Apostila IRPF 2011

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BRUNO CUNHA GONTIJOIMPOSTO DE RENDA DAS PESSOAS FSICAS 1. FATO GERADOR DO IMPOSTO 1.1 Elemento Material Um dos componentes do fato gerador de um tributo o chamado elemento material, equivalente hiptese de incidncia tributria, isto , a descrio geral e abstrata do fato de que decorre a obrigao de pagar o imposto. Tal obrigao independe de qualquer procedimento por parte da Administrao Pblica, sendo o bastante a realizao do fato gerador. A constituio do crdito tributrio referente ao IRPF pode resultar de lanamento por homologao, da reviso de ofcio deste lanamento ou mesmo atravs de lanamento de ofcio. Em razo de o IRPF ser um imposto sujeito a lanamento por homologao, de responsabilidade do prprio contribuinte efetuar a apurao e o recolhimento prvio do tributo, conforme preleciona o CTN em seu art. 150.Cdigo Tributrio Nacional Lei 5.172/66 Art. 150. O lanamento por homologao, que ocorre quanto aos tributos cuja legislao atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prvio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa.

Em conformidade com a modalidade de apurao dos rendimentos sujeitos incidncia do IRPF, possvel afirmar que a base do fato gerador do tributo pode ser indiciria (o rendimento apurado com base em acrscimo patrimonial a descoberto decorre de uma presuno legal); compositria (a tributao dos ganhos de capital realizada de forma individualizada) ou unitria/universal (cumulao dos salrios recebidos no Brasil e no exterior para fins de tributao nica). O fato gerador do imposto de renda das pessoas fsicas a aquisio de disponibilidade econmica ou jurdica de renda ou proventos, originados no Brasil ou no exterior, conforme art. 43 do CTN.Cdigo Tributrio Nacional Lei 5.172/66 Art. 43. O imposto, de competncia da Unio, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisio da disponibilidade econmica ou jurdica: I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinao de ambos; II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acrscimos patrimoniais no compreendidos no inciso anterior. 1o A incidncia do imposto independe da denominao da receita ou do rendimento, da localizao, condio jurdica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepo. (Includo pela Lcp n 104, de 10.1.2001) 2o Na hiptese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecer as condies e o momento em que se dar sua disponibilidade, para fins de incidncia do imposto referido neste artigo. (Includo pela Lcp n 104, de 10.1.2001)

A disponibilidade econmica entendida como representativa dos valores efetivamente recebidos pelo contribuinte, como os salrios pagos em dinheiro ou creditados na conta corrente do contribuinte. Em ambos os casos a aquisio da renda pode ser materialmente verificada pelo aumento do patrimnio econmico da pessoa fsica (moeda em espcie no primeiro caso e ativo financeiro no segundo).

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BRUNO CUNHA GONTIJOA disponibilidade jurdica faz referncia a valores que so postos a disposio da pessoa fsica, ou seja, crditos lquidos e certos a ela pertencentes, sendo irrelevante neste caso o efetivo aumento de patrimnio financeiro ou sob a forma de outros ativos (imveis) do beneficirio. Dessa forma, o recebimento de honorrios por meio de cheque ps-datado ou por notas promissrias caracteriza disponibilidade jurdica de renda e constitui fato gerador do IRPF. Em que pese ainda que a disponibilidade jurdica no incompatvel com o regime de caixa aplicvel s pessoas fsicas, tendo em vista que a renda considera-se auferida no momento da aquisio da referida disponibilidade, isto , no momento do recebimento do cheque antedatado. Para que se realize o fato gerador do imposto suficiente que ocorra a percepo instantnea da renda, mesmo que o contribuinte, em momento subseqente efetue uma doao ou cesso de direitos sobre todo o valor recebido, creditado ou reconhecido juridicamente como a ele devido, a uma terceira pessoa, sem obter com tal comportamento proveito algum. Nestas condies excetuam-se apenas as aquisies jurdicas de renda sob condio suspensiva. O CTN faz referncia em seu art. 116, inciso II ocorrncia do fato gerador em situaes em que este decorre de uma situao jurdica e no de uma situao de fato:Cdigo Tributrio Nacional Lei 5.172/66 Art. 116. Salvo disposio de lei em contrrio, considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: (...) II - tratando-se de situao jurdica, desde o momento em que esteja definitivamente constituda, nos termos de direito aplicvel.

Estando a situao jurdica relacionada com atos ou negcios jurdicos condicionais (dependentes de eventos futuros e incertos), tais atos reputam-se perfeitos e acabados em conformidade ao disposto no art. 117 do CTN.Cdigo Tributrio Nacional Lei 5.172/66 Art. 117. Para os efeitos do inciso II do artigo anterior e salvo disposio de lei em contrrio, os atos ou negcios jurdicos condicionais reputam-se perfeitos e acabados: I - sendo suspensiva a condio, desde o momento de seu implemento; II - sendo resolutria a condio, desde o momento da prtica do ato ou da celebrao do negcio.

O conceito de renda pode ser analisado tanto sob a tica econmica, quanto pela jurdica, cabendo em alguns casos uma anlise legal do instituto. A renda em sentido lato sensu abrange alm das parcelas pecunirias, em moeda (renda em sentido stricto sensu), parcelas no pecunirias (tempo livre de estabilidade no emprego, prestgio, realizao moral ou espiritual. Para o direito tributrio interessa o conceito de renda em seu sentido estrito, tratando dessa forma o CTN em seu art. 43 assim como a Lei n 7.713/1988 em seu art. 3.Decreto n. 3.000/1999 Art. 3 O imposto incidir sobre o rendimento bruto, sem qualquer deduo, ressalvado o disposto nos arts. 9 a 14 desta Lei. (Vide Lei 8.023, de 12.4.90) 1 Constituem rendimento bruto todo o produto do capital, do trabalho ou da combinao de ambos, os alimentos e penses percebidos em dinheiro, e ainda os proventos de qualquer natureza, assim tambm entendidos os acrscimos patrimoniais no correspondentes aos rendimentos declarados.

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BRUNO CUNHA GONTIJO 2 Integrar o rendimento bruto, como ganho de capital, o resultado da soma dos ganhos auferidos no ms, decorrentes de alienao de bens ou direitos de qualquer natureza, considerando-se como ganho a diferena positiva entre o valor de transmisso do bem ou direito e o respectivo custo de aquisio corrigido monetariamente, observado o disposto nos arts. 15 a 22 desta Lei. 3 Na apurao do ganho de capital sero consideradas as operaes que importem alienao, a qualquer ttulo, de bens ou direitos ou cesso ou promessa de cesso de direitos sua aquisio, tais como as realizadas por compra e venda, permuta, adjudicao, desapropriao, dao em pagamento, doao, procurao em causa prpria, promessa de compra e venda, cesso de direitos ou promessa de cesso de direitos e contratos afins. 4 A tributao independe da denominao dos rendimentos, ttulos ou direitos, da localizao, condio jurdica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda, e da forma de percepo das rendas ou proventos, bastando, para a incidncia do imposto, o benefcio do contribuinte por qualquer forma e a qualquer ttulo.

Com base nos dispositivos transcritos possvel concluir que a renda das pessoas fsicas compreende: a) as rendas, do trabalho (salrios, gratificaes, comisses, ordenados, gorjetas, auxlios, prmios) e do capital (frutos das rendas acumuladas = alugueis, royalties, lucros, juros, dividendos); b) os proventos (quaisquer acrscimos patrimoniais, econmicos ou financeiros, no includos no conceito de renda). No mbito dos proventos podem ser includos rendimentos de origem ilcita, assim como aqueles de origem desconhecida. Em que pese que podem ser fatos geradores do IRPF os rendimentos apurados por mtodos indiretos (presuno legal) tais como ocorre na cesso gratuita de imvel, remunerao indireta paga por pessoa jurdica coligada, juros dissimulados, sinais exteriores de riqueza, acrscimo patrimonial a descoberto e depsitos bancrios de origem no comprovada. Importante considerar que os mtodos de verificao indireta, por meio de presunes legais, no devem ser confundidos com o arbitramento de rendas ou gastos, sendo esta modalidade cabvel quando no for possvel verificao numrica de determinada quantidade ou valor (exerccio de atividade rural quando impossvel a comprovao de suas despesas arbitramento de 20% do lucro da atividade). Apenas verbas expressamente previstas em lei no esto abrangidas no conceito de renda para fins de tributao do IRPF, estas so as imunidades e isenes. As imunidades so regras de no incidncia qualificada, imperiosamente previstas no texto da Constituio Federal de 1988 e que servem como impeditivo incidncia na norma abstrata sobre o fato gerador concreto do imposto de renda, ou seja, no existe fato gerador para fins de tributao pelo imposto de renda. Tais benefcios constitucionais esto expressos no dispositivo do art. 150, inciso VI.Constituio Federal de 1988 Art. 150 Sem prejuzos de outras garantias asseguradas ao contribuinte, vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios: (...) VI instituir impostos sobre: a) patrimnio, renda ou servio, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimnio, renda ou servios dos partidos polticos, inclusive suas fundaes, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituies de educao e de assistncia social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;

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BRUNO CUNHA GONTIJOd) livros, jornais, peridicos e o papel destinado a sua impresso (...) 2 A vedao do inciso VI, a, extensiva s autarquias e s fundaes institudas e mantidas pelo Poder Pblico, no que se refere ao patrimnio, renda e aos servios, vinculados a suas finalidades essenciais ou s delas decorrentes. 3 As vedaes do inciso VI, a e do pargrafo anterior no se aplicam ao patrimnio, renda e aos servios, relacionados com a explorao de atividades econmicas regidas pelas normas aplicveis a empreendimentos privados ou que haja contraprestao ou pagamento de preos ou tarifas pelo usurio, nem exonera o promitente comprador da obrigao de pagar imposto relativamente ao bem imvel. 4 As vedaes expressas no inciso VI, alneas b e c, compreendem somente o patrimnio, a renda e os servios, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas.

