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A Universidade Federal do Rio de Janeiro: origens e construção (1920 a 1965) Maria de Lourdes de Albuquerque Favero Coordenadora do PROEDES/FE/UFRJ e Pesquisadora 1 A do CNPq 1. Preliminares Nesta comunicação pretendemos refletir sobre a concepção de universidade que marca a história dessa instituição, a partir de 1920, quando é criada, passando pela Reforma Francisco Campos do Ensino Superior, em 1931, que a reorganiza e pela Lei nº 452/37, que a institui como Universidade do Brasil (UB), denominação que mantém até 1965, quando recebe a designação de Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). De forma sintética, procuraremos situar algumas concepções e princípios que marcaram a história dessa instituição no período em análise, tentando identificar, também, no seu interior, os grupos que a protagonizaram, bem como o papel de seus órgãos, assinalando as condições institucionais para o desenvolvimento do ensino e da pesquisa, com vista à produção do conhecimento. Analisar a história da Universidade Federal do Rio de Janeiro é tarefa complexa e um desafio que se torna ainda maior quando se dispõe de curto espaço de tempo para examinar essa trajetória, sem perder de vista que seu modo de funcionar é situado, datado. Assim sendo, para entender as origens e a construção da UFRJ e, dentro dela, o significado de certos fatos e medidas, será preciso considerar algumas linhas de força do contexto que contribuíram para que determinadas propostas se efetivassem. Faz-se necessário, também, conhecer a estrutura política e ideológica com a qual e na qual as diferentes forças sociais estavam articuladas. 2. A UFRJ: origens e construção Partindo da premissa de que a criação da Universidade do Rio de Janeiro (URJ) deve ser entendida como um fato histórico, para estudá-la faz-se necessário relacioná-la com as demais instituições da sociedade com a qual se articula e com os debates travados sobre a questão da universidade na década de 20 do século passado. Lembramos que, no Brasil, essa década foi influenciada por movimentos culturais, políticos e sociais que repercutiram nas décadas seguintes. Nesse contexto, a última década da Primeira República apresenta-se marcada pelo aumento da demanda por educação superior, em decorrência das transformações econômicas,

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  • A Universidade Federal do Rio de Janeiro: origens e construo (1920 a 1965)

    Maria de Lourdes de Albuquerque Favero Coordenadora do PROEDES/FE/UFRJ e Pesquisadora 1 A do CNPq

    1. Preliminares

    Nesta comunicao pretendemos refletir sobre a concepo de universidade que marca a histria dessa instituio, a partir de 1920, quando criada, passando pela Reforma Francisco Campos do Ensino Superior, em 1931, que a reorganiza e pela Lei n 452/37, que a institui como Universidade do Brasil (UB), denominao que mantm at 1965, quando recebe a designao de Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

    De forma sinttica, procuraremos situar algumas concepes e princpios que

    marcaram a histria dessa instituio no perodo em anlise, tentando identificar, tambm, no seu interior, os grupos que a protagonizaram, bem como o papel de seus rgos, assinalando as condies institucionais para o desenvolvimento do ensino e da pesquisa, com vista produo do conhecimento.

    Analisar a histria da Universidade Federal do Rio de Janeiro tarefa complexa e um desafio que se torna ainda maior quando se dispe de curto espao de tempo para examinar essa trajetria, sem perder de vista que seu modo de funcionar situado, datado. Assim sendo, para entender as origens e a construo da UFRJ e, dentro dela, o significado de certos fatos e medidas, ser preciso considerar algumas linhas de fora do contexto que contriburam para que determinadas propostas se efetivassem. Faz-se necessrio, tambm, conhecer a estrutura poltica e ideolgica com a qual e na qual as diferentes foras sociais estavam articuladas.

    2. A UFRJ: origens e construo

    Partindo da premissa de que a criao da Universidade do Rio de Janeiro (URJ) deve ser entendida como um fato histrico, para estud-la faz-se necessrio relacion-la com as demais instituies da sociedade com a qual se articula e com os debates travados sobre a questo da universidade na dcada de 20 do sculo passado. Lembramos que, no Brasil, essa dcada foi influenciada por movimentos culturais, polticos e sociais que repercutiram nas dcadas seguintes.

    Nesse contexto, a ltima dcada da Primeira Repblica apresenta-se marcada pelo aumento da demanda por educao superior, em decorrncia das transformaes econmicas,

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    polticas, culturais e institucionais em processo no pas (Cunha, 1980). Tentativas foram feitas em favor da criao de universidades. Mas, da Colnia Repblica, houve grande resistncia idia de criao de universidade no Brasil. At o final do perodo monrquico, mais de duas dezenas de propostas e projetos foram apresentados sem xito; aps a Proclamao da Repblica, as primeiras tentativas tambm se frustraram.

