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AposentadoriaEnquanto o trabalho aparece, a impressão é de que o sucesso é eterno.Mas, como em qualquer profissão, são poucos os músicos e profissionaisdo áudio que conseguem manter o sucesso e o trabalho até idades maisavançadas. Então, como você pretende viver na aposentadoria?
como você está se preparando?
Miguel Sá[email protected]
esta reportagem, a Revista Back-
stage pretende levar os músicos eos técnicos de áudio a refletirem
sobre o seu futuro, sobre a terceira idade,sobre os recursos necessários à sobrevi-vência sem a remuneração advinda dotrabalho. Abordamos as formas mais co-nhecidas de previdência que servempara os músicos e técnicos de áudio.
Há três tipos de previdência no Brasilque o músico e o técnico de áudio podemvir a utilizar: o Regime Próprio, para o fun-cionalismo público, que pode ser usado pormúsicos que são professores da rede públi-ca, por exemplo; o Regime Geral, que é ado INSS, do qual, a princípio, todos devemparticipar, com exceção dos funcionáriospúblicos; e a Previdência Complementar.
Na previdência complementar, a abertaé aquela comercializada por bancos e segu-radoras e pode ser uma opção para comple-tar a renda que é paga pela previdência pú-blica; a fechada é a administrada por enti-dades sem fins lucrativos para grupos especí-ficos. O CulturaPrev, por exemplo, fundo deprevidência destinado exclusivamente àclasse artística, se encaixa nesta última cate-goria. Ele foi fundado em outubro de 2004 edois anos depois, no dia 31 de outubro de2006, aconteceu a cerimônia de lançamen-to do seu programa de divulgação, chama-do Reconhecimento Além do Aplauso.
O palco eternoA vida do músico é feita de altos e bai-
xos. A despeito de a profissão ser regula-mentada desde 2 de dezembro de 1960,quando entrou em vigor a lei 3.857, a rea-lidade que o profissional encontra hoje é ade um mercado informal. Isso significaque ele trabalha sem carteira assinada oucontrato e está sujeito a toda sorte deabusos, colocando-se à margem de ins-
trumentos importantes para a proteçãodo profissional, ainda que esses não aten-dam de forma satisfatória, como a previ-dência pública do INSS. Quando o tra-balhador de qualquer categoria faz o seutrabalho de modo não informal, a contri-buição para o INSS é obrigatória e é feitapelo próprio trabalhador ou pelo empre-
gador. Quando as condições para receberos benefícios dela são preenchidas (basi-camente, chegar à idade limite para apo-sentadoria sem débitos com o INSS), ocontribuinte pode requerer a aposenta-doria. O problema é que o músico nãocostuma se preocupar em trabalhar utili-zando os instrumentos formais de prote-ção, nem com o momento em que nãoterá mais tanto trabalho assim.
Leny Andrade não tem meias pala-vras quando fala sobre o espírito da ca-tegoria: “Músico sabe tocar, cantor sabecantar, mas ninguém tem juízo. Todomundo gasta tudo o que ganha, nãocuida do futuro, e todo mundo tem dese cuidar porque o tempo passa”, afirma.O profissional da música tem a sensaçãode que sempre poderá trabalhar. Issoporque, ao contrário do que aconteceem outras carreiras, como bailarinos ouesportistas, ele não precisa de juventudepara continuar em atividade. Mas como tempo, a tendência é que o músicoseja menos requisitado, independente-mente do fato de a capacidade dele to-car, compor ou arranjar continuar intac-ta com a idade. “O músico acha que opalco estará eternamente sob os seuspés”, comenta Débora Cheyne, presi-dente do Sindicato dos Músicos do Riode Janeiro (SindMusi/RJ).
“Músico sabetocar, cantor sabe
cantar, mas ninguémtem juízo. Todo
mundo gasta tudo oque ganha, nãocuida do futuro”(Leny Andrade)
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Exemplos não faltam. O trombonista,arranjador e compositor Raul de Barros,92 anos completados no mês de novem-bro, sempre teve muito trabalho desde osanos 30. O compositor do famoso choroNa Glória trabalhou muito até adoecerno início dos anos 1980, quando mudou-se para Maricá, no estado do Rio de Ja-neiro. Hoje vive com uma aposentadoriado INSS e um salário mínimo comple-mentar pago pela sociedade arrecada-dora União Brasileira dos Compositores.Com dificuldades de locomoção, o músi-co ainda toca, mas sai pouco de sua casa.Conseguiu a aposentadoria pelo INSScomprovando, com a ajuda de amigos, otempo de contribuição em trabalhos fixos,como o que teve na orquestra da RádioNacional. Dona Romilda, esposa do músi-co há trinta anos, lembra que uma frasetípica dele era “se preocupe com o hoje. Oamanhã nós vemos”, diz ela. “É a vida demúsico. Ele sempre foi assim”.