As isenes so obrigatoriamente criadas por leis e tem como objetivo, atravs da discricionariedade do poder instituidor, promover a desonerao do contribuinte em determinadas condies especficas.Decreto n. 3.000/1999 Art. 39. No entraro no cmputo do rendimento bruto: I - a ajuda de custo destinada a atender s despesas com transporte, frete e locomoo do beneficiado e seus familiares, em caso de remoo de um municpio para outro, sujeita comprovao posterior pelo contribuinte (Lei n 7.713, de 1988, art. 6, inciso XX); II - o ganho de capital auferido na alienao de bens e direitos de pequeno valor, cujo preo unitrio de alienao, no ms em que esta se realizar, seja igual ou inferior a vinte mil reais (Lei n 9.250, de 1995, art. 22); III - o ganho de capital auferido na alienao do nico imvel que o titular possua, cujo valor de alienao seja de at quatrocentos e quarenta mil reais, desde que no tenha sido realizada qualquer outra alienao nos ltimos cinco anos (Lei n 9.250, de 1995, art. 23); IV - a alimentao, o transporte e os uniformes ou vestimentas especiais de trabalho, fornecidos gratuitamente pelo empregador a seus empregados, ou a diferena entre o preo cobrado e o valor de mercado (Lei n 7.713, de 1988, art. 6, inciso I); V - o auxlio-alimentao e o auxlio transporte pago em pecnia aos servidores pblicos federais ativos da Administrao Pblica Federal direta, autrquica e fundacional (Lei n 8.460, de 17 de setembro de 1992, art. 22 e 1 e 3, alnea "b", e Lei n 9.527, de 1997, art. 3, e Medida Provisria n 1.783-3, de 11 de maro de 1999, art.1, 2). VI - os valores recebidos por deficiente mental a ttulo de penso, peclio, montepio e auxlio, quando decorrentes de prestaes do regime de previdncia social ou de entidades de previdncia privada (Lei n 8.687, de 20 de julho de 1993, art. 1); VII - as bolsas de estudo e de pesquisa caracterizadas como doao, quando recebidas exclusivamente para proceder a estudos ou pesquisas e desde que os resultados dessas atividades no representem vantagem para o doador, nem importem contraprestao de servios (Lei n 9.250, de 1995, art. 26); VIII - os rendimentos auferidos em contas de depsitos de poupana (Lei n 8.981, de 1995, art. 68, inciso III); IX - o valor locativo do prdio construdo, quando ocupado por seu proprietrio ou cedido gratuitamente para uso do cnjuge ou de parentes de primeiro grau (Lei n 7.713, de 1988, art. 6, inciso III); X - as contribuies empresariais ao Plano de Poupana e Investimento - PAIT (Decreto-Lei n 2.292, de 21 de novembro de 1986, art. 12, inciso III, e Lei n 7.713, de 1988, art. 6, inciso X);

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BRUNO CUNHA GONTIJOXI - as contribuies pagas pelos empregadores relativas a programas de previdncia privada em favor de seus empregados e dirigentes (Lei n 7.713, de 1988, art. 6, inciso VIII); XII - as contribuies pagas pelos empregadores relativas ao Plano de Incentivo Aposentadoria Programada Individual - FAPI, destinadas a seus empregados e administradores, a que se refere a Lei n 9.477, de 24 de julho de 1997; XIII - as dirias destinadas, exclusivamente, ao pagamento de despesas de alimentao e pousada, por servio eventual realizado em municpio diferente do da sede de trabalho, inclusive no exterior (Lei n 7.713, de 1988, art. 6, inciso II); XIV - o dividendo anual mnimo decorrente de quotas do Fundo Nacional de Desenvolvimento (Decreto-Lei n 2.288, de 23 de julho de 1986, art. 5, e Decreto-Lei n 2.383, de 17 de dezembro de 1987, art. 1); XV - o valor dos bens adquiridos por doao ou herana, observado o disposto no art. 119 (Lei n 7.713, de 1988, art. 6, inciso XVI, e Lei n 9.532, de 10 de dezembro de 1997, art. 23 e pargrafos); XVI - a indenizao reparatria por danos fsicos, invalidez ou morte, ou por bem material danificado ou destrudo, em decorrncia de acidente, at o limite fixado em condenao judicial, exceto no caso de pagamento de prestaes continuadas; XVII - a indenizao por acidente de trabalho (Lei n 7.713, de 1988, art. 6, inciso IV); XVIII - a indenizao destinada a reparar danos patrimoniais em virtude de resciso de contrato (Lei n 9.430, de 27 de dezembro de 1996, art. 70, 5); XIX - o pagamento efetuado por pessoas jurdicas de direito pblico a servidores pblicos civis, a ttulo de incentivo adeso a programas de desligamento voluntrio (Lei n 9.468, de 10 de julho de 1997, art. 14); XX - a indenizao e o aviso prvio pagos por despedida ou resciso de contrato de trabalho, at o limite garantido pela lei trabalhista ou por dissdio coletivo e convenes trabalhistas homologados pela Justia do Trabalho, bem como o montante recebido pelos empregados e diretores e seus dependentes ou sucessores, referente aos depsitos, juros e correo monetria creditados em contas vinculadas, nos termos da legislao do Fundo de Garantia do Tempo de Servio - FGTS (Lei n 7.713, de 1988, art. 6, inciso V, e Lei n 8.036, de 11 de maio de 1990, art. 28); XXI - a indenizao em virtude de desapropriao para fins de reforma agrria, quando auferida pelo desapropriado (Lei n 7.713, de 1988, art. 22, pargrafo nico); XXII - a indenizao recebida por liquidao de sinistro, furto ou roubo, relativo ao objeto segurado (Lei n 7.713, de 1988, art. 22, pargrafo nico); XXIII - a indenizao a ttulo reparatrio, de que trata o art. 11 da Lei n 9.140, de 5 de dezembro de 1995, paga a seus beneficirios diretos; XXIV - a indenizao de transporte a servidor pblico da Unio que realizar despesas com a utilizao de meio prprio de locomoo para a execuo de servios externos por fora das atribuies prprias do cargo (Lei n 8.112, de 11 de dezembro de 1990, art. 60, Lei n 8.852, de 7 de fevereiro de 1994, art. 1, inciso III, alnea "b", e Lei n 9.003, de 16 de maro de 1995, art. 7); XXV - os juros produzidos pelas letras hipotecrias (Lei n 8.981, de 1995, art. 68, inciso III); XXVI - os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados no ano-calendrio de 1993, pagos ou creditados pelas pessoas jurdicas tributadas com base no lucro real, a pessoas fsicas residentes ou domiciliadas no Pas (Lei n 8.383, de 1991, art. 75); XXVII - os lucros efetivamente recebidos pelos scios, ou pelo titular de empresa individual, at o montante do lucro presumido, diminudo do imposto de renda da pessoa jurdica sobre ele incidente, proporcional sua participao no capital social, ou no resultado, se houver previso contratual, apurados nos anos-calendrio de 1993 e 1994 (Lei n 8.541, de 23 de dezembro de 1992, art. 20);

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BRUNO CUNHA GONTIJOXXVIII - os lucros e dividendos efetivamente pagos a scios, acionistas ou titular de empresa individual, que no ultrapassem o valor que serviu de base de clculo do imposto de renda da pessoa jurdica tributada com base no lucro presumido, deduzido do imposto correspondente (Lei n 8.981, de 1995, art. 46); XXIX - os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a partir do ms de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurdicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado (Lei n 9.249, de 1995, art. 10); XXX - o peclio recebido pelos aposentados que tenham voltado a trabalhar at 15 de abril de 1994, em atividade sujeita ao regime previdencirio, pago pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS ao segurado ou a seus dependentes, aps a sua morte, nos termos do art. 1 da Lei n 6.243, de 24 de setembro de 1975 (Lei n 7.713, de 1988, art. 6, inciso XI, Lei n 8.213, de 24 de julho de 1991, art. 81, inciso II, e Lei n 8.870, de 15 de abril de 1994, art. 29); XXXI - os valores recebidos a ttulo de penso, quando o beneficirio desse rendimento for portador de doena relacionada no inciso XXXIII deste artigo, exceto a decorrente de molstia profissional, com base em concluso da medicina especializada, mesmo que a doena tenha sido contrada aps a concesso da penso (Lei n 7.713, de 1988, art. 6, inciso XXI, e Lei n 8.541, de 1992, art. 47); XXXII - o montante dos depsitos, juros, correo monetria e quotas-partes creditados em contas individuais pelo Programa de Integrao Social - PIS e pelo Programa de Formao do Patrimnio do Servidor Pblico PASEP (Lei n 7.713, de 1988, art. 6, inciso VI); XXXIII - os proventos de aposentadoria ou reforma, desde que motivadas por acidente em servio e os percebidos pelos portadores de molstia profissional, tuberculose ativa, alienao mental, esclerose mltipla, neoplasia maligna, cegueira, hansenase, paralisia irreversvel e incapacitante, cardiopatia grave, doena de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avanados de doena de Paget (ostete deformante), contaminao por radiao, sndrome de imunodeficincia adquirida, e fibrose cstica (mucoviscidose), com base em concluso da medicina especializada, mesmo que a doena tenha sido contrada depois da aposentadoria ou reforma (Lei n 7.713, de 1988, art. 6, inciso XIV, Lei n 8.541, de 1992, art. 47, e Lei n 9.250, de 1995, art. 30, 2); XXXIV - os rendimentos provenientes de aposentadoria e penso, transferncia para a reserva remunerada ou reforma, pagos pela Previdncia Social da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, por qualquer pessoa jurdica de direito pblico interno, ou por entidade de previdncia privada, at o valor de novecentos reais por ms, a partir do ms em que o contribuinte completar sessenta e cinco anos de idade, sem prejuzo da parcela isenta prevista na tabela de incidncia mensal do imposto (Lei n 7.713, de 1988, art. 6, inciso XV, e Lei n 9.250, de 1995, art. 28); XXXV - as penses e os proventos concedidos de acordo com o Decreto-Lei n 8.794 e o Decreto-Lei n 8.795, ambos de 23 de janeiro de 1946, e Lei n 2.579, de 23 de agosto de 1955, Lei n 4.242, de 17 de julho de 1963, art. 30, e Lei n 8.059, de 4 de julho de 1990, art. 17, em decorrncia de reforma ou falecimento de excombatente da Fora Expedicionria Brasileira (Lei n 7.713, de 1988, art. 6, inciso XII); XXXVI - o valor correspondente ao percentual anual fixo de reduo do ganho de capital na alienao de bem imvel adquirido at 31 de dezembro de 1988 a que se refere o art. 139 (Lei n 7.713, de 1988, art. 18); XXXVII - os valores pagos ao titular ou a scio da microempresa ou empresa de pequeno porte, que optarem pelo SIMPLES, salvo os que corresponderem a pro labore, aluguis ou servios prestados (Lei n 9.317, de 5 de dezembro de 1996, art. 25); XXXVIII - o valor de resgate de contribuies de previdncia privada, cujo nus tenha sido da pessoa fsica, recebido por ocasio de seu desligamento do plano de benefcio da entidade, que corresponder s parcelas de contribuies efetuadas no perodo de 1 de janeiro de 1989 a 31 de dezembro de 1995 (Medida Provisria n 1.749-37, de 11 de maro de 1999, art. 6); XXXIX - os valores dos resgates na carteira dos Fundos de Aposentadoria Programada Individual - FAPI, para mudana das aplicaes entre Fundos institudos pela Lei n 9.477, de 1997, ou para a aquisio de renda junto s instituies privadas de previdncia e seguradoras que operam com esse produto (Lei n 9.477, de 1997, art. 12);