    Importa observar, que somente em 1915, com a promulgao da Reforma Carlos Maximiliano, o problema da criao de instituio universitria no pas, tomou forma legal por meio do Decreto n 11.530, que dispe a respeito da instituio de uma universidade, determinando atravs do artigo 6: O Governo Federal, quando achar oportuno, reunir, em Universidade, a Escola Politcnica e de Medicina do Rio de Janeiro, incorporando a elas uma das Faculdades Livres de Direito, dispensando-a de taxa de fiscalizao e dando-lhe gratuitamente edifcio para funcionar. O mesmo artigo ainda determina: a) O Presidente do Conselho Superior do Ensino ser o Reitor da Universidade e b) O Regimento Interno elaborado pelas trs congregaes reunidas, completar a organizao estabelecida no presente decreto.

    Apoiando-se nesse dispositivo, o Governo Federal, em 7 de setembro de 1920, institui a Universidade do Rio de Janeiro, por meio do Decreto n 14.343, resultante da justaposio de trs escolas tradicionais, sem maior integrao entre elas e cada uma conservando suas caractersticas como se pode depreender da leitura das Atas da Assemblia constituda pelas Congregaes dos Institutos de Ensino Superior, da URJ. E mais, comparando a Exposio de Motivos do Ministro da Justia e Negcios Interiores, Alfredo Pinto Vieira de Mello, com a forma simplificada e modesta, em termos de estrutura acadmico-administrativa da primeira universidade oficial no pas, resultaram desse cotejo srias objees. Entre outras, os comentrios do educador Jos Augusto, em matria publicada no Jornal do Brasil, de 24 de outubro do mesmo ano, sob o ttulo Regime Universitrio III O estado atual da questo, na qual assinala:

    O Decreto de 07 de setembro findo, com o qual o governo da Repblica instituiu a Universidade do Rio de Janeiro, por julgar oportuno dar execuo ao disposto no art. 6 do Decreto n11.530, de 18 de maro de 1915, contm poucos artigos e trata a matria da forma mais geral e vaga, de modo a no deixar no esprito de quem [a] l a noo exata e segura da verdadeira orientao a ser seguida pelo nosso Instituto Universitrio.

    Outro fato que precisa ser esclarecido prende-se suposio de que a Universidade do Rio de Janeiro teria sido criada para prestar homenagens acadmicas ao Rei dos Belgas, que visitou o Brasil em 1920, outorgando-lhe o ttulo de Doutor Honoris Causa. Pesquisando a

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    histria dessa Universidade, de 1920 a 19651, pareceu-nos pertinente aprofundar essa questo, trazendo luz dados que a esclarecessem. Nessa perspectiva foram trabalhadas fontes documentais textuais, que nos ajudaram a entender e compreender tal suposio. Entre outras fontes, analisamos as Atas da Assemblia Constituda pelas Congregaes dos Institutos de Ensino Superior incorporados Universidade do Rio de Janeiro, em 1920, bem como as Atas do Conselho Universitrio da URJ, de janeiro de 1921 a junho de 1937 e da Universidade do Brasil (UB), de jul./37 a nov./65. Tais Atas relacionam todos os que receberam o ttulo de doutor honoris causa pela Universidade nesses anos. Foram, tambm, examinadas as Atas das Sesses do Instituto Histrico Geogrfico Brasileiro IHGB, bem como os peridicos Correio da Manh e Jornal do Brasil, referentes aos meses de agosto a dezembro desse ano. Com base nos dados examinados em fontes documentais, podemos observar que a razo imediata para a criao da Universidade do Rio de Janeiro no foi, como alguns autores afirmam, a necessidade de outorgar um ttulo acadmico ao Rei dos Belgas.

    Analisando as origens e o surgimento dessa Universidade, acreditamos poder inferir que o fundamento real para sua criao teria sido as presses para que o Governo Federal assumisse seu projeto universitrio, ante o aparecimento de propostas de instituies universitrias livres, em nvel estadual (Favero, 2004, p. 89-98).

    pertinente lembrar, tambm, que com a proclamao da Repblica foi criada, como observa Cunha uma ordem jurdica, liberando antigos anseios federativos o que contribuiu para o surgimento de iniciativas de criao de instituies de ensino superior em diversos estados.Em trs deles surgiram universidades fora e revelia do poder central: no Amazonas (1909), em So Paulo (1911) em Paran (1912), que tiveram existncia curta, somente vingando anos mais tarde (1980, p. 198-211)

    No obstante a ocorrncia de problemas e incongruncias existentes em torno da criao da Universidade do Rio de Janeiro, um aspecto no poder ser subestimado: sua instituio teve o mrito de reavivar e intensificar o debate em torno do problema universitrio no pas. Esse debate, nos anos de 1920, adquire expresso graas, sobretudo, atuao da Associao Brasileira de Educao (ABE) e da Academia Brasileira de Cincias (ABC). Entre as questes recorrentes nesses debates destacam-se a concepo de universidade, as funes que deveriam caber s universidades brasileiras, a autonomia universitria e at que ponto o modelo de universidade a ser adotado no Brasil deveria ser

    1 Esta comunicao apia-se, especialmente, nos resultados da pesquisa A Universidade do Brasil: o grande

    projeto universitrio (mar./1997 a fev./2000), coordenada pela autora, com apoio do CNPq.

