Era costurar dia e noite, entregar costumes e mais costumes e esperar os filhos que nasciam regularmente a cada dois anos, na medida que Carmela mais florescia na sua beleza e na sua fertilidade mediterrânea.

Enquanto Pilade fazia seus fraques e casacas e Carmela criava os filhos, alguma coisa alterava o marasmo e a rotina de Goiás. E finda a guerra, começaram a chegar até ali os primeiros automóveis, principalmente de fabricação americana, os quais, não obstante a fragilidade, venciam galhardamente as enormes distâncias e as péssimas estradas. O Governo de Goiás, que queria o progresso da terra, fez então aprovar um conjunto de leis que além de subvencionar monetariamente pessoas ou entidades que abrissem estradas adequadas, dava ao abridor de estrada o privilégio de explorá-la por determinado tempo mediante pedágio. Foi como bater com uma varinha de condão - estradas surgiram por toda a parte sul de Goiás. Eram estradas más, porém a suavidade da topografia ajudava muito.

Nesse momento, no recesso tranqüilo da alfaiataria, soprou o Espírito de Goiás. Sabe você o que é isso? Pois lhe explico. É que em determinadas pessoas que vêm para o Brasil Central, em determinadas circunstâncias, acende-lhe na alma uma estranha compulsão, fazendo com que este homem pratique atos que o tornam um anulador de distâncias. Aí surge o herói goiano, aquele que vive para encurtar os espaços geográficos.

O Anhanguera foi o primeiro encurtador de distâncias e incorporou Goiás ao Brasil. Outro herói foi Couto de Magalhães que deitou barcos a vapor no Araguaia e ligou o sul do país a Belém do Pará. Outro herói foi Pedro Ludovico criando Goiânia, a cidade vizinha do mundo inteiro. O último herói foi Bernardo Sayão, abrindo a rodovia Belém-Brasíla e atraindo sobre sua cabeça os raios de boitatás e citatás. Pilade Baiocchi sentiu acender dentro de si o Espírito de Goiás e em 1926, numa terra sem rede bancária nem estabelecimentos de crédito, instituiu a primeira agência Ford destinada a vender veículos desta marca. O primeiro carro a entrar foi a belíssima “melindrosa”, adquirida por um jovem negociante da cidade, a que se seguiram outras raras vendas. No ano seguinte o agente da Ford vence a concorrência pública federal e se torna o arrematante das linhas de correio de Goiás. O negócio não era dos melhores porque a abundância de malas do Correio deixava exíguo espaço para o transporte de passageiros, esses sim, lucrativos. Mas na qualidade de alfaiate, sabia Pilade que é cortando um pouco aqui e outro pouco ali que ao final se consegue um fraque a contento. Com essa prática, o negócio foi progredindo, o número de cidades servidas pelos Ford do Pilade foram crescendo, sua casa da rua Direita (hoje Moretti Foggia) alargou as portas, ampliou o salão que agora, em lugar

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de máquinas de costura, expunha os últimos modelos Ford do ano, com um estranho aparato na porta, isto é, uma bomba de gasolina movida à mão.

Para obter combustível mais barato, importava gasolina de Belém do Pará, a qual subia o rio Araguaia até Aruanã. É verdade que era combustível russo e a Rússia era um perigo se não fosse o lucro!

Em fins de julho de 1928 (credo, já faz sessenta anos!) este escriba veio com os pais e irmãos cinco pessoas ao todo, de Corumbá de Goiás para Goiás, num Ford da linha do Correio. Era um modelo 1928, novinho em folha, dotado de câmbio e partida automática. Foi uma maravilha! Acostumados que estávamos a fazer tal percurso a cavalo em cinco ou seis dias, agora o trajeto foi vencido em dia e pouco. E como ficou famosa a viagem!

Contudo tempo é tempo e ninguém o detém. Veio a mudança da capital do Estado de Goiás para Goiânia, em cuja parte mais central Pilade Baiocchi ergueu sua agência de automóveis, com largas oficinas para reparo e reposição de peças, bomba de gasolina, gente especializada treinada em São Paulo. Era um tempo em que os filhos estavam crescidos, o mais velho formado em Medicina no Rio, com experiências científicas famosas; outros trabalhavam e estudavam; as filhas, belas, esportivas, incendiando corações.

Pilade, com 50 anos, agora ingressava no mundo da aviação, pilotando ele próprio o seu “Stinson” até a fazenda de 9.000 alqueires da beira do Araguaia. Pouco depois, numa reafirmação de seu espírito de “herói anulador de distâncias”, hei-lo com um filho engajado num circuito automobilístico pelo Brasil afora, competição chamada “Corrida Getúlio Vargas”, na qual se classificaria em segundo lugar não fosse sério acidente sofrido, apesar de seus 53 anos de idade. E assim foi sua vida até 1967, quando aos 79 anos empreendeu a derradeira viagem, sem mala nem carteira de dinheiro, viagem em que foi ele o único que não disse adeus, nem sei se ouviu os adeuses da mulher, dos filhos, dos netos, genros e noras que o rodeavam. Foi um italiano tão goiano como poucos goianos conseguem ser!

Goiânia, 20 de agosto de 1988

BERNARDO ELIS - * 15/11/1915 + 30/11/1997 Emérito escritor goiano regionalista, foi membro da Academia Brasileira de Letras, da Academia Goiana de Letras e do Conselho de Cultura de Goiás. Sempre me orgulhei em me sentir incluída no rol de suas amizades. Autor dos romances: “O Tronco” e “Chegou o Governador” e dos contos: “Ermos e Gerais”, “Caminhos e Descaminhos”, “Veranico de Janeiro”, “Caminhos dos Gerais”, “André Louco”, “Apenas um violão”, “Dez contos escolhidos”. Foi agraciado pelo Presidente Sarney com a insígnia e o diploma da Ordem de Rio Branco, no grau de Grande Oficial. Casou-se, em segundas núpcias, com a professora e pintora Maria Carmelita Fleury Curado, presidente da Associação Cultural “Bernardo Élis dos Povos do Cerrado”.

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IV - O TESTEMUNHO DE UMA ERA

Graças aos esforços do mano Glauco e de seu filho Glauco Filho, pudemos constatar, através de documentos trazidos por eles da Itália, o nascimento daquele que seria o “Patriarca dos Baiocchi”, nosso bisavô, o industrial Gio Domenico e sua esposa Lari Maria Caterina, bem como, os nomes dos irmãos de papai “por parte de pai” que ficaram na Itália, quando o vovô imigrou com sua segunda família para o Brasil, em 1895. Na foto acima, tirada em 1992 na Praça Principal de Vila Basílica, comuna de Lucca, pai e filho admiram a praça em cuja ladeira, hoje com degraus (a esquerda da foto), papai dizia brincar quando criança, deslizando na neve em seu “ski” improvisado.

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É bom pensar que um dia papai pisou naquela praça - brincou ali.

Numa época remota, na Itália, iniciava-se para nós a era dos Baiocchi, com o nascimento daquele que viria a ser o Patriarca de nossa família: nosso bisavô Gio Domenico, que se casou com Lari Maria Caterina. Dessa união, no dia 7 de outubro de 1824, nascia em COLLODI, Vila Basílica - Província de Lucca - na Itália - o industrial Giovanni Pasquale Di Domenico Baiocchi, nosso avô, conforme certifi¬ cado de nascimento (Anexo 1).

O certificado de nascimento do vovô Giovanni declara que ele nasceu em 7 de outubro de 1824, como vemos abaixo.

Certificado de nascimento do vovô Giovanni (Anexo I)

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Giovanni casou-se em primeiras núpcias, com Flávia Di Stefano Pasquini, nascida em 9 de agosto de 1830, que deu à luz nove filhos. O primeiro recebeu o nome do avô materno:

Stefano Di Giovanni Baiocchi - 07 de maio de 1851Mistica Di Giovanni Baiocchi - 02 de maio de 1853 Letizia Di Giovanni Baiocchi - 28 de julho de 1855 Cezare Di Giovanni Baiocchi - 19 de setembro de 1857 Martino Di Giovanni Baiocchi - 11 de novembro de 1865Maria Amabile Dell’Ospecale Frambusli - 20 de março 1867Sigismondo Gio Ângelo Di Giovanni Baiocchi - 24 de março de 1867Maria Angela Orsola Di Giovanni Baiocchi - 31 de agosto de 1868Eugênio Di Giovanni Baiocchi - 30 de agosto de 1870

Consta no “Foglio di Famiglia” (Fórum de Famíla) n° 410 (Anexo 2), cuja cópia foi adquirida pelo sobrinho Glauco Baiocchi Filho, quando de sua estada com seus genitores em Lucca, no ano de 1992, que Giovanni Di Domenico Baiocchi faleceu em 14 de abril de 1899, e sua esposa Flavia, no dia 26 de agosto de 1873, com apenas 43 anos de idade, três anos depois de nascido seu último filho, Eugênio. Estão registrados, também, nesse documento, os óbitos de seus filhos Martino, Sigismondo e Eugênio.

Um pouco mais tarde, no dia 4 de novembro de 1874, vovô Giovanni casa-se em segundas núpcias com aquela que seria a nossa avó Maria Cesira Teresa Di Cario Biagini, com 16 anos de idade, filha de Cario De Vicenzo e de Adelaide Michelini, nossos bizavós maternos. (Anexo 3)

Dessa união nasceram doze filhos. A primeira filha recebe o nome de Maria Flavia Di Giovanni Baiocchi, certamente em homenagem à sua primeira esposa, em 3 de agosto de 1876.

Os outros filhos nascidos na Itália:Maria Oliva Di Giovanni Baiocchi - 15 de novembro de 1877 Gio Domenico Di Giovanni Baiocchi - 26 de setembro de 1879Eugênio Ângelo Di Giovanni Baiocchi - 6 de outubro de 1881Lino Di Giovanni Baiocchi - 30 de junho de 1884 ou 1882 Maria Caterina Di Giovanni Baiocchi - 8 de agosto de 1886 Cario Pilade Di Giovanni Baiocchi - 24 de agosto de 1888 Oreste Francisco Di Giovanni Baiocchi - 3 de dezembro de 1890 Gio Domenico Di Giovanni Baiocchi - 2 de dezembro de 1892 Elettra Di Giovanni Baiocchi - 8 de março de 1895

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Destes, estão registrados os seguintes óbitos: Maria Havia, Eugênio Ângelo, Lino e Gio Domenico, este último, falecido na data do nascimento (02/12/1892). Não há registro de óbito para Elettra. Só podemos constatar que ela nasceu no ano que foi tirado o passaporte para a viagem dos Baiocchi para o Brasil, nove meses depois do seu nascimento.

No Brasil, nossos avós tiveram dois filhos: Américo e Colombo, completando os doze filhos do segundo casamento.

O registro de seu matrimônio declara que ele se casou em 1874, com 47 anos de idade (Anexo 3).

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Maria Cesira Tereza Di Cario Biagini - Maria Cesira Baiocchi, nossa avó - A Matriarca do ramo da família Baiocchi que veio da Itália para o Brasil.

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Gio Domenico Di Giovanni Baiocchi - Domingos Baiocchi. Músico, co merciante, químico e industrial. Ele e seu filho, Ézzio, industrializaram os produtos medicinais “Baiocchilina”.

Maria Oliva de Giova/ini Baiocchi - Oliva Barsi - Nesta

foto, tia Oliva e suas filhas Cezira e Noemia. Datada

em 05/05/1920, foi enviada de São Paulo à mamãe

e tem como dedicatória: “A você minha cunhada e

amiga Carmela, mando esta fotografia como lembrança e aceite um saudoso abraço da

tua cunhada Oliva”.

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Cario Pilade Di Giovanni Baiocchi - Pilade Baiocchi-foto tirada em 1908. Papai com 14 anos já era músico e} nessa época, ganhava o seu sustento

Argia Di Giovanni Baiocchi - Alzira

Baiocchi Pinto. Tia Alzira, com toda a

sua graça, simpatia e beleza.

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Américo Di Giovanni Baiocchi - Américo Baiocchi, com um pouco mais de um ano de imigração de seus pais para o Brasil, nasce, em 1896, o 6° filho do casal. Seu nome é uma homenagem às Américas.

Oreste Francisco Di Oiovanni Baiocchi - Oreste

Baiocchi - grande amigo e incentivador de seu irmão

Pilade, tio Oreste estava sempre presente no seu dia

a dia.

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Colombo Di Giovanni Baiocchi - Colombo Baiocchi - tio “Bimbino” também recebe o nome de Colombo, em homenagem ao desbravador dos mares, Cristóvão Colombo.

Esta foto foi tirada em 1970, guando estava com 72 anos

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Dúvidas e curiosidades levantadas na pesquisa dos documentos:

A tia Alzira, cujo nome em Italiano é Argia, consta no passaporte com onze anos de idade, porém, esse nome não figura no documento “Fórum de Família”. Ela deve ter nascido em 1882, e Maria Caterina, em 1886. Se a imigração se deu em 1895 (ela com onze anos, teria portanto, nascido em 1884), conforme passaporte. (1895-1884 =11 anos).

O seu registro de nascimento poderia ter sido efetuado em outra província; ou seria ela Maria Caterina; nascida em 8 de agosto de 1886 e teria o apelido de Argia? É uma incógnita ainda não descoberta que poderá ser conhecida por futuros descendentes pesquisadores, quem sabe? Além do mais, as datas estão ilegíveis no “Foglio de Famiglia”, como podem constatar no Anexo 2.

O certificado de nascimento do vovô Giovanni declara que o mesmo nasceu em 7 de outubro de 1924, como podem ver no (anexo 1) o registro de seu matrimônio declara que ele se casou em 1874, com 47 anos de idade (anexo 3) Daí a dúvida: tinha ele 47 ou 50 anos quando se casou pela segunda vez? De acordo com o primeiro documento ele tinha 50 anos e não 47 como afirma o registro de matrimônio. Portanto, ele era 34 anos mais velho que sua segunda esposa, Cezira.

Outro fato singular descobri pesquisando o “Floglio de Famiglia”. Nele está registrada, como filha, Maria Amabile Dell’ Ospecale Franbusti e não Baiocchi como os outros filhos, nascida em 20 de março de 1867, data que coincide com a do nascimento de Sigismondo Gio Ângelo Di Giovanni Baiocchi, que nasceu em 24 de março do mesmo ano. Quem seria Maria Amabile? Talvez filha adotiva. Por onde andarão seus descendentes?

Nomes repetidos na família:Flavia Di Stefano - primeira esposa do vovôMaria Flavia Di Giovanni Baiocchi - primeira filha do segundo matrimônioStefano Di Giovanni Baiocchi - primeiro filho do primeiro casamentoGio Domenico Di Giovanni Baiocchi - terceiro filho do segundo casamentoGio Domenico Di Giovanni Baiocchi - nono filho do segundo casamentoCario Di Vicenzo - nosso bisavô, pai de Maria Cesira Teresa Di Cario Biagini

– segunda esposa do vovô.Cario Pílade Di Giovanni Baiocchi - sétimo filho do segundo matrimônio,

nosso pai Elettra Di Giovanni Baiocchi - décima filha do segundo casamentoElettra Baiocchi - a primeira filha de Cario Pilade, nossa irmãLino Di Giovanni Baiocchi - quinto filho do segundo casamento Lino Barsi - filho de Maria Oliva - segunda filha do segundo casamento Lari

Maria Caterina - esposa de nosso bisavô

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Passaporte do vovô, emitido “em nome de Sua Magestade, Umberto I, Rei da Itália”

Maria Caterina Di Giovanni Baiocchi - sexta filha do segundo casamentoCario Barsi - filho de Maria Oliva, segunda filha do segundo casamento Cario Baiocchi - filho de Gio Domenico Di Giovanni Baiocchi, terceiro filho

do segundo casamento.

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Foi grande a minha emoção quando deparei com a cópia do Registro de Nascimento de nosso pai: Cario Pilade Baiocchi.

Registro de nascimento de Cario Pilade Baiocchi. V - CARLO PILADE

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V - CARLO PILADE BAIOCCHI - NOSSO PAI

Foto do papai, o pioneiro.

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Pilade Baiocchi, nasceu na Itália em 24 de agosto de 1888, em Vila Basílica, província de Lucca, de onde veio com apenas oito anos incompletos, e nunca mais voltou; dedicou toda sua vida ao Brasil e a Goiás, terra que escolheu para berço de seus onze filhos e onde, vivendo até 1967, encontrou abrigo ao seu repouso eterno.

Foto da Villa Basílica - província de Lucca, berço da familia Baiocchi.

Acompanhado de seus pais, Giovanni Di Domenico e Cesira Biagini Baiocchi, e do irmão, Domingos, com 17 anos, e Argia (Alzira), com 11 anos, papai viveu seus primeiros dias em São Paulo, precisamente em Sant’Ana dos Olhos D’Água, pequeno lugarejo do município de Ribeirão Preto (SP), onde começou seu aprendizado, tornando-se musicista aos 14 anos e, aos 18, alfaiate.

Todos que tenham privado da sua amizade são unânimes na afirmação de que este homem foi símbolo vivo da criatividade, do trabalho intenso, do coração magnânimo, expoente de participação numa cidade antiga e bem formada (Goiás -cidade), onde foi bem querido e respeitado, tendo por religião o templo do trabalho, onde sua oração era o dever, a luta pela defesa do bem e dedicação a sua família.

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Homem prático, o que realizava nem sempre dependia de planejamento ou de estudos demorados. Seus planos surgiam e se concretizavam com projeção no tempo e espaço, partiam de sua mente privilegiada; daí raramente pedir conselhos ou solicitar aprendizado. Tudo o que fazia era produto de sua própria pesquisa e conhecimentos captados na escola da vida, vida dura de menino criado sem mãe, mas que conseguia usufruir e armazenar a cultura necessária ao crescimento e formação de um verdadeiro homem. As publicações da época, livros, jornais, revistas, tinham encontro marcado em sua casa. Autodidata típico.

Contava ele que nosso avô Giovanni, homem simples, viu-se deslocado de seus costumes de trabalho e não encontrou de pronto ocupação no Brasil. Sua primeira atividade, então, foi de vendedor ambulante de confeitos que vovó fabricava. Papai se deliciava com a expectativa diária da venda dos doces e dos encontros com aqueles que seriam seus primeiros amigos e fregueses. Tinha nosso avô sua própria herdade na Itália, onde fabricava vinhos, azeite, triturava o trigo, colhia frutas e hortaliças, o suficiente para sua independência. Criava abelhas e do mel extraía a cera que era exportada para a Inglaterra. Deixou sua Itália por não mais suportar a falta dos outros filhos que emigraram antes para o Brasil; abandonou tudo o que tinha nas mão dos filhos de sua primeira mulher, também não mais retornando.

Seus dois últimos filhos, Américo e Colombo, nasceram no Brasil, em Ribeirão Preto. Os que vieram na frente foram Oliva, casada com Giacomo Barsi, que trouxe sob seus cuidados o irmão Oreste. Enviuvou-se quando do nascimento de Colombo e faleceu poucos meses depois, deixando os menores Pilade, Oreste, Américo e Colombo, sob os cuidados da irmã mais velha, Oliva.

Órfão, ainda adolescente, e como irmão mais velho entre os que ficaram na dependência da irmã, encontrou muito cedo o seu próprio meio de subsistência como musicista.

Sob a batuta do irmão Domingos, maestro da banda, aos 14 anos, tocava Pilade o seu bombardino em companhia de seu irmão Oreste, 12 anos, ao jnstom; com sua música, deliciavam a todos os que participavam do “vai-e-vem” domingueiro em torno do coreto do jardim, em Ribeirão. Apesar de sua pouca idade, fez da música não só um lenitivo para a sua alma de artista, mas o seu ganha pão, tocando em lugares públicos e festas nas cidades vizinhas. Apreciador da música erudita, autodidata também na música clássica, participava de concertos em lugares como São Joaquim da Barra, Limeira, Ribeirão Preto etc.

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“...com sua música, deliciavam a todos os que participavam do “vai-e-vem” domingueiro, em torno do coreto do jardim, em Ribeirão Preto”. Na foto, da esquerda

para a direita, tio Oreste (12 anos), tio Domingos (23 anos) e Pilade (14 anos).

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Como músico, sua carreira foi relativamente curta. Não demorou muito e trocou seus instrumentos musicais por uma máquina de costura. Ainda jovem iniciou o ofício de alfaiate, trabalhando durante o dia no ateliê e à noite com a sua música. Batalhador incansável, dinâmico por natureza, era um jovem que se preocupava com o futuro e por isso não gostava de perder tempo.

Ouvimos muitas vezes de seus lábios estas palavras: - “As noites são inúteis. Perdemos a metade de nossas vidas dormindo”.

No seu tempo, como hoje, a música raramente oferecia condições financeiras a quem se dedicava a ela com exclusividade. Que pena! Por isso perdemos a oportunidade de conhecer nosso pai como musicista. Seu bombardino cedeu lugar à máquina de costura, que foi o seu instrumento de trabalho por longos anos. Só soubemos da carreira artística de papai muito tempo depois, por ouvirmos dizer; mas a sua musicalidade ficava evidente quando, ao tocarmos a nossa lição de piano, éramos surpreendidas com as suas observações: “Esse dó é sustenido! Está desafinando! Esse si é bemol!...”

Aos 21 anos em Ribeirão Preto, conheceu Carmela D’Andréa, moça prendada, bela, que viera também da Itália, Sicília, ainda criança. Tomou-se de amores por ela, a ponto de raptá-la dos pais, que se opunham ao casamento.

Casaram-se em 1910, em Ribeirão, onde tiveram a primeira filha, Elettra, que faleceu quando não tinha ainda 2 anos. Duro golpe para aquele jovem casal. Com a chegada da segunda filha, Zenaide, seus sofrimentos foram amenizados.

Incentivado pelo irmão mais velho, Domingos, que na época era representante da Singer, papai resolveu mudar-se para Goiás. Ele havia adquirido um carro, uma “ítala” 1913, do Sr. Francisco Matarazzo, mais tarde Conde Matarazzo que, nessa época, desenvolvia uma indústria incipiente de banha de porco. Desfez-se do carro e, com o resultado da venda adquiriu as máquinas de costura, aviamentos, figurinos, cortes de casimira inglesa e linho belga para montar na nova cidade, sua alfaiataria.

Com papai e mamãe vieram sua filha Zenaide, com 1 ano e poucos meses, e seu irmão Oreste com a esposa Raimunda, trazendo o filho Reinaldo, recém nascido.

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Pilade (21) e Carmela (16) em 1910, por ocasião de suas núpci-as. “Aos 21 anos em Ribeirão Preto, conheceu Carmela D’Andréa, moça prendada, bela, que viera também

da Itália, Sicília, ainda criança”.

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Saíram de Ribeirão Preto pela Estrada de Ferro Mogiana e vieram até Araguarí, Minas Gerais, onde fizeram baldeação, e pela Estrada de Ferro Goiás, passaram por Ipamerí, vindo até Roncador, final da linha. Daí até Goiás tiveram de concluir o trajeto em lombos de burros. Essa viagem durou cerca de 30 dias.

Em Roncador ficaram 2 ou 3 dias preparando a comitiva para a viagem. Papai adquiriu uma tropa constituída de muares, cargueiros com os respectivos apetrechos, com dispositivos para carga (cangalhas, bruacas). Reinaldo e Zenaide ocupavam uma dessas cangalhas, devidamente preparada para acomodá-los.

Os caminhos se sucedem: Bonfim (Silvânia), Pouso Alto, Campinas (hoje um bairro de Goiânia), Goiabeiras (Inhumas), Catingueiro Grande (Itauçú), Curralinho (Itaberaí) e, finalmente, Goiás.

Zenaide e Reinaldo viajaram em cestos de palha trançada e com um contrapeso na outra extremidade do lombo da mula. Trinta dias de sofrimento e privações indescritíveis, noites mal dormidas, enfrentando intempéries, mosquitos, insetos, nos caminhos tortuosos indicados pelo guia da tropa. Pistas eram deixadas para trás, para reencontrar o caminho percorrido ou para indicá-lo a outros viajantes; corte nos troncos das árvores, galhos curvados, moitas de gravetos ou amontoados de pedra eram as marcas deixadas pela sofrida caravana. Acampavam no meios das matas, onde houvesse umjribeirão para o descanso ou pernoite. Ficamos pensando naquelas pobres mulheres que nunca haviam visto uma montaria e no sofrimento daquelas crianças... Nossa irmãzínha Zenaide foi a grande vítima dessa jornada. Não sobreviveu aos sofrimentos. As queimaduras do sol, as picadas de inseto, as noites mal dormidas castigaram aquela pobre criança. Acometida de desidratação, faleceu poucos dias depois da chegada em Goiás. Quanto sofrimento, quanta coragem e obstinação!

Motivados por uma vontade inquebrantável de romper horizontes e a terra virgem, sem medir sacrifícios, aqueles pioneiros rasgavam caminhos, procurando vencer o obstáculo da distância, do desconhecido, da insalubridade que os separavam da terra prometida - Goiás: um mundo novo, novas esperanças, inquestionável vontade de se dar e receber, amar e ser amado, conhecer e se fazer conhecido, sair do anonimato, ser alguém, ser útil, poder servir, construir, agir, viver e ver crescer sua família, seus filhos, num ambiente de paz amor e tranqüilidade.

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Ficamos a imaginar a chegada, a incontestável alegria de papai ao deparar com aquela terra que amaria mais do que à sua terra natal, pois se dizia e se sentia como brasileiro de alma e goiano de coração. Numa radiosa tarde, os componentes da caravana, queimados pelo sol, corpos moídos pela longa cavalgada, vêem romper à sua frente aquela cidade presépio, branca e limpa, acolhedora e santificada, tranqüila... Suas serras e montanhas esmeraldinas a envolvem como num abraço, cercando-a todinha, dando as mãos umas às outras, formando uma enorme ciranda de pedra e a cidade quietinha, lá estava, dentro da gigantesca roda. Suas montanhas e ruas sinuosas, cobertas de pedras pelas mãos dos escravos, fazem papai lembrar sua querida Vila Basílica. É um lenitivo para os olhos, a recompensa por tão grandes sacrifícios. Papai admira a cidade de seus sonhos, suas ruas, suas casas, seus sobrados, suas igrejas... A tropa caminha devagar e só se ouve o ruído característico das patas dos animais batendo nas pedras irregulares das ruas. A comitiva dá por finda a jornada e pára no largo do rosário... A tropa é descarregada, mulheres exauridas apeiam de suas montarias, deixando escapar baixos gemidos e espreguiçados ais, que invadem o silêncio da incrível chegada. Depois o bulício das crianças que se aproximam, curiosas, para ver de perto os estranhos forasteiros, os sussurros das vozes das pessoas que abrem as janelas de suas casas, o som dos passos daqueles mais afoitos que se acotovelam para dar as boas-vindas aos misteriosos peregrinos.

Papai montou logo a “Alfaiataria Modelo”, na rua Moretti Foggia (rua Direita). O recém chegado de São Paulo, formou logo a sua freguesia, confeccionando fraques para as personagens mais importantes da cidade: senadores, deputados, homens abastados do lugar. Tio Oreste era o seu contramestre e mamãe os auxiliava na confecção dos coletes.

De dois em dois anos a prole crescia. Foram onze filhos, todos goianos, todos nascidos ali, na querida Goiás: Orlando, Glauco, José, Mário, Mafalda, Elza, Vera, Célia, Gilda, Pilade e Wânia Suely.

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“ALFAIATARIA MODELO” - Montada na rua Moretti Foggia, n” 9, em Goiás. “O recém chegado de São Paulo formou logo a sua freguesia”, auxiliado por seu irmão

Oreste, (ao fundo na foto). A esquerda “a porta do meio”.

Em 1927, ganhou a concorrência promovida pelo Governo Federal para conduzir malas postais em todo o Estado, até a ponta dos trilhos, que no princípio terminava em Vianópolis, depois Bonfim, Leopoldo de Bulhões e por fim Anápolis.

O veículo que conduzia as malas postais também levava um ou dois passageiros. O carro, pequeno, não comportava mais de dois passageiros e a demanda daqueles que o procuravam para a “carona” era muito grande. Movido pela vontade de atender os amigos e, mais ainda, notando a carência de transporte de passageiros, adquiriu o seu primeiro veículo coletivo em 1928. Em 1934, o seu primeiro ônibus Ford.

Em cada ponta de trilho instalava prepostos com a finalidade de armazenar as mercadorias adquiridas em São Paulo que, posteriormente,

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eram baldeadas ao seu destino, em lombos de burros ou carros de boi. Esses prepostos eram comandados por pessoas de sua confiança ou parentes: Em Vianópolis, José Maria Martins, em Bonfim e Leopoldo de Bulhões, seu sobrinho Carlos Barsi, em Anápolis, também seu sobrinho Cláudio Meireles, casado com nossa prima Lourdes.

Construiu uma garagem na rua Manoel Gomes para o reparo dos carros. Era o início de uma vida dedicada aos transportes em nosso Estado. Durante longos anos, liderou o transporte coletivo. Quantos sacrifícios e lutas requeriam esses empreendimentos! Só um homem pertinaz, de espírito magnânimo e imbatível seria capaz de levar avante tal tarefa.

Os ônibus, peças e acessórios eram trazidos de São Paulo. Papai não media sacrifícios para transportá-los até Goiás, numa viagem fatigante que durava mais de quinze dias, tal o estado precário das estradas. “Quem corre por gosto não cansa”, dizia ele, quando alguém se admirava da sua obstinação. A gasolina era transportada em caixotes de madeira que embalavam duas latas de vinte litros cada. Nessa época, o valioso combustível era importado da Rússia, via Belém, e chegava até Leopoldina, hoje Aruanã. Por medida de economia, evitando o transporte caro, papai o adquiria em Aruanã.

Devido à precariedade do longo trecho de estrada, as latas vazavam, chegando vazias ao seu destino. Papai foi obrigado a desistir, passando a buscar o precioso líquido em São Paulo, de onde era transportado em carro de boi, da ponta dos trilhos até Goiás.

O transporte coletivo motivou a instalação de uma agência de peças para a manutenção dos veículos e de uma bomba de gasolina manual, a primeira a ser montada em Goiás. As novas instalações exigiam espaço e nossa casa foi ampliada e dividida ao meio.

Na frente, o grande salão que dava acesso às demais dependências da casa dos Baiocchi, na rua Moretti Foggia, transformou-se em exposição de automóveis, com gigantescas pilhas de pneus, prateleiras de peças,.vitrines e escritório e a “porta da frente” foi substituída por três barulhentas portas de aço, as primeiras a serem instaladas na cidade; atrás o tranqüilo e doce lar de dona Carmela. Esse contraste marcou nossas vidas.

As calçadas altas, de difícil acesso, exigiram a colocação de gigantescas lages que formavam a rampa para a entrada dos veículos no salão.

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César e Colombina, nossos primos, vendo-se, ainda, as portas de aço da Agência de Goiás e a rampa, feita de lages como as da calçada, por onde entravam os veículos para serem expostos no salão. As duas portas laterais também eram de correr e protegiam as

vitrines do comércio.

Campinas, Jaraguá, Piracanjuba, Hidrolândia, Leopoldo de Bulhões, Vianópolis, Anápolis e Bonfim foram suas metas para o transporte de passageiros e malas postais. Naquele tempo, as estradas eram de terra. Não sabemos se podemos chamar de estrada aquela buraqueira toda.

As curvas sinuosas, os atoleiros, o areial, a poeira, os buracos, os mata-burros compunham aquelas estradas. Tão estreitas eram que mal deixavam transitar um veículo. As erosões existentes em diversos trechos, transformavam o motorista em verdadeiro malabarista, que equilibrando a máquina sobre sulcos, esgueirando-se entre os atalhos para safar-se dos atoleiros e, entre arbustos que fustigavam o veículo ou o rosto dos passageiros mais incautos, com perícia levava o carro ao seu destino. Como pipoca pulando, lá ia a velha “jardineira” com seus exauridos passageiros que chegavam da viagem mais mortos do que vivos e mais amassados e sujos que “biscoito na mão de menino”.

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O barulho ensurdecedor do carro, somado aos resmungos e gemidos dos passageiros, causavam um rebuliço tão grande que estes, escabreados, não tiravam os olhos da estrada, com pressa de chegar. O pior acontecia quando a “jardineira” se “entalava” num atoleiro e os passageiros tinham de pernoitar ali no meio do mato, permanecendo até que viesse outro carro em socorro.

Conta o mano José que, em uma dessas vezes, as minhas queridas e saudosas amigas Regina Lacerda e Betty Cruz dormiram sentadas no banco quando o carro atolou, nas proximidades do Uru e só no dia seguinte se conseguiu uma junta de bois para desatolar o veículo.

Em 1926, papai mergulhou corajosamente no negócio automobilístico.

Como representante da Ford, trouxe para a cidade de Goiás os primeiros automóveis. O primeiro carro foi uma “melindrosa” (1926) modelo “T”, adquirida por Júlio Alencastro Veiga.

O Senhor Eugênio Jardim (dono da fazenda Uru) comprou um carro especialmente feito para ele e sua família.

Os “fordecos” importados foram tomando o seu lugar na cidade, e papai se orgulhava ao vê-los percorrendo as estreitas ruas vilaboenses, chamando a atenção de todos. As senhoras, do alto das sacadas dos sobrados, viam as ruas se encherem de espectadores para observarem os estróinas com óculos de proteção e guarda-pó de linho que passavam com seus carros trepidando sobre as pedras que calçavam as ruas, sacolejando ruidosamente.

Ainda hoje a lembrança daquelas máquinas nos emociona.

A partida dos carros era dada por meio de manivela, tarefa perigosa, pois, por qualquer descuido, num tranco ela voltava, provocando estranho ruído e fortes solavancos na máquina, o que afugentava os animais e assustava as pessoas, que procurando se proteger, alcançavam “num pulo” as calçadas altas das ruas.

O mano José era perito com a manivela e por isso foi cognominado “Zé manivela”. Uma graça!

Papai acompanhou passo a passo o progresso vendo os ultrapassados mata-burros, pinguelas com dois dormentes, serem substituídos

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por pontes de ferro, aterros e viadutos de concreto; os antigos sinais de estrada dando lugar às estacas de metal com símbolos e letras fluorescentes que podiam ser avistadas à distancia e à noite. No lugar das estradas de terra viu surgir as largas super estradas, as rodovias com pavimentação de concreto ou asfalto, com trevos, sem cruzamento. Viu, participou e contribuiu para as mudanças e progresso do Estado. Contribuiu com a mudança da capital. Goiânia, cidade criança, também teve suas “jardineiras” ligando-a às cidades longínquas. O “Posto São Jorge”, na avenida Anhanguera, esquina com a rua 7(hoje edifício Baiocchi) não fecha. Dia e noite atende a população da nova capital e os amigos. Na qualidade de representante da Ford -Pontiac - Dodge - Austin, desenvolveu o transporte urbano com ônibus que faziam o percurso Goiânia-Campinas e que tinham como itinerário o Bairro Popular (Vila Militar, Fama, Avenida Independência e Campinas).

Uma loja de peças de reposição para carros e caminhões e uma das primeiras oficinas mecânicas foram montadas. Seus funcionários eram enviados a São Paulo para aperfeiçoamento.

1937 - A Agência, a bomba manual de gasolina (Esso) e o posto de serviços São Jorge - av. Anhangue esquina com a rua 7, Centro - onde, hoje, está o “Edifício Baiocchi”.

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1937 - O ônibus “Auto Expresso Goiano” e a primeira “Jardineira” e a primeira bomba de gasolina instalada na nova capital. Ao fundo, à direita, o prédio onde mais tarde

seria instalado o “Café Central”.

1937 - A loja de peças (Agência) em Goiânia, vendo-se o Reinaldo e o Glauco e uma funcionária. No cartaz na parede, a propaganda da FORD mostrando um carro de corrida com os dizeres: A mais dura prova nas estradas da América Latina - FORD

Victorioso -em 1°, 2° 3° e 4° lugares. Em seguida a relação dos pilotos vitoriosos.

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O Edifício Baiocchi, erguido no local onde funcionava o antigo “Posto São Jorge”.

Além dessas atividades, papai atuava como representante da máquina de costura “Huskwarna”, sueca, e de rádios importados, bem como do famoso sabonete medicinal “Baiocchilina”, fabricado em São Paulo pelo seu irmão Domingos e seu sobrinho Ézzio.

A jovem Capital necessitava de lazer para o congraçamento das famílias. Meu pai irmanou-se aos fundadores do Jóquei Clube, sendo seu incentivador. O Aeroclube de Goiânia também recebe seu apoio como co-fundador e aluno da primeira turma de brevetandos.

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Co-fundador do Aeroclube de Goiânia e brevetando de sua primeira turma.

Ao Hospital São Lucas doou uma soma em dinheiro para ajudar na sua construção.

Nos idos de 40, quando o mundo se conflagrava na Segunda Guerra Mundial, Pflade Baiocchi participa do esforço aliado entregando seu filho Mário à Força Expedicionária Brasileira (FEB).

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Serviu de apoio à Fundação Brasil Central, que encetava “A Marcha Para o Oeste”.

Tendo adquirido de Vigico de Barros as terras às margens do Rio Araguaia -Fazenda Takaiu (ponte de pedras), em 1934, organiza a estrutura para sobrevivência: casa, gado, plantações, etc. E ali o Coronel Vanick, Francisco Meireles, Orlando Vilas Boas, Ismael Leitão, entre outros, rasgam estradas e contatam o índio Xavante. O campo para pouso de aeronaves - construído em Takaiu por papai - não parava de receber aviões. Orlando, Mário, Reguinho e papai desbravavam os ares, sob as flechas e o espanto dos índios. Tendo o Mário como piloto do Super cruizer- Piper, levavam alimentos e roupas e conduziam os sertanistas para o Mato Grosso.

Papai sempre amou e respeitou a integridade do índio Xavante, como ser humano. Tornou-se seu amigo e, ao lado dos filhos e do genro, conquistou a sua confiança.

Mário e papai, fazem pose junto ao nosso avião.

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Pilade e Carmela, por ocasião do casamento de seu primogênito, ao lado de seu companheiro de caçada Dr. Osvaldo Gomes de Almeida, sogro do noivo Orlando. À esquerda a saudosa e querida madrinha “vó Evinha”, ao lado da mana Vera - 1941.

Cultivava amizade das pessoas que gostavam da caçada, seu esporte predileto.

O Presidente do Estado na década de 20, Dr. Brasil Ramos Caiado, era amigo pessoal do papai e companheiro de caçada, apesar de antagonistas na política. Foram também seus amigos e companheiros de caçada: Pedro Gomes, Dr. Osvaldo Gomes de Almeida (sogro de seu filho Orlando), Dr. Jarbas Caiado de Castro, João José Barsi (Bepe seu sobrinho), Benedito Gonçalves de Farias (vulgo Benedito Baiocchi - esposo de sua sobrinha Neném), Scipião Bueno e seu irmão Oreste, além de outros.

Muito poderia falar ainda sobre esse homem, lutador e batalhador incansável, que soube aliar às qualidades de esposo e pai exemplar as de cidadão consciente e honrado, que contribuiu para o maior desenvolvimento da cidade de Goiás, de Goiânia e do Estado. É o homem, com “H” maiúsculo, Pilade Baiocchi, nosso querido pai.

Limito-me a parafrasear o querido e imortal Bernardo Elis em seu depoimento: “...Foi um italiano tão goiano como poucos goianos conseguem ser!”.

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Tio Oreste e Brasil Limongi exibem os troféus de sua caçada, em 1943.

Pilade e seu amigo Scipião Bueno em uma caçada em 1933

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VI - DO OUTRO LADO DA PORTA DO MEIO

Quem conhece Goiás, sabe que seus casarões são, quase todos, dotados de duas portas de entrada: a da frente, quase sempre aberta, e ao fim de um corredor, a outra, a do meio, que dá acesso aos aposentos da casa.

Nossa morada foi dividida ao meio. Na frente, num grande salão, funcionava o comércio de peças e automóveis, do outro lado, o nosso lar.

O velho relógio carrilhão, com seu badalar sonoro a cada quarto de hora, colocado sobre a “porta do meio”, dividia os dois ambientes: de um lado o ruidoso comércio automobilístico do senhor Pilade e, do outro, a inesquecível tranqüilidade do lar de Da. Carmela.

Quando lembramos daquelas figuras queridas de nossos pais, comparamos a energia e o dinamismo do comerciante com a figura tranqüila e dedicada da exemplar mãe.

1. Carmela D’Andréa Baiocchi

Nascida em Messina, província localizada ao norte da Sicilia (Itália), no ano de 1894, veio aos seis anos, menina ainda, para o Brasil, em 1900, acompanhada por seus pais, Maria e Carmelo D’Andréa e por seus irmãos João, José, Rosina, Rosália, Concheta e Santo.

Estabeleceram-se em Ribeirão Preto, São Paulo, onde mamãe cresceu e se casou, aos dezesseis anos de idade.

Tinha pouco mais de dezoito anos, quando empreendeu, acompanhando o marido, a traumatizante viagem para Goiás. O marido lhe prometera retornar, no máximo em dois anos, ao convívio de seus familiares. Isso nunca aconteceu. Conformada, ela os visitava de tempos em tempos.

Com o passar dos anos e com a convivência com os amigos goianos, se adaptou ao lugar. Sentia-se feliz e realizada. Amou Goiás, berço de seus filhos, como se sua terra fosse.

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1909- Vovó Maria, a nonna, em companhia das filhas Carmela, Rosália, Rosina e Concheta a caçula. Esta foto tem 91 anos.

Sinto saudades da minha terra, da minha casa, da minha infância feliz!

Quando visito Goiás, sinto o coração apertado ao me lembrar de meus tempos de menina. Ali nada mudou: as mesmas casas emendadas, as mesmas calçadas, igrejas e pontes...

Tudo ali me lembra a nossa infância: o rio Vermelho, cortando a cidade, com o seu “Poço da Beleza” e a “Mandobeira”, onde aprendi a nadar, assim como as minhas irmãs. Tudo está ali: o velho Bacalhau, a cachoeira Grande, a cruz do Anhanguera, o largo do Rosário, a casa da ponte de dona Ada Brom (hoje casa de Cora Coralina).

Ao contemplar os cajazeiros que se erguem majestosos na praça do jardim, vejo-me sob sua sombra, apanhando seus deliciosos frutos, saboreando-os, apesar do olhar recriminatório dos adultos que passavam.