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BRUNO CUNHA GONTIJOXL - os valores resgatados dos Planos de Poupana e Investimento - PAIT, relativamente parcela correspondente s contribuies efetuadas pelo participante (Decreto-Lei n 2.292, de 1986, art. 12, inciso IV, e Lei n 7.713, de 1988, art. 6, inciso IX); XLI - o valor do salrio-famlia (Lei n 8.112, de 1990, art. 200, e Lei n 8.218, de 1991, art. 25); XLII - os rendimentos percebidos pelas pessoas fsicas decorrentes de seguro-desemprego, auxlio-natalidade, auxlio-doena, auxlio-funeral e auxlio-acidente, pagos pela previdncia oficial da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios e pelas entidades de previdncia privada (Lei n 8.541, de 1992, art. 48, e Lei n 9.250, de 1995, art. 27); XLIII - o capital das aplices de seguro ou peclio pago por morte do segurado, bem como os prmios de seguro restitudos em qualquer caso, inclusive no de renncia do contrato (Lei n 7.713, de 1988, art. 6, inciso XIII); XLIV - os seguros recebidos de entidades de previdncia privada decorrentes de morte ou invalidez permanente do participante (Lei n 7.713, de 1988, art. 6, inciso VII, e Lei n 9.250, de 1995, art. 32); XLV - o valor dos servios mdicos, hospitalares e dentrios mantidos, ressarcidos ou pagos pelo empregador em benefcio de seus empregados; XLVI - a diferena a maior entre o valor de mercado de bens e direitos, recebidos em devoluo do capital social e o valor destes constantes da declarao de bens do titular, scio ou acionista, quando a devoluo for realizada pelo valor de mercado (Lei n 9.249, de 1995, art. 22, 4); XLVII - os ganhos lquidos auferidos por pessoa fsica em operaes no mercado vista de aes nas bolsas de valores e em operaes com ouro, ativo financeiro, cujo valor das alienaes realizadas em cada ms seja igual ou inferior a quatro mil, cento e quarenta e trs reais e cinqenta centavos para o conjunto de aes e para o ouro, ativo financeiro, respectivamente (Lei n 8.981, de 1995, art. 72, 8). 1 Para os efeitos do inciso II, no caso de alienao de diversos bens ou direitos da mesma natureza, ser considerado o valor do conjunto dos bens alienados no ms (Lei n 9.250, de 1995, art. 22, pargrafo nico). 2 Para efeito da iseno de que trata o inciso VI, considera-se deficiente mental a pessoa que, independentemente da idade, apresenta funcionamento intelectual subnormal com origem durante o perodo de desenvolvimento e associado deteriorao do comportamento adaptativo (Lei n 8.687, de 1993, art. 1, pargrafo nico). 3 A iseno a que se refere o inciso VI no se comunica aos rendimentos de deficientes mentais originrios de outras fontes de receita, ainda que sob a mesma denominao dos benefcios referidos no inciso (Lei n 8.687, de 1993, art. 2). 4 Para o reconhecimento de novas isenes de que tratam os incisos XXXI e XXXIII, a partir de 1 de janeiro de 1996, a molstia dever ser comprovada mediante laudo pericial emitido por servio mdico oficial da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, devendo ser fixado o prazo de validade do laudo pericial, no caso de molstias passveis de controle (Lei n 9.250, de 1995, art. 30 e 1). 5 As isenes a que se referem os incisos XXXI e XXXIII aplicam-se aos rendimentos recebidos a partir: I - do ms da concesso da aposentadoria, reforma ou penso; II - do ms da emisso do laudo ou parecer que reconhecer a molstia, se esta for contrada aps a aposentadoria, reforma ou penso; III - da data em que a doena foi contrada, quando identificada no laudo pericial. 6 As isenes de que tratam os incisos XXXI e XXXIII tambm se aplicam complementao de aposentadoria, reforma ou penso.

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BRUNO CUNHA GONTIJO 7 No caso do inciso XXXIV, quando o contribuinte auferir rendimentos de mais de uma fonte, o limite de iseno ser considerado em relao soma desses rendimentos para fins de apurao do imposto na declarao (Lei n 9.250, de 1995, arts. 8, 1, e 28). 8 Nos Programas de Alimentao do Trabalhador - PAT, previamente aprovados pelo Ministrio do Trabalho, a parcela paga in natura pela empresa no se configura como rendimento tributvel do trabalhador. 9o O disposto no inciso XIX extensivo s verbas indenizatrias, pagas por pessoas jurdicas, referentes a programas de demisso voluntria.

Ajudas de Custo: os valores pagos em carter indenizatrio destinados a ressarcir os gastos com transporte, frete e locomoo do beneficiado e seus familiares, em caso de remoo de um municpio para outro ou para o exterior. A efetiva remoo est sujeita comprovao posterior pelo beneficirio, a qualquer momento, por meio de documentos emitidos pelo empregador. Bolsas de estudo: so considerados isentos tais rendimentos desde que caracterizem doao, ou seja, quando recebidos exclusivamente para proceder a estudo ou pesquisa e o resultado dessas atividades no represente vantagem para o doador e no caracterize contraprestao de servios. Os rendimentos isentos recebidos a ttulo de bolsa de estudos no justificam acrscimo patrimonial. (Lei n. 9.250/1995). Cadernetas de Poupana: medida normativa adotada em 2009, em que o objetivo ser a tributao pelo imposto de renda sobre as cadernetas de poupana com depsitos superiores a R$ 50.000,00 a partir de 2010. A medida tem como objetivo impedir que, com a queda da taxa bsica de juros, a SELIC, a poupana se torne mais rentvel que os fundos de investimento no Pas, provocando uma migrao de recursos. a) Limite de iseno: estaro isentos os rendimentos mensais de at R$ 250,00, o que corresponde ao rendimento mensal de uma caderneta de poupana com saldo de R$ 50.000,00. Tal situao indica que pessoas com depsitos inferiores ao referido valor no sero submetidos tributao. b) clculo do IR sobre os rendimentos: o rendimento da poupana calculado atualmente pela Taxa Referencial + 0,5% ao ms. Apenas esses 0,5% sero tributados. Desse rendimento, subtraem-se os R$ 250,00 do limite de iseno previsto na legislao, chegando-se base de clculo bruta do tributo. Sobre essa base, ser aplicado um redutor, que definido pela taxa bsica de juros vigente no momento. Aps essa operao, ser obtido o rendimento tributvel. Exemplo em depsito equivalente a R$ 200.000,00 na poupana, com a SELIC em 9% ao ano O rendimento total no ms de R$ 1.067,07, sendo R$ 67,07 pela TR (isento) e R$ 1.000,00 pelo adicional da poupana, de 0,5% - esse o rendimento que ser usado para calcular a tributao. Subtrai-se a faixa de iseno de R$ 250,00: RS 1.000,00 - R$ 250.00 = 750,00 (base de clculo bruta) Aplica-se o redutor (com a SELIC em 9%, o redutor de 70%) R$ 750,00 - R$ 525,00 = R$ 225,00 (rendimento tributvel) A alquota do imposto de renda ser cobrada, portanto, apenas sobre o rendimento tributvel. A alquota da tributao obedecer o total de rendimentos, incluindo poupana, recebidos pela pessoa, ou seja, se o contribuinte recebeu rendimentos totais equivalentes alquota de 27,5%, essa ser a taxa incidente sobre a remunerao da poupana.

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BRUNO CUNHA GONTIJOVeja a tabela do redutor a ser aplicado no rendimento da poupana, de acordo com a taxa SELIC: Selic entre zero e 7,25% ao ano - redutor de 0% Selic entre 7,25% e 7,75% ao ano - redutor de 20% Selic entre 7,75% e 8,25% ao ano - redutor de 40% Selic entre 8,25% e 8,75% ao ano - redutor de 60% Selic entre 8,75% e 10% ao ano - redutor de 70% Selic entre 10% e 10,5% ao ano - redutor de 80% Selic acima de 10,5% ao ano - redutor de 100%

c) cobrana do tributo: a tributao definitiva ser feita na declarao anual de ajuste do imposto de renda, com base na soma dos rendimentos tributveis mensais totais do contribuinte. Haver reteno na fonte, que ser feita com base na tabela do imposto de renda vigente no momento do crdito do rendimento. Considerando que o limite de iseno da tabela do IRPF para o ano calendrio 2010, ano exerccio 2011 dever ser de R$ 1.499,15 por ms, isto significa que somente haver recolhimento na fonte para aplicaes com saldo muito elevado. A tabela abaixo apresenta o saldo de depsitos por instituio financeira a partir do qual dever haver recolhimento na fonte em 2010: Com a Selic em 7% ao ano - depsito a partir de R$ 349.830,00 Com a Selic em 8% ao ano - depsito a partir de R$ 549.716,67 Com a Selic em 9% ao ano - depsito a partir de R$ 1.049.433,33 Com a Selic em 10% ao ano - depsito a partir de R$ 1.549.150,00

d) aplicao da legislao quanto a tributao da poupana: a tributao valer para os perodos de rendimento iniciados a partir de janeiro de 2010, ou seja, poder haver recolhimento na fonte para os crditos de rendimentos realizados a partir de fevereiro de 2010. A consolidao da tributao relativa aos rendimentos recebidos em 2010 ocorrer na declarao anual de ajuste de 2011. e) tributao de contribuintes que possuem como nica fonte de renda os rendimentos da caderneta de poupana: segundo o Ministrio da Fazenda, as pessoas que no tm outras fontes de renda tributvel tero um limite de iseno de IRPF mais elevado que os demais contribuintes, calculado com base na taxa SELIC. Exemplificando, para uma SELIC de 8,5%, uma pessoa que no tenha outra fonte de renda s ser tributada se o saldo da poupana for superior a R$ 986.000,00. Dirias: Conceituam-se dirias, para esse efeito, os valores pagos em carter acidental e transitrio, embora possam estender-se por um ms ou mais, bem como ocorrer em vrios meses do ano, destinados a cobrir, exclusivamente, despesas de alimentao e pousada, em virtude de deslocamento de empregado, funcionrio ou diretor, para municpio diferente de sua sede profissional, no desempenho de seu emprego, cargo ou funo, para efetuar servio eventual por conta do empregador. Como as dirias no esto sujeitas a qualquer tipo de acerto quando do retorno do deslocamento, e para prevenir a hiptese de se tornarem um instrumento de complementao salarial, desviando-se do seu conceito legal de reembolso de despesas de alimentao e pousada, exclusivamente, alm das regras acima mencionadas, necessrio, para fins de iseno do imposto sobre a renda, que: a) os valores pagos a esse ttulo guardem critrios de razoabilidade, no s em relao aos preos vigentes na localidade para a qual se deslocar o servidor, como tambm em razo da importncia que este ocupar na hierarquia da empresa ou rgo concedente; b) as dirias no visem indenizar gastos com pessoas sem vnculo com o empregador, como o caso de esposa e filhos do empregado, funcionrio ou diretor; c) correspondam a despesas de alimentao, pousada e correlatas no local da prestao do servio eventual e temporrio; e

