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POLÍTICAS PÚBLICAS DE TURISMO
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www.ebape.fgv.br/revistaoit
Anlise das principais polticas pblicas de turismo no Brasil, da dcada de 1990 atualidade
Analysis of public policy of tourism in Brazil, from the decade of 1990 until actuality
Letcia Cristina Fernandes Galdino
Michele Leandro da Costa
Resumo
O turismo um setor bastante amplo e multidisciplinar, por isso necessita de aes que
visem a seu desenvolvimento coerente e adequado, por vez, almejado intrinsecamente de um
planejamento perspicaz e eficiente, implementado pelo Poder Pblico do setor, que visa a ela-
borar aes relevantes ao respaldo da prtica da atividade turstica, lanando estratgias de
polticas que propiciem o crescimento, desenvolvimento e consolidao do turismo brasileiro.
O objetivo do trabalho em questo contribuir com a publicao de material sobre o tema,
por sua vez, pouco abordado e delimitado, buscando apresentar esclarecimentos acerca da
situao da atividade turstica brasileira e dos meios que a asseguram, alm de disponibilizar
o acesso sociedade de informaes relevantes atividade que mais cresce no Pas. Para
melhor elaborao do trabalho em tela, utilizaram-se a pesquisa bibliogrfica e a documental.
Palavras-chave: turismo, poltica pblica, PNMT, PNT, Plano Aquarela, Plano Cores
1 Graduanda em Turismo, pela Faculdade Estadual de Cincias Econmicas de Apucarana FECEA, Brasil. 2007-2011. Ps Graduanda em Gesto em Eventos, pela Faculdade Estadual de Cincias Econmicas de Apucarana FECEA, Brasil. 2011-2012. E-mail: [email protected] Graduada em Turismo e Hotelaria, pela Universidade do Vale do Itaja UNIVALE, Brasil. 1995-1999.Especialista em Aperfeioamento em Gesto de Cerimonial, Protocolo e Eventos, pelo Centro Universitrio de Maring CESUMAR, Brasil. 2002. E-mail: [email protected]
Observatrio de Inovao do Turismo - Revista AcadmicaVol. VI, n4, Rio de Janeiro, SET. 2011
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Anlise das principais polticas pblicas de turismo no Brasil, da dcada de 1990 atualidade
Letcia Cristina Fernandes Galdino Michele Leandro da Costa
Abstract
The tourism industry is a completely comprehensive and multidisciplinary, so you need to actions
aimed at coherent and appropriate development, in turn, sought an intrinsically sharp and efficient
planning, implemented by the public sector, which aims to develop actions to support relevant the
practice of tourism, launching political strategies that foster growth, development and consolidation
of Brazilian tourism. The aim of the work in question, is to contribute to the publication of material
on the theme, in turn, little attention and limited, seeking clarifications on the present situation of
tourism in Brazil and the means to ensure that. In addition, to provide the society, information re-
levant to the activity the fastest growing in the country. For further elaboration of this, we used the
literature and documentary.
Key words: tourism, public policy, PNMT, PNT, Aquarela Plan, Color Plan
1. Introduo
Toda a sociedade vive em perspectiva de uma evoluo constante, considervel e ex-
pressiva para seu desenvolvimento. Isso faz com que, a cada instante, novos mtodos sejam
criados, novas ferramentas de trabalho sejam elaboradas e novas aes sejam implantadas
em busca de melhoria da qualidade de vida, do suprimento das necessidades humanas e da
concretizao de anseios.
Considerado como um dos setores mais promissores, o turismo subsidia benefcios
expressivos sociedade em geral, pois proporciona crescimento e desenvolvimento nos
campos econmico, social, ambiental, cultural e tambm poltico se consolidados de ma-
neira planejada sob o princpio da sustentabilidade, por sua vez respaldada por uma das ver-
tentes mais importantes da sociedade e especificamente da atividade: as polticas pblicas.
Assim, o trabalho tem como objetivo, no primeiro momento, explanar sobre o turismo
e sua relao com uma de suas vertentes mais importantes. Evidencia-se o planejamento no
captulo dedicado retrospectiva histrica das polticas pblicas de turismo no Brasil, suas
conceituaes e sua implementao. Apresentam-se, no terceiro e ltimo captulo, as princi-
pais polticas pblicas de turismo no Brasil, da dcada de 1990 atualidade, finalizado com
uma anlise crtica a todas essas aes.
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2. Turismo e planejamento
O turismo uma atividade que apresenta aspectos inter e multidisciplinares envol-
vendo, em seu contexto, fatores importantes de uma sociedade, como histria, crenas e
valores, tradies, belezas naturais, artificiais e culturais, influenciando reas diretamen-
te ligadas aos indivduos, s organizaes e aos ambientes de convivncia e sobrevivncia,
tenglobando questes econmicas, sociais, ambientais, culturais e polticas.
Nesse contexto, considera-se o turismo como:
um fenmeno social que consiste no deslocamento voluntrio e
temporrio de indivduos ou grupos de pessoas que, fundamental-
mente por motivos de recreao, descanso, cultura ou sade, saem
do local de residncia habitual para outro, no qual no exercem
nenhuma atividade lucrativa nem remunerada, gerando mltiplas
inter-relaes de importncia social, econmica e cultural
(DE LA TORRE, 1992 apud BARRETO, 2008, p. 13).
Assim, percebe-se que a atividade turstica pode ainda disponibilizar a comunidade
que o cerca de recursos positivos para seu desenvolvimento, como a gerao de divisas que
possam contribuir com a cobertura do dficit dos pagamentos, a criao de empregos, per-
mitindo a incorporao das classes desfavorecidas na vida econmica, a contribuio com
o desenvolvimento da regio, o aproveitamento dos recursos renovveis e o estmulo para o
resgate, a valorizao e a conservao dos costumes locais, da histria, do patrimnio, dos
valores, entre outros (DIAS, 2003). Entretanto se faz necessrio ressaltar que tantos benef-
cios somente podem ser alcanados se a prtica da atividade for realizada de maneira organi-
zada, coordenada e planejada, pois, assim como propicia inmeros impactos positivos, se mal
planejada, pode gerar diversos impactos negativos, causando danos, at mesmo irreversveis,
como a sazonalidade, inflao, degradao e poluio do meio ambiente e do ambiente cultu-
ral, desvalorizao e mercantilizao patrimonial (GOELDNER; RITCHIE; MCINTOSH, 2002).
Para que a realizao de uma ao idealizada e elaborada se concretize adequada-
mente, torna-se necessrio a produo de estratgias em prol do desenvolvimento prtico
dessa ao. Considerando a importncia de tal fator, alguns autores apresentam conceitua-
es e definies sobre esse contexto, como a afirmao de Sampaio (2008) sobre o plane-
jamento: processo contnuo e dinmico que consiste em um conjunto de aes intencionais,
integradas, coordenadas e orientadas para tornar realidade um objetivo futuro, de forma a
possibilitar a tomada de decises antecipadamente.
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Quanto ao planejamento turstico, considera-se, segundo Ruschmann e Widmer
(apud ANSARAH, 2000, p. 67) que
o processo que tem como finalidade ordenar as aes humanas
sobre uma localidade turstica, bem como direcionar a construo
de equipamentos e facilidades, de forma adequada, evitando efeitos
negativos nos recursos que possam destruir ou afetar a sua atrati-
vidade. Constitui o papel fundamental na determinao e seleo
das prioridades para a evoluo harmoniosa da atividade turstica,
determinando suas dimenses ideais para que, a partir da, se possa
estimular, regular ou restringir sua evoluo.