Quando passo pela rua Moretti Fogia, número 9, e contemplo aquela que fora a nossa casa, hoje remodelada pelos novos proprietários, sinto uma grande nostalgia.

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Minha memória cria asas e me transporta para a época em que morava ali e, como uma visão, surge em minha frente a nossa casa por dentro. Vejo o salão e, ultrapassando “a porta do meio”, me encontro na saleta, onde ficava o velho piano da mana Mafalda, e me lembro de uma cantoneira com um cachipô com folhagens e um conjunto de sofá com duas poltronas de vime. Sinto soar em meus ouvidos as lindas melodias executadas pela mana. A emoção aumenta à medida que vou adentrando à casa, em minha imaginação.

“Tudo está ali”, inclusive a nossa casa da rua Moretti Foggia, n” 9, porém remodelada pelos novos proprietários. Onde se vêem as janelas, eram as vitrines do comércio do Sr.

Pilade. A porta de madeira substitui a grande porta de aço de correr.

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A saleta dá acesso ao quarto de nossos pais e à copa, toda ladrilhada, com uma grande mesa de 12 lugares, a máquina de costura da mamãe e o filtro Fiel sobre o tripé em um canto. Nas janelas que vão dar ao terreiro lajeado, uma espécie de jardineira improvisada com tábuas sustenta os vasos de folhagens cultivadas pela mamãe.

A jardineira, improvisada com tábuas que sustentavam os vasos de folhagens cultivados pela mamãe. Sentados, no conjunto de vime (sala do piano), da esquerda

para a direita: Mafalda, Célia, José, mamãe, Gilda, eu e o Orlando, na época em que se formou em medicina -1936.

Na mesma época, no mesmo local: A nonna Maria (mãe da mamãe), Nair Marinari, mamãe, Gilda, Célia e, ao fundo a mana Mafalda, pensativa. Vê-se à esquerda a porta

da copa que dava acesso ao terreiro.

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Na foto a querida prima Elvira (época em que veio para nossa cabeça para facilitar O equilíbrio companhia) mamãe, a mana Célia e a prima Santa.

Ela adorava colecionar plantas. Na copa, uma porta muito grande e alta dá acesso ao terreiro e outra, interna, nos leva ao quarto das meninas.

Parede e meia com o nosso quarto, a ampla cozinha com outra porta com degraus dando para o terreiro. Um grande fogão a lenha preenche os espaços.

Depois da cozinha, o banheiro, com chuveiro de água quente e vazo sanitário, com descarga, o que não era comum na época.

A água que abastece a casa é retirada do poço do terreiro com bomba manual. A potável, para o consumo, depois de filtrada, é fornecida por

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mulheres especializadas nesse trabalho e transportada na cabeça, em potes de barro ou latas, da fonte (chafariz) da Carioca - construída eni 1874 - até às casas. São usadas “rodias” (rodas feitas de pano velho) na dos recipientes.

Meu irmão José, quando garoto, tinha por obrigação prover a casa com água potável da Carioca, armazenada em latas de gasolina vazias e conduzidas em um carrinho de mão.

Por último, o quarto dos rapazes, com 4 camas e uma dependência destinada ao laboratório do Orlando, que fazia diversas experiências quando estudava. Numa ocasião, um amigo seu, o eletricista apelidado de “Zico da Luz”, ao tentar consertar um defeito na energia, sofreu uma descarga elétrica e teria morrido, se não tivesse sido socorrido e usado a tempo o oxigênio que, inexistente na cidade naquela época, somente o Orlando possuía no seu laboratório.

Continuando com a minha nostálgica visão, vislumbro uma parede com portão que separa o terreiro do quintal, onde papai plantara robustas parreiras de uva rosa e moscatel, cujas mudas foram trazidas de São Paulo. As parreiras se estendiam sobre um ripado muito alto, projetando sua refrescante sombra no chão.

De “casinha”, de “cozinhadinho” (quitute), de escola e de teatro, brincávamos sob a sombra das velhas parreiras, nosso recanto predileto.

Sob a sombra das velhas parreiras a brincadeira de “quitute” com as manas Gilda, Vera, Luiza, Célia e os primos Joãozinho e Vanda Marinari e Santa Aprobato. Eu, como

sempre, liderava a brincadeira. A boneca, em meus braços, foi presente do primo Carlos.

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Mamãe, sempre presente em nossas atividades, fornecia, prazerosamente, os ingredientes para o “quitute” que fazíamos no fogão improvisado de pedra e tijolos. As panelas eram pequenas, de barro, artesanato que até hoje é encontrado na cidade.

No quintal “de fora”, como era chamado, havia um depósito de lenha e um banheiro com chuveiro de água aquecida pelas serpentinas do fogão a lenha e o chão acimentado de vermelho, servia para nossas brincadeiras na hora do banho.

Finalmente, um último portão, no quintal, comunicava com outra rua, a Manuel Gomes, por onde dávamos as nossas “escapadelas” para tomar banho, às escondidas, no rio Vermelho, no Poço da Mandobeira.

Hoje, com a devastação e a poluição, infelizmente, há pouca água no rio, mas a velha mandobeira ainda está lá, testemunha viva da nossa infância, resistindo altaneira e bela, ao tempo e às intempéries.

Quanta recordação!

Setembro! As primeiras chuvas! Chuvas do caju!

O cheiro da terra molhada com os primeiros pingos de água. A natureza parece chorar. Os respingos na vidraça das janelas parecem lágrimas quando escorrem...

A saudade a me apertar o peito...

Saudade do banho de chuva na bica que escorria da calha, no terreiro da nossa casa!...

Saudade das brincadeiras na chuva, na porta de casa!...

Os barquinhos de papel navegavam sobre a forte enxurrada provocada pelo abaulado das ruas e contidas pelas altas calçadas...

- “Pega, Vera! Cerca o barquinho, Luiza!”

- “Cuidado, Célia! Não deixe o barco afundar!”

Essas crianças que brincam na chuva, com as roupas molhadas coladas ao corpo, descalças, cabelos escorridos, ensopados de chuva, são as minhas irmãs mais novas.

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Depois, o banho quente no chuveiro “de fora”. A alegria era infinita, contagiante, e a traquinagem redobrada. Com o chuveiro a jorrar água quente, a meninada de bruços, deslizava os corpinhos seminus, patinando e rodopiando no cimento ensaboado. Ali ficávamos por um longo tempo, sem notarmos o correr das horas, até que éramos despertadas pela voz de alguém:

- “Chega de banho! Dona Carmela mandou chamar!”

Depois do jantar, o relaxamento provocado pelo cansaço e pelo sono. A noite, o silêncio do quarto era, muitas vezes, interrompido pelo ruído da cadeira de balanço e pela voz cálida da mamãe ao ninar a caçula com a velha canção napolitana:

“Fa’la nanna Pepino

Che è venuto pappà

Há portato Dindino.

Fa’la nanna Pepino”

Dona Carmela gostava de música. “O Sole Mio”, “Core n’grato”, “Santa Luccia” e “La Donna è Mobile” eram as suas prediletas e ela as cantava deliciando-nos com sua voz suave e afinada, durante os afazeres domésticos. Hoje, ao ouvirmos essas músicas, nos emocionamos, lembrando o quanto fomos felizes ao seu lado.

2. As Filhas por Dádiva

ELVIRA

Um dia, chegaram em nossa casa, vindos de Ribeirão Preto, a sobrinha da mamãe, Elvira Aprobato, e seus dois filhos, Mário e Santa. A filha de seu irmão João D’Andréa ficara viúva e viera morar conosco a convite da mamãe, enquanto se recompunha do duro golpe sofrido.

Para felicidade nossa, ela nunca mais retornou à sua terra natal, nos premiando com a sua presença doce e amiga.

Nossa família aumentara, de repente, com os três novos membros. Foi maravilhoso!

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Aos poucos fomos nos afeiçoando a eles a ponto de nunca admitirmos a idéia de um dia termos de nos separar. Éramos uma só família, Elvira como nossa segunda mãe e seus filhos nossos irmãos. Mãe zelosa e carinhosa, era querida pelos filhos e por nós que lhe devotávamos muito amor.

Casou-se em segundas núpcias com o italiano Francisco Giorgini e, com ele, teve seu terceiro filho, nosso querido Chiquinho.

Para a mamãe ela representava a convivência e a presença de seus familiares, que ficaram em Ribeirão Preto.

Jamais poderia expressar o que essa mulher maravilhosa representou em nossas vidas. Foi nossa amiga, irmã e companheira em todos os momentos.

“Quem ama, cuida”. Foi isso, exatamente, o que ela fez durante toda a sua vida. Cuidou da mamãe e de todos nós com o maior desvelo. A nós, filhos, tios e primos, dedicou anos de sua preciosa vida, proporcionando-nos o convívio abençoado de sua presença generosa.

Francisco Giorginni, segundo esposo da prima Elvira e pai do Chiquinho

(Francisco Giorginni Filho).

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LUIZAAo retornar de uma de nossas viagens à fazenda Takaiú, por volta de

1936, touxemos conosco uma menina morena, de cabelos anelados, muito bonitinha, pequena ainda, que fora dada aos cuidados de meus pais que se comprometeram a educá-la. Tinha pouco mais de seis anos a nossa irmã e amiga Luiza Leite da Silva. Companheira de todas as horas, nos proporcionou muitos momentos de alegria. Éramos inseparáveis. Cresceu e foi educada em nosso meio como irmã. Muito calma e dócil, nos cercava de cuidados e mimos. Da mamãe foi grande amiga e companheira.

Quando se alfabetizou, descobriu um mundo novo. Adorava a leitura. Lia tudo o que lhe vinha à frente: folhetos, jornais, revistas etc...

Infelizmente não quis concluir os estudos, para se casar. José Alves Ribeiro foi o escolhido. Era motorista do papai e se conheceram em uma viagem que fizeram para Anápolis quando levaram a mudança da Vera para aquela cidade. Foi amor à primeira vista, dizia ela.

Casou-se e dessa união vieram os seus seis filhos: Sandra (minha afilhada), Lincon, Rosângela, Elaine, Luciano e Maria José. Todos estudaram, alguns com curso superior. Ficou viúva quando Maria José nasceu.

Nos orgulhamos dessa mulher que trabalhou com garra para educar os filhos.

Hoje, aposentada da Câmara Municipal de Goiânia, Luiza passa os seus dias a cuidar dos netos que lhe são muito queridos.

Atualmente são raros os npssos encontros, mas, quando nos vemos, alegres recordações de nossa meninice nos enternece. Dona de memória privilegiada, Luiza lembra sempre os felizes momentos que passamos juntos: nossas brincadeiras, os banhos de chuva, nossos namoros etc. Ficamos horas mergulhadas no passado.

Muito prendada, Luiza, sempre foi

ótima costureira e fazia uns quitutes como ninguém.

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3. As Amigas

As tardes em Goiás são inesquecíveis.

Mamãe conquistara duradouras amizades através de seu temperamento calmo, cuja serenidade transmitia paz e tranqüilidade a todos os que a conheciam.

Depois do jantar, suas amigas, ao visitá-la, sentavam-se nas cadeiras enfileiradas na calçada, se refrescando à brisa da tarde, apreciando o pôr do sol em animado bate papo. Enquanto isso, a meninada se divertia, no meio da rua, com as brincadeiras de rodas, pique esconde, barra boi (queimada) ou jogando baliza nas calçadas. Eram muito divertidos e saudáveis esses encontros. Sempre presentes estavam Dona Nhanhã (esposa de Scipião Bueno), vó Evinha, Letícia, Tia Raimunda e outras vizinhas. A proximidade das nossas casas facilitava a nossa convivência.

Orlando, ao lado da querida madrinha Letícia Jácomo e do primo César - Centenário de Pílade Baiocchi - 198S.

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As saudosas Letícia e “vovó” Evinha Jácomo - minha madrinha - eram pessoas consideradas de nossa família. Letícia, madrinha do Orlando, nos cercava de cuidados e atenção, quer nos embelezando para as fotos de família ou nos preparando para a primeira comunhão. Nas festas religiosas, muito freqüentes em Goiás, os laçarotes nos cabelos ou a vestimenta de anjo para a coroação de Nossa Senhora e para a procissão eram de sua incumbência, na maioria das vezes. Com a paciência que lhe era peculiar, nos regalava com o famoso “capitão” (comida dada com a mão). Que delícia!... Esse costume acompanhou as novas gerações. Nossos sobrinhos, filhos e netos também conheceram o sabor do “capitão”.

4. Os Cunhados e Sobrinhos

Mamãe tinha grande consideração pelos irmãos e sobrinhos do papai e por isso, pudemos desfrutar a convivência com eles.

TIO DOMINGOS

As visitas constantes do tio Domingos, que morava em São Paulo com a família, nos proporcionavam muita alegria.

Como filho mais velho, o tio Domingos cuidou dos irmãos menores quando, na orfandadc, ficaram sob sua responsabilidade. Procurou, de todas as formas, encaminhar os irmãos ao trabalho. Primeiro como músicos, depois como alfaiates, estimulando papai e tio Oreste, agora casados, a partirem para Goiás, onde em suas andanças como vendedor de seus produtos “Baiocchilina” e de máquinas de costura, notou a falta de alfaiates qualificados que pudessem confeccionar os fraques ou roupas mais finas e elegantes dos Deputados e Senadores goianos.

Tio Domingos, tia Maria e osfilhos Adélia e Carlos

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As máquinas, que ele vendia, eram transportadas por tropas de burros, em penosa e demorada viagem, como descrevemos anteriormente e como podemos ver na foto cedida pelo primo César que data do começo do século XX.

As máquinas de costura eram transportadas em lombo de burros. Na foto, em primeiro plano, tio Domingos. A

criança ao seu lado é o tio Colombo.Logomarca da Baiocchilina.

O jacaré, de 5 metros, que tinha no bucho os cachorros do papai (inteiros). O Ézzio levanta a sua cauda de mais de 2 metros. Sentado em sua cabeça, papai faz pose para a

foto, exibindo o seu troféu. Berto Severo aprecia.

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Era uma festa em nossa casa quando o tio Domingos e seus filhos Carlos e Ezzio apareciam para nos visitar. Sentíamos saudades deles. O Carlos morou uma época em Goiás com sua esposa Miquelina e deles guardamos doces recordações. Moravam em frente à nossa casa, e por insistência de nossa mãe, tomavam as refeições conosco. Não demoraram muito e voltaram para São Paulo deixando saudades.

O Ezzio gostava imensamente do rio Araguaia e sempre nos acompanhava nesses passeios.

O peixe “filhote” (piratinga) tinha quase 2 metros. Na foto da direita para a esquerda, papai, mamãe, e Gilda (em um de seus raros passeios ao Araguaia), o Ezzio e o Berto

Severo, administrador da fazenda Takaiú e tio da Luiza.

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Antes de irmos para a fazenda costumávamos acampar em uma praia, em frente ao porto. Os peixes eram pegos e salgados ali mesmo, no rio Araguaia,

virgem nessa época. Ao fundo, a barraca improvisada para nos abrigar.

A caravana, em frente a sede da fazenda Takaiú, depois de alguns dias na praia, na boca da “água limpa”. De cócoras, o Cristino, fiel amigo e o primeiro administrador da fazenda.

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Na foto, o Ézzio sobre uma anta abatida. Na canoa, mamãe, eu, Iolanda (Nana), com as mãos na cintura, e as manas Vera e Gilda.

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Uma ocasião, papai matou um jacaré com quase cinco metros de comprimento que tinha no bucho três patas de anta e três cachorros seus que haviam sido devorados pela fera. O Ezzio tirou uma foto colocando sua cabeça dentro da boca do jacaré.

Os índios Carajá viviam às margens do rio Araguaia em Leopoldina (Aruanã). De vez em quando papai levava um deles para ajudar na pescaria, pois eram exímios pescadores com arco e flecha ou arpão. O Ezzio aprendia com eles alguns vocábulos da sua língua, anotando tudo em um caderno.

Nesta foto, junto ao jacareaçu, de quase 5 metros de comprimento, a Vera, a Gilda e eu. Ao fundo, mamãe nos observa acomodada em sua cadeira “espreguiçadeira”.

Tio Domingos nasceu em Vila Basílica, província de Lucca - Toscana - Itália, em 24 de outubro de 1879. Casou-se com Maria Ferreira Dionísio na cidade dê Ipoã, comarca de São Joaquim da Barra (São Paulo). O casal teve 11 filhos, três deles falecidos com menos de 4 anos. Os outros são: Adélia - São Joaquim da Barra (SP), Carlos - Ribeirão Preto (SP), Júlia - Araguarí (MG), Ézzio - Cidade de Goiás (GO), Varna - São Paulo (SP), Dalva - Roncador, município de Urutaí (GO), Norma -Ipamerí (GO), Ivan - Ipamerí (GO).

Titio era funcionário da Singer, e viajava pelo Brasil como seu representante. Daí se explica por que seus filhos nasceram em lugares diferentes.

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Ezzio casou-se com a bondosa e dileta amiga Elza Dionísio, minha xará. Na foto, a filha do casal, Lourdinha e esposo Maurilho com seus filhos: Priscila, Eduardo e Marília

Em Ipamerí foi empresário e industrial, como seu pai, estabelecendo uma panificadora com produtos bem aceitos por toda a cidade. Introduziu no Estado de Goiás a primeira máquina amassadeira elétrica para a fabricação de pães. Deixou em Ipamerí a “Villa Baiocchi”, loteamento com vendas a longo prazo. Em 1933 voltou com a família para São Paulo, onde faleceu em 1944, tendo trabalhado incansavelmente durante estes dez últimos anos. Todos os que o conheciam lhe devotavam sincera amizade.

Os outros filhos do tio Domingos pouco contato mantiveram com a nossa família por causa da distância que nos separava. Mesmo assim, mamãe e papai os visitavam de vez em quando. Depois da mudança deles para Goiânia, com exceção da Dalva, nossos laços de amizade se estreitaram.

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Adélia, a primeira filha do

tio Domingos - 1938.

Ezzio e a esposa Elza - 1941.

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Carlos, o segundo filho do casal Domingos - Maria.

As cinco irmãs, cm 1939. Da direita para a esquerda: Júlia, Adélia, Dalva, Varna e Norma.

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Da direita para esquerda: Ézzio, Júlia, Varna, Ivan e Norma - 1981

Os irmão reunidos, da esquerda para a direita: Ézzio, Júlia, Dalva, Adélia, Varna, Norma e Ivan - 1976.

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TIA OLIVA

A tia Oliva nos brindava, constantemente, com a sua presença amorosa. Tinha especial carinho por nós. Sempre moramos na mesma cidade: primeiro Goiás e depois Goiânia. O plantio de uvas e hortaliças (atividade herdada dos pais) era o seu passatempo e, com freqüência, nos deliciávamos com a sua produção.

Bepe, Noêmia, Lino, Cesira, Elvira (Nenêm), Carlino e Nelson, foram seus filhos.

Tia Oliva, a mais velha dos irmãos do papai. Esta foto, tirada em 08/09/1934, na porta da igreja da Penha, em São Paulo, tem a seguinte dedicatória a seu esposo, Giácomo Barsi:

“Dilecto esposo, felicita e salutte. Ti mando il mio ritrato e delia carafiglola perfarti vedere que non a escordiamo di te e di tutti e nosttri. Saluti a tutu. Tantti bacci a Cesira, Nelson e Nenêm. Abraci delia esposa che li voule bene, Oliva”. Da esquerda para a direita: Noêmia,

tia Oliva, tia Neném, esposa do tio Domingos, mamãe e eu, com 8 anos

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Da esquerda para a direita: José Maria da Veiga Jardim, esposo da Solange (ao seu lado), Noemi, Noêmia e Lúcia. Foto tirada durante o almoço no

Centenário de Pilade Baiocchi - 1988.

Noêmia (ao centro) com seus filhos e genros

Noêmia irradiava alegria onde estivesse

Casou-se na Itália com Giácomo Barsi e vieram para o Brasil logo em seguida. Sob os cuidados do casal veio seu irmão (caçula na época) Oreste com seis anos de idade. Ela sempre gostava de nos contar um fato que ocorreu no navio que os trazia para o Brasil. Contava ela que, em um dado momento da viagem, o tio Oreste, debruçado no convés do navio, jogou o seu boné no mar. Dava ótimas risadas ao narrar esse fato. Nunca me esqueci dessa estória contada por ela e tia Raimunda.

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Elvira Gonçalves Faria (Neném). Ao seu lado, à esquerda, a mamãe

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O primeiro filho da tia Oliva foi o Bepe, companheiro de caçada do papai. Sua filha Elvira Gonçalves Faria (Nenêm), casada com Benedito Farias era madrinha da mana Mafalda. Devotava ela especial carinho a mamãe e a nós. Como excelente costureira, confeccionava com esmero nossas fantasias para o carnaval.

Na foto, da esquerda para a direita: Célia, Wanda, uma amiga, Gihia e Dora, fantasiadas de holandezas, fantasias confeccionadas pela Elvira (Nenêm).

O Lino, devotado amigo da mamãe, freqüentava nossa casa com assiduidade e era para ela “uma mão na roda”, como dizia: - “Nenhum filho faz por mim o que o Lino faz!”. Todo defeito que por ventura surgisse nos eletrodomésticos, na eletricidade ou qualquer outra coisa o Lino cuidava logo de consertar. Casou-se com Olinda de Paiva Barsi e teve 7 filhos: Vanda, Jácomo Neto, Joaquim, Walderez, Lola, Valéria e Giovanni. Foi o fundador do Goiás Esporte Clube.

Foi nosso companheiro muitas vezes nos passeios ao Araguaia.

Sua morte prematura, num acidente, chocou a todos nós que o amávamos como a um irmão. Sua memória nos acompanhará para sempre.

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TIA ALZIRA

A adorável e doce tia Alzira, sempre linda.

Aos onze anos de idade veio com o papai, da Itália, a adorável e doce tia Alzira (Argia). Em Araguarí, onde morou por uns tempos, se dedicava a alta costura, confeccionando, em grande estilo, roupas femininas e chapéus. Como era linda! Apreciávamos a sua meiguice ao lidar conosco.

Como ela, seus filhos Tercílio, Cezira, Alfredo, Amélia e Lourdes, dedicavam considerável afeto à mamãe e a todos nós. Fomos e continuamos sendo muito ligados por laços de verdadeira amizade.

As primas num encontro feliz. Filhas e sobrinhas da tia Alzira. Lourdes (filha da tia Alzira) à esquerda; Elita (filha do tio Américo); Amélia (filha da tia Alzira) e Norma

(filha do tio Domingos)

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Uma tarde descontraída, em São Paulo. Os primos se reúnem na casa do tio Domingos. Em primeiro plano da direita para a esquerda: Varna, Orlando, Tercílio (grande

violonista) abraçado ao violão e à prima Mafalda, Ezzio e a esposa do Carlos, Miquelina. Em segundo plano: Norma, uma amiga e Maria Ignez - 1940.

Sua filha Cezira era uma pessoa muito querida. Criou a família no trabalho exaustivo de costureira, labutando dia e noite, na máquina, tirando o sustento para criar seus dez filhos: Vera, Vail, Vilma, Cidinha, Valdir, Vanny, Lourdinha, Cleusa (minha afilhada), Carlos José, Oneida e Maria Cristina. Era afável com todos e talentosa em sua profissão. Não havia quem não elogiasse o seu trabalho como costureira. Os vestidos longos “soirê”, se transformavam, por suas mãos, em verdadeiras obras de arte.

Nos bailes de fim de ano, “Reveillon”, nos sentíamos como cinderelas com os vestidos feitos por ela. Os nossos trajes de noiva receberam o seu toque mágico. Tínhamos orgulho dessa prima querida.

O que mais admirava nela era a sua religiosidade. Católica fervorosa, não perdia uma só missa. A sua imagem com um véu cobrindo-lhe a cabeça e um terço nas mãos, ficou gravada em minha memória para sempre.

Seus primeiros filhos nasceram em Goiás e cresceram conosco, regulando em idade comigo e com minhas irmãs. Éramos muito próximos e nos amávamos bastante.

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Hoje esses primos moram em São Paulo, para onde foram com a mãe em busca de melhores dias. Todos venceram na grande metrópole e lá vivem com seus filhos até hoje.

Tenho boas recordações do Nenêm Marinari (Alfredo) e de sua esposa Nair, grande amiga de minha mãe. Tiveram cinco filhos: Benedito (Didi), Mário (Maruca), João (Joãozinho), Wanda e Agapito (Pito). Crescemos juntos e éramos muito unidos. Joãozinho e Wanda eram os mais “chegados”. Não dispensavam os encontros nas brincadeiras de casinha, de cozinhadinho, de escola ou de teatro. Muito amável conosco era a prima Nair e por isso a chamávamos de “tia”.

Dono de inteligência excepcional, Nenêm foi um mecânico talentoso, chegando mesmo a construir um carro elétrico que lhe deu muito prestígio na época.

Da direita para a esquerda: Amélia e Lourdes, Cidinha e Vail.

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Cezira e Carlos nos 40 anos de casamento (1962), rodeados pelos filhos: De pé: Valdir,

Vilma, Vanny, Cleusa, Carlos José, Lourdinha, Vera, Cidinha, Vail. Cristina e Oneida (sentadas).

34 anos depois, em 1996, vs filhos da Cezira, da esquerda para a direita, em pé: Cidinha, Lourdinha, Cleusa, Oneida, e Cristina.

Sentados: Vanny, Valdir, Vilma, Vera e Vail.

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Cezira e Carlos, rodeados pelos filhos e netos (1962).

Na extrema esquerda, o primo Tercílio, irmão da Cezira.

Os netos da Cezira em 1996, já adultos, no dia do aniversário da Vera (sentada, ao centro).

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TIO ORESTE

Outro tio adorável era o tio Oreste! Por longos anos foi professor de Educação Física no Liceu de Goiás e de Goiânia.

Tínhamos nele um outro pai, tal o grau de afeto que nos unia. Nos vigiava e nos seguia onde quer que fôssemos. A Mafalda nos conta que era surpreendida por ele quando namorava às escondidas o Reguinho, pois chegava sorrateiramente usando tênis para não fazer ruído.

Veio da Itália com seis anos de idade, em companhia da tia Oliva e do tio Giácomo. Em Ribeirão Preto começou a trabalhar muito jovem, doze anos, tocando pistom na banda do tio Domingos, assim como papai.

Casou-se com Raimunda Taffo, também italiana, no dia 25 de abril de 1912, ela com dezesseis anos e ele com vinte e um anos de idade. Enrico Taffo e Don Santa Taffo eram os pais da tia Raimunda. Tiveram três filhos: Reinaldo, Celeste e Iolanda (Nana).

Com meu pai, titio aprendeu o ofício de alfaiate, ainda em Ribeirão Preto, trabalho que lhe proveu o sustento de seus familiares por muitos anos. Daí em diante dedicou-se à carreira de professor até se aposentar.

As pessoas achavam que a tia Raimunda e a mamãe fossem irmãs, tal a união entre as duas. Estavam sempre juntas em tudo o que faziam.

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Raimunda e Carmela, amigas e companheiras dedicadas. Havia os que pensavam serem elas irmãs, tal a amizade entre as duas.

Mamãe e tia Raimunda.

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O seu filho Reinaldo, foi, por muito tempo, “a mão direita” do papai. Ajudou-o com o transporte, foi seu gerente de vendas, na Av. Anhanguera, e o orientou e defendeu nas causas advoca-tícias, pois era advogado. Reinaldo era o nosso “irmão” mais velho e grande amigo de meus pais.

Foi brilhante como Scretário de Segurança Pública e Superintendente do INSS. Casou-se com Iracema (Cema) Brandão, pessoa muito delicada e querida por todos, e teve seis filhos: Aparecida (Ciei), Marly, Marconi, Aríete, Marco Antônio e Sandra.

Celeste, uma das filhas do tio Oreste, foi a nossa “mãezona”. Cuidava de nós como ninguém, ora nos preparando para as matinês de cinema ou outro passeio qualquer, ora nos acalentando quando tínhamos problemas. Fazia um “capitão” como poucos. A Gilda, quando criança, ficava sob seus cuidados quando íamos para o Araguaia, pois era alérgica a picadas de mosquitos.

Dotada de um coração magnânimo, sendo forte e determinada, Celeste ajudava a todos quando, solicitada ou não. Casou-se com Eriberto Clemente e teve dois filhos: Aldo e Euler, médicos conceituados em Goiânia.

Iolanda, “Nana” a única filha sobrevivente, hoje com 86 anos, continua sendo aquela criança grande de coração puro que todos adoramos.

Reinaldo e sua esposa Cema

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O casal Oreste - Raimundo com sua filha Celeste e o genro Erilberto, por ocasião do aniversário do seu neto, Aldo, hoje famoso e competente médico cirurgião.

Reinaldo, sobrinho e grande amigo do papai. Da esquerda para a direita: José, Glauco e Reinaldo, ao lado da “jardineira”.

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TIO AMÉRICO

Américo Di Giovanni Baiocchi -Américo Baiocchi, com um pouco mais, de um ano de imigração de seus pais para o Brasil, nasce, em 1896, o 6º filho do casal. Seu nome é uma homenagem às Américas.

Em 1952 o tio Américo deu a seguinte entrevista à revista “O Ferroviário”:

Bate-papo com um ferroviário.

“Seu nome?— Américo Baiocchi.

Parente daqueles Baiocchi de Goiânia?— Sim, sou irmão do Pilade, Oreste e Colombo.

Natural de onde?— Ribeirão Preto.

Casado?— Com Maria Ricarti Baiocchi, tenho 5 filhos, uma casada e quatro

solteiros; os mais novos são um casal de gêmeos de 13 anos; um filho, Hélio, trabalha como torneiro na Divisão de Mecânica, e uma filha, Dirce, trabalha na Seção de Cadastro e Patrimônio.

Quando entrou para a Estrada?— Em 1921, quando era Diretor o Dr. Balduíno; saí depois de ano

e meio e voltei em 1925, aqui ficando até hoje. Sempre trabalhei como torneiro; trabalho sobretudo em torneamento de rodas; estou

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na “Goiás” há mais de 28 anos e ganho Cr$ 1.720,00 por mês e estou satisfeito com o serviço. Sim, sou assíduo ao serviço e só falho em casos de força maior. Quando para aqui entrei, as oficinas eram bem pequenas, funcionavam naquele prédio Seção de Revistadores, ali à beira das linhas da esplanada, mas a ponta dos trilhos estava em Roncador, esperando a construção da ponte.

E o concretamento do piso das oficinas?— É de grande vantagem por causa da ausência de poeira e por

facilitar o manejo e conservação das máquinas, bem como a remoção das peças.

Tem lido nossa revistinha?— Sim, e de maneira geral, tem sido bem apreciada.

Aprecia o futebol?— Sim, e sou torcedor do Operário.”

Nascido brasileiro, em 24 de janeiro de 1896, em Ribeirão Preto, era o tio Américo, entre os irmãos, o mais dócil e alegre. Trazia, constantemente, um sorriso estampado no rosto. Era um homem feliz pelo que demonstrava.

Sempre morou em Araguarí (Minas Gerais) ao lado da devotada e bondosa esposa Maria, onde criou seus cinco filhos: Hélio, Diva, Dirce, Heli e Helita, estes últimos gêmeos. Apesar da distância que nos separava, sempre que podia, vinha nos visitar e em seu semblante deixava transparecer a felicidade em estar conosco.

Homem simples, sincero e amável, criou os seus filhos com o seu parco salário, nunca deixando faltar nada à sua família, assim como nunca o vi se queixar da vida, nem pedir ajuda a quem quer que fosse. Era um homem nobre e o amávamos muito. O seu olhar cândido e a sua maneira de ser, a sua mansidão nos cativava a ponto de compará-lo a um santo.

Só Deus sabe o quanto era amado esse tio!

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Da esquerda para direita: Américo, Nenê (esposa Domingos) tendo ao colo Helita (filha Américo), tia Maria (esposa do tio Américo) com Hely ao colo, e tio Domingos.

Foto do batizado da Helita, em São Paulo, outubro de 1940.

Da esquerda para direita, de pé, Helita e Heti. Sentados , Hélio e Dirce, filhos do tio Américo, em dezembro de 1996 - Araguari/GO.

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Tia Maria Ricarte Baiocchi, a meiga e doce esposa do tio Américo. Companheira fiel e devotada ao lar, sempre

foi “mãezona” para os seus filhos. Todos tinham por ela muito carinho. Era de

se notar a compreensão e o amor entre pais e filhos.

1972 - Da esq. para dir.: Diva (filha Américo); Vanda (filha da Diva) com sua filha Ana Lúcia nos braços; Helita com seu filho Leonardo; Iraci Macedo Baiocchi (esposa do Hélio) e tia Maria.

Helita, seu esposo Carlos e a neta Beatriz, a primogênita, com 15 anos de idade.

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Os filhos da Helita, Denise, Léo e Consuelo.

Os bisnetos do tio Américo: sentados, Beatriz e Murilo, filhos da Consuelo e Guilherme, filho do Marcos; em pé,

Isabela, filha do Marcos, Thais, filha da Denise e Mariana, filha do Leonardo.

Filho do Hélio, Lúcio Flávio e seus filhos, da direita para esquerda,Lúcio

Flávio Filho, Mateus e Moisés

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TIO COLOMBO

“Mestre Bimbino” com toda a sua elegância. Foto tirada em 1925.

Tio “Bimbino”, como era carinhosamente chamado, era o caçula dos irmãos. Nascido em Ribeirão Preto, veio ainda menino para Goiás, onde cresceu, trabalhou e se casou com Isabel Guimarães (Nenzica) que lhe deu nove filhos: Emir, César, Colombina, Dora, Mari, Izabel, Emircésar, Colombo e Tânia.

A morte prematura de Dora e Tânia nos entristeceram. Recentemente, perdemos, também, o saudoso primo Colombo, cujo futuro promissor foi interrompido, quando se achava no auge de sua carreira como empresário. Muita tristeza!...

Em 10 de janeiro de 2001, Emir também nos deixou, porém vivo ele estará para sempre em minhas lembranças.

Emir dedicou grande parte de sua vida ao Clube de Regatas Flamengo, promovendo modalidades esportivas, como basquete e judô. A frente do basquete do Vila Nova, foi campeão brasileiro e sulamericano, ficando com a medalha de bronze no campeonato mundial de 1975.

Casado com Wanda Ferreira Vaz Baiocchi, tiveram três filhos: Emir Filho, Virgínia Izabel e Paulo Marcus.

César é médico, empresário e escritor, membro da Academia Goiana de Letras. Participou da fundação e direção da Inca Crédito Imobiliário e Poupança, ocupou cargos de Secretário de Estado em Brasília e de Coselheiro, nas áreas de Cultura e Medicina.

Exerceu mandatos de vereador e prefeito no Estado do Paraná. Fundou o Io hospital da cidade de São João do Caiuá (Paraná), além de outros empreendimentos.

Casado com Josefina Desounet Baiocchi, educadora, tiveram dois filhos: Rômulo e Maura.

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Emir Baiocchi entregando ao então Governador do Estado de Goiás, Dr. Leonino Caiado, um dos troféus que recebeu pela vitória do Vila Nova por ocasião da IX Taça Brasil em 1973,

guando o clube se sagrou campeão. Emir, na ocasião foi um dos membros da Comissão Coordenadora do Evento, quando exercia, no Vila Nova o cargo de Diretor de Basquete. Emir

ainda foi, no ano seguinte, Campeão Sul Americano e 3° do mundo em basquete.

Tio Colombo e o filho César.

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“Mestre Bimbino” com os seus alunos na alfaiataria da Escola Técnica, em Goiânia, 1948 (em pé o primeiro da direita). Foto cedida por seu aluno, Erasto Villa-Verde de

Carvalho nosso cunhado (em baixo, o segundo da direita para a esquerda)

De São Paulo, tio Bimbino foi para Goiás por volta de 1914, com o irmão Pilade, onde começa o seu trabalho de alfaiate. Foi sempre um exímio profissional, o que lhe deu a oportunidade de passar, em primeiro lugar, no concurso que prestou na Escola Artífice Federal de Goiás, em 1932. Em.1944 mudou-se para Goiânia, assumindo o cargo de Professor Técnico de Alfaiataria da mesma escola, até se aposentar, em 1969.

Apesar da aparência franzina, titio era muito forte e tinha por “hobby” o ciclismo. Ficamos boquiabertos quando, em 1971, percorreu mais de cento e quarenta quilômetros de Goiânia a Goiás, em sua bicicleta. Um feito notável, amplamente divulgado, que o impulsionou a empreender outras aventuras, como ir a Ceres, no mesmo ano. Um belo exemplo de coragem e esportividade para todos nós.

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Apesar da aparência franzina, tio Bimbino era muito forte. Em 1971, percorreu com sua bicicleta, mais de 140 km de Goiânia a Goiás.

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Colombo Baiocchi.... ….e sua esposa habel Guimarães Baiocchi.

Em 1979 publicou o seu livro de poesias: “RABISCOS DE BIMBINO”, nos emocionando com sua doçura e sua alma de poeta.

Dos irmãos, somente ele e a tia Oliva visitaram a Itália, a bela Vüla Basílica, terra de seus pais, à qual dedicou os versos:

“Il cuore mio sispezzerebbedi tanta felicitaao veder le cose belleche qui non ho...”“ Meu coração se espedaçava /de tanta felicidade/ de ver as belas

coisas/ que aqui não têm...”.

Guardo dessa família eternas recordações.

Nos fins de semana e feriados, íamos para acasa do “Areião”, construída pelo titio para esse fim. Eu estava sempre presente nessas ocasiões, convidada pela tia Nenzica e pelos primos Emir e César. Na hora de dormir, um colchão estendido no chão era a minha cama. Os outros, como era natural, tinham cada um o seu berço. De manhã,

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quando o tio ia nos acordar, se surpreendia com os colchões todos espalhados pelo chão, pois era essa a intenção: fazerem companhia para a prima. Uma verdadeira folia se apossava do pernoite. Eu me sentia feliz ali. Mal o dia amanhecia, depois do café, corríamos alegres, pelo lindo pomar formado pelo titio, que adorava cuidar da suas plantas. Tudo ali era mágico, espetacular, até a “Jacuba” (engrossado de farinha de milho em chá quente de água doce) que ele preparava para a criançada pela manhã. Ao entardecer, íamos colher frutas no cerrado (murici, veludo, mangaba, sangue de cristo). A sala de jantar, para mim, naquela época gigantesca, servia de pista de corrida quando pedalava o velocípede do Emir.

O velho velocípede do Emir, com o qual eu pedalava, percorrendo a sala de jantar da casa do areião. No velocípede, o Emir, no sofá, a Colombina, Fiúca (sobrinha da tia

Nenzica) com a Dora no colo e o Cézar.

Tenho saudades das peraltices dos primos quando me faziam correr, desesperadamente, de uma vaca que nunca aparecia.

Éramos inseparáveis. Onde um estivesse, ali estavam todos.

Tio Bimbino, durante toda a sua vida, nos visitava, movido pelo seu temperamento amoroso e sociável. Mesmo depois de casados, quase sempre éramos surpreendidos com sua presença amável.

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Faço minhas as palavras do autor da Apresentação do livro “Rabiscos de Bimbino’’, que expressou muito bem o que ele representa:

“Esta coletânea de poemas, com algumas ilustrações, constitui o produto de uma viagem ao planeta Terra em um determinado período de nossa era — isto é, uma vida muito bem vivida, em todos os sentidos. E inegável a importância de homens como o autor, filho de imigrantes italianos que trocaram São Paulo pelo Centro-Oeste brasileiro e que hoje, em Goiás, representam toda uma parcela dos esforços que constróem este Estado”.

Da esquerda para a direita: Colombina, Mari, Fiúca (sobrinha da tia Nenzica),

com o Colombo filho no colo e Dora.

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A família Colombo Baiocchi, na fazenda do Colombo Filho. Da direita para a esquerda: Emircésar, Colombo Filho, César, Emir, tio Bimbino, tia Nenzica,

Colombina, Mari e Izabel.

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5. A Família D’Andréa

Os descendentes da família D’ Andréa moram, em grande parte, em Ribeirão Preto (SP). A seguir, algumas fotos da mãe, de alguns irmãos e sobrinhos de Carmela D’Andréa Baiocchi.

A nonna, Maria D’Andréa, mãe da mamãe. Faleceu com 93 anos

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A nonna Maria, também minha madrinha,

com seu net Ari, filho do tio Santo, caçula dos irmãos da mamãe.

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Tio João e sua esposa Luzia Contin à esquerda. À direita, sua filha Elvira e a neta, Santa, em maio de 1939.

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A irmã caçula da mamãe, Concheta Gual, no tempo de moça na década de 20.

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O irmão caçula da mamãe, Santo, meu padrinho.

Tio Santo com a esposa Zulmira e seu único filho, Ari.

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Carmelo D’Andréa, sobrinho da mamãe, filho do tio João - 1929.

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6 . Os Filhos

Seria injusto, não registrar neste trabalho, o desempenho ou a participação de nossos irmãos nas arrojadas atividades de nosso pai, uma vez que são partícipes do pioneirismo de nosso genitor e de seus empreendimentos, pois começaram a trabalhar ao seu lado, ainda muito jovens.

As mulheres também merecem destaque pela sua atuação como mães afetuosas e esposas exemplares, ou como irmãs, possuidoras de intenso amor fraterno. Dotadas de forte sensibilidade filial, sempre souberam honrar aqueles que lhes deram a vida, com o mais puro amor e comovente devoção.

Infelizmente não conhecemos nossas duas irmãs, que seriam as mais velhas: Zenaide e Elettra. Sempre lamentamos esse fato. No entanto, graças a Deus, nos consideramos afortunados, pois a convivência dos onze irmãos durou até o ano de 1997, quando, com profundo pesar, perdemos o nosso talentoso Orlando. Em 1998, nos deixou para sempre o não menos genial poeta Glauco.

ORLANDO

Pioneiro na Medicina

Nasceu em Goiás no dia 8 de abril de 1915 e foi o orgulho de seus pais e irmãos. Casou-se na mesma cidade, com a professora goiana Augusta, filha do competente dentista Dr. Osvaldo Gomes de Almeida, grande amigo e companheiro de caçadas de papai. Esposa dedicada e amiga incondicional, acompanhou o marido até nas lidas profissionais, sendo o seu braço forte como assistente.

