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Fevereiro/2015 Sérgio Lucena Sandro Cordeiro São Marcos ANÁLISE DA PERFORMANCE DE TANQUES DE MISTURA ATRAVÉS DA FLUIDODINÂMICA COMPUTACIONAL Recife/PE UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS Departamento de Engenharia Química DEQ – Departamento de Engenharia Química Cidade Universitária- Recife – PE CEP. 50640-901 Telefax: 0-xx-81- 21268717 Q E G Trabalho de Conclusão de Curso

ANÁLISE DA PERFORMANCE DE TANQUES DE MISTURA ATRAVÉS DA FLUIDODINÂMICA COMPUTACIONAL (TCC)

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Trabalho de Conclusão de Curso realizado no período de 10/2014 a 02/2015 no Laboratório de Controle e Otimização de Processos (LACO) do Departamento de Engenharia Química da UFPE.

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  • Fevereiro/2015

    Srgio Lucena

    Sandro Cordeiro So Marcos

    N XXX

    ANLISE DA PERFORMANCE DE TANQUES DE MISTURA

    ATRAVS DA FLUIDODINMICA COMPUTACIONAL

    Recife/PE

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCINCIAS

    Departamento de Engenharia Qumica

    DEQ Departamento de Engenharia

    Qumica

    Cidade Universitria- Recife PE

    CEP. 50640-901

    Telefax: 0-xx-81- 21268717

    Q

    E

    G

    Trabalho de Concluso de Curso

  • 0

    SANDRO CORDEIRO SO MARCOS

    ANLISE DA PERFORMANCE DE TANQUES DE

    MISTURA ATRAVS DA FLUIDODINMICA

    COMPUTACIONAL

    Orientador: Prof. Srgio Lucena

    Recife

    2015

    Trabalho de Concluso de Curso

    apresentado a Coordenao do Curso de

    Graduao em Engenharia Qumica da

    Universidade Federal de Pernambuco,

    como requisito parcial obteno do grau

    de Engenheiro Qumico.

  • 1

    Dedico este trabalho aos meus pais.

  • 2

    AGRADECIMENTOS

    A realizao desse trabalho s foi possvel graas:

    A DEUS: que me deu fora e sade para que eu pudesse realizar meu sonho.

    AOS MEUS PAIS: que so extremamente importantes para a minha vida, Joo e Marly.

    Agradeo por todo o carinho ao longo dos anos.

    A UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO: agradeo em especial ao

    Departamento de Engenharia Qumica (DEQ), representado pelo chefe do departamento, Dr.

    Nelson Medeiros e pela coordenadora do curso de engenharia qumica, Dra. Glria Vinhas,

    que possibilitou a concretizao desse projeto.

    AOS PROFESSORES: Dr. Srgio Lucena, coordenador do Laboratrio de Controle e

    Otimizao de Processos (LACO) e meu orientador, que me auxiliou neste trabalho

    disponibilizando o laboratrio no qual parte deste trabalho foi executada. Dr. Paulo Roberto

    Maciel Lyra e todos os professores e pesquisadores do grupo de Processamento de Alto

    Desempenho na Mecnica Computacional (PADMEC) do Departamento de Engenharia

    Mecnica da UFPE (DEMEC) pela oportunidade de trabalhar com pesquisa na rea de

    Dinmica dos Fluidos Computacional.

    A TODOS OS COLEGAS DO: ELEMENTUS CONSULTORIA Jr., pela experincia

    adquirida ao longo dos meses que fiz parte dessa equipe. Grupo PADMEC, Marcelo, Rodrigo,

    Mrcio e Lorena; LACO, especialmente Mikele e Rodrigo, que me auxiliaram na execuo

    deste trabalho fornecendo informaes essenciais para a realizao do mesmo.

  • 3

    A sabedoria comea na reflexo.

    Scrates

  • 4

    RESUMO

    O estudo de processos de agitao e mistura tem sido muito frequente devido as

    necessidades industriais. Particularmente a rea de simulao com a Dinmica dos Fluidos

    Computacional (CFD) tem sido de grande auxlio, seja para o dimensionamento, otimizao

    ou elaborao de novos reatores para produo em larga escala.

    O uso dos mtodos computacionais para a soluo de problemas na indstria tm sido

    de grande proveito principalmente por ser de baixo custo e menor tempo em comparao com

    as anlises experimentais. Softwares comerciais como, por exemplo, o software ANSYS

    CFX, utilizado para a soluo de problemas em CFD, tm sido muito utilizados para essa

    finalidade. Esse software utiliza o Mtodo dos Volumes Finitos ou, do ingls, Finite Volume

    Method (FVM) para a soluo das equaes de conservao de massa, momento e energia,

    alm das tradicionais equaes de Navier-Stokes que regem os escoamentos de fluidos.

    Este trabalho consiste em estudar um processo de agitao e mistura utilizando

    tcnicas de CFD. Para isso, ser feita uma modelagem matemtica, utilizando os conceitos

    bsicos tericos de CFD, uma modelagem do domnio utilizando softwares CAD, tais como

    Blender e CFX Modeler e uma simulao utilizando softwares comerciais para CFD, tais

    como o software ANSYS CFX.

    Os principais objetivos deste trabalho so analisar efeitos de um processo mistura

    especfico no interior tanque avaliando variveis, tais como, temperatura, presso e

    concentrao ao longo do domnio, a fim de indicar mtodos mais adequados de produo e

    fazer uma comparao entre diferentes tipos de impulsores e localizaes de sada de produtos

    no projeto de um tanque de mistura.

    Palavras-chave: Agitao e Mistura, ANSYS CFX, CFD, Modelagem e Simulao, Tanque

    de Mistura, CSTR, Mtodo dos Volumes Finitos.

  • 5

    ABSTRACT

    The study of blending and mixture processes has been very often because of the

    industrial needs. Mainly the simulation area by using the Computational Fluid Dynamics

    (CFD) has been very helpful to the experimental analysis for develop dimensions of reactors,

    optimization or elaboration of new reactors for large industrial processes.

    The use of the computational methods for solutions in industry has been very helpful

    mainly because of the little cost involved in it and the time need in comparison with the

    experimental analysis. One example is the software ANSYS CFX, used to solve problems in

    CFD. This software use the Finite Volume Methods (FVM) for solutions of the mass, moment

    and energy conservation equations, besides the traditional Navier-Stokes equations those

    manage the fluid flow.

    This work consists in studying a blending and mixing process by using CFD. For this,

    it will be made a mathematical modeling by using CAD as, for example, Blender and CFX

    Modeler and a simulation by using specific software about CFD as ANSYS CFX.

    The main objectives of this work are analysing effects of the blending and mixing

    processes inside a tank by valuating variables, as so temperature, pressure above others over

    the domain. Still it will be compared different types of impellers and localization of output

    products.

    Keys-word: ANSYS CFX, Blending and Mixture, CFD, Modeling and Simulation, Mixing

    Tank, CSTR, Finite Volume Methods.

  • 6

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1.1 Reao de polimerizao do propileno a polipropileno. ................................ 15

    Figura 1.2 Reao de polimerizao do cloreto de vinila a cloreto de polivinila. ........... 16

    Figura 1.3 Reao de polimerizao do acrilonitrila a poliacrilonitrila. ......................... 16

    Figura 1.4 Reao de polimerizao do etileno para o polietileno. ................................. 17

    Figura 1.5 Iniciao da reao de polimerizao do etileno para o polietileno. .............. 17

    Figura 1.6 Propagao da reao de polimerizao do etileno para o polietileno........... 17

    Figura 1.7 Finalizao da reao de polimerizao do etileno para o polietileno. .......... 18

    Figura 1.8 Ramificao da cadeia da reao de polimerizao do etileno para o

    polietileno. ...................................................................................................... 18

    Figura 2.1 Notao de tenses em um volume de controle infinitesimal. ....................... 23

    Figura 2.2 Vrios tipos de escoamentos. ......................................................................... 25

    Figura 2.3 Vrtex irrotacional anti-horrio (centro na origem)....................................... 27

    Figura 2.4 Formao dos elementos por triangulao geral e volumes de controle. ....... 29

    Figura 2.5 Discretizao por elementos finitos para um problema linear com dois

    elementos locais. (a) Um dado domnio com contornos. (b) Ns globais. c)

    Elementos locais. d) Funes locais............................................................... 30

    Figura 2.6 Desenvolvimento da camada-limite de velocidade sobre uma placa plana ... 32

    Figura 2.7 Turbulncia em um escoamento de fluido ..................................................... 32

    Figura 2.8 Classificao dos modelos de turbulncia em relao ao custo computacional.

    ........................................................................................................................ 34

    Figura 2.9 Tanque tpico de processo de agitao e mistura .......................................... 36

    Figura 2.10 Medidas de um projeto de tanque de mistura ................................................ 37

    Figura 2.11 Impulsores para lquidos de viscosidade moderada. (a) Impulsor de trs

    lminas marinhas. (b) Impulsor de duas lminas retangulares. (c) Turbina de

    disco. (d) Impulsor de lmina cncava CD-6. (e) Impulsor de lminas

    inclinadas........................................................................................................ 38

    Figura 2.12 Mistura em um tanque com turbina radial ..................................................... 38

    Figura 2.13 Escoamento padro com propulsor fora do eixo central ............................... 39

    Figura 2.14 Tanques de mistura com tubos de suco e chincanas. (a) Turbina. (b)

    Propulsor ....................................................................................................... 40

    Figura 2.15 Vetores de velocidade em uma hlice de uma turbina de disco .................... 40

    Figura 2.16 Nmero de potncia versus nmero de Reynolds para turbinas com

    alta eficincia de impulsores ......................................................................... 41

    Figura 2.17 Relao entre dimetro da turbina e dimetro do tanque para diferentes tipos

    impulsores e diferentes nmeros de Reynolds .............................................. 41

    Figura 2.18 Misturadores estticos. (a) Elementos de um misturador helicoidal. (b)

    Vrtice de Misturador com Turbulncia. ....................................................... 42

    Figura 2.19 Malha no-estruturada tetradrica no impulsor de lminas inclinadas ......... 43

    Figura 2.20 Diferentes impulsores .................................................................................... 44

    Figura 2.21 Geometria do misturador esttico tipo S ........................................................ 44

    Figura 2.22 Simulao de uma reao de polimerizao. (a) Concentrao do monmero

    no reator em batelada (t=20 min). (b) Concentrao do monmero no reator

    em batelada (t=30 min). ................................................................................. 45

    Figura 2.23 (a) Variao da velocidade em z com relao ao comprimento em z para um

    sistema isotrmico. (b) Variao da velocidade em z com relao ao

  • 7

    comprimento em z para um sistema no isotrmico com nas paredes do

    tanque ............................................................................................................ 46

