18
  O IMPACTO DA ADOÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA 1   Joana B aptista 2   Isabel S oares 3   Margarida Henrique s 2  [Enviado a 28-11-2011. Aceite a 24-09-2012] Resumo: Em comparação com os pares da comunidade, as crianças que foram adotadas enfrentam, com maior frequência, adversidade e risco nos primeiros tempos de vida, os quais se podem situar ao nível de complicações ao nascimento e de experiências de perda da família biológica, bem como ao nível do acolhimen- to em instituições caracterizadas por cuidados pouco responsivos. Nos últimos anos, clínicos e investigadores têm vindo a a lertar para os ef eitos negativos daque- las experiências no desenvolvimento da criança. Simultaneamente, a literatura tem vindo a reforçar a ocorrência de mudanças positivas em áreas diversas do desen- volvimento, após a integração numa família por adoção. Este artigo de revisão apresenta uma sistematização de resultados de estudos que analisaram o impacto da adoção, sobretudo internacional, no desenvolvimento físico, cognitivo, sócio- -emocional e nos problemas de comportamento da criança que foi adotada. Palavras-chave: adoção; crescimento; desenvolvimento; vinculação. The impact of adoption on child’s development (Abstract) : Compared with their  peers, adopted children face, mo re of ten, ad versity and risk in early life, namely in terms of complications at birth, loss of the biological family and the admission in institutional settings characterized by less responsive care. Over the past few 1  Este artigo foi redigido com o apoio da Fundação Bial – Bolsa 13/06 e da Fundação para a Ciência e Tecnologia – PTDC/PSI – PCL/101506/2008 2  Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Port. Endereço  para correspondência: Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Rua Alfre- do Allen, 4200-135 Porto PORTUGAL. E-mail: [email protected] 3  Escola de Psicologia da Universid ade do Minho PSICOLOGIA, Vol. XXVII (2), 2013 , Edições Colibri, Lisboa, pp. 63-79  

ArtiAdoçõ

Embed Size (px)

Citation preview

7/21/2019 ArtiAdoçõ

http://slidepdf.com/reader/full/artiadoco 1/17

 

O IMPACTO DA ADOÇÃO NO DESENVOLVIMENTODA CRIANÇA1 

 Joana Baptista2 

 Isabel Soares3 

 Margarida Henriques2 

[Enviado a 28-11-2011. Aceite a 24-09-2012]

Resumo: Em comparação com os pares da comunidade, as crianças que foramadotadas enfrentam, com maior frequência, adversidade e risco nos primeirostempos de vida, os quais se podem situar ao nível de complicações ao nascimentoe de experiências de perda da família biológica, bem como ao nível do acolhimen-to em instituições caracterizadas por cuidados pouco responsivos. Nos últimosanos, clínicos e investigadores têm vindo a alertar para os efeitos negativos daque-las experiências no desenvolvimento da criança. Simultaneamente, a literatura temvindo a reforçar a ocorrência de mudanças positivas em áreas diversas do desen-

volvimento, após a integração numa família por adoção. Este artigo de revisãoapresenta uma sistematização de resultados de estudos que analisaram o impactoda adoção, sobretudo internacional, no desenvolvimento físico, cognitivo, sócio--emocional e nos problemas de comportamento da criança que foi adotada.

Palavras-chave: adoção; crescimento; desenvolvimento; vinculação.

The impact of adoption on child’s development (Abstract): Compared with their

 peers, adopted children face, more often, adversity and risk in early life, namely interms of complications at birth, loss of the biological family and the admission ininstitutional settings characterized by less responsive care. Over the past few

1 Este artigo foi redigido com o apoio da Fundação Bial – Bolsa 13/06 e da Fundação para aCiência e Tecnologia – PTDC/PSI – PCL/101506/2008 

2 Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Port. Endereço para correspondência:Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Rua Alfre-do Allen, 4200-135 Porto PORTUGAL. E-mail: [email protected]

3 Escola de Psicologia da Universidade do Minho

PSICOLOGIA, Vol. XXVII (2), 2013, Edições Colibri, Lisboa, pp. 63-79 

7/21/2019 ArtiAdoçõ

http://slidepdf.com/reader/full/artiadoco 2/17

64  Joana Baptista, Isabel Soares & Margarida Henriques

years, clinicians and researchers have warned about the negative effects of thoseexperiences in child development. Simultaneously, the literature has been reinforc-ing the occurrence of positive changes after adoption in several areas of develop-

ment. This paper review presents a summary of the main empirical findings aboutthe effects of adoption, especially international, in child’s physical growth, cogni-tive, socio-emotional development and behavioral problems in adopted children.

Keyword: adoption; growth; development; attachment

Introdução

Com a queda do regime de Nicolae Ceauşescu na Roménia, em 1989,tornaram-se públicas as condições e as experiências de privação severa a queas crianças institucionalizadas naquele país estavam expostas, muitas desde a primeira infância. Esta situação, altamente preocupante e atípica do ponto devista da adversidade extrema encontrada, conduziu a uma resposta humanitá-ria que envolveu a adoção internacional de muitas daquelas crianças, por parte de famílias da Europa Ocidental e da América do Norte (Rutter et al.,2009). Do ponto de vista teórico e científico, esta circunstância abriu portas

 para a realização de experiências naturais (Haugaard & Hazan, 2003), na procura de respostas à seguinte questão: até que ponto é possível a recupera-ção, em diferentes domínios do desenvolvimento, em crianças que foramexpostas a experiências precoces de privação de cuidados parentais adequa-dos, após a sua integração num contexto de cuidados de maior qualidade?

Com o intuito de analisar o impacto da exposição precoce a condiçõesde cuidados desfavoráveis, investigadores têm dedicado, nos últimos anos,uma atenção crescente ao estudo dos resultados e dos processos desenvolvi-mentais em crianças que foram adotadas internacionalmente (Palacios &Brodzinsky, 2010). Apesar das experiências adversas vividas no período queantecedeu a adoção – e.g., complicações ao nascimento, negligência e/oumaus-tratos vivenciados na família biológica, cuidados em contexto institu-cional pouco individualizados –, vários estudos têm revelado ganhos acen-tuados em diferentes áreas do desenvolvimento após a integração da criançana família por adoção (Cohen, Lojkasek, Zadeh, Pugliese, & Kiefer, 2008;Johnson, 2000; Juffer & Van IJzendoorn, 2009; Londen, Juffer, & VanIJzendoorn, 2007; Tan & Yang, 2005; Van IJzendoorn, Juffer, & Klein Poe-lhuis, 2005). Simultaneamente, estudos levados a cabo com crianças que

foram adotadas têm permitido identificar a presença de variações indivi-duais, quer no grau em que o desenvolvimento da criança que foi adotada éafetado pelas experiências anteriores, quer no nível de recuperação posterior

7/21/2019 ArtiAdoçõ

http://slidepdf.com/reader/full/artiadoco 3/17

O Impacto da adoção no desenvolvimento da criança 65 

(Rutter et al., 2009; Rutter, Kreppner, O’Connor, & The ERA Study Team,2001).