Essa mentalidade é incentivada pelaforma como o músico costuma receber.Em geral, o músico ganha por trabalho.Se há muitos, ele ganha bastante, se hápoucos, ele pode ficar sem ganhar nada.Isso não favorece uma contribuição con-tínua, como exige o INSS. Quando con-tribui para a previdência pública, o músi-co geralmente se inscreve como autôno-mo. Neste caso, o contribuinte paga 20%do salário base definido por ele. Tendo
como base o salário mínimo de 350 reais,este valor fica em 70 reais.
Há mais um detalhe que complica avida do músico: a informalidade do mer-cado. Se não há carteira assinada ou ne-nhum tipo de contrato, a empresa nãorecolhe o INSS para o músico. O caso deRaul de Barros reflete um tempo em queas rádios, emissoras de televisão e atémesmo gravadoras mantinham um corpo
fixo de músicos contratados e recolhiamparte do salário deles para a previdência,como explica o tecladista e vice-presi-dente do Sindicato dos Músicos do Riode Janeiro Itamar Assieri. “Muitos dosque hoje estão se aposentando ou já seaposentaram já tiveram trabalho formal.Hoje em dia, praticamente só há empre-go de carteira assinada na OrquestraSinfônica Brasileira”, afirma.
CulturaPrevNo caso específico dos músicos, o fato
novo em matéria de previdência é osurgimento do CulturaPrev, criado emoutubro de 2004. O contexto que permi-tiu a criação do plano pode ser resumidopela entrevista que o ministro da CulturaGilberto Gil concedeu durante o eventode lançamento do plano de divulgaçãodo CulturaPrev, no dia 31 de outubro, noJockey Club do Rio de Janeiro. “Vivemosem uma sociedade em desenvolvimento,onde o Estado não pode mais arcar com aprevidência de todo mundo, então cadasetor precisa se organizar, buscar os fundosde pensão, articular e estabelecer os proces-sos de compartilhamento entre o Estado e acontribuição do trabalhador”, declarou.
Entre as categorias que podem usu-fruir do CulturaPrev estão as de atores,bailarinos e, é claro, os músicos. A histó-ria da construção do plano envolve ainiciativa de artistas – como a cantoraRosemary – a participação de entidades declasse – Sindicatos de músicos, atores, téc-nicos de espetáculos e artistas plásticos detodo o país – e a participação do poder pú-blico por meio dos ministérios da Cultura eda Previdência. O pontapé inicial foi dadopela cantora Rosemary. Em meados de2003, ela pediu ajuda à executiva da RedeGlobo, Marluce Dias, que indicou pessoasque a poderiam ajudar na iniciativa. De-pois de alguns movimentos iniciais, no
Kleber Vogel, Debora Cheyne e Itamar Assiere
“Vivemos em umasociedade em
desenvolvimento,onde o Estado não
pode mais arcar com aprevidência de todo
mundo” (Gilberto Gil,ministro da Cultura)
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ano de 2004 aconteceu a primeira audi-ência com o já ministro da cultura Gil-berto Gil, na sede da Funarte, no Rio deJaneiro. Na audiência ainda estavam pre-sentes o representante do SindMusi, o en-tão diretor de comunicação Dalmo Mota,a cantora Rosemary, o presidente daFunarte e ator Antônio Grassi e o músicoJoão Bani, além de artistas de outras cate-gorias, como a atriz Narjara Turetta. “Ex-pliquei várias situações de compositores emúsicos, enfim, de todo esse povo da cul-tura com problemas sérios de sobrevivên-cia”, diz Rosemary.
O processo seguiu com um grupo detrabalho criado dentro da Funarte, no fi-nal de 2004. Os trabalhos avançaramcom outras entidades da região Sudestese agregando. Foi quando se criou o gru-po de estudos em Brasília, agora com en-tidades também da região Nordeste. Apartir daí, as reuniões começaram a con-figurar como seria este plano de previ-dência, o perfil dos artistas, a forma comoeles poderiam contribuir, as faixas deganhos deles, hábitos de consumo e for-ma como costumam receber, como expli-ca Dalmo Mota. “Às vezes você ganha
em uma época do ano e na outra vocênão ganha nada”, exemplifica.