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    nico ou se cada universidade poderia ser organizada de acordo com suas condies peculiares e as da regio onde se localiza.

    No que diz respeito s funes e ao papel da universidade identificam-se duas posies: os que defendem como suas funes bsicas a de desenvolver a pesquisa cientfica, alm de formar profissionais, e os que consideram prioritria a formao profissional. H, ainda, uma terceira posio que poderia talvez vir a constituir-se em desdobramento da primeira: para merecer essa denominao, a universidade deveria tornar-se foco de cultura, disseminao de cincia adquirida e criao da cincia nova (ABE, 1929). Tais questes acabam sendo tambm objeto de discusso na 1 Conferncia Nacional de Educao, realizada em Curitiba, em 1927, a partir da tese As Universidades e a Pesquisa Cientfica, apresentada por Amoroso Costa (idem, p. 13). A propsito, podemos observar que, embora existissem posies divergentes, o que Amoroso Costa defendia, juntamente com o movimento liderado pela ABE, embora no houvesse dentro dessa Associao um conceito unvoco de cincia, era introduzir a pesquisa como ncleo da instituio universitria (Paim, 1982, p. 18).

    No entanto, a institucionalizao da pesquisa na universidade no chega a ser concretizada na dcada de 20, nem na esfera federal, com a Universidade do Rio de Janeiro, nem na estadual, com a criao, em 1927, da Universidade de Minas Gerais, instituda segundo o modelo da primeira. A propsito, Raul Bittencourt (1946) assinala que, desde a regncia de D. Joo VI at a segunda dcada do sculo passado, vinham sendo criados cursos e depois escolas e faculdades de Medicina, Marinha, Direito, Pintura etc., que no se aproximavam de uma instituio universitria pela intercalao dos currculos e pelos objetivos de pesquisa desinteressada. A pesquisa, quando existia, era espordica, diretamente ligada a docentes de renome, constituindo excees. E acrescenta: o decreto de 1920 que instituiu a Universidade do Rio de Janeiro no fundou porm, na realidade, universidade alguma (p. 551), argumentando:

    [...] primeiro porque se limitava a estabelecer um nexo jurdico entre as faculdades que j existiam, todas de carter profissional e, segundo, porque as relaes entre os estabelecimentos de ensino eram de fachada, cimentado e incongruente, sujeito ao controle minucioso do Ministro da Justia e, mais tarde, do Ministro da Educao e Sade (1946, p. 561-562).

    Se nos primeiros anos do sculo XX j se apresentavam sinais de ruptura do pacto de dominao de um Estado oligrquico- representado pela poltica dos governadores, esse processo se acelera mais ainda nos anos 20, sobretudo com a Grande Depresso de 1929 e

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    ir se concretizar politicamente na Revoluo de 1930. Surge, ento, um aparelho de Estado mais centralizado, tendo como resultado a concentrao progressiva, na rbita do Executivo Federal, em que passaram a ser arquitetadas polticas pblicas de carter nacional, inclusive na educao. Todavia, seu coroamento definitivo ocorrer de fato em 1937, com a implantao do Estado Novo (Moraes, 2000, p. 63 e 74)

    Nesse contexto, o Governo Provisrio, em novembro de 1930, cria o Ministrio da Educao e Sade Pblica (MESP), tendo como seu primeiro titular Francisco Campos, que elabora e implementa, a partir de 1931, as reformas de ensino secundrio, superior e comercial, com acentuada tnica centralizadora. Trata-se, sem dvida, de adaptar o ensino escolar a diretrizes que assumem formas bem definidas, tanto no campo poltico quanto no educacional, tendo como preocupao criar e desenvolver um ensino mais adequado modernizao do pas, com nfase na formao de elites e na capacitao para o trabalho. Um ensino que contribusse para completar a obra revolucionria, orientando e organizando a nacionalidade. Nessa linha, o governo central elabora seu projeto universitrio, mediante trs decretos datados de 11 de abril de 1931, relativos : promulgao do Estatuto das Universidades Brasileiras (Decreto n 19.851/31); Organizao da Universidade do Rio de Janeiro (Decreto n. 19.852/31) e criao do Conselho Nacional de Educao (Decreto n 19.850/31). Esse projeto de reforma do ensino superior, passou histria com o nome do ministro que o encaminhou.