De seguida, são apresentados os resultados de estudos que se debruça-

ram sobre a análise do desenvolvimento da criança que foi adotada, sobretu-do internacionalmente, alguns dos quais realçam o seu estatuto, quer nomomento de chegada à família por adoção, quer nos meses e anos seguintesà adoção. A presente revisão da literatura foi operacionalizada em duasfases. Durante a primeira fase deu-se início à pesquisa em duas plataformaseletrónicas de base de dados (i.e., EBSCOhost e ISI Web of Knowledge) e asconsultas incluíram o período entre 1945 e 2011. Foram utilizados comodescritores os seguintes termos: adopção (adoption), adoptado (adoptee),recuperação desenvolvimental após a adopção (developmental recovery after

adoption), crianças pós-institucionalizadas (post-institutionalized children),crianças institucionalizadas (institution-reared children) e institucionalização(institutionalization). A segunda fase desta revisão foi dedicada à exclusãodos trabalhos não relevantes à pesquisa, primeiramente através de uma análi-se do resumo e, em seguida, através de uma avaliação mais detalhada, com base na leitura integral e na identificação dos principais resultados. Do total,foram encontradas 150 produções  possivelmente relevantes e 57 foramselecionadas após a avaliação detalhada (i.e., 43 estudos originais, quatroestudos de revisão e cinco capítulos de livros, dois relatórios e três

comunicações apresentadas em congressos internacionais). No que concerneaos critérios de inclusão, foram identificados estudos, desde clássicos aatuais, que se debruçaram sobre a análise do impacto da adoção no desen-volvimento da criança, nos seguintes domínios: (a) desenvolvimento físico,(b) desenvolvimento cognitivo, (c) desenvolvimento sócio-emocional, e (d) problemas de comportamento.

 Desenvolvimento físico

São vários os estudos que têm documentado os efeitos negativos dainstitucionalização no desenvolvimento físico da criança (e.g., Frank, Klass,Earls, & Eisenberg, 1996; Johnson, 2000). Na verdade, este é o problemamais frequentemente observado em crianças institucionalizadas (Bakwin,1949; Fried & Mayer, 1948; Smyke, Koga, Johnson, Zeanah, & The BEIPCore Group, 2004) e recentemente adotadas (e.g., Le Mare & Audet, 2006;Loman, Wiik, Frenn, Pollack, & Gunnar, 2009; Miller, Chan, Comfort, &Tirella, 2005; Pormerleau et al., 2005). Porém, quando a criança é retirada deum contexto de privação de cuidados, verifica-se uma acentuada e imediatarecuperação (Johnson, 2000, 2002). Estudos de  follow-up com crianças que

foram adotadas internacionalmente têm confirmado este padrão de mudança(e.g., Ames, 1997; Rutter & The ERA Study Team, 1998), havendo evidên-cia (e.g., Gunnar, 2000; Johnson, 2000) de que crianças recentemente adota-

7/21/2019 ArtiAdoçõ

http://slidepdf.com/reader/full/artiadoco 4/17

66  Joana Baptista, Isabel Soares & Margarida Henriques

das tendem a apresentar ao nível do comprimento, peso e perímetro cefálico(entendido como uma medida indireta do crescimento cerebral) valores infe-riores aos apresentados por crianças da mesma idade integradas na família

 biológica. Nos meses seguintes à chegada à família por adoção, verifica-se aocorrência de mudanças significativas ao nível do crescimento, naqueles três parâmetros.

 Num estudo conduzido no Reino Unido, que monitorizou o desenvol-vimento físico de crianças romenas desde o momento da sua integração nafamília por adoção até aos 11 anos de idade, os autores observaram ganhosao nível do desenvolvimento físico, e verificaram que uma idade precoce nomomento da adoção contribui grandemente para os mesmos (O’Connor,Rutter & The ERA Study Team, 2000; Rutter & The ERA Study Team,

1998). Os autores constataram que 51%, 34% e 38% das crianças nomomento da adoção apresentavam um comprimento, peso e perímetro cefá-lico, respetivamente, abaixo do percentil três, mas aos quatro anos de idadeaquelas percentagens baixaram para 1%, 2% e 13%. A recuperação nestedomínio foi notória, tendo-se mantido até aos seis anos de idade. Porém, nareavaliação levada a cabo aos seis anos de idade, concluiu-se que as criançasque foram adotadas mais tardiamente tinham menos peso e um menor perí-metro cefálico, do que as crianças romenas adotadas mais cedo. Independen-temente da idade, o perímetro cefálico revelou-se como a única medida cujos

valores, aos quatro, seis e 11 anos de idade, ficavam aquém do esperado(Rutter et al., 2009).Estes resultados que revelam o padrão de ganhos no peso e no com-

 primento após adoção, bem como no perímetro cefálico apesar de mais lento,foram confirmados por uma meta-análise (Van IJzendoorn, Bakermans--Kranenburg, & Juffer, 2007), na qual se constatou, 8 anos depois da inte-gração na família por adoção, ganhos consideráveis ao nível do comprimentoe do peso (23 e 18 estudos; 3.437 e 3.259 crianças, respetivamente). Os auto-res verificaram que, no momento da integração na família por adoção, a for-

ça da diferença ao nível do comprimento entre as crianças que foram adota-das e as crianças da comunidade era de d =-2.434, sendo independente daidade. Todavia, anos após a integração na família por adoção, as criançascontinuavam a ser mais baixas do que os pares da comunidade, pelo que,segundo os autores, a puberdade poderá ser uma das causas explicativas dofacto da estatura final ficar aquém daquilo que seria de esperar, tendo emconta a rápida e acentuada recuperação verificada. No entanto, é de salientarque, anos após a adoção, aquela diferença é consideravelmente menor, em

4 De acordo com Cohen (1988), um d até 0.20 representa um tamanho de efeito pequeno,um d de 0.50 um tamanho de efeito moderado, e um d igual ou superior a 0.80 um tama-nho de efeito acentuado.

