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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO: “A VEZ DO MESTRE”
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU
PSICOPEDAGOGIA
“APRENDENDO COM A EMOÇÃO”
LÍVIA MARIA REZENDE MACIEL DE FARIAS
RIO DE JANEIRO, DEZEMBRO DE 2001.
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO: “A VEZ DO MESTRE”
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU
PSICOPEDAGOGIA
“APRENDENDO COM A EMOÇÃO”
LÍVIA MARIA REZENDE MACIEL DE FARIAS
Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação Latu
Sensu da Universidade Cândido Mendes - Diretoria de
Projetos Especiais – para obtenção da especialização em
Psicopedagogia, sob a orientação da professora Maria
Ester.
RIO DE JANEIRO, DEZEMBRO DE 2001.
Dedico este trabalho monográfico aos meus queridos
alunos, que sempre me incentivaram a pesquisar e
acreditar no potencial do ser humano e vislumbrar
processo educativo como transformador.
A eles a minha eterna emoção.
SUMÁRIO
1 – RESUMO .................................................................................... 5
2 – INTRODUÇÃO ........................................................................... 6
3 – DESENVOLVIMENTO
3.1 – ORIGEM DAS EMOÇÕES ................................................ 7
3.2 – DESENVOLVIMENTO DAS EMOÇÕES ......................... 8
3.3 – SOMATIZANDO EMOÇÕES ............................................ 12
3.4 – EMOÇÃO E APRENDIZAGEM ........................................ 16
4 – CONCLUSÃO............................................................................... 22
5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................... 23
6 – ANEXOS ....................................................................................... 24
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1. RESUMO
A antiga teoria de que o emocional e o físico estão
intimamente ligados que tem como pano de fundo a influência das emoções no
desenvolvimento bio-psico-social de cada um de nós.
Partindo da origem das emoções seu desenvolvimento
como fator estruturante de nossa personalidade até a interferência que as mesmas exercem
em todos os campos de nossas vidas, foi feita uma reflexão pautada na leitura de obras
alusivas ao tema.
Como mola mestra de todo um complexo, as emoções
foram classificadas e avaliadas em seus reais significados.
Concluindo o trabalho, ressaltei a importância da
Educação no processo emocional de todos nós. A atuação dos pais e educadores é
destacada como fundamental para o desencadeamento de uma aprendizagem feliz,
significante e emocionalmente harmoniosa.
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2. INTRODUÇÃO
Este trabalho nasceu da necessidade de um conhecimento
mais criterioso sobre as emoções e a influência que as mesmas exercem nas relações
sociais e no processo educativo.
Embora tenhamos consciência da importância da emoção
vínculos emocionais, pouco nos aprofundamos em suas origens e na sua influência no
processo educativo.
Atuando em uma profissão onde as habilidades
interpessoais tem lugar de destaque, senti necessidade de fazer um estudo mais profundo
sobre os sentimentos e sua estreita relação com o ensino/aprendizagem.
Partindo do princípio que todas as nossas ações são
construídas e energizadas pelo encontro das emoções, sentimentos e desejos, conclui que o
caminho para conhecer os meus alunos seria pesquisando em detalhes sobre as emoções,
como se estabelecem os vínculos emocionais e o quanto são determinantes no processo
educativo.
Não podemos conceber o avanço cognitivo desvinculado
do lado emocional, pois estes dois aspectos do psiquismo, são inseparáveis na vivência de
cada um.
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3. DESENVOLVIMENTO
3.1. ORIGEM DAS EMOÇÒES
A nossa vida é toda pautada nas emoções e sentimentos
vividos ao longo da nossa existência provocadas pelos mais variados estímulos.
Tanto as emoções como os sentimentos são manifestações
humanas da área psíquica que interferem de forma branda ou intensa na área fisiológica e
comportamental.
Chamamos de sentimento quando a reação e as
conseqüentes repercussões orgânicas são de pouca intensidade. Quando são intensas e até,
as vezes, violentas, chamamos de emoções.
As emoções têm dupla ação. Podem causar danos e
destruições no equilíbrio da personalidade, mas também são fontes de energia que, quando
controladas, podem tornar-se aliadas em muitas situações de vida.
A boa emoção motiva a pessoa a organizar suas atitudes e
comportamento de forma construtiva. Quando a emoção negativa prevalece, fatalmente
haverá o embotamento da criatividade, além de emperrar o relacionamento interpessoal.
Duas idéias ganham destaque no que diz respeito a origem
das emoções. Uma diz que a origem das emoções está diretamente ligada as experiência
vividas ao longo da existência de cada um. A outra garante que a origem das emoções está
no nosso inconsciente, ou seja, num conjunto de processos psíquicos que atuam sobre o
comportamento sem controle da consciência.