    Comentando as finalidades da universidade, Campos insiste em no reduzi-las apenas funo didtica: Sua finalidade transcende ao exclusivo propsito do ensino, envolvendo preocupaes de pura cincia e de cultura desinteressada. Para o Ministro, a universidade tinha duplo objetivo: equiparar tecnicamente as elites profissionais do pas e de proporcionar ambiente propcio s vocaes especulativas e desinteressadas, cujo destino, imprescindvel formao da cultura nacional, o da investigao e da cincia pura (Campos, 1931, p. 4). No plano do discurso, caberia Faculdade de Educao, Cincias e Letras, prevista no projeto de 1931, imprimir universidade seu carter propriamente universitrio, o que na prtica no vai ocorrer. Analisando o Decreto n 19.852/31, que d nova organizao Universidade do Rio de Janeiro, observamos que esse dispositivo contm prescries sobre essa Faculdade; contudo ela no chega a ser imediatamente instalada pelo Governo Federal. E mais, examinando-se o art. 196, verificamos tambm que no se atribui Faculdade de Educao, Cincias e Letras o carter de unidade integradora dos diferentes institutos universitrios, desde que sua existncia no era obrigatria. Observamos, ainda, que sua

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    organizao definitiva somente ir ocorrer em 1939, quando, em abril daquele ano, criada a Faculdade Nacional de Filosofia.2

    Analisando-se o Estatuto das Universidades Brasileiras (Decreto n 19.851/31), algumas questes merecem registro. A primeira refere-se integrao das escolas ou faculdades na nova estrutura universitria. Pelo Estatuto, elas se apresentam como verdadeiras ilhas dependentes da administrao superior. Outra questo relaciona-se ctedra, unidade operativa de ensino entregue a um professor. No Brasil, os privilgios do professor catedrtico adquiriram uma feio histrica, apresentando-se o regime de ctedra como ncleo ou alma mater das instituies universitrias. Alm disso, a idia de ctedra contida nesse Estatuto ganha fora nas constituies de 1934 e 1946, subsistindo legalmente at 1968, quando extinta, mediante a Lei Bsica da Reforma Universitria, Lei n 5.540/68, art. 33.

    Na Reforma Francisco Campos, uma questo, ainda hoje desafiadora, diz respeito concesso da relativa autonomia universitria, como preparao gradual para a autonomia plena. Embora ressalte na Exposio de Motivos sobre a reforma do ensino superior, no ser possvel, naquele momento, conceder-se autonomia plena s universidades, a questo fica, a rigor, em aberto.3

    Em decorrncia da Reforma Francisco Campos, em 1931, a URJ passa por sua primeira reorganizao. Seus estatutos so reformulados para se adequar aos dispositivos vigentes. Durante esse ano, o Conselho Universitrio da Universidade discute, em vrios momentos, o princpio da autonomia universitria, sendo entendido por alguns de seus membros como inerente a sua prpria essncia e condio necessria para a concretizao de seus fins. Entre os membros do Conselho que assumem e defendem essa posio, merece destaque o professor Igncio Manuel Azevedo do Amaral, representante da Escola Politcnica e, aps o Estado Novo, reitor da Universidade do Brasil.

    Com a instalao da Assemblia Nacional Constituinte (1933-1934), o Conselho Universitrio encaminha a essa Assemblia, documento no qual se pronuncia de forma incisiva a respeito da autonomia universitria, observando: A universidade - repartio pblica coisa que no se entende. um obstculo cultura. a secretaria burocrtica de ensinar. contradio (Universidade do Rio de Janeiro, 1934, p. 54).

    2 Ver a respeito o Decreto n 1190, de 4 de abril de 1939.

    3 Apesar da tendncia a uma centralizao cada vez maior, reflexo da poltica autoritria adotada desde o incio

    do Governo Provisrio, houve iniciativas em relao educao superior, nesse perodo, que expressam posies contrastantes. Entre outras, podemos destacar: a criao da Universidade de So Paulo (USP), em 1934 incluindo uma Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras e a instituio da Universidade do Distrito Federal (UDF), em 1935.Ver a respeito: FAVERO, Maria de Lourdes de A . Universidade e poder: anlise crtica/fundamentos histricos: 1930-45..2 ed. Braslia: Editora Plano, 2000 a , p.57-77.

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    A partir de 1935, a abertura suscitada pela Revoluo de 30, passa a ser vista como um erro a ser corrigido. Essa tendncia se amplia, assegurando um clima propcio implantao do Estado Novo. Em novembro desse ano, com a Insurreio Comunista, o Congresso renuncia s suas prerrogativas e delega ao Presidente plenos poderes, sendo decretado o estado de stio e o estado de guerra em todo o territrio nacional.