Tiveram quatro filhos, todos cariocas:Evandro, advogado e professor de universidade;Zenaide, decoradora;Isa, professora de inglês no segundo grau;Luciana, professora de dança clássica e popular.São seus netos: Alessandra, Cristiano, Samantha, Enzo, Mariana e

Priscila.

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No dia 31 de outubro de 1982, o jornal “O Popular” publicou, na série “Vultos Goianos”, ampla reportagem que diz o seguinte: “Criando o método de integração clínica, um professor de ginecologia fez uma verdadeira revolução no diagnóstico e na terapêutica da sua especialidade”. Assim a Revista “Atualidades Médicas” inicia ampla reportagem sobre as conquistas de pesquisador do cientista goiano, Orlando Baiocchi, criador do cautério frio e da integração clínica, para curar as lesões do colo:

Orlando, por ocasião de sua formatura.

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“O regime de integração clínica tem dado à patologia do colo uterino novas dimensões, pois estudos nesse sentido estão sendo realizados com intensidade cada vez maior”, disse o pesquisador... Radicado no Rio de Janeiro, de onde projetou seu nome para todo o Brasil e outros países, o professor Orlando Baiocchi é um pesquisador nato - tanto assim que criou e fabricou, ele próprio, a maioria dos equipamentos de que precisou para demonstrar a eficácia de seu tratamento das lesões do colo uterino.”

E mais adiante - “E é dizendo do seu orgulho em pertencer a uma família que deu generosa contribuição ao progresso do Estado de Goiás, que o Dr. Orlando Baiocchi fala de seus feitos na ciência médica - realizações que o levaram a ser elogiado por entidades científicas de vários países, e a publicar trabalhos em vários idiomas nas principais publicações médicas das Américas...” Em seguida: -”Ele irá publicar, brevemente, um

trabalho em que historia os 25 anos de atividades na patologia integrada do colo do útero, setor em que revolucionou os métodos de tratamento. Este trabalho terá o título de “avaliação da prosoplasia escamosa induzida por cautério frio endocervical na cura das ectopias”, que pode ser reduzido para “profilaxia do carcinoma do colo uterino”, trabalho este realizado no departamento de pesquisas do Instituto Fróes da Fonseca, instituição criada por Orlando Baiocchi, seu atual presidente.”

“Membro do Colégio Internacional de Cirurgiões, admite que somente após 25 anos do lançamento da clínica integrada, ele começa a receber em maior escala, os frutos de seu trabalho pioneiro e desbravador. Ele cita uma frase de

Orlando e Augusta - recém casados.

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Orlando, no dia de seu casamento, ao lado dos pais e irmãos.

Orlando, médico da reserva, segundo tenente.

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Max Plane, em que este diz: “uma nova verdade costuma firmar-se não porque os opositores tenham ficado convencidos a aceitar o invento e, sim, muito mais, porque falecem sucessivamente e, em conseqüência as novas gerações de antemão se familiarizam com a nova verdade.”

Sócio e amigo do Instituto de Cientistas Internacional, o Dr. Baiocchi defende a integração clínica que possibilita o paciente fazer dentro da própria clínica todos os exames exigidos, oferecendo facilidade e segurança ao paciente, sem exploração financeira e onde numa única consulta, fica completada a propedêutica e os casos positivos de carcinoma são encaminhados imediatamente a terapêutica.

Sabemos que não foi fácil para ele impor esta visão da medicina, pois enfrentava as dificuldades fabricando ele mesmo a maioria dos equipamentos de sua invenção, para levar à prática a integração clínica. Pioneiro na microscopia em contraste de fase, no Brasil e na América Latina, ele mesmo fotografa os trabalhos destinados à publicação em revistas especializadas.

Foi pioneiro, também, instalando o primeiro microscópio eletrônico no Rio de Janeiro. Fundador da Sociedade Internacional de Reprodução Humana do Rio de Janeiro, exerceu a cátedra com a finalidade de divulgar suas idéias e pesquisas. Em 1962 a abalizada “Atualidades Médicas” publicou, com entusiasmo, o aparecimento da integração clínica desenvolvida pelo Dr. Baiocchi quando ele era chefe do ambulatório de patologia cervical do Hospital Moncorvo Filho, no Rio de Janeiro;

O professor Baiocchi criou o “bisturi rotativo” para fazer a biópsia sem dor e sem hemorragia e também é o criador do “cautério frio”. Ele justificava os seus inventos afirmando: “Não há doente que goste de ser queimado e se 65°C são suficientes para matar os germes, não vejo porque empregar 850°C. E para evitar as conseqüências, por vezes graves, do calor excessivo, no tratamento aplicado à cérvix nas lesões aí localizadas, idealizei um sistemas a que chamei “cautério frio”, no qual o aparelho é resfriado até uma temperatura que não coagula o tecido humano, mantendo, porém, o calor necessário ao extermínio dos germes.”

O “especulo tubular” idealizado por ele, explicava, dispensa o uso de instrumentos traumatizantes de contenção, contribuindo para diagnosticar

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casos “falsos negativos” no estudo da patologia cervical. Graças ao estudo integral, realizado ao longo de toda uma vida como médico, ficou positivada a utilidade do método de integração clínica. Graças aos resultados animadores, obtidos com as primeiras centenas de casos que mereceram destaque na Revista Atualidades Médicas, em 1964, com o título “Integração Clínica tem sucesso comprovado” e onde é citado o êxito alcançado pelo método através de pesquisa realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que afirma: de 267 pacientes submetidos a tratamento, 195 ficaram curadas, o que representa 73,03%. Muitos estudos foram realizados nesse sentido, com grande intensidade, e submetidos a comparação estatística. Em entrevista concedida à imprensa no Rio: “O meu sistema de tratamento vem passando pelo exame de cientistas brasileiros e internacionais. Posso dizer, agora, que ele está definitivamente consolidado.”

Nesse mesmo ano, em 1964, data dessas declarações, seus estudos foram divulgados na Universidade de Buenos Aires - Faculdade de Ciências Médicas-a convite da Liga Argentina Contra o Câncer, no Instituto Nacional do Câncer, onde trabalhou durante três anos na seção de ginecologia, chefiada pelo professor Turíbio Braz.

“Entre 1000 casos de lesões cervicais constatadas, apenas 1 é de câncer, e desse modo acaba ocorrendo que as 999 mulheres que não possuem lesões cancerosas, após receberem o resultado negativo do exame, não se preocupam mais, permanecendo desassistidas. Com a aplicação da integração clínica isso não ocorre. A paciente tendo ou não carcinoma maligno é submetida a tratamento que extermina, por completo, a sua lesão, evitando uma degeneração ou aparecimento posterior do câncer.”

Orlando foi caridoso também, dedicando grande parte de seu tempo aos pacientes dos hospitais beneficentes do Rio de Janeiro e assistindo, com o mesmo carinho, os menos afortunados que viam nele o amigo, o pai, o protetor.

Muito fez esse goiano ilustre e teria realizado muito mais, dando generosa contribuição à medicina, não fosse ele apanhado de surpresa por essa doença que ele havia bravamente combatido durante toda a sua vida. Que ironia!...

Amava Goiás e nos amava também. Tanto que voltou para Goiânia, cinco meses antes de nos deixar para sempre, convivendo com aqueles

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que o estimavam infinitamente e que se orgulhavam de tê-lo como tio, cunhado e irmão.

Dotado de alto grau de inteligência e dinamismo, Orlando, em tudo o que fazia, demonstrava a sua genialidade. Diplomado pela Faculdade Nacional de Medicina do Brasil (FNM), em 1939, especializou-se em Ginecologia e Obstetrícia. Depois de diversos cursos de especialização, foi Professor Adjunto da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, professor assistente da Faculdade de Medicina de Valença e professor Titular de Ginecologia da mesma Faculdade.

Dedicou toda sua vida à medicina, como um sacerdócio, através de atividades médicas e científicas.

De 1941 a 1972, concluiu mais de uma dezena de Cursos de especialização, incluindo cursos de Anatomia Patológica, Curso Superior de Ginecologia e Curso de Biologia Sexual na Faculdade de Medicina da Universidade de Paris (1950-1951). Ministrou centenas de cursos e palestras, participou de inúmeros congressos nacionais e internacionais (Nova York, Buenos Aires e diversos lugares na Itália).

Realizou exposições científicas, produziu inúmeros filmes educativos e publicou quase duas centenas de trabalhos científicos. Também foi premiado:

em 1939 - Prêmio de Técnica Operatória da Sociedade Acadêmica de Medicina e Cirurgia;

em 1946 - Prêmio “Madame Durocher” - Medalha de Ouro da Academia Nacional de Medicina;

e em 1946 - Prêmio “Roussel” - Medalha de Ouro da Sociedade de Medicina e Cirurgia.

Em 1972, diplomou-se pela Escola Superior de Guerra - E.S.G.

Em sua clínica integrada em Botafogo, no Rio de Janeiro, onde trabalhou e se doou até os últimos limites de sua capacidade física, numa cadeira de rodas, pois já não conseguia andar, consumido pela doença que a cada dia minava a sua saúde, Orlando trazia na parede o retrato de sua terra natal, Goiás, testemunhando o pioneirismo da Família Baiocchi, da qual muito se orgulhava, e, ao olhar aquela foto exclamava: “Eu ainda estou muito ligado a tudo isso” e, apontando o retrato na parede, dizia, parodiando o poeta Carlos Drumond de Andrade: “Goiás é um retrato na parede, mas como dói!”

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Mamãe, tendo ao colo Evandro e Zenaide, seus netos

Mamãe e a nora Augusta

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Zenaide e Isa quando crianças.

Zenaide com 3 meses.

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120 • Elza Baiocchi

O papai “coruja” exibindo a caçula Luciana.

Zenaide, Evandro e

Isa - 1950.

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Orlando Baiocchi: * 08/04/1915 + 06/04/1997

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GLAUCO

O pensador, o filósofo, o poeta da família

Glauco com 14 anos, na quinta série do Liceu de Goiás.

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Nasceu em 25 de março de 1917, na cidade de Goiás, antiga capital do estado, onde, no Colégio Santana, cursou o primário e concluiu o curso secundário na Liceu de Goiás, aos 17 anos. Transferiu-se para o Rio de Janeiro e na Faculdade Federal do Rio cursou o primeiro ano de Ciências Jurídicas (Direito).

Uma visita ao Corcovado, em 1936, vendo-se em primeiro plano: Glauco, Noêmia, Virgílio (um amigo), Orlando, eu (com S anos) e dona Carmela.

Em 1935 veio para Goiânia e, na Faculdade Federal de Goiás, continuou o curso de Direito, se diplomando em 1943.

Pioneiro na construção da nova capital de Goiás - Goiânia - ainda estudava, quando passou a dirigir a Empresa de Transporte “São Jorge”, de papai, que passou a se chamar “Glauco Baiocchi e Irmãos”. De 1937 a 1959, cooperou com o progresso de Goiás, modernizando e ampliando os meios rodoviários de transporte de passageiros e exercendo na nova capital as mais diversas funções.

Em 1947, foi eleito vereador da Câmara Municipal de Goiânia, pelo partido da União Democrática Nacional (UDN).

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124 • Elza Baiocchi

O edil Glauco Baiocchi, ao lado dos colegas de vereância, Inácio Belina e o vereador “Roxo”.

No fim da década de quarenta fundou, juntamente com Colombino Augusto de Barros, Alcenor Cupertino de Barros e Francisco Ribeiro Scartezini, um grupo espiritualista denominado “Tenda do Caminho”, hoje “Irradiação Espírita Cristã”, que patrocina, atualmente, mais de vinte obras educativas e assistenciais.

Com a venda da Empresa de Transportes, Glauco fundou a “Meiscol”, loja especializada em materiais de engenharia, cópias heliográficas etc.

Deixou a vida de comerciante para ser Assessor de Relações Públicas no governo da revolução, do então Interventor Marechal Emílio Ribas Júnior, continuando no referido cargo no governo do Dr. Otávio Lage de Siqueira, até 30 de junho de 1966.

Em 1968, foi nomeado Assessor Jurídico da Caixa Econômica do Estado (CAIXEGO), onde exerceu a Diretoria da Carteira Habitacional e Assessoria da Presidência. Nesse mesmo período, foi advogado durante cinco anos da INCA, sendo brilhante nos seus pareceres jurídicos.

Como sócio fundador da primeira escola de aviação do Estado de Goiás, brevetou-se com a primeira turma, junto com nosso pai.

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Primeira turma da “Escola de Aviação do Estado de Goiás”, vendo-se da esquerda para a direita: Glauco Baiocchi, um amigo, Filon Ferreira de Araújo (instrutor),

Pilade Baiocchi, Filipe Alexandre, Domingos juliana, Wellington Seabra Guimarães (Litinho), Mário Honorato de Souza.

Com sensibilidade à flor da pele. dotado de uni grande e nobre coração, Glauco sempre estava presente, ajudando a iodos quando solicitado ou não. Ele sabia a hora propícia para oferecei seus prestimos,

Como amante da boa música, coleeionav a os discos dos cantores de ópera como Benjamino Digli e Enrico Caruso e se deleitava com as músicas de Chopin. Sabia de cor a ária Palhaço, que era a sua predileta.

Toda essa sensibilidade eclodiu quando conheceu a bela Eleni, filha do Desembargador Eládio Amorim e de Dona Antonieta Cupertino de Barros Amorim, e todo o seu amor assim foi descrito, em versos:

“Eu encontrei, naquele dia, a mulher de minha vida.Lembro-me bem dessa hora bem fadada, amei-a assim que a vi.Ela sempre me acharia maluco pelo que eu disse então:Não a perderei, jamais, vamos nos casar?Imagem grata lembrarei para sempre aquela noite”.

Dessa união, nasceram os filhos Glauco Júnior, Gláucia Helena e Ana Maria, que muita alegria deram ao casal.

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Seus filhos quando crianças - Glauquinho, Gláucia Helena e Ana Maria.

Com o seu primogênito, Glauco Baiocchi Júnior com 1 ano de idade.

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Glauco no dia de suas núpcias.

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Gláucia Helena no colo da vovó Carmela - 1948.

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Glauco Júnior, formado em Medicina, especializou-se em Alergia e Imunologia Clínica, sendo o seu trabalho reconhecido em todo o país e internacionalmente.

Gláucia Helena, tem o Curso Superior de Línguas (Português, Italiano e Inglês) e o de Direito.

Ana Maria formou-se em Direito, sendo Assessora Jurídica da Transurb, onde ocupa o cargo de Diretora Técnica..

Glauco, em 1972, aos 55 anos, escreveu seu primeiro poema espiritualista, “Zero ao Infinito”. Aposentou-se na CAIXEGO dez anos depois, em 1982, dedicando-se a partir daí aos seus poemas, publicados nos diversos jornais que circulavam na Capital.

Glauco num “fordeco” 29, em 1933, com 16 anos de idade.

Glauco eseu inseparável amigo “Toninho” Camargo, filho de “Dito”

Gominho.

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Em 1990, já com 73 anos, lançou seu livro de poesias “Zero ao Infinito”, nos brindando com os poemas que retratavam a sua alma sensível de poeta, amante da beleza e da “indagação filosófica”, como afirma o seu amigo e compadre José J. Veiga, prefaciando o seu livro:

“...Tudo serve de pretexto para a poesia indagativa de Glauco Baiocchi - a cidade de Goiás nos anos 20, vigiada pela sombra ominosa dos paredões da igreja incendiada, o destino do ser humano no mundo, a rotina das obrigações civis de cada um, o amor, o porquê da vida”.

Ainda tenho na memória o que a mamãe contava sobre o Glauco menino. Surpreendia a todos com o seu temperamento calado e observador. Quando queria beber água, contava mamãe, ele, simplesmente, se encostava no filtro e ficava lá, de pé, sem dizer uma palavra, até que alguém lhe desse de beber. Falava pouco, mas, quando se pronunciava, deixava fluir verdadeira fonte de sabedoria. Amoroso, sério, calmo, às vezes gozador, às vezes enérgico, não escondia a sua perturbação quando o irritavam. Era um homem educado, paciente e amoroso. Pai exemplar, esposo devotado, filho dedicado, irmão indulgente, enfim, um homem maravilhoso. Enquanto vivermos você estará sempre em nossos corações, em nossas lembranças e será eterno, como nos seus versos “Vida na lembrança”, dedicados ao papai:

“Aos meus, hoje presentes e no futurodeixo esse legado, meu ônus de saudade,neles vivendo serei eternoque a eternidade morre na morte da lembrança”.

Destacarei, aqui, alguns de seus poemas que falam de quase tudo o que ia em sua alma poética.

Canção da primavera(Lembranças do pequeno mundo de criança)

Minha Goiás, cidade antiga, cidade austeraeu menino, vida plena de contos e fantasiaslonge na lembrança vai ali meu pensamentodesse pequeno mundo de névoa e sonhoum leve torpor de suave encantamento.

Presentes nessa infância os companheirospersignando rios, as matas adentrandona pesca, caça, ou apanhando frutasa natureza é cenário: “faz de conta” o aprendizado.

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Desafios ensaiados provocam alotes,quando de volta, pelo mercado, se atinge a praça do coretocercada pelo “Conde dos Arcos” o velho paláciologo ali o chafariz, a igreja “Boa Morte’

Da lide cansados, nesse arremedo predatóriobandeirantes mirins, estilingues recolhidos,ao sono se entregam, na relva macia espichadosde vigília, ali defronte, grande e funéreaenorme e solitária para os olhos de criançaa Catedral arruinada, fria, dura, inerte ecentenária, nos contempla de sua solidão escura.

MãeQuanta dor tua falta me trásqual brisa morna, aragem e ternuraestranho torpor, enfim, minha cabeça afagaagasalhando junto ao teu colo, recostado assimqual um sonho, bem me lembro, eu menino.Mamãe ali, junto a mim, num abraço.Agora passado tanto tempo, comum,a brisa chega, sem ternura, apenas sopronada me embalando o sononenhum afago, nem mesmo um abraço, ela não veioela se foi, para não mais voltar?Se mamãe, estás longe, mas aqui teu pensamento

é bom assim, sentir-te perto, sem lamentosentindo num afago o teu sorriso.Não vou sonhar se novamente estás presentenão é certo o grito sufocado do retornosentindo que estás comigo, agora perto.

Não mais fugir, não mais deixarque ouvirás, eternamente meu grito te chamando:não mais calar, não te tornarás ausenteficarás por perto, sempre pertodeste teu filho para quem és amoramor infinito, amor saudade, amor presente.Mãe querida, minha querida mãeandaremos juntos, se me esperas, na mesma estrada.

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Vida na lembrança(Ao meu pai, Pilade Baiocchi, no aniversário de sua morte)

Saudade funda aperto na gargantaa dor que oprime, vai e voltalembrança de tudo que foi ontema vida se extinguindo, o tempo que não páraA dor saudade o peito esmagadia o esquecimento apagahoje renovando, amanhã morrendo,a eternidade chega com as lembranças.

Aos meus, hoje presentes e no futurodeixo esse legado, meu ônus de saudade,neles vivendo serei eternoque a eternidade morrena morte da lembrança.

Glauco e Eleni, em instantâneo captado pela sobrinha e fotógrafa Sônia Andréa

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Glauco Baiocchi: * 25/03/1917 + 18/03/1998

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JOSÉ GARIBALDI

José, com 19 anos, ao lado da primeira bomba de gasolina, na avenida Anhanguera.

Nasceu em 20 de setembro de 1919.

O terceiro filho de Dona Carmela sempre esteve ligado ao lar e ao trabalho, procurando, ainda menino, ser útil, abastecendo a casa com a água potável da Carioca, que era transportada num carrinho de mão. Tinha prazer, e até hoje é assim, em prover a família de guloseimas que, ele sabia, seriam de agrado de todos. Em suas viagens a São Paulo e ao Rio de Janeiro, onde ia buscar os carros que seriam vendidos em Goiás, José nos surpreendia com as prendas que nos presenteava.

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Os carros vinham rodando por “esse mundo de Deus” e conduzidos pelos irmãos mais velhos.

Nos alegrávamos quando essa incumbência era destinada ao José, porque tínhamos a certeza de que muitos presentes e guloseimas eram trazidas por ele. Na certa a Mafalada receberia as partituras musicais dos últimos sucessos da época e, nós, os “balangandãs” (bijuterias) e os lançamentos da moda. Era uma farra quando ele chegava de viagem, empoeirado dos pés à cabeça.

Ansiosas aguardávamos a distribuição das prendas. As frutas que trazia - pêra, maçã, uva moscatel, laranja baiana etc, as nossas prediletas - abasteciam a despensa de Dona Carmela. Quando ele e papai

buscavam caminhão ou ônibus, era “um Deus nos acuda”, pois com eles chegavam caixas e caixas de macarrão, bacalhau, aliche, peças de tecido, provendo a família por mais de um ano.

Tinha muitos amigos e, graças à sua memória privilegiada, até hoje se lembra do nome de todos. Cada família de Goiás e seus respectivos membros são nomeados por ele, sem dificuldade.

José sempre foi um “boa vida” - um terno de linho 120 ou de casimira inglesa, um carro do ano - era com ele mesmo. Possuía namorada em todas as cidades que visitava e era o “dono da noite”. Viajava muito e em suas andanças via as melhores peças de teatro, shows e filmes de

José sempre foi um “boa vida”. Ele, em São Paulo, ao lado da bela prima Dalva.

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sucesso exibidos na cidade grande para, depois, nos regalar, contando as novidades.

Até hoje é um grande amigo dos irmãos e quando se refere a eles tem sempre uma palavra de bondade ou de tolerância. Com as irmãs tem especial amizade e estamos sempre juntos nos passeios ao Araguaia ao Prado ou a Cumuruxatiba (Bahia), casa do mano Pilinha, onde neste último verão de 1999, o José ajudou-me com as passas de caju, espremendo-os “como manda o figurino”.

Quando o Pilinha estudava no Colégio São Bento, no Rio de Janeiro, o mano, movido pelo seu coração magnânimo, o visitava freqüentemente e passeava com ele, levando-o às compras, ao cinema e a’outras diversões.

Este é o José, e como eu o vejo. Bondoso, prestativo e espirituoso. Em suas brincadeiras - quando de mau gosto - deixa escapar uma risada singular “he!...he!...” advertindo-nos de que se trata de uma “brincadeirinha”. Está sempre alegre, gosta de brincar e, carinhosamente nos chama pelo apelido que ele mesmo nos colocou, gostemos ou não:

Elza - LamourVera - BaruCélia - SapaGilda - CorujaGlauco - CacoMário - Mané carne de porcoOrlando - Nano

Sua colaboração na Agência como caixa e gerente de vendas, ao lado do pai e irmãos, foi imprescindível. Nas primeiras horas da manhã, já estava de pé, desempenhando com bravura o seu trabalho. Os seus esforços e sua visão comercial impulsionaram os negócios de tal forma que o sucesso foi eminente.

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José, no Rio de Janeiro, fazendo compras com o irmão Pilinha, quando este estudava

no colégio São Bento.

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José e papai num momento de descontração, em frente ao posto “São Jorge”, em Goiânia.

Timbrado do estabelecimento do papai -1957

No nosso tempo, moças não podiam freqüentar festas noturnas desacompanhadas, e o José era o guardião constante das primas e

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das irmãs em todos os eventos: carnaval, barraquinha, “garden party”, reveilon etc.

Sociável e atencioso, era o que poderíamos chamar de bom companheiro.

Lembro-me das festas que freqüentávamos juntos. O seu maior prazer consistia em proporcionar aos seus acompanhantes uma noite plena e agradável, sem restrições nas despesas gastronômicas.

José, o primeiro à direita, ao lado de amigos e das irmãs Elza, Célia e Gilda, por ocasião de um “Garden Party”, no Palácio das Esmeraldas, a convite da Primeira

Dama do Estado, na época, Dona Ambrosina Coimbra Bueno.

José sempre demonstrou gosto pelas plantas, principalmente as frutíferas. Onde quer que morasse, o quintal era transformado em pomar. Os frutos que ele colhe na temporada, graças a sua dedicação e esmero, são a sua recompensa. Limão, ata, graviola, abacate, goiaba, acerola e jabuticaba, são os seus prediletos.

Constantemente cuida do solo, preparando-o com ingredientes químicos para que suas plantas frutifiquem, produzindo em maior escala e melhor qualidade. Nisso ele puxou os bisavós e avós.

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Sempre levou muito a sério a responsabilidade como mantenedor da sua família. Ciente de que era ele o único provedor de recursos financeiros para o sustento dos filhos, deixava de lado o supérfluo, para que o essencial não faltasse. Assim é ele até hoje, responsável e comedido.

Casou-se com Telca Teixeira e tiveram seis filhos: Ânia, José, Oliva, Carmela, Telca e Alexandre. Desses, somente três estão vivos. A sua dor foi imensa ao ver partir aqueles que mais amava na vida. Primeiro, o seu filho médico, “Zezinho”, logo em seguida a Ânia e a Carmela. Sentimos muito a perda desses entes queridos.

Dos seus seis filhos, somente duas lhe deram netos: Oliva e Telquinha.

São filhos da Oliva: Leonice (Nicinha), Juliana, Adriana e Cristiano.

Bruno, Pedro e Izabela são os filhos da Telquinha.

Divorciado, em 1981, conheceu, na mesma época, aquela que viria a ser a sua companheira dedicada para o resto de seus dias: Maria das Dores Batista, pessoa muito querida por todos nós.

Este é o “Zé”, meu irmão querido, compadre, amigo e companheiro, por quem tenho a maior estima e consideração.

José, alegre e “bonachão”, com 82 anos, chegando de uma pescaria do Rio Araguaia - condomínio

Marupiara, Aruanã, junho de 2000.

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José Baiocchi e sua Maria.

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MARIO

“Servi a pátria!” - 1943

Nascido em 26 de setembro de 1921.

Em 3 de Junho de 1999, Aruanã, durante uma pescaria, colho depoimentos esclarecedores do Mário sobre a sua vida e a sua luta, que considero muito importantes para deixar registrados neste livro.

Mário, eu gostaria que você falasse sobre a época em que você começou a trabalhar, pois eu sei que começou muito cedo, deu “duro” e foi um auxiliar maravilhoso para o papai.

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R: - Em 1938 o Alfredo Marinari, o Nenêm, nosso primo, trabalhava com o papai. Então, ele deixou o serviço. Eu estava em Goiás estudando e o papai mandou me chamar. Deixei os estudos e fui tomar conta da oficina. Naquele tempo tínhamos a empresa de transporte, os ônibus corriam para Goiás, corriam até para Araguarí. E eu tomei conta da oficina.

Em que ano, Mário, você tinha quantos anos na época?R: - Eu estava com 17 anos, incompletos. Era adolescente. Em 1938, eu

me mudei para Goiânia. O Reguinho até foi comigo. Ele mudou junto comigo.

Reguinho, numa caminhonete Ford, parado em um “mata-burro”, quando transportava de Goiás para Goiânia, a mudança de seu amigo e depois cunhado,

Mário - 1938. Observem a estrada e o “mata-burro”.

- Mário, você sofreu algum acidente nessas viagens?R: - Não! Acidente que eu tive foi na corrida com meu pai, em 1941,

quando fizemos aquela corrida de recreio: “Prova Getúlio Vargas”. Nós saímos do Rio em sete etapas: Rio - Belo Horizonte - Uberaba - Uberlândia - Goiânia - Uberlândia novamente e Rio de Janeiro.

Você foi com papai...R: - Fui com meu pai.

Qual era o carro?R: - Era um Lincoln Zefir V-12. Era um motorzão de 12 cilindros. Um

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“carrão”. Muito pesado.

Foram bem, não é Mário?R: - Fizemos uma viagem maravilhosa, a não ser o acidente que eu

sofri, por causa da poeira, na primeira etapa. Quando eu saí do Rio, nós estávamos no 36° lugar. Quando capotei o carro, chegando em Belo Horizonte, eu estava em 2º lugar. O primeiro colocado foi que me deu assistência.

Quem era?R: - Era o João Fangio. (Juan Manuel Fangio foi um dos maiores

pilotos de Formula 1 de sua época) Corri com ele... foi ele quem nos deu assistência lá. O carro caiu no rio.

Por que?R: - Poeira demais. Vinha um carro de Minas à nossa frente e lá de

cima do morro enxerguei o carro numa reta. Falei pro meu pai: - naquela reta eu vou passar ele. Quando eu percebi que o carro estava andando sempre em reta falei: - Já entramos na reta! E eu “castiguei” pra passar o carro. Era um Ford. Quando eu estava “passa não passa”, apareceu uma curva à esquerda. Foi lá em Itabirito, chegando em Belo Horizonte. Quando eu entrei, apareceu a curva, eu não vi e entrei direto, cortei um mamoeiro de uns 30 centímetro de diâmetro e o carro capotou, caí dentro d’água, no rio Itabirito.

Quem ganhou essa corrida?R: - Ganhou o Fangio e o companheiro dele, o co-piloto.

Mário, você foi o primeiro e também um pioneiro na “Marcha Para o Oeste”. Eu me lembro de você contar muitas façanhas suas, do Reguinho, do Orlando e o papai lá na Serra do Roncador, lá no meio dos Xavantes. Eu queria saber de você, primeiro, quem eram os participantes?

R: - Eu não estou lembrado do ano, Elza, foi em 1946...47 na década de 40.

Você se lembra dos participantes desta comitiva?R: - Era eu, meu pai, o Dr. José Sócrates, Orlando, o Reguinho e Chico

Meireles que era o Diretor Chefe da Inspetoria de índio, lá no Rio das Mortes. Eu voava para ele para fazer a localização das aldeias e jogar prenda do avião. Dava uns rasantes em cima da aldeia e soltava as

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prendas dentro da praça. Isso eu fiz durante dois ou três anos. Quase todo mês eu ia com o Chico lá.

O que vocês jogavam?R: - Fardo de roupa, ferramenta, panela, essas coisas todas eram

jogadas ali. Toda vez que eu ia sobrevoar a aldeia, eu tinha que levar um presente. Uma vez, eu não tinha nada, tirei a minha camisa e joguei. Cheguei na casa do Chico e tomei uma emprestada. O Chico dizia: Vocês não sobrevoam sem deixar presentes. Eu levava muita gente curiosa, que queria conhecer, então eu levava como passageiro. Eu sobrevoava e avisava para eles: Vocês levam qualquer coisa e como eles não levavam, então, eu fazia eles tirarem a camisa e jogarem.

Mário, os índios ficaram conhecendo você?R: Conheceram dentro do avião. Eu voava tão baixo, passava tão

rasante, em cima da aldeia, que eles me conheceram. Na primeira vez que eu tive contato com eles, me apontaram e disseram: “Ururu zaribe”, que quer dizer: amigo piloto - motorista do avião.

Pílade Baiocchi (de costas) com os Xavante junto ao avião PP-DUK, de sua propriedade. Esse avião nos transportou muitas vezes em passeios aéreos sobre

Goiânia, ao entardecer, nos emocionando com os razantes que o Mário, o piloto, dava sobre a nossa residência à rua 8, no centro de Goiânia.

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Posto Pimentel Barbosa - Rio das Mortes. Da esquerda para a direita: Reguinho, Orlando, Luiz Rondon, o piloto do avião e Mário.

Mário, eu me lembro do Orlando mostrar uns filmes deles, jogando flecha nos aviões. Eles eram muito bravos não é?

R: Mas no meu avião eles nunca jogaram uma flecha. Jogaram flecha no avião do sargento Filon. O Orlando estava junto, porque ele filmou. Oh! Tempo maravilhoso aquele.

Você fez amizade com eles, não é Mário?R: Fiz. Tirei muitas fotos. No dia que eles chegaram para visitar o

Chico pela primeira vez, eu estava presente, tanto que a esposa dele, a dona Abigail, estava vestida com um quimono estampado, muito bonito, e o Chico ainda falou pra ela: Abigail, não vai com essa roupa que eles vão te tomar, e se eles pedirem, você tem que dar a roupa pra eles! E não deu outra. Atravessamos o Rio das Mortes e fomos encontrar com as visitas do outro lado. O Chico tinha feito um rancho muito grande onde ele deixava as prendas e onde se faziam as trocas. Eles traziam as flechas, a borduna, o arco da flecha e, em troca, o Chico dava roupa, panela, machado, enxadão, enxada. Quando o Chico advertiu dona Abigail pra não ir com aquela roupa, ela disse: se eles tomarem,

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se eles quiserem, eu dou. Aí ela ficou de combinação. Foi chegando lá, as “muié” índias deram em cima dela e rasgaram o pano “tudinho” e cada uma ficou com um pedacinho. Acharam o estampado muito bonito e distribuíram um pedacinho pra cada uma. Estavam todos nus, as mulheres, os homens, todos nus.

Mário, você foi da primeira turma de brevetandos em Goiânia, não foi?R: Fui, em 1940

Você se lembra do nome do instrutor?R: Filon Ferrer de Araújo. Na minha turma tinha, entre outros,

Ademburgo, filho do Alípio “português”, Cuia, Estêvão, Totó Plecat, Chico Valoz, de Anápolis.

Fui madrinha de valsa do Chico, no baile do Grande Hotel.R: Quem nos entregou o brevê foi o presidente Getúlio Vargas. Ele

esteve lá no aeroporto e entregou, pessoalmente, o brevê a cada um de nós.

Da esquerda para a direita: Mário, Parrêriquá (filho do cacique Apoên), Apoên, Reguinho, Luiz Rondou (sobrinho do Marechal Rondou), Batista, esposa do Esmael

Barbosa, chefe do Posto Indígena Pimentel Barbosa e empregadas.

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Cacique Apoên e o filho Parrêriquá.

Sobrinho do Marechal Rondon, abraçado com dois Xavante.

“Predu” (velha) da tribo Xavante e seu bisneto.

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Aldeia Xavante - Serra do Roncador. Moças (Kunhãs) Xavante. Kunhãs quer dizer virgens.

Maloca Xavante. A velha como guardiã das crianças.

Da esquerda para a direita: Parrêriquá, filho de Apoên e sua

esposa, o cacique Apoên, o filho mais velho de Apoên (atual cacique) e

esposa. As moças eram comprometidas (esposas) desde tenra idade.

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Você tem guardado esse brevê até hoje?R: Eu tenho. Foi a primeira carta de piloto que eu tive.

Mário, agora vamos falar do Araguaia, como ele era quando o papai comprou a fazenda.

R: Tacaiú, a primeira vez que eu estive no Araguaia, em Leopoldina (Aruanã), era o coronel Santana o chefão ali; depois veio o João Artiaga que assumiu o lugar dele. O velho morreu, e o João Artiaga, que era conhecido, passou a tomar conta da “currutela”. Em 1934 eu vim com meu pai, viemos todos nós e acampamos defronte à Água Limpa, e do porto de Tacaiú, numa “praiona” que tinha lá.

Eu me lembro dessa praia. Eu era menina.R: Meu pai fez o acampamento e nós passamos um mês de férias

escolares ali. Foi o ano em que ele se entusiasmou com a fazenda. Ele foi lá encomendar leite para o acampamento. Estava lá o Sr. Berto Severo e não havia curral, os bezerros eram amarrados. Ele estava “passando” com leite e farinha, não tinha um caroço de arroz. Meu pai levou ele lá na praia, deu arroz, feijão, gordura, deu tudo pra ele. Ficou feliz! Então ele trazia o leite todos os dias, dois litros de leite.

Quantos quilômetros, mais ou menos, do Tacaiuzinho lá na praia?R: Três quilômetros. O Berto Severo era o tio da Luiza (nossa irmã

adotiva).

Como era o gado?R; O gado era “brabeza”, ninguém via gado. A fazenda tinha 9000

alqueires. A sede só tinha os esteios das paredes, não tinha nem parede. Era só o telhado com os esteios - a casa estava em demolição - não tinha nada. O Berto tinha a “arriatinha” dele lá no canto da parede, pendurada, mas não tinha o cavalo pra botar o arreio, o cavalo tinha morrido. Aí, meu pai procurou o dono, Vigico de Barros de Goiás, e comprou o seu direito de posse por 9 contos de réis. Ele era invasor, não era proprietário. Então, papai foi a Cuiabá e escriturou a fazenda. Ficou legalizada. Aí começamos a usufruir, caçar. Lá tinha muitos bichos como paca, anta, caititu, tinha até queixada. Eu e o Reguinho aproveitamos o Tacaiú com as caças. A Dona Vicença era a mulher do vaqueiro, Cristino de Moura.

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1940 - Primeira turma de brevetandos da primeira “Escola de Aviação do Estado de Goiás”.

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Eu me lembro do Cristino contar o caso da onça que comeu o cavalo do meu pai, o “piriquito”. Como foi mesmo esta estória, Mário?

R: Nós fizemos o campo de aviação - neste tempo eu já voava - em 1946 - na beira do rio, no porto de cima; tinha um varjão e nós aproveitamos uma parte dele pra dar comprimento no campo e fizemos uma pista de 600 metros. Lá eu pousava com o Super Cruiser, aquele aviãozinho vermelho e amarelo. Lá no campo de aviação, papai ia “esperar” (caçar) paca, na beira do rio e piava o cavalo nesse campo de aviação. Quando ele não estava ocupando o cavalo, ele ficava preso no campo de aviação que era fechado para não entrar vaca. Meu pai mandou fechar de arame; e a onça pegou o cavalo lá dentro do campo, arrastou ele pra debaixo de uma árvore e comeu o “periquito”.

O Cristino contava que o meu pai ficou na “espera” para pegar a onça.

R: E. Ficou na espera, mas não pegou. Então, o Cristino veio aqui, no Dumbazinho, aqui em baixo, duas léguas daqui, buscar uma cachorra. Chamava “fera”, “ferinha”, a cachorra que acuou a onça. Levei ela de avião daqui até Tacaiú. Foi só soltar e ela acuou a onça pra beira do rio, e o Reguinho a matou.

É aquela que tem no retrato com o papai e o Reguinho não é?R:É.

Mário, você trabalhou muito na fazenda, não é?R: Fui eu que amansei a fazenda.

Como era o gado lá?R: O gado era tudo “brabeza”, curraleira, e nós fizemos a vaquejada;

primeiro ajustei uns homens e fiz um curral, de madeira roliça, para ter onde trabalhar o gado. Falei com meu pai e nós fomos a Inhumas e compramos do Felisberto Jácomo, quarenta cavalos que foram levados em tropa. Chegamos no Tacaiú e começamos a vaquejar o gado e fomos pegando 8, 10, 15, 20; teve uma época que nós pegamos 48 cabeças. O curral ficava no Morro dos índios, na lagoa dos patos. Ia pra lá e passava semanas vaquejando e prendia as vacas bravas no curral. De manhã soltava e com o cavalo, fazia rodeio no gado para ele pastar e depois dormia fechado. Isso assim, quando completava uma semana e juntava 30,40, 50 cabeças, trazia pro Tacaiú, que tinha os currais grandes.

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Papai exibindo a caranha que pescou no Rio Araguaia, ao lado da pele da onça que devorou o seu cavalo “periquito”.

Tinha muito gado Mário?R: Nós pegamos 700 rezes. Chamei meu pai que veio aí, trouxe

comprador; apartamos as vacas velhas e vendemos pra esse comprador de Goiás. Foram quatrocentas e tantas rezes que ele vendeu nessa época. Ficaram trezentas e poucas lá e com elas formamos a fazenda.

Papai trouxe outro tipo de gado?R: Trouxe gado “Gir”. Trouxe touro gir para melhorar a raça do gado.

Uma ocasião ele comprou 14 touros e mandou trazer pra fazenda, mudou a raça do gado; os touros velhos ele vendeu tudo na vacada velha. Foi o que deu essa melhoria toda no gado.

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Mário, tinha muito peixe naquela época no Araguaia, não é? R: Ih! Era uma coisa louca. Eu me lembro demais de uma pescaria

que nós fizemos.. Ficamos acampados na praia do lago dos botes. Papai montou um ranchão lá e nós viemos (a meninada toda veio) e pegamos um cardume de matrinxã. Nós pescávamos em volta da praia, era uma ilha muito grande, com muito capim, tinha muita capivara, nós pescávamos na beirada, no acampamento mesmo. Você pegava pintado, até piratinga. Uma ocasião, Dona Rosinha (a mãe da Carmem) com minha mãe, estavam tomando banho e pediram para o Lino jogar uma linha para elas. Disseram: tem um peixe pulando aqui, jogue uma linha. O Lino jogou e deu pra minha mãe. Aí a piratinga pegou e puxou e minha mãe segurou. Não estava agüentando, gritou o Lino que foi entrando pelo rio adentro pois quando elas assustaram já estavam com a água pelo umbigo. E elas não sabiam nadar. O Lino tirou a piratinga pra fora. Era uma piratinga de mais ou menos 50 quilos, por aí. Era uma “bichona”, não era grande, era curta. mas grossa. Nós desmanchávamos 5 a 6 sacos de sal, só na praia que nós ficávamos. Não saíamos. Não tínhamos canoa.

Mário, fazendo o que mais gosta: pilotando o seu barco no rio Araguaia.

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Salgavam os peixes porque naquela época não tinha freezer, não é?R: Nós pegamos o batelão aqui que o velho Santana arranjou pro

meu pai pra mandar nos levar e voltou. Nós ficamos na praia, só com uma canoinha “ubá”, de madeira. Para voltar, marcava o dia, e o batelão ia nos pegar. O caminhão estava no porto nos esperando e íamos para Goiás nele.

Mário, você se lembra daquelas viagens que nós fazíamos naquela época? Era só brejo.

R: Tinha brejo, pinguela aqui era uma novela pra passar. A gente já saía de Goiás pensando nessa pinguela. Uma ocasião, nós passamos um caminhão só com a cara fora d’água. A água dava no peito de uma pessoa adulta. Passamos o caminhão carregando a sua frente e empurrando uns oito metros. Nós carregamos pra não entrar água no motor; aí nós descemos a cara dele já no seco. Era o João Fernandes o motorista nosso. Levávamos dois dias de viagem; saía de Goiás e vínhamos dormir no “lambari” que tem uma bica enorme, na fazenda do Vicentinho Camelo. Era bica “beleza”, a gente tomava banho, bebia água à vontade, era uma maravilha aquela bica!...Ali fazíamos a janta, jantávamos, parecia um piquenique. Mamãe era a cozinheira.