As entidades instituidoras do Cultu-raPrev são o Sindicato dos Músicos doRio de Janeiro (SindMusi), os Sindica-tos de Artistas e Técnicos em Espetácu-los dos estados do Rio de Janeiro, Ceará,Sergipe e Pernambuco (Sated/RJ, Sated/CE, Sated/SE, Sated/PE). Ainda parti-ciparam da construção do grupo oSated/RJ, a Associação Sergipana deAutores e Intérpretes Musicais do Esta-do de Sergipe (Assaim), o CPT (Coope-rativa Paulista de Teatro do Estado deSão Paulo) e o Sinapesp (Sindicato dos
Artistas Plásticos do Estado de São Pau-lo). “O que nós temos de conseguir ago-ra é aumentar o número de adesões aesse programa”, diz o presidente daFunarte, o ator Antônio Grassi.
Durante a cerimônia de lançamen-to do programa de divulgação, a Asso-ciação Brasileira de Museologia e oSindicato dos Músicos da Bahia aderi-ram ao plano. Para fazer um planoCulturaPrev, o artista ou técnico teráde ser associado a uma dessas entida-des ou outras que venham a fazer parteda lista de instituidores.
Como funcionaEntre as adaptações feitas para a
classe artística está o valor de acesso.
No que diz respeito à previdência, ostécnicos não são muito diferentes domúsico, pelo menos aqueles que traba-lham como autônomos em shows e es-petáculos. Estes podem se associar aosSindicatos de Artistas e Técnicos de Es-petáculos do seu estado e se inscreverno CulturaPrev caso a entidade sejauma das instituidoras do plano.
A profissão de técnico é regulamen-tada desde a década de 70, mas a cate-goria, assim como os músicos, tambémestá imersa na informalidade. Em geral,também contribuem como autônomospara o INSS. É bom ressaltar que a ca-tegoria dos técnicos de som está dividi-da. Há os que são vinculados aos sindi-catos de radialistas (como acontece
O técnico de som
com os que trabalham em emissoras deTV) e os que são vinculados aos Sated,que são os que trabalham em shows eespetáculos. Os primeiros, em geral,têm carteira assinada e recolhem o INSSgeralmente por meio das empresaspara as quais trabalham.
Marcelo Claret, presidente da ABP-Audio, destaca que isso não é algo bom,já que “todos trabalham com áudio”.Quanto à possibilidade de se associar aum fundo como o CulturaPrev, Claretdeclara que a ABPAudio está interessa-da em tudo que possa favorecer aos as-sociados. “A participação da ABPAudiovai depender dos associados. Como emtoda associação, quem decide é a as-sembléia”, define.
Wagner Pinheiro, presidente da Petros, discursa na solenidade
“Expliquei váriassituações de
compositores e músicos,enfim, de todo essepovo da cultura comproblemas sérios de
sobrevivência”(Rosemary)
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Ele ficou estabelecido em 27 reais e 31centavos; também há uma maleabi-lidade na forma de contribuição, coma opção de ficar um período de 12 me-ses sem pagar e, ainda assim, não sersuspenso do plano. Outra exclusivida-de é a possibilidade de o fundo receberdoações de pessoas físicas ou empresaspara o CulturaPrev em geral ou paraalgum artista específico, permitindoque ele receba os benefícios mesmoque nunca tenha contribuído.
Um diferencial importante são as ta-xas cobradas pelo CulturaPrev em rela-ção aos fundos de previdência abertos,de bancos e seguradoras. São três as ta-xas que podem ser cobradas por um fun-do de previdência: a taxa de adminis-tração, a de gestão de ativos e a depatrimônio. O fundo Petrus, que admi-nistra o CulturaPrev, cobra 6% de taxade administração, o que é acima do va-lor cobrado pela previdência comple-mentar em geral. Em compensação, nãocobra as taxas de gestão de ativos, que éuma taxa de gerenciamento da contri-buição, e nem a de patrimônio, umataxa anual que, em alguns casos, chegaa 1%. Esta última, especialmente,incide sobre todo o valor acumulado apartir das contribuições. Ou seja, se emum ano de contribuição ela não faz tan-ta diferença, em dez, pode começar aincomodar. Já os 6% de taxa de adminis-tração serão sempre cobrados em cimado valor de contribuição mensal. O quesignifica que em 100 reais, o contribuin-te sempre vai pagar 6 reais de taxa. No
mais, o CulturaPrev funciona comouma previdência complementar co-mum: mensalmente, o participantecontribui por conta própria para formarum fundo que é investido em aplica-ções financeiras até a aposentadoria. Ovalor das contribuições é definido nomomento da adesão, mas pode ser alte-rado anualmente. A renda que o parti-cipante vai receber no futuro depende-rá do saldo acumulado ao longo dosanos e da rentabilidade obtida com aaplicação destes recursos. Por isso,quanto maior o tempo e o valor da con-tribuição, maior será o valor do saldo e,conseqüentemente, da renda na apo-sentadoria. A dedução do imposto derenda obedece ao limite de 12% do totalde rendimentos anuais.