7/21/2019 ArtiAdoçõ

http://slidepdf.com/reader/full/artiadoco 5/17

O Impacto da adoção no desenvolvimento da criança 67 

comparação com a diferença registada no momento da adoção.  O mesmo padrão de ganhos foi identificado para o peso. Quanto ao perímetro cefálico,observou-se um processo mais lento de mudança, sugerindo que o cresci-

mento cerebral parece ser mais suscetível do que o comprimento e o peso aefeitos negativos duradouros.Apesar do prognóstico favorável ao nível do desenvolvimento físico,

alguns estudos (e.g., Teilmann, Pedersen, Skakkebaek, & Jensen, 2006) têmalertado para o fato das crianças que foram adotadas internacionalmente e dosexo feminino constituírem um grupo de risco para a ocorrência precoce da puberdade, o que poderá levar a uma menor estatura. Tuvemo e Proos(1993), por exemplo, concluíram que 13% das crianças que foram adotadas por famílias na Suécia, e provenientes da Índia, atingiram a menarca antes

dos 10 anos de idade, sendo o risco maior nas crianças com um menor com- primento no momento de integração na família por adoção, mas com umarecuperação mais acentuada. A probabilidade de ocorrência precoce da puberdade parece ser maior quanto mais tardia for a idade na adoção (Teil-man et al., 2006). Apesar da etiologia da menarca precoce não ser aindatotalmente compreendida, aqueles autores sugerem que a mesma poderá serexplicada por fatores diversos, nomeadamente (1) a acumulação e a durabili-dade de acontecimentos de vida stressantes, durante a primeira e a segundainfância, associados a uma idade mais tardia na adoção; e (2) a presença de

determinados estímulos ambientais na família por adoção (e.g., melhoria dascondições nutricionais e um padrão de crescimento instável), que exerceminfluência no sistema límbico e que conduzem a alterações metabólicas eendócrinas (e.g., alterações nos fatores de crescimento semelhantes à insuli-na ou somatomedinas). A puberdade precoce, por sua vez, poderá levar àfusão prematura da cartilagem de crescimento, reduzindo a duração do cres-cimento e a estatura final.

 Desenvolvimento Cognitivo

O desenvolvimento cognitivo de crianças institucionalizadas e queforam adotadas é alvo de estudo há mais de 60 anos. Entre 1930 e 1950 sur-ge o primeiro conjunto de estudos, a partir do qual são documentados déficescognitivos e atrasos na linguagem, sendo que resultados semelhantes foramencontrados em estudos posteriores, uns menos recentes (e.g., Bowlby,1951; Provence & Lipton, 1962; Spitz, 1945) outros mais atuais (e.g.,Loman et al., 2009; Londen et al., 2007; Zeanah, Smyke, Koga, Carlson, &The Beip Core Group, 2005), havendo evidência de que no momento daadoção as crianças que estiveram previamente em instituições tendem a evi-

denciar atrasos no desenvolvimento cognitivo (Miller & Hendric, 2002),seguindo-se, meses depois, a ocorrência de ganhos consideráveis (Rutter,O’Connor & The ERA Study Team, 2004).

7/21/2019 ArtiAdoçõ

http://slidepdf.com/reader/full/artiadoco 6/17

68  Joana Baptista, Isabel Soares & Margarida Henriques

Tal como para o desenvolvimento físico, diferentes estudos têm apon-tado para uma recuperação massiva ao nível do desenvolvimento cognitivo,após a integração da criança na família por adoção. Num estudo com 123

crianças que foram adotadas antes dos 18 meses de idade, Pormerleau et al.(2005) avaliaram o desenvolvimento cognitivo das crianças antes de comple-tarem um mês de integração na família por adoção, e três e seis mesesdepois. Entre a avaliação inicial e os seis meses verificou-se uma evolução positiva ao nível do desenvolvimento cognitivo, apesar de os resultados permanecerem abaixo do que seria de esperar para a idade, tal como maisrecentemente foi evidenciado por outro estudo (i.e., Van den Dries, Juffer,Van IJzendoorn, & Bakermans-Kranenburg, 2010). Estes resultados vãoassim ao encontro do estudo de Cohen et al. (2008), no qual se concluiu que

a completa recuperação no domínio cognitivo não ocorre antes dos dois anosde integração na família por adoção. Cohen et al. (2008) examinaram astrajetórias de desenvolvimento de 70 crianças do sexo feminino provenientesda China e que foram adotadas por famílias Canadianas. As crianças foramavaliadas no momento da adoção, com 13 meses de idade, e reavaliadas seis,12 e 24 meses depois. Quarenta e três crianças da comunidade, da mesmaidade e género, serviram de grupo de controlo. Os autores concluíram que naavaliação inicial as crianças que foram adotadas apresentavam desempenhossignificativamente inferiores aos das crianças da comunidade em termos

cognitivos, sendo que o mesmo já não se verificou na reavaliação dos 24meses após a adoção.Será que as crianças que foram adotadas tendem a apresentar resulta-

dos mais positivos em termos do seu desenvolvimento cognitivo do que ascrianças que permaneceram institucionalizadas? A este respeito, numa sériede meta-análises concluiu-se que as crianças que foram adotadas apresenta-vam um desempenho significativamente superior ao das crianças que perma-neceram em instituições em termos de Quociente de Inteligência (Q.I.).Todavia, quando comparadas com os pares da comunidade, as crianças que

foram adotadas parecem não diferir em termos de Q.I., no que concerne àadoção internacional. Parecem apresentar, porém, um atraso, apesar de ligei-ro, em termos de linguagem, quando comparadas com os pares da comuni-dade (Van IJzendoorn et al., 2005), bem como, tal como evidenciado noutrosestudos, piores desempenhos em provas de memória (Bauer, Hanson, Pier-son, Davidson, & Pollak, 2009; Pollak et al., 2010) e funções executivas(Bauer et al., 2009).

 Desenvolvimento Sócio-Emocional

A investigação tem vindo a documentar de forma consistente a ocor-rência de dificuldades sócio-emocionais em crianças institucionalizadas(Zeanah et al., 2009). Porém, a questão que se coloca é se estes problemas

7/21/2019 ArtiAdoçõ

http://slidepdf.com/reader/full/artiadoco 7/17

O Impacto da adoção no desenvolvimento da criança 69 

 persistem após a adoção. Aliado a isto, estarão as crianças que foram adota-das em maior risco de evidenciar padrões específicos de problemas emocio-nais e sociais?

Diferentes estudos apontam para a ocorrência de comportamentos atí- picos em crianças que foram adotadas e cuja história de cuidados anterior àadoção é marcada pela vivência em acolhimento institucional. Assim, este-reotipias (i.e., repetição automática dos movimentos, como o balançar docorpo) foram observadas em mais de 50% das crianças da Europa do Lesteque foram adotadas por famílias canadianas (Benoit, Joycelyn, Moddemann,& Embree, 1996). Resultados semelhantes têm sido encontrados noutrosestudos. Também Beckett et al. (2002) encontraram uma percentagem eleva-da de crianças que apresentavam estereotipias (47%), bem como comporta-

mentos de autoagressão (24%), no momento da adoção. Aos seis anos deidade, os autores constataram que aquelas percentagens tinham diminuídoconsideravelmente (18% e 13%, respetivamente), pelo que verificaram aindadificuldades no relacionamento com os pares.