Mário, conte a estória do jacaré que comeu os cachorros do papai.R: Isso foi lá na água limpa, na primeira ilha, entrando no lago.

Estavam lá, papai, Natal de Castro, (irmão do compadre do meu pai, o padrinho da Mafalda), “Filhinho” de Castro, marido de Dona “Nicota” e o Ézzio. Tinha umas oito pessoas. Eles armaram o acampamento, fizeram a janta, deixaram as panelas no pé do fogão de pedra e foram dormir; uns no chão, outros nas caminhas campanha. O lugar tinha a sombra das árvores e não precisava armar barracas, armavam só as camas. Mais tarde, quando todos dormiam, papai ouviu um barulho na cozinha; levantou, pegou a lanterna e quando chegou, lá estava o jacarezão; já tinha derrubado as panelas tudo, e comido a comida que sobrou da janta. Meu pai, então, atirou nele e matou. Quando foi no outro dia, eles foram tirar os retratos. Tiraram o retrato do jacaré, com a boca aberta, com um pauzinho e o Ézzio tirou a fotografia com a cabeça dentro da boca do jacaré. Era um “arurá”, o jacaré mais bravo que tinha. É preto.

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Uma pose com o jacaré: em cima dele Gilda, Vera e eu. Sentada ao lado da cauda, mamãe e as empregadas.

O Ézzio, a Vera, eu e o jacaré. Vejam a mata virgem ao fundo e abrancura da areia da praia. Por essa foto se pode ver a imensa

extensão de praia limpa e bela. Mamãe nos observa.

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Abriram o jacaré e o que encontraram?R: Acharam a barriga dele muito grande, ficaram curiosos e abriram

para ver o que tinha dentro. Meu pai tinha matado uma anta, na véspera, e jogado as tripas e o miúdo no mato. Dentro do jacaré estavam os três cachorros inteiros, as paias e as vísceras da anta. O jacaré era enorme.

Mário, eu acho uma coisa muito importante em sua vida e a gente tem muito orgulho disso, foi quando você foi convocado para a guerra em 1942.

R: Eu estava aqui, no Araguaia, em setembro de 1942, quando eu fui convocado. Meu pai mandou atrás de mim aqui. Eu me apresentei em Ipameri. O capitão Severo era o chefe da Guarnição. Ele disse: “ - Temos um “baioechinho” no exército, agora’”. Ele era muito amigo do Frota (Esposo da Adélia) e sabia que a Adélia era Baiocchi. De Ipameri fui para São Paulo, alojamos no 6o BC em Santana, depois fomos removidos para Iguape. Fomos primeiro para Santos, pegamos o navio “Aspirante Nascimento”. Em Santos, embarcou todo o Batalhão para Iguape. Lá nós ficamos alojados nos grupos escolares, eu fiquei no pelotão extra, fui fixado como motorista e mecânico. O 6o BC só tinha goiano. Era o pessoal de Catalão, Goiandira, Ipameri. De Goiânia veio pouca gente: eu, “tó” Faria que era cabo e outros.

Você não chegou a ir para a Itália, não é?R: Não, não cheguei a ir. O Reinaldo, nosso primo, tinha um cunhado

que era Ajudante de Ordem do Ministro de Guerra, Capitão Ubirajara Brandão, e, por seu intermédio, consegui minha remoção para Goiânia. Um dia, eu estava no plantão e foi lido o boletim diário: “Seja transferido, por ordem do Sr. Ministro da Guerra, o soldado 498, da Segunda Companhia para a 7o CR - Sétima Circunscrição de Recrutamento de Goiânia”... Eu até chorei!...(comenta ele, emocionado, com lágrimas nos olhos, e voz embargada).

Eu imagino a saudade que você sentia. Quanto tempo você ficou lá?

R: Fiquei 6 meses.

Você veio nos visitar uma ocasião. Eu me lembro que tiramos fotografias com você fardado. Foi uma alegria muito grande!

R: Servi a pátria!... (Exclamou ele orgulhoso).

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Mário - pracinha da FEB - Força Expedicionária Brasileira mamãe - 1943 - na foto com ele: Vera, Gilda, Pilinha, Célia, Eleni e eu.

O pracinha com a mãe.

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Você falou aí no tiro de guerra...R: Tiro de guerra eu fiz com sargento Jurandir, dois anos antes de ser

convocado. Ele era o instrutor.

Como foi esse treinamento seu?R: Tinha marcha, ordem unida. Uma ocasião ele ficou zangado

com a turma que andou aprontando “leréia” com ele; era num dia de carnaval e ele nos levou para a praça da cadeia, uma praça grande, e colocou todo mundo em ordem unida, rastejando a barriga no chão. Tinha dado uma chuva, ficamos de lama dos “zóio até os pé” e eu tinha uma namorada, “era tudo” na janela, olhando a gente.

Mário, você tem uma estória sobre o sargento Jurandir.R: Pois é, os meus colegas de tiro de guerra, quando havia festa

em Goiás, no fim de semana, era o dia que mais padecíamos com o sargento. Ele não nos levava para fora não, nos deixava na cidade, mas cada dia, escolhia um bairro pra gente rastejar, essas coisas, judiando da gente. Então meus colegas pediam: “- Mário, leva o sargento Jurandir lá pro Araguaia pra pescar, esses dois dias, pelo menos nós aproveitamos esse prazo, “né sô”?” E eu pegava ele e trazia.

Uma coisa que eu acho muito importante na sua vida: quando você foi agraciado com o título de cidadão jaraguense. Conta isso, Mário.

R: Eu sempre ajudei a prefeitura, o serviço da comunidade. Com o meu trator de esteira, fazia obras para a prefeitura, de graça. Fui Secretário de Transportes da prefeitura por três meses.

Teve, também, participação filantrópica na cidade, não? Fez muitas doações.

R: Isso, toda a vida eu fiz. Esse ano mesmo, eu doei, na Festa do Divinos na Festa de São Sebastião, dois bezerros que dou todo o ano. Este ano foi o filho Airto, muito amigo meu, rapazinho “batutinha”. É o dono de uma loja de som lá em Jaraguá. Ele chegou pra mim e disse: “- Ô, seu Mário, o quê que o senhor vai dar pra mim na Festa de São Sebastião?” Eu disse: “- Você ainda pergunta o que vou dar? Está lá na fazenda, no dia que nasceu já tinha dono, era de São Sebastião, “tá lá” um bezerro pra você pegar.” Há doze anos eu ajudo os velhinhos do abrigo e da igreja, doando leite. Antes de mexer com gado, eu tinha lavoura e eu dava quinze sacos de arroz, com casca, para o asilo, toda vez que colhia. Os primeiros sacos eram destinados aos velhinhos, eu mesmo levava e entregava para eles. Depois, acabou a lavoura,

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comecei a mexer com gado e então, eu passei a dar bezerros. Todos os dias, eu vou buscar na fazenda, no meu carro, cinco litros de leite e entrego pessoalmente, todo o “santo” dia, inclusive sábado, domingo e feriados, com exceção de Sexta-Feira Santa, cuja cota é entregue na véspera. Vou lá, pergunto quantos litros querem para sexta-feira. São 20, 30 litros e dou o açúcar também. Esse ano eu dei foi rapadura, pra fazer o doce de leite deles.

Mário, e o seu trabalho na Goiás Rural?R: Eu era chefe de campo, fazia pontilhão. Lá em Canoeiros,

montamos uma fábrica de tubos de concreto armado pra fazer os bueiros. Fazia ponte. Eu fiz uma em Santa Tereza, pra lá de Porangatu.

Mário, para encerrarmos essa entrevista, eu gostaria que você falasse sobre os seus antigos da juventude, em Goiás.

R: O amigo que eu mais...(engasga emocionado) prezei, virou irmão, é o Reguinho. Nós éramos colegas de baile, de festas, de tudo. O segundo, era o filho da Dona Sebastiana, o Wilson de Bastos, irmão do Sebastião “Boca Negra”. A mãe fazia “puxa”, em Goiás. Toda criança a conhecia. Esse foi meu amigo de infância de “pé no chão”. Eu usava calças curtas ainda, nesse tempo. Nós “roubávamos” manga do Joaquim “português” e tomávamos banho no “poço do bispo”. Lá no quintal do português, na Carioca, tinha uns três cachorros, mas eram “uma fera” e nós íamos lá “pegar” uva. Lá em casa tinha um parreiral no quintal, na chácara do tio Jácomo, também, mas eu gostava da uvinha do português. Eu ficava “décima” do muro e ficava “estrumando” o cachorro que vinha em cima. Ele não podia nem me ver. O Wilson rodiava por lá, descia e com a tesourinha e o chapéu ele catava os cachos de uva. Aí, ele voltava, subia no muro e falava: “- Pode soltar os cachorros...” nós íamos para a Carioca, sentávamos naquelas raízes daquelas gameleiras, tirávamos a roupa, ficávamos pelados e íamos chupar as uvas.

Mário, e os amigos de seresta?R: Era o João de Melo, ele tocava violão muito bem e era amigo da

família. Foi professor da Mafalda e meu também. Zuca Veiga, Zé Zoiro, Geraldo Jácomo (Jeca), Nono Santana, eram os companheiros de serenata. Ficávamos na Santa Bárbara até tarde, cantando e tocando violão; depois a gente descia e fazia a serenata nas casas.

Quais as festas, as diversões dos jovens na época?R: Tinha o Baile do Grêmio no sábado, esse ninguém perdia.

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Chamava-se horas dançantes. Começava as oito horas e ia até as onze horas, meia noite. No jardim, toda noite, tinha o “footing” - os homens faziam a volta da direita pra esquerda e as moças faziam da esquerda pra direita, um atrás do outro cm círculo. Em cada volta os moços e as moças se encontravam, davam uma olhada (flerte) umas piscadinhas e quando eram correspondidos “pegavam o bonde” - (ficavam ao lado um do outro) e podiam conversar. Era muito aconchegante o jardim; havia uns bancos de concreto, rodeados de cerca viva muito bonitos.

Mário, agora vamos falar na sua família.R: Casei-me no dia 27 de maio de 1944, há 56 anos, com Carmem

Rios. Tive três filhos: Mário, Giovanni e Wanderley. O Mário (Marinho) me deu três netos: Dandréa, Bruna e Mário Neto. O Giovanni, três: Wander, Vanini e Márcio. Wanderley “Lelei”, três netos: Aline, Adriane e Aurélio.

Mário e Carmen no dia de suas bodas - 27/05/1944.

Mário, agora fale sobre a Carmem, sua companheira.R: Deus não podia me dar coisa melhor na vida (a voz embarga, os

olhos umedecem, e chora). E uma segunda mãe, maravilha de mulher...eu amo aquela mulher como amo a vida! Companheira pra tudo! Maravilha!...

Vocês se merecem, sabe? Você merecia uma mulher como ela e ela, um marido como você: pai extremoso, dedicado, amoroso, presente...

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R. (Em soluços, com voz embargada pela emoção): Eu adoro a minha família, Elza!

Eu sei disso. Você tem uma família muito bonita Eles são muito parecidos com vocês. Você soube transferir para seus filhos, todos aqueles ensinamentos que papai e mamãe nos deram...

R: ...E mais alguma coisa!...

Você e a Carmem deram mais de si para eles, e eles agora já transmitiram seus ensinamentos para os filhos e os filhos para os seus netos e os seus netos para os bisnetos. Obrigada, meu irmão por esta entrevista. Foi muito bom falar com você, pois é importante que a gente registre todos estes dados da nossa vida, para que os nossos descendentes tenham, pelo menos, o conhecimento daquilo que nós fomos, o que representamos, o que nós pretendemos ser para eles, o que nós fizemos por eles e que eles, no futuro, possam transmitir, também, para os seus descendentes o que nós lhes ensinamos.

“Eu adoro a minha família, Elza!

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Mário e Carmen, 50 anos depois, no dia de suas Bodas de Ouro - 27/05/1994. O mesmo sorriso de satisfação.

Mário, Carmen e os filhos: Mário Filho, Giovanni e Wanderley.

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Bruna, a neta, com seu filho Gabriel e os bisavós “corujas”.

Mário filho e a nela Aila, filha de Mario Neto.

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As quatro gerações do casal Mário-Carmen: filhos, netos e bisnetos.

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MAFALDA

“Fada Dindinha”

“Fadinha”, aos 14 anos, quando foi coroada a “Rainha dos Estudantes”,em 1938, portanto, 62 anos atrás. Era muito bela, como podem ver.

Nasceu no dia 17 de janeiro de 1924.

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Foi a primeira filha dos onze irmãos.

Muito pequena ainda, recebeu as suas primeiras aulas de piano, em (ioiás. com a professora Nhanhá do Couto, avóda exímia pianista goiana Belkiss Spencieri (‘. de Mendonça

A sua vocação e gosto pelo teclado fizeram dela uma pianista e. mais tarde, suas habilidades técnicas e metodológicas a capacitaram para lecionar piano às inúmeras jovens goianienses.

Quem não se lembra, ao passar pela rua cinco, esquina com a seis, de ter ouvido as escalas de piano tocadas pelas suas alunas? Isso, na década de 40 e 50. Cada dia aumentava mais o número de discípulas.

Nesse mesmo dia 12/02/1940 nos bons tempos. Da esquerda para a direita: Vera Teixeira, eu, mamãe, Varna com o Pilinha com 1 ano e 4 meses e a Mafalda com 16 anos.

Mafalda aos 14 anos

Mafalda, com sua Monark, em frente de casa, em Goiânia, na rua 8 nº 54 - 12/02/1940. Nossa casa, recém construída, era a única nessa rua. Ao lado de nossa residência havia uma trilha que dava acesso à avenida Goiás, esquina com a Anhanguera, hoje praça Bandeirantes, e que percorríamos, encurtando o caminho de casa até a rua 7, onde ficava a Agência. Da porta da cozinha avistávamos nosso pai e irmãos quando saíam do trabalho.

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Infelizmente a Mafalda nunca se preocupou em se apresentar em público, em seguir carreira, como muitas de suas alunas. O casamento foi a sua meta prioritária e ser boa dona de casa, o seu propósito. E que dona de casa!... Dedicada mãe -como fora filha - extremosa esposa e uma verdadeira fada na arte culinária. Por falar em “Fada”, esse era o seu apelido quando jovem. “Fadinha”, como era carinhosamente chamada por todos. Acompanhava ao piano os irmãos que cantavam as melodias de sucesso; marchas, canções, sambas, toadas, tangos, etc, ela as executava com perfeição: Aquarela do Brasil, Adeus (de Francisco Alves), Chão de Estrelas, Valsa dos Namorados, Eu Sonhei que Tu estavas Tão Linda, Renúncia, Valsa da Despedida, Fascinação, Velho Realejo, Caprichos do Destino, Lábios que Beijei, Nada Além e centenas de outros sucessos. A Mafalda sempre amou a música. Teve um tempo em que ela aprendeu a tocar acordeão e muito bem.

Hoje, em um canto de sua sala, está o órgão que ela ganhou do “maridão”; nele ela também é mestra. Diplomou-se pela “Escola de Música de Goiânia”, como organista. Na sua formatura presenteou-nos com um clássico que deixou a todos extasiados pela sua perícia ao teclado. Foi aplaudida de pé.

Mafalda no seu jardim, ao lado de sua rosa predileta “príncipe negro’

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Mafalda e Reguinho, 1

ano depois do casamento, em um

passeio ao Rio de Janeiro - 1945.

Mafalda na época em que se casou.

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Casou-se, em 1944, cora sua paixão Regulo de Macedo Júnior e tiveram três filhos: Renan, Ronaldo e Robson. Com brava determinação, os pais não mediram esforços para custear os estudos dos três filhos na Universidade. Hoje, o Ronaldo e o Robson, engenheiros eletrônicos, são empresários de sucesso na Capital Federal e o Renan, médico pediatra, goza de ótimo conceito em Goiânia.

O primogênito da “fadinha”, Renan, com 6 meses de idade.

O segundo filho, Ronaldo, com 6 meses de idade.

Renan e Ronaldo, adolescentes, em uma pescaria no Rio Araguaia - Aruanã.

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“Reguinho”, como é chamado e conhecido por todos e pelo qual nutrimos estreita afeição, tomou parte das coisas mais importantes da nossa família: participou de toda ahistória do Tacaiú, da Marcha Para o Oeste e foi grande colaborador nas labutas com o transporte e com a Agência, em Goiânia. Onde estivesse o Mário, ali também estava ele; eram inseparáveis nas viagens ao Araguaia, nas serestas, nos banhos do “Poço do Bispo”, piqueniques na Cachoeira Grande, passeios, caçadas e pescarias. Também estudaram juntos no Liceu. Essa profunda amizade o aproximou da mana Mafalda.

Podemos afirmar que o Reguinho passou um quarto de sua vida, talvez mais, em Aruanã. Possuidor de grande coração, conquistou o apreço da comunidade ribeirinha pelos seus atos filantrópicos, oferecendo assistência aos necessitados e atenção e carinho aos amigos conquistados às margens do Araguaia. Por isso recebeu o título de “Cidadão Aruanense” como gratidão aos seus méritos.

Mafalda, cujo nome foi inspirado no de um navio - “Principessa Mafalda” - foi sempre muito “certinha” em tudo o que fazia. Em nossa casa, na ma 8, número 54, em Goiânia, trazia o quarto sempre em ordem, encerado e impecavelmente limpo. Eu era a sua companheira de quarto e, “estabanada” como sempre, causava-lhe aborrecimentos com a minha desordem. Quando ela reclamava, eu dizia: “- Se eu não desarrumar o quarto, como você vai poder organizá-lo?” Ela ficava “fula” de raiva e, por isso, tivemos alguns “arranca-rabos”. Mas, era muito bom esse tempo. Tivemos momentos de alegria inesquecíveis também.

Como irmã mais velha, gozava de regalias e, por ter sido útil e prestativa nos cuidados com o Pilinha, mamãe a convidou para batizá-lo. Ele, carinhosamente, a chamava de’ ‘dindinha’’ apelido que carrega até hoje.

Ela está casada há 56 anos. Em 1994, em suas “Bodas de Ouro”, confirmaram a feliz união numa festa belíssima, digna de uma “Fada” como ela.

Reguinho, e o seu neto Fabiano, filho do Renan, no Cristalino, exibe sua caça.

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Reguinho e o cachorro “xavante”, que acuou a onça para ele matar (Takaiú)

Reguinho com dois jovens Xavante -no Rio das Mortes.

Reguinho, o 5° à partir da esquerda, quando titular do Goiânia Esporte Clube -1947- era bom nisso!

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Renan e família. Da esquerda para a direita: Fabiana, Renan, Giorgio e Maria Helena. Reguinho e Mafalda orgulhosos dos netos.

Ronaldo, família e alguns amigos. Abraçada ao avô, Melissa e à avó, Michelle

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Robson e família. Ao seu lado afilha Giovanna, a esposa Luciana e o filho Fabrício.

Mafalda e Reguinho no aeroporto, em Porto Seguro (BA), minutos antes de embarcarem para Goiânia, regressando do passeio a Prado (BA), onde passamos

juntos a memorável entrada do ano 2000. Creio ser esta sua última foto. Vejam quanta felicidade irradia!

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Homenagem Póstuma

Mafalda Baiocchi de Macedo

* 17-01-1924 + 03-04-2000

Essa obra já estava no prelo quando Deus a chamou para Si.

Arrancaram um pedaço de mim!

Uma grande parcela de minha vida foi apagada com a sua partida. É como me sinto ao perder uma das

grandes incentivadoras desse meu trabalho.

Mesmo frustada, Senhor, sigo em frente, pois sei que é o que ela gostaria que eu fizesse. Agradeço-lhe

pelos anos que passamos juntas desfrutando de sua alegre companhia.

Ela encarnou a música, espargiu luz e fé, evidenciou a alegria de viver e

deixou muitas saudades!

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ELZA

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178 • Elza Baiocchi

Minha vida está inserida nos meus vividos 75 anos e pode se resumir no que se segue.

Nasci no dia 21 de fevereiro de 1926 em Santana de Goiás, a querida Vila Boa e me ufano em ser conterrânea de Cora Coralina, Goiandira Aires do Couto e em ser contemporânea de Waldir Castro Quinta, de Amália e Maximiano da Mata Teixeira e de Bernardo Elis.

Nasci e cresci num ambiente da mais pura fraternidade entre meus conterrâneos vilaboenses, como se fôssemos uma única e grande família.

E, num ambiente da mais pura harmonia, gerada pelo casal Pilade-Carmela, eu nasci e cresci. Infância feliz!

Os banhos de rio, as brincadeiras de roda, de escola e teatro constituíam minhas diversões. E as “congadas” e “Folias do Divino”? Não perdia uma!

A Folia do Divino era a minha preferida. A comitiva, composta pelas pessoa mais importantes do lugar: juizes, professores, advogados, moças da sociedade e grande número de crianças acompanhavam, pela cidade, o cortejo.

O Divino, ornamentado de fitas e flores era transportado em uma bandeja de prata pelo folião, escolhido por maioria, todo ano. Uma grande bandeira vermelha era carregada por um dos componentes do séquito que adentrava nas casas e uma quantia em dinheiro era colocada na bandeja, depois que os moradores beijavam o estandarte, com a maior reverência.

Minha querida professora, Amália Hermano Teixeira, numfeliz encontro no Rio de Janeiro - 1951

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Elza com 2 anos e Mafalda com 4 anos.

O que a criançada mais gostava era das medalhas de “alfenim” (massa muito alva feita de açúcar e óleo de amêndoas doces) com a figura da pomba representando o Espírito Santo e que eram distribuídas à meninada depois do cortejo.

Tive a felicidade de ser fotografada quando tinha 9 anos de idade, em uma dessas folias ao lado de duas inseparáveis amigas de infância: Norma Limongi e Sebastiana, minha dama de companhia. Dentre as moças que aparecem na foto, reconheço algumas: Gecilda, Santinha

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Bron, Angélica Bueno “Bizuta” e seu irmão Luiz Bueno “Dedé”, primos do Reguinho e filhos do companheiro de caçada do papai, Scipião Bueno, Elizinha Macedo (irmã do Reguinho), entre outros. O Senhor José Felicíssimo do Espírito Santo, o patrono da folia naquele ano, também aparece à esquerda.

Folia de Reis em Goiás - 1938.

Essa foto me foi presenteada há mais de vinte anos pelo primo César, em forma de pôster e pertencia ao acervo fotográfico de seu pai, o tio Bimbino.

Com entusiasmo, gostava de participar de todas as festas religiosas e escolares: Coroação de Nossa Senhora do Rosário (vestida de anjo), procissões e todo ano era convidada a cantar o “Perdão” na Sexta Feira Santa.

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Gostava muito de cantar nas festas do Jardim da Infância. Lembro-me que em uma delas, a minha linda professora Dona Amélia Amorim (tia da cunhada Eleni), fez uma paródia da musica italiana “Toma a Surriento” e me deu o papel de “agreste bonina” (margarida rasteira). Para me apresentar como tal, mamãe mandou fazer um vestido de palha de seda com uns morangos vermelhos, feitos em crochê, colocados na pala do vestido que tinha estilo trapézio. Adorei!

Eis um fato do qual jamais me esqueço. Para assegurar a disciplina e a atenção nas salas de aula, as professoras do Jardim da Infância, todos os dias, depois da aula, entregavam às crianças uma pequena tira de cartolina, de formato retangular, com os números de 1-10-20-50 ou 100 pontos que eram colecionados pelos alunos. Eles correspondiam ao bom ou mau comportamento dos educandos.

No final do ano, na festa de encerramento do ano letivo, os pontos eram somados e, de acordo com a numeração, os alunos eram chamados, na ordem decrescente, para escolherem os presentes previamente expostos, em uma estante, na sala. Havia ali bonecas de todo o feitio e tamanho, carrinhos, aviõezinhos, quebra-cabeças, corda de pular, jogos de chá e café de brinquedo etc. Era uma verdadeira tentação!

Ficava admirando aqueles brinquedos, louca de vontade de ganhar uma das bonecas e logo me lembrava das conversas e brincadeiras em aula...aí, adivinhem o que sobrava para mim? Eu sempre era uma das últimas a serem chamadas e ficava, quase sempre, com a corda de pular (se tivesse sorte), meias ou sa-bo-ne-te...

Todo ano eu jurava que no próximo seria uma boneca o meu prêmio, mas isso nunca aconteceu...o “papinho” com as colegas durante as aulas me impediram de realizar esse desejo.

Quando éramos crianças, todos os anos participávamos de blocos e brincávamos no Carnaval. Por isso sempre gostei de folia carnavalesca. Fazíamos sucesso nas matinês infantis com as fantasias que a mamãe mandava confeccionar. Eu adorava dançar e chamava a atenção dos adultos quando desfilava pelas desalinhadas ruas de Goiás, acompanhando o corso que percorria a rua Moretti Foggia, da Igreja da Boa Morte até a Igreja do Rosário, ida e volta.

Em 1939, com apenas 13 anos, fui convidada a participar do bloco de adultos, com uma fantasia de índio, e, como sua mascote, “puxava o cordão”. Nunca me senti tão orgulhosa na vida! Foi inesquecível este Carnaval! Muito linda era a fantasia, toda em lamê bege, com aplicações geométricas

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indígenas em diversas cores e franjas vermelhas. Na cabeça um longo cocar confeccionado em tecidos multicoloridos.

Nesta festa de Momo de 1942, com 16 anos, me fantasiei de havaiana; em 1943, de espanhola.

Aos 10 anos, já deixava transparecer a minha vocação profissional, bancando a modista ao fazer, de papel crepom, as fantasias para o teatrinho e brincando de mestra, quando dava as minhas aulas na “escolinha.”

Em Goiás - o melhor carnaval de minha vida - 1939. Na foto Macedo, Felipão e eu

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Eu em minha fantasia de havaiana.

Com esta fantasia conquistei o meu marido. O vestido preto de tafetá chamalotado, me foi emprestado pela prima Noêmia; pude com ele

criar a fantasia de espanhola, confeccionando o véu e os demais acessórios.

Década de 50, carnaval do Jóquei Clube de Goiânia. Da esquerda para a direita, de pé: Luiz Carlos, Wagner, prefeito Venerando de Freitas Borges (ao meu lado). José e Telca, sentados.

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Meu temperamento alegre e expansivo me impulsionava a participar, até depois de casada, de blocos carnavalescos, de time de vôlei e basquete do Jóquei Clube, de teatro, de rádio (como cantora e rádio atriz) e da telenovela da TV Anhanguera, dirigida por Ciei Pinheiro, “A Família Brodie”, que me valeu o título de Melhor Atriz do Ano, em 1.965. Baseada na obra de J. Growin, “O Castelo do Homem sem Alma”, a telenovela alcançou sucesso jamais visto em Goiânia.

Na época não se contava com o recurso do vídeo tape e, por isso, as cenas eram apresentadas ao vivo. Os goianienses , para não perderem os capítulos, não saiam de casa, não faziam nem recebiam visitas no horário da novela. Ciei Pinheiro foi genial! Em um dos capítulos o enredo exigia um temporal. A TV Anhanguera

funcionava em seu antigo prédio, na Av. Goiás, e as cenas do vendaval foram realizadas na viela que fica nos fundos. Foi um show de efeitos especiais e, para isso, a produção contou com o auxílio do Corpo de Bombeiros, que sob o comando de nossa diretora, não mediu esforços para que a cena se tornasse tão real quanto inesquecível para os que a assistiram.

Participei também de programas musicais, cantando, na Rádio Brasil Central, no início da década de quarenta, juntamente com a exímia pianista Belkiss Spencieri (hoje Carneiro de Mendonça), com a dupla “Irmãos Barra” e o trio Valdo, Nenzinho e Telca Teixeira. Telca , anos depois se tornou minha cunhada, ao se casar com o meu irmão José. O diretor da Rádio, Sr. Francisco Pimenta Netto, produtor de programa, se tornaria meu sogro. Depois de casada, continuei cantando, acompanhada ao piano, pela saudosa “Tia Amélia”, ou pelo conjunto regional do saudoso amigo Geraldo Amaral.

Eu, também, gostava de tocar violão. Essa foto foi tirada em 1947, registrando

um momento de descontração, na chácara do papai. A criança ao fundo é

o Renam, meu sobrinho, com pouco mais de 1 ano.

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Minha Família

Casei-me com Luiz Pimenta Netto, em janeiro de 1945 e me divorciei em 1964. Dessa união vieram os meus dois abençoados filhos: Sheila Maria e Paulo Dawton.

Minha filha nasceu no dia 26 de janeiro de 1946. Tenho na lembrança o dia do seu nascimento. Goiânia estava às escuras, pois a usina Jaó, que na época gerava energia para a cidade, foi levada por forte temporal. Às 5 horas da manhã, Sheila veio ao mundo iluminada pela luz de um lampião. Eu a amei infinitamente no momento em que a vi. Mamãe, que estava ao meu lado, consolou-me quando chorei com medo de perdê-la.

O avô Pimenta esperava, com ansiedade, a chegada de sua primeira neta e foi também o primeiro a visitá-la no hospital. Ele dedicou muito amor a neta e se orgulhou dos bisnetos Leonardo e Rodrigo.

Sheila e o orgulhoso avô Pimenta - 1976.

Sheila com 9 mesesSr. Pimenta com os bisnetos Rodrigo e

Leonardo

Um fato engraçado aconteceu quando a Sheila tinha 4 anos. O milho

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186 • Elza Baiocchi

verde sempre foi a sua guloseima predileta. Uma ocasião, ela estava brincando na porta de casa e apareceu um vendedor de milho. Eu estava costurando, distraída com o meu trabalho, quando ela entrou correndo em casa, e bradou, angustiada:

— Mãe, compra milho!— Milho verde, perguntei?E ela na maior aflição, sacudindo os

dedinhos das duas mãos, exclamou:— Não, mãe!...tá madurinho!

madurinho!...Sheila, em 1983, concluiu seu curso de

Direito, na Universidade Católica de Goiás.Atualmente, é Consultora Jurídica da

Câmara Municipal de Goiânia.Casou-se com Jairo dos Santos Lousa,

Engenheiro Agrônomo, em 1970 e tiveram dois filhos: Leonardo e Rodrigo.

Leonardo nasceu em São Paulo, capital, em 20 de julho de 1971. Faz Administração de Empresas na Universidade Católica de Goiás, cursando o seu último ano.

Sheila (4 anos) e Paulo Dawton (2 anos) - natal de 1949.

Sheila (5 anos) e Paulo Dawton (3 anos) - natal de 1950.

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Sheila Maria em seu primeiro baile. Seu “debut” - Jóquei Clube - 1961.

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Sheila Maria (12 anos) quando foi estudar em Lavras (MG) no Instituto Gamon -1958 - ao lado de seu irmão Paulo Dawton (10 anos).

Sheila pensativa - íbirapuera (SP) - 1976. Desfilando no Jóquei Clube (caçadora).

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Jairo e Sheila no seu casamento

Rodrigo nasceu em 18 de Dezembro de 1972, tendo concluído o curso de Agronomia na Universidade Federal de Goiás em 1990.

Sempre foram muito unidos, estudando nos mesmos colégios, desde o Jardim da Infância. Meninos comportados, nunca deram trabalho aos pais na sua educação.

Trazem a musicalidade no sangue e por isso, desde tenra idade, dedicaram-se ao violão. Rodrigo aprendeu teoria musical com professores particulares.

Em 1991 se integraram à banda “Mandatory Suicide” - Léo, na guitarra e Rodrigo, no baixo - e permanecem até hoje, realizando shows em Campinas e Americana (SP) e em outras cidades do Brasil, inclusive Goiânia.

Muito me orgulho desses netos pelo caráter e comportamento exemplares e pelo amor que dedicam a mim.

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Leonardo e suas guitarras - 1988.

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A banda Mandatory Suicide. Ao redor do meu fusca: Rodrigo na traseira, Homero na porta e

Marcelo à esquerda de Leonardo.

Leonardo, meu neto e colaborador.

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Rodrigo e seu inseparável violão.

Rodrigo no dia de sua formatura.

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Rodrigo e os pais, no dia de sua formatara em Agronomia -1995.

Jairo, Sheila, Rodrigo e Leonardo - 1995.

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Janeiro - 2000 - Sheila e sua madrinha querida, Mafalda, em Prado (sul da Bahia) quando da passagem do ano 2000.

Paulo Dawton nasceu no dia 14 de fevereiro de 1948, às 7 horas da manhã, na Maternidade Dona Gercina, como a sua irmã.

Até os 6 anos, foi uma criança afável e meiga; depois, se tornou o “terror” dos primos mais novos. Tinha ciúmes dos carinhos que eu dispensava ao meu querido afilhado Beto (filho da Vera) e quando este cruzava o seu caminho, eu só ouvia o choro: - Madrinha, o Paulo me deu um coque! Paulo criou fama de levado e quando se ouvia choro no meio da meninada, alguém dizia: - Foi o Paulo!...

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Paulo num “chamego” com a mãe no dia de seu segundo aniversário -1950.

Paulo Dawton, no seu primeiro aniversário - 1949

Paulo na casa da vovó Carmela, no Rio de Janeiro, em 1951, em companhia da lia Wânia, Tia Gilda, vó Carmela e sua mãe.

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Paulo, com 3 anos. Foto tirada pelo vô Pimenta -1951

Paulo, na adolescência, quando morava em Brasília, na casa da tia Gilda, ao lado

do primo Erastinho (meu afilhado querido).

Paulo, em 1980, ao lado da mãe e da mana Sheila, no dia do casamento de seu

primo Juliano.

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Meu filho era uma criança peralta, mas sempre foi e ainda é até hoje, uma pessoa carinhosa, terna, amiga e muito inteligente, daí o sucesso em tudo o que faz.

Sempre apreciou a música, chegando a compor algumas. Ganhou, com uma delas, em parceria com o amigo César Canedo, o primeiro lugar no Primeiro Festival da Música Goiana.

Tinha como hobby o Kart e por diversas vezes conseguiu o primeiro lugar no Kartódromo de Brasília, recebendo inúmeros troféus Conforme “Jornal de Brasília” do dia 11/08/ 1977, Paulo foi o grande vencedor na categoria PC/125 cc

Abandonou a música e o Kart para se dedicar a sua empresa em Brasília. Considero-o afortunado, não só nos

negócios que administra, mas pelas amizades que adquiriu ao longo da sua caminhada, amigos esses que ele traz no coração e cuja afeição é correspondida integralmente.

Paulo concorrendo ao 1° Festival Goiano de Música Popular

Os troféus, adquiridos pelo Paulo no kart, entre eles, o Bandeirante, 1” lugar no Primeiro Festival Goiano de Música Popular.

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Na corrida de kart do dia 11/08/1977 “Paulo Dawton Baiocchi, na classificação geral, foi o grande vencedor” conforme reportagem do Jornal de Brasília desse mesmo dia

É alegre, espirituoso e gosta de piadas. Sua presença, em qualquer recinto, transforma o ambiente em um círculo de alegria, provocando risadas e distribuindo bom humor.

E uma pessoa imprescindível na roda de amigos ou no seio da família. Paulo tinha 3 anos de idade quando aconteceu um fato engraçado. O Gelci (cunhado da Celeste), gostava muito de provocá-lo. Um dia, ele chegou em nossa casa e começou a inquiri-lo sobre onde estavam o dono da casa, a dona, a empregada e as respostas eram: “Saiu”, “tá trabalhando”, “não sei”... Então o Gelci lhe perguntou:

— Onde está você!— Estou aqui! Respondeu.— Aqui, onde?— Aqui, ora!— Aqui, onde Paulinho?E ele, já irritado, olhou para os pés e respondeu, categórico:— Aqui, ó!..dentro da botina!

Casou-se com Ana Lúcia Vilela, no dia 20 de setembro de 1985, na Igreja Santa Cruz, em Brasília.

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Até nesse dia ele fez piada, provocando risadas incontroláveis dos convidados e do padre que celebrava a cerimônia. Quando o sacerdote perguntou se alguém sabia de algum impedimento para realizar a união, o Paulo, num repente, levou o braço direito para trás e com o indicador em riste o movimentava em sinal negativo. Foi uma risada só!

Dessa união nasceram 2 filhos que são o nosso tesouro e nossa felicidade: Lucca e a minha primeira e única neta Paula, crianças encantadoras e muito educadas.

Lucca nasceu em Brasília, no dia 28 de março de 1988, ano do centenário do papai. Seu nome é o mesmo da cidade onde nasceu o bisavô e o Paulo quis lhe prestar uma homenagem.

Hoje, com doze anos de idade, cursa a sexta série do colegial (equivalente ao segundo ano ginasial); estuda inglês e violão, além de mostrar competência com o computador e o vídeo game.

Abril de 1988 - papai coruja e Lucca (com 3 dias). A felicidade bateu em

nossa porta!

Lucca, com 9 meses - dezembro de 1988.

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200 • Elza Baiocchi

Lucca no colo da carinhosa mãe, Ana Lúcia Vilela.

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Lucca (hoje com 13 anos) quando tinha 10 anos em 1998.Lucca, com 3 anos e 5 meses.

Agosto de 1981

1998 - Lucca , com o pai, co-pilotando sua lancha no lago Paranoá, em Brasília.

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202 • Elza Baiocchi

Paula nasceu em Brasília, no dia 30 de outubro de 1990. É excelente aluna da terceira série primária, com 9 anos de idade. Como o irmão, estuda inglês, gosta de dançar, aprecia a música e conhece quase todos os sucessos do momento. Gosto de ouvi-la cantarolar as músicas que sabe. Ambos têm boa voz, ritmo e são muito afinados.

Paula com 4 meses.

Paula com 9 meses.

Paula com 4 anos.

Paula com 3 anos.

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Paula, na sua casinha de bonecas, que a vovó mandou construir na fazenda

do tio Jairo.

1998 - Paula, “xodozando” o pai, no condomínio Marupiara, em Aruanã.

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204 • Elza Baiocchi

Hoje, Lucca com 13 anos...

Paula, com 11 anos

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Paula é amiga e apreciadora dos pais, é tagarela e, com sua meiguice, cativa a todos.

Lucca, com sua inteligência e precoce sabedoria tem um futuro promissor, assim como a sua irmã, espero.

Meus netos são belos!

Sinto-me recompensada pela minha vida laboriosa ao considerar, como benção, a família extraordinária que Deus me deu .

Dezembro de 1999 - um momento de descontração na casa da tia Sheila, em Goiânia. Rodrigo e Lucca ao violão; Flávia, esposa do Léo, Paula e Adriana,

namorada do Rodrigo, formam o coral.

O meu tesouro: minha família reunida no Reveillon em 1998, em Aruanã, no condomínio Marupiara. Rodrigo, Paulo com os filhos, Lucca e Paula, Elza,

Sheila, Leonardo e Flávia.

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206 • Elza Baiocchi

Maria Aurora Cândido da SilvaEu também tive minha “filha por dádiva”:

Guardo viva e terna a lembrança do dia em que raiou a “Aurora” em nossas vidas. Dia afortunado foi aquele!

Com apenas 10 anos de idade, menina ainda, ela veio para ficar. O Paulo era recém-nascido e logo se apegou a ela, a ponto de preferir o seu colo, ao meu.

Foi por suas mãos generosas que o meu filho recebeu todo o carinho e cuidados que uma criança requer. Foram 6 anos de convivência com aquela que se tornaria a filha dedicada, amorosa, dócil e fiel companheira.

Com 16 anos, casou-se, em 20 de julho de 1954, com o professor Mauro de Almeida, membro de tradicional família goiana.

Tiveram 7 filhos, os quais considero como netos:

Nina de Almeida, Marilúcia de Almeida, Marta de Almeida, Suzana de Almeida Peixoto, Suelene de Almeida, Silvana de Almeida e José Pedro de Almeida.

As primeiras filhas da Aurora: Nina, Marilúcia, Martha e Suzana.

Aurora, com os filhos, no alpendre de sua casa. Suelene carrega, ao colo, o meu neto

Leonardo, com 1 ano de idade - 1972.

Aurora e família em maio de 1999.

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Formação Escolar

Iniciei e concluí os meus cursos escolares em escolas públicas. No meu tempo, eram as melhores porque o seu corpo docente constituía-se de professores altamente capacitados.

O primário eu fiz no Grupo Escolar Estadual, em Goiás e comecei a fazer o admissão ao Ginásio no Liceu de Goiás. Em 1939, aos 13 anos, fui estudar interna no Colégio Santa Clara, em Campinas (GO), onde cursei o segundo ano do Curso Complementar, que permitia o ingresso ao Curso Normal.

Aos 13 anos, quando fui estudar no Colégio Santa Clara, em Campinas - GO.

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208 • Elza Baiocchi

Normalistandas de 1944 - Escola Normal Oficial de Goiás. Nosso último dia de aula. No coreto de Goiânia, na Praça Cívica. Na primeira fila em cima, esquerda para a direita: Gislaine de Bastos Curado, Sílvia Coutinho, Albertina de Grammont Machado, Rosa

Perdiz de Carvalho; na segunda fila: Maria de Lourdes Martins de Araújo, Clarize Pinto (oradora), Elza Baiocchi, Maria das Graças Guimarães, Inez Godinho, Nair

Cupertino de Barros Amorin (irmã da Eleni, minha cunhada), Luiza Antonieta Martins Batista, Maria Felisberta Gonzaga, Sônia Fleury Curado; terceira fila: Sílvia Lourdes do Nascimento, Maria Benedita Sottile, Laia Paes Leme, Maria de Lourdes Cruvinel.

Em Goiânia, me matriculei na Escola Normal Oficial, onde fiz 4 anos e me formei Normalista, em dezembro de 1944 .

A Dra. Amália, catedrática de Geografia, Corografia do Brasil e Cosmografia, e minha madrinha de formatura, foi o exemplo vivo da professora moderna, encarnando a Escola Nova e, dessa forma, cativava suas alunas que se transformavam em suas fiéis amigas. A rotina fastidiosa das aulas era substituída por palestras de interesse dos alunos, passeios campestres, excursões ou recreação. Nos tornamos grandes amigas.

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Amália, primeira à esquerda, minha dileta amiga, professora e madrinha, no dia do primeiro aniversário do meu filho Paulo -fevereiro 1949 - Vê-se na foto: Amália, mamãe,

Eleni, eu, com o Paulo no colo, e o Luiz. Em baixo, Dracma, tia do Paulo e uma amiguinha.