Ao identificar as estruturas do Psiquismo e principalmente
a existência do inconsciente, Freud em muito contribuiu no estado das emoções. Para os
psicanalistas, as emoções partem de um lugar hipotético que por necessidade de uma
lógica, se opera na mente das pessoas.
Freud se dedicou com ânimo ao estudo dos sonhos. Para
ele, os sonhos eram o ponto de partida para desvendar o ministério das emoções vividas
sem uma lógica aparente, ou o desvelar de emoções recalcadas.
Atualmente, a investigação do cérebro humano está
colaborando grandemente para uma redefinição da origem das emoções. Para os
neurocientistas Antônio Damásio e Joseph Le Doux, uma boa parte de nossas emoções tem
origem bioquímica e não no inconsciente ou no transcurso das experiências de vida.
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Para Le Doux a combinação de emoções básica resultam
as emoções primárias, secundárias e terceárias.
Emoções Básicas: o medo, a alegria, a tristeza, a
expectativa, a raiva, a surpresa a aceitação.
As primárias são as mais fortes, pois se originam do
instinto de conservação da espécie:
• Alegria + aceitação = Amizade
• Medo + surpresa = Susto
As secundárias se originam tanto do instinto quanto das
interações sociais:
• Alegria + medo = Culpa
• Tristeza + raiva = Mau humor
As terciárias são repercussões de conflitos sociais no
funcionamento do cérebro:
• Alegria + surpresa = Deleite
• Expectativa + medo = Ansiedade
3.2. O DESENVOLVIMENTO DAS EMOÇÕES
Desde a mais tenra idade, as emoções se fazem presentes
através dos transtornos corporais que acompanham as excitações.
Existe certa resistência de alguns pesquisadores em
aceitarem que a emoção se faz presente desde a vida intra-uterina. Acreditam que qualquer
esboço que o bebe possa apresentar vem do reflexo puramente sensorial. Na realidade,
através de observações mais profundas, percebe-se que existe uma receptividade do feto
em relação à mãe. A voz materna que acalenta o filho ainda no ventre é agraciada muitas
vezes, com movimentos mais acelerados.
A vida afetiva da criança que se organiza em contato com
o outro, é inaugurada por uma simbiose alimentar que é logo substituída por uma simbiose
afetiva com a mãe.
A expressão simbiose afetiva é utilizada por Henri Walon
para designar o tipo de relação estreita que existe n início da vida entre e criança e a mãe.
9
Essa relação tem início no período fetal e se prolonga até depois de nascimento. A
primeira simbiose é de ordem fisiológica e corresponde a vida embrionária e fetal. A
existência da criança depende exclusivamente do organismo da mãe. A Segunda simbiose
é a afetiva. Comente o autor (1959) que, a partir dos três meses, a satisfação das
necessidades infantis é conquistada pelo laço afetivo que estabelece, emitindo para a mãe
não somente gestos, mas sorrisos e sinais de contentamento, Com seis meses, as relações
humanas se tornam tão importantes quanto a sua própria alimentação.
Wallon demonstrou a relação estreita entre a relações
humanas e a constituição da pessoa, destacando o meio físico e humano com um par
essencial do orgânico na constituição do indivíduo.
Os períodos que se seguem no desenvolvimento da criança
serão de ruptura desta relação amalgamada entre mãe e filho e de diferenciação entre o
“eu” e o “outro” e serão determinantes na estruturação da personalidade da pessoa como de
sua vida afetiva posterior.
Tentando ser igual (identificação) a criança se percebe
diferente (identidade).
Freud contribuiu muito no estudo deste processo de
diferenciação.
Para que eu possa chegar a este processo é necessário se
falar um pouco sobre o complexo de Édipo e de castração preconizado por Freud.
Para o teórico ser sujeito é diferente de ser filhote de
homem. O fato de Ter nascido, não é necessariamente que seja sujeito humano. Ingressar
no mundo simbólico é perceber-se humano e isto se dá através de construção.
Freud estabelece uma analogia da historia grega de Édipo
e Jocasta com suas teorias. A historia grega é a seguinte
“ No reino de Tebas existia um Rei e uma rainha – Laio e
Jocasta, que tiveram um filho.
Laio leva seu filho ao oráculo e recebe do oráculo o
seguinte aviso:
- Pelas mãos do bebê, o Laio encontrava a morte.
Apavorado ele manda pendurar o bebê pelos pés em uma
árvore para morrer a míngua.
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Passa uma caravana pelo local que resgata o bebê e lhe
dá o nome de Édipo, que quer dizer pés inchados.
Aos 21 anos Édipo começa sua caminhada em busca de
suas origens, da verdade de sua existência.
