Alternativa CBC

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Alternativa CBC

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UNIASSELVI FAMEGENGENHARIA CIVIL

ALINE AZEVEDOJNIOR FRANALUCAS LIMARENATO ROCHA

UTILIZAO DA CINZA DO BAGAO DA CANA-DE-ACAR COMO MATRIA PRIMA DE TELHAS DE CONCRETO

GUARAMIRIM, SCJunho de 2013ALINE AZEVEDOJNIOR FRANALUCAS LIMARENATO ROCHA

UTILIZAO DA CINZA DO BAGAO DA CANA-DE-ACAR COMO MATRIA PRIMA DE TELHAS DE CONCRETO

Trabalho apresentado disciplina de Homem, Cultura e Sociedade, como requisito parcial para avaliao do segundo bimestre, sob orientao da Prof.(a) Thas Pestana.

GUARAMIRIM, SCJunho de 2013INTRODUO

Pensando no amanh, como futuros Engenheiros Civis, no podemos deixar de nos preocupar com o Meio Ambiente, assunto este cada vez mais abordado em todos os meios de comunicao na ltima dcada. Nesse contexto, podemos observar que o Brasil o maior produtor sucroalcooleiro do mundo, liderando tecnologia no ramo, em rea de plantio e consequentemente em exportao de acar e etanol. Sendo responsvel pela produo de cerca de 55% do etanol consumido em todo o planeta.Com esses resultados, no podemos deixar de pensar na questo ambiental envolvida em tudo isso. A inspirao para este trabalho, teve como base observaes de vrias visitas tcnicas do aluno Renato Rocha, membro deste grupo, vrias usinas de etanol e acar no interior de So Paulo em 2012, onde pode observar a imensido de resduos gerados no processo de produo destes produtos.Sendo assim, o objeto de estudo deste trabalho a cinza do bagao da cana-de-acar (CBC), resduo esse obtido atravs da queima do bagao que sobra na extrao do caldo da cana. Cerca de 95% de todo o bagao produzido no Brasil so queimados em caldeiras para gerao de vapor gerando como resduo essa cinza, podendo-se configurar em srios problemas ambientais por no ter um descarte adequado.Os nmeros so cada vez mais preocupantes, visto que o Brasil atualmente produz por volta de 120 milhes de toneladas de cana-de-acar por ano e a cinza obtida no possui um descarte ecologicamente correto.Observa-se que j existem diversos estudos aprofundados no assunto, buscando uma alternativa para essas cinzas. Porm, com o aumento anual na produo, v-se cada vez mais a necessidade de novas ideias para o uso adequado destes resduos.Apresentaremos ento nossa ideia ao decorrer deste trabalho, apenas de forma terica, por ainda no termos conhecimento tcnico para anlises e estudos especficos necessrios.

1. A histria da cana-de-acar no Brasil

Algumas dcadas aps o descobrimento do Brasil h indcios que Martin Afonso de Souza em 1532 fundou o primeiro engenho chamado So Jorge, que ficava na cidade de So Vicente/SP. Aps isso, na regio onde hoje fica Pernambuco, foram construdos engenhos por Duarte Coelho. Outras locais como a Bahia, em 1538, e Alagoas, em 1575, receberam orientao para o cultivo da cana nas primeiras dcadas da colonizao. Devido ao grande crescimento da cultura da cana, e vasta quantidade de terras para isso, por volta de 1550, o Brasil j se tornava o maior produtor de acar do mundo. Foi no nordeste Brasileiro que a plantao deste cultivo se expandiu rapidamente, em funo de excelentes condies de solo e clima, de tal maneira que, dezessete anos passados, j existiam 23 engenhos s em Pernambuco. Aps se tornar o maior produto cultivado no Brasil, fatos importantes mais atuais marcaram a histria deste setor, como em 1933 houve a criao do Instituto do Acar e do lcool (IAA), que tinha como objetivo centralizar toda operao de exportao do produto, o qual estava em falta no mercado mundial. O IAA foi extinto na dcada de 90, onde se iniciou um lento processo de regulao do setor. J dcada de 70, o IAA lanou o Prolcool (Programa Nacional do lcool), que tinha como objetivo a mistura do lcool anidro na gasolina, com isso houve um grande investimento do pas junto ao Banco Mundial, para o aumento das plantaes no pas, causando um grande aumento no nmero de usinas e destilarias em todos os estados brasileiros.Em 1971, o IAA criou o Plano Nacional de Melhoramento da Cana-de-acar, desenvolvido para evitar o aumento da dependncia externa quanto ocorreu aumento significativo no preo do petrleo no mercado mundial. Esse Programa substituiu por uma frao de lcool anidro um volume de gasolina pura por uma frota superior a 10 milhes de veculos a gasolina, evitando assim, nesse perodo, emisses de gs carbnico da ordem de 110 milhes de toneladas de carbono (contido no CO2), evitando tambm a importao de aproximadamente 550 milhes de barris de petrleo, e ainda, proporcionando uma economia de divisas da 11,5 bilhes de dlares.Atualmente, segundo resultados da safra de 2012/13, estima-se que a rea destinada para o plantio da cana seja de 8.528 mil hectares. O estado de So Paulo lidera a produo com aproximadamente 51,82% (4.420 mil hectares) da produo brasileira, logo aps vem Gois com 8,69% (742 mil hectares), depois os estados de MG (8,46%), PR (7,13%), MS (6,50%), AL (5,26%), PE (3,63%), j os demais estados as reas de plantio so menores do que 3%. Devido a essa grande rea de plantio sendo uma das principais atividades agrcolas do pas, o Brasil responsvel pela produo de cerca de 53% do lcool etlico consumido no planeta, e o maior produtor mundial de acar, liderando com 61% das exportaes. Abaixo, mapa de distribuio do plantio no Brasil.