Outras formasde se prevenirÉ bom deixar claro que esse não é o úni-
co instrumento que o músico pode ter paraa aposentadoria. Mesmo com planos deprevidência complementar, é importantecontinuar contribuindo para o INSS, ape-sar das dificuldades, como faz Carlos Mal-
ta. Ele admite que não é um contribuinteconstante “por diversas razões”, explica osaxofonista e flautista. “A regra do jogo,para nós, artistas, não é muito justa, porquesomos uma classe que ganha diferente,que tem horários diferentes, que paga dife-rente, que recebe diferente, precisamos dealgo um pouco mais ajustável para o nossomodus vivendi”, afirma o músico, que tam-bém é atuante no Sindicato dos Músicosdo Rio de Janeiro.
Exceção à regra, também há os que estãohá muito tempo contribuindo para a previ-dência pública. O baterista Rui Motta con-tribui desde 1970 para o INSS como autôno-mo na categoria 5 (20% sobre cinco saláriosmínimos). Ele comenta que chegou a ficardois anos sem pagar. Para resolver a pendên-cia, teve de ir a um posto do INSS fazer umfinanciamento do débito com a previdên-cia. Durante algum tempo ele pagou, para-lelamente, a contribuição normal e a presta-ção do débito com o INSS. Há cerca de umano, Rui se tornou contribuinte do Cultu-raPrev e aproveita uma das vantagens doplano, que é a suspensão do pagamento poraté um ano. “Gastei muito dinheiro na cons-trução da escola”, diz o músico se referindo àOficina de Percussão e Bateria que abriu emmaio no bairro Fonte da Saudade, no Rio deJaneiro. Ele tem até maio de 2007 para reco-meçar a pagar.
Zé Leal, que foi diretor social doSindMusi do Rio de Janeiro, destaca aimportância de contribuir para o INSSmesmo quando o músico participa de pla-nos de previdência complementar, comoé o caso do CulturaPrev, do qual tambémparticipa com a contribuição mínima.“Acho importante contribuir para o INSS,porque o CulturaPrev é complementar”,explica o percussionista de 43 anos, queatualmente participa de gravações e tocacom o cantor Elymar Santos.
Ainda há a opção da previdência com-plementar aberta, administrada por ban-cos ou seguradoras. Rui Motta chegou a
Carlos Malta e Gilberto Gil
“A regra do jogo, para nós, artistas, não é muito justa,porque somos uma classe que ganha diferente, que tem
horários diferentes, que paga diferente, que recebediferente, precisamos de algo um pouco mais ajustável
para o nosso modus vivendi” (Carlos Malta)
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participar de uma, mas teve de usar o di-
nheiro aplicado na construção do estúdio de
sua escola de música. Estes planos de previ-
dência são divididos em dois tipos: o PGBL e
o VGBL. Segundo o gerente de contas de
pessoa jurídica do Banco Bradesco, Jorge
Luis de Menezes Pontes, o PGBL seria um
plano mais para longo prazo, visando mesmo
à aposentadoria. Neste caso, é possível uma
dedução de até 12% do imposto de renda. Já
o VGBL seria mais uma aplicação financei-
ra, com rentabilidade maior, visando um res-
gate em três ou quatro anos. Neste caso, não
é possível descontar o imposto de renda.
Cada banco apresenta um valor para as já
citadas taxas de administração, gestão de
ativos e patrimônio. Dependendo do mon-
tante aplicado, é possível negociar a taxa de
administração de acordo com a flexibilida-
de do operador do fundo. Entre os bancos
pesquisados, havia taxas de 3,2% e 5% sobre
a contribuição. Também há as taxas de ges-
tão de ativos e sobre patrimônio.