    Figura 3.1 Esquema da Metodologia .............................................................................. 48

    Figura 3.2 Dimenses do tanque de mistura esttico utilizado na simulao. (autoria

    prpria) ........................................................................................................... 49

    Figura 3.3 Misturador esttico modelado no Blender. (autoria prpria) ......................... 49

    Figura 3.4 Dimenses do tanque de mistura dinmico utilizado na simulao (valores

    em metros). (autoria prpria) ......................................................................... 51

    Figura 3.5 (a) Dimenses da turbina de disco. (b) Dimenses do impulsor de lminas

    inclinadas. (autoria prpria) ........................................................................... 52

    Figura 3.6 (a) Tanque de mistura com sada de produtos na parte inferior. (b) Tanque de

    mistura com sada de produtos na parte superior .......................................... 52

    Figura 3.7 (a) Turbina de disco (vista frontal). (b) Turbina de disco (vista superior)

    (autoria prpria). ............................................................................................ 53

    Figura 3.8 (a) Impulsor de lminas inclinadas (vista frontal). (b) Impulsor de lminas

    inclinadas (vista superior). ............................................................................. 53

    Figura 3.9 Desenho representativo: (a) de um elemento de malha tetradrica. (b) de um

    elemento de malha hexadrica ...................................................................... 54

    Figura 3.10 (a) Tringulos conformes; (b) Tringulos no conformes ............................ 55

    Figura 3.11 (a) Malha radial clssica construda por um mtodo de produto; (b) Malha

    radial no-clssica resultante de uma srie de vrtices e bordas em colapso 55

    Figura 3.12 Geometria no CFX Modeler. (a) vista isomtrica; (b) vista superior. (autoria

    prpria) ........................................................................................................... 57

    Figura 3.13 Misturador esttico: (a) malha tetradrica. (b) condies de contorno.

    (autoria prpria) ............................................................................................. 57

    Figura 3.14 Esquema do estudo de convergncia de malhas para o caso do misturador

    esttico ........................................................................................................... 58

    Figura 3.15 Malhas internas no tanque de mistura. (autoria prpria)................................ 59

    Figura 3.16 Esquema para o estudo de convergncia de malhas no CFX Mesh .............. 59

    Figura 3.17 Estudo de convergncia de malhas para o caso do misturador esttico ........ 60

    Figura 3.18 Malha do tanque de mistura simplificado. (autoria prpria) .......................... 61

    Figura 4.1 Variao de presso no interior do tanque de mistura esttico produzida por

    uma nica barreira ao escoamento do fluido ................................................. 62

    Figura 4.2 Misturador esttico (vetores de velocidade): (a) uma barreira; (b) sete

    barreiras ......................................................................................................... 63

    Figura 4.3 Misturador esttico (plano de velocidades): (a) malha grosseira; (b) malha

    mais refinada. ................................................................................................ 63

    Figura 4.4 Misturador esttico mostrando a variao de velocidades com: (a)

    Streamlines; (b) vetores ................................................................................. 64

    Figura 4.5 Misturador esttico mostrando a variao de velocidades com: (a) vetores;

    (b) plano; (c) Streamlines .............................................................................. 64

    Figura 4.6 Misturador esttico mostrando num plano: (a) variao de presso relativa;

    (b) variao de presso absoluta ................................................................... 65

    Figura 4.7 Misturador esttico mostrando num plano: (a) variao energia cintica

    turbulenta; (b) variao de viscosidade ......................................................... 65

    Figura 4.8 Misturador esttico mostrando na superfcie: (a) variao de presso relativa;

    (b) dissipao turbulenta; (c) energia cintica tubulenta ............................... 66

    Figura 4.9 Entrada dos reagentes: (a) Isosurface da entrada dos reagentes com

    velocidade de 2 m/s. (b) Variao da velocidade atravs de um plano ......... 66

    Figura 4.10 Entrada dos reagentes: (a) Viscosidade atravs de um plano. (b) Presso

  • 8

    absoluta atravs de um plano ........................................................................ 67

    Figura 4.11 Entrada dos reagentes com segunda malha: (a) Isosurface da entrada dos

    reagentes com velocidade de 2 m/s. (b) Variao da velocidade .................. 67

    Figura 4.12 Entrada dos reagentes com segunda malha usando Streamlines: (a) vista

    lateral; (b) vista superior ............................................................................... 68

    Figura 4.13 Entrada dos reagentes: (a) variao de viscosidade do etileno; (b) variao de

    presso absoluta no interior do tanque .......................................................... 68

    Figura 4.14 Entrada dos reagentes: (a) variao da presso relativa; (b) variao da

    velocidade; (c) variao da velocidade vertical; (d) variao da radial ........ 69

    Figura 4.15 Abertura do Signeta flammeata (autoria prpria) .......................................... 69

    Figura 4.16 Signeta flammeata (autoria prpria)............................................................... 71

    Figura 4.17 Programa desenvolvido na linguagem Java para estudar casos de agitao e

    mistura (autoria prpria) ................................................................................ 71

    Figura 4.18 Variao de velocidade radial e tangencial em comparao com a velocidade

    angular ........................................................................................................... 72

    Figura 4.19 Variao de velocidade radial e tangencial em relao ao tempo ................. 72

    Figura 4.20 Variao de velocidade radial para uma malha com 10 ns no eixo x sobre a

    hlice em relao ao tempo ........................................................................... 73

    Figura 4.21 Variao de velocidade radial para uma malha com 20 ns no eixo x sobre a

    hlice em relao ao tempo ........................................................................... 74

    Figura 4.22 Variao de velocidade radial para uma malha com 80 ns no eixo x sobre a

    hlice em relao ao tempo ........................................................................... 74

    Figura 4.23 Variao de velocidade angular, radial e tangencial em relao ao tempo para

    um ngulo de 30 em relao horizontal .................................................... 75

    Figura 4.24 Variao de velocidade angular, radial e tangencial em relao ao tempo para

    um ngulo de 60 em relao horizontal .................................................... 75

    Figura 4.25 Variao de velocidade angular, radial e tangencial em relao ao raio da

    hlice para um ngulo de 45 em relao ao eixo x e 30 em relao

    horizontal. ...................................................................................................... 76

  • 9

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Detalhes do esquema do reator para as simulaes ............................................ 50 Tabela 2 Propriedades do tanque, etileno, polietileno e condies de contorno .............. 56 Tabela 3 Estudo de convergncia de malha para o misturador esttico ............................ 58 Tabela 4 Estudo de convergncia de malha para o tanque dinmico ................................ 59

  • 10

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    CFD Computational Fluid Dynamics

    FVM Finite Volume Method

    RNG Reynolds Number

    RANS Reynolds Average Navier-Stokes

    CSTR Continuous Stirred-Tank Reactor

    SST Shear Stress Transport

    ELT Erro Local de Truncamento

    EDP Equao Diferencial Parcial

  • 11

    LISTA DE SMBOLOS

    Re Nmero de Reynolds

    Tenso tangencial de cisalhamento / mN

    Tenso normal de cisalhamento / mN

    Densidade especfica / mkg

    v

    Velocidade sm /

    Viscosidade smkg ./

    tD Dimetro do Tanque m

    H

    Altura do tanque m

    E

    Atura do rotor em relao base do tanque m

    L

    Largura da lmina do impulsor m

    W

    Altura da lmina do impulsor m

    0D Dimetro do impulsor m

    J

    Largura do tanque m

    Velocidade angular rpm

  • 12

    SUMRIO

    1 INTRODUO .......................................................................................................... 14

    1.1 O PROCESSO DE MISTURA NA INDSTRIA ............................................................. 14

    1.2 REAES DE POLIMERIZAO ............................................................................ 14

    1.2.1 Introduo ................................................................................................................... 14

    1.2.2 Polipropileno ............................................................................................................... 15

    1.2.3 Cloreto de Polivinila ................................................................................................... 15

    1.2.4 Poliacronitrila ............................................................................................................. 16

    1.2.5 Polietileno .................................................................................................................... 16

    1.3 REAES DE POLIMERIZAO E FLUIDODINMICA COMPUTACIONAL . 19

    1.4 MOTIVAO .............................................................................................................. 19

    1.5 SIMULAO COMPUTACIONAL DE ALTO DESEMPENHO ............................. 20

    1.5.1 Dinmica dos Fluidos Computacional ...................................................................... 20

    1.5.2 Software ANSYS CFX ................................................................................................ 20

    1.6 OBJETIVOS ................................................................................................................. 21

    1.6.1 Objetivos Gerais .......................................................................................................... 21

    1.6.2 Objetivos Especficos .................................................................................................. 21

    2 REVISO BIBLIOGRFICA .................................................................................. 22

    2.1 INTRODUO ............................................................................................................ 22

    2.2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS ............................................................................... 22

    2.2.1 Introduo Anlise de Escoamento de Fluidos ..................................................... 22

    2.2.1.1 Campos de Tenses ....................................................................................................... 22

    2.2.1.2 Equaes de Navier-Stokes ........................................................................................... 23

    2.2.1.3 Tipos de Escoamento .................................................................................................... 25

    2.2.1.4 Rotao de Fluidos ....................................................................................................... 25

    2.2.2 Equaes de Conservao de Massa, Momento e Energia ..................................... 27

    2.3 TCNICAS COMPUTACIONAIS PARA DINMICA DOS FLUIDOS .................. 28

    2.3.1 Mtodo das Diferenas Finitas .................................................................................. 28

    2.3.2 Mtodo dos Volumes Finitos ...................................................................................... 29

    2.3.3 Mtodo dos Elementos Finitos ................................................................................... 30

    2.3.4 Consistncia, Convergncia e Estabilidade .............................................................. 31

  • 13

    2.3.5 Modelos de Turbulncia ............................................................................................. 31

    2.4 PROCESSOS DE AGITAO E MISTURA ............................................................ 34

    2.4.1 Definies ..................................................................................................................... 34

    2.4.2 Usos dos Processos de Agitao e Mistura na Indstria ......................................... 35

    2.4.3 Elementos de Projeto de um Tanque de Mistura .................................................... 36

    2.5 MODELAGEM E SIMULAO DE TANQUE DE MISTURA COM CFD .................. 42

    2.5.1 Aumento da Eficincia de Impulsores ...................................................................... 43

    2.5.2 Otimizao de Misturadores Estticos ..................................................................... 44

    2.5.3 Anlises do Efeito de Mistura em Reatores .............................................................. 45

    2.5.4 Desempenho de Reatores Tubulares de Polimerizao ........................................... 46

    3 METODOLOGIA ....................................................................................................... 47

    3.1 INTRODUO ............................................................................................................ 47