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BRUNO CUNHA GONTIJOd) a qualquer momento, possam ser comprovadas mediante apresentao do bilhete de passagem ou nota fiscal de servio e o recibo do estabelecimento hoteleiro, no qual constem o nome do servidor, o efetivo deslocamento deste, bem como os valores desembolsados pelo empregador. Os adiantamentos de recursos para atender s despesas de viagens e estadas, quando sujeitos a posterior prestao de contas, no se enquadram como dirias; entretanto, no compem o rendimento bruto do servidor, desde que devidamente comprovados, o deslocamento e as despesas efetuadas, conforme acima exposto. Doaes: As doaes recebidas em bens mveis e bens imveis devem ser declaradas pelo donatrio relacionando na coluna Discriminao da Declarao de Bens e Direitos as doaes recebidas, com a indicao do nome e do nmero de inscrio no CPF do doador, informando na coluna do ano calendrio o valor do bem ou direito recebido e o valor correspondente doao em rendimentos isentos e no-tributveis; o doador deve informar no item relativo ao bem doado, na coluna Discriminao da Declarao de Bens e Direitos, o nome e o nmero de inscrio no CPF de quem recebeu a doao, deixando no preenchida a coluna ano calendrio da doao. As doaes recebidas em dinheiro devem ser includas em rendimentos isentos e no-tributveis, informando o nome, o nmero de inscrio no CPF do doador, a data e o valor recebido na coluna Discriminao da Declarao de Bens e Direitos, deixando de preencher a coluna situao em 31 de dezembro. Heranas e Legados: a tributao dos bens recebidos por herana ou legado obedecem a inexistncia de diferena a maior entre o valor informado na ltima declarao de rendimentos e o valor da transferncia da propriedade pela herana ou legado. Na transferncia do direito de propriedade por sucesso, nos casos de herana ou legado, deve ser observado o seguinte: a) se os bens ou direitos forem transferidos por valor superior ao anteriormente declarado, a diferena positiva entre o valor de transmisso e o valor constante na ltima Declarao de Bens e Direitos do de cujus ou o custo de aquisio, tributada alquota de 15%; a.1) nesta hiptese, o contribuinte do imposto o esplio, devendo ser preenchido, utilizandose o programa gerador especfico, o Demonstrativo da Apurao dos Ganhos de Capital e exportado o resultado para a Declarao Final de Esplio; a.2) o Darf do pagamento do imposto deve ser preenchido em nome do esplio e o imposto devido sobre ganho de capital deve ser pago pelo inventariante at 30 (trinta) dias do trnsito em julgado da deciso judicial da partilha, sobrepartilha ou adjudicao ou lavratura da escritura pblica. b) se a transferncia for pelo valor constante na ltima Declarao de Bens e Direitos do de cujus, no h ganho de capital no ato da transferncia; c) a opo pelo valor constante na ltima Declarao de Bens e Direitos do de cujus ou por valor superior a este ser feita em relao a cada um dos bens transferidos; d) o herdeiro ou legatrio deve incluir os bens ou direitos, em sua Declarao de Bens e Direitos, pelo valor de transmisso, o qual constitui custo para efeito de apurao de ganho de capital numa eventual alienao futura. Indenizaes decorrentes do trmino do pacto contratual de trabalho: A indenizao paga por despedida ou resciso de contrato de trabalho, at o limite garantido pela lei trabalhista ou por dissdio coletivo e convenes trabalhistas homologados pela Justia do Trabalho, bem como o montante recebido pelos empregados e diretores e seus dependentes ou sucessores, referente aos depsitos, juros e correo monetria creditados em contas vinculadas, nos termos da legislao do Fundo de Garantia do Tempo de Servio FGTS so isentos do imposto sobre a renda. Enquadram-se nesse conceito a indenizao do tempo de servio anterior opo pelo FGTS, nos limites fixados na legislao trabalhista, quer seja ela percebida pelo prprio empregado ou por seus dependentes aps o falecimento do assalariado. O que exceder s verbas acima descritas ser considerado liberalidade do

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BRUNO CUNHA GONTIJOempregador e tributado como rendimento do trabalho assalariado. Quanto ao aviso prvio, apenas o no trabalhado isento. Indenizaes por atos ilcitos: Os prejuzos fsicos ou materiais, em conseqncia de ato ilcito praticado por terceiros, so indenizveis na forma da lei civil. Essas indenizaes tm por finalidade repor o patrimnio danificado ou destrudo, bem como substituir os rendimentos no percebidos em decorrncia da perda do bem, de invalidez temporria, permanente ou de morte. As indenizaes por ato ilcito podem ser: a) indenizaes por bem material danificado ou destrudo, denominadas "danos emergentes". So valores que visam exclusivamente repor o bem destrudo ou a reparar o bem danificado, at o limite fixado em condenao judicial. No sofrem incidncia do imposto sobre a renda; b) indenizao reparatria por invalidez ou morte - o pagamento dessa indenizao pode ocorrer das seguintes maneiras: b.1) quantia paga periodicamente, cujo total indeterminvel previamente (desconhecido o termo final da obrigao), caracteriza-se como penso civil por ato ilcito, tambm denominada "lucros cessantes". Sob essa designao, o empregado postula os salrios que deixa de perceber; o profissional liberal, os honorrios; a pessoa jurdica, os lucros; o locador, o aluguel; o aplicador, os rendimentos do ttulo (correo monetria, desgios, juros e outros). Tem por finalidade substituir os rendimentos que a vtima deixou de perceber em razo da invalidez ou morte. Tais valores devem ser oferecidos tributao, no ms do seu recebimento e na declarao. Podem ser deduzidas as despesas judiciais ou extrajudiciais suportadas pelo contribuinte ou por seu beneficirio para a obteno dos rendimentos pagos acumuladamente, desde que no ressarcidas; b.2) quantia certa paga de uma vez ou dividida em um nmero certo de parcelas - referindose ao ressarcimento dos danos anteriormente causados e guardando com eles equivalncia caracteriza-se como indenizao. Esses valores no sofrem incidncia do imposto sobre a renda. Na hiptese da aliena b, as quantias recebidas para cobrir despesas mdico-hospitalares necessrias ao restabelecimento da vtima, inclusive prteses de qualquer espcie, esto fora do campo de incidncia do imposto sobre a renda. Penso, Aposentadoria, Reserva Remunerada ou Reforma: Somente esto isentos a penso e os proventos da inatividade pagos pela Previdncia Social da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, por pessoa jurdica de direito pblico interno ou por entidade de previdncia privada, a partir do ms em que o pensionista ou inativo completar 65 anos de idade, at o valor de R$ 1.434,59, por ms, para o ano calendrio de 2009, sem prejuzo da parcela isenta prevista na tabela de incidncia mensal do imposto. O valor excedente a esse limite est sujeito incidncia do imposto sobre a renda na fonte e na declarao. O fato de o pensionista ou aposentado ser includo como dependente no modifica a natureza do rendimento devendo, nesse caso, o declarante incluir os rendimentos recebidos a esse ttulo, at a soma dos limites de iseno mensal da tabela progressiva, inclusive a parcela isenta do 13 salrio, em rendimentos isentos e no-tributveis. Penso ou Aposentadoria decorrente de doena grave: So rendimentos isentos os relativos a aposentadoria, reforma ou penso (inclusive complementaes) recebidos por portadores de tuberculose ativa, alienao mental, esclerose mltipla, neoplasia maligna, cegueira, hansenase, paralisia irreversvel e incapacitante, cardiopatia grave, doena de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avanados da doena de Paget (ostete deformante), contaminao por radiao, sndrome da imunodeficincia adquirida (Aids), hepatopatia grave e fibrose cstica (mucoviscidose). A partir de 24 de junho de 2008, so tambm isentos do imposto sobre a renda a penso especial, mensal, vitalcia e intransfervel, recebida pelos portadores da deficincia fsica conhecida como "Sndrome da Talidomida. Nos termos da Lei n. 9.250/1995 para efeito de reconhecimento de iseno, a doena deve ser comprovada mediante laudo pericial emitido por servio mdico oficial da Unio, dos Estados, do DF e dos Municpios, devendo ser fixado o prazo de

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BRUNO CUNHA GONTIJOvalidade do laudo pericial, no caso de doenas passveis de controle. Da mesma forma isenta do imposto sobre a renda a complementao de aposentadoria, reforma ou penso, recebida de entidade de previdncia privada, Fundo de Aposentadoria Programada Individual (Fapi) ou Programa Gerador de Benefcio Livre (PGBL), exceto a penso decorrente de doena profissional, sendo que a iseno no se aplica aos resgates de tais valores. Rendimentos acumulados em decorrncia do reconhecimento de doena grave: Os rendimentos recebidos de aposentadoria ou penso, embora acumuladamente, no sofrem tributao, por fora do disposto na Lei n 7.713/1988, art. 6, inciso XIV, que isenta referidos rendimentos recebidos por portador de doena grave. A iseno aplica-se aos rendimentos de aposentadoria, reforma ou penso inclusive os recebidos acumuladamente relativos a perodo anterior data em que foi contrada a molstia grave, desde que percebidos a partir: a) do ms da concesso da penso, aposentadoria ou reforma, se a doena for preexistente ou a aposentadoria ou reforma for por ela motivada; b) do ms da emisso do laudo pericial que reconhecer a doena, contrada aps a aposentadoria, reforma ou concesso da penso; c) da data em que a doena for contrada, quando identificada no laudo pericial emitido posteriormente concesso da penso, aposentadoria ou reforma. Quitao de SFH em virtude de invalidez ou falecimento: O valor correspondente ao saldo devedor quitado por motivo de invalidez permanente ou morte do muturio no se sujeita tributao pelo imposto sobre a renda.

1.2 Elemento Temporal O elemento temporal representa o momento da ocorrncia do fato gerador da obrigao tributria. No caso do IRPF o fato gerador pode ser entendido como complexivo, ou seja, ocorrente a cada aquisio de disponibilidade econmica ou jurdica de renda ou proventos, consolidando-se em 31 de dezembro de cada ano (ano calendrio), sendo que at 30 de abril do ano seguinte (ano exerccio) o contribuinte obrigado a apresentar a declarao de ajuste anual que uma obrigao acessria. A legislao impe ao sujeito passivo que realize antecipaes ou sofra retenes mensais dentro do ano calendrio, sendo que no exerccio subsequente deve o contribuinte efetuar o ajuste das rendas e proventos percebidos, apurando o imposto devido e compensando os montantes adimplidos de forma antecipada. Ressalte-se que, enquanto o momento de ocorrncia do fato gerador somente pode ser estabelecido por lei, por forca do princpio da reserva legal tributria, conforme art. 97 do CTN, o prazo de vencimento ou recolhimento do tributo pode ser determinado por norma infralegal (decreto, portaria, etc).Lei n. 8.134/1990 Art. 11 O saldo do imposto a pagar ou restituir na declarao anual ser determinado com observncia das seguintes normas: I ser apurado o imposto progressivo mediante aplicao da tabela sobre a base de clculo; II ser deduzido o valor original, excluda a correo monetria do imposto pago ou retido na fonte durante o ano-base, correspondente a rendimentos includos na base de clculo.

importante considerar que o fato gerador do imposto de renda sobre pessoas fsicas anual, com exceo dos rendimentos sujeitos tributao exclusiva na fonte e definitiva, assim expressamente definidas em lei. Nestes casos excepcionais, no existe possibilidade de ajuste anual da tributao, tal como ocorre com os ganhos de capital e o dcimo terceiro salrio.

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BRUNO CUNHA GONTIJOCom relao apurao do imposto, deve-se ressaltar que o IRPF adota o regime de caixa (regime conhecido como PAYE pay as you earn distinto do regime aplicvel a contabilidade das pessoas jurdicas, que segue o regime de competncia), ou seja, os rendimentos so considerados no momento de sua disponibilidade, jurdica ou econmica para o contribuinte. A exceo se aplica s atividades rurais em que o contribuinte pode compensar prejuzos de exerccios anteriores na apurao do resultado do ano calendrio vigente. Dessa forma, se determinado sujeito durante no ano calendrio de 2009 auferir rendimentos no valor global de R$ 200.000,00, este ser o valor informado na DIRPF, que conter todas as informaes acerca dos rendimentos recebidos entre o primeiro e o ltimo dia do referido perodo anual. 1.3 Elemento Espacial O IRPF abrange as rendas universalmente auferidas, independentemente de sua origem, sendo, portanto tributveis: a) os rendimentos auferidos por residentes no Brasil, relativos a fatos geradores ocorridos no pas; b) os rendimentos auferidos por residentes no Brasil, ainda que decorrentes de fatos geradores ocorridos no exterior; c) os rendimentos auferidos por no residentes no Brasil,em relao a fatos geradores ocorridos no pas. No se sujeitam a tributao pelo IRPF somente os rendimentos auferidos por no residentes no Brasil quanto aos fatos geradores ocorridos no exterior.IN RFB n 918/2009 Art. 2 Considera-se residente no Brasil, a pessoa fsica: I - que resida no Brasil em carter permanente; II - que se ausente para prestar servios como assalariada a autarquias ou reparties do Governo brasileiro situadas no exterior; III - que ingresse no Brasil: a) com visto permanente, na data da chegada; b) com visto temporrio: 1. para trabalhar com vnculo empregatcio, na data da chegada; 2. na data em que complete 184 dias, consecutivos ou no, de permanncia no Brasil, dentro de um perodo de at doze meses; 3. na data da obteno de visto permanente ou de vnculo empregatcio, se ocorrida antes de completar 184 dias, consecutivos ou no, de permanncia no Brasil, dentro de um perodo de at doze meses; IV - brasileira que adquiriu a condio de no-residente no Brasil e retorne ao Pas com nimo definitivo, na data da chegada; V - que se ausente do Brasil em carter temporrio ou se retire em carter permanente do territrio nacional sem entregar a Declarao de Sada Definitiva do Pas, durante os primeiros doze meses consecutivos de ausncia. Pargrafo nico. Para fins do disposto no inciso III, "b", item 2, do caput, caso, dentro de um perodo de doze meses, a pessoa fsica no complete 184 dias, consecutivos ou no, de permanncia no Brasil, novo perodo de at doze meses ser contado da data do ingresso seguinte quele em que se iniciou a contagem anterior.