No intervalo de aula: Rosa, eu, Maria do Rosário e Maria Margarida.

Em 1963 ingressei na Faculdade de Filosofia, Letras e Educação, da Universidade Federal de Goiás (UFG), participando da primeira turma de licenciados do curso de Pedagogia, em 1966.

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210 • Elza Baiocchi

Minhas Atividades ProfissionaisPosso dizer que vivi plenamente: infância e juventude abastadas e felizes

na companhia de meus pais e irmãos, sempre presentes, tendo como exemplo, a probidade dos mesmos.

Estudei, trabalhei, tive filhos, plantei árvores e escrevi um livro, portanto, está completa a minha vida.

Dentre as irmãs, fui a única a prover o sustento de meus filhos com trabalhos fora de casa. Não me queixo, foi muito bom.

Comecei minha lide profissional como modista, confeccionando, primeiro em casa, quando meus filhos eram pequenos, e continuei com essa profissão até 1977. A costura acompanhou por mais de 40 anos a minha vida.

Comecei a lecionar em 1953, admitida em concurso, no Instituto Araguaia, como professora de Português e Geografia, da quinta série.

Em 1956 ingressei na vida pública, como professora primária até 1959, quando fui designada para o cargo de Supervisor do Ensino Primário Municipal. Depois, em 1960, fui nomeada Inspetora Escolar e designada para exercer, em comissão, o cargo de Diretor Superintendente do Ensino Primário, que era equivalente à Secretaria do Ensino Municipal, no que foi transformado posteriormente. Era prefeito, na época, o saudoso jornalista Jaime Câmara.

Lecionei Português no Ginásio do município e Metodologia e Prática de Ensino na Escola Normal Municipal e no Instituto de educação de Goiás.

Em 1966 pedi demissão de meu cargo na prefeitura e me mudei para São Paulo. Após viver durante 12 anos na capital paulista, voltei a Goiânia e três anos depois, em 1980, fui contratada pelo então Presidente da Fundação Estadual do Bem Estar do Menor (Febem-GO), Sr. Rômulo Adolfo Alvim, para o cargo de Supervisora Educacional, como Coordenadora do Núcleo Piloto Preventivo de Goiânia (NPPG). De 1980 a 1991 fui titular da Divisão de Atendimento ao Menor Infrator, do Departamento de Coordenação e Execução, e Chefe do Departamento de Apoio ao Menor.

Em 1991 me aposentei, com a certeza de ter servido à minha terra, educando jovens e executando um trabalho verdadeiramente comprometido com os problemas que envolvem os menores de nosso Estado. Tenho consciência de qüe o melhor de mim foi dado nessa tarefa social às populações menos favorecidas.

Agradeço àqueles que direta ou indiretamente colaboraram e acreditaram no nosso trabalho, quer incentivando, quer colocando, comigo, “a mão na massa”. Obrigada!

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O dia da minha posse ao cargo de Diretora Superintendente do Ensino Primário Municipal, vendo-se o então prefeito municipal, amigo e jornalista Jaime Câmara e a

Secretária de Educação do Estado, na época.

Quando coordenava o Núcleo Piloto Preventivo de Goiânia, trabalhando ao lado da competente coordenadora de um dos Programas da Febem, Dilza Carmel Teixeira Toledo.

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212 • Elza Baiocchi

Coral do N.P.P.G. - 1981.

A Banda do N.P.P.G.

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Grupo de Produção do N.P.P.G.

Curso de Arte Culinária para as mães. Ao centro, o então Presidente da Febem, Sr. Rômulo Adolfo Alvim e o Diretor Técnico, Renato Manatta.

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214 • Elza Baiocchi

Natal das crianças do N.P.RG. - 1982.

N.P.P.G. - 1983 ~- Marcenaria - Grupo de menores com o professor Raimundo.

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VERA

era, aos 17 anos - 1945.

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216 • Elza Baiocchi

Nasceu em 19 de junho de 1928.

Sempre foi muito bonita! Loira, de olhos verdes, esbelta e muito meiga. O seu temperamento, todos concordam, é o mesmo da mamãe: sereno e sossegado.

A proximidade de nossas idades - apenas dois anos de diferença - nos tornou muito ligadas, tanto na infância como na adolescência.

Não posso falar na Vera sem falar em mim.

Quando crianças brincávamos de “cabra-cega”, e ela, invariavelmente, procurava me pegar e quando conseguia, o seu comportamento era hilariante: -”Peguei a E...za! Peguei a E...za!” Exclamava, dando pulinhos de felicidade. Eza, é como ela me chama até hoje. Eu me sentia como sua guardiã, estava sempre de olho nela. E como me provocava!...

Como uma criança procede quando recebe da mãe uma guloseima? Devora-a, imediatamente, não é? A Vera, não! Deixava sempre a sua para comer depois que todos já haviam terminado, fazendo figa - denominação dada a quem exibe alguma coisa e quer dizer: eu tenho e você não têm - e corria...aí vocês já viram, não é? Eu lhe dava um “pescoção” e pronto...estava armada a confusão. Ela “abria a boca” -chorava para chamar a atenção da mamãe. Eu, mais que depressa, a acalentava, com “paura” da “mamma” que, por isso, chamava-me de “mão leve”.

Apesar desses contratempos, éramos inseparáveis. Em todas as brincadeiras: chicotinho queimado, quitute, escola, teatro, banho na mandobeira etc, estávamos sempre juntas. E por falar em mandobeira, os banhos eram escondidos, sem o consentimento da mamãe e quando ela nos surpreendia, a Vera logo exclamava: -”Foi a Eza, mãe! Ela me levou!” Aí, como sempre, “a taça” era infalível, inevitável, irremediável! E que surra!

Mamãe, em todos os carnavais, gostava de nos fantasiar para a folia das matinês infantis. Eu adorava, mas a Vera tinha que ir também, apesar do seu indefinível entusiasmo. Quase sempre participávamos de blocos carnavalescos com outras crianças. Uma ocasião, a fantasia escolhida pelo bloco foi a de “mascote do regimento” - nome do filme de Shirley Temple, recorde de bilheteria nessa época. Eu me lembro bem, era uma roupa de soldadinho, túnica e calças de lamê azulão,

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com botões e galões dourados, cartolas super enfeitadas, imitando os chapéus dos guardiões do palácio da Rainha da Inglaterra, era o máximo! Uma lindura!

E a Vera, o que fez? Simplesmente se recusou a vestir a fantasia e ir à matinê, dizendo: -”Num vô não”!...e “num foi mesmo”! Nesse dia ela me fez chorar de raiva. Acontece que o bloco havia ensaiado uma coreografia e a Vera era o meu par. Sem ela, tive que desfilar sozinha, nem sei como. Não pude participar dos “remelexos coreográficos” que nos deram tanto trabalho para ensaiar. E essa não foi a primeira nem a última vez. Em outras ocasiões, repetiu a dose. Quantas e

quantas vezes ela “aprontou”! Perdi a conta. Era comum nesse tempo “você só vai se a fulana for”. Muitas vezes a Vera deixou de ir aos bailes do Jóquei, na última hora, deixando os vestidos lindos, como era de costume, passadinhos e engomadinhos, estirados em cima da cama.

Em 1939, mamãe preparava o meu enxoval para eu ir para o internato do Colégio Santa Clara, em Campinas. Lençóis e colchas de pique, branquinhos, uniformes, meias, sapatos, tudo novinho, uma “belezura”. A Vera, não sei “porque cargas d’água”, quis ir também. Chorou e chorou tanto, que a mamãe resolveu mandá-la comigo. Tinha ela 11 anos de idade e eu 13. Com poucos dias de internato, a Vera começou a “estrilar”. Detestou o colégio e só queria voltar para casa. Era uma criança, a pobre mana, e o meu sofrimento era maior que o dela ao vê-la choramingando pelos cantos.

Todo o último domingo do mês era “dia de saída”. Para felicidade nossa, o tio Oreste ia nos buscar para passarmos o dia - mamãe ainda morava em Goiás com o Pilinha recém-nascido. O domingo era fantástico! Tia Raimunda e a Celeste faziam de tudo para nos agradar. Mas, o retorno ao colégio era “um deus nos acuda”! Quando chegava à tardinha, meu tio Oreste, para enganá-la, nos convidava para um passeio de carro...Quando se aproximava de Campinas, a Vera começava o “chororô”. O pior acontecia quando chegávamos no colégio. Ela aprontava tamanho barulho que as freiras vinham todas acudir. A sala de visitas ficava cheia. Elas sabiam da “queda de braço” que estava por vir. Enfrentavam um tal de puxa pra cá e puxa pra lá - a Vera no meio - para ver quem levava a melhor. A Vera se agarrava nas pernas do tio Oreste, enquanto as irmãs tentavam arrastá-la de lá. No fim da “labuta”, as religiosas levavam vantagem e carregavam

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a mana, aos prantos, para dentro. Eu ficava arrasada com tudo aquilo e chorava também. Com muito carinho conseguia acalmar a irmãzinha que permanecia horas inconsolável.

Essa “pendenga” durou um semestre, portanto, se repetiu seis vezes ainda, antes que a mamãe resolvesse deixar a Vera no regime de semi-internato, isto é, passava o dia no colégio e dormia em casa da tia Raimunda, até o dia da mudança da mamãe para Goiânia, em 1940.

As coisas mudaram depois que fomos transferidas para a Escola Normal Oficial de Goiânia, onde estudamos até formarmos. O curso constava de seis anos - dois anos complementares e quatro anos de normal. Nos tornamos normalistas, eu, em 1944, e a Vera, em 1945. Aleluia!...

Ela se casou com o bancário Wagner Costa em 1946, e se revelou ótima dona de casa. Até hoje faz uns quitutes de dar água na boca. Como mãe, então, nem se fala. Seus quatro filhos: Neusa Suely, Maurício Wagner, Roberto Wagner e Arnaldo Luiz, receberam dos pais muito carinho e dedicação. O Roberto (Beto), meu afilhado, herdou do pai e do avô Pilade o talento para os negócios e a bravura para enfrentar o desconhecido. Amo esses sobrinhos como se meus filhos fossem! O Maurício, engenheiro mecânico, além de capaz em sua profissão, se destaca pelo seu bom humor e educação. O Arnaldo, pela sua meiguice e coração magnânimo, e Neusa, pela sua fé inabalável em Cristo e Maria e pela sua arte na costura, o que faz com perfeição e bom gosto, legado de seu avô Pilade.

O Wagner possui características inconfundíveis. Se destaca pela sua austeridade e exemplo dignificante, qualidades essas transmitidas aos filhos e netos.

Ele soube cativar a todos da nossa família pelo o que ele é: bom esposo, pai exemplar, companheiro e amigo nas horas difíceis.

A Vera é muito querida por todos os irmãos e cunhados. Sua docilidade nos encanta e nos faz amá-la cada vez mais. Seu modo de ser nos lembra a mamãe em todos os aspectos. A mansitude, a tolerância, a calma, a sinceridade, a solidariedade, a bravura, são os requisitos que fazem dela a melhor filha, esposa, mãe, avó, bisavó, irmã, cunhada e tia, requisitos que foram também da mamma Carmela.

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Vera, na sua formatura na Escola Normal Oficial - 1945.

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Vera e Wagner em suas núpcias - 23/02/1946

Wagner Vera e a primeira filha, Neusa Suely, com 1 ano

de idade - 1947.

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Neusa Suely com 2 anos e a prima Sheila Maria.

Roberto Wagner (Betinho) quando criança.

Vera, em Natal (RN) com seu primeiro neto, Rogério, em seu primeiro aniversário, tendo ao lado os pais (Neusa e José) e os tios Maurício e Arnaldo - 1968.

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Maurício, Diva e os filhos quando pequenos: Márcio, Gustavo e Carolina.

Maurício e Diva com os filhos já crescidi

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O saudoso José de Castro Pinto e a família: Neusa Suely e os filho Rogério,Vanessa e Reginaldo, quando crianças.

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Maurício Wagner, à esquerda no dia de sua formatura, ao lado dos pais, Wagner e Vera e do irmão Roberto Wagner (Betinho), meu querido afilhado.

Vera, Wagner e os 4 filhos. Maurício (à esquerda), Neusa (no centro), Roberto e Arnaldo (à direita), em sua casa de praia, em Prado (BA), durante um verão.

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Neusa, noras e netos: à esquerda, Andreia e o filho Fernando; à direita, Maísa e o filho caçula Matheus.

O casal Wagner-Vera e seu Ioneto, Rogério.

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A Vera e os bisnestos: Marcos, Mateus e Fernando.

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Vera e os bisnetos: Marcos, Mateus e Fernando.

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CÉLIA

Célia com 13 anos - 1943.

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Nasceu era 2 de agosto de 1930.

Época agitada da Revolução em Goiás.

Conta o José, nessa ocasião com 10 anos, que haviam os partidários do então Presidente de Goiás, Dr. Brasil Ramos Caiado: Seus irmãos Antônio de Ramos Caiado (Totó) e Arnulfo Caiado, Jucá Dantas, entre muitos. Papai pertencia à outra facção, a de Pedro Ludovico e seus correligionários Mário e Jarbas Caiado, Albatênio de Godói e outros. Por essa razão, papai era “persona não grata” para os situacionistas.

Em um desses conturbados dias, a Célia, recém-nascida, teve um problema de saúde (doença renal), com inchação, o que perturbou muito o papai. Ele pegou o seu carro e em desabalada carreira foi buscar o médico para salvar sua filha. Foi o suficiente para os seus opositores tratarem logo de mandar prendê-lo, alegando excesso de velocidade.

Papai, quando voltou, parou o carro na porta da agência, desceu e entrou com o médico, fechando a porta atrás de si. Enquanto o médico atendia a paciente, papai pegou sua arma de caça (uma espingarda) e, agitado, espalhou sobre a mesa de jantar os cartuchos, calibre 16 e ficou aguardando os acontecimentos. Nisso se ouve um estampido muito forte, como produzido por arma de fogo, provocado pelo furo do pneu do carro estacionado na porta minutos antes. O Sr. Jucá Dantas, inspetor de trânsito, incumbido de rebocar o carro, levou o maior susto, e, pensando tratar-se de tiro de arma de fogo, saiu correndo em disparada, provocando risos e gargalhadas daqueles curiosos que queriam ver “o circo pegar fogo”.

Esse fato precisava ser narrado aqui, por sua hilaridade e por se tratar de um acontecimento da época em que a mana nasceu.

Devo ressaltar que apesar das divergências políticas, papai era amigo e companheiro de caçadas do Dr. Brasil Caiado. Papai devia receber 70 Contos de Réis pelo fornecimento de materiais ao Estado. Na véspera de deixar o cargo de Presidente do Estado, Dr. Brasil autorizou o Secretário de Finanças, Luiz Guedes de Amorim, a pagar papai até o último centavo. E assim foi feito..

A Célia sempre foi muito engraçadinha. Braços e perninhas curtas, roliças, rechonchuda e muito viva, muito esperta, era o “dodói” dos mais velhos. Papai tinha verdadeiro apego por ela. Afeiçoou-se tanto a

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ela que causava ciúmes às outras filhas maiores, pois ela era a única que papai pegava no colo, quando criança.

Precisavam vê-la, aos 4 aninhos, patinando, em rodopios na pista pavimentada, enquanto as outras crianças, da mesma idade, mal conseguiam dar um passo com os patins. Equilibrando-se sobre as rodas, aquela menininha rodopiava na pista arrancando aplausos do público presente, como uma atração à parte, ela, toda orgulhosa, agradecia a platéia com um aceno. Ela sabia que estava chamando a atenção de todos e gostava disso.

Toda fantasia de carnaval lhe caía bem e era um show quando desfilava.

Gingava como gente grande e seu ritmo era perfeito. Papai a chamava de “michelin”, aquele boneco redondo que aparece nos cartazes de propaganda dos pneus de mesmo nome.

Precoce em todos os sentidos, conhecia e cantava com voz afinada todos os sucessos, dançava muito bem e patinava desde a mais tenra idade. Gostava de se exibir: aos 12 anos já se maquiava e usava saltos altos, o que na ocasião era proibido para menores de 16 anos. Eu ficava “possessa” e me zangava com ela. Aos 14 anos já descoloria os cabelos e ficava loiríssima como Jean Harlow, artista “vamp” do cinema americano. Adorava jóias e tinha uma “penca” delas. Mamãe acatava tudo com a maior paciência e “bradava” (brigava) comigo quando eu implicava com ela.

Célia na adolescência.

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Todos que a conheciam se encantavam com ela. Sabem quem se parece muito com ela quando criança? A sua neta Beatriz me faz lembrar muito a sua avó, menina.

Tem um “causo” que devo contar. Ela devia ter uns dois ou três anos de idade e havia uma senhora, que mais tarde se tornou minha amiga, a senhora Fia Bruger. Seu marido era proprietário de uma padaria, na rua 13 e a Fia o ajudava nas vendas. A primeira vez que ela viu a Célia, ficou encantada, pegou-a no colo, beijou-a, abraçou-a e para acalmar seu “faniquito” (vontade de apertar, de morder) tinha que dar uma “mordiscadinha” em seu braço gordinho, e como agradecimento, em seguida, dava-lhe uma moeda de 100 Réis, que eqüivalia a dez “puxas” (melado grosso, puxento, feito de rapadura que a criançada adorava). Não deu outra: quando mamãe me mandava comprar pão, só ia se levasse a guria dos 100 Réis. Lá chegando, ela estendia o bracinho curto, com certa relutância, se oferecendo para a mordida que nos renderia 10 puxas.

No começo, apesar das investidas, a Célia se recusava, mas, depois, induzida pelo resultado da operação, ela, onde quer que encontrasse a Fia, tratava logo de esticar o bracinho em sua direção. Era muito engraçado e nunca vou me esquecer disso.

Em Goiânia, já mocinha, muito charmosa, por sinal muito elegante - só gostava do que era bom - foi a única mulher da família a trabalhar na Agência, no caixa e a primeira a dirigir um carro, depois de adquirir a carteira de motorista. Possui temperamento alegre e extrovertido e por isso muitas amizades.

Tenho orgulho em dizer que ela, além de irmã querida, é minha comadre, madrinha do meu filho, Paulo.

Como todas as irmãs, teve também o seu companheiro, Frederico Hipólito de Medeiros, um carioca muito bonito, de temperamento alegre e comunicativo que lhe deu 4 filhos: Eduardo, Sônia, Ricardo e Maria Aparecida. Esse casal lutou com muita bravura para criar seus filhos.

A Célia, no princípio, se dedicou exclusivamente à família, cuidando da casa e da criação dos filhos pequenos. Depois, quando eles cresceram um pouco mais, ela tratou de ajudar o marido nas lides profissionais, dirigindo, com ele, uma banca de jornais e revistas. Ele lhe deu a casa onde viveram e que hoje, com a nova construção que os filhos empreenderam, se transformou num oásis, um recanto belo a aprazível, onde toda a família se reúne nos

Célia, na entrada do antigo Jóquei Clube.

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Célia e Frederico, na lua de mel, com a família, comemo rando o Carnaval. Da esquer-da para a direita: eu, Gilda, Erasto e afilha Carmela (com 6 meses), Frederico, Célia,

Elza Dionísio, sua mãe, o Ézzio e afilha Lourdinha ao colo.

feriados e nos fins de semana, apreciando o belo e comendo o de melhor: a macarronada e a pizza napolitana da mamma.

Lutou muito, foi uma verdadeira heroína na educação dos filhos, encaminhando-os até o curso universitário, dando a eles a segurança, o conforto e a estabilidade financeira que desfrutam hoje.

Ave, Célia! Mana de grande coragem, de sentimentos nobres e virtudes excepcionais!...

Célia e Frederico no Rio de Janeiro, ainda solteiros.

O Casal com o primogênito Eduardo com 3 meses.

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Frederico e os 4 filhos pequenos: Eduardo, Sônia, Ricardo e Maria Aparecida.

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Sônia Andréa, seu sorriso e sua simpatia, na infância. Esta foto foi tirada por mim em uma de minhas idas à BrasUia, quando morava em São Paulo. Sônia se revelou como

atriz de teatro e repórter fotográfica, sendo autora das melhores fotos atuais deste livro.

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Célia e os filhos, quando crianças. Sentada, no chão, a saudosa sobrinha Deise (filha do mano Pilinha e da Marisa).

Célia, seus filhos, genros, noras e netos: três gerações. Ia fila, da esquerda p/ a direita: Célia, Dora, Eduardo, Janaína, Ricardo, Cecília, M” Aparecida (Cida), Sônia com a

Beatriz ao colo, Marcos e Hugo. Sentados no chão: Guilherme, Rafaela, Felipe e Rafael.

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GILDA

Gilda, na sua formatura - 1953.

Nasceu em 20 de maio de 1932.

Eu tinha apenas 6 anos de idade quando a Gilda nasceu, por esse motivo, só me lembro dela a partir dos seus 3 anos. Era uma criança miúda, de cabelos castanhos claros, levemente ondulados.

Foi a caçula da família por 6 anos, portanto bastante mimada. Só tomava banho quando lhe convinha, e se fosse contrariada, muitas vezes saía ensaboada da bacia, em desabalada carreira pela casa, tentando escapar da Luiza que procurava alcançá-la, antes que ganhasse a rua.

A Gilda ficava aos cuidados da tia Raimunda durante nossos

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passeios ao Araguaia, isto porque, numa dessas viagens, o seu corpinho ficou coberto de feridas, provocadas pelas picadas dos mosquitos. Nessa época não havia repelentes de insetos e a mamãe confeccionava pijamas de calças e mangas compridas para nos proteger, todavia eram insuficientes.

Quando tinha 4 anos se fantasiou de chinesa no carnaval. Na época, estava no auge do sucesso a marcha que dizia: Lá vai o seu China, na ponta do pé, lig li lig - li lig, li lé...Brincávamos sempre de teatro nesse tempo e a Gilda participou do espetáculo usando o seu traje de chinesa e cantando essa música. Foi um sucesso! Nosso público era constituído não só de crianças, mas de adultos: pais, tios etc. Ela era muito engraçadinha e agradou a todos

quando, dançando com passos miúdos, ao ritmo da música levantava os dedos indicadores em movimentos alternados - pra cima e pra baixo - enquanto cantava a música do “seu China”.

A Gilda dava os primeiros passos nessa época, com 1 ano de idade.

Mamãe a apoiava para não cair da cadeirinha - 1933.

Gilda, à direita, com 11 anos, a Mafalda, eu, Vera, Célia e Pilinha - 1944.

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Gilda (10 anos), na “Campanha da Borracha”, durante a 11ª Guerra Mundial - 1943 - quando foi classificada em 1º lugar.

Acontece que ela queria participar de todas as nossas apresentações. Devido à sua pouca idade e para poupar-me maiores trabalhos nos ensaios, eu dizia: -”Você é muito pequena e vai apresentar o lig li lé”. E ela ia! Não se fazia de rogada, até que afinal, depois de quatro ou cinco exibições, ela desanimou e não quis mais participar de nosso teatrinho.

A mana Gilda sempre foi muito persistente em tudo o que fazia.

Durante a Segunda Guerra Mundial, no início da década de 40, sua escola realizou a “Campanha da Borracha”, com a finalidade de arrecadar fundos para a Guerra, premiando o aluno que conseguisse maior quantidade de pneus usados. A Gilda foi a primeira colocada.

Cursou a Faculdade de Direito - junto com o esposo - se bacharelando em advocacia, porém essa nunca foi a sua vocação e, por conseguinte, jamais advogou.

Dedicou toda a sua vida ao bem estar do marido, sendo exclusivamente do lar, tomando para si a responsabilidade dos afazeres domésticos e dos cuidados na criação dos filhos que não foram poucos, cinco ao todo.

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Um dia, vendo os filhos todos casados e bem encaminhados na luta pela subsistência, caiu em si, com a indagação: e agora?...o que eu faço? Muito natural essa ansiedade para quem estivera sempre ocupada, rodeada pelos filhos, cuidando de seus afazeres e, de repente, vê tudo cessar. Foram inquietantes esses momentos para ela, que se sentiu frustrada, a ponto de imaginar que sua vida fora inútil. Percebeu que havia dentro de si bastante energia, que era muito nova e não podia parar. Precisava realizar alguma coisa, mas o quê?...

Em 1996, resolveu freqüentar um curso de pintura, com a pretensão apenas de passar o tempo. Motivada pela mestra que viu nela uma artista em potencial, a Gilda se dedicou de corpo e alma à sua arte. Num repente, eclodiu a artista plástica

Gayatry, nome indiano, que lhe fora concedido pelo seu Guru, Swami-ji Tilak. Seu estilo eclético, muito pessoal, agradou, e a aceitação de seus trabalhos foi evidente.

Dedicou-se, também, à escultura, realizou exposições e não parou mais. Afinal, Gayatri encontrou sua verdadeira vocação: a de deleitar aqueles que tiveram a doce ventura de conhecer suas obras.

Mauro, eu e Juliano, prestigiando a Gilda em uma de suas exposições, em Brasília - 1997.

Gilda - Gayatri -1997! “Mulher”, o nome dado à obra.Colhereiro” - obra de Gayatri - 1997.

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Casou-se com Erasto Villa-Verde de Carvalho, emérito advogado, muito conceituado em Brasília e pai de seus cinco filhos: Carmela, Marcelo, Juliano, Erasto Filho (meu afilhado) e Kênia Mara.

Batalhador incansável, sincero, modesto e muito amigo de nossa família, Erasto dedicou sua vida à família e à advocacia - que ele ama como ninguém - e até hoje é o sábio conselheiro dos filhos, netos e sobrinhos que contam sempre com seu apoio irrestrito. Para mim, particularmente, sempre foi um irmão e amigo solidário.

Seus filhos herdaram a sua força e determinação. Todos concluíram o curso superior, sendo bem sucedidos nas profissões que escolheram.

Gilda e Erasto no dia do casamento.

Erasto e Gilda em “lua de mel” no Rio de Janeiro.

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Erastínho, meu aflUhado, com 4 anos de idade.

A primeira filha do casal Gilda-Erasto: Carmela. Elvira, no seu 1º aniversário.

Marcelo com 8 meses. “Gostoso” que só ele. O “bodêi” como era

chamado.

Kênia Mara, como dama de honra

Carmela Elvira, na Praça Cívica, em Goiânia, durante parada de 7 de

setembro, com 2 anos de idade.

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Juliano e Erastinho escolheram a profissão do pai, são advogados e, hoje, Procuradores da República e do Banco Central, respectivamente. O Marcelo, arquiteto genial e competente e, como seu padrinho Glauco, poeta também. Brevemente teremos o seu livro de poesias, já no prelo. A Carmela escolheu a Pedagogia como profissão e tem desempenhado, a contento, o seu trabalho de educadora. A Kênia é nutricionista, professora da Universidade de Brasília (UnB) e atualmente reside em São Paulo, onde faz doutorado em sua área.

Seus netos Carolina e Duane, filhos da Carmela, também adotaram a profissão do avô. Carolina forma-se em advocacia, este ano, na Espanha, onde estudou por 4 anos e o Duane, seu irmão, brevemente se tornará outro advogado.

Parabéns Gilda! Parabéns Erasto!

Vocês formaram uma bela família, portanto, merecem as nossas congratulações!

Da esquerda para a direita: Rosana, Bernardo, Erasto, Kênia, Erasto filho e Gilda; Carolina, Gabriel, Juliana, Carmela, Juliano, Marcelo, Gláucia, Duane e Laura. Em

baixo: Luizinha, Erasto César, Natália e Gilda Maria

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PILADE BENITO

Temos tido muitos momentos felizes em nossas vidas. Um dos que me recordo, como dos mais gratificantes, foi o nascimento de nosso irmão Pilade. Quando soubemos que ele viria no mês de outubro, ficamos na expectativa da sua chegada. Durante os meses que se seguiram, fazíamos planos, conjecturávamos sobre o seu sexo, a sua aparência e antevíamos um lindo menino de cabelos loiros e de olhos azuis.

No dia 23 de outubro de 1938, ele nasceu.

Era um menino lindo, porém careca e de olhos castanhos como os da mamãe. Sua cabeça pelada deixava transparecer umas penugens clarinhas, o que nos deu a certeza de que não tínhamos errado quanto à cor de seus cabelos: loiríssimos.

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Pilinha aos 3 meses de idade

Pilinha aos 2 anos de idade

Pilinha aos 2 anos de idade: loiríssimo.

Pilade, no dia do seu batizado, aos 2 meses de idade, no colo

da “dindinha” Mafalda

A caçula, Gilda, beirava os seis anos quando ele nasceu, portanto foi longa a espera de um bebê em nossa casa. Vibramos com sua beleza e mansidão. Tinha tudo para ser o “dodói” de todos e o príncipe da família. Muitas vezes ficavamos à espreita, esperando por um gemido seu, por pequeno que fosse, e, quando isso ocorria, era um “Deus nos acuda”; quatro ou cinco pessoas, incluindo as crianças, corriam para acalentá-lo com mimos exagerados. Aí, pronto, a disputa para pegá-lo ao colo provocava tamanho alvoroço, que ele, assustado, “botava a boca no mundo” e chorava de soluçar.

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Antes do Pilinha nascer, o mano Orlando escreveu uma peça para o nosso teatrinho, na qual troçava de papai fazendo alusão à chegada de seu xará!

A comédia foi encenada pela meninada e provocou risos na platéia, composta não só de crianças, mas por grande número de adultos, inclusive papai.

Hoje o Pilinha continua sendo o nosso xodó, o “irmão do peito” de todos nós, pela sua generosidade, equilíbrio, sabedoria e paciência, qualidades herdadas da mamãe. Tudo nele nos faz lembrá-la.

Está sempre pronto a atender as solicitações dos filhos, irmãos e sobrinhos, com a generosidade que lhe é peculiar. Muito correto em suas decisões, sério, responsável e ponderado, atrai amigos que o admiram e o respeitam. Na área profissional se destacou, chegando, no final da carreira, a conquistar o posto de Diretor da Coordenação de Administração de Edifícios da Câmara dos Deputados, no Distrito Federal.

Hoje, aposentado, colhe os frutos do seu trabalho, empreendendo passeios com seus familiares e amigos, sempre acompanhado da esposa Marisa, sua parceira inseparável e amiga.

Comprou uma Hyundai, de nove lugares, com o propósito de transportar a família, os irmãos, cunhados e sobrinhos nos diversos passeios, inclusive a Cumuruxatiba, no sul da Bahia, onde possui uma aconchegante casa de veraneio. Ali, ele e a Marisa são inigualáveis no tratamento aos seus convidados, oferendo-lhes confortável acolhida.

Agora entendemos o porquê de sua demora em vir a este mundo: Papai do céu queria que tivéssemos um amigo mais jovem e saudável que cuidasse dos “mano veio” com o desvelo que tem nos proporcionado.

Mamãe “xodozando” o caçula aos 4 anos Pilade aos 11 anos

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Que todos os seus descendentes tenham, também, o orgulho que sentimos dele e que eles possam seguir os seus passos, os seus exemplos, sempre, infinitamente!

No início da década de 50, mamãe, por motivo de saúde e por querer ficar ao lado do filho médico, que lhe dava assistência, teve que se mudar, com a família, para o Rio de Janeiro.

Época muito difícil para todos nós que sofremos bastante, mas, graças ao sucesso em seu tratamento, mamãe gozou saúde por muito tempo.

Pilinha, estudando, no Rio de Janeiro.

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Para o Pilinha foi auspiciosa essa mudança porque conheceu aquela que mais tarde seria a sua esposa e mãe de seus filhos, a carioca Marisa Garcia, bela professora e dedicada amiga de mamãe e nossa. O amor se apossou desses dois de uma maneira encantadora, fazendo deles um casal invejável pela união e respeito mútuo: “na dor ou na alegria, na riqueza ou na pobreza, na saúde ou na doença”, temos certeza, estão unidos para sempre.

Pilinha saboreando jabuticabas, sua fruta predileta.

Marisa é outra apreciadora da mesma fruta.

Tiveram quatro filhos: Denise, Deise, Pilade e Marisa.

Deise tinha 10 anos quando Deus a chamou para si.

Denise se casou com João José Vianna (Pipoka), famoso jogador de basquete da Seleção Brasileira, e tiveram 3 filhos: João Filipe, Rebeca e José Maurício.

O Pilinha Filho, casou-se com Soraia Viana e são os seus filhos: Luiza, Renan e Fábio.

A caçula, Marisinha, casou-se com Leonardo Princevali Campos e tiveram dois filhos: André e Débora.

São lindíssimos os meus sobrinhos netos e, também, muito inteligentes, como os pais e os avós.

Pilinha filho, ao lado de uma jabutica-beira com frutas. Seus olhos são como duas jabuticabas, “lindos de morrer”!

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248 • Elza Baiocchi

Denise, a primogênita, no seu primeiro aniversário 11/06/1964 - Goiânia

Denise, em frente ao seu apartamento, em Brasília -setembro de 1971.

Mansinha, Kênia e Deise, brincando no que é hoje o jardim gramado da Quadra 104 Norte,

de Brasília, em frente ao seu apartamento - 1970.

1966 - Denise e Deise em companhia do vovô Pilade, em sua casa no setor

Aeroporto - Goiânia.

Vovô Pilade e a vovó Carmela, com a Denise, aos 6 meses.

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Além da porta do meio, Baú de memórias • 249

Por volta de 1968, eu morava em São Paulo, quando me deparei com um número da revista Manchete, que trazia reportagem sobre o Rio Araguaia, o que me atraiu. Mais surpresa fiquei ao ver que a reportagem de Celso Arnaldo Araújo com fotos de Jader

Neves, trazia a foto de meus queridos sobrinhos, Deise, Pilinha e Marizinha brincando com uma tartaruga, na praia, durante passeio com os pais, que coincidiu com a viagem dos repórteres. Guardo a revista até hoje, porém a capa que traria o número e o mês da mesma, desapareceu, motivo porque não pude citá-los. Eis a foto, cujo rodapé dizia: “E

as tartarugas voltaram às margens do grande Rio, para a alegria das crianças”.

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250 • Elza Baiocchi

Os netos de Pilade e Marisa hoje, vendo-se da esquerda para a direita: Renan, Luiza, João Felipe com a Débora no colo, Rebeca, Fábio, José Maurício e, deitado o bonachão André.

A família Garcia-Baiocchi: da esquerda para a direita: Pilade (filho), tendo ao colo o Fábio, e ao seu lado, sua esposa Soraia e os filhos Luiza e Renan; João José com a filha Rebeca, Denise, com o caçula José Maurício e João Filipe; Leonardo e Marisinha com

os filhos André e Débora, cercam os orgulhosos avós.

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WÂNIA SUELY

A nossa irmã caçula chegou em 1947, no dia 7 de dezembro, mês santificado pelo nascimento de Cristo. Posso asseverar que esse dia foi abençoado com o nascimento de Wânia Suely, pois nos proporcionou inefável contentamento. Costumo-lhe dizer que ela representa o fecho de platina, cravejado de diamantes, cuja finalidade é cerrar o colar de pérolas que são os filhos de Dona Carmela.

Dócil, meiga e bondosa, ela sempre foi, também, o lenitivo que adoçava os dias de nossos pais, ensejando-lhes a alegria de viver. Papai mantinha por ela grande afeição. Homem sisudo, prudente nos afagos aos filhos, se desmanchava em mimos quando ela se aproximava dele e sempre era correspondido.

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Wânia, no dia em que completou 3 anos -1950.

o dia de sua formatura no Jardim da Infância, 25/11/1953 (6 anos). Todos os seus vestidos, inclusive o de noiva

foram confeccionados por mim.

Wânia com seis anos de idade. Wânia em sua primeira comunhão.

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Wânia conheceu aquele que seria seu esposo, Edgard de Medeiros Macedo, (editor desse livro) quando ainda eram crianças. Na época, nossos pais moravam no Rio de Janeiro, o Frederico e a Célia, nossa irmã, eram namorados e o Edgard era o irmão caçula do Frederico (são dois irmãos casados com duas irmãs). Inteligente e talentoso, Edgard, que é carioca, veio da “Cidade Maravilhosa” passar uns tempos com o irmão, em Goiânia, quando reencontrou a Wânia, já mocinha. Soube cativar, com a simpatia que lhe é peculiar, a todos nós e, principalmente, a nossa irmã.

Casaram-se em Goiânia, em 1965, ainda muito jovens, e voltaram a viver no Rio de Janeiro. Lá, aconteceu um fato curioso, quando fizeram o curso de desenho artístico do Liceu de Artes e Ofícos. Edgard já era do ramo, pois trabalhava com desenho publicitário, mas a Wânia, que só se dispôs a freqüentar o Liceu para ficar junto ao marido, foi uma surpreendente revelação como artista.

Anos depois, incentivados pela mana e madrinha Gilda e pelo cunhado Erasto, que já moravam em Brasília, mudaram-se para a “Capital da Esperança”, onde vivem até hoje.

Tiveram três filhos, todos em Brasília: Bruno, Flávia e Michel. Bruno foi levado para o céu, antes de completar cinco anos.

Flávia trabalha no Banco do Brasil e é estudante universitária. Brevemente estará formada em Psicologia. Casou-se com Carlos Henrique Bahia Bustamante, que tem formação superior em informática e também trabalha no Banco do Brasil. O casal tem dois filhos: Lucas e Daniel.

Michel é representante comercial, casado com a advogada Ludimila da Mota Amaral, com quem tem uma filha: Larissa.

Flávia aos 8 anos.

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Michel, aos 6 anos, no “pré”.

A dor da perda prematura do Bruno, seu primogênito, deixou marcas profundas no casal, contudo, a espiritualidade arraigada em suas almas piedosas lhes trouxe a conformação com os desígnios de Deus.

Em Cristo, encontraram o conforto para seus corações sofridos. Ambos, Edgard e Wânia, formaram-se em Teologia, prestando hoje grande serviço à Igreja Católica, através de aulas, palestras e participações em encontros, comunidades, movimentos católicos etc.

Wânia é professora, também, no Curso Superior de Teologia, em Brasília.

Muito ainda poderia dizer sobre a nossa “caçulinha”, porém todos os superlativos seriam insuficientes para retratá-la: filha amantíssima, esposa e mãe super amorosa...

Com inebriante ternura, Wânia trata todos os irmãos e sobrinhos, os quais, encontram nela o apoio inestimável de um colo amigo e sincero.

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Wânia e Edgard, companheiros também nos estudos, felizes no dia da formatura.

Wânia, sempre alegre.

O marido Edgard, nosso editor.

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Wânia com seu ex-professor e semrpe amigo, Padre Giuseppe Perona.

Wânia e a querida sobrinha e afilhada Kênia Mara. Ao fundo a bela Lisboa (Portugal), em viagem feita em 1999.

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A famüia da Wânia reunida: Ludimila e Michel, Flávia e Carlos. Daniel, no colo do vovô Edgard, e o Lucas ao centro, são os filhos de Flávia e Carlos. No colo da vovó

Wânia, Larissa, filha do Michel e da Ludimila.

Flávia e Carlos com os filhos Lucas e Daniel.

Michel e sua filhinha Larissa.

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7. Os Filhos Através dos Tempos - Fotobiografia

No meu velho baú encontrei algumas fotos que relembram momentos de felicidade da família Pilade-Carmela através dos tempos e achei oportuno plublicá-las. Cada uma delas guarda uma estória. Tentarei fazer uma fotobiografia das mesmas.

Nossa família sempre foi muito unida, graças a Deus, e em datas festivas nos encontrávamos para comemorar.

Com exceção das duas primeiras fotografias, que foram planejadas, todas as outras documentam flagrantes desses encontros memoráveis.

Os filhos de dona Carmela, em 1929: Vera (1 ano), Elza (3 anos), Mafalda (5 anos), Mário (7 anos), José (9 anos),

Glauco (11 anos) e Orlando (13 anos).

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A família 1O anos depois - 1939 - no alpendre de nossa casa, em Goiânia. Ao fundo, as gaiolas com os pintassilgos que papai trazia do Takaiú,

e cujo canto ele tanto apreciava.

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Em 1975 nos reunimos por ocasião do casamento do Ronaldo, filho da Mafalda. Presentes estavam os 10 filhos, noras e genros do Sr. Pilade. Só faltaram o Orlando, A

ugusta e família.

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A família e os primeiros netos. Ausentes Orlando e Wânia. Ele, por ser o fotógrafo e ela por que ainda não havia nascido - 1946. Os primeiros netos: Glauquinho, Evandro,

Zenaide e Marinho, presentes. A Sheila estava com duas semanas e a Mafalda grávida do Renan. O jasmineiro ao fundo perfumava o ambiente.

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Os irmãos reunidos na casa da Vera, por ocasião de seu aniversário -junho de 1984. Da esquerda para a direita, Glauco, Elza, Célia, José Pilade Vera, Mafalda, Mário e

Gilda, Ausentes: Orlando e Wânia.

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Os irmãos reunida, mais uma vez, na casa da Vera, por ocasião de seu aniversário -junho de 1985. Nesse dia os onze irmãos estavam presentes. Da esquerda para a

direita: Glauco, Mário, Célia, Vera, Orlando, Mafalda, Elza, José e Gilda. Sentados, os caçulas Wânia e Pilade.

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A família se reuniu em agosto de 1988 para comemorar o centenário de papai. Nem todos os netos puderam comparecer. Estiveram presentes à festa quase todos os

Baiocchi que representaram as famílias dos irmãos do papai. Representando a família do tio Domingos: Varna e Vanda Neuza, Ezzio e a esposa, sogra e cunhada Evanir, Norma e Júlia.; do tio Américo Dirce e Eli; do tio Colombo: César, Mari, habel e os filhos; da tia Oliva: Noêmia e filhos, Jacominho, Joaquim e Wanda; da tia Alzira:

Amélia e esposo; do tio Oreste: Reinaldo e Marconi.

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Os onze irmãos em 1991. Desta vez, em Jaraguá, por ocasião das Bodas de Ouro dos manos Mário-Carmem.

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Os dez irmãos no Rio de Janeiro, em 1996, em uma visita ao mano Orlando que se encontrava enfermo. O Glauco, por motivo de saúde, não pode comparecer. Fomos recebidos, para um almoço, em casa da sobrinha Zenaide (local da foto) que nos

preparou sua formosa macarronada à bolonhesa.