Trata-se, pois, de atratividade que gera empregos e, assim, aumento na rentabilidade
familiar, divisas econmicas, valores culturais, conscientizao preservao do meio am-
biente, enfim, desenvolvimento ao local em que est inserida nos mais diversos setores, se-
jam eles, econmicos, sociais ou ambientais. Em razo desse desenvolvimento, necessita-se
de uma forma de planejamento eficaz e coerente, capaz de mensurar e controlar adequada-
mente o crescimento do setor e do local como um todo. Por isso a aplicao do planejamento
implica tambm unio dos agentes essenciais atividade: o setor pblico e o privado, e a
comunidade.
A elaborao do planejamento envolve valores, recursos e objetivos; assim, de total
responsabilidade do setor pblico, no processo de investigao, de levantamento de informa-
es e anlises, identificar as necessidades a serem supridas e os potenciais a serem estimu-
lados e investidos. Tudo isso aplicado, de maneira nica, a cada particularidade e circunstn-
cia, adequando aes sobre as vertentes do planejamento voltado, nica e exclusivamente,
para o turismo.
Dessa forma, a necessidade de melhor organizao do setor turstico trouxe o plane-
jamento, que, por sua vez, fez que se criassem rgos e leis que atualmente regem a poltica
pblica de turismo e que so extremamente importantes a todo o contexto turstico. Por isso
conhecer a histria, desde o princpio, de rgos, aes, metas, planos, programas e projetos
aplicados poltica do turismo torna-se importante, pois servem de ferramentas do turismo,
por meio da evoluo da sociedade e da atividade turstica.
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3. Retrospectiva histrica das polticas pblicas de turismo no Brasil
Para melhor compreenso do que so polticas pblicas de turismo, necessita-se da
apresentao inicial das conceituaes das polticas gerais, essenciais ao bom desenvolvi-
mento do senso comum e do bem-estar da sociedade.
Muitas so as conceituaes e definies lanadas ao termo poltica que, segundo
Azambuja (2008), pode compreender e abranger apenas comportamentos, entendimentos
e desentendimentos dos polticos que objetivam o poder ou parte dele; pode considerar-se
como uma arte conquista do poder, bem como mantena e execuo realizadas pelo go-
verno; pode denominar-se orientao ou atitude do governo referente ao seu interesse, como
assuntos de poltica internacional ou at mesmo econmica; pode ser tambm a cincia mo-
ral. No entanto, atualmente, segundo o mesmo autor, a poltica divide-se entre ser cincia do
estado e cincia do poder.
Entretanto preciso ressaltar que mesmo a poltica geral necessita de complemen-
tao de polticas especficas, que visem a aes cabveis a determinados aspectos e setores
relacionados com a sociedade, tendo cada setor uma organizao pblica e, para ele, uma po-
ltica exclusiva. Assim, ao tratar-se das formas legislativas, encontra-se o direcionamento da
poltica pblica, que, segundo Dias (2003, p. 121), como um conjunto de aes executadas
pelo estado como sujeito, dirigidas a atender s necessidades de toda a sociedade. J a po-
ltica pblica de turismo, segundo a definio apresentada por Goeldner, Ritchie e MCIntosh
(2002, p. 294), refere-se a:
um conjunto de regulamentaes, regras, diretrizes, diretivas, obje-
tivos e estratgias de desenvolvimento e promoo que fornece uma
estrutura na qual so tomadas as decises coletivas e individuais
que afetam diretamente o desenvolvimento turstico e as atividades
dirias em uma destinao.
De acordo com Beni (2006, p. 91), as polticas so orientaes especficas para a
gesto diria do turismo, abrangendo os muitos aspectos operacionais da atividade.
Portanto, a priori, para compreender o grau de essencialidade das polticas de turis-
mo, se torna relevante o conhecimento do processo de criao delas, que podem ser deline-
adas por meio de sua histria, em um contexto que envolve fatos marcantes e importantssi-
mos da poltica, de forma geral, que interferiram e muito na histria das polticas pblicas de
turismo, especificamente no Brasil.
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importante ressaltar que, no Brasil, a dcada que marca boa parte do desenvolvi-
mento, a dos anos 1930, em que, no governo do ento presidente Getulio Vargas, granje-
aram-se inmeras conquistas importantes, especialmente a dos direitos trabalhistas, com
a obteno da carteira profissional, a reduo da carga horria de trabalho, as frias anu-
ais remuneradas, o descanso semanal, a aposentadoria, o salrio mnimo, a lei que visava
proteo contra acidentes no trabalho e tambm a regulamentao das profisses (AGGIO;
BARBOSA; COELHO, 2002). Tais fatores beneficiaram bastante o povo brasileiro e, ainda
mais, o setor turstico, pois, aps eles, criaram-se aes voltadas ao desenvolvimento das
polticas pblicas de turismo no Pas, em prol da regulamentao da atividade.
Nessa poca, com o interesse por parte do estado em intermediar aes pblicas
de turismo, surgiu o Decreto-Lei n.o 406, de 1938, que previa, segundo Ferraz (apud Dias,
2003, p. 128), a autorizao governamental para a atividade de venda de passagens para
viagens areas, martimas ou rodovirias. Originou-se, em um segundo momento, a Diviso
do Turismo (Decreto-Lei n. 1.915, de 1939), como primeiro organismo oficial de turismo no
Brasil, com a responsabilidade de superintender, organizar e fiscalizar os servios de turismo
interno e externo (DIAS, 2003, p. 128). Constitua-se a diviso tambm pelo Departamen-
to de Imprensa e Propaganda (DIP), que, na poca, tinha como principal atividade divulgar
e promover o Brasil no exterior, por meio de boletins informativos elaborados em diversos
idiomas e distribudos em hotis, navios e rgos pblicos internacionais (SANTOS FILHO,
2007). Aps a criao da Diviso, integrada ao DIP, lanou-se o Decreto-Lei n. 2.440, de 23
de julho de 1940, que tinha como objetivo dispor a forma de funcionamento das empresas e
agncias ligadas ao setor de viagem e turismo, bem como a maneira de atuao no mercado
(BOLSON; PIRES; BAHIA, 2005).
Porm, apesar desses fatores, muitos autores consideram que a real construo his-
trica do planejamento e, consequentemente, das polticas pblicas de turismo se consoli-
dou somente na dcada de 1950 com a exploso do turismo de massa e o crescimento da
rede rodoviria. Aps esses fatos, o turismo conquistou um apoio importante, e a classe
mdia transformou-se em grande disseminadora da atividade turstica, ao divulg-la inter-
namente (BECKER, 1995 apud RUSCHMANN; SOLHA, 2006). J nessa poca, a sociedade
brasileira passava por mudanas polticas expressivas, no governo do presidente Juscelino
Kusbitschek, que pretendia alavancar o desenvolvimento do Brasil por meio da moderniza-
o, elencando 31 objetivos, distribudos em grupos, como energia, educao, indstrias de
base, setores partcipes da atividade turstica, alimentao e transporte (AGGIO; BARBOSA;
COELHO, 2002).