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BRUNO CUNHA GONTIJOIN RFB n 918/2009 Art. 3 Considera-se no-residente no Brasil, a pessoa fsica: I - que no resida no Brasil em carter permanente e no se enquadre nas hipteses do art. 2; II - que se retire em carter permanente do territrio nacional, na data da sada, ressalvado o disposto no inciso V do art. 2; III - que, na condio de no-residente, ingresse no Brasil para prestar servios como funcionria de rgo de governo estrangeiro situado no Pas, ressalvado o disposto no inciso IV do art. 2; IV - que ingresse no Brasil com visto temporrio: a) e permanea at 183 dias, consecutivos ou no, em um perodo de at doze meses; b) at o dia anterior ao da obteno de visto permanente ou de vnculo empregatcio, se ocorrida antes de completar 184 dias, consecutivos ou no, de permanncia no Brasil, dentro de um perodo de at doze meses; V - que se ausente do Brasil em carter temporrio, a partir do dia seguinte quele em que complete doze meses consecutivos de ausncia. 1 Para fins do disposto no inciso IV, "a", do caput, caso, dentro de um perodo de doze meses, a pessoa fsica no complete 184 dias, consecutivos ou no, de permanncia no Brasil, novo perodo de at doze meses ser contado da data do ingresso seguinte quele em que se iniciou a contagem anterior. 2o A pessoa fsica no-residente que receba rendimentos de fonte situada no Brasil deve comunicar fonte pagadora tal condio, por escrito, para que seja feita a reteno do imposto de renda, observado o disposto nos arts. 35 a 45.

2. BASE DE CLCULO DO IMPOSTO A base de clculo um dos fatores que compem o elemento quantitativo do fato gerador do IRPF, significa o montante a partir do qual resta determinado o quantum da obrigao tributria, no imposto de renda das pessoas fsicas tal elemento conhecido a partir da conjugao de alquotas progressivas e de determinada base de clculo. A base de clculo do imposto de renda das pessoas fsicas so os rendimentos lquidos, ou seja, a renda e os proventos brutos, diminudos das dedues permitidas em lei, ou do desconto simplificado no percentual de 20% do total dos rendimentos tributveis. No ano calendrio de 2010, relativamente a DIRPF a ser apresentada no exerccio de 2011, a tabela mensal aplicvel est prevista na Lei n 11.944/2009 que deu nova redao ao art. 1 da Lei n 11.482/2007, trazendo cinco faixas de tributao, considerado o limite de iseno.Base de clculo mensal em R$ At 1.499,15 De 1.499,16 at 2.246,75 De 2.246,76 at 2.995,70 De 2.995,71 at 3.743,19 Acima de 3.743,19 Alquota % 7,5 15,0 22,5 27,5 Parcela a deduzir do imposto em R$ 112,43 280,94 505,62 692,78

A tabela progressiva anual, aplicvel aos fatos geradores do ano calendrio de 2010, pode ser calculada a partir da soma das doze tabelas mensais:

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BRUNO CUNHA GONTIJOBase de clculo anual em R$ At 17.989,80 De 17.989,81 at 16.961,00 De 16.961,01 at 35.948,40 De 35.948,41 at 44.918,28 Acima de 44.918,29 Alquota % 7,5 15,0 22,5 27,5 Parcela a deduzir do imposto em R$ 1.349,16 3.371,28 6.067,44 8.313,36

Contudo, importante esclarecer que at a preparao do material, o Ministrio da Fazenda ainda no havia disponibilizado a nova tabela do IRPF referente ao ano calendrio 2010, ano exerccio 2011, restando somente a informao de que o limite anual de iseno para o mencionado perodo seria de R$ 22.487,25, equivalente a R$ 1.873,94 ao ms. Determinado cidado que receba, em determinado ms do ano calendrio de 2009, salrio de R$ 5.000,00. Aplicando-se a tabela progressiva mensal anterior, ele sofrer as seguintes retenes: 01. dos R$ 5.000,00 que recebe mensalmente, os primeiros R$ 1.499.15 so isentos, e por isso o imposto sobre esta parcela equivalente a zero Imposto = 0% x R$ 1.499,15 = R$ 0,00 02. entre R$ 1.499,16 e R$ 2.246,75 a alquota 7,5%, ou seja, a renda entre essas duas faixas tributada alquota de 7,5% Imposto = 7,5% x (R$ 2.246,75 R$ 1.499,16) = Imposto = 7,5% x R$ 747,59 = R$ 56,07 03. entre R$ 2.246,76 e R$ 2.995,70 a alquota 15%, ou seja, a renda entre essas duas faixas tributada alquota de 15% Imposto = 15% x (R$ 2.995,70 2.246,76) = Imposto = 15% x R$ 748,94 = R$ 112,34 04. entre R$ 2.995,71 e R$ 3.743,19 a alquota 22,5%, ou seja, a renda entre essas duas faixas tributada alquota de 22,5% Imposto = 22,5% x (R$ 3.743,19 R$ 2.995,71) = Imposto = 22,5% x R$ 747,48 = R$ 168,18 05. para a renda acima de R$ 3.743,19 a alquota aplicvel de 27,5% Imposto = 27,5% x (R$ 5.000,00 R$ 3.743,19) = Imposto = 27,5% x R$ 1.256,81 = R$ 345,62 O imposto, includas as parcelas calculadas nas cinco faixas acima mencionadas ser equivalente a R$ 0,00 + R$ 56,07 + R$ 112,34 + R$ 168,18 + R$ 345,62 = R$ 682,22 As parcelas a deduzir tm a funo de tornar contnuo o nus do imposto. A primeira parcela a deduzir sempre ser equivalente a zero tendo em vista que a primeira alquota tambm zero (iseno da primeira faixa de tributao). As demais parcelas a deduzir podem ser calculadas em sentido inverso, partindo dos valores apurados para cada faixa de renda.

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BRUNO CUNHA GONTIJOExemplificando, se para uma renda tributvel de R$ 5.000,00 enquadrvel na quinta faixa de incidncia com alquota de 27,5% o imposto progressivamente calculado de R$ 682,22 ento a parcela a deduzir deve ser equivalente a R$ 692,78. Parcela a deduzir = (R$ 5.000,00 x 27,5%) - R$ 682,22 Parcela a deduzir = R$ 1.375,00 R$ 682,22 = 692,78 Considerando ento o montante tributvel e a necessria deduo prevista para manter contnua a tributao temos que determinada renda de R$ 5.000,00, no ano calendrio de 2010, gera obrigao tributria decorrente do imposto de renda equivalente a R$ 682,22 seno vejamos: Imposto de Renda = (base de clculo x alquota) parcela a deduzir Imposto de Renda = (R$ 5.000,00 x 27,5%) R$ 692,78 = R$ 682,22 2.1 Momento de Pagamento do IRPF Sendo o IRPF um tributo de natureza complexiva, a soma de todos os rendimentos auferidos durante o ano calendrio deve ser levada ao ajuste anual. Se no ajuste for apurado saldo do imposto a pagar, esta obrigao ter vencimento no ltimo dia do ms de abril do ano de exerccio subseqente ao ano calendrio ajustvel. Comumente a Secretaria da Receita Federal do Brasil concede parcelamentos aos contribuintes do IRPF, sendo que em referncia ao ano calendrio de 2010, o pagamento poderia ser realizado em at 08 quotas iguais, mensais e sucessivas. Com relao ao parcelamento especfico do IRPF relativo ao ano calendrio de 2010, coube IN SRF n 1.007/2010 determinar as condies gerais para o procedimento.IN SRF n 1.007/2010 Art. 10. O saldo do imposto pode ser pago em at 8 (oito) quotas, mensais e sucessivas, observado o seguinte: I - nenhuma quota deve ser inferior a R$ 50,00 (cinquenta reais); II - o imposto de valor inferior a R$ 100,00 (cem reais) deve ser pago em quota nica; III - a 1 (primeira) quota ou quota nica deve ser paga at o ltimo dia do prazo de que trata o caput do art. 5; IV - as demais quotas devem ser pagas at o ltimo dia til de cada ms, acrescidas de juros equivalentes taxa referencial do Sistema Especial de Liquidao e de Custdia (Selic), acumulada mensalmente, calculados a partir da data prevista para a apresentao da declarao at o ms anterior ao do pagamento, e de 1% (um por cento) no ms do pagamento. 1 facultado ao contribuinte: I - antecipar, total ou parcialmente, o pagamento do imposto ou das quotas, no sendo necessrio, nesse caso, apresentar declarao retificadora com a nova opo de pagamento; II - ampliar o nmero de quotas do imposto inicialmente previsto na declarao, at a data de vencimento da ltima quota desejada, observado o disposto no caput, mediante a apresentao de declarao retificadora ou o acesso ao stio da RFB na Internet, opo Extrato da DIRPF, no endereo referido no inciso I do art. 3. 2 O pagamento integral do imposto ou de suas quotas e de seus respectivos acrscimos legais pode ser efetuado das seguintes formas: I - transferncia eletrnica de fundos por meio de sistemas eletrnicos das instituies financeiras autorizadas pela RFB a operar com essa modalidade de arrecadao;

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BRUNO CUNHA GONTIJOII - em qualquer agncia bancria integrante da rede arrecadadora de receitas federais, mediante Documento de Arrecadao de Receitas Federais (Darf), no caso de pagamento efetuado no Brasil; III - dbito automtico em conta corrente bancria. (...) 6 O imposto que resultar em valor inferior a R$ 10,00 (dez reais) deve ser adicionado ao imposto correspondente a exerccios subsequentes, at que seu total seja igual ou superior ao referido valor, quando, ento, deve ser pago ou recolhido no prazo estabelecido na legislao para este ltimo exerccio.