Encontra-se com Laio que saiu de Tebas para buscar
apoio para crise de suas terras. Entre em luta com Laio e o mata sem saber quem Laio
era.
Édipo chega a Tebas e encontra uma esfinge que
propunha um enigma e quem o decifrasse receberia a mão de Jocasta e o trono de Tebas.
Estava escrito:
- Decifra-me ou te devorarei.
Édipo decifrou e com isto casa-se com Jocasta, tem filhos
e assume o compromisso com seu povo de descobrir quem matou Laio.
Vai consultar o oráculo que diz que ele foste o assassino e
que Laio era seu pai e Jocasta sua mãe. Por sua vez Jocasta também descobre ser ele seu
filho e assassino do seu pai e por isso ela se mata.
Quando Édipo volta ao castelo encontra Jocasta morta.
Ele se culpa, se desespera e fura os olhos. Cega-se para não ver a tragédia.”
Édipo nasceu com um destino – matar o pai. Laio para
escapar da sina manda matar o filho, mas não escapa.
Quando a criança nasce, já nasce mergulhada num mundo
simbólico. Você tem um filho imaginário na sua cabeça, como quer que ele seja. O filho
imaginário é diferente do que cada pai e mãe pensa. E o filho está sempre se colocando no
papel que seus pais acreditam que tenha.
Ninguém escapa disso, todos nós temos o nosso
movimento articulado (oráculo), o que passamos.
O ser humano tem 3 questionamentos básicos sobre sua
transitoriedade:
- De onde vem?
- O que estou fazendo aqui?
- Para onde vou?
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Quando se dá conta de sua transitoriedade, vai em busca.
Faz a caminhada em busca de sua verdade e seus pés incham nesta procura, Este inchar
significa que como Édipo devemos esforçar para aprendermos a conviver.
A sua queixa é o seu sintoma (enigma). O sintoma coloca
isto para o sujeito:
- Decifra-me ou te devorarei.
Esta situação emocional pode ser perfeitamente transposta
para as dificuldades em aprendizagem.
O complexo de Édipo nos faz pensar que toda família é
regida por leis que organizam o funcionamento da própria cultura. Não existe cultura sem
lei. Lei essa que varia de uma cultura para outra e que será determinante nos
comportamentos, sentimentos e emoções do indivíduo.
Qual seria então, a lei psíquica que articula a sociedade
ocidental? O tabu do incesto.
A lei só é instaurada, porque existe o desejo da
transgressão. A lei funciona como um interdito (limite), que possibilita a pessoa perceber
até onde pode ir.
Você percebe você. Percebe o outro. O outro é o não eu.
Tudo que é diferente de mim é o outro. O limite faz com que o sujeito se situe no mundo;
porque tendo o limite ele sabe quem é o outro e quem é ele.
Esta passagem pelo Édipo em torno dos 4 aos 7 anos é
fundamental para que aconteça a ruptura desta relação amalgamada entre mãe e filho. Esta
ruptura acontece por medo da castração de perceber que a mãe (mulheres) não possuem
falo. Nos meninos se expressa como o medo de perder o pênis, já nas meninas se reflete na
inveja de Ter um falo. O momento da ruptura está relacionado com a percepção do
interdito limite, lei. É o momento decisivo para o corte, diferenciação e também para o
ingresso da criança na cultura.
Este momento será determinante para as futuras relações
que acontecerão durante toda a vida. Os vínculos emocionais estabelecidos serão sempre
fundamentados nestas primeiras experiências infantis.
Quando me proponho falar em desenvolvimento das
emoções não tenho pretensão de fechar este desenvolvimento em determinada idade, pois
esta seria uma tarefa incongruente.
12
O desenvolvimento se dará por toda a vida e em cada
respeitará as particularidades de cada etapa.
3.3. SOMATIZANDO EMOÇÕES
Falando de somatização é válido em primeiro lugar
conceituar- O que é doença? Usando uma linguagem bem simples e direta podemos
conceituar doença como sendo uma perturbação não resolvida, resultando num
desequilíbrio interno ou na interação da pessoa com o meio ambiente.
Sempre que a pessoa sofre alguma perturbação no seu
equilíbrio, que pode ser interno ou proveniente do meio externo, o organismo reage
procurando restabelecer a harmonia abalada.
Os médicos antigos já alardeavam que a principal causa
das doenças, incluindo as mais graves, era a conduta que a pessoa toma diante de certas
situações de conflito.
O psiquismo é fundamental no equilíbrio saudável do
corpo. Quando a mente não está bem, o corpo sente logo os reflexos, tendo as suas defesas
diminuídas, propiciando o aparecimento das doenças.