A partir da, com a extino da Diviso do Turismo, em 1946, originada por motivos
polticos, surgiu um novo modelo de organizao para o setor turstico: a Comisso Brasileira
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de Turismo (Combratur), consolidada pelo Decreto n. 44.863, de 21 de novembro de 1958
(DIAS, 2003).
Porm, assim como a Diviso do Turismo, a Combratur extinguiu-se em 1962 sem
ter conseguido concretizar seus objetivos. Com isso, somente em 1966 se criaram rgos
direcionados para a elaborao real de uma poltica nacional do setor turstico: o Conselho
Nacional de Turismo (CNTur) e a Empresa Brasileira de Turismo (Embratur), sob jurisdio
do Decreto-Lei n. 55, cabendo ao CNTur a formulao da poltica nacional de turismo e
Embratur a execuo da poltica formulada pelo Conselho (CRUZ, s.d. apud SOUZA, 2002). A
parceria formava o chamado Sistema Nacional de Turismo, definido como rgo componente
da primeira estruturao pblica para o setor turstico (BENI, 2006).
Com o Conselho, surgiram orientaes aplicadas elaborao do Plano Nacional de
Turismo (Plantur), reconhecido como ferramenta bsica da Poltica Nacional de Turismo, se-
gundo Resoluo n.o 71, de 10 de abril de 1969 (CRUZ apud DIAS, 2003). J em 1971, criou-se
o Fundo Geral de Turismo (Fungetur), considerado o primeiro plano governamental de carter
econmico do turismo, que tinha como objetivo financiar o desenvolvimento da atividade tu-
rstica no Pas, sendo administrado pela Embratur, (DIAS, 2003, p. 131). A criao do Fundo
impulsionou significativamente a concretizao de novos decretos-leis e planos destinados
ao crescimento do turismo no Pas. Nos anos subsequentes criao do Fungetur, aes que
o complementavam surgiram, como o Fundo de Investimento do Nordeste (Finor), o Fundo
de Investimento da Amaznia (Finam) e o Fundo Setorial (Fiset), todos sob a jurisdio do
Decreto-Lei n.o 1.376, de 1976 (BARRETO, 1991; BENI, 2006), alm do estabelecimento das
zonas prioritrias para o desenvolvimento do turismo, respaldadas pelo Decreto n.o 71.791,
de 1973, a definio da prestao de servios especficos do setor turstico das agncias
de transporte, sob a Resoluo n.o 641 do CNTur, e a Portaria lanada pelo Departamento
de Aviao Civil (DAC), autorizando os Voos de Turismo Domstico (VTD), posteriormente
substitudas pelos planos Brasil Turstico Individual (BTI) e Brasil Turstico em Grupo (BTG),
com reduo das tarifas (BARRETO, 1991).
Em 1976, sob a jurisdio do Decreto-Lei n.o 4.485, o turismo recebeu estmulos
referentes ao setor estrangeiro e, em 1977, regulamentaram-se as excurses intrnsecas ao
Programa Turismo Domstico Rodovirio (TDR), alm de publicar-se o contedo da Poltica
Nacional de Turismo, elaborado em 1967 e apresentado na II Reunio do Sistema Nacional
de Turismo em que constam as polticas de proteo ao patrimnio natural, divulgao e
promoo cultural, incentivo ao turismo interno, estmulo ao turismo internacional, recursos
humanos, apoio s agncias de viagem, hotelaria e, por fim, apoio entrada de divisas
(BARRETO, 1991).
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No incio da dcada de 1980, formulou-se a Poltica do Meio Ambiente e o Sistema
Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), fixado no artigo 25 da Constituio (BENI, 2006).
Nesse perodo, o Brasil tinha como presidente Jos Sarney, que, em meio troca de gover-
no, buscava a redemocratizao da sociedade brasileira (GRZESCZAK; MOREIRA; FERRAZ,
2008). Aps esse momento, j em 1986, criou-se o Passaporte Brasil, objetivando a promo-
o do turismo interno ao mesmo tempo em que se estimulava a construo de albergues da
juventude; alm disso, instituiu-se, em 1989, o chamado dlar turismo , oficializando a ba-
lana comercial do setor turstico (BARRETO, 1991). Ambos os acontecimentos contriburam
de maneira significativa para a atividade turstica no Pas.
No incio da dcada de 1990, o Brasil passou a ser governado por Fernando Collor de
Mello, e a Embratur passou a ter uma nova denominao Instituto Brasileiro de Turismo
, sendo considerada como uma autarquia e tendo como finalidade formular, coordenar,
executar e fazer executar a Poltica Nacional de Turismo (DIAS, 2003, p. 133). Na nova fase
da poltica de turismo e com a nova classificao da Embratur, tentou-se implantar o Plano
Nacional de Turismo, a fim de trabalhar o desenvolvimento regional, que, infelizmente, no
chegou a sair do papel na poca, mas que se realizaria por meio de sete programas, divididos
em subprogramas: Programa Ecoturismo, Programa Turismo Interno, Programa Polos Turs-
ticos, Programa de Formao dos Recursos Humanos para o Turismo, Programa Qualidade
e Produtividade do Setor Turstico, Programa Marketing Internacional e Programa Mercosul
(DIAS, 2003).
Em 1994, Itamar Franco, sucessor de Fernando Collor de Mello, ao final de seu man-
dato, instituiu uma nova ao dedicada poltica de turismo no Pas, criando o Programa Na-
cional de Municipalizao do Turismo (PNMT) (CARVALHO, 2000). O Programa consolidou-
-se entre dezembro de 1994 e abril de 1998 (MINISTRIO DO TURISMO, 2002).
Aps esse perodo, na gesto de Fernando Henrique, marcou-se o turismo por meio
de uma perspectiva neoliberal (com a reduo de impostos e a minimizao da participao
do estado, abrindo assim caminhos para a consolidao do mercado), estabeleceram-se par-
cerias entre o setor pblico e o privado, com estados e municpios, tendo como principal ao
de poltica pblica o programa Avana Brasil (FERREIRA, s.d.).
J em 1996, surge uma nova ferramenta da poltica de turismo: o documento da
Poltica Nacional de Turismo referente a diretrizes e programas objetivados de 1996 a 1999,
buscando, segundo Dias (2003, p. 135), [...] o aumento do ingresso de turistas estrangeiros
[...], o acrscimo da entrada de divisas estrangeiras [...] e o alcance do patamar mundial [...]
da populao economicamente ativa empregada no setor turstico nacional. Alm ainda
conforme o autor de envolver programas importantes, como o Programa de Ao para o
Desenvolvimento do Turismo no Nordeste (Prodetur-NE), o PNMT, o Programa Nacional de
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Ecoturismo, incluindo o Programa de Formao Profissional no Setor Turstico (Proecotur) e o
Plano Anual de Publicidade e Promoo.
J em 2003, com a criao do Ministrio do Turismo, composto pela Embratur,
Secretaria de Polticas de Turismo e Secretaria de Programas de Desenvolvimento do Tu-
rismo, tendo como principal governante o presidente Luiz Incio Lula da Silva, o a atividade
ganhou uma nova ferramenta poltica: o Plano Nacional de Turismo (PNT) diretrizes, metas
e programas lanados para os anos de 2003 a 2007 (DIAS, 2003). Posteriormente, lanou-se
uma segunda edio o PNT 2007/2010, tendo como tema: uma viagem de incluso. Ainda
em 2003, no Ministrio do Turismo, iniciou-se a elaborao do Plano Aquarela Marketing
Turstico Internacional do Brasil visando ao crescimento do turismo brasileiro mundialmen-
te, no perodo de 2003 a 2006. Em meados desse perodo, lanou-se um plano relativo pro-
moo nacional: o Plano Cores do Brasil. importante lembrar que a segunda edio do Plano
Aquarela foi lanada para o perodo de 2007 a 2010, e a terceira, com projees para 2020.