    Nesse contexto, o Poder Executivo elabora o Plano de Reorganizao do MESP- Ministrio de Educao e Sade Pblica. Na exposio de motivos que encaminha o projeto de lei ao Legislativo, o ministro Capanema enumera vrios servios relativos educao; o primeiro a ser mencionado o da Universidade do Brasil e a respeito enfatiza: fora de dvida que o Brasil precisa de universidades. [] Unio incumbe, por outro lado, ter a sua prpria universidade, instalada no Distrito Federal. Isto mesmo para ela um dever constitucional.Assim sendo, [...] universidade, instituda, mantida e dirigida pela Unio, h de caber, sob todos os pontos de vista, uma funo de carter nacional (Brasil.MESP, 1935, p. 26). Ela deve tornar-se padro, embora no querendo afirmar com isto que todas as universidades do Brasil devam ser iguais universidade federal. Ao contrrio, cada regio do pas deve dispor de sua universidade, de feio caracterstica, organizada e orientada segundo as exigncias locais (idem, p. 29). Complementando assinala: [...] a universidade federal deve constituir-se um ativo centro de pesquisas cientficas, de investigaes tcnicas, de atividades filosficas, literrias e artsticas, de estudos desinteressados de toda sorte, que a situem e definam como a mais alta expresso de nossa cultura intelectual( idem, ibidem).

    Segundo Capanema, a Universidade do Brasil deveria ser freqentada por estudantes de todos os pontos do pas, os quais, mediante determinadas condies de merecimento, nela tivessem matrcula e permanncia gratuitas. No seu entender, ela se tornaria assim, um grande e vivo centro de trabalho, onde merc da convivncia, possam brasileiros das mais diversas regies nacionais melhor conhecer-se e estimar-se (idem, ibidem).4

    Na inaugurao dos trabalhos, o Ministro declara que a Universidade do Brasil, mantida pela Unio, precisa ser perfeita. Afirma ser inteno do governo simplesmente fazer uma universidade que deixe de ser o que tem sido hoje no Brasil: um postulado regulamentar, uma aspirao da lei. Que ela se converta em uma realidade viva, em uma comunidade escolar verdadeira (idem, ibidem).

    4 Em decorrncia, mediante Portaria Ministerial instituda uma Comisso encarregada de estudar a

    organizao da Universidade do Brasil, tendo como presidente o prprio Ministro e como secretario Amrico Jacobina Lacombe, secretario do Conselho Nacional de Educao.

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    O projeto do governo recebido, por um lado, com entusiasmo e, por outro, com restries e objees, sobretudo pela forma como se processou seu encaminhamento no Legislativo. A crtica mais sria prende-se ao fato de que mais uma vez o Senado ficou privado de colaborar em uma lei de sua alada. O Jornal do Brasil, na seo Educao e Ensino, assinala: A sofreguido em ver promulgadas as reformas de sua emenda, que h trs anos est [...] na Cmara dos Deputados, tem levado o senhor Gustavo Capanema a dispensar nelas a colaborao do Senado, viciando-a de irreparvel inconstitucionalidade (Jornal do Brasil, 2 de jun..1937).

    A matria conclui indagando como o presidente da Cmara arroga a si autoridade para se opor a um pronunciamento do Senado. O assunto retomado, na mesma seo. Duas questes so levantadas: a primeira, como o Senado assiste, sem mostras de sensibilidade, usurpao de suas atribuies pelo presidente da Cmara; a segunda, o fato de o Presidente da Cmara, Pedro Aleixo, ter declarado: Est aprovada a redao final e o projeto vai ser remetido sano (Jornal do Brasil, 24.06.1937).

    Embora a crtica tenha se voltado mais para os procedimentos adotados no encaminhamento do projeto, h tambm outros aspectos considerados problemticos: o financiamento da obra projetada e as condies efetivas para que essa Universidade se constitusse num ativo centro de pesquisas cientficas, investigaes tcnicas e de atividades filosficas e artsticas, como preconizava o ministro Capanema. Os jornais da poca noticiam com destaque o fato e chamam especialmente a ateno para a Cidade Universitria cujo custo total vai consumir anualmente vinte mil contos, alm de outros recursos oramentrios provenientes da venda de imveis pertencentes ao patrimnio nacional (Jornal do Brasil, 19 de jun. 1937)

    Enquanto o projeto que institui a Universidade do Brasil tramita na Cmara Federal, o reitor Raul Leito da Cunha convoca sesso extraordinria do Conselho Universitrio para que este manifeste ao Presidente da Repblica o seu aplauso ao projeto que acabava de ser aprovado em redao final pela Cmara dos Deputados, instituindo a Universidade do Brasil. Em decorrncia, foi encaminhada uma proposta subscrita por vrios membros do Conselho no sentido de ser concedido o ttulo de Doutor Honoris Causa, pela Universidade do Brasil ao Presidente (Universidade do Rio de Janeiro. Ata do Conselho Universitrio, 22 jun. 1937). Chamamos a ateno, no entanto, para um fato, no mnimo, estranhvel: no momento em que

    os jornais tecem crticas severas ao processo de encaminhamento da lei, o Conselho Universitrio no se pronuncia a respeito, parecendo desconhecer as maquinaes do

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    Ministro para obter a aprovao desse dispositivo, sem a audincia do Senado (Correio da Manh, 24 jun. 1937).