O estudo ERA veio chamar a atenção para a presença de um padrão decomportamento do tipo autístico em algumas crianças romenas que foramadotados por famílias do Reino Unido, marcado por dificuldades ao nível dareciprocidade social e comunicação e pela presença de uma preocupaçãoexcessiva por interesses particulares (Kumsta et al., 2010), devido à vivência

de experiências prévias relacionais inadequadas (Rutter et al., 2009). Osautores concluíram que 6% de uma amostra de 111 crianças apresentavaaquele padrão, pelo que, aos quatro anos de idade, o padrão era indistinguí-vel do autismo “típico”. Todavia, aos seis anos de idade registou-se umaacentuada diminuição das características autisticas, acompanhada de umamaior flexibilidade na tentativa do uso de diferentes formas de comunicação(Kumsta et al., 2010). Aos 11 anos de idade, cerca de ¼ das crianças deixa-ram de apresentar aquele padrão comportamental (Rutter et al., 2009).

 No que concerne à (des)organização e aos comportamentos perturba-

dos de vinculação, para a criança que foi adotada, a construção de uma rela-ção de vinculação segura com a família por adoção é uma tarefa desafiante,considerando, por um lado, as experiências prévias de separação e de perda(Bowlby, 1982), e, por outro, as condições de privação social em contextoinstitucional, que podem dificultar a construção de uma relação seletiva ediferenciada com os pais por adoção (Zeanah et al., 2005).

a) (Des)organização da Vinculação

 No âmbito de um projeto longitudinal (Juffer & Rosenboom, 1997),

que incluiu 160 crianças que foram adotadas antes dos seis meses de idade, procedeu-se à avaliação da qualidade da relação de vinculação entre a crian-ça e os seus pais por adoção, após uma intervenção breve centrada no refor-

7/21/2019 ArtiAdoçõ

http://slidepdf.com/reader/full/artiadoco 8/17

70  Joana Baptista, Isabel Soares & Margarida Henriques

ço dos comportamentos sensíveis maternos. Verificou-se que 74% das crian-ças eram seguras, o que é comparável com os valores encontrados na comu-nidade (i.e., 65%; Van IJzendoorn & Kroonenberg, 1988). Num outro estu-

do, 22% das crianças que foram adotadas foram classificadas como desorga-nizadas (Juffer, Bakermans-Kranenburg, & Van IJzendoorn, 2005). Esta percentagem também não se diferenciava dos 15% identificados em popula-ções normativas (Van IJzendoorn, Schuengel, & Bakermans-Kranenburg,1999). Contudo, Cohen e Farnia (2011) demonstraram que, apesar de amaioria das crianças adotadas da sua amostra apresentar uma vinculaçãosegura, as mesmas tendiam a ser mais desorganizadas quando comparadascom as da comunidade.

 Numa meta-análise, verificou-se que crianças que foram adotadas ten-diam a apresentar resultados menos favoráveis do ponto de vista da(des)organização (i.e., 47% de crianças seguras e 31% de crianças desorga-nizadas), quando comparadas com pares da comunidade (i.e., 62% de crian-ças seguras e 15% de crianças desorganizadas). Todavia, observou-se tam- bém que aquelas crianças que foram adotadas apresentavam resultados maisfavoráveis quando comparadas com crianças que permaneceram institucio-nalizadas (i.e., 11% de crianças seguras e 73% de crianças desorganizadas)(Van den Dries, Juffer, Van IJzendoorn, & Bakermans-Kranenburg, 2009).

Ademais, as crianças que foram adotadas antes dos 12 meses de idade não sediferenciavam dos pares da comunidade, relativamente à segurança da vin-culação. Quanto à desorganização, não foram verificadas diferenças signifi-cativas em relação à idade na adoção. Sendo assim, estas meta-análises indi-cam que a adoção parece constituir-se, simultaneamente, como um fator derisco, resultante num maior número de relações de vinculação inseguras edesorganizadas (comparativamente com pares da comunidade), e como umfator protetor, capaz de levar à mudança (comparativamente com criançasinstitucionalizadas; e.g., Zeanah et al., 2005; 65% de crianças classificadas

como desorganizadas, respetivamente, neste estudo).

b) Comportamentos Perturbados de Vinculação

Um dos resultados mais frequentemente associado à experiência insti-tucional e à privação de cuidados parentais tem sido a ocorrência de compor-tamentos indiscriminados, associados a défices noutros domínios psicológi-cos (Rutter et al., 2009), e que a investigação tem vindo a descrever comoum problema clinicamente relevante com tendência a persistir anos após a

adoção (O’Connor & Zeanah, 2003), no caso das crianças que foram expos-tas a cuidados institucionais (O’Connor & Spagnola, 2009; O’Connor et al.,2000; Rutter et al., 2007).

7/21/2019 ArtiAdoçõ

http://slidepdf.com/reader/full/artiadoco 9/17

O Impacto da adoção no desenvolvimento da criança 71 

Os sistemas de nosologia amplamente utilizados no âmbito das per-turbações psiquiátricas (i.e., DSM-IV-TR, American Psychiatric Associa-tion, 2000; e ICD-10, World Health Organization, 2007) descrevem a Per-

turbação Reativa de Vinculação como um problema com início antes doscinco anos de idade, que se caracteriza por relações sociais acentuadamente perturbadas na maior parte dos contextos e que parece estar associada a umahistória de cuidados patogénicos, que se manifestam: (a) pela negligência permanente das necessidades emocionais básicas da criança e relacionadascom o conforto, estimulação e afeto; (b) pela negligência permanente dasnecessidades físicas básicas da criança; e (c) por mudanças repetidas da pes-soa que trata primariamente da criança, o que impede a formação de vínculosestáveis. Esta perturbação pode manifestar-se de forma predominantemente

inibida (i.e., dificuldade persistente para iniciar e responder à maioria dasinterações sociais de modo adequado, tendo em conta o nível de desenvol-vimento da criança; retração e hipervigilância; constrição emocional e procu-ra de proximidade do cuidador de forma bizarra ou ambivalente; a criançanão se deixa confortar nem recorre ao cuidador em momentos mais exigen-tes) ou desinibida (i.e., vínculos difusos e sociabilidade indiscriminada;incapacidade para estabelecer vínculos seletivos adequados, uma vez que acriança procura contacto e proximidade com qualquer cuidador disponível,ou seja, de forma indiscriminada).