Tais polticas foram e, com certeza, ainda so extremamente relevantes ao bom de-
senvolvimento da atividade turstica no Brasil e devem ser apresentadas com suas devidas
particularidades para melhor compreenso da essncia das polticas pblicas no setor. O
PNMT, PNT, Plano Cores do Brasil e o Plano Aquarela marcaram significativamente as polti-
cas de turismo e so, sem dvida, as principais aes pblicas para o segmento, tendo como
base os ltimos 15 anos .
4. Polticas pblicas de turismo no Brasil
4.1 PROGRAMA NACIONAL DE MUNICIPALIZAO DO TURISMO (PNMT)
Devidamente implantado durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, o Pro-
grama Nacional de Municipalizao do Turismo teve como objetivo principal estabelecer
cinco princpios norteadores das estratgias de planejamento e da gesto do turismo: a
descentralizao, a sustentabilidade, as parcerias, a mobilizao e a capacitao (Embra-
tur, 2002) . Como complementa Oliveira (2008), o PNMT tinha como principais objetivos a
descentralizao das polticas pblicas de turismo, bem como de seu planejamento, alm de
objetivar o estmulo participao e percepo dos agentes envolvidos no processo da ativi-
dade turstica da localidade, conscientizando-os sobre os efeitos do turismo como gerador de
emprego e, concomitantemente, impulsionador do crescimento e desenvolvimento de deter-
minada comunidade que tivesse potencial turstico, aproveitando para capacitar a populao
em prol da prtica da atividade de forma planejada.
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Entretanto vale ressaltar que, ainda com o envolvimento de todos os agentes no pro-
cesso da atividade turstica (Poder Pblico, iniciativa privada e comunidade), o PNMT no
buscava, em suas aes, repassar recursos financeiros, mas sim informao e conhecimento,
estmulo e apoio s iniciativas, conceitos e metodologias, ateno ao local, alm de criar e/
ou at recuperar a autoestima local. Assim, qualquer recurso financeiro que viesse a com-
plementar o programa justificava-se pela consequncia de suas aes e no como causa
principal delas (Embratur, 2002). Alm disso, o programa tambm estabeleceu parcerias
importantes com outros projetos lanados pelo governo, como o Programa do Artesanato
Brasileiro (PAB), o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e o
Programa Comunidade Solidria, que combatia a pobreza (Embratur, 2002). Nesse sentido,
expem-se tambm os projetos coordenados pela Embratur: o Programa de Iniciao Escolar
para o Turismo e o Programa B--b da Cidadania (Embratur, 2002).
Por meio do programa, treinaram-se 27.483 brasileiros pela vertente da metodolo-
gia alem de Planejamento de Projetos Orientados por Objetivos (ZOPP), que se constitua
como ferramenta primordial na aplicao das medidas estabelecidas pelo PNMT, por sua vez
realizadas pelos agentes que compunham a comunidade local (LOPES, s.d.). Mobilizaram-se
cerca de 150 mil pessoas, distribudas nos 1.250 municpios que implementaram as aes do
Programa. Vale ressaltar que alguns desses municpios se destacaram na implementao de
maneira expressiva; foram eles 13, distribudos entre os estados de Pernambuco, Mato Gros-
so do Sul, So Paulo, Mato Grosso, Rio Grande do Norte, Paran, Minas Gerais, Amazonas e
Roraima (Embratur, 2002).
Em todos os exemplos, observa-se que trabalharam de alguma forma com as vrias
vertentes do PNMT e atingiram resultados expressivos e importantssimos para a atividade
turstica local e a sociedade de forma geral, porque promoveram a conscientizao sobre a
importncia da atividade turstica aplicada na vertente da sustentabilidade, estimularam a va-
lorizao e a preservao ambiental e cultural, propiciaram melhorias na infraestrutura bsica
e turstica, aumentaram o fluxo turstico, geraram empregos e contriburam para o aumento da
renda familiar e, concomitantemente, do municpio, capacitaram e qualificaram a mo de obra
turstica, enfim, proporcionaram o desenvolvimento das localidades (Embratur, 2002).
Todo esse contexto levou o PNMT a servir como um programa base para a criao de
novas medidas relacionadas com as polticas de turismo no Brasil e, por meio de sua execu-
o, apresentaram-se planos em escala nacional ao Pas, como os Planos Nacionais de 2003
a 2007, e de 2007 a 2010, elaborados na gesto de Lus Incio Lula da Silva.
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4.2 PLANO NACIONAL DE TURISMO 2003-2007
O Plano Nacional de Turismo teve sua primeira edio lanada em 29 de abril de
2003, exercendo papel fundamental no desenvolvimento do turismo no Brasil como principal
agente impulsionador das relaes entre o governo federal, os rgos estaduais e municipais,
as instituies no governamentais, a iniciativa privada e toda a sociedade brasileira. Por
meio dessa unio, o plano visava ao fortalecimento da atividade turstica, pelo incremento
em sua qualidade e pelo crescimento de sua competitividade, alm da divulgao de seus
produtos e servios em escalas nacional e internacional (MINISTRIO DO TURISMO, 2003).
Elaborado de forma coletiva, o Plano constituiu-se de consultas realizadas nas diver-
sas regies brasileiras, em empreendimentos que tinham, de alguma maneira, ligao com o
setor turstico, buscando sua consolidao por meio de um processo dinmico que visasse a
sua continuidade permanente. Assim sendo, buscou-se uma concepo de desenvolvimento
que, alm do crescimento, levasse desconcentrao da renda, por meio da regionalizao,
interiorizao e segmentao da atividade turstica (MINISTRIO DO TURISMO, 2003, p.7).
Nesse sentido, segundo o Ministrio do Turismo (2003), o Plano delineava-se sob
diretrizes, metas e programas, considerados com base em vetores governamentais impor-
tantssimos, embasando assim objetivos a serem alcanados e metas a serem conquistadas.
Quanto s metas elaboradas, percebe-se que os benefcios gerados no se limitariam so-
mente atividade turstica, mas, alm disso, propiciariam o crescimento de toda a socieda-
de, que se desenvolveria sob melhores perspectivas de condies de vida, com a criao de
aproximadamente um milho e duzentos mil empregos e ocupaes; o aumento do nmero
de turistas estrangeiros para nove milhes; a gerao de divisas com a meta de oito bilhes
de dlares; o aumento do nmero de passageiros em 65 milhes para os voos domsticos e a
ampliao da oferta turstica do Pas, buscando desenvolver, ao menos, trs produtos de qua-
lidade em cada estado brasileiro, incluindo o Distrito Federal (MINISTRIO DO TURISMO,
2003). Tais fatores seriam devidamente implantados pelos macroprogramas, que, constitu-
dos por um determinado conjunto de programas, buscariam resolver os possveis problemas
que impediam o equilbrio e a continuidade de crescimento do turismo no Pas (MINISTRIO
DO TURISMO, 2003).