Muitas vezes, a doença aparece como válvula de escape
aos problemas psíquicos-emocionais. Vários casos, com certeza, são do nosso
conhecimento como empresários que infartam no momento de enfrentar a falência de suas
empresas, febre intermitente que aparece após o recebimento de uma trágica notícia,
enxaqueca em dia de tomada de decisões, etc. Nestes casos e em outros, o mecanismo de
defesa age de forma mais agressiva do que a causa em si.
A razão mais frequente do aparecimento das doenças está
no fato da pessoa ter dificuldades em expressar suas emoções de forma adequada, fato este
agravado por uma sociedade que não oferece espaço para manifestações emocionais,
impossibilitando a exteriorização das emoções.
A doença que apresenta sintomas físicos visíveis ,quase
sempre, recebe mais atenção, inclusive dos médicos, do que outra em que os sintomas
ficam embutidos dentro de uma mente em conflito.
Impossibilitada de exteriorizar suas emoções, a pessoa,
inconscientenente, as incorpora, fazendo com que os seus órgãos expressem toda a sua
angústia.
Outro fator que também leva a pessoa a adoecer é o desejo
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de autopunição. Geralmente as pessoas que se sentem culpadas e merecedoras de castigo
a nível inconsciente, passam a sofrer de males físicos. Apesar de, aparentemente,
procurarem cuidar do corpo, algumas até excessivamente, na realidade, querem mesmo é
punílo. São pessoas que mantêm uma relação de amor e ódio com o seu corpo e possuem o
lado afetivo e emocional conturbado com uma sofrida história de vida.
É comum pessoas tirarem proveito da doença. Quando
crianças, diante de situações conflitantes, choram pedindo a proteção da mãe ou de outra
pessoa. Quando adultos, passam a usar a doença como meio de pedir socorro, proteção.
Isto sem contar com a possibilidade de, por estarem doentes, ficarem isentas de certos
papéis impostos por nossa sociedade, recebendo assim, indulgência social.
A história de cada pessoa têm muito a ver com o tipo de
doença que vai desenvolver, assim como a ocasião que vai adoecer. A forma como o
indivíduo lida com suas perdas e frustrações está intimamente ligada com o
desencadeamento de doenças futuras.
Mello Filho (1988), em seu livro, que aborda a influência
das emoções no plano físico, diz «a biografia de cada paciente explica as suas
possibilidades de adoecer”.
Dois aspectos importantes interferem diretamente na vida
da pessoa, levando-a a desenvolver algum tipo de doença. O primeiro se refere ao tipo de
conflito psíquico que ela vivência e o outro tem relação com a maneira com que reage
diante dos mesmos. Geralmente, nestes momentos, a pessoa lança mão dos mecanismos de
defesa que entram na relação com o objetivo de ajudar na sua adaptação diante dos
conflitos vivenciados.
Apesar do nome mecanismos de defesa, quando utilizados
de forma inadequada em relação a frequência e intensidade, podem prejudicar
imensamente o equilíbrio psíquico tão desejado.
Explicados de uma forma bem superficial, os mecanismos
de defesa, considerados desejáveis são:
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Compensação Podemos dizer que é o mecanismo de defesa mais positivo, inclusive para
a sociedade. Como o próprio nome sugere, a pessoa procura compensar
os seus pontos fracos através da canalização de suas energias e empenho
para outros pontos, conseguindo muitas vezes sucesso no extremo oposto.
Recalque E o mecanismo pelo qual rejeitamos inconscientemente, desejos e
emoções que são inaceitáveis pela sociedade e por nós mesmos a nível
consciente.
Racionalização Na realidade é uma desculpa que damos a nós mesmos, quando queremos
justificar algum ato ou atitude negativa praticada.
Idealização Podemos considerá-la como uma variante da racionalização, através da
qual a pessoa valoriza em excesso a sua própria imagem ou das pessoas
com as quais convive. As vezes, a situação é tão profunda que a pessoa
corre o risco de ficar “cega” diante dos seus próprios defeitos assim como
os da pessoa idealizada.
A idealização que existe em todos nós, dentro dos limites, é útil pois
equilibra a nossa segurança e autoestima.
Projeção Conhecida como supercompensação, acontece quando desejamos,
inconscientemente, algo inaceitável e procedemos de forma contrária.
Observamos este tipo de mecanismo nas atitudes exageradas com muita
proteção, muito carinho, muita ternura, etc. Na realidade a pessoa está
adotando uma atitude oposta ao seu verdadeiro desejo.
Substituição ou
Deslocamento
Acontece Quando descarregamos em outra pessoa, a irritação ou raiva
que não podemos descontar em cima de quem as provocou.