A literatura tem dado maior atenção ao tipo desinibido, visto que este parece ser mais comum do que o tipo inibido. Tendo por base os pressupos-tos da Teoria da Vinculação (Bowlby, 1982), o comportamento indiscrimi-nado representa um desvio da organização normativa do sistema comporta-mental de vinculação. Os fatores etiológicos envolvidos estão longe deserem entendidos, apesar de consistentemente serem atribuídos a uma histó-ria de cuidados patogénica, tendo-se hipotetizado que o tipo desinibido daPerturbação Reativa de Vinculação poderá ser independente de uma relaçãode vinculação estabelecida (O’Connor & Zeanah, 2003).

A este respeito, o estudo de Rutter et al. (2007) demonstrou que cercade 7½ anos depois da adoção, 26% das crianças romenas que foram adotadasentre os 6-42 meses de idade, e que estiveram em instituições, apresentavamcomportamentos indiscriminados de vinculação. Contrariamente, apenas 9%das crianças que foram adotadas e que não tinham experienciado cuidadosinstitucionais, ou que foram integradas na família por adoção antes dos seismeses de idade, revelaram tais comportamentos. Estes resultados vão aoencontro dos identificados noutros estudos (e.g., Wallin, Dozier, Bick, &

Bernard, 2011), nos quais se constatou que os comportamentos indiscrimi-nados de vinculação tendem a persistir anos após a integração da criança nafamília por adoção.

7/21/2019 ArtiAdoçõ

http://slidepdf.com/reader/full/artiadoco 10/17

72  Joana Baptista, Isabel Soares & Margarida Henriques

 Problemas de Comportamento

 Num estudo canadiano, constatou-se que as crianças filhas por adoçãoapresentam mais problemas de externalização e internalização, comparati-vamente com pares da comunidade (Marcovitch et al., 1997). Os resultadosdo estudo de Marcovitch et al. (1997) vão ao encontro do recente estudo deWiik et al. (2011), no qual se constatou a ocorrência de mais problemas decomportamento em crianças que foram adotadas e que tinham estado institu-cionalizadas. Merz e Mcall (2010), por sua vez, analisaram a ocorrência de problemas de comportamento em crianças que foram adotadas e que eram provenientes de instituições romenas, caracterizadas por (a) providenciarem

cuidados de saúde e de nutrição adequados, mas (b) por apresentarem simul-taneamente mudanças frequentes de cuidadores, escassas oportunidades deinteração entre a criança e o adulto e cuidados pouco responsivos. Concluí-ram que as crianças provenientes de instituições revelavam mais problemasde externalização e de atenção do que os pares nunca institucionalizados eque sempre viveram com a família biológica.

 Não obstante, outros estudos revelam que a maioria das crianças queforam adotadas encontra-se bem adaptada, anos depois da integração nafamília por adoção (Palacios & Sánchez-Sandoval, 2005; Rutter et al., 2001).

Assim sendo, alguns estudos apresentam resultados divergentes dos anterio-res, quanto à prevalência de problemas de externalização e internalização. Neste sentido, Rutter et al. (2001), por exemplo, verificaram que criançasque foram adotadas internacionalmente não evidenciavam uma maior inci-dência daqueles problemas, quando comparadas com crianças com adoçãonacional e integradas em famílias do Reino Unido mais precocemente. Porsua vez, noutro estudo também não foram identificadas diferenças significa-tivas, ao nível dos problemas de externalização e internalização, entre umgrupo de crianças que foram adotadas e um grupo de crianças da comunida-de (Palacios & Sánchez-Sandoval, 2005).

Perante a divergência entre estudos, importa colocar a seguinte ques-tão: as crianças filhas por adoção evidenciam mais problemas de comporta-mento do que os seus pares da comunidade? Para responder a esta questão,uma série de meta-análises (Juffer & Van IJzendoorn, 2005) foram levadas acabo. Os autores identificaram diferenças entre as crianças que foram adota-das e as da comunidade, quer ao nível dos problemas de externalização, querao nível dos problemas de internalização, com resultados mais positivos afavor dos pares da comunidade. Ainda assim, o tamanho do efeito era pequeno (d =-.24 e d =-.16, respetivamente). Uma diferença substancial resi-

dia entre os dois grupos: as crianças que foram adotadas estavam sobrerepre-sentadas nos serviços de saúde mental, devido sobretudo à presença de difi-culdades de aprendizagem.

7/21/2019 ArtiAdoçõ

http://slidepdf.com/reader/full/artiadoco 11/17

O Impacto da adoção no desenvolvimento da criança 73 

Conclusão

Os resultados dos estudos mencionados ao longo deste artigo apontam para a ocorrência de mudanças positivas no desenvolvimento da criança após asua integração numa família por adoção. De acordo com o modelo proposto por Van IJzendoorn e Juffer (2006), a mudança mais rápida e acentuada tende-rá a ocorrer no desenvolvimento físico, em particular no peso e no comprimen-to, seguindo-se o desenvolvimento cognitivo e a segurança da vinculação. Poroutro lado, esse modelo adianta, em consonância com resultados de estudosmencionados neste artigo, que anos após a adoção tendem a persistir dificul-dades, nomeadamente problemas de comportamento. Este não é o único

domínio no qual a investigação identifica défices a longo prazo. Rutter et al.(2001) falam da Síndrome de Pós-Institucionalização, ao salientarem a manu-tenção de problemáticas particulares anos após a adoção, entre elas comporta-mentos atípicos (e.g., comportamentos estereotipados, características autisti-cas), défice de atenção e comportamento indiscriminado de vinculação.

 Heterogeneidade nos Resultados Desenvolvimentais

Apesar dos ganhos observados em diferentes domínios do desenvol-vimento, os investigadores têm vindo a salientar, simultaneamente, a hetero-

geneidade encontrada nos resultados (e.g., Pormerleau et al., 2005). Em particular, os estudos sobre o impacto da adoção no desenvolvimento dacriança têm analisado o contributo exercido pelas seguintes variáveis: tempode institucionalização e o tempo de permanência na família por adoção.Contudo, a investigação tem vindo a apontar para a influência de outrasvariáveis possivelmente envolvidas nos mecanismos explicativos damudança e da variabilidade observada após a adoção. Tal como salientado por Rutter et al. (2009), um entendimento daquela heterogeneidade deveráestar alicerçada na combinação de três fatores, nomeadamente (a) as

experiências pré-natais, (b) as de cuidados anteriores e posteriores à adoção,e (c) a constituição genética.