    Analisando os jornais desse perodo, somos levada a perceber que a aprovao do projeto de institucionalizao da Universidade do Brasil resulta de uma estratgia bem sucedida por parte do Executivo. Finalmente, em 28 de junho de 1937, o projeto encaminhado sano presidencial, sem que tenha sido completada a norma processual do Legislativo. Assim, em 5 de julho desse ano, promulgada a Lei n 452/37 que institui a Universidade do Brasil, referendada pelos Ministros da Educao, Fazenda, Aviao, Agricultura e Guerra. O ato assume carter da maior solenidade por haver a Universidade conferido o ttulo de Doutor Honoris Causa ao Presidente da Repblica. Nessa oportunidade, Vargas discursa agradecendo a homenagem recebida e assinala: [...] entre as manifestaes recebidas no decurso da minha vida pblica, nenhuma assumiu to alto e to nobre significado como esta da Universidade do Brasil (Vargas, 1938, p.231-232).

    Capanema tambm se manifesta, observando que a lei, que estava sendo sancionada [fixava] de maneira clara, todo o plano da Universidade do Brasil. Para o Ministro, dois princpios inspiraram a criao da Universidade do Brasil, nos moldes em que foi estruturada: o primeiro, a Universidade teria [...] a funo de fixar o padro do ensino superior em todo o Pas; o segundo princpio, ser a Universidade do Brasil, uma instituio de significao nacional, e no local5. Em decorrncia da referida Lei, a Universidade seria constituda por 15 escolas ou faculdades que passariam a ter o adjetivo Nacional.

    Vale observar, ainda, que ao ser instituda a Universidade do Brasil a Lei n 452/37 faz referncia, em suas disposies gerais, ao princpio de autonomia, ou melhor: ausncia de autonomia da universidade em relao ao Governo. O artigo 27 dispe que tanto o reitor como os diretores dos estabelecimentos de ensino seriam escolhidos dentre os respectivos catedrticos, pelo Presidente da Repblica, e nomeados em comisso, at que fosse decretado o Estatuto da Universidade. Por outro lado, tornava-se expressamente proibida, aos professores e alunos da Universidade, qualquer atitude de carter poltico-partidrio ou comparecer s atividades universitrias com uniforme ou emblema de partidos polticos.

    Tais medidas no parecem estranhas, tendo-se presente o contexto em que elas foram elaboradas. Mas, ser importante observar o modo como o Poder Central chama a si, particularmente atravs do Ministro da Educao e Sade, Gustavo Capanema, o controle sobre a vida das instituies universitrias, durante o Estado Novo. As decises so tomadas

    5 Sobre essa questo, ver o Dirio da Noite. Rio de Janeiro, 16 de set. 1936.

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    em nome do princpio da autoridade e da disciplina e a autonomia universitria totalmente esquecida. Com freqncia, o autoritarismo se apia na defesa de valores como disciplina, progresso, interesse comunitrio etc. Nesse perodo, algumas medidas adotadas apresentam-se como retrocesso, se comparadas ao que dispunha o Estatuto das Universidades Brasileiras, de 1931, que estabelecia, entre outras determinaes, ser a escolha dos dirigentes - reitor, diretores de unidades - efetuada a partir de lista trplice.

    Durante esse perodo, a Universidade do Brasil vive sob o controle explcito dos poderes institudos. Nesse contexto, como as demais universidades existentes, torna-se vtima de uma organizao monoltica do Estado, sem qualquer autonomia. H uma exacerbada centralizao de todos os servios de educao, decorrendo da a concepo de que o processo educativo poderia ser objeto de estrito controle legal.

    O exame da documentao dessa instituio deixa entrever outra questo complexa: quem detm o poder de deciso. Percebe-se nitidamente a influncia, o prestgio das grandes escolas, as ligaes ou relaes de poder de catedrticos representantes de determinados cursos, grupos e interesses. Pode-se entender assim a razo pela qual, de 1920 a 1965, os reitores sem exceo, saram das trs grandes escolas: Medicina, Direito e Engenharia. Tambm delas, emanaram, em geral, as propostas de outorga de ttulos honorficos e o encaminhamento de muitas decises relativas abertura de concursos, para preenchimento de ctedras etc.