Sublimação Lembra um pouco a Substituição. Através dela a pessoa substitui atitudes
inaceitáveis ou irrealizáveis por praticas relevantes.
Sublimação A Sublimação acontece, por exemplo, quando pessoas
agressivas procuram praticar esportes como boxe, lutas livres, etc.
Agindo assim, liberam sua agressividade de uma forma aceitável.
Infelizmente nem sempre o mecanismo de defesa usado, leva a pessoa a equilibrar o
seu psiquismo. Existem alguns mecanismos que quando utilizados sempre trazem
malefícios para quem os utiliza. São eles; os principais:
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Projeção Acontece Quando são atribuídos aos outros, sentimentos e pensamentos
que na realidade são da própria pessoa que não os aceita como seus.
Geralmente a pessoa que desconfia da outra, achando que está sendo
ludibriada por ela, na realidade está escondendo o seu lado desleal na rela
o com o outro.
Conversão E uma reação agressiva sofrida no corpo proveniente do sofrimento da
mente. Esta reação aparece no organismo através de sintomas físicos
bastante simbólicos. E o caso da pessoa que perde a voz ou até a
consciência após presenciar uma cena traumatizante.
Autopunição Quando a pessoa se sente culpada por algum mau comportamento, que
pode até ser imaginário, passa a se agredir internamente.
Regressão E o mecanismo pelo qual a pessoa foge de uma realidade conflitante
regredindo para etapas anteriores. É como, se voltando a ser criança a
pessoa fique resguardada de viver a situação que tanto deseja escapar.
Infelizmente usando este mecanismo de defesa a solução dos problemas
passa a ser adiada, às vezes, sem nunca ser resolvida.
Negação É o mecanismo onde se nega a realidade. Aceitar um fato que incomoda a
consciência. Geralmente o fato em si é fantasiado, gerando uma imagem
que nem sempre é a verdadeira. O isolamento e a fuga são formas de
negação.
Distúrbios psicossomáticos mais comuns:
1- Distúrbios respiratórios: asma, rinite, bronquite.
2- Distúrbios do aparelho digestivo: úlcera, doenças do cólon.
3- Doenças da pele (praticamente todas).
4- Doenças das articulações e musculares: artrite reumatóide, «fibrosite”.
5- Distúrbios endócrinos: hipertiroidismo, diabetes.
6- Doenças cardiovasculares: hipertensão arterial “essencial” (“pressão alta”), doença
das artérias coronárias (angina, infarto), acidentes vasculares cerebrais (“derrame”) e
enxaquecas.
7- Distúrbios do aparelho reprodutor feminino: ausência de menstruação ou menstruação
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escassa, cólicas menstruais, tensão pré-menstrual, perturbação da menopausa.
3.4. EMOÇÃO E APRENDIZAGEM
Nenhuma criança aprende dentro de um clima de cobrança
exagerada, falta de diálogo e falta de valorização pessoal.
A mãe não tem noção do mal que faz ao filho quando
exige dele atitudes prematuras em relação a sua idade maturacional. Isto acontece quando é
exigido da criança atitudes que estejam fora de suas condições, como: controle dos
esfíncteres, andar sozinho, falar palavras que ainda não fazem parte do seu domínio, etc.
Fica difícil para a criança sentir o amor e a proteção
materna quando o clima criado é o oposto e gera medo e insegurança. Para que possa
crescer vislumbrando um futuro feliz, a criança precisa estimulada positivamente sem
cobranças exageradas. Ela precisa de um clima de amor e respeito ao seu desenvolvimento.
Neste processo de construção do emocional, pais e
educadores têm papel de relevante importância. Para tal, devem evitar bruscas mudanças
de humor, procurando passar para a criança um clima de afeto, segurança e tranqüilidade.
O fato de um dia aceitar uma atitude e no outro condená-la, confunde a criança. Em
algumas vezes, os pais chegam a intuir que Deus vê tudo e mesmo que ela não conte para
ninguém, será castigada pelas faltas cometidas. Este tipo de atitude tem terrível
conseqüência, desordenando a consciência moral da criança, ocasionando graves
sentimentos de insegurança, ansiedade e medo que irão bloquear suas energias e
criatividade.
O maior legado que os pais podem deixar para os filhos é
a certeza de que eles são amados. Muitas vezes, esta certeza sofre interferência dos
conflitos internos dos pais.
O papel dos pais é de fundamental importância na
formação do psiquismo da criança. Não é por nada que o único filhote que precisa por mais
tempo dos cuidados, pertence a raça humana. O amor paterno pode ser comparado ao
próprio alimento, que quando falta totalmente, a criança pode parar de crescer fisicamente
sofrendo do mal conhecido como “nanismo psicológico”.