    3.2 DESCRIO DO PROBLEMA .................................................................................. 48

    3.2.1 Geometria .................................................................................................................... 48

    3.2.1.1 Misturador Esttico ...................................................................................................... 49

    3.2.1.2 Tanque Dinmico de Agitao e Mistura ..................................................................... 50

    3.2.2 Malha ........................................................................................................................... 54

    3.2.3 Condies Iniciais e de Contorno .............................................................................. 55

    3.2.4 CASO I: Anlise de Misturadores Estticos ............................................................ 57

    3.2.5 CASO II: Anlise de Escoamento de Reagentes e Produtos .................................. 59

    3.2.6 CASO III: Anlise da Performance de Impulsores ................................................. 60

    4 RESULTADOS E DISCUSSO ................................................................................ 62

    4.1 CASO I: ANLISE DE MISTURADORES ESTTICOS ......................................... 62

    4.2 CASO II: ANLISE DE ESCOAMENTO DE REAGENTES E PRODUTOS .......... 66

    4.3 CASO III: ANLISE DA PERFORMANCE DE IMPULSORES .............................. 69

    5 CONCLUSO ............................................................................................................. 77

    6 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ...................................................................... 79

  • 14

    1 INTRODUO

    1.1 O PROCESSO DE MISTURA NA INDSTRIA

    O processo de mistura amplamente utilizado na indstria. Vrios setores, tais como a

    indstria farmacutica, na fabricao de medicamentos; a indstria de alimentos, que

    envolvem processos bioqumicos como, por exemplo, na fabricao do leite, iogurte, melao;

    a indstria de polmeros, que vem crescendo nos ltimos anos chegando a substituir materiais

    mais caros como ferro, ao, vidro, papis e cermicas (POUBEL, 2009). Tais indstrias

    utilizam desde processos mais simples envolvendo fluidos miscveis e ausncia de materiais

    particulados, como so as reaes homogneas, at processos mais complexos, envolvendo

    fluidos imiscveis ou reaes gs-lquido, lquido-slido ou gs-slido, conhecidas por

    reaes heterogneas.

    Muitas indstrias enfrentam problemas relacionados a um processo de mistura, no qual

    muitas vezes, necessrio manter nveis adequados de temperatura, presso e concentrao,

    entre outras variveis, de forma a garantir um processo eficiente, seguro e lucrativo,

    atendendo, principalmente, as regulamentaes de qualidade do produto. No entanto, isso nem

    sempre acontece na prtica.

    As inmeras variveis relacionadas ao processo e principalmente aquelas que no so

    previstas pela maioria das equaes empricas, tais como, forma geomtrica do fundo do

    tanque (plana ou curva), presena ou no de chicanas (nmero de chicanas), espaamento

    entre os tubos da serpentina, nmero de lminas do agitador, geometria das lminas (altura,

    comprimento e posio) (PEIXOTO, 1998) dificultam ainda mais o projeto de tanques ideais

    que promovam a adequada transferncia de calor e massa durante a mistura.

    1.2 REAES DE POLIMERIZAO

    1.2.1 Introduo

    Um polmero formado a partir de um monmero que adicionado a outros

    monmeros formando assim uma cadeia de monmeros, que posteriormente passa a ser

    chamado de polmero (vrios monmeros). Esse tipo de reao chamado de reao radicalar.

  • 15

    Muitos dos nomes desses produtos so formados a partir do nome do monmero

    inicial adicionado do prefixo poli-, como por exemplo, polipropileno (propileno), cloreto de

    polivinila (cloreto de vinila) e poliacrilonitrila (acrilonitrila). Devido complexidade desses

    nomes usualmente esses produtos recebem nomes comerciais.

    Orlon, Plexiglas, Lucite, polietileno e Teflon so atualmente nomes bastante

    conhecidos. Esses plsticos ou polmeros so utilizados na fabricao de muitos objetos do

    nosso dia-a-dia desde a roupa que vestimos at partes das casas onde vivemos. No entanto,

    todos esses compostos eram desconhecidos 100 anos atrs. O desenvolvimento do processo

    pelo qual os polmeros sintticos so fabricados mais do que qualquer outro fator nico, foi

    responsvel pelo notvel crescimento da indstria qumica do sculo vinte (SOLOMONS,

    2009).

    1.2.2 Polipropileno

    O propileno (propeno), por exemplo, pode ser polimerizado para formar o

    polipropileno. Essa polimerizao ocorre atravs de uma reao em cadeia e, como

    consequncia, os polmeros como o polipropileno so chamados de polmeros de crescimento

    de cadeia ou de adio:

    Figura 1.1 Reao de polimerizao do propileno a polipropileno.

    Fonte: Solomons (2009).

    1.2.3 Cloreto de Polivinila

    A reao radicalar do cloroeteno (cloreto de vinila) produz um polmero chamado

    cloreto de polivinila, tambm conhecido como PVC:

  • 16

    Figura 1.2 Reao de polimerizao do cloreto de vinila a cloreto de polivinila.

    Fonte: Solomons (2009).

    1.2.4 Poliacronitrila

    A acrilonitrila ( CHCNCH 2 ) polimeriza-se para formar a poliacrilonitrila ou Orlon.

    O iniciador para a polimerizao uma mistura de sulfato ferroso e perxido de hidrognio.

    Esses dois compostos reagem para produzir radicais hidroxila (-OH), os quais agem como

    iniciadores da cadeia.

    Figura 1.3 Reao de polimerizao do acrilonitrila a poliacrilonitrila.

    Fonte: Solomons (2009).

    Os reatores mais usados para conduzir as reaes de polimerizao so do tipo tanque

    agitado operando em batelada ou em forma contnua. Isso se deve principalmente devido a

    necessidade de agitao contnua para a formao da cadeia polimrica.

    1.2.5 Polietileno

    O etileno (eteno) o monmero utilizado para sintetizar o familiar polmero chamado

    polietileno.

  • 17

    Figura 1.4 Reao de polimerizao do etileno para o polietileno.

    Fonte: Solomons (2009).

    O etileno polimeriza-se atravs de um mecanismo radicalar onde ele aquecido sob

    uma presso de 1000 atm com uma pequena quantidade de perxido orgnico (chamado de

    perxido de acila) at aproximadamente 110C.

    A Figura 1.5 representa a iniciao da cadeia.

    Figura 1.5 Iniciao da reao de polimerizao do etileno para o polietileno.

    Fonte: Solomons (2009).

    A Figura 1.6 representa a propagao da cadeia.

    Figura 1.6 Propagao da reao de polimerizao do etileno para o polietileno.

    Fonte: Solomons (2009).

  • 18

    A Figura 1.7 representa a finalizao da cadeia.

    Figura 1.7 Finalizao da reao de polimerizao do etileno para o polietileno.

    Fonte: Solomons (2009).

    A Figura 1.8 representa a ramificao da cadeia.

    Figura 1.8 Ramificao da cadeia da reao de polimerizao do etileno para o polietileno.

    Fonte: Solomons (2009).

    O polietileno produzido pela polimerizao radicalar geralmente no til a menos

    que ele tenha massa molecular de aproximadamente 1.000.000. O polietileno de massa

    molecular muito alta pode ser obtido utilizando-se baixa concentrao do iniciador. Isso inicia

    o crescimento de apenas poucas cadeias e assegura que cada cadeia ter um grande excesso de

    monmeros disponveis. Mais iniciador pode ser adicionado como finalizadores da cadeia

    durante a polimerizao e, desse modo, novas cadeias so iniciadas (SOLOMONS, 2009).

  • 19

    1.3 REAES DE POLIMERIZAO E FLUIDODINMICA COMPUTACIONAL

    O desenvolvimento da produo de plsticos (polmeros) nos ltimos anos tem

    aumentado o interesse no estudo de seu processamento.

    Poubel (2009) estudou um caso de polimerizao onde considerava a influncia das

    inevitveis flutuaes de temperatura e de concentrao que ocorrem no interior de um reator

    tanque agitado de polimerizao sobre o andamento da reao utilizado ferramentas de CFD.

    Guidolini (2009) estudou a anlise da fluidodinmica e do efeito de misturadores

    estticos em um reator tubular de polimerizao usando ferramentas de CFD.

    Marn (2004) realizou uma modelagem, simulao e anlise de desempenho de

    reatores tubulares de polimerizao com defletores angulares internos. Neste trabalho foram

    observados os efeitos de converso de monmero, rea transversal interna, temperatura axial,

    concentrao do polmero, radicais e iniciadores determinados a partir da simulao do

    processo utilizando a linguagem de programao FORTRAN.

    1.4 MOTIVAO

    Diante das inmeras variveis de um processo de mistura, muitos estudos so

    realizados de modo a garantir maior produtividade e menor custo para as indstrias. Para isso,

    tanto anlises experimentais quanto anlises computacionais so bastante utilizadas.

    As anlises experimentais j so bastante conhecidas e desenvolvidas desde o incio

    dos processos qumicos mais tradicionais como a produo do vinho por exemplo. Essas

    anlises nunca deixaram de ser proveitosas quando realizadas em pequena escala de modo a

    obter um resultado prximo do esperado em larga escala. No entanto, essas anlises

    experimentais muitas vezes custam muito tempo e dinheiro, o que um ponto negativo. Com

    isso, as novas tecnologias, particularmente se tratando do avano no desenvolvimento dos

    computadores (hardware e software), trouxeram novas oportunidades para a indstria.

    Diante da grande facilidade em obter resultados rpidos com clculos matemticos

    pr-programados na forma de softwares a engenharia tomou flego para seguir ainda mais

    adiante na elaborao de projetos. Assim, as anlises computacionais passaram a fazer parte

    dos projetos como uma ferramenta adicional para validao dos resultados experimentais.

  • 20

    Particularmente a Dinmica dos Fluidos Computacional (CFD) tem sido muito

    utilizada principalmente pela indstria qumica.

    1.5 SIMULAO COMPUTACIONAL DE ALTO DESEMPENHO

    1.5.1 Dinmica dos Fluidos Computacional

    O estudo do movimento dos fluidos uma atividade que vem sendo desenvolvida h

    sculos. Egpcios tinham relgios de gua; Aristteles foi o primeiro a descrever o princpio

    da continuidade; Arquimedes, pelo seu princpio, definiu as condies para que um corpo,

    quando mergulhado em um fluido, flutuasse ou no. Os romanos construram aquedutos para

    transportar gua para as suas cidades. O gnio Leonardo da Vinci, no sculo XV, sugeriu,

    entre outras coisas, formas que reduziam o arrasto de barcos na gua. Em 1586, Sim Stevin

    publicou Esttica e Hidrosttica, um tratado matemtico sobre a mecnica dos fluidos

    (FORTUNA, 2000).