    A anlise da composio dos rgos colegiados superiores e das unidades deixa perceber, tambm, como a ctedra se apresenta marcada por um carter centralizador. A concentrao de poder no mbito dos catedrticos se evidencia nos dispositivos legais que organizam a instituio como um todo, sobretudo na concepo da direo acadmico-administrativa dos institutos, faculdades e escolas formadas por um diretor, um conselho tcnico-administrativo e uma congregao; os diferentes segmentos da comunidade praticamente no se faziam presentes.

    3. A Universidade do Brasil, aps o Estado Novo Com a deposio de Vargas em outubro de 1945, e o fim do Estado Novo, o Brasil

    entra em nova fase de sua histria. Inicia-se um movimento para se repensar o que estava identificado com o regime autoritrio at ento vigente.

    A redemocratizao do pas consusbstanciada na promulgao de uma nova Constituio, ocorrida em 16 de setembro de 1946, que se caracterizou, de modo geral, pelo carter liberal de seus enunciados, como podemos observar no captulo Da declarao de

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    direitos e especialmente no que trata dos direitos e das garantias individuais.A Constituio de forma explcita assegura a liberdade de pensamento ao dispor:

    livre a manifestao do pensamento sem que dependa da censura [...].A publicao de livros e peridicos no depender de licena do poder pblico [...]. inviolvel a liberdade de conscincia e crena [...].Por motivo de convico religiosa, filosfica ou poltica, ningum ser privado de nenhum de seus direitos [...]. As cincias, as letras e as artes so livres [...]. O amparo cultura dever do Estado. (art. 144, 5,7,8, arts. 173 e 174)

    Nesse contexto, algumas questes se colocam em relao Universidade do Brasil, tais como: qual a concepo de universidade, que a partir desse perodo ir marcar essa Universidade? quais as condies institucionais para o desenvolvimento do ensino e da pesquisa? como se expressa o princpio de autonomia nessa instituio universitria? (Favero, 2000, p. 59, v.1)

    Ainda no Governo Provisrio, sendo Ministro da Educao e Sade o professor Raul Leito da Cunha, que exerceu de 1934 a 1945 o cargo de Reitor na UB, o Presidente Jos Linhares sanciona o Decreto-Lei n 8.393, de 17 de dezembro de 1945, que concede Universidade do Brasil autonomia administrativa, financeira, didtica e disciplinar e d outras providncias. De acordo com esse dispositivo, o Reitor passa a ser escolhido pelo Presidente da Repblica mediante lista trplice, organizada pelo Conselho Universitrio, tal como estava disposto no Estatuto das Universidades Brasileiras, de 1931. Quanto aos Diretores de unidades, passaram a ser nomeados pelo Reitor, com prvia autorizao do Presidente da Repblica, obtida por intermdio do Ministrio da Educao e Sade, sendo a escolha tambm feita a partir de lista trplice, organizada pela respectiva Congregao (idem, p. 76-77)).

    Em cumprimento a esse dispositivo e conforme o disposto no art. 24, o Estatuto da Universidade do Brasil foi aprovado pelo Decreto n 21.321, de 18 de junho de 1946, segundo o qual os objetivos da Universidade abrangiam a educao, o ensino e a pesquisa (art. 2) e a administrao superior da Universidade passaria a ser exercida pela Assemblia Universitria, pelo Conselho Universitrio, pelo Conselho de Curadores e pela Reitoria(art. 9). A Reitoria, representada na pessoa do Reitor, era o rgo executivo central, cabendo-lhe a responsabilidade de coordenar, fiscalizar e superintender todas as atividades universitrias (art.19).

    Quanto s faculdades e escolas, passam a ser organizadas em departamentos, dirigidos por um chefe escolhido entre os respectivos catedrticos. Ainda que parea estanho,

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    na Universidade do Brasil, embora a ctedra fosse a unidade de fato operativa de ensino e pesquisa, ela passa a existir integrada a um departamento, a partir de 1946.

    No que tange autonomia outorgada em 1945, a discusso sobre esse princpio, na esfera da Universidade do Brasil, no esbarra apenas nas relaes entre ela e suas unidades, ou entre ela e os rgos do governo. Dados obtidos da anlise de documentos da prpria instituio, em especial as atas do Conselho Universitrio e da Congregao da Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi), deixam entrever, de forma muito clara, que a autonomia administrativa, financeira, didtica e disciplinar outorgada Universidade do Brasil, no chegou a ser implementada. Ontem como hoje, a autonomia outorgada geralmente no passa de uma iluso, embora se apresente, s vezes, como um avano.