Palacios e Brodzinsky (2010), assentes numa perspetiva histórica,apontam para a necessidade da investigação atual sobre a temática estar cen-trada na identificação de fatores neurobiológicos, desenvolvimentais e rela-cionais possivelmente envolvidos na experiência da adoção. Desta forma, éfundamental o estudo da interação entre as características da criança e ascaracterísticas dos contextos nos quais aquela se movimenta, tanto antescomo depois da adoção. Assim sendo, realçamos o contributo (a) de caracte-

rísticas atribuídas à criança (e.g., fatores genéticos, temperamento), (b) decaracterísticas atribuídas aos cuidados prestados na família biológica (e.g.,experiências de maus-tratos) e na instituição (e.g., responsividade e indivi-

7/21/2019 ArtiAdoçõ

http://slidepdf.com/reader/full/artiadoco 12/17

74  Joana Baptista, Isabel Soares & Margarida Henriques

dualização dos cuidados), e (c) de características atribuídas ao contexto dafamília por adoção (e.g., sensibilidade materna, modelos internos dinâmicose função reflexiva dos pais por adoção).

Quanto a esta última dimensão parecem ser de particular relevância osresultados de programas de intervenção conduzidos com famílias por adoçãoe de acolhimento (e.g., Circle of Security, Attachment and BiobehavioralCatch-up), que têm vindo a demonstrar o impacto positivo dos comporta-mentos sensíveis maternos na segurança e organização da vinculação do/afilho/a por adoção (Dozier, Lindhiem, & Ackerman, 2005), bem como na promoção de um desenvolvimento cognitivo e social adaptado (e.g., Jaffari--Bimmel, Juffer, Van IJzendoorn, Bakermans-Kranenburg, & Mooijaart,2006), exercendo uma influência positiva também ao nível neuroendocrino

(Dozier et al., 2005). Subjacente aos programas de intervenção mencionadosestá o pressuposto de que uma relação de vinculação segura entre a criança ea/o mãe/pai adotiva/o constituiu-se como uma dimensão fundamental e umcontributo necessário para a construção de uma trajetória de desenvolvimen-to posterior adaptada.

Contributo para a Investigação Acerca da Adoção Nacional

Os resultados de estudos que analisaram o impacto da adoção interna-cional no desenvolvimento da criança podem, assim, revestir-se de particularimportância para delinear e refletir acerca de futuras investigações sobre aadoção nacional.

Desta foram, e com base na sistematização realizada e nas suas conclu-sões, consideramos premente a realização de estudos centrados na monitoriza-ção das trajetórias de desenvolvimento de filhos por adoção, iniciando-se nomomento de chegada da criança ao contexto institucional, com períodos curtosentre as avaliações. Contrapondo aos frequentes estudos transversais e decarácter retrospetivo, aquele desenho de investigação poderá vir a possibilitaraos investigadores uma análise mais aprofundada do impacto específico nodesenvolvimento de experiências anteriores à institucionalização e da própriainstitucionalização. Aliado a isto, a elaboração de estudos longitudinais, assen-te em reavaliações posteriores e em diferentes estádios do desenvolvimento, poderá vir ainda a ser um veículo privilegiado para testar se a recuperação nodesenvolvimento físico, mental e sócio-emocional da criança está limitada pelo nível de privação vivenciado precocemente. Pela sua escassez e relevân-cia, sublinhamos também a necessidade de realização de mais estudos centra-dos na compreensão de várias características das famílias por adoção (e.g.,variáveis indicadoras da qualidade da relação, práticas educativas parentais,

motivações subjacentes à adoção), conforme o domínio desenvolvimental emestudo, assim como na obtenção de informações aprofundadas acerca da famí-lia biológica (i.e., fatores genéticos e ambientais).

7/21/2019 ArtiAdoçõ

http://slidepdf.com/reader/full/artiadoco 13/17

O Impacto da adoção no desenvolvimento da criança 75 

Referências

American Psychiatric Association (2000). Diagnostic and statistical manual of men-tal disorders (4th ed. – Rev. ed.). Washington DC: American Psychiatric Asso-ciation.

Ames, E. (1997). The development of Romanian orphanage children adopted intoCanada. Final report to human resources development, Canada: Burnaby.

Bakwin, H. (1949). Emotional deprivation in infants. Journal of Pediatrics, 35, 512--521. doi:10.1016/S0022-3476(49)80071-0

Bauer, P. M., Hanson, J. L., Pierson, R. K., Davidson, R. J., & Pollak, S. D. (2009).Cerebellar volume and cognitive functioning in children who experienced earlydeprivation. Biological Psychiatry, 66 , 1100-1106.

Beckett, C., Brendkamp, D., Castle, J., Groothues, C., O’Connor, T., Rutter, M., &The ERA Study Team. (2002). Behavior patterns associated with institutionaldeprivation: A study of children adopted from Romania.  Developmental and

 Behavioral Pediatrics, 23(5), 297-303.Benoit, T.C., Joycelyn, L.J., Moddemann, D.M., & Embree, J.E. (1996). Romanian

adoption. The Manitoba experience.  Archives of Pediatrics & Adolescent Medicine, 150(12), 1278-82.

Bowlby, J. (1951). Maternal care and mental health. Geneva: World Health Organi-zation.

Bowlby, J. (1982). Attachment and loss. Attachment . New York: Basic Books.Cohen, J. (1988). Statistical power analysis for the behavioural sciences (rev. edn).

 New York: Academic Press. Cohen, N., & Farnia, F. (março, 2011). Children adopted from China: Attachment

 security two years later. Comunicação apresentada no SRCD Bienal Meeting,Montreal, Canadá.

Cohen, N., Lojkasek, M., Zadeh, Z. Y., Pugliese, M., & Kiefer, H. (2008). Childrenadopted from China: A prospective study of their growth and development.

 Journal of Child Psychology and Psychiatry, 49(4), 458-468. doi:10.1111/j.1469-7610.2007.01853.x

Dozier, M., Lindhiem, O., & Ackerman, J. (2005). Attachment and biobehavioralcatch-up. In L. Berlin, Y. Ziv, L. Amaya-Jackson, & M.T. Greenberg (Eds.), Enhancing Early Attachments (pp. 178-195). New York: Guilford.

Frank, D., Klass, P., Earls, F., & Eisenberg, L. (1996). Infants and young children inorphanages: One view from pediatrics and child psychiatry.  Pediatrics, 97(4),569-578.