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Em 19/06/2001 a família reunida na casa da Vera, por ocasião de seu aniversário. De pé, da esquerda para direita: Marisa, Pilinha, Wânia, Gilda e sua neta Gilda Maria,

Célia, José, Elza, Carmem, Vera e Maria. Sentados: Mário e Eleni.

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De pé, da esquerda para direita, Vera, Mafalda e Elza. Sentadas, ao lado da mamãe, Célia e Gilda. A Wânia ainda não era nascida.

SÓ AS FILHAS

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1998 - 52 anos depois.

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A nossa última fotografia juntas! As seis irmãs, reunidas na casa da Sônia, autora da foto, em Brasília. A Mafalda estava sentada do meu lado. De repente, ela pulou no meu colo, bem na hora do “flash”. provocando a risada de todas. Ela era assim, expontânea

em suas “molecagens” - 1999.

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Em exposição de pinturas de Gayatri (Gilda), no Senado Federal, Brasília, as irmãs Vera, Gilda, Elza, Wãnia e Célia, ao centro.

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VII - RECEITAS DA MAMMA

Mamãe sempre contou com o auxílio de boas empregadas, mas fazia questão de preparar, ela mesma, a comida que seria servida aos filhos e ao marido, pois conhecia o gosto de cada um e fazia questão de satisfazer o paladar de todos. O Mário e eu, por exemplo, não gostávamos de “polpette” (polpeta) ao molho e ela sempre separava as fritas para nós dois.

Sua comida era de dar água na boca. O aroma era convidativo e o sabor inigualável.. Todos os que provavam as guloseimas e pratos feitos por ela, elogiavam e pediam as receitas. Fazia uma macarronada e uma pizza napolitana como ninguém. Tudo o que ela fazia era delicioso - gnocchi, ravioli, pastelão - e tinha prazer em preparar, ela mesma, a massa do macarrão feita em casa, como dizia. Além do pessoal de casa, tínhamos, quase todos os dias, convidados para o almoço ou paraojantar. Eram nossos tios, primos ou amigos mais chegados.

Suas filhas e a nora Carmem aprenderam com ela seus melhores pratos, e posso afirmar que são ótimas em tudo o que fazem.

Os piqueniques na Cachoeira Grande ou as viagens para o Araguaia eram precedidos por preparativos que começavam uma semana antes.

Doces, biscoitos, panhotas e roscas eram feitos em grande quantidade, e a meninada ficava em volta saltitando de alegria. Alguns sobrinhos tiveram o privilégio de provar a comida da Carmela e outros não, mas, com certeza, já ouviram elogios a respeito. A todos eles dedico esse capítulo culinário.

Deixo aqui, para os mais jovens descendentes, algumas das principais receitas da “mamma” Carmela.

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GNOCCHI

Ingredientes1 Kg de batata inglesa1 colher (sopa) de manteiga1 ovo inteiro2 xícaras (chá) de farinha de trigo Sal a gosto

Molho:Molho para macarronada (bolonhesa)1 copo de queijo parmezzon ralado

PreparoDescasque as batatas já cozidas e esprema-as no espremedor, ainda mornas. Deixe esfriar. Coloque os outro ingredientes e misture bem, até formar uma pasta. Se necessário, acrescente mais farinha de trigo, até o ponto de enrolar. Em uma mesa, polvilhada com farinha de trigo, enrolo e uma pequena porção da massa até formar um cordão com 1 cm de espessura. Corte em pequenos pedaços, de, mais ou menos, 11/2 cm. Reserve.Em uma vasilha, não muito pequena, ferva água com sal e um fio de óleo. Quando estiver borbulhando, cozinhe os gnocchis, em pequenas porções, até eles boiarem. Retire-os da água com uma escumadeira, escorra-os bem e vá colocando-os em uma travessa, em camadas. Cubra cada camada com o molho de macarronada e com o queijo ralado. Sirva ainda quente. Porção para 6 pessoas.

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RAVIOLI

Ingredientes:1/2 Kg de farinha de trigo3 ovos inteirosÁgua e sal.

Preparomisture todos os ingredientes e amasse bem, até formar uma massa homogênea, como a do pastel. Reserve por meia hora, coberta com um pano, para evitar que resseque.

Para o recheio250 gramas de carne moída2 pães franceses, embebidos em leite1/2 pacote de queijo ralado tipo parmesão1/2 noz moscada, ralada1 colher (café) de pimenta do reino1 folha de louro (opcional)3 colheres (sopa) de azeite.

Preparorefogue a carne no azeite, com a folha de louro. Ao esfriar retire o louro e junte o queijo, a noz moscada, a pimenta e o pão. Misture bem, até formar uma pasta. Reserve.Em uma mesa, polvilhada com farinha de trigo, abra a massa (espessura para pastel) e faça os pastelinhos com, mais ou menos, 3x2 cm. Reserve.Como o gnocchi, cozinhe e tempere os raviolis. Cozinhe até ficarem transparentes.O molho que cobre o ravioli é o de carne para macarronada, ou o de bracciola, comqueijo ralado por cima.Porção para 8 pessoas.

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POLPETTE (POLPETA)

Ingredientes1/2 Kg de carne moída2 pães franceses embebidos em água e espremidos1 pires (chá) de queijo ralado1 cebola batidinha1 colher (café) de pimenta do reino2 ovos inteirossalsa e cebolinha cortadas miúdas sal a gosto

Preparomisture bem todos os ingredientes, faça as bolas e frite em óleo quente. As porpetas , depois de fritas, podem ser colocadas no molho de tomate, sendo um delicioso molho para o gnocchi ou macarronada. Porção para 10 pessoas.

BRACIOLA

Ingredientes1/2 Kg de bifes de carne macia100 gramas de farinha de rosca3 ovos cozidos1/2 pacote de queijo ralado, tipo parmesão100 grs. de azeitonas verdessalsa e cebolinha picadasóleo para a fritura

PreparoMisture a farinha de rosca com o queijo e o cheiro verde. Separe. Abra os bifes, coloque a mistura da farinha, um pedaço de ovo cozido e uma azeitona e enrole. Prenda as pontas com palitos para não abrir e frite em óleo quente, até dourar. Faça um molho com tomates maduros, cebola picada, pimenta do reino e sal. Coloque as braciolas nesse molho ao retirá-las da fritura. Deixe cozinhar por meia hora. (Esse molho pode temperar macarronadas, gnocchi etc). Porção para 6 pessoas.

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PANHOTA - PAO FRITO - PIZZA

Ingredientes1 Kg de farinha de trigo1 Vi xícara (café) de óleo1 colher rasa (sopa) de sal1 colher (sopa) de açúcar refinado1 colher (sopa) de fermento granulado para pão ou 3 tabletesÁgua morna, o quanto baste

PreparoEm uma bacia, coloque a farinha e faça um buraco no meio. Dentro coloque os ingredientes e o fermento desmanchado em água morna (nunca use água quente). Amasse bastante, durante, mais ou menos, 15 minutos. Deixe a massa descansar até crescer. A massa deve ter a consistência de massa para pastel.Depois de crescida, amasse novamente, só para abaixar a massa. Divida a massa em 2 porções e com cada uma faça uma bola. Dê dois cortes em formato de cruz e coloque numa assadeira polvilhada com farinha de trigo. Deixe crescer em forno regular até corar.Com essa massa, pode-se fazer pizza e pão frito.Para o pão frito, procede-se da mesma maneira. Depois de crescida a massa , faça pequenas bolas, abra-as na mão e coloque em um pano polvilhado com farinha de trigo para não grudar. Faça pequenos furos na massa , com um garfo e frite em óleo não muito quente.Esses pães acompanham, com muita propriedade, a macarronada, o gnocchi etc.A mesma massa pode ser usada para fazer pizza.Porção: 2 panhotas ou pães fritos para 12 pessoas.

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FETTUTTINE

IngredientesUse a mesma massa do ravioli.

PreparoAbra a massa como para pastel. Polvilhe com muita farinha e coloque a massa aberta sobre toalha de mesa, também polvilhada com farinha de trigo. Deixe descansar por 1 hora. Enrole a massa , como rocambole, e corte com faca afiada, com largura de 2 cm. Leve as mãos por baixo da massa retalhada e levante na altura suficiente para desenrolá-la. Deixe descansar um tempo, antes de cozinhar a massa. Depois de seca, a massa poderá ser guardada para ser usada em outra ocasião.

CARNE ALESSA

Ingredientes1 Kg de carne (patinho, coxão mole ou duro)2 cebolas grandes1 xícara (café) de azeite1 colher (café) de pimenta do reinosalsa e cebolinha picadas, óleo e vinagre.

PreparoTempere a carne, cortada em pedaços (cubos) e refogue em um pouco de óleo. Quando estiver dourada, acrescente, mais ou menos, 1 litro de água e deixe cozinhar bem. Pode ser usada a panela de pressão.Depois de cosida, ainda quente, separe o caldo para ser aproveitado em uma sopa, caso queira.A carne, ainda quente, acrescente as cebolas cortadas em rodelas, o azeite, o vinagre, a pimenta e o cheiro verde.Misture bem e deixe esfriar. É servida fria, como salada.Porção para 8 pessoas.

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LAZANHA

IngredientesA mesma massa do ravioli, cortada em retângulos, ou 1 pacote de massa pronta. Molho de carne moída:1 Kg de carne moída (de 1ª.)2 Kg de tomates maduros1 lata (média) de massa de tomate 1 xícara de azeite3 cebolas grandes, picadas1 colher (sopa) de orégano1 colher (café) de pimenta do reino3 dentes de alhosalsa e cebolinha picadas

PreparoRefogue no azeite o alho espremido e a carne moída, bem temperada. Coloque as cebolas picadas bem miúdas e espere até que fiquem transparentes. Acrescente os tomates, também bem picados. Coloque, em seguida, a massa de tomate e os outros ingredientes. Deixe cozinhar por 1 hora ou um pouco mais, até tomar a consistência desejada. Reserve.

Molho branco:3 colheres (sopa) de manteiga6 colheres (sopa) bem cheias de farinha de trigo4 copos, mais ou menos, de leite frio1 pacote de queijo ralado 3 colheres (sopa) de creme de leite2 cebolas picadasNoz moscada, sal e pimenta do reino (opcional)

PreparoFrite a cebola na manteiga. Acrescente a farinha de trigo e aos poucos o leite. Mexa bem para não empelotar. Se isso acontecer, passe no liqüidificador.Acrescente a noz moscada, o queijo ralado e o creme de leite. Desligue o fogo e ponha sal a gosto. Reserve.Em uma assadeira, coloque uma camada da massa, previamente cozida e escorrida, depois o molho de carne, uma camada de massa, o molho branco, outra camada de massa , e assim sucessivamente, até a última camada de massa. Salpique queijo ralado e asse em forno quente até dourar em cima.Porção para 6 pessoas.

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BOLINHO DE ARROZ

Ingredientes1 prato fundo bem cheio de arroz cozido (sobra de arroz)2 ovos inteiros1 pires (chá) de queijo ralado1 cebola pequena (batidinha)1 pitada de pimenta do reino1 colher (chá) de fermento Royal salsa e cebolinha picadas sal a gosto

PreparoPasse o arroz cozido na máquina de moer carne ou no processador. Misture os outros ingredientes e faça os bolinhos em forma de charuto (curto). Frite. Porção para 8 pessoas.

MOLHO PARA MACARRONADA

Ingredientes1/2 Kg de carne bovina2 cebolas grandes picadas1 colher (sopa) de orégano1 lata de massa de tomate (370 gr)1 Kg de tomates maduros picados1 colher (café) de pimenta do reino1 xícara (chá ) de azeitecheiro verde

PreparoCorte a carne em cubos, tempere e frite no azeite até dourar.Coloque as cebolas, a massa de tomate e os tomates picados. Deixe engrossar, mexendo para não queimar. Acrescente água até cobrir a carne e deixe cozinhar até a carne amolecer. Acrescente os outros ingredientes e cozinhe em fogo brando por mais de 1 hora. Quanto mais tempo durar o cozimento, melhor fica o molho. Acrescente água ao molho o quanto for necessário para engrossar.Essa quantidade de molho é suficiente para temperar 1/2 Kg de macarrão.

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MOLHO PARA PIZZA

Ingredientes3 Kg de tomates maduros picados1/2 Kg de cebolas picadas5 dentes de alho1 xícara (chá) de azeite2 colheres (sopa) de orégano1 maço de salsa picadasal

PreparoFrite o alho amassado, no azeite quente e acrescente a cebola até ficar transparente. Coloque os tomates e mexa bem. Deixe cozinhar. Acrescente os outros ingredientes e quando o molho estiver grosso e os tomates semi-desmanchados, desligue o fogo.Para a pizza use a mesma massa da panhota. Separe em pedaços a massa, abra-a com rolo e coloque em assadeiras untadas, para assar um pouco. Depois coloque o molho, o queijo, regue com azeite, polvilhe orégano e asse na hora de servir.A pizza napolitana é feita com a massa crua, um pouco mais grossa que a pré cozida.

DOBRADINHA

Ingredientes1 Kg de bucho de boi1 Kg de feijão branco1/2 Kg de lingüiça calabresa 3 tomates sem pele2 folhas de lourosal, óleo, cebola, salsa, cebolinha e pimenta do reino

PreparoCozinhe o bucho, com a folha de louro, em panela de pressão. Em outra panela, cozinhe também o feijão. Faça um molho com os tomates e a cebola e junte o bucho, o feijão e por fim a lingüiça cortada em rodelas. Cozinhe tudo durante meia hora. No final coloque o cheiro verde.

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PASTELÃO

Ingredientes1 Kg de farinha de trigo (menos um copo , que servirá para abrir a massa)2 gemas3 colheres de manteiga sal a gostoÁgua morna suficiente para deixar a massa bem macia.Descansar a massa por 1 hora.

Recheio:1 Kg de peito de frango desfiado1 Kg de lombo de porco desfiado2 latas de ervilhas1 lata de pomarola ou 1 Kg de tomates maduros, sem pele ou sementes1 cebola grande, picada1 xícara (chá) de leite1 xícara de farinha de trigosalsa e cebolinha picadasazeitonas (opcional)sal a gosto

PreparoFrite com pouco óleo, o frango e o lombo em panelas separadas. Deixe corar depois de cozidas. Desfiar. Escorrer um pouco o óleo da fritura das carnes afogar ali as carnes desfiadas, os tomates ou Pomarola, as ervilhas e, por último, o cheiro verde.Desmanche no leite a farinha de trigo e despeje na panela, mexendo sempre, para engrossar o recheio. Deixe esfriarOs pastéis são grandes, com recheio farto (2 colheres de sopa) e as bordas são enroladas, como nas tortas, para evitar que o recheio vaze, na hora de fritar. Os pastelões são feitos e fritos um a um.

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ROSCA RAINHA

Ingredientes1 Kg de farinha de trigo4 ovos4 colheres de manteiga4 colheres de óleo ou banha10 colheres de açúcar refinado1 copo de chá de canela em casca4 tabletes de fermento para pão ou uma colher (sopa) de fermento granulado

PreparoFaça o chá de canela e reserve. Em uma vasilha não muito pequena, coloque a farinha e faça um sulco no meio. Nesse sulco coloque os ovos, ligeiramente batidos, a manteiga, o óleo, o açúcar e por fim, o fermento desmanchado no chá ainda morno (nunca quente).Misture tudo e amasse bastante. Para a rosca ficar desfolhando, depois de assada é preciso sovar (amassar) bem. Cubra e deixe crescer. Separe em 2 porções.Divida cada porção em 3 pedaços iguais e enrole cada pedaço, formando 3 cordões grossos. Faça uma trança, coloque na assadeira, previamente polvilhada com farinha de trigo e deixe crescer novamente. Faça o mesmo com a outra porção.Depois de crescida, pincele com a gema (1 gema misturada com manteiga) e polvilhe açúcar cristal e canela por cima. Asse em forno com temperatura regular. Em uma assadeira grande, pode-se colocar as 2 roscas de trança.

CAÇAROLA ITALIANA

Ingredientes5 ovos inteiros5 colheres (sopa) de queijo ralado5 colheres (sopa) de farinha de trigo10 colheres (sopa) de açúcar3 copos de leite

PreparoBater tudo no liqüidificador e assar em banho maria. Forma untada com açúcar queimado.

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TORTA DE GOIABADA

Ingredientes16 colheres (sopa) de farinha de trigo 12 colheres de açúcar refinado4 colheres de manteiga4 ovos (levemente misturados) 1 colher (sopa) de pó Royal1 lata de goiabada Peixe raspa de 1 limão galego

PreparoEm uma panela desmanche a goiabada com 1/2 copo de água. Reserve. Misture em uma vasilha, a farinha de trigo, o açúcar, a manteiga, os ovos, o fermento e a raspa do limão. Misture tudo muito bem e amasse.Retire 3/4 da massa e coloque em uma assadeira untada com manteiga, e espalhe, cobrindo todo o fundo da assadeira. Em seguida, espalhe a goiabada derretida sobre a massa. Com o restante da massa faça cordões e quadriculados por cima da goiabada. Asse em forno não muito quente até doura os cordões. Quando esfriar, corte a torta em quadros para servir. Sirva fria.

BOLO MONTANHA

Ingredientes1 xícara (chá) de manteiga 4 xícaras de açúcar refinado4 xícaras de farinha de trigo1 1/2 xícara de leite1 vidro (pequeno) de leite de coco5 ovos1 colher (sopa) bem cheia de pó Royal

PreparoBata a manteiga, o açúcar e as gemas até a massa ficar clara. Separe as claras. Coloque a farinha e a manteiga e misture bem. Acrescente o leite de coco e o de vaca e bata até a massa ficar sedosa. Por último, sem bater, apenas misturando, acrescente a pó Royal e as claras batidas em neve. Unte a forma com manteiga, farinha de trigo peneirada, despeje a massa e asse em forno com temperatura regular por cerca de 45 minutos.

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CRÔSTELES (BOLINHO DE NATAL)

Ingredientes1 Kg de farinha de trigo3 xícaras (chá) de açúcar refinado I litro de leite (mais ou menos) 500 gr de passas sem caroços4 tabletes de fermento para pão 1 pitada de sal4 ovos

PreparoColoque a farinha em uma vasilha e misture as passas. Faça um sulco no meio. Acrescente o açúcar, os ovos, ligeiramente misturados, o sal e o fermento desmanchado em 1/2 litro de leite morno. Acrescente mais leite se a massa ficar dura. O ponto é de massa de bolo. Deve escorrer pela colher. No fogo, coloque uma panela com óleo suficiente para cobrir os bolinhos. Quando quente, coloque a massa, às colheradas, e vire para dourar por igual. Polvilhe os bolinhos, quando retirados do fogo, com açúcar refinado misturado com canela em pó.

BOLACHA DE COCO

Ingredientes12 colheres (sopa) de farinha de trigo 6 colheres (sopa) de açúcar6 colheres (sopa) de coco ralado 3 colheres (sopa) de manteiga 2 colheres (sopa) de leite1 colher (sopa) de pó Royal2 ovos

PreparoBate-se a manteiga com o açúcar e a gema. Juntam-se as claras batidas em neve com o resto dos ingredientes. Fazem-se as bolinhas e passa-se em coco ralado. Forno regular.

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PAMONHA ASSADA

Ingredientes1 Kg de massa de milho verde4 colheres(sopa) bem cheias de açúcar (pode ser substituído pelo adoçante dietético na mesma proporção)4 ovos4 colheres (sopa) de manteiga1 colher (sopa) de pó Royal1 pitada de sal

PreparoEm uma travessa, coloque a manteiga, as gemas e o açúcar e bata até clarear a massa. Coloque a massa do milho, as claras em neve e, por último, o fermento. Unte a forma com manteiga e farinha de trigo e asse em forno regular, 150 graus, mais ou menos, por 45 minutos. Experimente com um palito para verificar se está assado. Se o palito sair sujo de massa crua, deixe no forno por mais alguns minutos.

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VIII - GENEALOGIA DA FAMÍLIA BAIOCCHI - CONTRIBUIÇÃO DOS BAIOCCHI NO DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL, SOCIAL E CULTURAL DE NOSSA PÁTRIA.

Chega ao fim a nossa tarefa: a de transmitir às novas gerações e às futuras, o conhecimento dos fatos relacionados aos nossos antepassados que se foram a longo tempo, mas que ainda continuam latentes dentro de cada um de nós, através das energias e inclinações que herdamos deles.

A verdade é que os descendentes do industrial italiano Giovanni Pasquale di Domenico Baiocchi, nosso avô, e de Maria Cesira Teresa di Cario Biagini, nossa avó, deram valiosa contribuição - através de seus filhos, netos, bisnetos e tataranetos - para o engrandecimento de nossa pátria, atuando nas seguintes áreas: Saúde, Direito, Engenharia, Arquitetura, Artes, Comércio e Empresa, Transporte, Ciências Econômicas, Agropecuária, Educação, Literatura, Agronomia, Informática, Serviço Público etc.

Cada um deles trouxe sua parcela de colaboração no desenvolvimento de nossa gente.

Graças a Deus eu posso me incluir entre esses Baiocchi, cujo nome carrego com orgulho.

Nesse capítulo pretendo enumerar cada indivíduo da família Baiocchi, cujos membros estão espalhados por várias cidades do Brasil. Os dados colhidos foram fornecidos por um parente contemporâneo de cada ramo familiar. A esses, os nossos agradecimentos pela colaboração e as nossas desculpas por qualquer erro ou omissão, caso tenham ocorrido, considerando que alguns dados podem ter sido alterados ou omitidos, quando transmitidos por telefone.

O patriarca da nossa família, nosso bisavô, Gio Domenico Baiocchi, casou-se com Lari Maria Caterina. Dessa união, no dia 07 de outubro de 1824, nasceu em Collodi, em Vila Basílica - Província de Lucca - na Itália - o industrial Giovanni Pasquale Di Domenico Baiocchi, nosso avô. Giovanni casou-se em primeiras núpcias com Flávia Di Stéfano

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Pasquini, nascida em 9.8.1830, tendo nove filhos dessa união, como relatei no capítulo IV desse trabalho.

Giovanni, nosso avô, faleceu no Brasil em 14.4.1899 e sua esposa Flávia, na Itália, no dia 26.8.1873. No dia 4.11.1874 vovô casa-se em segundas núpcias com nossa avó, Maria Cezira Teresa di Cario Biagini, filha de Cario di Vicenzo e de Adele Michelini. Dessa união nasceram doze filhos na Itália e mais dois filhos no Brasil:

Maria Flávia - em 3.8.1876; Maria Oliva-em 15.11.1877; Gio Demenico, em 26.9.1879.Eugênio Ângelo - em 6.10.1881Lino-em 30.6.1884; Maria Caterina (Argia) - 8.8.1886;Cario Pilade-em 24.8.1888; Oreste Francisco - em 3.12.1890; Gio Domenico-em 2.12.1892; Elettra-em 8.3.1895;

Nasceram no Brasil:Américo - em 24.1.1896Colombo - em 13.2.1898.

Maria Flávia, Eugênio Ângelo, Lino e Gio Domenico, faleceram na Itália, antes da vinda dos pais para o Brasil. Não há registro de óbito para Elettra. Nove meses depois do seu nascimento foi tirado o passaporte para a viagem dos Baiocchi para o Brasil. A vovó Cezira Biagini faleceu em 14.7.1905, em Ribeirão Preto - SP. Acompanharam os pais nessa viagem:

1. Maria Oliva;2. Gio Domenico (Domingos);3. Argia (Alzira);4. Cario Pilade;5. Oreste Francisco;

Nasceram no Brasil:6. Américo;7. Colombo.

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1. MARIA OLIVA BAIOCCHI BARSINasceu e casou-se, em Lucca, com Giacomo Georgini Barsi e tiveram sete filhos:1. Carlos;2. Elvira;3. João José;4. Cezira;5. Noêmia;6. Lino; e7. Nelson.1.1 Carlos Barsi, fundador do Goiás Futebol Clube, nascido em Lucca, em 27.7.1896 e falecido no Brasil em 31.3.1974. Casou-se com Carmosina Fava Barsi, nascida em 9.6.1896 e falecida em 17.4.1978. Tiveram sete filhos mais um de criação: Cândida (falecida); Eduardo (falecido); Edda Lais; Olívia Judith (falecida); Dirce Terezinha; Carlos Benito (falecido); Madalena; e Álvaro Hildo Vidal (filho de criação).1.1.1. Cândida Barsi Itabaiana, nascida em 27.12.1919 e falecida em 8.8.1996. Casada com Didimo Itabaiana com quem teve seis filhos: 1.1.1.1 Altamiro Barsi Itabaiana; 1.1.1.2 Anice Barsi Itabaiana; 1.1.1.3 Altair Barsi rtabaiana; 1.1.1.4 Aparecida Carmosina Barsi;

1.1.1.5 Alice Barsi Itabaiana; e

1.1.1.6 Didimo Carlos Barsi Itabaiana.1.1.2. Eduardo Barsi, nascido em 7.3.1922, em Santos (SP) e falecido em 22.8.1987, em Goiânia (GO). Casou-se com Luiza Aires Barsi, nascida em 17.9.1924, em Marabá (PA) e falecida em 29.9.1994, em Goiânia (GO). Filhos:

1.1.2.1 Regina Aparecida Barsi, em 21.9.1946, Goiânia (GO), professora, solteira; 1.1.2.2 Terezinha de Lisieur Barsi Cristaldo, nascida em 5.3.1948, em Goiânia (GO), casada com Dioremides Ajala Cristaldo (22.3.1950), de Miriápolis (SP), Tecnólogo em Saneamento Ambiental. Filhos:

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1.1.2.2.1 Guilherme Barsi Ajala Cristaldo, nascido em 18.5.1981, em Goiânia (GO);1.1.2.2.2 Teresa Cristina Barsi Cristaldo, nascida em 27.10.1982, em Goiânia (GO);1.1.2.2.3. Izabel Cristina Barsi Cristaldo, nascida em 26.12.1986, em Goiânia (GO);1.1.2.3. Maria Lúcia Aires da Costa, nascida em 17.9.1950, Goiânia (GO),funcionária do SESI, casada com Carlos Heleno da Costa, bancário, nascido no Rio Grande do Norte, com quem teve os seguintes filhos, em Goiânia (GO):1.1.2.3.1 Luciano Aires da Costa, em 20.6.1970;1.1.2.3.2 Carlos Heleno da Costa Júnior, em 9.1.1978;1.1.2.3.3Carlos Henrique Aires da Costa, em 22.12.1980;1.1.2.4. Antônio Eduardo Barsi, em 24.8.1955, Gráfico, casado com Heloisa Mesquita Barsi (27.1.1959), funcionária pública, com quem teve os seguintes filhos:1.1.2.4.1. Cláudio Gomes Barsi, em 11.3.1977, em Goiânia, casado com Kênia Tavares dos Santos Barsi, que tiveram uma filha:1.1.2.4.1.1. Taynara Tavares Barsi: 21.12.1999-Trindade (GO);1.1.2.4.2 Daniela Gomes Barsi: 06.12.1978 - Goiânia (GO);1.1.2.4.3 Fernando Mesquita Barsi: 4.12.1982 - Goiânia (GO);

1.1.2.4.4 Alessandra Mesquita Barsi: 7.7.1986 - Goiânia (GO).

1.1.2.5. Wilson Aires Barsi, 23.7.1957, em Goiânia, funcionário público, casado com Carlúcia Lopes Barsi (1.5.1966), natural de Pontalina (GO), comerciante, que tiveram os seguintes filhos, nascidos em Goiânia (GO):

1.1.2.5.1 Camila Lopes Barsi: 11.3.1988;

1.1.2.5.2 Wilson Filho: 7.12.1989;1.1.2.5.3 Ludimila Lopes Barsi: 10.6.1992.1.1.3. Edda Lais Barsi Sanches.Nasceu em São Paulo, em 6.3.1929, casada com Gregóio Lacalhe Sanches, aposentado, com quem teve os seguintes filhos:

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1.1.3.1. Rosângela Aparecida Barsi Sanches dos Santos, nascida em 14.10.1956, em Goiânia (GO), que se casou com Marcos Antônio dos Santos, de quem teve os seguintes filhos:1.1.3.1.1 Marcos Antônio Júnior, 18.11.1977;1.1.3.1.2 Marcelo Leandro dos Santos, 15.5.1979;1.1.3.1.3. Márcio André dos Santos, em 8.10.1982.1.1.3.2. Rosimery Olívia Barsi Sanches Kataiana (8.8.1960 - Goiânia-GO), casada com Márcio Kataiana (2.8.1959), que tiveram dois filhos:1.1.3.2.1 Rafael Sanches Kataiana;1.1.3.2.2 Marcela Sanches Kataiana.1.1.3.3. Carlos Fabiano Barsi Sanches, nascido em 3.3.1968, em Goiânia (GO), casado com Gislene Mutti Sanches, que tiveram uma filha:1.1.3.3.1. Giovanna Mutti Santos.1.1.4. Olívia Judith Barsi Nascida em São Paulo, em 6.3.1931, falecida em Goiânia, em 8.5.1960.1.1.5. Dirce Terezinha Barsi, solteira, nascida em Goiás, em 15.4.1933.1.1.6. Carlos Benito Barsi, nascido em Goiás em 8.6.1934 e falecido em Goiânia em 18.1.1991. Casado com Aparecida de Oliveira Barsi (29.4.1946), com quem teve dois filhos em Goiânia:1.1.6.1 Rodrigo de Oliveira Barsi, de 21.1.1970;

1.1.6.2 Juliana de Oliveira Barsi, de 12.9.1972.

1.1.7. Madalena Barsi Cardoso, nascida em Goiânia, em 12.9.1953, funcionária pública, casada com Paulo Wagner Cardoso (12.4.1949), que tiveram três filhos:

1.1.7.1. Tânia Raquel Barsi Cardoso Barbosa, em 17.11.1976, em Goiânia, casada com Seniel Barbosa (25.6.1965 -PR), com dois filhos:

1.1.7.1.1 Gabriel, em 17.2.1999;1.1.7.1.2 Milena, em 29.6.2000.

1.1.7.2 Paulo Wagner Cardoso Júnior, nascido em Goiânia em 10.9.1978;1.1.7.3. Michelle Barsi Cardoso, nascida em Itumbiara (GO), em 24.2.1980.

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1.1.8. Álvaro Hildo Vidal, de 7.3.1933, casou-se com Leonildes Silva Vidal, e tiveram filhos:1.1.8.1. José Carlos Silva Vidal, em 15.6.1964, casado com Cláudia Vidal, com quem teve uma filha:1.1.8.1.1. Jéssica Vidal: 13.2.1995.1.1.8.2. Marcos Antônio Vidal: 17.4.1972, casado com Nívia Maria Brito Vidal, que teve três filhos:1.1.8.2.1 Marcos Antônio Vidal Júnior: 6.6.1990;1.1.8.2.2 Talhita Brito Vidal: 8.10.1994;1.1.8.2.3. Moisés Brito Vidal: 8.4.1999.1.2 Elvira Gonçalves Faria (Nenê), casada com Benedito Farias. Não tiveram filhos. Ambos falecidos.1.3 João José Barsi (Bepe) (falecido), casou-se com Inês Mendanha (falecida). Não tiveram filhos.1.4 Cesira Barsi Albernaz, casou-se com o advogado Joaquim Noronha Albernaz. Ambos falecidos. Lamentavelmente, não foi possível colher os dados completos da família Albernaz, por motivos alheios à nossa vontade. Tiveram sete filhos:1.4.1 Ana Oliva (falecida);1.4.2 Sérgio Albernaz;

1.4.3 Joaci Albernaz;

1.4.4 Bernardo Albernaz;1.4.5 Samuel Albernaz; 1.4.6 Aparecida Albernaz; e

1.4.7 Marcus Albernaz;

1.5. Noêmia Barsi de Almeida, casada com o advogado Sólon Edson de Almeida, com quem teve os filhos a seguir:1.5.1. Vicente Arycam de Almeida, fazendeiro e agrimensor, que se casou com Sulene Campos de Almeida, advogada, cujos filhos são:1.5.1.1 Sólon Edson de Almeida Neto, advogado;1.5.1.2 Virgínia Campos de Almeida, que se casou comArnaldo Vieira

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Miranda, tendo três filhos:1.5.1.1.1 Tatiana Campos de Almeida Vieira Miranda;1.5.1.1.2 Ludmila Campos de Almeida Vieira Miranda;1.5.1.1.3 Arnaldo Vieira Miranda Júnior.1.5.1.3. Ana Lúcia Campos de Almeida Machado, casada com o BancárioLaércio Machado, cujos filhos são:1.5.1.3.1 Larissa Campos de Almeida Machado; e1.5.1.3.2 Patrícia Campos de Almeida Machado.1.5.1.4 Karla Campos de Almeida, Designer Gráfica; e1.5.1.5 Vicente Arycam de Almeida Filho, Veterinário.1.5.2. Lavínia de Almeida (falecida), casada com Domingos Roriz, com quem teve três filhos:1.5.2.1. Rossana de Almeida Roriz, Psicóloga, casada com Lauro da Veiga Jardim Filho, Jornalista;1.5.2.2. Maurício de Almeida Roriz, Bancário, casado com Alda Borges Roriz, Paisagista e Empresária, com quem teve dois filhos:1.5.2.2.1 Gabriela Borges de Almeida Roriz;1.5.2.2.2 Bruno Borges de Almeida Roriz.1.5.2.3. Alexandre de Almeida Roriz (falecido).

1.5.3. Solange Almeida Veiga Jardim, Artista Plástica, casada com o Médico José Maria da Veiga Jardim, com quem teve três filhos:

1.5.3.1 Maria Inês da Veiga Jardim, Publicitária;

1.5.3.2 José Ricardo da Veiga Jardim, Odontólogo;1.5.3.3. Sílvia da Veiga Jardim Alencastro, Contadora, casada com Fernando Alencastro, Engenheiro Agrônomo.1.5.4 Sólon Edson de Almeida Filho (falecido);1.5.5 Cristóvão de Almeida, Advogado e Fazendeiro, casou-se com Olga Luzia Toledo França de Almeida, Pedagoga, nascendo três filhos dessa união:1.5.5.1 Cristiana Toledo França de Almeida Canazzone, Advogada, casada com André Canazzone, Engenheiro Mecânico;

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1.5.5.2 Fernanda Toledo França de Almeida Unes, Arquiteta, casada com João Carlos Arruda Unes, Jornalista;1.5.5.3 Marcela Toledo França de Almeida, Psicóloga.1.5.6. Noemi de Almeida Jácomo. Artista Plástica, casada com o Advogado e Fazendeiro Marcondes Jácomo, com quem teve cinco filhos:1.5.6.1 Márcia de Almeida Jácomo Ramalho, Artista Plástica, casada com o Empresário Flávio Pinto Ramalho;1.5.6.2 Anah Tereza de Almeida Jácomo, Bióloga, casada com o também Biólogo Leandro Silveira. 1.5.6.3. Denise de Almeida Jácom, Designer Gráfica;1.5.6.4 Simone de Almeida Jácom Nogueira, Geógrafa, casadaa com o Artista Plástico Darivan da Rocha Nogueira; e1.5.6.5Marcondes Jácomo Filho, Empresário.1.5.7. Luciano de Almeida, Economista, casado com Elizabet Fogaça de Ameida, Pedagoga, com quem teve duas filhas:1.5.7.1 Giorgianna Abreu Fogaça B. de Almeida, Estudante de Direito; e1.5.7.2 Luciana Abreu Fogaça B. de Almeida, Estudante de Psicologia.1.5.8. Lúcia de Almeida Simões de Lima, Artista Plástica, casada comoAdvogado José Simões de Lima, com quem teve dois filhos:

1.5.8.1. José Simões de Lima Júnior, Advogado, casado com Cristiane Silveira S. G. de Lima, Administradora de Empresas, que tiveram um filho:1.5.8.1.1. José Simões de Lima Neto.

1.5.8.2. Noêmia Almeida Simões de Lima, Psicóloga.

1.6. Lino Barsi - Fundador do Goiás Esporte Clube, marceneiro, carpinteiro, atleta (boxe). Casouse com Olinda de Paiva Barsi e teve sete filhos: Vanda, Walderez, Joaquim, Lola, Jácomo Neto, Valéria e Geovanni.1.6.1 Vanda Barsi, solteira, nascida em Luziânia (GO), em 1934, aposentada do serviço publico federal (Ministério da Saúde).

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1.6.2 Walderez Maria Barsi, bancária, aposentada, casou-se com Joaquim Santana de Azevedo Filho, nascido em Goiás-GO, em 1936. Tiveram quatro filhos:1.6.2.1. Joaquim Santana de Azevedo Neto, nascido em Goiânia, em 1957, Médico Veterinário, casado com Marly Silva Ferreira, Professora, que teve dois filhos:1.6.2.1.1 Stella Ferreira Azevedo, nascida em Goiás (GO), em 1984; e1.6.2.1.2 Matheus Ferreira Azevedo, nascido em Goiás (GO), em 1988.1.6.2.2. Brasil Santana Azevedo, nascido em Goiânia (GO), em 1958, funcionário público estadual (Secretaria da Fazenda), casou-se com Patrícia Camilo Rocha, Bacharel em Letras. Tiveram dois filhos nascidos em Itapuranga (GO):1.6.2.2.1 Natália Camilo Barsi, em 1996; e1.6.2.2.2 Lucas Camilo Barsi, em 1997.1.6.2.3. Luiz Antônio Santana Azevedo, nascido em Goiás (GO), em 1965, profissional autônomo, casou-se com Hélia Silva Ferreira, socióloga, com quem teve dois filhos nascidos em Goiás (GO):1.6.2.3.1 Danilio Ferreira Santana Azevedo, nascido em 1990; e1.6.2.3.2 Pedro Henrique Ferreira Azevedo, em 1996.1.6.2.4. Ana Maria Santana Azevedo, nascida em Goiás (GO), em 1967, funcionária pública municipal, casou-se com Wilton José Cardoso, construtor, com dois filhos nascidos em Goiânia (GO):

1.6.2.4.1 Vitória Santana Azevedo Cardoso, em 1994; e1.6.2.4.2 Lino Barsi Santana Azevedo Cardoso, em 1996.1.6.3. Lôla Barsi, nascida em Goiânia (GO), em 1938. Aposentada do Serviço Público Federal (INSS). Teve dois filhos:1.6.3.1. Marcelo Francisco Barsi, nascido no Rio de Janeiro (RJ), em 1961, Universitário, funcionário público estadual (Secretaria da Fazenda), casou-se com Sandra Maria Rodrigues de Carvalho, advogada. Tiveram dois filhos, ambos nascidos em Goiânia (GO):

1.6.3.1.1 Arthur Rodrigues de Carvalho Barsi, em 1992;1.6.3.1.2 Juliana Rodrigues de Carvalho Barsi, em 1997; e

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1.6.3.2. Túlio Wanderley Barsi, em 1963, solteiro, falecido em 1996.1.6.4. Jácomo Barsi Neto, nascido em Goiânia (GO) em 1940, empresário, casado com Maria Helena Leão, Assistente Social, com quem teve três filhas:1.6.4.1. Cristina Leão Barsi, em 1966, Goiânia (GO), universitária, casada com José Antônio Modesto, comerciante e universitário, com quem teve dois filhos:1.6.4.1.1 Fernando Leão Barsi Modesto, em 1985, Goiânia (GO);1.6.4.1.2 Felipe Leão Barsi Modesto, em 1987, Goiânia (GO).1.6.4.2. Valéria Leão Barsi, em 1968, Goiânia (GO), divorciada, universitária, funcionária da Caixa Econômica Federal, teve uma filha:1.6.4.2.1. Marina Leão Barsi Hartery, nascida em 1990, em Goiânia (GO).1.6.4.3. Geovanna Leão Barsi, em 1970, Goiânia (GO), professora de educação física, funcionária do município, casada com Erick Ferreira da Cunha, comerciário, com quem teve dois filhos:1.6.4.3.1 Gustavo Leão Barsi Pinzon da Cunha, em Goiânia (GO), em 1993;1.6.4.3.2 Guilherme Leão Barsi Pinzon da Cunha, em Goiânia (GO), em 1995.1.6.5. Joaquim João Barsi, nascido em 1941, em Goiânia (GO), micro-empresário, casou-se com Cecília Magaly Figueiredo, artesã, e tiveram uma filha:1.6.5.1. Lavínia Figueiredo Barsi, em Goiânia, em 1979, solteira, universitária.1.6.6 Valéria Archedi Barsi, nascida cm Goiânia, em 1943, aposentada do Serviço Público Federal (Ministério da Saúde), casada com Marconi Alves da Silva, topógrafo aposentado do DNER, não tiveram filhos.1.6.7 Geovanni Barsi, nascido em Goiânia, em 1945, aposentado do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, casou-se com Sandra Pereira Conrado, e teve três filhas, nascidas em Goiânia:1.6.8 Bruna Aparecida Conrado Barsi, em 1983;1.6.9 Walderez Maria Conrado Barsi, em 1987;1.6.7.3. Bianca Conrado Barsi, em 1992.1.7. Nelson Barsi, solteiro, falecido.

