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analisa a teoria dos sistemas
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Escola Anna Nery Revista de EnfermagemISSN: [email protected] Federal do Rio de JaneiroBrasil
fio Caetano, Joselany; Freitag Pagliuca, Lorita MarlenaAnlise descritiva da teoria dos sistemas de enfermagem de OREM: aplicabilidade no ensino do auto-
exame ocular dos portadores do HIV/AIDSEscola Anna Nery Revista de Enfermagem, vol. 7, nm. 1, abril, 2003, pp. 89-96
Universidade Federal do Rio de JaneiroRio de Janeiro, Brasil
Disponvel em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=127717968010
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Sistema de Informao CientficaRede de Revistas Cientficas da Amrica Latina, Caribe , Espanha e Portugal
Projeto acadmico sem fins lucrativos desenvolvido no mbito da iniciativa Acesso Aberto
89Escola Anna Nery Revista de Enfermagem,
Rio de Janeiro, v. 7, n. 1, p. 89 - 96 abril 2003
Anlise descritiva da teoriados sistemas de enfermagem de OREM:
aplicabilidade no ensino do auto-exameocular dos portadores do HIV/AIDS1
Joselany fio CaetanoLorita Marlena Freitag Pagliuca
ResumoO estudo, utilizando parte do modelo de anlise de teorias apresentado por Meleis, descreve os
componentes estruturais e funcionais dos Sistemas (OREM,1995). Nos componentes estruturais a
reflexo est centrada no autocuidado, na demanda teraputica e no sistema de enfermagem. Os com-
ponentes funcionais foram: auto-exame ocular, indivduo portador de HIV/AIDS, enfermeira, Exa-
me-ocular, interao enfermeira-cliente. A aplicao da teoria deve ser precedida de reflexo para a
adequada utilizao das suposies e proposies estabelecidas pela teorista. Acredita-se que indivduo
portador do HIV/AIDS, como um sujeito ativo, agente de autocuidado e, por conseguinte, pode,
assumir uma postura de interao reduzindo ou minimizando, os problemas oculares na AIDS.
Palavras-chave: Teoria de enfermagem. Sade Ocular. AIDS.
IntroduoA enfermagem, ao longo dos anos, vem
construindo seu conhecimento e procurando or-
ganizar modelos tericos e conceituais para
embasamento sua prxis. Almeida e Rocha
(1986) caracterizaram o conhecimento na enfer-
magem em trs perodos; no primeiro, predomi-
naram as tcnicas de enfermagem; no segundo,
os princpios cientficos e a introduo das cin-
cias humanas; no terceiro, desenvolveram-se as
teorias de enfermagem.
No primeiro perodo, havia um enfoque
no desempenho de tarefas. No havia uma real
preocupao em conhecer o porque, mas execu-
tar. J na segunda fase, dos princpios cientficos,
por volta dos anos 50, buscava-se uma dimenso
cientfica para fundamentar os procedimentos e
demais comportamentos da enfermagem nas reas
biopsicossociais. O enfoque predominante nessa
poca era a dimenso biolgica.
A fase das teorias, quando a enfermagem
busca construir seu corpo de conhecimentos pr-
prios, teve incio pro volta da dcada de 50, nos
Estados Unidos, e no Brasil, por volta da dcada
de 70. Vrias teorias so propostas, a maioria bus-
cando subsdios de outras reas do conhecimen-
to. Embora teorias de outras disciplinas sejam teis
em algumas instncias, em outras no so, da a
Recebido em 09/04/2002. Reapresentado em 12/12/2002Aprovado em 11/02/2003
90Escola Anna Nery Revista de Enfermagem,Rio de Janeiro, v. 7, n. 1, p. 89 - 96 abril 2003
necessidade de as enfermeiras desenvolverem te-
orias para dar fundamento sua prtica e enfocar
os conceitos fundamentais da enfermagem.
Meleis (1997) define teoria como uma ar-
ticulao organizada, coerente, sistemtica e
comunicada em um todo significante da realida-
de que descoberta ou inventada de maneira a
descrever, explicar e predizer situaes ou relaes.
J a teoria de enfermagem definida como a con-
cepo de alguns aspectos da profisso, com a fi-
nalidade de descrever, explicar, prever ou prescre-
ver o cuidado. Para Chinn e Kramer (1995), teo-
ria uma estruturao criativa e rigorosa de idias
que projetam uma tentativa, uma resoluo e uma
viso sistemtica dos fenmenos.