Para aderir a esses planos, há um apor-
te inicial e uma contribuição mínima
mensal. Em um dos bancos pesquisados,
este aporte para um plano na modalida-
de PGBL é de 250 reais, com uma men-
salidade mínima de 80 reais.
ConscientizaçãoO caminho a ser percorrido na consci-
entização do músico com relação à sua
aposentadoria é longo. No estado do Rio
de Janeiro, por exemplo, o SindMusi tem
7.900 músicos cadastrados (os que pa-
gam a taxa sindical obrigatória). Destes,
3.580 são sócios, ou seja, pagam a taxa de
manutenção da sindicalização. Até o
mês de novembro, os que estavam em
dia com a anuidade de 2006 eram 482 e
os que pagaram alguma nos últimos qua-
tro anos eram 4.584. Com apenas 3% dos
sócios em dia com a anuidade, já dá para
perceber o tamanho do desafio de escla-
recer o músico sobre a sua aposentadoria
por meio dos sindicatos, que são o cami-
nho natural para o CulturaPrev. Neste
quadro, a campanha de divulgação, com
o programa Reconhecimento Além do
Aplauso, apoiada pela Funarte e Minis-
tério da Cultura ganha importância.
Rui Motta
Para obter informações mais deta-
lhadas sobre previdência privada
aberta, o ideal é acessar os sites de
bancos e seguradoras e procurar o
gerente do banco. Para mais informa-
ções sobre o CulturaPrev, inclusive
com simulação de benefícios e as enti-
dades que o apóiam, acesse algum
dos sites relacionados abaixo:
www.previdenciasocial.gov.br
www.petros.com.br
www.alemdoaplauso.com.br
www.mongeral.com.br
www.sindmusi.org.br
www.funarte.gov.br
www.bradesco.com.br
www.unibanco.com.br
www.sulamerica.com.br
www.itau.com.br
Para mais informações
“Acho importantecontribuir para o INSS,porque o CulturaPrev é
complementar” (Zé Leal,falando da importância de
contribuir para o INSSmesmo quando o músicoparticipa de previdência
complementar)
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Miguel Sá[email protected]
e a Previdência no BrasilLuiz Romero
Luiz Romero é o coordenador acadêmico do Instituto de Desenvolvimentoe Estudos Aplicados à Seguridade (Ideas), que desenvolve pesquisas naárea de seguridade, e fala sobre as vantagens e desvantagens de separticipar de um plano de previdência complementar.
Oque é previdência?
Luiz Romero - Previdênciaé um conceito que pertence ao
conceito maior de seguridade social.Em poucas palavras, é a atenção queas pessoas, individualmente e orga-nizadamente (através do Estado),dão as condições de bem-estar socialno presente (por meio da assistênciasocial) e no futuro (por meio da previ-dência). No caso específico da previ-dência, é compor no presente condi-ções que viabilizem um futuro debem-estar social (sobretudo financei-ro) de tal forma que ao cessar a capa-cidade laborativa das pessoas elas pos-sam continuar a viver uma vida dignae compatível com aquela vivida du-rante sua fase laborativa. Veja, porexemplo, o caso de artistas famosos nopassado que passam necessidades nopresente simplesmente porque enve-lheceram e perderam sua capacidadede trabalhar. A idéia de previdência écompor a sustentação do futuro a par-tir do presente. Tudo isso, cabe desta-car, em um contexto de sociedade enão apenas individualmente. Não seconfunde, portanto, com uma merapoupança. Em sua origem e raiz con-ceitual existem sutilezas importan-tes, como a solidariedade entre aspessoas que compõem o mesmo siste-ma previdenciário.
Quais são os tipos de previdênciaque existem no Brasil e as diferençasentre elas?
Romero - A previdência oficial, queé de responsabilidade de gestão do Esta-do. A previdência chamada comple-mentar, que pode ser de caráter “fecha-do” (os chamados fundos de pensão) e“aberto”, administrados, em geral, porinstituições financeiras. A previdência
fechada é voltada para um grupo fechadoque possui algum tipo de afinidade (em-pregados de uma mesma empresa, profissio-nais de uma mesma classe vinculados a umaentidade, etc), enquanto que a previdênciaaberta é tipicamente um produto individu-al, transacionado em uma empresa co-mercial. Cada uma dessas previdências éregida por leis e regras distintas, submeti-das ambas à fiscalização do Estado.