Figura 1. Mapa da distribuio da cana-de-acar no Brasil. Fonte: NICA, 2009.

2. Esquema de Produo de acar e etanol e seus resduos

Desde o plantio at a etapa final de produo do acar e etanol todas as etapas de produo so ricas em detalhes e sub-processos. Abaixo pequeno fluxograma do esquema de produo. Destacado em vermelho o bagao, que um subproduto destes processos.

LAVAGEMColheita da CanaFolhas e pontasgua de lavagemEXTRAO DO CALDOBagaoTRATAMENTO DO CALDOTRATAMENTO DO CALDOTorta de filtroPRODUO DE ACARACARFERMENTAOLeveduraTorta de filtroDestilaoVinhaaETANOL

Legenda:

Subproduto/ResduoProduto finalEtapa de processoMatria prima

2.1 Bagao

O bagao gerado na extrao do caldo da cana, atualmente utilizado para gerao de energia nas usinas, atravs da queima, o que faz dessas usinas serem auto-suficientes energeticamente. Ao final do processo de queima, o resduo gerado a cinza do bagao da cana (CBC).Hoje em dia, a produo de bagao gira em torno de 120 milhes de toneladas por ano, onde em cada tonelada de cana-de-acar produzido aproximadamente 25 quilos de cinza residual, que possui 77% de areia de quartzo e p de carvo. As cinzas so obtidas da queima da palha nos canaviais e da queima do bagao nas caldeiras. Na caldeira so produzidos dois tipos de cinzas: a volante e a pesada. As cinzas volantes so geradas pela lavagem de gases formados na caldeira com jato de gua. Essa gua encaminhada para tanques, e permanece at sua decantao e depois so retiradas e enviadas para as lavouras. J as cinzas pesadas saem direto da caldeira e so depositadas em caambas at serem enviadas para a lavoura (imagem 2).

Figura 2. Caamba de CBC.

Atualmente, a destinao dessas cinzas um dos problemas enfrentados pelos administradores das usinas, Hoje grande parte dessas cinzas so armazenadas nas proximidades das usinas (Figura 3 e 4 abaixo), sendo novamente lanada no solo como fertilizante, e boa parte no sabe-se o destino que tomada, onde provavelmente no feito um descarte ambientalmente correto. Somente na safra de 2010/2011, a produo de CBC ultrapassaria 40 toneladas dirias, caso todo o bagao de cana-de-acar fosse transformado em cinza com o objetivo de gerao de energia. Atualmente, a maior parte desse volume de cinza disposto no meio ambiente sem um manejo eficiente, e como se trata de um material de difcil degradao, pode permanecer em depsitos ao ar livre por longos perodos de tempo. Essas cinzas no possuem nutrientes minerais adequados para adubao e nem para alimentao de animais sendo um material de difcil degradao, pois sua composio tem quase 80% de dixido de silcio (SiO2) em forma de slica cristalina, sendo assim semelhante areia extrada de rios, que pode ser utilizada como matria prima na produo de materiais pozolnicos para concreto, substituindo a argila ou moda juntamente com o clnquer.

Figura 3. Depsito de CBC Usina da Barra Barra Bonita/SP.Fonte: Arquivo pessoal Renato Rocha (2012).

Figura 4. Depsito de CBC Araatuba/SPFonte: Arquivo Faculdade de Tecnologia De Araatuba

Para cada tonelada de bagao queimado na gerao de energia, so gerados, aproximadamente 25 kg de cinza. As caractersticas dessas cinzas so influenciadas pelas condies de queima do bagao. Na figura 5 abaixo, a esquerda temos o bagao da cana antes da queima, e da direita para a esquerda podemos observar as cinzas produzidas nas caldeiras com tons mais escuros, que caracterizam cinzas com alto teor de carbono, e com tons mais brancos, que indicam a combusto completa.