Segundo Meyer, Waldow e Lopes (1998,
p.70), as teorias buscam testar na prtica
como os conceitos se relacionam e funcionam
fornecendo explicao razovel acerca de um
fenmeno. Elas no so estticas e, nem sem-
pre, uma determinada teoria pode se apli-
car a uma determinada situao. As teorias
mudam, desenvolvem-se, aprimoram-se con-
forme os avano do conhecimento.
Entretanto, algumas questes se fazem ne-
cessrias reflexo, como, por exemplo: As teo-
rias de enfermagem realmente fornecem a base
da construo do conhecimento em enfermagem?
Que critrios para a seleo de uma teoria na apli-
cao prtica? Como analisar uma teoria?
As questes acima no necessariamente se-
ro aqui respondidas, mas sero pontos para re-
flexo, uma vez que estudiosas na enfermagem
tem se preocupado em analisar e avaliar as teorias
e/ou modelos. (CHINN & KRAMER, 1995;
BARNUM, 1998; MELEIS, 1997).
De acordo com Souza (1998, p. 61), os
modelos conceituais ou teorias de enferma-
gem, onde quer que tenham sido gerados,
devem ser aplicados, avaliados, criticados,
reformulados, se necessrio. No existe saber
acabado, definido. No possvel elaborar
teorias perenes sobre a realidade que pro-
cessual, um vir a ser constante.
O desenvolvimento de teoria na enferma-
gem vem dando suporte s enfermeiras na sua pr-
tica, com tudo faz-se necessrio uma constante
avaliao da situao na assistncia, na pesquisa e
no ensino; em vista disso, as teorias devem ser cons-
tantemente avaliadas e analisadas, seja de maneira
sistemtica, deliberada, baseada em critrios, obje-
tiva e elaborada ou, ainda, subjetivamente.
Hickman (2000, p. 18) defende a posio
de que, a anlise de uma teoria refere-se ao exame
de seu contedo, em quanto a avaliao refere-se
a crtica ou ao julgamento a teoria. Consoante
Meleis (1997), avaliao de uma teoria um com-
ponente essencial para a prtica, por inmeras ra-
zes: decidir que a teoria a mais apropriada, para
comparar e constatar diferentes explicaes de um
mesmo fenmeno, para identificar estratgias para
o desenvolvimento da teoria e outros. Enquanto
que a anlise definida como um processo de
identificao das partes e componentes.
Apoiadas em parte do modelo de avaliao
e anlise proposto por Meleis (1997), temos o
objetivo de descrever os componentes estruturais
e fundamentais da Teoria dos Sistemas de Enfer-
magem (OREM, 1995), para subsidiar a reflexo
de sua aplicabilidade no ensino do auto-exame
ocular pelos indivduos portadores do HIV/AIDS.
MetodologiaTrata-se de um ensino bibliogrfico, que se
desenvolve a partir da tentativa de resoluo problema,
cujo objetivo conhecer e analisar as principais contri-
buies tericas existentes na literatura sobre um deter-
minado assunto (ROSSI, 1990. p. 26), a partir dos
critrios para a anlise, construo e operacionalizao
de teorias e modelos de enfermagem.
Anlise descritiva da teoria de OREMCaetano JA et al
91Escola Anna Nery Revista de Enfermagem,
Rio de Janeiro, v. 7, n. 1, p. 89 - 96 abril 2003
As etapas do processo metodolgico com-
preenderam a literatura livre do material coletado,
fechamento dos textos selecionados, literatura
interpretativa dos contedos e reflexo analtica.
Para facilitar a compreenso, ser dada ini-
cialmente uma viso geral da proposta de analise
de teoria de acordo com Meleis (1997). Em se-
guida, ser apresentado o modelo terico de
Orem, especificamente a Teoria dos Sistemas de
Enfermagem. A reflexo crtica se dar sobre a
aplicabilidade dos componentes estruturais e fun-
cionais propostos por Meleis na teoria em ques-
to, com enfoque na prtica do auto-exame ocu-
lar nos individuas portadores do HIV/AIDS.
Anlise descritiva da teoria de OREMCaetano JA et al
Proposta de anlisede teoria de acordocom Meleis
Meleis (1997) define a avaliao como um
conjunto que envolve a descrio, a anlise, a cr-
tica, os testes e o suporte terico.