Fried, R., & Mayer, M. F. (1948). Socioemotional factors accounting for growthfailure in children living in an institution.  Journal of Pediatrics, 33, 444-457.doi: 10.1016/S0022-3476(48)80202-7

Gunnar, M. R. (2000). Early adversity and the development of stress reactivity and

regulation. In C. Nelson (Ed.), The effects of early adversity on neurobehav-ioral development. Minnesota symposia on child psychology (vol. 31, pp. 163-200). Mahwah, NJ: Erlbaum.

7/21/2019 ArtiAdoçõ

http://slidepdf.com/reader/full/artiadoco 14/17

76  Joana Baptista, Isabel Soares & Margarida Henriques

Haugaard, J., & Hazan, C. (2003). Adoption as a natural experiment. Developmentaland Psychopathology, 15(4), 909-926. doi:10.1017/S0954579403000427

Jaffari-Bimmel, N., Juffer, F., Van IJzendoorn, M., Bakermans-Kranenburg, M., &

Mooijaart, A. (2006). Social development from infancy to adolescence: Longi-tudinal and concurrent factors in an adoption sample.  Developmental Psychol-ogy, 42(6), 1143-1153. doi: 10.1037/0012-1649.42.6.1143

Johnson, D. E. (2000). Medical and developmental sequelae of early childhoodinstitutionalization in Eastern European adoptees. In C. Nelson (Ed.), The ef-

 fects of early adversity on neurobehavioral development. Minnesota symposiaon child psychology (vol. 31, pp. 113-162). Mahwah, NJ: Erlbaum.

Johnson, D. E. (2002). Adoption and the effects on child development.  Early humandevelopment, 68(1), 39-54.

Juffer, F., Bakermans-Kranenburg, M. J., & Van IJzendoorn, M. (2005). The impor-

tance of parenting in the development of disorganized attachment: Evidencefrom a preventive intervention study in adoptive families.  Journal of Child Psychology and Psychiatry, 46,  263-274. doi: 10.1111/j.1469--7610.2004.00353.x

Juffer, F., & Rosenboom, L. (1997). Infant-mother attachment of internationallyadopted children in the Netherlands.  International Journal of Behavioral De-velopment, 20(1), 93-107. doi: 10.1080/016502597385469

Juffer, F., & Van IJzendoorn, M. (2005). Behavior problems and mental health re-ferrals of international adoptees,  JAMA, 293, 2501-2515. doi:10.1001/jama.293.20.2501

Juffer, F., & Van IJzendoorn, M. (2009). International adoption comes of age: De-velopment of international adoptees from a longitudinal and meta-analytic per-spetive. In G. Wrobel & E. Neil (Eds), International advances in adoption re-

 search and practice (pp. 169-192). Sussex: Wiley-Blacwell.Kumsta, R., Kreppner, J., Rutter, M., Beckett, C., Castle, J., Stevens, S., & Sonuga-

-Barke, E. (2010). Deprivation-specific psychological patterns. Monographs ofthe Society for Research in Child Development, 75(1), 48-78. doi:10.1111/j.1540-5834.2010.00550.x.

Le Mare, L. L., & Audet, K. (2006). A longitudinal study of the physical growth andhealth of postinstitutionalized Romanian adoptees. Paediatrics & Child Health,

11(2), 85-91.Loman, M., Wiik, K., Frenn, K., Pollack, S., & Gunnar, M. (2009). Postinstitutional-

ized children’s development: Growth, cognitive, and language outcomes. Jour-nal of Development & Behavioral Pediatrics, 30(5), 426-434. doi:10.1097/DBP.0b013e3181b1fd08

Londen, M., Juffer, F., & Van IJzendoorn, M. (2007). Attachment, cognitive, andmotor development in adopted children: Short-term outcomes after interna-tional adoption.  Journal of Pediatric Psychology 32(10), 1249-1258.doi:10.1093/jpepsy/jsm062

Marcovitch, S., Goldberg, S., Gold, A., Washington, J., Wasson, C., Krekewich, K.,& Handley-Derry, M. (1997). Determinants of behavioural problems in Roma-nian children adopted in Ontario.  International Journal of Behavioral Devel-opment, 20(1), 17-31. doi:10.1080/016502597385414

7/21/2019 ArtiAdoçõ

http://slidepdf.com/reader/full/artiadoco 15/17

O Impacto da adoção no desenvolvimento da criança 77 

Merz, E., & Mcall, R. (2010). Parent ratings of executive functioning in childrenadopted from psychosocially depriving institutions.  Journal of Child Psychol-ogy and Psychiatry, 52(5), 537–546. doi: 10.1111/j.1469-7610.2010.02335.x

Miller, L., Chan, W., Comfort, K., & Tirella, L. (2005). Health of children adoptedfrom Guatemala: Comparison of orphanage and foster care. Pediatrics, 115(6), 710-717. doi: 10.1542/peds.2004-2359

Miller, L., & Hendric, N. (2002). Health of children adopted from China. Pediatrics,105(6), 1-6. doi: 10.1542/peds.105.6.e76

O'Connor, T. G., Rutter, M., & The ERA Study Team (2000). Attachment disorder behavior following early severe deprivation: Extension and longitudinal fol-low-up. Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry,39, 703–712. doi: 10.1097/00004583-200006000-00008

O’Connor, T. G., & Spagnola, M. (2009). Early stress exposure: Concepts, findings,

and implications, with particular emphasis on attachment disturbances. Childand Adolescent Psychiatry and Mental Health, 3(1),  1-7. doi:10.1186/1753--2000-3-24

O’Connor, T. G., & Zeanah, C. (2003). Introduction to the special issue: Current perspectives on assessment and treatment of attachment disorders. Attachmentand Human Development, 5(3), 221-222. doi:10.1080/14616730310001593992

Palacios, J., & Brodzinsky, D. (2010). Adoption research: Trends, topics, outcomes. International Journal of Behavioral Development, 34(3),  270-284. doi:10.1177/0165025410362837

Palacios, J., & Sánchez-Sandoval, Y. (2005). Beyond adopted/nonadopted compari-

sons. In D. Brodzinsky & J. Palacios (Eds.), Psychological issues in adoption (pp. 117-144). London: Praeger.