Exemplificando, acaso determinado sujeito apurasse saldo a pagar do IRPF equivalente a R$ 8.000,00 e optasse pelo parcelamento concedido pela legislao com relao ao ano exerccio de 2007, a distribuio das quatro parcelas iniciais assim se dariam: Quota 1 2 3 Vencimento 30/04/2011 31/05/2011 29/06/2011 Valor (R$) 1.000,00 1.000,00 1.000,00 Juros 1% 1% + SELIC maio/11 = 1% + 1,03% = 2,03% 1% + SELIC maio/11 + SELIC junho/11 = 1% + 1,03% + 0,91% = 2,94% Juros (R$) 10,00 20,30 Total (R$) 1.000,00 1.010,00 1.020,30

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31/07/2011

1.000,00

29,40

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O parcelamento do IRPF prev datas de vencimento para cada uma das quotas, sendo que em caso de atraso no pagamento de alguma destas incide alm dos juros (funo de atualizao do valor), multa de mora no percentual de 0,33% por dia de atraso contada a partir do dia til subseqente ao vencimento previsto. O percentual mximo de multa moratria de 20%.

3. CONTRIBUINTES DO IMPOSTO O sujeito passivo do IRPF a pessoa que deve figurar no plo passivo da relao jurdica tributria. A sujeio passiva pode ocorrer sob a forma de contribuinte (sujeito passivo direto) ou de responsvel (sujeito passivo indireto), conforme art. 121, pargrafo nico do CTN.Cdigo Tributrio Nacional Lei 5.172/66 Art. 121. Sujeito passivo da obrigao principal a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniria. Pargrafo nico. O sujeito passivo da obrigao principal diz-se: I - contribuinte, quando tenha relao pessoal e direta com a situao que constitua o respectivo fato gerador; II - responsvel, quando, sem revestir a condio de contribuinte, sua obrigao decorra de disposio expressa de lei.

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BRUNO CUNHA GONTIJOA regra geral da sujeio passiva indica que todos podem figurar no plo passivo da relao jurdica tributria com exceo dos mortos (o esplio o responsvel tributrio), dos animais e das coisas. Conclusivamente pode se afirmar que so sujeitos passivos do imposto de renda as pessoas fsicas domiciliadas ou residentes no Brasil, titulares de disponibilidade econmica ou jurdica de proventos e rendas de qualquer natureza e de qualquer origem, mesmo que pagos por fontes situadas no exterior. So tambm considerados sujeitos passivos as pessoas fsicas residentes no exterior, quanto aos fatos geradores ocorridos no Brasil.Decreto n. 3.000/1999 Art. 2 As pessoas fsicas domiciliadas ou residentes no Brasil, titulares de disponibilidade econmica ou jurdica de renda ou proventos de qualquer natureza, inclusive rendimentos e ganhos de capital, so contribuintes do imposto de renda, sem distino da nacionalidade, sexo, idade, estado civil ou profisso (Lei n 4.506, de 30 de novembro de 1964, art. 1, Lei n 5.172, de 25 de outubro de 1966, art. 43, e Lei n 8.383, de 30 de dezembro de 1991, art. 4). 1 So tambm contribuintes as pessoas fsicas que perceberem rendimentos de bens de que tenham a posse como se lhes pertencessem, de acordo com a legislao em vigor (Decreto-Lei n 5.844, de 23 de setembro de 1943, art. 1, pargrafo nico, e Lei n 5.172, de 1966, art. 45). 2 O imposto ser devido medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos, sem prejuzo do ajuste estabelecido no art. 85 (Lei n 8.134, de 27 de dezembro de 1990, art. 2).

A capacidade civil do sujeito no condio de determinao acerca da exigibilidade do imposto de renda, dessa forma em conformidade com a situao apresentada, tais sujeitos sero representados (incapacidade absoluta) ou assistidos (incapacidade relativa) conforme determinao da legislao civil.Decreto n. 3.000/1999 Art. 4 Os rendimentos e ganhos de capital de que sejam titulares menores e outros incapazes sero tributados em seus respectivos nomes, com o nmero de inscrio prprio no Cadastro de Pessoas Fsicas - CPF (Lei n 4.506, de 1964, art. 1, e Decreto-Lei n 1.301, de 31 de dezembro de 1973, art. 3). 1 O recolhimento do tributo e a apresentao da respectiva declarao de rendimentos so da responsabilidade de qualquer um dos pais, do tutor, do curador ou do responsvel por sua guarda (Decreto-Lei n 5.844, de 1943, art. 192, pargrafo nico, e Lei n 5.172, de 1966, art. 134, incisos I e II). 2 Opcionalmente, os rendimentos e ganhos de capital percebidos por menores e outros incapazes, ainda que em valores inferiores ao limite de iseno (art. 86), podero ser tributados em conjunto com os de qualquer um dos pais, do tutor ou do curador, sendo aqueles considerados dependentes. 3 No caso de menores ou de filhos incapazes, que estejam sob a responsabilidade de um dos pais, em virtude de sentena judicial, a opo de declarao em conjunto somente poder ser exercida por aquele que detiver a guarda.

A exigncia do IRPF independe da nacionalidade, da idade, do sexo ou da profisso da pessoa, bastando que o sujeito se enquadre no conceito de residente no pas quando seguir as normas gerais de tributao ou de no residente quando qualquer rendimento recebido no Brasil ser submetido tributao exclusiva na fonte. Observe que esta regra sobrepe-se ao dispositivo de vigncia espacial da lei tributria conforme apresentado no art. 102 do CTN, alcanando indistintamente rendimentos de: a) residentes no Brasil com relao a fatos geradores ocorridos fora do pas. b) rendimentos de no residentes no Brasil em relao a fatos geradores ocorridos no pas.

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BRUNO CUNHA GONTIJOCdigo Tributrio Nacional Lei 5.172/66 Art. 102. A legislao tributria dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios vigora, no Pas, fora dos respectivos territrios, nos limites em que lhe reconheam extraterritorialidade os convnios de que participem, ou do que disponham esta ou outras leis de normas gerais expedidas pela Unio. Decreto n. 3.000/1999 Art. 3 A renda e os proventos de qualquer natureza percebidos no Pas por residentes ou domiciliados no exterior ou a eles equiparados, conforme o disposto nos arts. 22, 1, e 682, esto sujeitos ao imposto de acordo com as disposies do Livro III (Decreto-Lei n 5.844, de 1943, art. 97, e Lei n 7.713, de 22 de dezembro de 1988, art. 3, 4).

3.1 Domiclio TributrioCdigo Tributrio Nacional Lei 5.172/66 Art. 127. Na falta de eleio, pelo contribuinte ou responsvel, de domiclio tributrio, na forma da legislao aplicvel, considera-se como tal: I - quanto s pessoas naturais, a sua residncia habitual, ou, sendo esta incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua atividade; II - quanto s pessoas jurdicas de direito privado ou s firmas individuais, o lugar da sua sede, ou, em relao aos atos ou fatos que derem origem obrigao, o de cada estabelecimento; III - quanto s pessoas jurdicas de direito pblico, qualquer de suas reparties no territrio da entidade tributante. 1 Quando no couber a aplicao das regras fixadas em qualquer dos incisos deste artigo, considerar-se- como domiclio tributrio do contribuinte ou responsvel o lugar da situao dos bens ou da ocorrncia dos atos ou fatos que deram origem obrigao. 2 A autoridade administrativa pode recusar o domiclio eleito, quando impossibilite ou dificulte a arrecadao ou a fiscalizao do tributo, aplicando-se ento a regra do pargrafo anterior.

Como regra, o domiclio tributrio o lugar em que a pessoa fsica ou jurdica estabelece o centro de suas atividades habituais, nos termos do art. 127 do CTN. Todas as comunicaes e procedimentos fiscais sero dirigidos quele lugar. A regra de definio do domiclio tributrio aquela da previso da lei de instituio do tributo. Exemplos: IPTU: o domiclio o local da situao do bem; ICMS: o domiclio entendido como cada estabelecimento individualizado; IOF: o domiclio entendido como aquele do endereo da matriz. Ainda na previso legal de eleio do domiclio do contribuinte, aplica-se ainda a possibilidade de opo pelo contribuinte do domiclio que melhor lhe atenda, sendo que a eleio processada no momento da inscrio na repartio pblica competente. A escolha pode ser recusada pela Administrao Pblica, desde que com fundamentao nos termos do 2 do art. 127 do CTN, quando o domiclio ser fixado no local da ocorrncia do fato gerador ou da situao dos bens. No caso do IRPF, a regra da eleio do domiclio tributrio pelo prprio contribuinte. Dessa forma, a cincia do contribuinte com relao qualquer comunicao do Fisco ser presumida desde que encaminhadas e recebidas no local informado. O recebimento da correspondncia no exige pessoalidade, sendo admissvel a recepo por qualquer pessoa, identificvel, que esteja naquele local.

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BRUNO CUNHA GONTIJOQualquer mudana de endereo do contribuinte reclama a alterao do domiclio fiscal perante o Fisco a ser processada no cadastro CPF, no prazo de 30 dias. No sendo encontrado o contribuinte no domiclio fiscal informado pelo contribuinte, atravs de notificao postal ou pessoal, cabe administrao tributria publicar edital na prpria repartio, considerando cientificado o sujeito passivo.Decreto n. 3.000/1999 Art. 30. O contribuinte que transferir sua residncia de um municpio para outro ou de um para outro ponto do mesmo municpio fica obrigado a comunicar essa mudana s reparties competentes dentro do prazo de trinta dias (Decreto-Lei n 5.844, de 1943, art. 195). Pargrafo nico. A comunicao ser feita nas unidades da Secretaria da Receita Federal, podendo ser tambm efetuada quando da entrega da declarao de rendimentos das pessoas fsicas. Art. 31. A pessoa fsica que se retirar do territrio nacional temporariamente dever nomear pessoa habilitada no Pas a cumprir, em seu nome, as obrigaes previstas neste Decreto e represent-la perante as autoridades fiscais (Decreto-Lei n 5.844, de 1943, art. 195, pargrafo nico).

As regras de comunicao entre administrao tributria e contribuinte so definidas pelo Decreto n 70.235/72, sendo que intimaes efetuadas por interposta modalidade, no prevista no instrumento normativo, so consideradas nulas, sendo supridas, entretanto, pelo comparecimento espontneo do sujeito passivo. Intimao Pessoal: pode ser realizada onde for encontrado o sujeito passivo mediante comprovao pela aposio de assinatura. Havendo recusa, cabe a autoridade administrativa lavrar declarao nesse sentido, considerando-se intimado o contribuinte na data da referida declarao. Intimao Postal: processada pelos correios, atravs de comunicao telegrfica ou por qualquer meio com prova do recebimento no domiclio do sujeito passivo. A intimao considera-se efetivada na data do recebimento, ou em caso de omisso, no prazo de 15 dias da data da expedio da intimao. Intimao Eletrnica: entende-se realizada mediante prova do recebimento no endereo eletrnico do sujeito passivo. A data da intimao ser confirmada no momento em que o contribuinte efetuar consulta no endereo eletrnico a ele atribudo pela administrao tributria, ou ainda na data registrada no meio magntico ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo. A comunicao eletrnica depende de expresso consentimento do interessado. Intimao por Edital: mecanismo utilizvel especificamente quando no tiver sido possvel a intimao pelos demais mecanismos ou quando o sujeito passivo tiver sua inscrio declarada inapta perante o cadastro fiscal (cancelamento do CPF para as pessoas fsicas domiclio tributrio perde validade). O edital deve ser publicado em nica vez em rgo da imprensa oficial ou local, ou ainda em dependncia de acesso pblico da repartio responsvel pela intimao, ou mesmo publicado no endereo da administrao tributria na internet. Em qualquer caso a intimao considera-se realizada aps 15 dias da publicao.