Este modelo demasiado detalhado para
ser apresentado aqui, todavia, faremos um a sn-
tese de modelo proposto, o qual se inicia com a
descrio da teoria, no que se refere aos compo-
nentes estruturais e funcionais. Ressaltamos que
os componentes estruturais de uma teoria so: os
conceitos as suposies e as proposies.
O teorista
Modelo de avaliao terica
Origem doParadigma
DimensoInterna
Suporteterico
Testes deconceito
Testes deproposio
Anlise
Teoria daenfermagem
Descrio
Componentesfuncionais
Componentesestruturais
Crticada teoria
Testesde utilidade
Anlisede teoria
Anlisede conceito
Testes deproposio
de no-enfermagem
Testandoteoria
Clareza
Consistncia
Simplicidadecomplexidade
Tanatologiateleologia
Diagramas
Ciclo decontagiosidade
Utilidade
Componentesexternos
92Escola Anna Nery Revista de Enfermagem,Rio de Janeiro, v. 7, n. 1, p. 89 - 96 abril 2003
Anlise descritiva da teoria de OREMCaetano JA et al
Descrevendo os componentes estruturais,
tem-se que conceito, de acordo com Ferreira
(1988, p.166), a representao de um objeto
pelo pensamento, por meio de suas caractersti-
cas gerais. ainda, a ao de formular uma idia
por maio de palavras, definio caracterizao. Os
conceitos podem ser primitivos, derivados, abs-
tratos, concretos, variveis ou no variveis.
Este modelo demasiado detalhado para
ser apresentado aqui, todavia, faremos um a sn-
tese de modelo proposto, o qual se inicia com a
descrio da teoria, no que se refere aos compo-
nentes estruturais e funcionais. Ressaltamos que
os componentes estruturais de uma teoria so: os
conceitos as suposies e as proposies.
Descrevendo os componentes estruturais,
tem-se que conceito, de acordo com Ferreira
(1988, p.166), a representao de um objeto
pelo pensamento, por meio de suas caractersti-
cas gerais. ainda, a ao de formular uma idia
por maio de palavras, definio caracterizao. Os
conceitos podem ser primitivos, derivados, abs-
tratos, concretos, variveis ou no variveis.
Penna (1994, p.81) considera conceito como
imagens mentais de objetos, eventos ou proprieda-
des que simbolizam a realidade com diferentes sig-
nificados, influenciados por uma variedade de fato-
res externos e internos, estando em constante
desenvolvimento.Os conceitos podem ter signifi-
cados diferentes da teoria, do contrrio devem estar
dentro de um contexto especfico da prtica.
Uma teoria comea com as suposies, re-
presentando de certa forma as hipteses. As su-
posies podem estar implcitas ou explcitas e
elas por sua vez conduzem as proposies, que
posteriormente podem ser testadas.
Proposies so os pontos centrais da teora
e nelas as questes emergem e explicitam o rela-
cionamento entre os conceitos, enfim, represen-
tam uma declarao de valor, de filosofia de ide-
ologia e podem ser tomadas como verdades, pois
no esto sujeitas a testes, mas geralmente acei-
tas. Os pressupostos em uma teoria podem estar
implcitos ou explcitos, embora quanto mais im-
plcitos tiverem os pressuposto a melhor ser o
desenvolvimento da teoria.
De acordo com Meleis (1997, p.2510), os
componentes funcionais so : foco, cliente, en-
fermagem, sade, interao paciente-enfermeira,
ambiente, problema de enfermagem teraputica.
Cada teoria em seus componentes funcionais ou
pode se dar mais nfase em um aspecto que nou-
tro, dependendo dos componentes estruturais.
A anlise da teoria um processo de identi-
ficao de partes e componentes e inclui a anlise
de conceitos e anlise terica. Existem vrios crit-
rios para anlise de conceitos; porm, considera-
mos como processo para anlise do conceito a an-
lise semntica, a de derivao lgica e a contextual.
Para a anlise terica, consideramos os fatores que
influenciaram no desenvolvimento da teoria e na
estrutura atual, tais como; a terica, as origens dos
paradigmas e as dimenses internas.
A crtica da teoria visa determinar a natu-
reza ou limitaes, com base na relao entre es-
trutura e funo, que inclui como unidade de
anlise: clareza, consistncia, simplicidade, com-
plexidade, tanatologia, teleologia; diagrama da te-
oria, ciclo de contagiosidade, utilidade e compo-
nentes externos (MELEIS, 1997).