Figura 5. Bagao da cana e cinzasFonte: Arquivo Universidade Federal de So Carlos

3. Alternativas para a CBC

Atualmente h diversos projetos e estudos em andamento relacionados a CBC. De todos os segmentos da Construo Civil, o que mais se desenvolveu e que teve mais abrangncia quanto aplicao dos conceitos de sustentabilidade, foi o de materiais e componentes da construo, principalmente os que usam o cimento Portland como matriz. Vrios estudos tm sido desenvolvidos sobre a incorporao de resduos nos materiais de construo, at mesmo substituindo produtos j consagrados, como a areia e o cimento Portland, seja de forma parcial ou total.Alm dos projetos para substituio de agregados do concreto por CBC, o projeto mais conhecido atualmente o alunas das Samantha Ferreira e Tasa Tenrio, ambas formadas em Edificaes pelo IFAL (Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia de Alagoas) de Palmeira dos ndios (imagem 4 e 5), onde criaram um tijolo feito da CBC.

Figura 4. Jovens alagoanas criam tijolo com cinzas do bagao da cana-de-acar.Fonte: G1.GLOBO.COM (disponvel em http://goo.gl/T92yqY)

Figura 5. Jovens alagoanas criam tijolo com cinzas do bagao da cana-de-acar.Fonte: G1.GLOBO.COM (disponvel em http://goo.gl/T92yqY)

4. PROPOSTA DE PROJETO

Temos ento, como objetivo, usar a CBC para confeco de um tipo de telha de cimento/concreto, onde atravs desses estudos, para substituir a telha de concreto atualmente comercializada (imagem 6).

Figura 6. Telhas de concretoFonte: Telhas Picapau (Disponvel em http://goo.gl/tf1zCI).

Tendo o cimento Portland como principal matria prima, acreditamos que seja possvel a substituio parcial ou total dos agregados cimento pela CBC para a confeco destas telhas.A ideia criar um tipo de cimento ecolgico tendo como principal matria prima a CBC. Caso possvel, este cimento poderia ser utilizado para diversas prticas na construo civil, onde primeiramente o foco deste projeto seria a futura confeco destas telhas.Devido a estarmos no primeiro perodo da graduao, ainda no temos capacidade tcnica para anlise fsico/qumico da CBC, testes de resistncia, clculos, confeco de corpos de prova, e demais atividades necessrias para avaliar se esta ideia vivel ou no.

CONCLUSO

Com estudos realizados para a idealizao de nosso projeto, vemos que h sim, diversas maneiras de tratar de forma ambientalmente correta as cinzas do bagao da cana-de-acar.E como futuros engenheiros devemos nos preocupar ainda mais com o meio ambiente, pois dependendo da rea de atuao que cada um assumir, poderemos pr em prtica muitos conceitos ambientais para um futuro melhor.Esta idealizao de uma alternativa para a CBC com certeza ser revista ao longo do curso, pois a tendncia que o Brasil continue na liderana sucroalcooleira, sendo assim, precisa-se de uma alternativa correta para o descarte desses resduos.

Referncias bibliogrficas

Links:

UTILIZAO DA CINZA DE BAGAO CANA-DE-ACAR COMO FILLER EM COMPOSTOS DE FIBROCIMENTO, Universidade de So Paulo (USP), disponvel em: http://www.usp.br/constrambi/producao_arquivos/utilizacao_da_cinza_de_bagaco.pdf

Matria G1 (Globo) Jovens alagoanas criam tijolo com cinzas do bagao da cana-de-acar, disponvel em: http://g1.globo.com/al/alagoas/noticia/2013/12/jovens-alagoanas-criam-tijolo-com-cinzas-do-bagaco-da-cana-de-acucar.html

Estudo das caractersticas fsicas e qumicas da cinza do bagao de cana-de-acar para uso na construo, Revista Tcnologica, Universidade Estadual de Maring (UEM), disponvel em: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/RevTecnol/article/view/8728

CANA-DE-ACAR, Ministrio da Agricultura, disponvel em: http://www.agricultura.gov.br/vegetal/culturas/cana-de-acucar Caracterizao de concretos confeccionados com a cinza do bagao da cana-de-acar, CINPAR 2010, VI Congresso Internacional sobre Patologia e Reabilitao de Estruturas .

ANEXOS

Figura 7. Esteiras para transporte da cana-de-acar Usina da Barra Barra Bonita/SP.Fonte: Arquivo pessoal Renato Rocha (2012).

Figura 8. Eixos para moagem da cana-de-acar Usina da Barra Barra Bonita/SP.Fonte: Arquivo pessoal Renato Rocha (2012).

Figura 9. Usina da Barra Barra Bonita/SP.Fonte: Arquivo pessoal Renato Rocha (2012).

Figura 10. Tanques de decantao Barra Bonita/SP.Fonte: Arquivo pessoal Renato Rocha (2012).

Figura 11. Tanques de armazenamento de etanol Usina de Maraca - Maraca/SP.Fonte: Arquivo pessoal Renato Rocha (2012).