    Vrios estudos sobre fluidos tm sido realizados desde a antiguidade at hoje em igual

    proporo, pois os fluidos esto em praticamente todo lugar. No corpo humano h cerca de 60

    a 65% de gua, as mars, a chuva e o vento so fluidos que sempre afetaram a humanidade e,

    por isso a evoluo do conhecimento sobre fluidos se tornou no apenas curiosidade, mas

    principalmente necessidade.

    A evoluo da matemtica e da fsica que deram origem a mecnica dos fluidos se

    mostrou complexa ao longo do tempo e, muitas equaes ainda no possuem soluo exata.

    Por isso, os mtodos numricos se tornaram uma opo para obter resultados prximos das

    solues dessas equaes de forma a resolver problemas de engenharia. Foi diante dessas

    questes que a Dinmica dos Fluidos Computacional (CFD) surgiu como uma soluo para

    equaes complexas da Mecnica dos Fluidos como, por exemplo, as equaes de

    Conservao de Massa, Momento e Energia e as equaes de Navier-Stokes.

    1.5.2 Software ANSYS CFX

    Diante dos mais variados problemas da engenharia foi fundada, em 1970, por John

    Swanson (CORNEL ENGINEERING), a empresa de software Swanson Analysis System Inc.,

    posteriormente rebatizada de ANSYS Inc. cujo objetivo era criar solues rpidas, baratas e

  • 21

    eficientes para projetos de grande porte da engenharia mecnica utilizando Elementos Finitos,

    ou do ingls, Finite Element Method (FEM). Atualmente o ANSYS tem softwares nas mais

    variadas reas da engenharia, tais como, ANSYS Redhawk (eletrnica), ANSYS CFX

    (fluidodinmica), ANSYS Structural (anlise de estruturas), entre outros (ANSYS

    Simulation Driven Product Development).

    O ANSYS CFX um software de alta performance idealizado e projetado

    especificamente para a rea de CFD. Neste software podem ser resolvidos muitos problemas

    que envolvam escoamento de fluidos, transferncia de calor e de massa e termodinmica

    aliada a reaes qumicas. Diante da grande capacidade de processamento desse software

    muitas indstrias a utilizam com objetivo de auxiliar na soluo de problemas ou otimizao

    de processos.

    1.6 OBJETIVOS

    1.6.1 Objetivos Gerais

    O objetivo geral deste trabalho consiste em analisar um processo especfico de

    agitao e mistura a fim de estimar sua eficincia considerando questes econmicas para a

    produo industrial utilizando modelagem e simulao computacional.

    1.6.2 Objetivos Especficos

    O objetivo especfico deste trabalho inclui a modelagem e simulao de dois diferentes

    tanques de mistura (esttico e dinmico) utilizando ferramentas de CFD. Sero analisadas as

    condies timas de processamento atravs de algumas variveis de processo tais como

    variao de velocidade e presso. A metodologia deste trabalho est dividia em 6 (seis) partes:

    1. Introduo e Reviso Bibliogrfica;

    2. Modelagem Matemtica;

    3. Modelagem Computacional;

    4. Estudo de Convergncia de Malhas;

    5. Anlises de Simulao Computacional;

    6. Concluso.

  • 22

    2 REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1 INTRODUO

    A mecnica dos fluidos estuda o comportamento de fluidos em repouso ou em

    movimento. Quando o fluido encontra-se em repouso sua anlise denominada de

    Hidrosttica. Quando o fluido encontra-se em movimento sua anlise denominada de

    Hidrodinmica.

    De acordo com Fox e McDonald (1988) fluido a substncia que se deforma

    continuamente sob a ao de um esforo (tenso) tangencial, no importando quo diminuto

    seja este esforo. Assim entende-se por fluidos os lquidos, e os gases (ou vapores), estados

    fsicos em que a matria existe naturalmente.

    2.2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS

    2.2.1 Introduo Anlise de Escoamento de Fluidos

    2.2.1.1 Campo de Tenses

    Os fluidos podem ser estudados a partir de volumes de controle infinitesimal nos quais

    so analisados efeitos das tenses que podem ser divididas em tenso normal e tenso

    tangencial. As Equaes 1 e 2 mostram a relao matemtica dessas tenses.

    n

    n

    An

    A

    F

    n

    0lim

    (1)

    n

    t

    An

    A

    F

    n

    0lim

    (2)

    A tenso normal sobre um volume de controle corresponde ao limite da fora normal

    aplicada ao volume de controle por unidade de rea. A tenso tangencial corresponde ao

    limite da fora tangencial aplicada ao volume de controle por unidade de rea.

    A Figura 2.1 mostra o esquema de todas as foras normais e tangenciais aplicadas a

    um volume de controle infinitesimal de dimenses x , y e z .

  • 23

    Figura 2.1 Notao de tenses em um volume de controle infinitesimal.

    Fonte: Fox e McDonald (1988).

    A partir dos volumes de controle so realizados os clculos de transferncia de calor e

    massa, velocidade, presso, entre outras variveis relativas ao escoamento do fluido.

    2.2.1.2 Equaes de Navier-Stokes

    Diante das inmeras variveis para os clculos relativos velocidade e presso em

    cada volume de controle de fluido para se analisar um escoamento vrias equaes de

    movimento foram desenvolvidas.

    As equaes diferenciais da quantidade de movimento so mostradas nas equaes 3,

    4 e 5.

    (3)

    z

    ww

    y

    vv

    x

    uu

    t

    u

    zyxg

    xyyyxy

    x

    (4)

    z

    ww

    y

    vv

    x

    uu

    t

    u

    zyxg zz

    yzxx

    z

    (5)

    Essas equaes correspondem s equaes diferenciais para quantidade de movimento

    das coordenadas x, y e z, respectivamente.

    z

    ww

    y

    vv

    x

    uu

    t

    u

    zyxg zx

    yxxx

    x

  • 24

    Os fluidos newtonianos, ou seja, aqueles fluidos que obedecem lei de Newton da

    viscosidade que contemplam as equaes 6, 7 e 8.

    y

    u

    x

    vyxxy

    (6)

    z

    v

    y

    wzyyz

    (7)

    x

    w

    z

    uxxzx

    (8)

    Substituindo as equaes para Fluidos Newtonianos nas Equaes da Quantidade de

    Movimento obtm-se as Equaes de Navier-Stokes dadas pelas Equaes 9, 10 e 11.

    0

    y

    v

    x

    u

    (9)

    2

    2

    2

    22 1

    y

    u

    x

    u

    xy

    uv

    x

    u

    t

    u

    (10)

    2

    2

    2

    22 1

    y

    u

    x

    u

    yy

    uv

    x

    u

    t

    u

    (11)

    As Equaes 9, 10 e 11 podem ser simplificadas para as equaes 12, 13 e 14.

    x

    uVpxx

    2.

    3

    2

    (12)

    y

    vVpyy

    2.

    3

    2

    (13)

    z

    wVpzz

    2.

    3

    2

    (14)

  • 25

    2.2.1.3 Tipos de Escoamentos

    De acordo com Chung (2002) os escoamentos de fluidos podem ser divididos de

    acordo com a Figura 2.2.

    Figura 2.2 Vrios tipos de escoamentos.

    Fonte: Chung (2002).

    Todos os tipos de escoamentos partem das equaes de Navier-Stokes. No caso dos

    processos de agitao e mistura, assunto abordado neste trabalho, considera-se o escoamento

    do tipo rotacional (Rotational) e viscoso turbulento (Viscous Turbulent Flow).

    2.2.1.4 Rotao de Fluidos

    A rotao de um volume de controle de fluido pode ser definida como a velocidade

    angular mdia de duas linhas mutuamente perpendiculares que se cortam no centro da

    partcula (FOX e MCDONALD,1988). A rotao uma grandeza vetorial que pode ser

    representada no escoamento tridimensional pela Eq. 15.

  • 26

    zyx kji

    (15)

    Em que x a rotao em torno do eixo x, y a rotao em torno do eixo y e z a

    rotao em torno do eixo z. O sentido positivo de rotao dado pela regra da mo direita.

    Cada componente da velocidade angular pode ser representado pelas equaes 16, 17 e 18.

    z

    v

    y

    wx

    2

    1

    (16)

    x

    w

    z

    uy

    2

    1

    (17)

    y

    u

    x

    vz

    2

    1

    (18)

    Ento,

    y

    u

    x

    vk

    x

    w

    z

    uj

    z

    v

    y

    wi

    2

    1

    (19)

    Verificamos que o termo entre colchetes o rotacional, representado pela Eq. 20.

    VxV

    (20)

    Ento usando a notao vetorial, podemos escrever:

    Vx2

    1

    (21)

    Segundo Fox e McDonald (1988) para que um escoamento seja irrotacional o

    desenvolvimento de rotao em uma partcula fluida, inicialmente sem rotao, requer a ao

    da tenso tangencial na superfcie desta partcula. Como a tenso tangencial proporcional

    deformao angular, segue-se que a partcula, inicialmente sem rotao, no desenvolver

    rotao sem que haja deformao angular simultaneamente. A tenso tangencial est

  • 27

    relacionada com a deformao angular pela viscosidade. A presena de foras de viscosidade

    significa que o escoamento rotacional.

    A condio de irrotacionalidade s pode ser hiptese vlida para aquelas regies do

    escoamento nas quais as foras de viscosidade so desprezveis.

    A Figura 2.3 mostra o vrtex irrotacional gerado pela rotao de um fluido cujas

    foras de viscosidade so desprezveis.

    Figura 2.3 Vrtex irrotacional anti-horrio (centro na origem).

    Fonte: Fox e McDonald (1988).

    A partir da Figura 2.3 pode-se observar a velocidade de rotao do fluido dividida em

    suas componentes velocidade radial e tangencial. A velocidade radial corresponde a

    velocidade na direo do raio do tanque (eixo x) enquanto que a velocidade tangencial

    corresponde a velocidade perpendicular ao eixo de rotao (eixo y). Desprezando os efeitos

    da viscosidade as respectivas velocidades podem ser dadas pelas equaes mostradas nesta

    mesma figura.

    2.2.2 Equaes de Conservao de Massa, Momento e Energia

    A Equao 22 mostra a relao para a conservao de massa.

    0. dVt

    dAnv

    (22)

  • 28

    A Equao 23 mostra a relao para a conservao de momento.

    0. vdVt

    dAnvF

    (23)

    A Equao 24 mostra a relao para a conservao de energia.