Os macroprogramas tinham como objetivo a descentralizao, melhorias em infraestru-
turas tursticas, na qualidade de vida dos municpios tursticos, o aumento e a diversificao de
produtos e servios tursticos, a promoo da qualidade do produto turstico, o aumento do fluxo
turstico estrangeiro e o conhecimento sobre a oferta gerada no Pas e a demanda internacional
(MINISTRIO DO TURISMO, 2003). Desse Plano, bases importantssimas foram lanadas para
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Anlise das principais polticas pblicas de turismo no Brasil, da dcada de 1990 atualidade
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uma nova edio, por sua vez destinadas a cumprimento nos anos seguintes de 2007 a 2010.
4.3 PLANO NACIONAL DE TURISMO 2007-2010
Lanado em 2007, o Plano seguiu os passos do anterior, apresentando objetivos, me-
tas e macroprogramas para a execuo de suas aes. Realizando algumas alteraes e devi-
das atualizaes, o Plano, traado de 2007 a 2010, enfocava a incluso social no processo da
atividade turstica, buscando ampliar nela o leque de envolvidos e proporcionando melhores
condies realizao da prtica turstica (MINISTRIO DO TURISMO, 2007).
Enfatizando a incluso, no Plano buscavam-se aes, como o fortalecimento do turis-
mo interno e sua promoo como fator de crescimento e desenvolvimento regional, o acesso
de aposentados, estudantes e trabalhadores aos pacotes de viagens com condies facilita-
das, os investimentos na qualificao profissional e, simultaneamente, a gerao de emprego
e de renda e, por fim, melhores condies para a promoo do Pas no exterior (MINISTRIO
DO TURISMO, 2007).
Nesse contexto, o Plano tambm se apoiou e se integrou s vertentes do Plano de
Acelerao do Crescimento (PAC), por meio de aes, metas e um amplo conjunto de in-
vestimentos em infraestrutura, bem como medidas de incentivo aos investimentos privados,
aliados a uma busca de melhoria na qualidade do gasto pblico (MINISTRIO DO TURISMO,
2007, p. 13).
Mediante isso, ressalva-se a importncia do Plano como fomentador de crescimento,
no somente turstico, mas tambm de desenvolvimento social de todo o Pas. Assim, faz-se
necessria a exposio dos fatores essenciais ao PNT 2007-2010.
As metas eram claras e expressivas: buscava-se alavancar o aumento das viagens de
maneira significativa, o que, consequentemente, geraria a criao de novos empregos e a me-
lhoria na estruturao dos destinos tursticos, sendo estabelecido, a princpio, que 65 localida-
des disporiam de um padro de qualidade de alto nvel internacional, o que acarretaria gerao
de divisas estrangeiras de forma bem representativas (MINISTRIO DO TURISMO, 2007).
Quanto aos macroprogramas, perquiriu-se trabalhar com planejamento e gesto,
sistema de informao, logstica de transportes, processo de regionalizao do turismo, fo-
mento iniciativa privada, infraestrutura, qualificao de equipamentos e servios tursticos,
alm da promoo e do apoio comercializao (MINISTRIO DO TURISMO, 2007).
As aes descritas no Plano so realmente relevantes ao bom desenvolvimento do
turismo, visando consolidao dessa atividade na perspectiva da sustentabilidade, da unio
do Poder Pblico e do privado, da gesto descentralizada, dos investimentos que beneficiam
e muito o setor, alm de promoo e divulgao. Entretanto se faz necessrio ressaltar que,
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Anlise das principais polticas pblicas de turismo no Brasil, da dcada de 1990 atualidade
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para isso tambm existiram e ainda existem planos especficos, ou seja, polticas pblicas,
que, por sua vez, visavam promoo, e ainda a objetivam, e ao marketing do turismo no
cenrio nacional e no internacional: o Plano Cores do Brasil e os Planos Aquarela.
4.4 PLANOS AQUARELA E PLANO CORES
Como mais um mtodo de poltica de turismo, o Plano de Marketing Internacional do
Brasil, Plano Aquarela 2003-2006, complementa, de maneira significativa, todas as aes
estabelecidas nos planos nacionais, que tm como objetivo principal trabalhar a promoo
internacional do turismo brasileiro.
A princpio, preciso ressaltar que o Plano voltado para o marketing turstico s pode
ser consolidado aps a etapa do Plano de Desenvolvimento Turstico, que, por sua vez, visa
criao e definio dos produtos tursticos. Ento a criao do Plano de Marketing parte do
produto quando divulgado e promovido fora de sua localidade, caracterizando a oferta turs-
tica. (MINISTRIO DO TURISMO, 2003). Com base em um diagnstico, buscou-se verificar a
verdadeira situao do turismo no Pas, delineando linhas estratgicas a serem seguidas em
seu desenvolvimento, lanando posteriormente um plano operacional que visasse melhor
implementao das aes estabelecidas em suas estratgias (MINISTRIO DO TURISMO,
2003). Tais linhas enfatizaram a importncia da divulgao do produto turstico brasileiro,
uma vez denotado como um produto diversificado, com potencialidade turstica relevante pe-
rante o cenrio internacional. Por isso, assim como os planos nacionais, na primeira edio do
Plano Aquarela, embasou-se expressivamente a elaborao de uma segunda edio, lanada
com metas a serem alcanadas durante o perodo de 2007 a 2010.
Essa edio, por sua vez, foi delineada pelos mesmos critrios da primeira e solidifi-
cou-se como orientadora das aes promocionais da Embratur, permitindo, assim, a verifica-
o das estratgias previstas, resultando na implantao de modelo diferenciado de qualida-
de de promoo internacionalmente, tendo como principais resultados criao e colocao
da marca turstica Brasil, estabelecimento de uma imagem global do turismo brasileiro no
mundo, posicionamento ante os principais destinos tursticos mundiais, orientaes e diretri-
zes promocionais no exterior, compartilhamento das estratgias com o setor pblico dos es-
tados; informaes estratgicas sobre mercados, oferta e demanda; criao e operao pro-
fissional dos escritrios brasileiros no exterior (MINISTRIO DO TURISMO, 2007, p. 6-7).
Mais uma vez, todas essas aes respaldaram uma nova edio do Plano; assim, lanou-
-se o Plano Aquarela com previses para 2020.
O Plano que se delineia na perspectiva de uma nova fase ser atualizado anualmente,
considerando a evoluo de aspectos internos e externos atividade turstica e a toda a socieda-
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Anlise das principais polticas pblicas de turismo no Brasil, da dcada de 1990 atualidade
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de, alm da realizao das metas intrnsecas ao Plano Aquarela (MINISTRIO DO TURISMO,
2009). Como forma de melhor atender s expectativas da promoo do turismo no cenrio
internacional, o Plano com diretrizes para 2020, visa a conceber a consolidao dos seguintes
objetivos: aprimorar, envolver, promover e aproveitar (MINISTRIO DO TURISMO, 2009).
Nesse sentido, em 2014 e 2016, com a Copa do Mundo e os Jogos Olmpicos, respectivamen-
te, o Plano visa a contribuir para o sucesso de ambos os eventos, maximizar os resultados
para o setor turstico brasileiro e otimizar a apresentao, no mbito mundial, do Pas, bus-
cando torn-lo ainda mais conhecido (MINISTRIO DO TURISMO, 2009). E mais: atualizar a
imagem do Pas, otimizar as informaes pela internet, melhorar os canais de comunicao e
de experincia para os turistas (MINISTRIO DO TURISMO, 2009). Assim, com toda a expla-
nao realizada sobre as edies desse Plano, vale ressaltar tambm o Plano Cores, lanado
paralelamente edio do Plano Aquarela 2003-2005, destinado promoo e divulgao
dos produtos tursticos brasileiros nacionalmente.