Para darem apoio aos filhos, os pais precisam examinar
seus próprios sentimentos. Alguns sentem raiva, como, se de algum modo a criança fosse
responsável pela situação de dificuldade de aprendizagem (que por vezes não estão na
criança e sim na metodologia aplicada). Outros, entram em pânico, sentindo-se esmagados
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pelos desafios à frente. Ambas as reações são inúteis. Elas imobilizam os pais e privam a
criança da necessária ajuda.
Para que uma criança aprenda é necessário que ela tenha o
desejo de aprender. E que sobretudo o desejo dos pais autorizem-na. Como diz Maud
Mannoni, numa belíssima metáfora: “as crianças andam não só porque tem pernas, mas
porque seus pais assim o permitem”.
Educar é sempre um ato de amor. Quando a criança se vê
coagido a Ter atitudes sob ameaças e violências, as conseqüências serão negativas em
relação ao desenvolvimento de sua personalidade e de sua educação.
A necessidade de pertencer, de se sentir incluído num
grupo é uma necessidade básica do ser humano. A família é o contexto natural para crescer
e receber auxílio, onde cumpre o seu papel de garantir a pertença e ao mesmo tempo,
promove a individualização do sujeito. Aprender requer que possamos nos separar, pelo
menos em parte, dos nossas pais e construir um saber próprio, que ao mesmo tempo que
nos dá pertencimento, pois o compartilhamento com outros membros do grupo, demanda
de nós um certo grau de autonomia e individualidade que, por sua vez, nos permitem
elaborar nossa própria identidade. Somente uma educação estruturada no diálogo e no
afeto podem orientar e criança para um futuro feliz e rico em realizações pessoais.
É importante, porém, deixar claro que amar não significa
deixar a criança fazer o que quer. É válido conversar com ela sobre as sanções necessárias
que a vida faz para que possa crescer ajustada e madura emocionalmente.
Na relação com a criança, vários aspectos são importantes
para a construção de um emocional fortificado. Entre os principais, podemos citar:
Convivência – O tempo dedicado à criança deve ser de qualidade, pautando no diálogo
franco e cúmplice. A criança precisa ver na figura dos pais e educadores,
verdadeiros amigos com quem sempre pode contar. Agindo assim, estarão
crescendo num clima de amor e segurança.
Evitar a Superproteção – Engano de quem pensar amar filho colocando-o numa redoma
de vidro protegido do mundo. O máximo que pode conseguir e fortalecer a
sua insegurança, falta de capacidade de gerenciar suas próprias emoções e
o medo de enfrentar seus conflitos. O crescimento de cada um de nós passa
principalmente pelas dores da vida.
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Contato Físico – O toque de amor tudo pode superar. Não adianta só dizer que ama seu
filho, pois o que vale mesmo é o aconchego, o colo, a carícia. Através do
abraço, do afago, nem é preciso usar as palavras para expressar os
sentimentos porque são válidos pela própria essência.
Ambiente Saudável – Um ambiente descontraído, alegre, favorece positivamente a
educação de pessoas saudáveis e amadurecidas emocionalmente.
Na escola, o educador deve oferecer um clima de bom
relacionamento e respeito a bagagem que chega com a criança. Seu agir deve despertar a
curiosidade infantil, pois a criança motivada, além de mais centrada, é impulsionada a
buscar novas experiências. A emoção que sente ao fazer novas descobertas serve como um
valioso “tônico” para fixar a aprendizagem.
Byington, irá contribuir para esta visão emocional da
educação com sua pedagogia simbólica.
A Pedagogia Simbólica é uma pedagogia vivencial, onde
necessitamos empregar igualmente o racional e o irracional, o subjetivo e o objetivo,
dentro do referencial simbólico.
Para construir este saber globalizado, a pedagogia é
exercida através de símbolos e funções estruturantes que necessitam englobar as quatro
dimensões do ser: corpo, natureza, sociedade e idéias, imagens e emoções.
Desta perspectiva, pode-se perceber claramente como a
pedagogia dominantemente racional está limitada e aprisionada, Alunos com seu corpo
geralmente imobilizado em cadeiras, escutando falar de coisas que não podem ver, cheirar,
pegar, ouvir, degustar, amar ou odiar.
O ensino dominado pelo poder, torna-se exclusivamente
uma obrigação e excluir a relação amorosa com o saber. “Qualquer lugar abandonado pelo
amor”, comentou uma vez Jung, “é logo ocupado sorrateiramente pelo poder.”
A pedagogia simbólica possibilita a exploração das quatro
funções da consciência descrita por Jung, quais sejam: pensamento, sentimento, intuição e
sensação, e as duas atitudes: extroversão e introversão.