    0.

    dt

    WedV

    tdAnv

    Pe

    t

    W

    t

    Q ps

    (24)

    2.3 TCNICAS COMPUTACIONAIS PARA DINMICA DOS FLUIDOS

    Para a soluo de equaes diferenciais muitas vezes se usam mtodos computacionais

    devido complexidade de suas solues, muitas das quais no possuem sequer uma soluo

    exata ainda conhecida. Os mtodos numricos so parte importante para as anlises de

    escoamento de fluidos atravs das principais tcnicas de CFD, tais como mtodo das

    diferenas finitas, mtodo dos volumes finitos e mtodo dos elementos finitos.

    2.3.1 Mtodo das Diferenas Finitas

    O Mtodo das Diferenas Finitas pode ser utilizado para problemas uni e

    bidimensionais. Esse mtodo contempla a discretizao do domnio utilizando ns igualmente

    espaados entre si a partir dos quais so realizados clculos de diferenas entre esses ns.

    Esses clculos podem ser realizados atravs das equaes 25, 26 e 27.

    xOx

    ff

    ds

    df ii

    i

    1

    (25)

    xOx

    ff

    ds

    df ii

    i

    1

    (26)

    2112

    xOx

    ff

    ds

    df ii

    i

    (27)

    A Equao 25 descreve o mtodo de diferenas finitas por diferenas adiantadas, a

    Equao 26 por diferenas atrasadas e a Equao 27 por diferenas centradas.

  • 29

    2.3.2 Mtodo dos Volumes Finitos

    O Mtodo dos Volumes Finitos (FVM - Finite Volume Method) foi criado por

    Schneider e Raw em 1987. Esse mtodo consiste em criar ns interligados sobre uma

    superfcie, representando uma malha no-estruturada, a partir dos quais um volume de

    controle passa a ser considerado para os clculos matemticos relacionados a transferncia de

    calor, massa e energia e em particular para escoamentos de fluidos, h tambm a soluo das

    equaes de Navier-Stokes (DORWEILER, 2007). A Figura 2.4 mostra a formao dos

    elementos por triangulao geral e volumes de controle.

    Figura 2.4 Formao dos elementos por triangulao geral e volumes de controle.

    Fonte: Dorweiler (2007).

    Segundo Fortuna (2000) a quantidade lquida de uma grandeza (fluxo), que

    atravessa as fronteiras do volume de controle calculada pela integrao, sobre essas

    fronteiras, da diferena entre os fluxos que entram e os que saem de . Esses fluxos podem

    ser divididos em dois tipos:

    Fluxos convectivos: devido velocidade do fluido.

    Fluidos difusivos: causados pela no-uniformidade da distribuio espacial do fluxo.

  • 30

    2.3.3 Mtodo dos Elementos Finitos

    O Mtodo dos Elementos Finitos (FEM Finite Element Method) um dos modelos

    de simulao numrica mais utilizados principalmente para a anlise de estruturas. De forma

    geral, este mtodo considerado mais complexo que os anteriores e requer maior custo

    computacional para a simulao. A Figura 2.5 mostra um domnio unidimensional dividido

    em subdomnios: dois elementos locais (e=1,2). Os pontos no final de cada elemento so

    chamados de ns.

    Figura 2.5 Discretizao por elementos finitos para um problema unidimensional linear

    com dois elementos locais. (a) Um dado domnio com contornos. (b) Ns

    globais. c) Elementos locais. d) Funes locais

    Fonte: Chung (2002).

    H vrias maneiras diferentes de formular as equaes de elementos finitos. Uma das

    mais simples aproximaes conhecida como o Mtodo de Galerkin. A ideia bsica

    construir um produto interno do residual eR

    da forma local da equao governante (28) com

    a funo teste escolhida (29 e 30), dando a equao geral (31).

    022

    2

    dx

    ud

    10 x

    (28)

    eNe

    N

    eee uxuh

    xu

    h

    xxu

    211

    (29)

  • 31

    h

    xxe 11

    h

    xxe 2

    10 1 xe

    (30)

    02,0 2

    2

    dx

    dx

    xudxRx

    he

    e

    N

    ee

    N

    (31)

    2.3.4 Consistncia, Convergncia e Estabilidade

    De acordo com Fortuna (2000) para que uma discretizao seja consistente a equao

    diferencial parcial, seu Erro Local de Truncamento (ELT) deve tender a zero quando

    0, yx .

    A convergncia de uma aproximao por diferenas finitas importante para que se

    tenha um resultado cada vez mais prximo do valor real se considerado como o valor exato.

    Isso pode ser verificado pelos valores obtidos subsequentes e pelo erro entre esses valores.

    Caso o erro diminua com o decorrer da simulao ento provavelmente ela convergente. De

    acordo com Richtmyer & Morton (1994) apud Fortuna (2000) o Teorema de Lax define que

    para a soluo numrica de um problema linear de valor inicial bem posto, por uma

    discretizao consistente, a estabilidade do mtodo numrico condio necessria e

    suficiente para a convergncia.

    De acordo com Fortuna (2000) um mtodo numrico estvel aquele no qual

    quaisquer erros ou perturbaes na soluo no so amplificados sem limite.

    2.3.5 Modelos de Turbulncia

    Os modelos de turbulncia foram desenvolvidos para aplicar de forma aproximada o

    nvel de instabilidade provocado pelo escoamento do fluido durante um determinado

    processo. A turbulncia em geral pode ser estudada a partir de nmeros adimensionais,

    particularmente o nmero de Reynolds (Re) que determina se o regime de escoamento

    laminar, intermedirio (laminar e turbulento) ou turbulento.

    O nmero de Reynolds determinado pelos efeitos advectivos e difusivos. A Eq. 32

    mostra a relao que determina esse nmero adimensional.

    vDRe

    (32)

  • 32

    Onde a densidade do fluido, v velocidade do fluido, D o dimetro da

    tubulao (para escoamentos internos), a viscosidade do fluido.

    A Figura 2.6 mostra o desenvolvimento da camada-limite de velocidade sobre uma

    placa plana mostrando as regies de escoamento em regime laminar, intermedirio e

    turbulento.

    Figura 2.6 Desenvolvimento da camada-limite de velocidade sobre uma placa plana.

    Fonte: Incropera (2008).

    De forma geral a turbulncia causada pelas variaes bruscas da velocidade do

    fluido que excedem seu valor mdio.

    A Figura 2.7 mostra de forma esquemtica a turbulncia em um escoamento de fluido.

    Figura 2.7 Turbulncia em um escoamento de fluido.

    Fonte: PUC-RIO.

    A velocidade do fluido pode ser definida como a soma da velocidade mdia ( u ) mais

    uma flutuao ( 'u ) sendo definida pela Eq. 33.

  • 33

    'uuu

    (33)

    Onde a velocidade mdia dada pela Eq. 34.

    '1

    tudt

    tu

    (34)

    Ento, a velocidade mdia pode ser definida pela Eq. 35.

    ttt

    dtut

    udtut

    udtt

    u '111

    (35)

    No entanto, a melhor maneira de se avaliar a turbulncia em um escoamento de fluido

    utilizando a Intensidade da Turbulncia definida por Dryden e Kuethe em 1930 como a raiz

    quadrada do valor mdio da flutuao (Root Mean Square - RMS), como mostrado na Eq. 36.

    2uu

    (36)

    Atualmente existem basicamente trs mtodos para se analisar um escoamento

    turbulento:

    DNS (Direct Numerical Simulation): clculo de todas as escalas de comprimento de

    turbulncia.

    LES (Large Edge Simulation): clculos dos turbilhes de grandes escala.

    RANS (Reynolds Averaged Navier-Stokes): modelos de turbulncia estatstica baseado

    nas equaes de Navier-Stokes mdias no tempo.

    A Figura 2.8 mostra a classificao dos modelos de turbulncia em relao ao grau de

    modelagem e ao custo computacional.

  • 34

    Figura 2.8 Classificao dos modelos de turbulncia em relao ao custo

    computacional.

    Fonte: PUC-RIO.

    2.4 PROCESSOS DE AGITAO E MISTURA

    A importncia dos processos de mistura na indstria qumica muito grande. Vrios

    ramos da indstria necessitam de uma boa eficincia quanto a esses processos para garantir

    melhor qualidade, quantidade e velocidade de produo, diminuindo assim custos, danos,

    perda de matria e energia. A intensidade da operao caracterizada de forma qualitativa por

    homogeneizao e mistura e de forma qualitativa por agitao.

    2.4.1 Definies

    Inicialmente importante diferenciar os termos homogeneizao, agitao e mistura

    que comumente so utilizados como sinnimos, mas que possui cada um suas

    particularidades.

    A homogeneizao envolve uma movimentao branda que visa uniformizar lquidos

    miscveis. Esse processo utilizado apenas para facilitar o processo de difuso das molculas

    atravs da ao mecnica.

    A agitao refere-se ao processo no qual um fluido induzido a um movimento em

    uma direo especfica. Trata-se de uma uniformizao mais lenta de materiais que podem, ou

    no, ser miscveis.

    A mistura refere-se ao processo no qual um fluido geralmente constitudo de duas

    fases misturado de forma aleatria, ou seja, sem uma direo especfica e, promove muito

  • 35

    mais a disseminao de vrtices, bolhas e outros componentes devido evoluo de um

    escoamento a um nvel maior de turbulncia. Este termo mais geral e define uma operao

    mais completa que as anteriores.

    2.4.2 Usos do Processo de Agitao e Mistura

    As principais razes em se utilizar os mtodos de agitao e mistura na indstria so:

    1. Manter slidos em suspenso: h presena de slidos em lquidos. A agitao do

    processo ser conforme o peso das partculas que podem ser determinado a partir do

    tamanho e da massa especfica. Embora menos, a forma das partculas tambm pode

    influenciar no nvel de agitao necessrio para o processo.

    2. Extrair soluto de um lquido: o processo ocorre atravs de mistura seguido de

    extrao, no qual o lquido deve ser imiscvel com o soluto. Tanto o lquido quanto o

    soluto podem ser a fase dispersa, enquanto o outro a fase contnua.

    3. Mistura de lquidos miscveis: lquidos miscveis como, por exemplo, metanol e gua

    podem ser homogeneizados mais rapidamente com o auxlio mecnico.

    4. Promover o contato eficiente de reagentes: uma reao qumica pode ser mais rpida

    atravs da agitao, processo no qual ocorre aumento da transferncia de calor e massa

    aumentando tambm, consequentemente, a velocidade de reao.

    5. Dispersar gs em lquido: A disperso de um gs atravs de um lquido ocorre na

    forma de pequenas bolhas. Aumenta a rea interfacial entre gs-lquido e a turbulncia

    para melhorar a transferncia de massa.

    6. Disperso de lquidos imiscveis: trata-se da disperso de um lquido imiscvel com

    outro lquido para formar uma emulso ou uma suspenso. Nesse processo h uma

    fase contnua e ou mais dispersas.