O teste da teoria visto como um processo
sistemtico, pelo qual se procura testar as proposi-
es, os conceitos, a aplicabilidade prtica, a utili-
dade e as interpretaes. O teste da teoria no
um processo esttico, mas de certa maneira cclico.
Temos ainda a validao da teoria, que contempla
sua extenso e o suporte terico. A extenso pro-
cura identificar os trabalhos que esto aplicando a
teoria, como escolas; j o suporte terico visa ava-
liar o potencial terico (MELEIS, 1997)
93Escola Anna Nery Revista de Enfermagem,
Rio de Janeiro, v. 7, n. 1, p. 89 - 96 abril 2003Anlise descritiva da teoria de OREMCaetano JA et al
Viso geral do modeloterico de Orem
O modelo terico proposto por Orem en-
globa teorias inter-relacionadas: 1) a teoria do au-
tocuidado, 2) a teoria do dficit do autocuidado e
3) a teoria dos sistemas de enfermagem.
estar ( OREM,1995). Refere ainda a competn-
cia do indivduo para o autocuidado, agency ou
poder de agenciar que a capacidade aprendida
pelo indivduo. So fatores condicionantes nesse
processo: curiosidade intelectual, intruo, expe-
rincia adquirida, relaes do indivduo com o
meio, sua cultura e hbitos de cuidado sade.
Em relao demanda teraputica de auto-
cuidado, esta refere-se totalidade das aes de auto-
cuidado a serem desempenhadas pelos indivduos.
Na identificao da capacidade do indivduo para o
autocuidado, pode-se identificar os dficits de auto-
cuidado, assim como as razes de sua existncia e os
mtodos de assistncia requeridos.
A partir da identificao do dficit do
autocuidados, h necessidade da atuao da enfermeira
junto ao cliente. A enfermeira pode atuar atravs de
trs sistemas de enfermagem: sistema totalmente com-
pensatrio, sistema parcialmente compensatrio e sis-
tema apoio-educao. O sistema totalmente com-
pensatrio utilizado quando o cliente apresenta di-
ficuldades para atender s necessidades de autocuida-
do; o parcialmente compensatrio aplicado quan-
do o cliente apresenta algumas dificuldades para aten-
der s necessidades de autocuidado; o sistema de apoio-
educao, quando o cliente necessita de adquirir co-
nhecimento e habilidade para se autocuidar.
Teoria dos sistemas-reflexocrtica da aplicadas na adooda pratica de auto-exameocular pelos indivduosportadores de HIV/AIDS
Na anlise da Teoria dos Sistemas de Enfer-
magem consideramos a descrio, onde daremos
nfase aos componentes estruturais e funcionais.
Neste estudo, os conceitos evidenciados na Teoria
dos Sistemas de Enfermagem foram: autocuida-
do, demanda teraputica de autocuidado e sistema
de enfermagem. Consideramos o autocuidado a
Constituinte terico da teoria do dficitdo autocuidado de enfermagem3
A proposta destes trabalhos est focalizada
na Teoria dos Sistemas de Enfermagem, descrita
por Orem (1995, p.304) como, sistemas de enfer-
magem projetadas que existem como sistema de aes
concretas, produzidas deliberadamente por aes dis-
tintas de enfermeiras e pacientes em situaes de
cuidado. Essa teoria estabelece a estrutura e o con-
tedo da prtica da enfermagem, articulando as
propriedades, articulando as propriedades da en-
fermeira (agente de enfermagem) com as do paci-
ente 9 demanda de autocuidado teraputico e agen-
te de autocuidado).(OREM, 1995, p.175-176).
Segundo a autora, os sistemas de aes de
enfermagem so produzidos pelas enfermeiras e so
destinados para indivduos, pessoas que constituem
um a unidade de cuidado dependente, para grupos
cujos membros tm limitaes similares para se
engajarem no autocuidado, para famlias e outras
unidades multipessoais. (OREM, 1995, p. 176)
Incorporados a essa teoria esto os conceitos
de; autocuidado, demanda teraputica de autocuida-
do, dficit de autocuidado e servio de enfermagem.
O autocuidado o desempenho ou a pr-
tica de atividades que o indivduo realiza em seu
benefcio para manter a vida, a sade e o bem-
94Escola Anna Nery Revista de Enfermagem,Rio de Janeiro, v. 7, n. 1, p. 89 - 96 abril 2003
Anlise descritiva da teoria de OREMCaetano JA et al
capacidade do indivduo portador de HIV/AIDS
realizar o auto-exame de olho4; lembrando dos fa-
tores bsicos condicionantes para a realizao de
auto-exame de olho pelo indivduo, tais como:
idade, evoluo da doena, estado de conscincia,
interesse no cuidado com olho, nvel de escolari-
dade e condio local para realizao do exame;
estes so, portanto, os pr-requisitos necessrios
realizao do auto-exame.