Importante considerar a possibilidade de contribuinte residente em determinado estado realizar o recolhimento do imposto de renda em qualquer outro estado, sendo que o recolhimento pode ser efetuado em qualquer agncia bancria integrante da rede arrecadadora de receitas federais, ou mediante transferncia eletrnica de fundos por meio do acesso aos sistemas eletrnicos (home/office banking) das instituies financeiras autorizadas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil a operarem com essa modalidade de servio.

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BRUNO CUNHA GONTIJODecreto n. 3.000/1999 Art. 871. O pagamento ou recolhimento do imposto ser feito em qualquer estabelecimento bancrio autorizado a receber receitas federais localizado no domiclio fiscal do contribuinte ou responsvel. 1 Inexistindo, no domiclio fiscal do contribuinte, estabelecimento bancrio autorizado, o pagamento ou recolhimento ser feito em estabelecimento bancrio autorizado existente na rea de atuao do rgo da Secretaria da Receita Federal a que estiver jurisdicionado. 2 Se na rea de jurisdio de que trata o pargrafo anterior no existir estabelecimento bancrio autorizado, o pagamento ou recolhimento do imposto ser efetuado no prprio rgo da Secretaria da Receita Federal jurisdicionante, ou em outra entidade que for por esta autorizada. 3 O pagamento ou recolhimento do imposto pelas pessoas fsicas poder ser efetuado em qualquer estabelecimento bancrio autorizado, do Pas, independentemente do domiclio ou jurisdio.

3.2 Responsvel Tributrio do Imposto de Renda Com relao responsabilidade tributria, o IRPF apresenta trs situaes relevantes: a) a fonte pagadora em relao aos rendimentos pagos ou creditados s pessoas fsicas, quanto ao IRPF por ela devidos; b) o esplio e os sucessores, em relao ao de cujus, na transferncia de responsabilidade por sucesso, quanto ao IRPF por ele devido, assim como o inventariante em relao ao imposto devido pelo esplio; c) terceiros envolvidos na ocorrncia do fato gerador que por alguma razo possuam o dever de zelar pelo cumprimento da obrigao tributria.Decreto n. 3.000/1999 Art. 24. Nos casos de impossibilidade de exigncia do cumprimento da obrigao principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omisses de que forem responsveis: I - os pais, pelo tributo devido por seus filhos menores; II - os tutores, curadores e responsveis, pelo tributo devido por seus tutelados, curatelados ou menores dos quais detenham a guarda judicial; III - os administradores de bens de terceiros, pelo tributo devido por estes; IV - o inventariante, pelo tributo devido pelo esplio. Pargrafo nico. O disposto neste artigo s se aplica, em matria de penalidades, s de carter moratrio Art. 25. As pessoas referidas no artigo anterior so pessoalmente responsveis pelos crditos correspondentes a obrigaes tributrias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infrao de lei.

3.2.1 Responsabilidade da Fonte Pagadora A fonte pagadora responsvel pela reteno e pelo recolhimento do IRPF sobre os rendimentos pagos ou creditados ao contribuinte, extinguindo-se a responsabilidade no prazo fixado para a entrega da declarao anual de ajuste deste. a) ausncia de reteno e de recolhimento pela fonte pagadora: o contribuinte deve declarar o rendimento recebido, com direito a compensao do imposto retido na fonte (IRRF), sendo o valor recebido considerado lquido e estando a fonte pagadora obrigada ao recolhimento do tributo. Caso o contribuinte no declare o rendimento recebido, o imposto ser exigido deste e calculado sobre o valor bruto recebido sem direito compensao do imposto retido.

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BRUNO CUNHA GONTIJO(Smula 12 do Conselho de Administrativo de Recursos Fiscais do Ministrio da Fazenda antigo Conselho de Contribuintes MP n. 449/2008). b) ocorrncia de reteno e no recolhimento pela fonte pagadora: o contribuinte deve declarar o rendimento recebido, com direito a compensao do imposto retido na fonte (IRRF). Exceo a responsabilizao da fonte pagadora aplicvel quando o beneficirio scio ou titular de empresa individual o diretor de sociedade annima quando no h possibilidade de aproveitamento do crdito no recolhido, tendo em vista responsabilidade solidria prevista no art. 8 do Decreto-Lei n. 1.736/1979. Nesse mesmo sentido IN SRF n. 28/1984.IN SRF 28/1984 1. Fica suspensa a eventual restituio de imposto de renda, atribuda a diretores de pessoas jurdicas, sociedades de economia mista e empresas pblicas, quando essas pessoas jurdicas no tenham recolhido fazenda Nacional imposto de renda que retiveram na fonte. 2. O disposto no item anterior se estende a titular de firma individual e a scios gerentes de sociedades.

O valor do tributo retido e no recolhido ser exigido com acrscimo de multa de ofcio da fonte pagadora, alm de poder caracterizar crime de apropriao indbita tributria nos termos do art. 2, inciso II da Lei n 8.137/1990. Caso a pessoa fsica ou jurdica remunere beneficirio no identificado sem efetuar reteno e recolhimento do IRPF, caber a exigncia do IRRF considerando os rendimentos pagos como tributveis exclusivamente na fonte, alquota de 35% a ser cobrado da fonte pagadora.Quem est obrigado a entregar a Dirf? Devero entregar a Declarao do Imposto de Renda Retido na Fonte (Dirf), caso tenham pago ou creditado rendimentos que tenham sofrido reteno do imposto de renda na fonte, ainda que em um nico ms do anocalendrio a que se referir a declarao, por si ou como representantes de terceiros: I - estabelecimentos matrizes de pessoas jurdicas de direito privado domiciliadas no Brasil, inclusive as imunes ou isentas; II - pessoas jurdicas de direito pblico; III - filiais, sucursais ou representaes de pessoas jurdicas com sede no exterior; IV - empresas individuais; V - caixas, associaes e organizaes sindicais de empregados e empregadores; VI - titulares de servios notariais e de registro; VII - condomnios edilcios; VIII - pessoas fsicas; IX - instituies administradoras ou intermediadoras de fundos ou clubes de investimentos; e X - rgos gestores de mo-de-obra do trabalho porturio. Ficam tambm obrigadas entrega da Dirf as pessoas jurdicas que tenham efetuado reteno, ainda que em nico ms do ano-calendrio a que se referir a Dirf, da Contribuio Social sobre o Lucro Lquido (CSLL), da Contribuio para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e da Contribuio para o PIS/Pasep sobre pagamentos efetuados a outras pessoas jurdicas, nos termos do art. 1 da Lei n 10.485, de 3 de julho de 2002, e dos arts. 30, 33 e 34 da Lei n 10.833, de 29 de dezembro de 2003.

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BRUNO CUNHA GONTIJONos termos do art. 46 da Lei n. 8.541/1992 os rendimentos recebidos em funo de decises judiciais so sujeitos reteno pela fonte pagadora, observados os valores de natureza tributvel. Dessa forma se determinado cidado vencedor em reclamao trabalhista em razo de horas extras devidas, a reclamada pagar o valor correspondente s horas extras (rendimento tributvel na fonte e sujeito a ajuste anual), alm de dos reflexos sobre frias acrescidas de 1/3 (rendimento tributvel na fonte e sujeito a ajuste anual), sobre o 13 salrio (rendimento tributvel exclusivamente na fonte) e FGTS (rendimento isento), apurando o IRRF sobre as verbas tributveis, conforme sua respectiva natureza, por meio da tabela progressiva mensal.Lei n 8.541/1992 Art. 46. O imposto sobre a renda incidente sobre os rendimentos pagos em cumprimento de deciso judicial ser retido na fonte pela pessoa fsica ou jurdica obrigada ao pagamento, no momento em que, por qualquer forma, o rendimento se torne disponvel para o beneficirio. 1 Fica dispensada a soma dos rendimentos pagos no ms, para aplicao da alquota correspondente, nos casos de: I - juros e indenizaes por lucros cessantes; II - honorrios advocatcios; III - remunerao pela prestao de servios de engenheiro, mdico, contador, leiloeiro, perito, assistente tcnico, avaliador, sndico, testamenteiro e liquidante. 2 Quando se tratar de rendimento sujeito aplicao da tabela progressiva, dever ser utilizada a tabela vigente no ms de pagamento.

Em sendo os rendimentos recebidos em funo de deciso judicial pagos por meio de precatrios ou de requisies de pequeno valor (RPV), a instituio financeira depositria da quantia dever efetuar a reteno na fonte, alquota de 3% sobre o valor total pago ao beneficirio. O contribuinte na DIRPF deve oferecer tributao os valores tributveis compensando o valor anteriormente retido, nos termos do art. 27 da Lei n 10.833/2003.Lei n. 10.833/2003 Art. 27. O imposto de renda sobre os rendimentos pagos, em cumprimento de deciso da Justia Federal, mediante precatrio ou requisio de pequeno valor, ser retido na fonte pela instituio financeira responsvel pelo pagamento e incidir alquota de 3% (trs por cento) sobre o montante pago, sem quaisquer dedues, no momento do pagamento ao beneficirio ou seu representante legal.

Incide multa sobre a fonte pagadora e sobre qualquer terceiro beneficiado em razo de informao falsa inserida em DIRF nos termos da Lei n 8.383/1991Lei n. 8.383/1991 Art. 19. As pessoas fsicas ou jurdicas que efetuarem pagamentos com reteno do imposto de renda na fonte devero fornecer pessoa fsica beneficiria, at o dia 28 de fevereiro, documento comprobatrio, em duas vias, com indicao da natureza e do montante do pagamento, das dedues e do imposto de renda retido no ano anterior. 1 Tratando-se de rendimentos pagos por pessoas jurdicas, quando no tenha havido reteno do imposto de renda na fonte, o comprovante dever ser fornecido no mesmo prazo ao contribuinte que o tenha solicitado at o dia 15 de janeiro do ano subseqente. 2 No documento de que trata este artigo, o imposto retido na fonte, as dedues e os rendimentos devero ser informados por seus valores em cruzeiros e em quantidade de Ufir, convertidos segundo o disposto na alnea a do pargrafo nico do art. 8, no 4 do art. 11 e no art. 13 desta lei.

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BRUNO CUNHA GONTIJO 3 As pessoas fsicas ou jurdicas que deixarem de fornecer aos beneficirios, dentro do prazo, ou fornecerem com inexatido, o documento a que se refere este artigo ficaro sujeitas ao pagamento de multa de trinta e cinco Ufir por documento. 4 fonte pagadora que prestar informao falsa sobre rendimentos pagos, dedues, ou imposto retido na fonte ser aplicada a multa de cento e cinqenta por cento sobre o valor que for indevidamente utilizvel como reduo do imposto de renda devido, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais. 5 Na mesma penalidade incorrer aquele que se beneficiar da informao sabendo ou devendo saber da falsidade.