Lanado em 2005, o Plano Cores do Brasil tinha como principal objetivo a promoo
do turismo em mbito nacional. Nele, considerou-se a anlise dos produtos tursticos do Pas,
com um conjunto de 111 roteiros tursticos, representados no levantamento de dados realiza-
do no ms de janeiro de 2005. Tais destinos se encontravam em uma fase de estruturao,
objetivando, posteriormente, serem ofertados a partir de junho do mesmo ano (MINISTRIO
DO TURISMO, 2005).
Buscando a integrao ao Plano Aquarela 2003-2006, no Plano Cores, utilizou-se
exatamente a mesma metodologia de avaliao do Aquarela. Nesse contexto, no Plano, a
princpio, buscou-se analisar as aes promocionais do turismo no Pas, sua imagem e a de
seus produtos no trade brasileiro; avaliar os polos tursticos brasileiros por meio do Progra-
ma de Regionalizao; definir estratgias promocionais coerentes com os objetivos do PNT
2003-2007; integrar-se na marca turstica internacional; propor critrios voltados s aes
promocionais em fruns de promoo em escala estadual e elaborar um plano de marketing
operacional na perspectiva comercial. Alm disso, fundamentado no Plano Aquarela 2003-
2007, apresentou-se a segmentao dos produtos tursticos brasileiros (MINISTRIO DO
TURISMO, 2005).
Assim, com todo o detalhamento realizado sobre as aes de polticas pblicas de
turismo existentes no Brasil, torna-se relevante uma anlise particular a cada programa e a
cada plano, para melhor compreenso e percepo da implementao deles.
4.5 ANLISE DAS POLTICAS PBLICAS DE TURISMO
Em relao ao Plano Nacional de Municipalizao do Turismo, se considerado todo o
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Anlise das principais polticas pblicas de turismo no Brasil, da dcada de 1990 atualidade
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contexto apresentado, torna-se perceptvel que o PNMT serviu para que se lanassem aes
significativas em prol do desenvolvimento da atividade turstica em escala municipal, geran-
do benefcios expressivos comunidade em que esteve inserido. Entretanto alguns autores,
estudiosos, especialistas e/ou at mesmo interessados em assuntos relacionados com o se-
tor contestam a eficcia do programa e posicionam-se contra a efetivao dele. Porm, vale
ressaltar o dimensionamento dos aspectos positivos da implementao, que, por sua vez,
subsidiou significativamente a criao de novas aes de polticas pblicas relativas ao setor
turstico e, assim, extremamente relevantes ao setor pblico do turismo, prpria atividade
turstica e a todos os agentes envolvidos no processo.
Quanto ao mtodo de aplicao das aes do programa, Ignarra (2005 apud BRUSA-
DIN, 2005) destaca que a tcnica ZOOP, pde ser bem desempenhada na realidade brasileira
e, dessa forma, devidamente executada pelo PNMT de acordo com as particularidades dos
municpios envolvidos no processo.
Vale ressaltar ainda que, por meio do programa, muito se colaborou para o desen-
volvimento da atividade turstica no Pas em diversos municpios, pois se promoveu a cons-
cientizao da importncia da atividade de maneira expressiva e significativa. Isso porque
se destacou a vertente da sustentabilidade, sua essncia e seu real significado para toda a
sociedade. E mais: evidenciou-se a relevncia do envolvimento e da integrao de todos os
agentes envolvidos no processo da atividade turstica, valorizando a participao da comuni-
dade local na tomada de decises com o Poder Pblico e com a iniciativa privada; investiu-se
e capacitou-se a mo de obra local; buscou-se a valorizao, a preservao da cultura, dos
costumes, enfim, da histria da localidade, principalmente, a descentralizao das aes.
Pelo PNMT, proporcionou-se maior visibilidade turstica do Pas, propiciando um
crescimento considervel aos municpios que adotaram sua prtica. Esse fato pode ser com-
provado na prpria apresentao do Programa, em que so expostos os inmeros benefcios
gerados s localidades, no somente em escala quantitativa, mas tambm qualitativa.
Ressalte-se que o Programa foi a primeira ao de fora para a implantao de uma
poltica de turismo no Brasil que se consolidou durante oito anos, tendo conquistado espao
importante na sociedade em que foi inserido e impulsionado o setor turstico expressivamente.
Assim, se, atualmente, para a atividade turstica no Brasil, dispe-se de novas ferra-
mentas, mtodos, programas, projetos, enfim, de planos polticos, que visem a respaldar a
atividade e alavancar seu crescimento, muito se deve a aes concretizadas anteriormente
pelo PNMT que serviram para conscientizar, preparar, capacitar e, alm disso, investir em
aspectos importantes para o turismo em muitas localidades do Pas.
Para uma poltica que visava a aspectos importantes ao desenvolvimento do setor
turstico, e mais, ao bem-estar da sociedade em geral por meio de seus princpios norteado-
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res, a aplicao do PNMT foi muito vlida e positiva, essencialmente quanto ao turismo e ao
setor pblico, que, por sua vez, tomou como bases as aes implantadas no programa para a
criao da poltica nacionalmente.
Quanto aos Planos Nacionais lanados pelo Ministrio do Turismo, com projees e
estimativas propostas para os perodos de 2003 a 2007 e 2007 a 2010, pode-se observar
que as aes elaboradas visaram ao crescimento e ao desenvolvimento da atividade turstica
de maneira expressiva, elevando os principais fatores do setor a altas estimativas.
Para Grintzos (2007), assim como a avaliao de forma geral realizada pelo Minist-
rio do Turismo, as aes estabelecidas em ambos os planos foram muito vlidas e positivas ao
setor turstico e sociedade, porque proporcionaram melhorias em produtos, servios tursti-
cos, infraestrutura e propiciaram um cenrio positivo quanto gerao de emprego e renda.
Rocha e Almeida (2008), por sua vez, evidenciam um aspecto importante, porm
no to positivo, s aes do plano nacional, referindo-se ao aumento do nmero de viagens
discorridas no Plano, enquanto o pas passava por uma crise expressiva no transporte areo.
Evidentemente no seria vivel estipulao to alta no nmero de viagens areas, haja vista
que o aumento delas, em meio a uma crise, complicaria ainda mais um dos pilares mais im-
portantes da atividade turstica.
Em relao ao Plano Nacional de 2007 a 2010, os mesmos autores enfatizam que a
poltica ali estabelecida seria efetivamente ideal se aplicada de maneira correta o que de
fato no ocorreu , mas ressaltam positivamente a elaborao do Plano de Regionalizao
nesse perodo, que visou a oferecer, de maneira singular, no somente quantidade, mas tam-
bm qualidade aos produtos brasileiros.
Outro quesito a ser exposto se d na apresentao da importncia da incluso social.