Pollak, S., Nelson, C., Schlaak, M. F., Roeber, B. J., Wewerka, S. S., Wiik, K. L.(…) & Gunnar, M. (2010). Neurodevelopmental effects of early deprivation in

 postinstitutionalized children. Child Development , 81, 224-236. doi:10.1111/j.1467-8624.2009.01391.x

Pormerleau, A., Malcuit, G., Chicoine, J., Séguin, R., Belhumeur, C., Germain, P.(…) & Jéliu, G. (2005). Health status, cognitive and motor development ofyoung children adopted from China, East Asia, and Russia across the first 6months after adoption.  International Journal of Behavioral Development,

29(5), 445-457. doi: 10.1080/01650250500206257Provence, S., & Lipton, R. (1962). Infants reared in institutions. New York: Interna-

tional Universities Press.Rutter, M., Beckett, C., Castle, J., Colvert, E., Kreppner, J., Mehta, M. (…) &

Sonuga-Barke, E. (2009). Effects of profound early institutional deprivation:An overview of findings from a UK longitudinal study of Romanian adoptees.In G. M. Wrobel & E. Neil (Eds.), International advances in adoption research

 for practice (pp. 147-168). Sussex: Wiley-Blackwell.Rutter. M., Colvert, E., Kreppner, J., Beckett, C., Groothues, C., Hawkins, A. (…) &

Sonuga-Barke, E. (2007). Early adolescent outcomes for institutionally--deprived and non-deprived adoptees. I: Disinhibited attachment.  Journal ofChild Psychology and Psychiatry, 48(1),  17-30. doi: doi:10.1111/j.1469--7610.2007.01792.x

7/21/2019 ArtiAdoçõ

http://slidepdf.com/reader/full/artiadoco 16/17

78  Joana Baptista, Isabel Soares & Margarida Henriques

Rutter, M., Kreppner, J., O’Connor, T. G., & The ERA Study Team (2001). Speci-ficity and heterogeneity in children’s responses to profound privation.  British

 Journal of Psychiatry, 179, 97-103. doi: 10.1192/bjp.179.2.97

Rutter, M, & The ERA Study Team  (1998). Developmental catch-up, and deficit,following adoption after severe global early privation.  Journal of Child Psy-chology and Psychiatry, 39, 465- 476.

Rutter, M., O’Connor, T., & The ERA Study Team  (2004). Are there biological programming effects for psychological development? Findings from a study ofRomanian adoptees.  Developmental Psychology, 40(1), 81-94. doi:10.1037/0012-1649.40.1.81

Smyke, A. T., Koga, S., Johnson, D. E., Zeanah, C., & The BEIP Core Group(2004). The caregiving context in institution-reared and family-reared infantsand toddlers in Romania.  Journal  of Child Psychology and Psychiatry, 48(2), 

210-218. doi: 10.1111/j.1469-7610.2006.01694.xSpitz, R. A. (1945). Hospitalism: An inquiry into the genesis of psychiatric condi-tions in early childhood. Psychoanalytic Study of the Child, 1, 53-74.

Tan, T., & Yang, Y. (2005). Language development of Chinese adoptees 18-35months old.  Early Childhood Research Quarterly, 20(1), 57-68. doi:10.1007/BF02724092

Teilmann, G., Pedersen, C., Skakkebaek, N., & Jensen, T. K. (2006). Increased riskof precocious puberty in internationally adopted children in Denmark.  Pediat-rics, 118(2), 391-399. doi: 10.1542/peds.2005-2939

Tuvemo, T., & Proos, L. A. (1993). Girls adopted from developing countries: A

group at risk of early pubertal development and short final height. Implicationsfor health surveillance and treatment. Annals of Medicine, 25(3), 217-219.

Van den Dries, L., Juffer, F., Van IJzendoorn, M., & Bakermans-Kranenburg, M.(2009). Fostering security? A meta-analysis of attachment in adopted children.Children and Youth Services Review, 31, 410-421.doi:10.1016/j.childyouth.2008.09.008

Van den Dries, L., Juffer, F., Van IJzendoorn, M., & Bakermans-Kranenburg, M.(2010). Infants’ physical and cognitive development after international adop-tion from foster care or institutions in China. Journal of Developmental & Be-havioral Pediatrics, 31, 144-150. doi: 10.1097/DBP.0b013e3181cdaa3a

Van IJzendoorn, M., Bakermans-Kranenburg, M. J., & Juffer, F. (2007). Plasticityof growth in height, weight and head circumference: Meta-analytic evidence ofmassive catch-up after international adoption.  Journal of Developmental and

 Behavioral Pediatrics, 28, 334-343. doi:10.1097/DBP.0b013e31811320aaVan IJzendoorn, M., & Juffer, F. (2006). The Emanuel Miller Memorial Lecture

2006: Adoption as intervention. Meta-analytic evidence for massive catch-upand plasticity in physical, socioemotional, and cognitive development. Journalof Child Psychology and Psychiatry, 47(12), 1228–1245. doi:10.1111/j.1469--7610.2006.01675.x

Van IJzendoorn, M., Juffer, F., & Klein Poelhuis, C. (2005). Adoption and cognitivedevelopment: A meta-analytic comparison of adopted and nonadopted chil-dren’s IQ and school performance.  Psychological Bulletin, 131, 301-316.doi:10.1037/0033-2909.131.2.301

7/21/2019 ArtiAdoçõ

http://slidepdf.com/reader/full/artiadoco 17/17

O Impacto da adoção no desenvolvimento da criança 79 

Van IJzendoorn, M., & Kroonenberg, P. M. (1988). Cross-cultural patterns of at-tachment: A meta-analysis of the Strange Situation. Child Development, 59,147-156.

Van IJzendoorn, M., Schuengel, C., & Bakermans-Kranenburg, M. (1999). Disor-ganized attachment in early childhood: Meta-analysis of precursors, concomi-tants, and sequelae. Development and Psychopathology, 11(2), 225-250.

Wallin, A., Dozier, M., Bick, J., & Bernard, K. (2011, março).  Attachment and em- pathy among children experiencing early adversity. Comunicação apresentadano SRCD Bienal Meeting, Montreal, Canadá.

Wiik, K. L., Loman, M., Van Ryzin, M. J., Armstrong, J. M., Essex, M. J., Pollak,S., & Gunnar, M. (2011). Behavioral and emotional symptoms of post--institutionalized children in middle childhood. The Journal of Child Psychol-ogy and Psychiatry, 52(1), 56-63. doi:10.1111/j.1469-7610.2010.02294.x

World Health Organization (2007 ). International statistical classification of diseasesand related health problems 10th revision (ICD-10).  Retirado dehttp://www.who.int/classifications/icd/en/.

Zeanah, C., Egger, H., Smyke, A., Nelson, C., Fox, N., Marshall, P., & Guthrie,D. (2009). Institutional rearing and psychiatric disorders in Romanian pre-school children.  American Journal of Psychiatry, 166, 7   77–785. doi:10.1176/appi.ajp.2009.08091438

Zeanah, C., Smyke, A., Koga, S., Carlson, E., & The Beip Core Group (2005). At-tachment in institutionalized and community children in Romania. Child De-velopment , 76 , 1015-1028. doi:10.1111/j.1467-8624.2005.00894.x