É neste momento que pensamos na Educação como
indissolúvel do Emocional.
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A educação emocional deve ser aquela percebe a
inteligência não apenas pelo seu lado racional mais pela pluralidade de habilidades que
necessitam ser desenvolvidas em igualdade.
Gardner classifica a inteligência humana em três
dimensões essencialmente racionais:
• a lógica matemática ligada à capacidade de raciocínio dedutivo e indutivo e a facilidade
em lidar com grandezas e relações de tipo matemático e numérico;
• a lingüística implica a capacidade de comunicação e de compreensão lingüísticas, sem as
quais é impossível o intercâmbio entre as pessoas;
• a espacial determinada pela habilidade em captar relações espaciais algo vital para o ser
humano e situar e manipular inteligentemente os objetos que o circundam. Neste mesclam-
se intuição e racionalidade.
São quatro as inteligências descritas por Gadner que
chamarei de emocionais: a musical, a corporal-cinestésica, a interpessoal e a intrapessoal:
• a musical: implica a habilidade sonoro-musical. Sensibilidade a “linguagem” musical.
• a corporal – cinestésica: manifesta pela capacidade de resolver problemas ou elaborar
produtos, utilizando o corpo (ou partes do mesmo) e seus movimentos de maneira
altamente diferenciada e hábil, para propósitos expressivos.
• Intrapessoal: eqüivale à capacidade do auto-conhecimento, da autoaceitação, da
comunicação consigo mesmo. Inclui, em especial, o acesso tranqüilo e realista aos próprios
sentimentos e a capacidade de colhê-los em sua origem e usá-los na orientação do
comportamento.
• Interpessoal: designa a capacidade de compreender as demais pessoas, captando de
maneira empática o que sentem, como trabalham, como se pode entrar dentro do seu
mundo de percepções, interesses e valores e comunicar-se melhor com elas.
As habilidades emocionais são a base para a
aprendizagem. A avaliação dos padrões emocionais e sociais (inteligência entra e
interpessoal) parecem ser um indicador mais exato de sucesso escolar.
As crianças que recebem a educação emocional são
melhores no lidar com as próprias emoções, mais eficientes no aliviar-se quando
perturbadas, e se perturbam com menos freqüência. São também mais relaxadas
biologicamente, com baixos níveis de hormônios de tensão e outros indicadores
fisiológicos de estimulação emocional. Outros vantagens são sociais: essas crianças são
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mais populares e gozam de mais simpatia de seus pares e os professores os vêm como
socialmente mais hábeis. Pais e professores igualmente classificam-nas como tendo menos
problemas comportamentais tipo rudeza ou agressividade. Por fim, há benefícios
cognitivos: essas crianças prestam mais atenção e, portanto, aprendem melhor.
Tanto os pais como educadores precisam estar atentos no
sentido de criarem um clima favorável à educação de pessoas emocionalmente sadias.
De acordo com o psicólogo Daniel Goleman, são cinco as
habilidades observáveis numa pessoa emocionalmente inteligente e cabe aos pais e
educadores oferecem meios para que elas possam frutificar. São elas:
Autoconsciência – fazer uma análise das verdadeiras emoções diante das variadas
situações quer a vida oferece, proporciona a pessoa, tomar decisões
coerentes e maduras.
Lidar com as Emoções – na realidade, é Ter autocontrole dos próprios sentimentos e
emoções. É saber elaborar os sentimentos aguardando o melhor
momento para tomada de decisões.
Automotivação – quando existe motivação como antecedente, a aprendizagem acontece
com mais eficácia. A automotivação funciona como detonador de
investidas rumo a novas descobertas.
Empatia – é o ato de se colocar no lugar do outro. A partir do momento que a pessoa
percebe que o outro também é dotado de sentimento e emoções, a
solidariedade acontece fortalecendo as relações interpessoais.
Relacionamento – é a habilidade de nos relacionarmos com os outros, mais precisamente,
com as emoções. Quando ele acontece dentro de um clima de
respeito e bem-estar, os canais da comunicação se abrem cada vez
mais.
A escola tem seu papel de importância na educação
emocional de suas crianças e adolescentes. Ela não deve ver na seu aluno apenas um ser
que vai ao colégio para começar a aprender tudo que é importante de ser aprendido. A
bagagem trazida pela criança é de muito valor para ficar relegada ao segundo plano. Na
realidade, o aluno traz dentro de si, uma riqueza de conhecimentos e emoções que com a
estimulação adequada da escola, poderá crescer cada vez mais.