A previdência pública dá conta dasdemandas? Independentemente disso,é importante contribuir para o INSS?
Romero - A previdência públicaou oficial é necessária, porém não émais suficiente no mundo de hoje. Adinâmica da sociedade, suas caracte-rísticas atuais, seus limites e possibilida-des mudaram muito desde que o con-ceito de previdência foi instituído. Aexperiência das nações tem demons-trado que além da previdência oficialdeve existir espaço para a previdênciacomplementar. A previdência oficialmanteria o caráter de solidariedade eseguridade social, o que é indispensá-vel a uma sociedade que se queira fra-terna, com um traço mínimo de igual-dade, enquanto que a previdênciacomplementar respeitaria as diferen-ças desta mesma sociedade.
É vantajoso participar de uma pre-vidência complementar? É seguro?
Romero - É vantajoso na medidaem que o valor máximo da previdên-cia oficial pode ser considerado baixopara alguns profissionais que, no pre-sente, ganham valores acima desteteto e, naturalmente, querem preser-var um futuro mais compatível comseu nível atual. Quanto à segurança éuma resposta difícil. Eu diria que nasatuais condições de legislação e na
A idéia deprevidência é compor
a sustentação dofuturo a partir dopresente. Não se
confunde, portanto,com uma mera
poupança”
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prática até então observada parece ra-zoavelmente seguro. Existem casos ex-cepcionais que por vezes preocupam,sobretudo para quem está mais distan-te deste mundo pouco conhecido.Contudo, as experiências positivas sãoextraordinariamente maiores que osproblemas vivenciados.
As previdências complementaresfechadas podem ser melhores e maisseguras que as abertas? Qual delaspode ser mais vantajosa?
Romero - São produtos diferentes.Depende das necessidades, possibili-dades e características profissionais decada um. Existe espaço para ambas. Eupessoalmente tenho as duas. A noçãode vantagem é muito relativa.
Que cuidados o contribuinte devetomar ao se associar a algum tipo deprevidência complementar? Quais ar-madilhas ele pode encontrar nos planosde previdência complementar? Quaissão os riscos que ele pode correr?
Romero - Esta pergunta por si sómereceria uma ampla resposta. Sinte-ticamente deve-se atentar para: verifi-car cuidadosamente o contrato e o re-gulamento do plano, seus direitos edeveres, os custos administrativos, ascondições de saída, os mecanismos defiscalização e controle, a solidez credi-bilidade de quem administra. As ar-madilhas podem vir de questõespouco claras, de indefinições ou decustos disfarçados, ou ainda do uso depalavras e conceitos pouco conheci-dos. Os riscos estão sempre associados àexpropriação (transferência de valorseu para outros), deterioração dos ati-vos (dinheiro) acumulados ou simples-mente inadequação ou frustraçãoquanto às necessidades futuras face àsexpectativas do presente.
O que pode falar do CulturaPrev? Elepode ser realmente mais vantajoso para omúsico que algum fundo não específico,inclusive do ponto de vista do retorno emrelação ao que foi aplicado?
Romero - Esta resposta é muitodifícil para mim, uma vez que nãotenho informações suficientes paradar uma opinião neste nível. Preci-saria fazer uma análise técnica parapoder emitir um parecer nos termoscolocados. Posso, contudo, afirmarque a idéia é saudável. Com certezaos profissionais de música terão be-nefícios com uma previdência com-plementar. A Petros é uma grandeinstituição, de gestão altamente pro-fissional, com uma imagem sólida epossuí um corpo de profissionais alta-mente qualificados.
Como o senhor vê o futuro da pre-vidência? A previdência pública aindatem futuro?
Romero - A previdência públicatem que ter futuro. Existem problemassim, mas temos que resolvê-los. Ela serásempre necessária dentro de um mode-lo de sociedade solidária. Creio tam-bém que a previdência complementarirá crescer muito, em todas as suas ca-tegorias: aberta e fechada.
Qual outro comentário que gosta-ria de acrescentar?
Romero - Precisamos desenvolvere difundir a cultura previdenciária.Muitos brasileiros não têm a menoridéia do que seja previdência. Achoque a classe artística em geral podeajudar muito nesta difusão e discussãode idéias que são tão importantes paratodos nós. Aprendemos muito com oconhecimento cientifico, mas apren-demos também muito (e talvez atémais) com a arte.