Na demanda teraputica, esto includos
todos os fatores que devem ser trabalhados, con-
trolados e modificados no indivduo por afeta-
rem o funcionamento do organismo e seu desen-
volvimento humano (OREM, 1995). Partindo
desse conceito e dentro do contexto do estudo, a
demanda teraputica caracterizada por todos os
problemas evidenciado que direta ou indireta-
mente comprometem o olho, e tambm os pro-
blemas de ordem fsica, mental e social envolvi-
dos na realizao do auto-exame pelo indivduo.
Quanto ao sistema de enfermagem,
crucial a atuao no sistema de apoio e educao
em que envolvem o fazer, ensinar, orientar, su-
pervisionar e proporcionar um ambiente de apoio
ao desenvolvimento de auto-exame ocular. A es-
trutura do sistema de enfermagem depender o
dficit de autocuidado do cliente em relao ao
auto-exame ocular, os resultados da ao de en-
fermeira dependem de fatores internos e exter-
nos. Entre os internos, podemos considerar o
conhecimento, a habilidade e o compromisso de
enfermeira em apoiar, orientar, prover um ambi-
ente favorvel e, ensinar. Os externos dizem res-
peito ao prprio indivduo e ao ambiente.
A conscincia de que apenas a transmisso
de informaes insuficiente para a adoo de
novos comportamentos em sade nos leva a acre-
ditar na necessidade de uma estrutura terica que
organize a valiao. A estrutura terica, portanto,
tema finalidade de estabelecer uma tomada de de-
ciso que contemple a aquisio do conhecimento
e da habilidade do cliente para o autocuidado, res-
peitando os fatores que podem impedir, predis-
por, reforar o comportamento para adoo do
auto-exame do olho como cuidado de sade.
Assim, algumas proposies foram desen-
volvidas tomando-se por base a Teoria dos Siste-
mas de Enfermagem, a exemplo de: realizao do
auto-exame ocular implica em um papel ativo
do cliente, uma vez que um comportamento
auto-iniciado e auto-dirigido, pois a ao desen-
volvida ser determinada pelo prprio aprendiz;
o agente de autocuidado dever assumir um a
postura de interao que envolva uma dimenso
afetiva do autocuidado, de modo a gerar confi-
ana; necessria a efetivao do processo de
enfermagem.Orem (1995, p.268-269) afirma
que, o processo de enfermagem corresponde
execuo pelas enfermeiras de operaes
diagnsticas e prescritas, regulatrias ou de trata-
mento e operaes de controle, incluindo evolu-
o. Essas operaes so executadas em seqncia
contnua e regular, em cosonncia com o con-
textos de relao interpessoal enfermeira-cliente
e a proviso de cuidados de enfermagem.
Nas suposies, podemos considerar que a
meta da atuao da enfermeira na orientao do
auto-exame ocular do indivduo visa reduzir ou
pelo menos minimizar as alteraes oculares que
acometem so indivduos portadores do HIV/
AIDS; as aes propostas devem ser
implementadas em considerao todo o contex-
to biopsicossocial do cliente.
A preocupao com o auto-exame ocular
fundamenta-se em estudos que realizamos, (CAE-
TANO & PAGLIUCA, 1995; CAETANO,
PAGLIUCA, SOARES, 2000), onde cada vez
mais percebemos a necessidade de identificar, com-
preender e buscar estratgias eficazes para amenizar
o drama dos problemas oculares nas pessoas com
95Escola Anna Nery Revista de Enfermagem,
Rio de Janeiro, v. 7, n. 1, p. 89 - 96 abril 2003Anlise descritiva da teoria de OREMCaetano JA et al
HIV/AIDS, e tambm vrios autores so unni-
mes em afirmar que, o acometimento ocular
comum nos pacientes com AIDS, pois aproxima-
damente 75% deles, desenvolvem uma ou mais
leses oftlmicas no curso da doena (PINHEI-
RO ET TAL, 1996; TOBARU E TAL, 1993).
Temos constatado ainda, em nossa
vivncia, que a assistncia preventiva em relao
sade ocular tem sido insatisfatria, o que de-
monstra claramente a necessidade de acossar no-
vos desafios para abancar o processo de cuidar.