No Plano, aborda-se essa relevncia, entretanto no so expostos direcionamentos e aes
expressivas voltadas a ela em sua totalidade. Nesse sentido, deve-se ressaltar a incluso da
melhor idade pelo Programa Viaja Mais Melhor Idade, que chegou a ser aplicado, porm sem
muitos efeitos expressivos e significativos. No Programa, havia uma boa proposta, entretanto
no se analisaram questes importantes, como a adequao dos pacotes para o pblico em
questo, no se considerou a qualificao coerente a esse pblico, tanto de infraestrutura
como de atendimento fatores considerados bsicos para a consolidao do Programa.
Outras linhas de incluso do PNT 2007-2010 sequer chegaram a sair do papel, como
o caso dos programas dedicados aos estudantes e s pessoas de baixa renda salarial. Outro
ponto a ser abordado que basta observarem-se as condies de infraestrutura bsica, de
apoio e turstica para perceber que a incluso no aconteceu para os portadores de neces-
sidades especiais. Como sugesto quanto a esse aspecto, seria interessante que, no prprio
Plano, existisse um programa especfico e detalhado que evidenciasse cada necessidade e
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Anlise das principais polticas pblicas de turismo no Brasil, da dcada de 1990 atualidade
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sua possvel soluo, sua adequao coerente de acordo com cada particularidade, propi-
ciando, assim, a prtica da atividade turstica para todos da melhor forma possvel.
Assim, faz-se necessrio expor que as medidas elaboradas pelos planos, se analisadas
de forma geral, acabaram no considerando aspectos importantssimos da realidade brasi-
leira, que, por sua vez, no estava devidamente estruturada para suportar tal crescimento e
desenvolvimento, o que impossibilitou a real consolidao de suas aes. Perante tais obser-
vaes, deve-se questionar a atuao do setor pblico, que, por sua vez, dispe de maior auto-
nomia para regularizar tais situaes, com o apoio da iniciativa privada e da comunidade local.
Os planos revelam propostas e aes consideradas adequadas; entretanto, para a
concretizao delas, preciso analisar o Brasil com suas particularidades, considerando-se
as diversidades regionais, de clima, de condies ambientais, sociais, econmicas e polticas,
a variedade de crenas, culturas, hbitos, de costumes, enfim, atentar para sua histria. En-
to, com base nessas reflexes, lanar medidas adequadas e coerentes para cada situao e
em cada localidade.
Talvez seja por isso que o Programa de Regionalizao se tornou expressivamente
superior ao prprio Plano, pois direcionava aes considerando os aspectos regionais, evi-
denciando claramente os potenciais de cada regio e a capacidade turstica futura, buscando
estruturar adequadamente cada local de acordo com suas limitaes, e, posteriormente, di-
vulgando-o e promovendo-o, como produto turstico de qualidade. importante destacar, no
entanto, que, na prtica, o Programa tambm apresentou falhas. O Salo de Turismo, evento
realizado pelo MTur para a divulgao e comercializao de novos roteiros, por vezes deline-
ados no Programa de Regionalizao, muitas vezes comercializou produtos no finalizados.
Tal fato se evidencia na experincia vivida pela prpria autora do trabalho em tela,
ao participar do Salo de Turismo. De forma geral, tornou-se perceptvel que grande parte
dos roteiros apresentados nesse evento no se encontrava devidamente estruturada e pre-
parada para a comercializao final, porque parcerias no haviam sido fechadas e caminhos
no estavam corretamente estruturados para a realizao do roteiro completo. Nesse ponto,
verifica-se ento uma falha das Secretarias de Turismo, responsveis pela elaborao e con-
solidao dos roteiros ao apresentar seus produtos sem adequao coerente. Se o produto
no est pronto para a comercializao, no deveria ser exposto, principalmente em um even-
to que objetiva a apresentao de resultados finais de um programa to importante como o
da Regionalizao.
Esse tipo de atitude s implica aspectos negativos, como a perda de credibilidade e,
consequentemente, de apoio e incentivos que, antes, com um produto de qualidade e devida-
mente formatado, poderiam ser conquistados de maneira significativa.
A ineficincia de implementao do Plano tambm pode ser ressaltada na disponi-
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Anlise das principais polticas pblicas de turismo no Brasil, da dcada de 1990 atualidade
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bilizao das ferramentas destinadas s prprias aes lanadas pelo Poder Pblico. Para
especificar melhor, pode-se citar o mtodo utilizado no lanamento de dados do Inventrio
da Oferta Turstica (Invtur). Por meio do fornecimento do login e da senha pelo MTur, os
municpios que realizarem seus inventrios podem lanar as informaes na plataforma.
Porm, para a concretizao dessa simples ao, preciso muita burocracia, alm da demora
no atendimento e na disponibilizao dos dados necessrios .
J no aspecto de divulgao e promoo, torna-se necessria a exposio de uma
anlise de mais um segmento de poltica pblica de turismo: o Plano Cores e as verses do
Plano Aquarela. Como citado, o Plano Cores tem um papel importante na promoo interna
do turismo brasileiro; entretanto sua implementao no se desenvolveu como deveria, por-
que no dispunha de continuidade, tornando-se um plano esquecido ante o Plano Aquarela.
Essa situao se torna um ponto negativo de um fator extremamente relevante, j que
os brasileiros tm o hbito de valorizar o que de fora, deixando de lado as singularidades do
Brasil. Assim, a grande maioria da populao brasileira no conhece as belezas nem o poten-
cial turstico de seu pas. Dessa forma, o papel do Plano Cores deveria ir muito alm de sim-
plesmente promover o turismo no Pas; se implementado adequadamente, poderia estimular,
conscientizar e mobilizar o povo brasileiro quanto valorizao do patrimnio natural e cultu-
ral. Vale ressaltar que, assim como o povo brasileiro, fica evidente que os rgos pblicos do
setor turstico tambm se preocupam mais com a divulgao externa do Pas, consolidando
as aes do Plano Aquarela que, at hoje, tem um papel fundamental na divulgao do Brasil
como produto turstico no cenrio mundial.
claro que a promoo internacional do Pas importantssima, pois, se consoli-
dada de forma coerente, pode positivar e apresentar verdadeiramente a imagem Brasil;
porm, para que haja valorizao externa, torna-se necessrio que a nao brasileira, incluin-
do o Poder Pblico especialmente as instituies ligadas ao setor turstico , valorize seu
potencial em primeiro lugar e colabore para a construo da imagem do Pas, enaltecendo sua
verdade e apresentando suas riquezas.
Tecnicamente, a imagem do Brasil no exterior, se mostra de maneira incoerente e er-
rnea, porque, segundo Bignami (2002 apud NEBRA; ROSA, 2008), se trata de uma imagem
estereotipada de um pas que apresenta somente algumas cidades principais e seus atrativos,
alm de limitada aos interesses da imprensa ou do pouco conhecimento de sua histria.
Infelizmente a imagem do Brasil exatamente essa e, justamente em funo disso,
a relevncia da precisa implantao do Plano Aquarela faz-se necessria. Como citado na
explanao de Bignami, essa limitao da imagem do Pas tambm se d na imprensa, meio
altamente influenciador de opinies na sociedade mundial. As pessoas acreditam no que
veem nos meios que lhes so acessveis; assim, o que a imprensa divulga, para quem real-
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Anlise das principais polticas pblicas de turismo no Brasil, da dcada de 1990 atualidade
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mente no conhece determinada situao ou local, passa a ser uma verdade absoluta.