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2. DOMINGOS BAIOCCHINasceu na Itália em Villa Basílica, Província de Lucca, naToscana, em 24.10.1879. Casou-se em 5.1.1905, na cidade de Ipuã, Comarca de São Joaquim da Barra (SP), com Maria Ferreira Dionísio (16 anos). Domingos faleceu em São Paulo em 1944 e sua esposa em Goiânia, em 1954. Tia Maria nasceu em Batatais (SP), em 30.11.1888 e era filha de José e Maria Ferreira Dionísio. O casal teve onze filhos, sendo que três faleceram com menos de quatro anos.1. Adélia;2. Carlos;3. Júlia;4. Ézio;5. Varna;6. Dalva:7. Norma; e8. Ivan.2.1. Adélia Baiocchi Frota, nascida em 20.8.19006, em São Joaquim da Barra (SP), estudou Contabilidade e Música, sendo exímia pianista. Era muito bela, forte e lutadora, alma de poeta, cantora lírica, uma verdadeira artista. Faleceu em junho de 1990, em Goiânia, onde morou com o filho caçula. Casou-se com quinze anos como Médico e Odontólogo Antônio Raimundo Gomes da Frota, natural de Massapé (CE), excelente Médico, muito humanitário e respeitado, era político, tendo chegado a ser Deputado Estadual e Prefeito de Ipameri (GO), onde passou grande parte da sua vida. Tiveram seis filhos talentosos:

1. Walter Hugo;2. Hugo Walter;3. Maria Ignez;

4. Ivan Moacyr;

5. Maria de Lourdes;6. Silvio Antônio.2.1.1. Walter Hugo Frota, medico psiquiatra estudou e se formou no Rio de Janeiro, desportista, foi campeão várias vezes na década de quarenta, pelo Clube de Regatas Botafogo. Fundador da Clínica de Repouso de Goiânia, casou-se com Filomena Pires em 1954 e tiveram

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quatro filhos:1. Maria Patrícia;2. Maurício Antônio;3. Antônio Raimundo; e4. Priscilla Maria.2.1.1.1. Maria Patrícia Frota da Silva, formou-se em Direito, casada com Giovan da Silva, baiano, com quem teve um filho.2.1.1.1.1. João Paulo da Silva.2.1.1.2. Maurício Antônio Frota, belo rapaz como o pai e a avó Adélia, médico psiquiatra que trabalha com o pai na empresa da família. Tem uma filha com Rosana de Oliveira, Giulia. Casou-se com Daniela, advogada e tiveram dois filhos, lago e VitorHugo.2.1.1.2.1 Giulia;2.1.1.2.2 lago;2.1.1.2.3 VitorHugo.2.1.1.3. Antônio Raimundo, nome do avô paterno, médico psiquiatra com especialização e mestrado em Berlim, Alemanha, casado com Ana Luiza Sacramento, advogada e economista, com quem teve três filhos.2.1.1.3.1 Mariana;2.1.1.3.2 Analzabel;

2.1.1.3.3 Ana Laura.

2.1.1.4. Priscilla Maria.2.1.2. Hugo Walter Frota, estudou no Rio de Janeiro, onde se formou em medicina. Logo depois de formado casou-se com uma colega de faculdade, Dra. Maria Natalina Sarto em Guarantã (SP), em 7.9.1948. O casal morou em Araras (SP), depois em Ipameri e mais tarde em Goiânia (GO). Construíram o Hospital São Francisco de Assis. Natalina faleceu, em Goiânia, no dia 19.09.2000, tiveram três filhos:2.1.2.1. Eliana Sarto Frota, nascida em Araras (SP), casou-se com o cardiologista, Nelson Gillet, seu colega de faculdade, tiveram dois filhos2.1.2.1.1. Giuliano;

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2.1.2.1.2. Eliza.2.1.2.2. Hugo Walter Frota Filho; cirurgião como o pai, casou-se com Eliete Seroni e tiveram três filhos, Pedro, Hugo Neto e Rodrigo, todos cursam a faculdade de medicina em Petrópolis.2.1.2.2.1 Pedro;2.1.2.2.2 Hugo Neto;2.1.2.2.3 Rodrigo.2.1.2.3. Valéria Sarto Frota. Médica radiologista, casou-se com o Dr. João Uchoa Júnior, com quem teve três filhos, tendo depois se divorciado. Em 1996 Valéria faleceu em Goiânia, vítima de um brutal assalto, na cidade onde morava.2.1.2.3.1 Pablo;2.1.2.3.2 André;2.1.2.3.3 Natasha.2.1.3. Maria Ignez Frota, formada pela Escola Normal de Catalão, casou-se em 16.5.1944 com Mauro Faria Merheb em Ipameri (GO). Mauro foi funcionário do Banco do Brasil. O casal teve três filhos:2.1.3.1. Maria Consuelo, estudou Direito, concluindo o Mestrado e Doutorado, casando-se em 24.7.1970, com o Médico Psiquiatra Carlos Guilherme Kappel e tiveram dois filhos:2.1.3.1.1 Bruno Merheb Kappel; formado em Medicina no Rio de Janeiro, onde se casou com Laura de Melo Portela, sem filhos.2.1.3.1.2 Fernanda Merheb Kappel está terminando a faculdade de Direito.2.1.3.2. Maria Aimée Frota Merheb é médica e professora de Programação

Neuro Lingüística - PNL em São Paulo (SP), casou-se em Anápolis (GO), com Marcos Vinícius Diniz e teve uma filha. O casal se separou após dois anos. Mãe e filha foram morar com os pais no Rio de Janeiro, onde cursou a faculdade de medicina.2.1.3.2.1. Kênia, é advogada militante e casou-se com Maurício Pedreira, jornalista da Rede Globo, sem filhos.2.1.3.3. Alexandre Mauro estudou medicina esportiva e nutrologia no

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300 • Elza Baiocchi

Rio de Janeiro. Fez mestrado em endocrinologia. Casou-se com Maria Tereza Lampreia Moraud, fonoaudióloga e tiveram três filhos:2.1.3.3.1 Gustavo está formado em Medicina;2.1.3.3.2 Cristiano, gêmeo de Gustavo, ainda não.2.1.3.3.3 João cursa e Colegial.2.1.4. Ivan Moacyr da Frota, o quarto filho de Adélia, nasceu em Fortaleza (CE), estudou em Barbacena (MG) e seguiu brilhante carreira na Aeronáutica, onde se reformou no mais alto Posto, o de Tenente Brigadeiro do Ar. Como o pai, é muito interessado em Política. Depois que se reformou se candidatou ao Posto de Presidente da República tempos atrás. Casou-se com Eliene Corrêa, do Rio Grande do Norte, em 1955 e tiveram cinco filhos:2.1.4.1. Eliana, casou-se com o Brigadeiro Edeu Asvolinsky e tiveram uma filha:2.1.4.1.1. Carina.2.1.4.2 Eduardo, casou-se com Luciana Teixeira em Brasília, sem filhos;2.1.4.3 Simone é formada em Arquitetura e fez Doutorado nos EUA, casou-se com o empresário Auchises Xavier de Albuquerque, no Rio de Janeiro, sem filhos.2.1.4.4 Antônio Luiz, economista, casado com Milene, de quem teve dois filhos. Se separaram e ele casou-se com Cristiane, de quem teve um terceiro filho:

2.1.4.4.1 Michelle;2.1.4.4.2 Gustavo;2.1.4.4.3 Lucas (de Cristiane).

2.1.4.5. André, Engenheiro, casado com Carla Ameno, advogada, com quem tem um filho:

2.1.4.5.1. Leonardo.2.1.5. Maria de Lourdes, cresceu em Ipameri e lá casou-se com o jovem brilhante oficial do Exército, Tenente Herbert Bastos Curado, hoje reformado no posto de General. O casal teve três filhos: 2.1.5.1. Herbert Frota Curado, Engenheiro Eletricista que trabalha na

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Telegoiás, casou-se com Ana Silvia Machado de Oliveira, de São Paulo, e tiveram duas filhas:2.1.5.1.1 Roberta;2.1.5.1.2 Renata.2.1.5.2. Cláudia Ignez Frota Curado, formou-se em Veterinária e casou-se com o médico de Ipameri, Dr. Jorge Chadud e tiveram quatro filhos. O esposo de Cláudia foi Prefeito de Silvânia (GO), onde residem.2.1.5.2.1 Miguel;2.1.5.2.2 Míchelle;2.1.5.2.3 Jorge;2.1.5.2.4 Nicolle.2.1.5.3. Ivana Silvia Frota Curado, casou-se com Fernando Lobo Paes Leme, fiscal de rendas e tiveram dois meninos:2.1.5.3.1 Fernando Filho;2.1.5.3.2Thiago.2.1.6. Silvio Antônio foi o filho caçula e companheiro constante da mãe, Adélia.Estudou Contabilidade e se formou em Itapira (SP). Trabalhou no Hospital São Francisco de Assis e faleceu em Goiânia em 29.1.1997.2.2 Carlos Baiocchi, nasceu em Ribeirão Preto (SP), em 30.11.1908, farmacêutico pela Faculdade Uberaba (MG), foi casado com Miquelina Carlucci e não tiveram filhos. Trabalhou com seu pai como sócio titular nas Indústrias Reunidas Baiocchi que fabricava o famoso produto “Baiocchilina”. Nos últimos anos dedicou-se ao ramo de Corretor de Imóveis vindo a falecer em São Paulo.2.3 Júlia Baiocchi, nasceu em Araguari (MG), em 5.7.1912, estudou no internato do Colégio Villalva, em São Paulo (SP), solteira, foi dedicada funcionária do INPS em Goiânia (GO), onde, já aposentada, veio a falecer em 18.4.1991.

2.4 Ézzio Baiocchi, nasceu em 18.8.1914, na cidade de Goiás (GO), antiga Capital do Estado. Foi para São Paulo onde se formou em Química Industrial, sendo responsável direto pelas Indústrias Reunidas Baiocchi. Veio para Goiânia no início dos anos cinqüenta, onde

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implantou a Fábrica de sorvete “Poty” e criou o Guaraná “Guaianazes”. Casou-se com Elza Ferreira Baiocchi, falecida em 09.12.2000. Faleceu em Goiânia. Tiveram uma filha:2.4.1. Maria de Lourdes Baiocchi Netto, advogada, casada com o jornalista Maurélio Netto, com quem teve três filhos:2.4.1.1 Priscilla;2.4.1.2 Eduardo;2.4.1.3 Marília.2.5. Varna Baiocchi Fracari. Nasceu em São Paulo, em 5.5.1918, Contabilista pela Escola de Comércio Alvares Penteado, São Paulo, 1939. Foi funcionária da Secretaria da Fazenda em Goiânia, atuando à disposição no Tribunal de Contas, voltando para a Receita Federal como no C.A.F.P.I., por onde se aposentou em 1981. Casou-se com Silvio Fracari em 18.1.1940, filho de Plínio Fracari e Ezziziaca Lavezzo Fracari. Silvio trabalho na Cia. Singer em São Paulo. Em Goiânia ingressou nas empresas de rádio difusão - “CERNE” - como corretor, procurador e tesoureiro. Foi membro da Associação Goiana de Propaganda - AGP, faleceu em 1976. O casal teve três filhos.2.5.1 Wanda Neusa Fracari, nasceu em São Paulo, em 4.1.1942, é Técnica em Contabilidade e em Ciências Econômicas. Formou-se na Universidade Católica de Goiás. Foi professora do Instituto de Educação de Goiás, Economista na Secretaria de Administração de Goiás, de onde se aposentou. Atualmente é assessora do gabinete do Deputado Ronaldo Caiado, na Câmara dos Deputados em Brasília, onde reside desde 1982.2.5.2 Vera Lúcia Fracari Roberto, natural de São Paulo, nasceu dia 21.6.1945, fez Pedagogia e Administração Escolar, na UFGO, foi professora e funcionária da Secretaria de Educação em Goiás. Atualmente é empresária em Brasília, onde reside de 1978. Foi casada com João Lauro Roberto, falecido em 1982, com quem teve dois filhos.

2.5.2.1 Murilo Fracari Roberto, solteiro, nascido em Goiânia, aos 7.5.1975, estudante de Administração de Empresas no CEUB em Brasília.2.5.2.2 Leonardo Fracari Roberto, solteiro, natural de Brasília, aos 17.1.1980, atualmente estudando nos Estados Unidos.2.5.3. Márcio Baiocchi Fracari, nasceu em São Paulo (SP), em

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16.6.1948, foi casado com Everly Szturm e depois com Maria Tameme Soares. Atualmente está casado com Manuela Pinheiro de Moraes Rego. Fez o terceiro grau em Matemática no CEUB em Brasília. Atuou como auxiliar técnico na Rádio Brasil Central de Goiânia. Foi professor no Colégio Objetivo, de Brasília. Professor e Servidor Público na Fundação Educacional do DF e está aposentado como Professor pelo Governo do Distrito Federal.2.6. Dalva Baiocchi Fiorentini (31.12.1920). Nasceu em Roncador/(GO) e sempre morou em São Paulo (SP). Foi casada com Faramondo Fiorentini, falecido, advogado e arquiteto com quem teve oito filhos.2.6.1. Domingos Marcos Flávio Fiorentini, médico e arquiteto, com especialidade em Arquitetura Hospitalar, com obras realizadas em diversos estados, inclusive no exterior. É co-proprietário da Faculdade de Administração Hospitalar em São Paulo, casado como Sandra Fiorentini, Administradora Hospitalar, com quem teve as filhas.2.6.1.2 Sandra Flávia Fiorentini, médica oftalmologista.2.6.1.3 Sandra Paula Fiorentini, estudante.2.6.1.4 Sandra Fernanda Fiorentini, estudante.2.6.2. Berenice Fiorentini, arquiteta, foi casada com Pedro Trovato Castorino, comandante da Vasp, dois filhos.2.6.2.1 Giuliana Trovato Castorino, estudante.2.6.2.32 Estevan Trovato Castorino, estudante.

2.6.3. Sérgio Fiorentini, arquiteto, casado com Regina Helena Fiorentini, com quem teve um filho.

2.6.3.1. Eduardo Fiorentini, engenheiro e musicista.

2.6.4. Márcia Fiorentini Reinurinke, odontóloga, casada com Rudolf Karl Reinurinki, empresário, quatro filhos, todos estudantes:

2.6.4.1 Rudolf2.6.4.2 Karina2.6.4.3 Christian2.6.4.4 Stephni2.6.5. Marcelo Fiorentini, empresário construtor, foi casado com Luiza

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Brunner Fiorentini, três filhos:2.6.5.1 Marcelo2.6.5.2 Giovani2.6.5.3 Roberta2.6.6. Silvana Fiorentini Papadopoulos, médica casada com DimitriPapadopoulos, arquiteto decorador, duas filhas.2.6.6.1 Catherine2.6.6.2 Alexandra2.6.7 Luciana Fiorentini Camargo, professora e advogada, casada com Dorival Mendes de Camargo, empresário.2.6.8 Marli Fiorentini da Silva, casada com Alexandre da Silva, um filho.2.6.8.1. Lucas2.7. Norma Baiocchi. Funcionária do Tribunal de Contas do Estado de Goiás, é Curadora da Fundação Otavinho Arantes e membro efetivo da Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás, por sua atuação nos meios artísticos goianos (rádio, televisão e teatro). Foi casada com Silvio de Macedo Medeiros, radialista e publicitário, dois filhos.2.7.1. Silvio de Macedo Medeiros Filho, arquiteto, funcionário público da UFG, casado com Rosângela Borges Gomes de Medeiros, administradora, duas filhas.2.7.1.1. Lorena Gomes de Medeiros, estudante da Faculdade de Fisioterapia2.7.1.2. Vanessa Gomes de Medeiros, secundarista2.7.2. Celso Baiocchi Medeiros, publicitário, casado com Márcia Victória Spicacci B. Medeiros, três filhos, todos estudantes:2.7.2.1. Guilherme

7.9.2. Bruno7.9.3. Fernando

2.8. Ivan Baiocchi. Nasceu em Ipameri (GO), no dia 3.10.1928, militar aposentado pela Aeronáutica, onde trabalhou por vinte e cinco anos. Foi Delegado daFunai pelo Estado de Goiás, de 1971 a 1983. Casou-

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se com Elvira Leite Ribeiro Moreira em São Paulo, no dia 25.3.1950, normalista nascida em Guaxupé (MG) em 18.3.1928. Filhos:2.8.1. Ivan Baiocchi Filho (10.5.1951), São Paulo (SP). Funcionário Público do Ministério da Fazenda em Goiás, casou-se com Willene Oliveira Carvalho, pedagoga, nascida em Porto Nacional (TO), dois filhos.2.8.1.1 Ana Beatriz (13.10.1977 - Goiânia), cursa História na UFG.2.8.1.2 Marcela (24.9.1981 - Goiânia), cursa Jornalismo.2.8.2. Domingos Baiocchi (24.6.1952 - Ipameri-GO). Advogado, casado com Maria Tereza Zacarias (9.11.1954), assistente social, três filhos.2.8.2.1 Graziella (22.6.1976 - Goiânia), cursa Psicologia na UCG.2.8.2.2 Ricardo (5.3.1979 - Goiânia), cursa Engenharia Civil na UFG.2.8.2.3 Priscilla (4.4.1980 - Goiânia), cursa Pedagogia na UFG.2.8.3. Oswaldo Baiocchi (20.10.1954 - 30.12.2000). Comandante de aeronave comercial, casado com Dulcelê Divina Borges, advogada nascida em Edéia (GO) em 22.1.1954, três filhos.2.8.3.1 Tiago (23.6.1982-Goiânia)2.8.3.2 Leandro (6.5.1985-Goiânia)2.8.3.3 Larissa (10.8.1989-Goiânia)2.8.4. Ivan Juliano Baiocchi, nascido em Pimentel Barbosa (MT) em

12.2.1974, solteiro.

2.8.5. Lucas Baiocchi, nascido em Goiânia (13.1.1978), cursa CiênciasBiológicas na UCG, solteiro.

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3. ALZIRA BAIOCCHI PINTO (ARGIA)Argia é nome que consta no passaporte do vovô, quando veio para o Brasil com os filhos Domingos (17), Argia (11) e Pílade (8). Tudo indica que o nome Alzira é a tradução de Argia (em italiano) para o português. Nasceu em Lucca no dia 8.8.1885. Com Vicente Marinari, em seu primeiro casamento, teve três filhos, Alfredo, Cezira e Tercílio. Casou-se pela segunda vez com Benedito Ferreira Pinto em 8.1.1914 e teve duas filhas, Maria de Lourdes e Amélia. Tia Alzira faleceu em 17.12.1947 e o tio Benedito em 5.5.1982.3.1. Alfredo Marinari foi exímio mecânico, tendo construído um carro movido a eletricidade (1945) e o primeiro mecânico do Estado de Goiás (1939) de motores a óleo diesel para caminhões e tratores. Casou-se com Nair Rocha Marinari, modista, ambos falecidos. Tiveram seis filhos.3.1.1. Benedito Marinari, casado com Aidêe Moreira Marinari, tiveram um filho.3.1.1.1. Divino Cezar Marinari, casado com Angela Borges Marinari, duas filhas.3.1.1.1.1 Natáglia Borges Marinari;3.1.1.1.2 Naíma Borges Marinari.3.1.2. Mario Marinari, casou-se com Zenóbia Fonseca Marinari e tiveram duas filhas.3.1.2.1. Márcia Marinari Gonçalves, casada com Antônio Gonçalves Ferreira Júnior, duas filhas.7.9.4. Cíntia Gonçalves;

7.9.5. Thaís Marinari Gonçalves.

3.1.2.2. Regina Celi Marinari. casada com Raimundo Nonato, sem filhos.3.1.3. João Alfredo Marinari;, casado com Adelair das Dores Rocha Marinari, três filhos.3.1.3.1. Heloísa Vânia Marinari de Macedo Zorzett, casada com Heitor de Macedo Zorzett, dois filhos.3.1.3.1.1 Tiago3.1.3.1.2 Tais Cristina

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3.1.3.2. Luiz Alfredo Marinari, casada com Wendersilene Gomes de Oliveira Marinari, uma filha.3.1.3.2.1. Marynara Matos de Oliveria Marinari3.1.3.3. Ana Mônica Marinari, solteira.3.1.4. Wanda Marinari Sasse, casada com Emygdio Sasse, com quatro filhos.3.1.4.1. Nair Emília Sasse Fróes, casada com Antônio Silvio Fróes, uma filha.3.1.4.1.1. Thalita Sasse Fróes3.1.4.2. Marisa Ima Sasse Figueira, casada com Paulo Augusto Sasse Figueira.3.1.4.2.1Enes Gomes Figueira3.1.4.2.2 Marcus Vinícius Sasse Figueira3.1.4.2.3 Andreia Sasse Figueira3.1.4.3. João Fernando Sasse, casado com Maria Luíza MonteiroSasse, dois filhos.3.1.4.3.1 Celyse3.1.4.3.2 Guilherme3.1.4.4. Júlio Sasse Neto, casado com Maristela Vieira Santos Sasse, um filho.3.1.4.4.1. Thiago Vieira Sasse

3.1.4.5. Vandemy Luciene Sasse David

3.1.4.5.1 Rodrigo Sasse David3.1.4.5.2 Rayssa Caroline Sasse David3.1.5. Agapito Marinari, casado com Tereza Rosa Marinari. Filhos:

3.1.5.1. Tânia Marinari Siqueira, casada com José Venâncio Siqueira. Filha:3.1.5.1.1. Rúbia Marinari Siqueira

3.1.5.2. Telma Marinari. Filha:

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3.1.5.2.1. Maria Tereza Marinari Versas3.1.5.3. Alfredo Rosa Marinari, casada com Rosemar de Oliveira Marinari, dois filhos:3.1.5.3.1 Karinede Oliveira Marinari.3.1.5.3.2 Vinícius de Oliveira Marinari.3.1.6. Virgílio Rocha Marinari, casado com Amélia Barbosa Marinari, dois filhos.3.1.6.1. Ana Karla Marinari Jaime, casada com Aldo Jaime Júnior, dois filos:3.1.6.1.1 Érika Marinari Jaime3.1.6.1.2 Frederico Marinari Jaime3.1.6.2. Wellington Sandro Marinari, uma filha:3.1.6.2.1. Raiza Caldas Marinari3.2. Cezira Gonçaves Teixeira, nasceu em 2.2.1906 e faleceu em 13.9.1987, modista. Em-24,10.1899 casou-se com Carlos Gonçalves Teixeira, marceneiro, falecido em 17.12.1967. Filhos:3.2.1. Vera Teixeira Ramos, nasceu em 15.4.1923 e se casou em 29.5.1944, com Luiz da Costa Ramos e tiveram quatro filhas. Mora com filhos e netos em São Paulo.3.2.1.1. Maria Aparecida Ramos de Stéfano (28.8.1946), advogada, em

31.1.1969 casou-se com o engenheiro civil Vicente de Stéfano (13.8.1942) e tiveram três filhos.

3.2.1.1.1 André Ramos de Stéfano, advogado, nascido em 21.3.1962.

3.2.1.1.2 Renata Ramos de Stéfano (18.3.1975), engenheira de alimentos.3.2.1.1.3 Fabiana Ramos de Stéfano (8.8.1978), estuda Economia.3.2.1.2 Maria Inês Teixeira Ramos (25.6.1949), bacharel em Letras, secretária, solteira.3.2.1.3 Maria Lúcia Teixeira Ramos (26.2.1951), enfermeira, casou-se com o médico Sidney Glina em 30.3.1954. tiveram uma filha.3.2.1.3.1. Flávia Ramos Glina (15.5.1993).3.2.1.4. Maria Rita Teixeira Ramos (7.2.1955), artista plástica, solteira.

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3.2.2. Vail Gonçalves Teixeira, nasceu em 16.9.1925 e faleceu em 5.5.1999, bancário, casado com Zilda Rainha Teixeira (8.4.1925) e tiveram dois filhos.3.2.2.1. Ângela Gonçalves Teixeira (25.5.1951), empresária, divorciada de Alessandra Godano (25.4.1945), engenheiro, com quem teve dois filhos. Casou-se em segundas núpcias com o Coronel da Reserva da Polícia Militar de São Paulo, Ricardo Menna Barreto, com quem teve seu terceiro filho.3.2.2.1.1 Alessandra Godano Chidiquimo (21.4.1976), arquiteta, casada em 18.2.2000, com Daniel A. Chidiquimo (26.2.1975).3.2.2.1.2 Giancarlo Godano (29.6.1978), professor universitário.3.2.2.1.3 Arthur Gonçalves Teixeira Menna Barreto (22.2.1990).3.2.2.2. Rubens Gonçalves Teixeira (29.12.1952), engenheiro, casou-se em 2.7.1976, com Eliana Hackradt Teixeira (29.9.1952), advogada, com quem teve duas filhas.3.2.2.2.1. Samantha Hackradt Teixeira, universitária, divorciada de Leonardo Néri, com quem teve uma filha:3.2.2.2.1.1. Nathaly Hackradt Teixeira Neri (8.5.1995).3.2.2.2.2. Sabrina Hackradt Teixeira (10.3.1979), universitária.3.2.3. Vilma Teixeira Duarte nasceu em 24.1.1928, trabalhou como bancária, está aposentada. Casou-se em 4.5.1956 com Floriano Duarte (15.11.1924), advogado, jornalista aposentado e artista plástico, dois filhos. Mora com toda a sua família no Rio de Janeiro.

3.2.3.1. Sílvia Teixeira Duarte, nasceu em 18.4.1959, jornalista e pesquisadora, divorciou-se de Flávio M. Ferreira, com quem teve dois filhos.7.9.6. João Gabriel Duarte Ferreira (28.10.1989).

7.9.7. Francisco Duarte Ferreira (7.12.1991).3.2.3.2. Carlos Adolfo Teixeira Duarte, nasceu em 14.8.1961, advogado, casou-se com Lúcia Maria Costa Pinto Duarte, aniversaria em 14 de novembro, administradora de empresas.3.2.3.2.1 Priscila Maria C. Pinto Duarte (14.6.1993).3.2.3.2.2. Juliana Maria C. Pinto Duarte (19.8.1994).

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3.2.4. Valdir Gonçalves Teixeira (29.4.1930), músico e professor de violão, divorciado de Ondina Barros Camargo Teixeira (6.6.1927), com quem teve duas filhas. Casou-se em segundas núpcias com Neusa Périco (3.4.1943), bancária, aposentada. Filhos:3.2.4.1. Iara Maria Teixeira dos Santos (21.2.1951), pedagoga, casou-se com o médico Oswaldo Braz Daniel dos Santos (30.11.1948), uma filha.3.2.4.1.1. Paula Teixeira dos Santos (20.11.1976), administradora de empresas.3.2.4.2. Isilda Camargo Teixeira (21.10.1953), desenhista industrial, divorciada de Paulo Eduardo BellezaColombino (3.10.1951), economista, dois filhos.3.2.4.2.1 Carla Belleza Colombino (7.2.1982).3.2.4.2.2 Edoardo Belleza Colombino (21.2.1987).3.2.5. Vanny Alzira Magalhães (13.11.1931), casou-se em 14.7.1951 comSebastião Magalhães (5.11.1929-11.10.1973), bancário, contador, dois filhos. Ela e a família moram em São Paulo.3.2.5.1 Maria do Carmo Magalhães (15.6.1952), publicitária, casou-se em 26.6.1993, com o aeronauta José Antoine R. Lebet Biondi.3.2.5.2 José Carlos Magalhães (30.12.1956), economista, casou-se em 7.8.1982 com Leslie Eliane Rodrigues S. Magalhães (23.2.1958).3.2.6 Maria Aparecida Gonçalves Teixeira, a estimada e prendada “Cidinha”, nasceu em 26.6.1934, solteira, secretária executiva aposentada, mora em São Paulo (SP).3.2.7 Maria de Lourdes Teixeira Carbonari (3.8.1936), empresária, casou-se em 16.6.1955 com o empresário Manoel Antônio Carbonari (15.5.1935-1.9.1989), com sete filhos.

3.2.7.1. Carlos Henrique Carbonari (15.12.1955), arquiteto, casou-se com Angela Lúcia Gola Carbonari (23.11.1956), em 8.1.1983, professora e psicóloga, tiveram duas filhas.

3.2.7.1.1 Ana Luíza Gola Carbonari (23.6.1985), estudante.

3.2.7.1.2 Fernanda Gola Carbonari (17.5.1988), estudante.3.2.7.2. Fábio Carbonari (5.4.1957), empresário, casado em primeiras núpcias com Vanice Montini Albuquerque (5.2.1957), divorcidos em

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28.11.1979. Segundas núpcias com Andréa Pludewinski (8.2.1969), professora, com quem teve a terceira filha, separados em 20.9.1982. Fábio casou-se pela terceira vez com Aldeline Cavalcante Carbonari (25.7.1966), secretária, com quem teve a quarta filha.3.2.7.2.1. Leandra Carbonari Bolsoni (20.3.1976), instrumentadora cirúrgica, casada com Sidney Bolsoni (20.8.1969), oficial militar estadual, dois filhos.3.2.7.2.1.1 Breno Carbonari Bolsoni (28.09.1995).3.2.7.2.1.2 Júlia Carbonari Bolsoni (18.06.1998).3.2.7.2.2 Roberta Carbonari.3.2.7.2.3 Cindy Carbonari (30.1.1991).3.2.7.2.4 Renata Carbonari (8.11.1994), estudante.3.2.7.3. Ronaldo Carbonari (27.9.1958), empresário, casou-se com Rosemary da Silva Molina (7.2.1964), professora, dois filhos estudantes.3.2.7.3.1. ítalo Molina Carbonari (23.02.1987).3.2.7.3.2. Aline Molina Carbonari (31.3.1988).3.2.7.4. Roberto Carbonari (18.3.1960), analista de sistemas, casou-se em 25.1.1986, com Catherine Eliana Queirolo da Silva Carbonari (19.9.1964), estudante, dois filhos, ambos estudantes.3.2.7.4.1 Kauê Queirolo Carbonari (25.3.1986).

3.2.7.4.2 Kaio Queirolo Carbonari (18.3.1987).

3.2.7.5. Tânia Carbonari (23.7.1961), funcionária pública estadual, casou-seem lo.10.1988, com Alexandre Couto Rosignoli (26.3.1964), analista de sistemas, dois filhos, ambos estudantes.

3.2.7.5.1 Carolina Carbonari Rosignoli (28.12.1990).

3.2.7.5.2 Ivan Carbonari Rosignoli (13.7.1993).3.2.7.6 Maria Carolina Carbonari (8.10.1964), gerente de eventos, solteira.3.2.7.7 Marcelo Carbonari (Io.7.1966), analista de sistemas, casou-se em 18.12.1993 com Alessandra Trevisan Carbonari (21.3.1970), protética, um filho.

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3.2.7.7.1. Gian Lucas Trevisan Carbonari (15.12.1999).3.2.8. Cleusa Maria Teixeira Albernaz (12.8.1939), casou-se em 28.1.1956 com Milton Albernaz, aeroviário, que nasceu em 9.9.1929 e faleceu em 29.7.1991. Tiveram dois filhos.3.2.8.1. Alda Teixeira Albernaz, nasceu em 7.9.1956, aeroviária, casou-se em 15.5.1987, com Oduvaldo de Souza (29.12.1950), administrador de empresas, tiveram uma filha.3.2.8.1.1. Isabella Albernaz de Souza (28.4.1993).3.2.8.2. Milton Albernaz Filho (18.4.1958), advogado. Em 8.5.1993 casou-se com Leonor Maria G. Hestler Albernaz (15.5.1964), professora de Educação Física, tiveram dois filhos.3.2.8.2.1. Felipe Herstler Albernaz (03.09.1993).3.2.8.2.2. Fernando Herstler Albernaz (20.12.1997).3.2.9. Carlos José Gonçalves Teixeira (15.5.1941-21.12.1981), despachante, casou-se com Maria Aparecida da Silva (24.11.1944), operadora de micro computador. Tiveram uma filha.3.2.9.1. Daniela Gonçalves Teixeira (22.3.1980), solteira, universitária e professora de inglês.3.2.10. Oneida Maria Teixeira Simoni (9.9.1943-18.12.1998), casou-se com Sandro Simoni (9.9.1936), gerente de suprimento, tiveram três filhos.3.2.10.1. Elaine Simoni (15.12.1962), pedagoga e produtora fotográfica, divorciou-se de Reinaldo de Barros (23.12.1955), administrador de empresas, tiveram dois filhos.

3.2.10.1.1. Vivian Simoni de Barros (6.10.1983).3.2.10.1.2. Bruno Simoni de Barros (28.12.1984).3.2.10.2. Eloisa Simoni Longo (4.1.1965), decoradora, casou-se em 12.12.1987 com Wladisney Longo (4.1.1962), empresário, tiveram um filho.3.2.10.2.1. Bryan Simoni Longo (30.7.1991).3.2.10.3. Eduardo Simoni (20.1.1971), economista, casado em 22.9.1997 com Andreia Martinez Gimenez Simoni (30.1.1972), pedagoga.

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3.2.11. Maria Cristina Teixeira Bueno (25.9.1949), professora aposentada e tradutora. Em 24.5.1991 casou-se com Oscar Bueno Filho (22.5.1935), aeroviário aposentado.3.3 Tercílio Ferreira Pinto (27.3.1908 - 25.10.1977), o terceiro filho da tia Alzira, marceneiro e musicista, casou-se com Jacyra Ferreira Pinto (29.4.1911), não tiveram filhos.3.4 Maria de Lourdes Ferreira Meirelles, casou-se com Cláudio Guedes Meirelles, tiveram um filho.3.4.1. Benedito Cláudio Meirelles, bancário aposentado, casado com Heroína Rodovalho Meirelles e tiveram três filhos.3.4.1.1. Rogério José Rodovalho Meirelles, casado com Fernanda Gouvêa Meirelles, dois filhos.3.4.1.1.1 Renata Gouvêa Meirelles3.4.1.1.2 Patrícia Gouvêa Meirelles3.4.1.2. Cláudia Meirelles Maia, casada com Luiz Sérgio de Oliveira Maia, dois filhos.3.4.1.2.1 Mariana3.4.1.2.2 Luiza3.4.1.3. Maria Aparecida Rodovalho Meirelles casada com Eduardo Henrique Cadenelli, dois filhos.3.4.1.3.1 Eduardo Henrique Meirelles Cadenelli.

3.4.1.3.2 Izabela Meirelles Cadenelli.

3.5. Amélia Ferreira de Lima, casada com Antônio de Lima, não tiveram filhos.

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4. CARLO PILADE BAIOCCHI“O Encurtador de Distâncias”, como o chamou Bernardo Elis, foi o primeiro do transporte em Goiás. Foi musicista, alfaiate, comerciante e empresário, amou Goiás como poucos e dedicou sua vida ao trabalho para o bem-estar dos seus filhos e engrandecimento do nosso Estado. Nasceu em 24.8.1888, em Vila Basílica, província de Lucca-Itália. Faleceu em Goiânia em 9.9.1967, casou-se com Carmela D’Andréa Baiocchi, nascida em Mescina, na Cecília-Itália, em 19.9.1894, falecendo em 30.3.1964. Tiveram onze filhos.1. Orlando2. Glauco3. José Garibaldi4. Mario5. Mafalda6. Elza7. Vera8. Célia9. Gilda10. Pílade11. WâniaSuely4.1. Orlando Baiocchi. Nasceu em Goiás em 8.4.1915 e faleceu em Goiânia em 6.4.1997. Dedicou toda a sua vida aos estudos e à Medicina. Foi para o Rio de Janeiro estudar Medicina e nunca mais voltou. Veio para Goiânia para o convívio dos irmãos e sobrinhos que o amavam e muito se orgulhavam dele, poucos meses antes de falecer.

Diplomado pela Faculdade Nacional de Medicina do Brasil (FNM) em 1939, especializou-se em Ginecologia e Obstetrícia, professor da Faculdade, Criador do bisturi rotativo para biópcia sem dor c do cautério frio, aparelho resfriado que evita conseqüências graves provocadas pelo calor excessivo dos aparelhos utilizados com freqüência no extermínio de germes localizados na cérvix.

Pioneiro tamtóm instalando o primeiro microscópio eletrônico no Rio de Janeiro.

Criador da integração clínica, que possibilita ao paciente fazer dentro da própria clínica todos os exames exigidos e, se preciso, encaminhados diretamente à terapêutica.

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Casou-se com Augusta Gomes de Almeida, professora de história no Liceu de Goiás, também nascida em Goiás. Tiveram quatro filhos.4.1.1. Evandro Baiocchi, advogado, professor universitário e possuidor de bela voz (tenor). Casou-se com Lidye Dalloz Baiocchi. Filhos:4.1.1.1 Cristiano4.1.1.2 Enzo4.1.2. Zenaide Baiocchi, decoradora, divorciada de Giovanni Baptista Tuniutti e casada com John Lawrence Hughes, sem filhos. Nasceu no Rio de Janeiro.4.1.3. Isa Baiocchi, nasceu no Rio de Janeiro (RJ), professora, divorciada de Afonso Newton Antunes Corrêa, com quem teve uma filha, casou-se com Naire Paulo Siqueira, do qual se divorciou, após ter a segunda filha. Atualmente é casada com o Dr. Carlos Alberto Sampaio Pithon, natural de Ilhéus (BA), sem filhos.4.1.3.1 Alessandra Corrêa Ababre, casada com Leonardo Ababre.4.1.3.2 Mariana Siqueira.4.1.4. Luciana Baiocchi, dançarina, professora de dança, coreógrafa, divorciada, casada com Peter Frank Hughes, com quem teve uma filha. Atualmente está casada com André Ribeiro Gomes, sem filhos.4.1.4.1. Samantha S. Hughes.4.2. Glauco Baiocchi, nasceu em Goiás (GO) em 25.3.1917, faleceu em Goiânia em 18.3.1998, poeta, advogado, comerciante, vereador, ex-assessor da Caixego quando se aposentou. Casado com Eleny Amorim Baiocchi (18.3.1924), tiveram três filhos.

4.2.1. Glauco Baiocchi Júnior, nasceu em Goiânia (GO) em 22.2.1944, médico conceituado e formado pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro (RJ) em 1972, especialista em Alergia e Imunologia. Presidente da Sociedade Brasileira de Alergia e Imunologia - Biênio 1999-2000 - membro do American College of Alergy, A Sthma Ano Immunology - EUA. Colaborador do livro “Semiologia Médica” do Prof. Celmo Celeno Porto. Primeiro prêmio mérito profissional em Medicina na especialidade de alergia e imunologia em 1999 (Associação Médica de Goiás), além de diversos trabalhos científicos apresentados em congressos médicos. Casou-se com Elizabeth Leão e tiveram dois filhos, ambos médicos.

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4.2.1.1 Rafaela Leão Baiocchi.4.2.1.2 Glauco Baiocchi Neto.4.2.2. Gláucia Helena Amorim Baiocchi, nasceu em Goiânia (18.12.1947), formada em Letras e em Direito, pela Universidade Federal de Goiás, professora de inglês, casou-se com Solon Vieira, geólogo, tendo três filhos.4.2.2.1. Alessandra Baiocchi Vieira (18.8.1972), advogada, assessora do juizado de pequenas causas, casada com Glaucus Moreira Nascimento Silva, em 28.1.1998, Fiscal de Rendas do Estado de Goiás.4.2.2.2 Gustavo Baiocchi Vieira, nascido em Goiânia (24.2.1975), formado pela Faculdade de Medicina de Volta Redonda (RJ). Solteiro.4.2.2.3 Bruno Baiocchi Vieira (3.5.1977), advogado, formado pela Universidade Federal de Goiás. Aos vinte e três anos, Procurador do Estado, concursado. Nascido em Goiânia, solteiro.4.2.3. Ana Maria Amorim Baiocchi (15.2.1950), advogada formada pela Faculdade de Direito de Goiás, Assessora Técnica da Agência Reguladora do Estado, casou-se com Rômulo Adolfo Alvim de Souza, advogado, de quem se divorciou após ter três filhos. Casou-se em segundas núpcias com o advogado e comerciante Luiz Pucci, com quem teve o quarto filho.4.2.3.1. Renata Baiocchi Souza (13.10.1969), casou-se com Gesner Parreira de Faria, com duas filhas, nascidas em Goiânia (GO).4.2.3.1.1 Amanda Baiocchi S. Parreira (25.5.1989).

4.2.3.1.2 Ana Laura Baiocchi S. Parreira (20.12.1996).

4.2.3.2 Cejana Baiocchi Souza, nascida em Goiânia em 19.11.1972, fonoaudióloga, formada pela Universidade Católica de Goiás UCG, professora da mesma univesidade, casou-se com Marcelo Valente Chaves em 1°.9.2000. Tem consultório próprio, sem filhos.4.2.3.3 Juliano Baiocchi Souza, nascido em Goiânia em 29.1.1975, estudante de Ciências da Computação na UCG.4.2.3.4 Lorenzo Baiocchi Pucci (26.11.1989), nascido em Goiânia (GO).4.3. José Garibaldi Baiocchi, nasceu em 20.9.1919, ex-comerciante e aposentado, divorciado de Telca Teixeira, tiveram seis filhos. Zé Baiocchi tem hoje uma companheira Maria das Dores Batista, sem filhos.

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4.3.1 Ania Teixeira Baiocchi, professora de inglês, falecida.4.3.2 José Baiocchi Júnior, médico, falecido.4.3.3 Oliva T Baiocchi, nasceu em Goiânia, divorciada de Márcio Caiado Cunha e Cruz, com quatro filhos.4.3.3.1. Leonice Caiado C. e Cruz, casada com Anderson Charles Andrade e tiveram um filho.4.3.3.1.1. Leonardo Cunha e Cruz Andrade.4.3.3.2 Juliana Caiado Cunha e Cruz.4.3.3.3 Adriana Caiado Cunha e Cruz, casada com Breno Caiado, advogado nascido em Goiás no dia 23.02.1975 e tiveram uma filha:4.3.3.3.1. Paulina- 09.05.2001 em Goiânia/GO.4.3.3.4. Cristiano Caiado Cunha e Cruz.4.3.4 Carmela T. Baiocchi, falecida.4.3.5 Telca Baiocchi Carin, pianista, casada com Jorge Carin, três filhos.4.3.5.1 Bruno Baiocchi.4.3.5.2 Pedro Baiocchi Carin.4.3.5.3 Izabela Baiocchi Carin.4.3.6. Alexandre Baiocchi, solteiro.

4.4. Mário Baiocchi nasceu em 26.9.1921, fazendeiro, piloto aviador, comerciante, mecânico especializado em caixas de transmissão, curso administrado pela Propac (SP), ex-Secretário de Transportes da Prefeitura de Jaraguá (GO). Ex-chefe de campo da Goiasrural, colaborador na “Marcha para o Oeste”. Casou-se com Carmen Rios Baiocchi, professora, nascida em 30.3.1924, tiveram três filhos. 4.4.1. Mario Baiocchi Filho, nascido em Goiânia em 12.7.1945, arquiteto renomado no Distrito Federal e Goiás, casou-se com Neusa Michelon, arquiteta paisagista e tiveram três filhos.4.4.1.1 D’Andréa, nascida em Goiânia em 24.8.1975, arquiteta, com especialização na Inglaterra. No dia 12.06.2000, casou-se em Londres, (Inglaterra), com Cláudio de Souza Ribeiro, publicitário, nascido em Goiânia, no dia 02.12.1970.