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Pedagogicamente falando, a escola precisa estar
preparada para atuar junto ao aluno em prol de uma educação sadia e emocionalmente
feliz. Para tal, pontos básicos precisam ser trabalhados:
Metodologia de ensino – as aulas devem ser criativas com a participação dos alunos,
visando a construção coletiva do conhecimento. Técnicas
importantes como: debate, teatro, jogos, em muitos irão
contribuir na relação interpessoal de ensinamentos e
aprendentes. O aluno precisa estar plenamente motivado a
buscar cada vez mais informações sobre o foco do seu
interesse.
Avaliação – o importante não é a nota de provas e textos. O qeu realmente deve valer é a
produção pessoal de cada um, pois cada um tem sua meta
máxima de acordo com as suas habilidades.
Professor – Antes de mais nada é preciso que seja sensível e aceite o novo como desafio
para novas descobertas. É necessário que seja bom observador
no sentido de perceber o que se passa com cada aluno e, o mais
importante, que seja emocionalmente equilibrado.
A interferência do emocional no processo ensino-
aprendizagem é evidente. O ideal seria que todo educador antes de entrar na parte
cognitiva de suas aulas, fosse sensível ao ponto de primeiro, preparar um ambiente
emocionalmente harmonioso para que a aprendizagem pudesse acontecer com eficiência.
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4. CONCLUSÃO
O que faz da vida uma eterna “caixinha de surpresas”, sem
dúvidas, são as emoções. Dependendo da maneira com que lidamos com elas, a caixinha
pode ser fascimante ou temida.
Ignorar as emoções pode ser entendido como ignorar a
própria existência.
Vida, mágica, experiência, onde mesclamos luzes e
sombras, altos e baixos, retas e curvas.
Sábios é aquele que através das sombras e curvas que a
vida oferece, se fortalece para novas decolagens.
O temor que o desafio, por vezes, oferece, deve ser
encarado de frente, antevendo-se o sabor da vitória. E se por acaso, o sucesso não
acontecer na primeira investida, ainda assim, seremos vitoriosos, pois afinal tentamos e
não apenas contemplamos a VIDA.
Devemos estudar a emoção como um aspecto tão
importante quanto a inteligência. Os teóricos da inteligência emocional como Gardner e
Goleman acreditam que o emocional constitui a inteligência e a legitima. A emoção deve
ser entendida como uma ponte que liga a vida orgânica à psíquica.
Acredito que é do confronto entre teoria e prática que se
traçam os caminhos possíveis para solução pelo menos para a compreensão dos problemas
educacionais. A ação da escola não se limita ao cumprimento da instrução, mas
principalmente à função de desenvolver a personalidade da criança. Portanto, para realizar
uma ação educativa eficaz, ela não deve se conservar alheia aos conhecimentos que
favorecem o total desabrochar da pessoa. Pelo contrário, deve se conservar atenta todos os
aspectos relacionados com a atividade de conhecimento, para realmente se constituir um
maio próprio ao desenvolvimento mental e pessoal da criança.
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5. REFRÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ALMEIDA, Ana Rita Silva. A Emoção na Sala de Aula. 2ª Edição. São Paulo: Papirus,
1999. (112 páginas)
2. ANTUNES, Celso. Jogos para a Estimulação das Múltiplas Inteligências. 5ª Edição.
Petrópolis, RJ: Vozes, 1999. (295 páginas)
3. ANTUNES, Celso. Alfabetização Emocional. Terra
4. BURTON, Arthur. Teorias Operacionais da Personalidade. 1ª Edição. Rio de Janeiro:
Imago, 1978. (378 páginas)
5. BYINGTON, C A B.. Pedagogia Simbólica. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1996.
6. FADIMAN, James e FRAGER, Robert. Teorias da Personalidade, 4ª Edição. São
Paulo: Harbra, 1986.
7. FERNANDEZ, Alícia. A Mulher Escondida na Professora.
8. FINKLER, Pedro. Corpo São e Mente Sã. São Paulo: Paulinas, 1987.
9. GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional. 13ª Edição. Rio de Janeiro: Objetiva,
1995.
10. JUNG, C. G.. Natureza da Psique. 3ª Edição. Petrópolis, RJ.: Vozes, 1991.
11. JUNG, C.G.. O Desenvolvimento da Personalidade. 5ª Edição. Petrópolis, Rj.. Vozes,
1991.
12. MANNONI, Maud. Da Paixão do Ser à “Loucura do Saber”. Rio de Janeiro: Zahar.
13. NASIO, J. D.. Os Sete Conceitos da Psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar.
14. POLITY, Elisabeth. Pensando as Dificuldades de Aprendizagem à Luz Das Relações
Familiares.
15. VALLE, Edênio. Educação Emocional. 2ª Edição. São Paulo: Olho D´Água, 2000.
(150 Páginas).
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6. ANEXOS