Consideraes FinaisA aplicao de uma teoria de enfermagem,
em um trabalho emprico, deve ser precedida de
reflexo. Essa reflexo deve ser fundamentada em
um modelo de anlise de teoria que torne evi-
dente seus componentes; para este estudo foram
selecionados os componentes estruturais e funci-
onais da teoria selecionada.
A Teoria dos Sistemas de Enfermagem tem
como componentes estruturais os conceitos de
autocuidado, demanda teraputica de autocuida-
do. Dficit de autocuidado e servio de enferma-
gem. As suposies e proposies da teoria acei-
tam o indivduo como agente de autocuidado
respeitando situaes condicionantes.
A reflexo sobre a relao desses componen-
tes, fundamentada na reviso de literatura e experin-
cia das autoras, permite supor que sua aplicabilidade
vivel para auto-exame ocular do paciente HIV/
AIDS. Sendo assim, acredita-se que o portador de
HIV apresenta potencial para autocuidado, respeitando
sua condio educacional, a idade, o estado de sade
e a motivao; sua demanda teraputica para o auto-
cuidado com os olhos est relacionada com uma rea-
lidade na trajetria da doena.
Compreende-se que a assistncia de enferma-
gem engloba as orientaes e acompanhamento do
paciente para adoo da prtica do auto-exame ocu-
lar para indivduos portadores de HIV/AIDS, de
maneira a tornar o indivduo capaz de realizar cui-
dados contnuos com os olhos, visando a preveno
da cegueira e promoo da sade ocular de forma
consciente, para a manuteno da qualidade de vida.
Enfatizando, ainda, a necessidade de as
enfermeiras cada vez mais buscarem referenciais
tericos para subsidiar sua prtica e assim con-
templar as diferentes dimenses do cuidado na
enfermagem.
Descritive analysis of the nursing systemstheory of orem before its applicationconcerningocular self-exam teaching
AbstractThe study based on the analysis of theories model presented by Meleis (1997) describes the
structural and functional components of the theory of Systems (Orem, 1995). The reflection is centered
on the structural components: self-care, therapy need and nursery system. The functional components
identified were: ocular self-exam, HIV/AIDS patients, nurse, ocular exam and interaction between
nurse and patient. The application of the theory should be preceded of the reflection for the appropriate
use of the suppositions and propositions established by the theorist. It is believed that the individual
carrier fo HIV/AIDS is an active individual and a self-care agent; and, therefore, he may assume an
interactive position, reducing or minimizing ocular problems in AIDS.
Keywords: Nursing theory. Ocular health. AIDS.
96Escola Anna Nery Revista de Enfermagem,Rio de Janeiro, v. 7, n. 1, p. 89 - 96 abril 2003
Anlise descritiva da teoria de OREMCaetano JA et al
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Notas1 Trabalho desenvolvidona disciplina Anlises Crticas dasTeorias de Enfermagem, no Doutorado em Enfermagem/UFC.
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4 Auto-exame ocular: exame realizado pelo indivduo, com-preendendo a avaliao da capacidade de enxergar longe/perto, das estruturas externas, dos movimentos oculares edo campo visual
Sobre os autoresJoselany fio Caetano
Doutoranda, Professora da Universidade Estadual Vale doAcara - UVA.
Lorita Marlena Freitag Pagliuca
Doutora em Enfermagem, Professora Titular do FFOE/UFC
Anlisis descriptivo de la teora de los sistemasde orem delante de su aplicacin en la
enseanza del autoexamen ocular
ResumenEl presente estudio utiliza el modelo de anlisis de teoras presentado por Meleis ( 1997), describe
los componentes estructurales y funcionales de la teora de los sistemas (OREM, 1995. En los compo-
nentes estructurales, la reflexin est centrada en el auto cuidado, en la demanda teraputica y el
sistema de enfermera. Los componentes funcionales identificados fueron: auto examen ocular,
individuo portador de VIH/SIDA, enfermera, examen ocular, interaccin entre enfermera y cliente.
La aplicacin de la teora debe ser precedida de la reflexin para el uso adecuado de las suposiciones y
proposiciones establecidas por el terico. Se cree que la persona portadora del VIH/SIDA es un sujeto
activo, agente de auto cuidado y por lo tanto puede asumir una postura de interaccin, reduciendo y
minimizando los problemas oculares en el SIDA.
Palabras claves: Teora de enfermera Salud ocular - SIDA