    7. Acelerar a transferncia de calor: trata-se do aumento da transferncia de calor entre

    lquido e um material slido. No processo de agitao ocorre o aumento do coeficiente

    de transferncia de calor por conveco entre o contedo do vaso e a camisa.

    8. Produzir emulses: referem-se a problemas envolvidos com o tamanho das partculas e

    sua distribuio. Geralmente, nesses processos so envolvidos fluidos no-

    newtonianos.

  • 36

    2.4.3 Elementos de Projeto de um Tanque de Mistura

    Um processo de mistura geralmente ocorre em tanques de forma cilndrica fabricados

    com acessrios de medio e controle de variveis, tais como temperatura, profundidade do

    lquido, presso entre outros. As estruturas interna e externa devem ser eficientes quanto s

    questes de segurana como, por exemplo, vedao, mnima transferncia de calor para o

    meio ambiente, material de construo resistente a corroso, e quanto s questes

    relacionadas ao processo como, por exemplo, potncia adequada do motor, hlices adequadas

    ao tipo de processo, elementos reguladores de velocidade, entre outros. Um exemplo de

    tanque de mistura usualmente utilizado na indstria pode ser observado na Figura 2.9.

    Figura 2.9 Tanque tpico de processo de agitao e mistura.

    Fonte: McCabe et al.(1899).

    Na Figura 2.9 podem-se observar os seguintes componentes:

    1. Motor: necessrio para a propulso das hlices que promovero a agitao e mistura

    do fluido dentro do tanque.

    2. Redutor de velocidade: necessrio para o controle do processo de agitao diminuindo

    ou aumentando a velocidade conforme o andamento do processo.

    3. Termopar: necessrio para medir a temperatura dentro do tanque.

  • 37

    4. Impulsor: elemento que promove a agitao e mistura do fluido a partir da potncia do

    motor.

    5. Vlvula de escape: nessesrio para se retirar o produto final.

    6. Defletor: tambm chamado de chicana, uma barreira utilizada para diminuir os

    vrtices produzidos pelo processo de agitao no fluido.

    7. Camisa: a parte externa do tanque que fornece proteo contra choques e isolamento

    trmico.

    8. Suporte de gotejamento: elemento utilizado para expulsar gotculas de ar ou gs

    formado durante o processo de agitao.

    A Figura 2.10 mostra os principais elementos estruturais de um tanque de mistura.

    Figura 2.10 Medidas de um projeto de tanque de mistura.

    Fonte: McCabe et al.(1899).

    Como mostra a Figura 2.10 os principais elementos estruturais para um projeto de um

    tanque de mistura so: altura do tanque (H), largura do tanque (J), dimetro do tanque (Dt),

    altura da impulsor em relao ao fundo do tanque (E), dimetro do impulsor (Do), largura das

    lminas (W) e comprimento das lminas (L).

    Impulsores

    Os impulsores so divididos em duas classes. Aqueles que promovem o escoamento

    do fluido paralelamente ao seu eixo so chamados de impulsores de escoamento axial.

    Aqueles que promovem o escoamento do fluido na direo tangencial ou radial so chamados

    de impulsores de escoamento radial. A Figura 2.11 mostra vrios tipos de impulsores.

  • 38

    Figura 2.11 Impulsores para lquidos de viscosidade moderada. (a) Impulsor de trs

    lminas marinhas. (b) Impulsor de duas lminas retangulares. (c) Turbina de

    disco. (d) Impulsor de lmina cncava CD-6. (e) Impulsor de lminas

    inclinadas.

    Fonte: McCabe et al.(1899).

    Turbinas

    Impulsores de alta eficincia tm sido cada vez mais desenvolvidos com o objetivo de

    diminuir a potncia requerida do motor e, consequentemente, o custo de energia durante o

    processo. O impulsor do tipo HE-3 tem trs ps que decrescem o ngulo prximo ponta. O

    impulsor A310 construdo com lmina na forma de aeroflio que vai afinando do eixo at a

    ponta.

    A Figura 2.12 mostra a mistura de um fluido com impulsor de escoamento radial.

    Figura 2.12 Mistura em um tanque com turbina radial.

    Fonte: McCabe et al.(1899).

  • 39

    A partir da Figura 2.12 pode-se observar que durante o processo de mistura,

    dependendo das caractersticas do fluido, tais como densidade e viscosidade, ocorre um

    aumento no nvel do fluido que pode ser consideravelmente grande e, para isso, o tanque deve

    ter altura adequada para que no ocorram vazamentos ou danificaes nos equipamentos do

    tanque.

    Dependendo das caractersticas do fluido utilizado no processo de mistura pode-se

    ainda deslocar o eixo do impulsor e inclin-lo de modo a permitir maior turbulncia no

    sistema, o que permite que o sistema seja misturado mais rapidamente. Particularmente para

    fluidos viscosos esse mtodo indicado. A Figura 2.13 mostra as linhas de escoamento do

    fluido para um impulsor vertical fora do eixo e inclinado fora do eixo.

    Figura 2.13 Escoamento padro com propulsor fora do eixo central.

    Fonte: McCabe et al. (1899).

    Pode-se observar na Figura 2.13 que o agitador na posio vertical com deslocamento

    horizontal promove maior turbulncia e menor formao de vrtice. O agitador na posio

    inclinada promove menor turbulncia, mas em compensao a possibilidade deformao de

    vrtice ainda menor que no caso anterior devido as linhas de velocidades serem mais bem

    distribudas ao longo do tanque.

    A Figura 2.14 mostra um tanque de mistura com o auxlio de tubos verticais ao longo

    do eixo do agitador. Esses tubos possibilitam a recirculao do fluido durante a agitao de

    forma menos aleatria e permite tambm a diminuio da formao de vrtices. As chincanas,

    usualmente utilizadas na parte lateral do tanque, tambm tm a funo de diminuir esses

    vrtices to indesejados durante o processo de mistura.

  • 40

    Figura 2.14

    Tanques de mistura com tubos de suco e chincanas. (a) Turbina. (b)

    Propulsor

    Fonte: McCabe et al.(1899).

    A Figura 2.15 mostra as velocidades radial 2rV e tangencial 2'uV que so as

    componentes da velocidade angular dadas em m/s.

    Figura 2.15 Vetores de velocidade em uma hlice de uma turbina de disco.

    Fonte: McCabe et al. (1899).

    A partir da Figura 2.15 pode-se observar que as velocidades tangencial e radial so

    obtidas a partir do ngulo de 2V com a direo da rotao do fluido. Para fins prticos,

    considera-se que esse ngulo seja de 45.

    A Figura 2.16 mostra a relao entre o nmero de potncia e o nmero de Reynolds

    para vrios tipos de agitadores

  • 41

    Figura 2.16 Nmero de potncia versus nmero de Reynolds para turbinas com alta

    eficincia de impulsores

    Fonte: McCabe et al.(1899).

    A Figura 2.17 mostra a relao entre o fator de tempo de mistura e o nmero de

    Reynolds para vrios tipos de agitadores.

    Figura 2.17 Relao entre dimetro da turbina e dimetro do tanque para diferentes tipos

    impulsores e diferentes nmeros de Reynolds.

    Fonte: McCabe et al.(1899).

  • 42

    A Figura 2.18 mostra um tipo de agitador esttico.

    Figura 2.18 Misturadores estticos. (a) Elementos de um misturador helicoidal. (b)

    Vrtice de Misturador com Turbulncia

    Fonte: McCabe et al.(1899).

    Os agitadores estticos so bastante utilizados para misturas, porm em comparao

    com os atuais tanques de mistura, esses ainda possuem uso limitado devido ao pouco

    conhecimento sobre seu funcionamento e aplicabilidade. Devido ao fato de conferir menor

    turbulncia sobre o fluido, esse tipo de misturador pode ser utilizado apenas para alguns tipos

    fluidos sob condies especficas.

    2.5 MODELAGEM E SIMULAO DE TANQUE DE MISTURA COM CFD

    Diante dos vrios problemas envolvidos nos processos de agitao e mistura vrias

    pesquisas j foram realizadas com o objetivo de propor solues para eles. As tcnicas de

    CFD esto presentes em grande parte desses trabalhos com o auxlio de ferramentas

    computacionais de alto desempenho.

    Alguns assuntos relacionados rea de CFD e agitao e mistura podem ser

    facilmente encontrados na literatura. Alguns deles que foram contemplados para a realizao

    deste trabalho so: Aumento da eficincia de impulsores, Otimizao de misturador esttico e

  • 43

    Anlise de efeitos de mistura em reatores e Desempenho de Reatores Tubulares de

    Polimerizao.

    2.5.1 Aumento da Eficincia de Impulsores

    Alguns trabalhos j foram realizados com o objetivo de aumentar a eficincia dos

    impulsores de um tanque de mistura. Spogis (2007) fez uma anlise de impulsores com o

    modelo de turbulncia SST (Shear Stress Transport) que combina os modelos k- e k-. Um

    modelo estocstico robusto (MOGA II) tambm foi utilizado como mtodo de otimizao. A

    Figura 2.19 mostra um impulsor com malha no-estruturada tetradtrica criada no ANSYS

    CFX.

    Figura 2.19 Malha no-estruturada tetradrica no impulsor de lminas inclinadas.

    Fonte: Spogis (2007).

    Castro et al. (2010) apresentou um estudo de impulsores em um congresso da ANSYS

    USERS onde simulou vrios casos de mistura com diferentes impulsores e diferentes

    tamanhos de tanque. Para isso, foi utilizada a funo Parameters do ANSYS CFX que

    possibilita a mudana nas dimenses da geometria sem necessidade de refaz-las. A Figura

    2.20 mostra os vrios impulsores utilizados e a geometria do tanque de mistura.

  • 44

    Figura 2.20 Diferentes impulsores.

    Fonte: Castro et al. (2007).

    Neste trabalho pode-se observar que foi utilizado um agitador na parte lateral do

    tanque. Esse mtodo bastante recomendado para tanques com grande dimetro a fim de

    evitar vrtices durante o processo de mistura.

    2.5.2 Otimizao de Misturadores Estticos

    Os misturadores estticos so misturadores que possuem um eixo no qual um ou mais

    impulsores so rotacionados propiciando a mistura da soluo. Esse mtodo ainda pouco

    utilizado devido ao pouco conhecimento sobre o assunto.

    Joaquim Jnior (2008) analisou uma simulao de um misturador esttico com sete

    diferentes impulsores: tipo zigue-zague, S cruzado, S triplo, S triplo cruzado, escama, escama

    dupla e aletas. A Figura 2.21 mostra um de seus resultados.

    Figura 2.21 Geometria do misturador esttico tipo S.

    Fonte: Joaquim Jnior (2008).