3.2.2 Responsabilidade do Esplio, do Inventariante e dos Herdeiros e Legatrios A responsabilidade por sucesso pessoal possui previso legal no dispositivo do art. 131 do CTN, e especificamente quanto ao IRPF, no art. 23 do Decreto n 3.000/1999.Cdigo Tributrio Nacional Lei 5.172/66 Art. 131. So pessoalmente responsveis: I - o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou remidos; (Vide Decreto Lei n 28, de 1966) II - o sucessor a qualquer ttulo e o cnjuge meeiro, pelos tributos devidos pelo de cujus at a data da partilha ou adjudicao, limitada esta responsabilidade ao montante do quinho do legado ou da meao; III - o esplio, pelos tributos devidos pelo de cujus at a data da abertura da sucesso. Decreto n. 3.000/1999 Art. 23. So pessoalmente responsveis (Decreto-Lei n 5.844, de 1943, art. 50, e Lei n 5.172, de 1966, art. 131, incisos II e III): I - o sucessor a qualquer ttulo e o cnjuge meeiro, pelo tributo devido pelo de cujus at a data da partilha ou adjudicao, limitada esta responsabilidade ao montante do quinho, do legado, da herana ou da meao; II - o esplio, pelo tributo devido pelo de cujus at a data da abertura da sucesso. 1 Quando se apurar, pela abertura da sucesso, que o de cujus no apresentou declarao de exerccios anteriores, ou o fez com omisso de rendimentos at a abertura da sucesso, cobrar-se- do esplio o imposto respectivo, acrescido de juros moratrios e da multa de mora prevista no art. 964, I, "b", observado, quando for o caso, o disposto no art. 874 (Decreto-Lei n 5.844, de 1943, art. 49). 2 Apurada a falta de pagamento de imposto devido pelo de cujus at a data da abertura da sucesso, ser ele exigido do esplio acrescido de juros moratrios e da multa prevista no art. 950, observado, quando for o caso, o disposto no art. 874. 3 Os crditos tributrios, notificados ao de cujus antes da abertura da sucesso, ainda que neles includos encargos e penalidades, sero exigidos do esplio ou dos sucessores, observado o disposto no inciso I.

Embora a Lei Civil disponha que aberta a sucesso, a herana transmite-se, desde logo, aos herdeiros legtimos e testamentrios indispensvel o processamento do inventrio, com a emisso do formal de partilha ou carta de adjudicao e a transcrio desse instrumento no registro competente, a fim de que o meeiro, herdeiros e legatrios possam usar, gozar e dispor, de forma plena e legal, dos bens e direitos transmitidos causa mortis. (Lei n 10.406/2002, arts. 1.784, 1.991, 2.013 a 2.022)

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BRUNO CUNHA GONTIJOPara a legislao tributria, a pessoa fsica do contribuinte no se extingue imediatamente aps sua morte, prolongando-se por meio do seu esplio (art. 11 do Decreto n 3.000/1999). O esplio considerado uma universalidade de bens e direitos, responsvel pelas obrigaes tributrias da pessoa falecida, sendo contribuinte distinto do meeiro, herdeiros e legatrios. Para os efeitos fiscais, somente com a deciso judicial ou por escritura pblica da partilha ou da adjudicao dos bens, extingue-se a responsabilidade da pessoa falecida, dissolvendo-se, ento, a universalidade de bens e direitos. A transferncia por sucesso admite analisem duas etapas distintas. A partir da abertura da sucesso que coincide com a data do bito do sujeito, o esplio passa a ser administrado pelo inventariante que assumir tal posio at o momento da partilha ou adjudicao, quando os bens sero transmitidos aos seus sucessores e/ou ao cnjuge meeiro. At o momento da partilha (encerramento do inventrio), o esplio responsvel pelos tributos devidos pelo falecido em relao aos fatos geradores ocorridos at a data da abertura da sucesso, sendo tambm contribuinte direto das dvidas nascidas deste marco temporal at o encerramento do inventrio. A responsabilidade do esplio termina com a partilha do patrimnio, quando os sucessores e o cnjuge meeiro passaro a responder, com as limitaes consignadas em lei, pelos tributos devidos at a data da partilha na qualidade de responsveis. Transpassada a partilha, os sucessores e o cnjuge meeiro passam a posio de contribuintes diretos em relao aos novos bens de sua propriedade. Caso Prtico Determinado sujeito deixou de oferecer tributao rendimentos de aluguis em sua DIRPF relativa ao ano calendrio 2005, apresentada em abril de 2006, do que resultou falta do pagamento de imposto. Tendo falecido em maio de 2006, foi aberto inventrio, sendo encerrado com partilha de bens entre dois filhos com homologao em janeiro de 2008, cabendo a cada um o quinho de R$ 5.000,00. Em maro de 2008 foi lavrado auto de infrao relativamente ocorrncia de 2005 (fato gerador considerado ocorrido em 31 de dezembro do ano calendrio), no valor de R$ 15.000,00. Analisando a situao fiscal, o auditor observou que o inventariante deixou de incluir nas declaraes de IRPF, posteriores a abril de 2006, os rendimentos de aluguis recebidos pelos bens arrolados no inventrio. Questionamento: Existe auto de infrao a ser lavrado? Contra quem e em qual valor? Devero ser lavrados autos de infrao contra os herdeiros, com constituio do crdito tributrio no valor mximo de R$ 5.000,00 para cada. Se o auto de infrao fosse lavrado em dezembro de 2007, o crdito deveria ser constitudo contra o esplio, na qualidade de contribuinte e sem limitao de valor. Com relao obrigatoriedade de apresentao das declaraes de esplio, aplicam-se as mesmas normas previstas para os contribuintes pessoas fsicas. Assim, caso haja obrigatoriedade de apresentao, a declarao de rendimentos, a partir do exerccio correspondente ao ano-calendrio do falecimento e at a data da deciso judicial da partilha ou da adjudicao dos bens, ser apresentada em nome do esplio, classificando-se em inicial, intermediria e final. Havendo bens a inventariar, a apresentao da declarao final de esplio obrigatria, independentemente de outras condies de obrigatoriedade de apresentao. Caso a pessoa falecida no tenha apresentado as declaraes anteriores s quais estivesse obrigada, essas declaraes devem ser apresentadas em nome da pessoa falecida. A responsabilidade pelo imposto devido pela pessoa falecida, at a data do falecimento, do esplio.

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BRUNO CUNHA GONTIJOEncerrada a partilha, a responsabilidade pelo imposto devido pela pessoa falecida, at aquela data, do sucessor a qualquer ttulo e do cnjuge meeiro, limitando-se ao montante dos bens e direitos a eles atribudos. Declarao inicial a que corresponde ao ano-calendrio do falecimento. As declaraes intermedirias referem-se aos anos-calendrio seguintes ao do falecimento, at o ano-calendrio anterior ao da deciso judicial da partilha, sobrepartilha ou adjudicao dos bens. A declarao final a que corresponde ao ano-calendrio da deciso judicial da partilha, sobrepartilha ou adjudicao dos bens. Essa ltima declarao corresponde ao perodo de 1 de janeiro data da deciso judicial ou da lavratura de Escritura Pblica de Inventrio e Partilha.IN SRF 81/2001 Art. 7 Nas declaraes inicial e intermedirias, se obrigatrias, devem ser includos: I - os rendimentos recebidos durante todo o ano-calendrio, observado o seguinte: a) no caso de falecimento de contribuinte casado: 1. todos os seus rendimentos prprios, inclusive os produzidos pelos seus bens particulares ou incomunicveis; 2. as parcelas que lhe couberem dos rendimentos produzidos pelos bens possudos em conjunto com terceiros; 3. cinqenta por cento dos rendimentos produzidos pelos bens comuns que integrem o regime de comunho universal ou parcial, adotado na sociedade conjugal ou, por opo, cem por cento desses rendimentos; b) no caso de falecimento de contribuinte em unio estvel: 1. todos os seus rendimentos prprios, inclusive os produzidos pelos seus bens particulares ou incomunicveis; 2. as parcelas que lhe couberem dos rendimentos produzidos pelos bens possudos em conjunto com terceiros; 3. cinqenta por cento dos rendimentos produzidos pelos bens possudos em condomnio com o convivente ou percentual estabelecido em contrato escrito; c) no caso de falecimento de contribuinte no casado, todos os rendimentos prprios, inclusive os produzidos pelos seus bens particulares ou incomunicveis, bem assim as parcelas que lhe couberem nos rendimentos produzidos pelos bens possudos em condomnio; II - todos os bens e direitos que integram o regime de comunho universal ou parcial, adotado na sociedade conjugal, e os possudos em condomnio, inclusive na unio estvel, bem assim as obrigaes do esplio, ainda que anteriormente constassem da declarao do cnjuge ou convivente sobrevivente.

obrigatria a apresentao da declarao final de esplio elaborada em computador mediante a utilizao de programa gerador prprio, sempre que houver bens a inventariar. A declarao final de esplio dever ser enviada pela Internet ou entregue em disquete, nas unidades da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB). Ocorrendo o falecimento a partir de 1 de janeiro do ano seguinte ao do recebimento dos rendimentos, porm antes da entrega da Declarao de Ajuste Anual, esta no se caracteriza como de esplio, devendo, se obrigatria, ser apresentada em nome da pessoa falecida e assinada pelo inventariante, cnjuge meeiro, sucessor a qualquer ttulo ou por representante desses.IN SRF 81/2001 Art. 8 A declarao final deve abranger os rendimentos recebidos no perodo compreendido entre 1 de janeiro e a data da deciso judicial transitada em julgado da partilha, sobrepartilha ou adjudicao dos bens inventariados, aplicando-se-lhe as normas estabelecidas para o ano-calendrio em que ocorrer o termo final, observado o disposto no inciso I do art. 7.

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1 O imposto de renda deve ser apurado mediante a utilizao dos valores da tabela progressiva mensal, vigente no ano-calendrio a que corresponder a declarao final, multiplicados pelo nmero de meses a partir de janeiro at o da deciso judicial transitada em julgado, ainda que os rendimentos correspondam a apenas um ou alguns meses desse perodo. 2 Na declarao final devem ser prestadas as seguintes informaes, relativamente ao formal de partilha, sobrepartilha ou adjudicao, do seu termo de encerramento e do trnsito em julgado da deciso judicial: I - nmero do processo judicial e da vara e seo judiciria onde tramitou; II - data da deciso judicial e do seu trnsito em julgado.

Nos termos do art. 4 da IN SRF n 81/2001, as declaraes do esplio devem ser apresentadas em nome do de cujus com indicao de seu nmero de inscrio no CPF, utilizando o cdigo de natureza de ocupao relativo a esplio (81), deixando em aberto o cdigo de ocupao principal e assinadas pelos inventariante que deve indicar seu nome, nmero de inscrio no CPF e endereo. Enquanto no houver iniciado o inventrio, as declaraes so apresentadas e assinadas pelo cnjuge meeiro, sucessor a qualquer ttulo ou por representante do de cujus. 3.2.3 Responsabilidade de Terceiros Nos termos dos arts. 134 e 135 do CTN, em determinadas ocasies em que for impossvel a exigncia da obrigao tributria do contribuinte, podero ser chamados ao cumprimento, terceiros envolvidos na ocorrncia do fato gerador que por alguma razo, possuam o dever de zelar pela observncia da referida obrigao.Cdigo Tributrio Nacional Lei 5.172/66 Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigncia do cumprimento da obrigao principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omisses de que forem responsveis: I - os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores; II - os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados; III - os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes; IV - o inventariante, pelos tributos devidos pelo esplio; V - o sndico e o comissrio, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatrio; VI - os tabelies, escrives e demais serventurios de ofcio, pelos tributos devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em razo do seu ofcio; VII - os scios, no caso de liquidao de sociedade de pessoas. Pargrafo nico. O disposto neste artigo s se aplica, em matria de penalidades, s de carter moratrio. Art. 135. So pessoalmente responsveis pelos crditos correspondentes a obrigaes tributrias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infrao de lei, contrato social ou estatutos: I - as pessoas referidas no artigo anterior; II - os mandatrios, prepos