Nesse sentido, ressalva-se tambm a ao dos planos na busca pelo estabelecimento
de relaes com a imprensa, principalmente internacional, pois se sabe exatamente o poder
que ela exerce sobre a sociedade de forma geral.
A sociedade busca alinhar imagem de determinado produto ou at mesmo des-
tinao uma marca; assim, o primeiro grande resultado do Plano Aquarela foi a concre-
tizao da marca Brasil, que buscou evidenciar os mais diversos segmentos do turismo no
Brasil por meio de sua logomarca, destacando as belezas do Brasil de forma positiva e clara
(NEBRA; ROSA, 2008).
Por meio das medidas estabelecidas no Plano Aquarela, buscam-se a inovao e a
renovao da imagem do Brasil no exterior. Ainda de acordo com as autoras citadas, os re-
sultados, analisados parcialmente e apresentados pelas estratgias da Embratur, evidenciam
um crescimento acima de 15% do setor, sabendo-se que a mdia de crescimento mundial tem
sido de 10%.
O turismo no Brasil vem, pois, crescendo significativamente e proporcionando maior
visibilidade ao Pas. Por isso, faz-se necessria que as medidas delineadas no Plano sejam
devidamente executadas para que se alcance o real sucesso.
Que o Brasil um grande destino turstico, formatado em um produto diversificado e
singular, no h dvidas; agora resta mostrar essa realidade ao mundo e consolidar a verda-
deira imagem aos estrangeiros, que, assim, podero reconhecer e valorizar o Pas como uma
destinao potencial de qualidade.
Contudo vale ressaltar que as aes elaboradas somente se viabilizaro com sucesso
total se o Poder Pblico, responsvel pela implementao delas, realmente cumprir seu papel
adequadamente o que, infelizmente, no vem acontecendo no Brasil nos ltimos anos.
Ainda que o lanamento dos planos e programas apresentados tenham sido de extrema im-
portncia para o setor turstico, uma vez que delinearam aspectos relevantes a um bom de-
senvolvimento no Pas, torna-se importante salientar que muitos de seus objetivos e de suas
metas no foram alcanados completamente em razo da falta de eficincia durante a aplica-
o de todas as aes, o que caracteriza a ausncia de um comprometimento maior do Poder
Pblico de turismo com a prpria poltica. Tal fato se verifica nos ministrios que compem o
Poder Executivo da Unio. Todos parecem trabalhar de maneira isolada. No se comprova um
trabalho em conjunto, buscando os mesmos objetivos de forma sinrgica.
Cada ministrio, isto , cada pasta destina-se a um representante de um partido po-
ltico, o que vai resultar em uma gesto direcionada aos interesses polticos e pessoais de
ministros e de seus partidos. No Ministrio do Turismo, no diferente, sem contar que essa
realidade se aplica tambm aos estados e municpios do Brasil, ou seja, s secretarias estadu-
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Anlise das principais polticas pblicas de turismo no Brasil, da dcada de 1990 atualidade
Letcia Cristina Fernandes Galdino Michele Leandro da Costa
ais e municipais de turismo. No se tem capacidade tcnica, mas sim conchavos polticos.
Outro fator se refere qualificao tcnica dos rgos pblicos de turismo no
Pas, incluindo-se o prprio Ministrio do Turismo, que, por sua vez, no tem qualificao
especfica em turismo. Fato que se torna ponto contraditrio nas explanaes apresentadas,
ou seja, no MTur, expe-se que, em suas aes, capacita-se mo de obra; entretanto, abre-se
mo de utiliz-la no prprio setor, embora seja ele o que deveria ser mais bem qualificado.
Verifica-se que muito baixo o nmero de turismlogos no MTur e at mesmo nas secretarias
estaduais e municipais de turismo. Essa situao interfere consideravelmente na elaborao
e implementao de aes, porque um profissional capacitado propicia melhores condies
tcnicas para a consolidao real dos planos e programas lanados, proporcionando, assim,
a eficincia das aes. Porm, para complicar ainda mais esse contexto, o Poder Pblico se
anula ante a necessidade de tcnicos no setor, o que fica claro mediante a nova condio de
elaborao de pareceres especficos, que devem ser encaminhados com projetos tursticos
destinados ao MTur. At algum tempo, os pareceres somente poderiam ser elaborados e assi-
nados por turismlogos; atualmente, essa situao modificou-se: secretrios municipais, sem
conhecimento tcnico na rea ou no setor turstico, podem assin-los.
So cenrios como esses que deveriam ser revistos e modificados; afinal, o desen-
volvimento sustentvel do turismo depende da maneira como as medidas so aplicadas, e o
papel do setor pblico fazer isso acontecer verdadeiramente, de maneira consciente, emba-
sado em conhecimentos tcnicos especficos ao setor.
O turismo no pode ser entendido e percebido como uma atividade amadora. pre-
ciso que polticas pblicas direcionadas ao setor sejam criadas e aplicadas de acordo com as
necessidades e peculiaridades dos vrios brasis existentes nesse imenso Pas.
5. Concluso
Em todo o contexto do trabalho, torna-se perceptvel a essencialidade do Poder P-
blico no turismo, especialmente no Brasil. Dessa forma, esclarece-se que suas aes so
relevantes e que sua aplicao, de maneira coerente, pode proporcionar crescimento e
desenvolvimento de forma expressiva e significativa atividade turstica e a toda a sociedade.
Justamente por isso, cabe ao Poder Pblico posicionar-se de maneira coerente quanto a suas
aes e realmente assumir o papel de liderana no alcance de seus objetivos, na conquista
de suas metas, permitindo que os demais agentes envolvidos no processo tambm nele se
integrem, assumindo seu papel, suas responsabilidades, como a iniciativa privada, os profis-
sionais e, principalmente, a comunidade local.
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Anlise das principais polticas pblicas de turismo no Brasil, da dcada de 1990 atualidade
Letcia Cristina Fernandes Galdino Michele Leandro da Costa
O Poder Pblico precisa dessa relao para nortear novas linhas de concepo a
serem evidenciadas na poltica de turismo, pois trabalhar em conjunto com os demais
disseminadores e fomentadores da atividade turstica essencial para abrir novos caminhos
e apresentar novos rumos potenciais, como o Vale do Iva no norte do Paran, que exibe uma
diversidade de atrativos, singular localizao de seus municpios, com uma potencialidade
mpar para o segmento, integrando o processo de regionalizao do turismo. Tal vertente de-
veria servir para estabelecer os princpios norteadores da poltica nacional de turismo, que,
por sua vez, poderia elaborar e implementar aes particulares visando potencializao
regional, investindo em capacitao, infraestrutura, enfim, qualificando as singulares regies
e abrindo, assim, um leque de ofertas estruturadas e diversificadas o que possibilitaria a
melhor promoo dos destinos tursticos brasileiros, valorizando a verdadeira imagem de sua
cultura. E mais: propiciaria a consolidao das medidas pblicas aplicadas em cada regio de
acordo com sua realidade, condies, histria, economia, natureza, etc.
Para real consolidao das polticas de turismo, torna-se necessrio que o setor p-
blico considere aspectos relevantes diversificao brasileira, para, assim, lanar aes que
visem ao crescimento e ao desenvolvimento local e, concomitantemente, nacional, por meio
de aes especficas a cada destinao, propiciando, assim, sua implementao de maneira
mais eficaz e qualificando o Pas como uma destinao turstica diversificada e de qualidade.
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