  • 45

    Os misturadores estticos embora possam ter um custo consideravelmente menor do

    que os atuais agitadores industriais so pouco eficientes para a maioria dos processos que

    envolvem fluidos viscosos, sendo por isso, mais adequado para processos de mistura com

    solues homogneas ou fluidos de baixa viscosidade.

    2.5.3 Anlise de Efeitos de Mistura em Reatores

    Estudos e anlises dos efeitos das reaes qumicas dentro de um tanque de mistura

    tambm tm sido muito realizados. Alguns dos principais elementos compem o andamento

    do processo, tais como concentrao e velocidade rotao do fluido so observadas

    qualitativamente atravs dos grficos de CFX-Post e quantitativamente atravs dos grficos

    com resultados numricos.

    Poubel (2009) realizou um estudo de reaes de polimerizao a fim de analisar as

    interferncias das flutuaes na temperatura e concentrao do monmero. A Figura 2.22

    mostra um de seus resultados.

    Figura 2.22 Simulao de uma reao de polimerizao. (a) Concentrao do monmero

    no reator em batelada (t=20 min). (b) Concentrao do monmero no reator

    em batelada (t=30 min).

    Fonte: Poubel (2009).

  • 46

    2.5.4 Desempenho de Reatores Tubulares de Polimerizao

    Marn (2004) estudou um processo de mistura utilizando um reator tubular para

    reaes de polimerizao. Para isso utilizou recursos das tcnicas de CFD e as aplicou em um

    algoritmo desenvolvido em linguagem FORTRAN para a simulao do processo.

    A Figura 2.23 mostra um dos resultados obtidos por Marn (2004) para a velocidade

    na direo z ao longo do reator para um processo isotrmico sem chincanas e para um

    processo no isotrmico com chincanas.

    Figura 2.23 (a) Variao da velocidade em z com relao ao comprimento em z para um

    sistema isotrmico. (b) Variao da velocidade em z com relao ao

    comprimento em z para um sistema no isotrmico com chincanas nas

    paredes do tanque.

    Fonte: Marn (2004).

  • 47

    3 METODOLOGIA

    3.1 INTRODUO

    Inicialmente foram realizados estudos sobre o processo de agitao e mistura,

    incluindo anlises sobre dimensionamento de tanques de seus acessrios utilizados

    normalmente na indstria, assim como, um estudo sobre os diferentes tipos de agitadores, tais

    como turbina de disco e agitador de lminas inclinadas, suas vantagens e desvantagens.

    Foi realizado um estudo especfico sobre reaes de polimerizao, suas

    caractersticas e conceitos bsicos a fim de analisar as condies ideais de processo.

    Foi realizado um estudo sobre os balanos de massa, momento e energia atravs das

    equaes clssicas de conservao de massa, momento e energia atuando sobre um volume de

    controle infinitesimal para um processo de agitao de mistura.

    Foi realizado um estudo geral sobre CFD, seus mtodos, incluindo principalmente o

    mtodo dos volumes finitos e sobre principais softwares de CFD na literatura sobre o tema de

    agitao e mistura.

    Por fim, foi realizado um estudo sobre o software ANSYS CFX utilizado para realizar

    as simulaes do processo, analisando diferentes geometrias atravs do processo de

    modelagem, estudo de convergncia de malhas para analisar consistncia, convergncia e

    estabilidade, adaptao das configuraes necessrias para o processo, incluindo as condies

    iniciais e de contorno e a simulao propriamente dita onde foram obtidos os grficos

    qualitativos e quantitativos para a anlise final do processo de simulao.

    A Figura 3.1 mostra o esquema geral resumindo a metodologia utilizada neste

    trabalho.

  • 48

    Figura 3.1 Esquema da metodologia.

    3.2 DESCRIO DO PROBLEMA

    O problema abordado neste trabalho consiste na agitao e mistura de etileno lquido

    como o reagente inicial para a reao de polimerizao na formao do polietileno como

    produto. Para isso foi modelada uma geometria de um tanque de mistura com dimenses

    adequadas a um processo de polimerizao em escala industrial, inicialmente utilizando o

    software Blender. Posteriormente, depois de definidas as dimenses, condies de contorno e

    condies iniciais foram realizadas simulaes atravs do ANSYS CFX para avaliar o

    processo atravs de algumas variveis, tais como presso e velocidade.

    As simulaes foram realizadas apenas em regime estacionrio. A simulao em

    regime estacionrio determina as condies iniciais do processo cujas anlises de variao de

    presso e velocidade so realizadas e comentadas. Para fins prticos, no foi considerada a

    presena de catalisador nessas simulaes.

    Todos os demais detalhes sobre a modelagem do processo adotado neste trabalho

    sero discutidos nas sees subsequentes deste mesmo captulo.

  • 49

    3.2.1 Geometria

    3.2.1.1 Misturador Esttico

    Para um misturador esttico foi modelado um exemplo conforme as dimenses

    apresentadas na Figura 3.2.

    Figura 3.2 Dimenses do tanque de mistura esttico utilizado na simulao. (autoria

    prpria)

    O misturador esttico foi modelado e simulado para analisar seu desempenho nas

    reaes de polimerizao e para comparar algumas variveis com o tanque de mistura

    dinmico.

    A Figura 3.3 mostra o desenho modelado no software Blender. A Figura 3.3.b mostra

    o interior do mistudor esttico.

    (a) (b)

    Figura 3.3 Misturador esttico modelado no Blender. (autoria prpria)

  • 50

    O misturador esttico foi utilizado nessas dimenses para observar as possveis

    variaes de presso e velocidade, assim como, a gerao de turbulncia devido presena de

    barreiras perpendicularmente a direo do fluido.

    3.2.1.2 Tanque Dinmico de Agitao e Mistura

    Para um tanque de mistura dinmico Poubel (2009) utilizou os valores mostrados na

    Tabela 1 para os componentes do tanque de mistura utilizado na simulao do processo de

    obteno de monmeros.

    Tabela 1 Detalhes do esquema do reator para as simulaes.

    Caractersticas Geomtricas Simbolizao Valores (cm)

    Altura das ps Hp 15

    Altura total do reator Ht 150

    Altura da tampa Hs 3

    Altura dos dutos Ha 115

    Altura do agitador Hd 90

    Dimetro interno dos dutos Dd 5

    Dimetro do agitador Da 50

    Dimetro interno do reator D 95

    Dimetro externo do reator Dt 100

    Fonte: Poubel (2009).

    Para o problema de agitao e mistura em tanques dinmicos estudado neste trabalho

    foram adotadas as dimenses para o tanque de mistura e seus componentes mostrados na

    Figura 3.4.

  • 51

    Figura 3.4 Dimenses em metros do tanque de mistura dinmico utilizado na simulao.

    (autoria prpria)

    Os valores utilizados no foram os mesmos utilizados por Poubel (2009), mas foram

    valores aproximadamente duplicados. Os componentes da Figura 3.4 que no possuem

    dimenses especificadas no so relevantes para a anlise do processo (so meramente

    ilustrativos).

    Para o estudo do processo de agitao mistura realizado neste trabalho foram

    considerados dois tipos de impulsores: impulsor tipo turbina de disco e impulsor de lminas

    inclinadas. Todas as demais dimenses permanecem iguais s especificadas na Figura 3.4

    para os dois casos.

    A Figura 3.5 mostra as dimenses detalhadas da turbina de disco e um agitador com

    lminas inclinadas.

  • 52

    (a) (b)

    Figura 3.5 (a) Dimenses da turbina de disco. (b) Dimenses do impulsor de lminas

    inclinadas. (autoria prpria)

    Neste trabalho, para o impulsor de lminas inclinadas, foram consideradas lminas

    com inclinao de 30 em relao base.

    Para a modelagem do tanque de mistura foi utilizado o software Blender. A Figura 3.6

    mostra dois exemplos de tanques de mistura com sadas de produto na parte superior e na

    parte inferior, respectivamente.

    (a) (b)

    Figura 3.6 (a) Tanque de mistura com sada de produtos na parte inferior. (b) Tanque de

    mistura com sada de produtos na parte superior. (autoria prpria)

  • 53

    Foram estudadas as duas geometrias com o objetivo de avaliar a melhor condio de

    processo atravs dos resultados de concentrao e tempo de mistura necessrio para a

    obteno do produto final de interesse. Neste trabalho foi considerado o tanque com sada na

    parte inferior (Figura 3.6.a).

    A Figura 3.6 mostra a parte superior interior do tanque. As duas tubulaes

    verticalmente acima do tanque tratam das entradas dos reagentes (etileno lquido). O eixo do

    impulsor est no centro. A Figura 3.7 mostra o primeiro exemplo de impulsor utilizado para a

    simulao. Trata-se do impulsor tipo turbina de disco. Este impulsor possui a caracterstica de

    ter um disco acoplado ao eixo do impulsor, disco no qual so anexadas 6 (seis) lminas

    igualmente espaadas.

    (a) (b)

    Figura 3.7 (a) Turbina de disco (vista frontal). (b) Turbina de disco (vista superior).

    (autoria prpria)

    A Figura 3.8 mostra um impulsor de lminas inclinadas. Neste trabalho, foi adotada

    uma inclinao das lminas de 30 mantendo-as igualmente espaadas.

    (a) (b)

    Figura 3.8 (a) Impulsor de lminas inclinadas (vista frontal). (b) Impulsor de lminas

    inclinadas (vista superior). (autoria prpria)

  • 54

    3.2.2 Malha

    Neste trabalho foram utilizadas malhas tetradricas no-estruturadas e malhas

    hexadricas estruturadas. Malhas no-estruturadas so aquelas que no apresentam o mesmo

    tamanho de elementos em todos os ns, ou seja, apresentam no-uniformidade quanto ao

    tamanho dos elementos. Malhas estruturadas possuem elementos do mesmo tamanho. Malhas

    tetradricas so aquelas que cada volume de controle formado por de 4 (quatro) ns, trs

    formando a base e com vrtices ligados ao ltimo ponto. Malhas hexadricas so aquelas que

    possuem oito ns e seis lados formando um hexaedro.

    A Figura 3.9 mostra um desenho representativo de um elemento de malha tetradrica e

    um elemento de malha hexadrica.

    (a) (b)

    Figura 3.9 Desenho representativo: (a) de um elemento de malha tetradrica; (b) de um

    elemento de malha hexadrica. (autoria prpria)

    Com a funo Form New Parts adicionada na geometria foi possvel gerar uma malha

    na qual todos os pontos esto ligados a outros pontos, ou seja, no h pontos da malha que

    no estejam ligados a outros, o que se pode considerar como uma malha sobre o domnio com

    refinamentos e mtodos em locais especficos. Este tipo de malha chamado de Malha

    Conforme.