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4.4.1.2 Bruna, nascida em Goiânia em 25.10.1976, estudante universitária, divorciada de Gustavo Lobo, de quem teve um filho.4.4.1.2.1. Gabriel.4.4.1.3. Mario Baiocchi Neto, estudante univesitário, teve uma filha.4.4.1.3.1. Aila (16.4.1999).4.4.2. Giovanni Baiocchi, comerciante, casado com Wânia Faria, também comerciante, tiveram três filhos.4.4.2.1. Wander (29.8.1967), casado com Idê Camargo, dois filhos.4.4.2.1.1 Matheus.4.4.2.1.2 AnaLuiza.4.4.2.2. Vanine, casada com Isair Pinto, três filhos.4.4.2.2.1 Isabela4.4.2.2.2 Bruno4.4.2.2.3 Lucas4.4.2.3. Márcio, casado com Meiriele, um filho.4.4.2.3.1. Iúri.4.4.3. Wanderley Baiocchi, divorciado de Neusa Tavares, com quem teve três filhos.4.4.3.1. Aline (19.10.1970), casada com Alcides Tavares, dois filhos.

4.4.3.1.1 Sara (29.6.1996).

4.4.3.1.2 Gabriela (8.6.1999).4.4.3.2. Adriane (9.9.1972).4.4.3.2.1. Luiza (17.4.1997).

4.4.3.3. Aurélio (29.8.1990), estudante.

4.5. Mafalda Baiocchi de Macedo (17.1.1924 - 3.4.2000), pianista e tecladista, casou-se com Regulo de Macedo Júnior e tiveram três filhos.

4.5.1. Renan Baiocchi de Macedo (18.7.1946), médico pediatra, formado pela Faculdade de Medicina de Santa Maria(RS), casou-se com Maria Helena Badke, de Santa Maria (RS). Tiveram dois filhos.

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4.5.1.1 Fabiano, estudante de Zootecnia da Universidade Católica de Goiás, solteiro.4.5.1.2 Giorgio, estudante de Publicidade na Universidade Gama Filho (RJ), solteiro.4.5.2. Ronaldo Baiocchi de Macedo, engenheiro eletrônico, empresário em Brasília, onde reside. Divorciou-se de Maria Adélia Sobral, após terem três filhas.Casou-se com Daniela Monteiro Gomes de Carvalho.4.5.2.1. Melissa, estudante de Administração de Empresas (IESB), casada com Gustavo Jangôla e tiveram uma filha.4.5.2.1.1. Bruna.4.5.2.2. Michele casou-se com Marcos Paulo Dias Rodrigo e teve um filho.4.5.2.2.1. Paulo Victor4.5.2.3. Monique prepara-se para o vestibular.Solteira.4.5.3. Robson Baiocchi de Macedo, Engenheiro Eletrônico, empresárioem Brasília (DF), onde mora com a família. Casou-se com Luciana MariaLoiola, com dois filhos.4.5.3.1 Fabrício.4.5.3.2 Giovanna.

4.6. Elza Baiocchi (21.2.1926), normalista em 1944 pela Escola Normal Oficial, pedagoga em 1966, pela Faculdade de Filosófica, Letras e Educação da UFG.Professora do Instituto de Educação de Goiás, da Escola Normal Municipal e Superintendente do Ensino Primário Municipal, Orientadora Pedagógica, Coordenadora e Supervisora Educacional da Fundação Estadual do Bem-estar do Menor-FEBEM (GO). Casada com Luiz Pimenta Netto, em janeiro de 1945 e divorciada em 1964. Tiveram dois fillhos:4.6.1. Sheila Maria Baiocchi (26.1.1946 - Goiânia-GO), normalista, advogada, consultora jurídica da Câmara Municipal de Goiânia. Casou-se com Jairo dos Santos Lousa, engenheiro agrônomo em 1970,

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divorciaram-se em 1997, com dois filhos.4.6.1.1 Leonardo Baiocchi Lousa, nasceu em São Paulo (SP), em 20.7.1971, Administrador de Empresas e professor de informática, músico e membro da banda de rock heavy metal Mandatory Suicide, solteiro.4.6.1.2 Rodrigo Baiocchi Lousa (22.12.1972), engenheiro agrônomo formado pela Universidade Federal de Goiás, solteiro. Músico e ex-membro da banda de rock heavy metal Mandatory Suicide.4.6.2. Paulo Dawton Baiocchi Pimenta (14.2.1948 - Goiânia-GO), empresário em Brasília, onde casou-se com Ana Lúcia Vilela em 1985, de quem se divorciou, após ter dois filhos.4.6.2.1 Lucca Baiocchi (28.3.1988), em Brasília.4.6.2.2 Paula Vilela Baiocchi (30.10.1990), em Brasília.4.7. Vera Baiocchi Costa (19.6.1928), professora primária formada, normalista pela Escola Normal Oficial em 1945, casou-se em 1946, com o bancário aposentado, Wagner Costa (3.10.1924), de Catalão (GO), tiveram quatro filhos.4.7.1. Neusa Suely Costa Pinto (16.12.1946) -Goiânia (GO), casada com José Pinto, advogado, falecido, tiveram três filhos.4.7.1.1. Rogério Costa Pinto, comerciante, casado com Maísa Siqueira, dois filhos.4.7.1.1.1. Marcos.

4.7.1.1.2. Mateus.

4.7.1.2. Reginaldo Costa Pinto, comerciante, casado com Andréa Souza,psicóloga, um filho.4.7.1.2.1. Fernando.

4.7.1.3. Vanessa Costa Pinto, comerciaria, divorciada. Não teve filhos.4.7.2. Maurício Wagner Baiocchi Costa (27.10.1949 - Goiânia-GO),

engenheiro mecânico, comerciante, casado com Diva Souza, tiveram três filhos.

4.7.2.1. Márcio (15.04.1980), Piracicaba (SP), estudante.

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4.7.2.2 Gustavo (8.2.1982), Piracicaba (SP), estudante.4.7.2.3 Carolina (16.12.1985), Piracicaba (SPV estudante.4.7.3 Roberto Wagner Baiocchi Costa (21.12.1954 - Goiânia-GO), comerciante, residente em Prado (BA).4.7.4 Arnaldo Luiz Baiocchi Costa (18.12.1956 - Goiânia-GO), solteiro.4.8. Célia Baiocchi (2.8.1930 - Goiás-GO), casou-se com o militar Frederico Hipólito de Medeiros Macedo (14.10.1924 - 7.3.1993), com quatro filhos.4.8.1. Eduardo Baiocchi de Macedo (3.6.58), Goiânia (GO), formado em Economia, Analista de Sistemas, casado com Maria Auxiliadora Pereira Affonso de Macedo (19.2.1958), Rio de Janeiro (RJ), funcionária pública, com dois filhos.4.8.1.1 Rafaela Afonso de Macedo (9.2.1987), Brasília (DF).4.8.1.2 Guilherme Afonso de Macedo (26.5.1988), Brasília (DF).4.8.2. Sônia Andréa Baiocchi Macedo Buckmann (8.4.1964), Goiânia (GO), funcionária da Câmara dos Deputados, fotógrafa profissional, bacharel em Artes Cênicas, casada com Marcos Luiz Buckmann (12.12.1955 - RJ), funcionário do Superior Tribunal de Justiça, com dois filhos. 4.8.2.1 Hugo Macedo Buckmann (24.3.1990), em Brasília.4.8.2.2 Beatriz Macedo Buckmann (23.9.1996), em Brasília.

4.8.3. Ricardo Baiocchi Macedo (30.11.1963), em Goiânia-GO, Consultor empresarial daCEF, casado com Janaína S. O. Macedo (7.12.1963), RJ, Consultora de Recursos Humanos da Caixa Econômica Federal. Dois filhos.4.8.3.1 Felipe de O. Macedo (23.4.1984), em Brasília.4.8.3.2 Cecília O. Macedo (28.10.1990), em Brasília.

4.8.4. Maria Aparecida Baiocchi Macedo (22.9.1965) - Goiânia/GO, casada em 2as núpcias com Ary Braga Pacheco Filho, engenheiro civil, nascido em Minas Gerais em 25.03.1957. Exerce o cargo de Socióloga e consultora de marketing da CEF. Divorciada de Carlos R. Peixoto (6.5.1963), do RJ, psicólogo, bancário, com quem teve um filho.

4.8.4.1. Rafael Macedo Peixoto (13.1.1984), Brasília.

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4.9. Gilda Baiocchi de Carvalho (20.5.1932), em Goiás (GO), advogada, artista plástica, escultora, casou-se com o advogado Erasto Villa-Verde de Carvalho (3.1.1931), Jatai (GO), pai de seus cinco filhos, todos residentes em Brasília (DF).4.9.1. Carmela Elvira Baiocchi de Carvalho (5.10.1956), Goiânia (GO), pedagoga, professora da Fundação Educacional do Distrito Federal, artista plástica, divorciada do engenheiro agrônomo e fazendeiro Mauro Vieira de Queiroz, três filhos.4.9.1.1. Carolina Queiroz Fernandes (22.11.1974), Brasília (DF), advogada formada na Espanha, professora de Inglês, casou-se com o espanhol Henrique Fernandes (11.7.1974), engenheiro civil. Um filho.4.9.1.1.1 Diego, nascido em Gijon (Espanha) em 15.10.2001.4.9.1.2. Duane Queiroz (04.12.1977), Brasília (DF), estudante de Direito, solteiro.4.9.1.3. Laura Queiroz (8.9.1979), Brasília (DF), estuda Letras naUniversidade de Brasília.4.9.2. Marcelo Baiocchi Villa-Verde Carvalho (14.7.1959), Goiânia (GO), arquiteto do Governo do Distrito Federal, micro-empresário, casou-se com Luísa Helena Figueiredo Villa-Verde de Carvalho (29.4.1966), arquiteta da Câmara Legislativa do Distrito Federal, um filho. 4.9.2.1. Bernardo Luiz Villa-Verde de Carvalho (16.9.1982), Brasília (DF),estudante de Engenharia em Rede de Telecomunicações na Universidade de Brasília.4.9.3. Juliano Baiocchi Villa-Verde de Carvalho (16.9.1960), Jatai (GO),

pianista, advogado. Procurador Regional da República (1989), pecuarista de leite, eqüinocultor, empresário, foi funcionário do Banco do Brasil (1982) e do Senado Federal (1985), casou-se com Gláucia Andréa Marinho de Carvalho (3.9.1962 - Brasília-DF), professora de Educação Física, formada pela Universidade de Brasília, com dois filhos.4.9.3.1 Gabriel Marinho Villa-Verde de Carvalho (28.8.1980), Brasília (DF), estudante de Direito e atleta hípico.4.9.3.2 Juliana Marinho Villa-Verde de Carvalho (8.11.1981), Brasília (DF), estudante da Universidade de Brasília do curso de Ciências Biológicas.

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4.9.4. Erasto Villa-Verde de Carvalho Filho, (26.8.1963), Goiânia (GO), advogado, Procurador do Banco Central do Brasil e Coordenador Geral de Contencioso Judicial da Consultoria Jurídica do Ministério do Planejamento, casado com Rosana Maria Viegas de Pinho Carvalho (29.4.1968 - Porto Velho-RO), Promotora de Justiça do Distrito Federal e Territórios, dois filhos.4.9.4.1 Erasto César Pinho Villa-Verde de Carvalho (6.10.1989), em Porto Velho (RO).4.9.4.2 Gilda Maria Pinho Villa-Verde de Carvalho (20.11.1990), em Brasília (DF).4.9.5. Kênia Mara Baiocchi de Carvalho (14.9.1966), Jatai (GO), nutricionista pós-graduada, doutoranda pela Universidade Paulista, professora da Universidade de Brasília, residindo em São Paulo, divorciada de Luiz Alexandre Junqueira, analista de sistemas, com quem teve uma filha, casando-se com Ruben de Castro Heuseler, Rio de Janeiro, bancário.4.9.5.1. Natália de Carvalho Junqueira (5.3.1993), Brasília (DF). 4.10. Pílade Benito Baiocchi (23.10.1938), Goiás (GO), funcionário da Câmara Federal, aposentado, casado com Marisa Garcia Baiocchi (2.7.1940), professora primária, tiveram quatro filhos.4.10.1. Denise Baiocchi Vianna (11.3.1963), formada em Educação Artística, casada com João José Vianna, atleta formado em Educação Física, o “Pipoca” da seleção brasileira de basketball , nascido em 15.11.1963.

4.10.1.1 João Felipe Baiocchi Vianna (7.1.1990).

4.10.1.2 Rebeca Baiocchi Vianna (19.1.1995).4.10.1.3 José Maurício Baiocchi Vianna (14.10.1996).4.10.2. Deise Garcia Baiocchi (4.6.1964 - 18.8.1974).

4.10.3 Pílade Baiocchi Neto (3.8.1966), funcionário público federal, analista de sistemas, casado com Soraya Vianna Baiocchi (7.8.1966), formada em Educação Física, três filhos.4.10.3.1 LuísaV. Baiocchi (30.8.1990), Brasília (DF).4.10.3.2 RenanV. Baiocchi (26.10.1993), Brasília (DF).

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4.10.3.3 Fábio V. Baiocchi (3.7.1996), Brasília (DF).4.10.4. Marisa D’Andréa Baiocchi Princivalli Campos (19.12.1967), pedagoga, casada com Leonardo Princivalli de Almeida Campos (5.7.1964), administrador de empresas, dois filhos.4.10.4.1 André Baiocchi P. Campos (17.7.1996).4.10.4.2 Débora Baiocchi P. Campos (14.3.1998).4.11. Wânia Suely Baiocchi Macedo (7.12.1947), professora universitária, teóloga, casada com Edgard de Medeiros Macedo (12.8.1943), teólogo, editor e empresário gráfico, três filhos.4.11.1. Bruno Baiocchi de Medeiros e Macedo, Brasília (DF), (26.4.1967 -4.1.1973).4.11.2. Flávia Baiocchi Macedo Bustamante, Brasília (DF), (29.7.1971), consultora em Programa de Qualidade ISO 9000, Banco do Brasil, casada com Carlos Henrique Bahia Bustamante (5.8.1965), Gerente Geral de Agência do Banco do Brasil, dois filhos.4.11.2.1 Lucas Macedo Bustamante (31.3.1993), Brasília (DF).4.11.2.2 Daniel Macedo Bustamante (27.11.1994), Brasília (DF).4.11.3. Michel Baiocchi de Medeiros e Macedo (4.1.1973), Brasília(DF), representante comercial, casado com Ludimila da Mota Amaral,advogada, com uma filha.

4.11.3.1. Larissa Amaral de Macedo (9.1.1999), Brasília (DF).

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5. ORESTE FRANCISCO BAIOCCHINascido em 3.12.1890 e falecido em 23.2.1976.No dia 25.4.1912 casou-se com Raimunda Taffo, nascida em 24.10.1896, ele com vinte e um anos e ela com dezesseis. Começou o trabalho com doze anos de idade, tocando pistom na banda do irmão Domingos. Ainda em Ribeirão Preto aprendeu o ofício de alfaiate, mudou-se para Goiás (GO) na mesma época que papai. Ali trabalhou muitos anos como alfaiate, iniciando sua carreira de professor de Educação Física no Liceu de Goiás.Transferido para Goiânia (GO) continuou com a mesma profissão de professor, até se aposentar. Tiveram três filhos.5.1. Reinaldo Baiocchi (13.5.1913), em Ribeirão Preto (SP), faleceu em Goiânia em 17.8.1998. Casado com Iracema Brandão Baiocchi (27.10.1916), natural de Goiás (GO), faleceu em 16.10.1976, em Goiânia (GO). O casal teve seis filhos. Casou-se em segundas núpcias com Roseli Tavares, com quem teve mais dois filhos.5.1.1. Aparecida Baiocchi Almeida Leite, de Goiás (GO), professora formada pelo Instituto de Educação de Goiás, fundou uma escola de primeiro grau, casada com José Roberto Almeida Leite no dia 7.5.1961, empresário nascido em São Paulo, no dia 25.5.1938. Tiveram duas filhas.5.1.1.1. Roberta Baiocchi Almeida Leite Rezende (28.2.1964), em Goiânia (GO), pedagoga, casada com José Carlos Marques Rezende (16.12.1959), em Goiânia (GO), empresário, dois filhos.5.1.1.1.1 Luiza Baiocchi de Almeida Leite Rezende (23.3.1991), em Goiânia (GO).5.1.1.1.2 Lara Baiocchi Rezende (23.10.1997), em Goiânia (GO).5.1.1.2. Giovana Baiocchi Almeida Leite (12.11.1965), em Goiânia (GO), pedagoga.5.1.2 Marly Brandão Baiocchi (9.1.1939), nascida em Goiás (GO), professora, funcionária pública estadual aposentada. Solteira.5.1.3 Marconi Brandão Baiocchi (5.8.1940), em Goiás (GO), advogado, Auditor Fiscal da Previdência, Diretor do Funrural, Superintendente do INPS-INAMPS-INSS, casou-se no dia 12.1.1966 com Maria das Graças Toledo Piza Baiocchi, natural de Jatai (GO), de 27.4.1948, formada em Artes Plásticas, pela Universidade Federal de Goiás, tiveram três filhos.

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5.1.3.1. Mara Toledo Piza Baiocchi Santana (14.12.1968), em Goiânia, advogada, Delegada da Polícia Federal, casou-se com Hélio Santana e Silva Júnior, em 14.12.1997, nascido em Santos (SP), aos 6.3.1966, advogado, Delegado da Polícia Federal.5.1.3.1.1 Gabriel Baiocchi de SanfAnna (15.3.1999), em Goiânia (GO).5.1.3.1.2 Pedro Baiocchi de SanfAnna (28.11.2000), em Goiânia (GO).5.1.3.2 Marcelo Toledo Piza Baiocchi (18.3.1970), em Goiânia (GO), solteiro, médico-cirurgião vascular.5.1.3.3 Mônica Toledo Piza Baiocchi Mello (16.10.1971), em Goiânia (GO), odontóloga, casada com Mozar Oliveira Mello Júnior (9.2.1970), médico oftalmologista, uma filha.5.1.3.3.1. Marcela Baiocchi Mello (9.3.1994), em Goiânia (GO).5.1.4. Aríete Baiocchi Almeida Leite (8.4.1944), em Goiânia, faleceu em 25.3.1994, em Goiânia, artista plástica, casou-se com Nilo Almeida Leite Filho, nascido em São Paulo em 15.6.1945, funcionário público estadual da Secretaria da Fazenda, tiveram três filhos. 5.1.4.1. Simone Baiocchi Almeida Leite Curado (26.8.1970), em Goiânia (GO), casada com Marcos Alencastro Curado (22.4.1956), em Goiânia (GO), Engenheiro Civil, dois filhos.5.1.4.1.1 Marcos Alencastro Curado Filho (10.6.1994), em Goiânia.5.1.4.1.2 Mateus Baiocchi Curado (16.6.1997), em Goiânia.5.1.4.2 Leandro Baiocchi Almeida Leite (31.12.1972), em Goiânia, estudante.5.1.4.3 Giuliana Baiocchi AlmeidaLeite (15.7.1978), Goiânia, acadêmica de Direito.5.1.5. Marco Antônio Brandão Baiocchi (7.5.1946), em Goiânia (GO),advogado, casou-se com Thaís Maria Pires (14.11.1950), de Goiânia (GO), jornalista, divorciados. Tiveram três filhos. Em segundas núpcias casou-se com Wilma Fagundes, nascida em 12.7.1952, em Uberlândia (MG), com quem teve a quarta filha.5.1.5.1 Camila Pires Baiocchi (6.7.1976), em Goiânia (GO), odontóloga.5.1.5.2 Augusto Pires Baiocchi (15.4.1979), em Goiânia (GO), universitário.5.1.5.3 Júlia Pires Baiocchi (14.8.1981), em Goiânia (GO).

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5.1.5.4 Bárbara Fagundes Baiocchi (24.8.1990), em Goiânia (GO).5.1.6. Sandra Regina Baiocchi Marques (27.11.1955), Goiânia (GO), casada com Fábio de Juarez Marques (20.5.1955), de Goiânia, empresário, dois filhos.5.1.6.1 Fábio de Juarez Marques Júnior (11.8.1977), Goiânia (GO), engenheiro civil.5.1.6.2 Paulo Octávio Baiocchi (29.8.1982), Goiânia (GO).5.1.7 Itagina Tavares Baiocchi (7.6.1979), Goiânia (GO), odontóloga.5.1.8 Reinaldo Baiocchi Filho (5.8.1985), Goiânia (GO).5.2. Iolanda Baiocchi (29.11.1914), em Goiás (GO), artesã, solteira.5.3. Celeste Baiocchi Clemente (15.7.1916), em Goiás (GO), faleceuem 12.6.1996, casou-se com o militar Eriberto Clemente, natural de Caicó (RN), nasceu em 21.3.1913, faleceu em 19.7.1955, em Goiânia (GO), tiveram dois filhos.5.3.1. Aldo Baiocchi Clemente (22.2.1940), em Goiânia (GO), médico cirurgião, clínico, proprietário do Hospital e Maternidade Vila Nova, casou-se em 7.9.1967, em Uberaba (MG), com Maria Célia Mendes Clemente (20.9.1944), normalista, nascida em Uberaba (MG), falecida em 26.9.1994, em Goiânia. Tiveram três filhos.5.3.1.1. Cíntia Mendes Clemente (10.8.1970), em Goiânia , médicagastroenterlogista, solteira.5.3.1.2 Bruno Mendes Clemente (5.2.1972), em Goiânia, médico radiologista. Solteiro.5.3.1.3 André Mendes Clemente (11.4.1976), em Goiânia. Solteiro.5.3.2. Euler Baiocchi Clemente (10.4.1944), Goiânia (GO), médico pediatra, casou- se em 18.12.1969, com Deonilse Lourdes Susin Clemente (28.8.1946), nascida em Curitiba (PR), tiveram três filhos.5.3.2.1. Eriberto Clemente Neto (18.1.1971), Goiânia, médico cirurgiãopediátrico, solteiro.5.3.2.2 Diogo Clemente (25.9.1973), Goiânia, médico oftalmologista, solteiro.5.3.2.3 Gustavo Susin Clemente (14.5.1976), Goiânia, administrador de empresas. Solteiro.

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6. AMÉRICO BAIOCCHINascido em 24.1.1896, em Ribeirão Preto (SP), funcionário da Estrada de Ferro de Goiás, hoje Rede Ferroviária Federal SA, aposentou-se em 15.7.1959, casou-se em 5.9.1923 com Maria Ricarte Baiocchi, nascida em 30.4.1903, em Indianópolis (MG), costureira, ambos falecidos, ele em Goiânia (GO) em 12.11.1959 e ela em Araguari (MG), em 29.4.1985. Tiveram cinco filhos.6.1. Hélio Baiocchi (1.7.1924), em Araguari (MG), torneiro ferramenteiro aposentado, falecido em Campinas (SP), em 14.8.1998, casou-se com Iraci Macedo Baiocchi (13.3.1927), em Macaíba (RN), do lar. Tiveram três filhos.6.1.1. Lúcio Flávio Baiocchi (12.1.1956), em Araguari (MG), desenhistaprojetista mecânico, casado com Vânia Lúcia Vieira da Silva Baiocchi (17.2.1958), do lar. Três filhos.6.1.1.1 Moisés Vieira Baiocchi (23.2.1981), em Campinas (SP), segundo grau completo.6.1.1.2 Lúcio Flávio Baiocchi Júnior (4.8.1986), Campinas (SP).6.1.1.3 Mateus Vieira Baiocchi (23.8.1987), Campinas (SP).6.1.2. Lúcia Helena Baiocchi (17.6.1957), Araguari (MG), do lar, casada com Feliciano Peres Pombal (10.4.1940), gerente comercial, um filho.6.1.2.1. Américo David Baiocchi (9.6.1981), Campinas (SP).

6.1.3. Lucinaldo Baiocchi (5.10.1962), Campinas (SP), engenheiro mecânico, casado com Mônica A. Mafra Baiocchi (13.4.1966), Campinas (SP), industriaria, aguardam o nascimento do primeiro filho.6.2. Diva Baiocchi Siqueira (10.11.1926), Araguari (MG), do lar, casada com Augusto Rodrigues Siqueira (2.8.1916), Araguari (MG), bancário aposentado, ambos falecidos em Araguari (MG), ela em 11.7.1982 e ele 18.2.1990, tiveram três filhos.

6.2.1. Vander Augusto Siqueira (8.9.1944), Araguari (MG), cirurgião dentista, casado com Marlene Bulha Siqueira (14.4.1946), Casa Branca (SP). Três filhos.6.2.1.1 Márcia Bulha Siqueira (18.5.1973), Araguari (MG), segundo grau completo.

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6.2.1.2 Rogério Bulha Siqueira (16.9.1977), Araguari (MG), estudante de Engenharia Elétrica.6.2.1.3 Gustavo Bulha Siqueira (17.3.88), Araguari (MG).6.2.2. Vanda Siqueira (14.6.1946), Uberaba (MG), professora do primeiro grau aposentada, separada judicialmente de Luiz Antônio de Oliveira, dois filhos.6.2.2.1. Ana Lúcia Siqueira de Oliveira Nunes (20.8.1971), Araguari (MG), estuda Artes Plásticas em nível de terceiro grau, casada com Sandro Aguiar Nunes (15.9.1971), de Araguari (MG), segundo sargento do Exército.6.2.2.1.1. Gabriel Oliveira Nunes (8.7.1997), Goiânia (GO).6.2.2.2. Túlio Siqueira de Oliveira (28.7.1973), nascido em Araguari (MG), professor de Educação Física, casado com Nádia Bernardes da Silva Siqueira (27.4.1979), Uberlândia (MG), culinarista e professora, sem filhos.6.2.3. Augusto Rodrigues Siqueira Filho (22.8.1947), Araguari (MG), comerciante, casou-se com Maria Amália Tonini Siqueria (21.11.1952), Araguaria (MG), comerciante e professora, falecida em Araguari em 15.3.2000, um filho.6.2.3.1. Marcell Tonini Siqueira (10.10.1980), Araguari (MG), universitária da faculdade de Odontologia.6.3 Dirce Baiocchi (10.2.1929), Araguari (MG), solteira, funcionária aposentada da R.F.F.S.A.6.4 Hely Baiocchi (25.10.1939), Araguaria (MG), solteiro, funcionário aposentado do 2o Batalhão Ferroviário, é gêmeo de Helita.6.5 Helita Baiocchi Alves (25.10.1939), Araguari (MG), professora aposentada e costureira, casada com Carlos Roberto Alves (6.10.1935), Araguari (MG), industriário aposentado, quatro filhos.6.5.1. Marcos Roberto Baiocchi Alves (16.2.1957), Araguari (MG), funcionário do Banco do Brasil, com cargo de Gerente Administrativo, casado com Neide Borges Guimarães, nascida em Piracaíba (MG), licenciada em Geografia, do lar. Dois filhos.6.5.1.1 Guilherme Guimarães Alves (31.12.1987), Araguari (MG).

6.5.1.2 Isabela Guimarães Alves (26.11.1990), Araguari (MG).

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6.5.2. Consuelo Baiocchi Alves Coelho (30.1.1959), Araguari (MG), pedagoga e Vice-Diretora da Escola Estadual Professor Antônio Marques, casada com Ronaldo Bernardes Coelho (23.2.1941), industriário aposentado, três filhos.6.5.2.1. Beatriz Baiocchi Alves Coelho (18.1.1985), Araguari (MG), secundarista. 6.5.2.2 Murilo Baiocchi Alves Coelho (20.6.1986), Araguari (MG).6.5.2.3 Thaís Baiocchi Alves Coelho (20.12.1991), Araguari (MG).6.5.3. Denise Baiocchi Alves Veronese (20.10.1962), Araguari (MG), bacharel em Direito, Auditora Fiscal estadual, casada com Márcio Veronese (20.10.1955), Penápolis (SP), Agente de Fiscalização Estadual e universitário em Ciências Contábeis. Um filho.6.5.3.1. Renato Baiocchi Alves Veronese (23.2.1995), Gurupi (GO).6.5.4. Leonardo Baiocchi Alves (6.1.1972), Araguari (MG), bacharel em Administração de Empresas e funcionário do Banco do Brasil, casado com Rejane Batista do Carmo Alves (27.3.1974), São José do Rio Preto (SP), bacharel em Economia, do lar.6.5.4.1. Mariana do Carmo Alves (29.3.1996), São José do Rio Preto (SP).

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7. COLOMBO BAIOCCHI (BIMBINO)Nasceu em 13.2.1898 e faleceu em 14.3.1981. Casou-se com Izabel Assiscla Pereira Guimarães Baiocchi (tia Nenzica), nascida em 17.11.1905 e falecida em 9.4.1996. Professor, humanista, formador de gerações em Goiás (hoje jornalistas Domiciano Faria, poeta, Aidenor Ayres, entre outros), pontificou o magistério por anos na Escola Técnica Federal de Goiás - ETFGO. Com o nobre título de Mestre, não só ensinava a profissão de alfaiataria, que “veste os homens”, como especializando-se em eletrônica, inicia o seu ensino na mesma instituição. Por sua atuação por quase 40 anos recebe o “Prêmio Honorífico” pelos relevantes serviços prestados ao Ensino e à ETFGO em 23.9.1979.O casal Colombo e Izabel recebeu da Prefeitura de Goiânia em 1990 -Prefeito Nion Albernaz e da Câmara Municipal, o Diploma de Pioneiros de Goiânia, como colaboradores na consolidação e construção da cidade e pelos relevantes serviços prestados à nova Capital do Estado de Goiás. São seus filhos:7.1. Emir Baiocchi (19.06.1926-Goiás-GO)-10.01.2001-Goiânia. Foi Chefe do Departamento de Esportes do Clube de Regatas Flamengo e campeão mundial de basquete, em 1960.Foi campeão brasileiro e sul-americano, medalha de bronze no campeonato mundial, em 1975. Casado com Vanda Ferreira Vaz Baiocchi. Tiveram três filhos:Lutou pelo desenvolvimento do futebol e do basquete no Estado de Goiás. Na sua gestão à frente do basquete no Vila Nova foi campeão brasileiro e sul-americano, ficando com a medalha de bronze no campeanato mundial de 1975.

Integrou a Inca Caderneta de Poupança e Crédito Imobiliário e participou do lançamento dos primeiros conjuntos habitacionais do BNH, tais como Bairro Feliz e Vila Redenção.

7.1.1. Emir Baiocchi Filho (3.7.1951 - Rio de Janeiro-RJ), casado com Marise Leão Marques Baiocchi. Engenheiro eletricista pela Universidade de Brasília, participou do desenvolvimento da telefonia interurbana e da radiodifusão do Estado de Goiás.7.1.1.1 Janaína Marques Baiocchi (9.12.1975 - Goiânia-GO), nutricionista (USP), bolsista de iniciação científica do Programa Especial de treinamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

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Superior (CAPES) - 1996-1997.7.1.1.2 Emir Baiocchi Neto (29.9.1981 - Goiânia-GO), jogador de basquete, foi campeão dos Jogos Escolares Internacionais de Cuba.7.1.2. Virgínia Izabel Baiocchi, divorciada de Caio Jacobson, teve três filhos.7.1.2.1 Graal Petra Baiocchi Jacobson - psicóloga.7.1.2.2 Tamiel Baiocchi Jacobson.7.1.2.3 Wendy Baiocchi Jacobson.7.1.3. Paulo Marcus Baiocchi, empresário, casado com Moema Públio de Souza Baiocchi, criador e lançador dos produtos Multiouro e Ourolimpo, utilizados em garimpos do Brasil.7.1.3.1. Diadomã de Souza Baiocchi, projetista de Internet, casada comAlexandre Camargo Pacheco.7.1.3.1.1. Dante Baiocchi Pacheco.7.1.3.2. Giovanni Baiocchi, piloto de kartefómula 200.7.1.3.3. Piero Souza Baiocchi, empresário, também piloto de corrida.No dia 10.01.2001, Emir nos deixou, porém vivo ele estará sempre em minhas lembranças, em meu coração.7.2. César Baiocchi (15.4.1928 - Goiás-GO). Médico, empresário, escritor. Membro da Academia Goiana de Letras. Exerceu mandatos de vereador no Estado do Paraná. Fundou o primeiro hospital na cidade de São João do Caiuá (PR). Casado com Josefina Desounet Baiocchi, educadora .Seus filhos:

7.2.1. Rômulo Desounet Baiocchi (Curitiba-PR), casado com Rita Helena do Vale Baiocchi, Administrador de Empresas, sócio e dirigente das empresas RB Empreendimentos Imobiliários em Brasília. Sócio e dirigente da Federal Imóveis e FECOM em Goiânia. Membro do Conselho de Curadores da Fundação César Baiocchi. Sócio e Diretor da Brasentur.7.2.1.1. Tarcila Dora do Vale Baiocchi, advogada. Casou-se em Boston - U.S.A. com Dennis Sulivan. Um filho.7.2.1.1.1. Daniel B Sulivan - 07.11.2000.

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7.2.1.2 César Baiocchi Neto.7.2.1.3 Carolina do Vale Baiocchi.7.2.1.4 Mariana do Vale Baiocchi.7.2.2. Maura Desounet Baiocchi, viúva de Paulo José Teixeira de Araújo, casada com Wolfgang Pannek. Diretora teatral, atriz, coreógrafa, promotora de eventos culturais e escritora. Vários prêmios como coreógrafa e atriz no Brasil e no exterior. Filha:7.2.2.1. Bruna Baiocchi de Araújo.7.3. Colombina Baiocchi (2.12.1929 - Goiás-GO), advogada. Foi professora de piano, jornalista em São Paulo, tradutora de Francês e Espanhol e formada em Direito pela UFG. Aposentou-se como Procuradora do IAPAS. Seu marido, Declieux Crispim Sobrinho (15.4.1930 - Anápolis-GO), jornalista, advogado e professor até sua morte em 14.8.1962. São seus filhos:7.3.1. Marúcia Crispim Baiocchi Cappi, pedagoga, casada com Antônio Cappi. Trabalhou no SECAC como Supervisora e Orientadora Educacional Pedagógica e Administradora do Centro de Formação Profissional. Professora da rede pública estadual. Professora da UCG, especialista em Administração de Recursos Humanos. Mestranda em Educação.Filhos:7.3.1.1 Valéria Crispim Baiocchi Cappi, médica.7.3.1.2 Cario Crispim Baiocchi Cappi, acadêmico de Direito.

7.3.2. Solange Crispim Baiocchi Hermano (16.12.1953), empresária, casada com Ivan Hermano.

7.3.2.1. Ivan Hermano Filho (17.5.1974), advogado, empresário, casado com Renata Honorato.

7.3.2.1.1. Ivan Rafael Hermano (16.1.1999).

7.3.2.2 Camila Crispim Baiocchi Hermano Vinaudi, advogada, casada com Rafael Gouveia Vinaldi.7.3.2.3 Paola Crispim Baiocchi Hermano (29.6.1989).

7.3.3. Elisa Crispim Baiocchi (31.4.1956 - São Paulo-SP), assistente social formada pela UCG, idealizadora na conquista de uma política pública voltada para o atendimento da população adulta de rua, no município

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de Goiânia, coordenando o Fórum Goiano de Política de Assistência Social a uma População Adulta de Rua, casada com Orlando Paulino da Silva Filho, advogado e agropecuarista, aposentado como Auditor do Tribunal de Contas dos Municípios.7.3.3.1 Marúcia Paulino Baiocchi, advogada.7.3.3.2 Flávia Paulino Crispim Baiocchi, acadêmica do curso de Letras - UFG. Professora e tradutora da língua inglesa, divorciada.7.3.3.2.1. Lucca Nicolai Baiocchi Jaime.7.3.3.3 Ornar Paulino Crispim Baiocchi, estudante de Zootecnia na UCG, promotor de eventos.7.3.3.4 Tiago Paulino Crispim Baiocchi, estudante de Direito na Gama Filho (RJ).7.3.3.5 Orlando Paulino da Silva Neto, secundarista.7.3.3.6 Edimar César Crispim Paulino Baiocchi.7.3.4. André Dafico Crispim (27.5.1958 - Goiânia-GO), divorciado de Janete. Artista plástico em escultura, foi fundador da Galeria Cabeças em Brasília; ingressou no Curso de Licenciatura em Desenho e Plástica do Instituto de Artes da UFG; participou de diversas exposições de arte e cultura em Brasília, Goiânia, Fernandópolis (SP) e Rio de Janeiro (RJ) (Eco-92).7.3.4.1. Rafael.

7.3.5. Carmen Crispim Baiocchi (Cacao Crispim) (20.6.1959-Goiânia-GO), empresária e compositora.Divorciada de Dimas de Paulo, teve três filhos. Casou-se com Fábio Magalhães Rodrigues (Fábio Pertence), artista da Abril Music/SP, compositor, integrante do grupo Banda Laia Vunje.

7.3.5.1Yashmin Crispim Baiocchi de Paula, bacharel em Direito.7.3.5.2 Declieux Crispim Baiocchi de Paula, estudante.7.3.5.3 lan Crispim Baiocchi de Paula, estudante.7.3.6. Marcos Dafico Crispim (25.12.1960-Goiânia-GO), empreendedor na área agropecuária. Atualmente, desenvolve atividades empresariais no ramo de transporte de cargas e compra e venda de veículos automotores.

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7.3.6.1Carina Maria Romano de Melo Crispim, comissária de bordo da Rio-Sul, São Paulo.7.3.6.2 Isadora Maria Romano de Melo Crispim, universitária, divorciada.7.3.6.2.1. Ananda Melo Crispim.7.3.6.3 Pedro Ivo Crispim, estudante.7.3.6.4 Daniela Maria Romano de Melo Crispim, estudante.7.3.6. 5 Isabela Crispim.7.3.6.6 Bárbara Crispim.7.3.6.7 Gabriela Crispim.7.4. Dora Baiocchi Vaz casada com José Carneiro Vaz, ambos falecidos.7.4.1. Dora Mara Baiocchi Vaz Soares (28.6.1952), casada com Francisco Bairua Soares.7.4.1.1. Bruno Francisco Baiocchi Vaz Soares (4.10.1979).7.5. Mari de Nazaré Baiocchi, Doutora em Ciências Humanas. Antropologia Social. Escritora. Professora Titular da UCG e UFG. Pesquisas em Antropologia Social, Arqueologia, Ambientalista e Etnomusicologia. Coordenadora do “Projeto Kalunga - Povo da Terra”. Identificação do quilombo Kalunga e transformação da região em sítio histórico e patrimônio cultural (Lei n. 11.409, de 21.1.1991).Autora do relatório científico que estruturou a lei. Prêmio “Destaque e Citação de Relevância de Obra para a Compreensão das Relações de Raças nos Países em Desenvolvimento” (Unesco - 83). Divorciada de Alaor Barreto de Vasconcelos e de Ornar Carneiro. Filhos:

7.5.1. Angela Dolores Baiocchi de Vasconcelos (22.11.1953) - Psicóloga clínica, divorciada de Luiz Elias Júnior, casada com Glauco Baiocchi Júnior.

7.5.1.1 Bruen Baiocchi de Vasconcelos Elias, falecido.7.5.1.2 Vinícius Baiocchi de Vasconcelos Elias, estudante.

7.5.1.3 Henrique Baiocchi de Vasconcelos Elias, estudante.7.5.2. Ludmila Baiocchi Carneiro, comerciante, divorciada de Ari Alencastro Veiga Filho.

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7.5.2.1 César Alencastro Veiga, estudante.7.5.2.2 Jovana Baiocchi Alencastro Veiga, estudante.7.5.2.3 Bernardo Carneiro Alencastro Veiga.7.5.3. Ornar Carneiro Filho, médico, músico, casado com Lara Pereira Oliveira.7.5.3.1 Vitória7.5.3.2 Carolina7.5.4 Johen Carneiro, psicóloga.7.5.5 Flávio Miguel Carneiro, advogado e ator.7.6. Colombo Baiocchi Filho, falecido. Deixou viúva Yara Aparecida MoreiraBaiocchi. Advogado, jornalista, empresário e político. Idealizador e empreendedor do primeiro conjunto habitacional financiado pelo BNH de Goiás.7.6.1. Colombo Baiocchi Neto, advogado, administrador de empresas, professor.7.6.2. César Baiocchi Sobrinho, falecido.7.7. Izabel Baiocchi Carneiro (9.7.1941 - Goiás-GO), viúva de Sérgio Carneiro. Licenciada em Artes Visuais - UFG.7.7.1. Sérgio Baiocchi Carneiro (3.3.1963 - Goiânia-GO), casado com Luciane Guelli Gifford Carneiro. Médico cardiologista (UFG), proprietário do Hospital do Coração de Goiás. Presidente do VIII Congresso Goiano de Cardiologia - 2000.

7.7.1.1 Gabriel Gifford Carneiro (6.5.1991 -Goiânia-GO)7.7.1.2 André Gifford Carneiro (7.1.1994 - Goiânia-GO)7.7.2. Marcelo Baiocchi Carneiro (27.5.1965 - Goiânia-GO), casado com Silvaria Patrícia de Morais Carneiro, advogado, empresário, sócio, fundador e dirigente da FECOM. Presidente do SECOVI - Sindicato de Habitação de Goiás. Presidente da FENADI - Federação Nacional do Mercado Imobiliário.7.7.2.1. Marcelo Baiocchi Carneiro Filho (20.10.1995 - Goiânia-GO).

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7.7.3. Ricardo Baiocchi Carneiro (3.7.1968 - Goiânia-GO), casado com Denise Araújo Santos Baiocchi Carneiro, advogado.7.7.3.1 Rafael Araújo Santos Baiocchi Carneiro (16.9.1986 - Goiás-GO).7.7.3.2 Marcela Araújo Santos Baiocchi Carneiro (11.5.1989 - Goiás-GO).7.7.3.3 Roberta dos Santos Carneiro (1.4.1991 - Goiás-GO).7.7.4. Rodrigo Baiocchi Carneiro (4.11.1970 - Goiás-GO), engenheiro agrônomo, empresário, consultor.7.8 Tânia Mara Baiocchi, falecida.7.9 Emircesar Guimarães Baiocchi, engenheiro civil, pós-graduado em administração, casado com Célia Regina Carvalho Baiocchi, poeta, político.7.9.1. Otávio César Carvalho Baiocchi, médico.7.9.2 Juliana César Baiocchi, odontóloga.7.9.3 Alissa César Baiocchi, universitária.

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Brasão da Família Baiocchi

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