  • 55

    A Figura 3.10 mostra um exemplo de malha no-conforme e malha conforme.

    Figura 3.10 (a) Tringulos conformes; (b) Tringulos no conformes. Note os vrtices de

    cada tringulo neste caso.

    Fonte: Pascal, Paul-Louis (2008).

    A Figura 3.11 mostra dois exemplos de malha em um tanque de mistura de seo

    circular: malha radial clssica com espaamentos graduados e malha radial no clssica com

    elementos tetradricos.

    Figura 3.11 (a) Malha radial clssica construda por um mtodo de produto; (b) Malha

    radial no-clssica resultante de uma srie de vrtices e bordas em colapso.

    Fonte: Pascal, Paul-Louis (2008).

    3.2.3 Condies Iniciais e de Contorno

    As condies iniciais do processo so mostrados nas Tabelas 2 e 3 atravs das

    propriedades dos materiais utilizados na simulao:

  • 56

    Tabela 2 Propriedades do tanque, do etileno, polietileno e condies de contorno.

    PROPRIEDADES DO TANQUE

    Capacidade calorfica 477J/(kg.K)

    Coeficiente de transferncia de calor 14,9 W/(m.K)

    Material do tanque e agitador Ao inoxidvel ANSI 302

    Velocidade de rotao 100 rpm

    Volume de ar 2,21 m

    Volume de etileno lquido 8,84 m

    Volume til 11,05 m

    PROPRIEDADES DO ETILENO

    Capacidade calorfica 43,56 J./(K.mol)

    Condutividade trmica 0,2698 W/(m.K)

    Densidade especfica 1180 kg/m

    Entalpia de combusto -1,411 kJ/mol

    Entalpia de formao +52,26 kJ/mol

    Entropia molar 219,56 J/(K.mol)

    Limite de inflamabilidade 27% no ar

    Massa molar 28,05g/mol

    Ponto de ebulio 196,44 K

    Temperatura inicial 300K

    Viscosidade 0,715 cP

    CONDIES DE CONTORNO PARA A SIMULAO

    Agitador No Slip Wall

    Bordas do Tanque No Slip Wall

    Energia trmica Total Energy

    Erro mximo 410.1

    Modelo de turbulncia k-

    Nmero mnimo de Iteraes 100

    Para as simulaes do processo adotado neste trabalho foi utilizado o software

    ANSYS CFX 15.0. O processo foi dividido em quatro etapas: modelagem da geometria do

    problema, estudo de malhas, configuraes e a simulao propriamente dita. Essas etapas

  • 57

    foram executadas nos mdulos CFX-Modeler, CFX-Mesh, CFX-Solver e CFX-Post,

    respectivamente.

    No CFX-Mesh foi realizado o estudo de convergncia de malhas necessrio para a

    obteno de resultados satisfatrios com o mnimo de custo computacional possvel.

    3.2.4 CASO I: Anlise de Desempenho de Misturadores Estticos

    A Figura 3.12 mostra o misturador esttico modelado no CFX Modeler.

    (a) (b)

    Figura 3.12 Geometria no CFX Modeler. (a) vista isomtrica; (b) vista superior. (autoria

    prpria)

    Fonte: Pascal, Paul-Louis (2008).

    A Figura 3.13.a mostra a malha gerada e na Figura 3.13.b as condies de contorno de

    entrada e sada dos reagentes no misturador esttico.

    (a) (b)

    Figura 3.13 Misturador esttico: (a) malha tetradrica. (b) condies de contorno. (autoria

    prpria)

    Fonte: Pascal, Paul-Louis (2008).

    A Figura 3.14 mostra o esquema para o estudo de convergncia de malhas para o caso

    do misturador esttico.

  • 58

    Figura 3.14 Esquema do estudo de convergncia de malhas para o caso do misturador

    esttico.

    Fonte: Pascal, Paul-Louis (2008).

    A Tabela 3 mostra o estudo de convergncia de malhas para este caso.

    Tabela 3 Estudo de convergncia de malha para o misturador esttico.

    1 Malha 2 Malha 3 Malha

    4802 158368 1256547

    A Figura 3.15 mostra o estudo de convergncia de malhas para o caso do misturador

    esttico.

    Figura 3.15 Estudo de convergncia de malhas para o caso do misturador esttico.

  • 59

    3.2.5 CASO II: Anlise de Tanques de Mistura Dinmicos

    A Figura 3.16 mostra a malha utilizada para a simulao de um tanque de mistura para

    o processo de polimerizao estudado neste trabalho.

    (a) (b)

    Figura 3.16 Malhas internas no tanque de mistura.

    A Figura 3.17 mostra o esquema para o estudo de convergncia de malhas para o caso

    do tanque de mistura dinmico.

    Figura 3.17 Esquema para o estudo de convergncia de malhas no CFX Mesh.

    A Tabela 4 mostra o estudo de convergncia de malhas para este caso.

    Tabela 4 Estudo de convergncia de malha para o tanque dinmico.

    1 Malha 2 Malha 3 Malha 4 Malha 5 Malha

    88125 120418 184255 581040 2250589

  • 60

    A Figura 3.18 mostra o estudo de convergncia de malhas para o caso do tanque de

    mistura dinmico.

    (a) (b)

    Figura 3.18 Estudo de convergncia de malhas para o caso do tanque dinmico de

    agitao e mistura: (a) presso relativa; (b) turbulncia dissipativa.

    3.2.6 CASO III: Anlise da Performance de Impulsores

    No CFX-Modeler foi modelada a geometria do problema. Foram utilizados elementos

    do tipo Material para o exterior do tanque e tubulaes e AddFrozen para os componentes

    internos, tais como o dimetro interno do tanque, dimetro interno das tubulaes e todos os

    componentes do agitador. Esse procedimento foi utilizado para adicionar novos corpos ao

    material principal que representa o tanque. Foi utilizada a funo Form New Parts para gerar

    um corpo nico com as vrias partes interligadas entre si. Essa tcnica recomendvel para

    gerar uma malha uniforme no CFX Mesh.

    Nesse modelo foram desprezados o eixo do agitador e as tubulaes de entrada e sada

    de reagentes, pois, primeiramente o efeito do eixo sobre a rotao do fluido dentro do tanque

    pode ser considerado desprezvel, depois as tubulaes de entrada e sada no sero

    necessrias, pois, considera-se o reagente inicialmente presente no tanque em repouso (regime

    estacionrio). A relevncia da simulao diz respeito influncia das hlices do agitador

    sobre o fluido variando suas variveis de processo. A Figura 3.19 mostra a malha utilizada

    para a simulao deum tanque de mistura para o processo de polimerizao estudado neste

    trabalho.

  • 61

    Figura 3.19 Malha do tanque de mistura simplificado. (autoria prpria)

    A Figura 3.19 mostra um procedimento para o estudo de convergncia de malhas.

    Cada bloco de CFX-Mesh possui um nmero de ns especfico. Foram avaliadas 4 (quatro)

    diferentes malhas com diferentes gradaes quanto ao nmero de elementos. Para essa

    gradao foi utilizada a mesma malha inicial aplicando-se a funo Element Sizing para

    diminuir o tamanho dos elementos da malha como um todo. Contudo, os principais elementos

    analisados e adicionados a este trabalho foram os perfis de velocidade relacionados a cada

    uma das hlices utilizadas para o tanque usando as linguagens Java e MATLAB.

  • 62

    4 RESULTADOS E DISCUSSO

    4.1 CASO I: ANLISE DE DESEMPENHO DE MISTURADORES ESTTICOS

    A Figura 4.1 mostra a primeira simulao envolvendo um tanque de mistura esttico

    no qual foi inserida uma nica barreira na direo do escoamento do etileno para analisar os

    efeitos produzidos por ela.

    Figura 4.1 Variao de presso no interior do tanque de mistura esttico produzida por

    uma nica barreira ao escoamento do etileno.

    Pde-se observar que uma nica barreira foi suficiente para diminuir

    consideravelmente a presso no interior do tanque provocando, consequentemente, aumento

    de velocidade do fluido.

    A Figura 4.2 mostra os vetores de velocidade para o tanque com uma barreira e sete

    barreiras.

    Jusante barreira

    do tanque (regio

    de baixa presso)

    Montante barreira

    do tanque (regio

    de alta presso)

    Direo do

    escoamento

  • 63

    (a) (b)

    Figura 4.2 Misturador esttico (vetores de velocidade): (a) uma barreira; (b) sete barreiras.

    Na Figura 4.2 j possvel perceber a variao de velocidade do etileno promovida

    pelas barreiras ao escoamento. Em ambas as figuras tambm possvel perceber uma regio

    de recirculao do fluido proveniente da diminuio da presso na jusante da ltima barreira.

    A Figura 4.3 mostra um plano com a variao de velocidade para dois diferentes

    refinamentos na malha.

    (a) (b)

    Figura 4.3 Misturador esttico (plano de velocidades): (a) malha grosseira; (b) malha

    mais refinada.

    Novamente, agora utilizando um plano para melhor visualizao, foi possvel observar

    mais claramente a variao de velocidade. Na Figura 4.3.a com malha grosseira e na Figura

    4.3.b com malha mais refinada. A primeira malha mostra a variao de velocidade menos

    clara e em pontos mais especficos, enquanto que a segunda malha mostra mais

    detalhadamente a variao de velocidade ao longo do tanque (mais prximo da variao real).

    Direo do

    escoamento

    Direo do

    escoamento

    Direo do

    escoamento

    Direo do

    escoamento

    Formao de

    vrtice

    (recirculao)

    Formao de

    vrtice

    (recirculao)

  • 64

    A Figura 4.4 mostra a variao de velocidades com Streamlines e vetores.

    (a) (b)

    Figura 4.4 Misturador esttico mostrando a variao de velocidades com: (a) Streamlines;

    (b) vetores.

    A Figura 4.5 mostra as variaes de velocidade em vetores, sobre um plano e com

    Streamlines.

    (a) (b) (c)

    Figura 4.5 Misturador esttico mostrando a variao de velocidades com: (a) vetores; (b)

    plano; (c) Streamlines.

    Observou-se na Figura 4.5.a mais claramente o aumento de velocidade atravs de

    vetores. Na Figura 4.5.b o mesmo atravs de um plano. Na Figura 4.5.c a formao de vrtice

    na ltima barreira logo prximo da sada do fluido. H um aumento considervel de

    velocidade do fluido devido presena das sete barreiras e, consequentemente, gerao de

    turbulncia que um dos pr-requisitos para que haja uma boa mistura dos reagentes num

    processo industrial.

    A Figura 4.6 mostra a variao de presso relativa e presso absoluta no misturador

    esttico.

    Direo do

    escoamento

    Direo do

    escoamento Formao de

    vrtice