    Tanto no final dos anos 40, como no incio dos anos 50, vm se esboando na Universidade do Brasil algumas tentativas de luta pela autonomia universitria, no somente no mbito externo, mas tambm no interno, o que se delineia dentro das congregaes, atravs da reivindicao de alguns membros desse rgo deliberativo, no sentido de que as unidades fossem ouvidas e envolvidas no que tange ao processo decisrio relativo s questes de carter acadmico, administrativo e disciplinar. Nesse contexto, as congregaes discutiam e criticavam que, em diferentes momentos, as relaes de poder na Universidade se expressavam de cima para baixo, caracterizadas como relaes desiguais e relativamente estabilizadoras de foras.

    Quanto aos objetivos proclamados para a Universidade do Brasil, na Lei n 452/37 e explicitados no Decreto n 21.321/46,6 que aprova seu Estatuto, o exame realizado em fontes documentais permite inferir que, at o limiar dos anos 40, a Universidade desenvolveu e teve, com raras excees, como marca principal o ensino oferecido em suas Escolas e Faculdades voltados para a formao de profissionais liberais e especialistas qualificados em diferentes campos do saber. Em relao pesquisa, mesmo estando presente em alguns documentos legais, observa-se um certo distanciamento entre propostas, planos e funes reais da Universidade at esse perodo (Favero, 2000, p. 62,v.1)).

    Em relao pesquisa podemos inferir que somente a partir dos anos 40, e com mais intensidade na segunda metade dessa dcada, que essa funo integra efetivamente a histria da Universidade do Brasil. Todavia, no podemos considerar que a pesquisa estivesse totalmente ausente da Universidade antes. Cabe lembrar, por exemplo, a atuao de Carlos

    6 Os dispositivos referentes histria dessa Universidade foram publicados in: Universidade do Brasil:guia dos

    dispositivos legais, organizado por Favero, Maria de Lourdes e A .Rio de Janeiro: Editora da UFRJ/Inep, 2000,v.2

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    Chagas Filho, como professor catedrtico da Faculdade Nacional de Medicina, em reunio promovida pela Academia Brasileira de Cincias, a 7 de agosto de 1940, juntamente com seus assistentes, efetuando demonstraes experimentais das pesquisas em desenvolvimento sobre a produo de eletricidade pelos seres vivos (Paim, 1982, p. 34).

    Quanto a institucionalizao da pesquisa cientfica, na UB, daremos alguns exemplos que ilustram o surgimento de novos institutos e grupos com linhas de pesquisa na Universidade. Comecemos com o Instituto de Biofsica, institudo em 1945 e implantado em 1946, na Universidade, [...] reunindo um grupo de investigadores que, sob a orientao de Carlos Chagas Filho, j vinham realizando, na cadeira de Fsica Biolgica da Faculdade Nacional de Medicina, trabalhos originais sobre problemas limtrofes entre a Fsica e a Eletrofisiologia (Costa Ribeiro, 1994, p. 205) .

    Como assinala Rocha Miranda, importante registrar que Carlos Chagas, apostando sempre na capacidade de seus colaboradores mais jovens, incentivou vrios e bem sucedidos projetos de pesquisa cientfica em Biofsica e Fisiologia, promovendo o intercmbio com cientistas de grandes centros internacionais(1977,p.29). Outros pesquisadores, que contriburam em vrias frentes para a pesquisa na Universidade, foram: o professor Paulo de Ges, com suas investigaes no Instituto de Microbiologia, considerado matriz e celeiro de toda uma gerao de microbiologistas brasileiros (idem, p.31-32), e o matemtico Maurcio Matos Peixoto, "Presidente da Academia Brasileira de Cincias por cinco mandatos sucessivos, desenvolvendo grande parte do seu trabalho em seminrios na Escola Nacional de Engenharia. O Chamado Teorema de Peixoto, foi um dos primeiros marcos da Teoria dos Sistemas Dinmicos" (idem, 33-34).

    Vale lembrar o trabalho dos professores estrangeiros na Faculdade Nacional de Filosofia que deixaram suas marcas, formando escola. o caso de Luigi Sobrero e Gabrielle Mammana, na rea da Fsica que, a partir de 1941, mobilizavam os alunos para a pesquisa, anunciando e propondo seminrios na FNFi, cujos resultados so lembrados por fsicos do porte de Jos Leite Lopes. Na Fsica merece, tambm, destaque o professor Joaquim Costa Ribeiro, reconhecido pela sua capacidade de pesquisa e com prmios internacionais (Leite Lopes, 1969, p. 135).

    Segundo o professor Leite Lopes, no domnio da Fsica Terica, a associao de Costa Ribeiro com os professores Jayme Tiommo e Guido Beker muito contribuiu para o desenvolvimento de pesquisas, bem como para a tarefa de formar novos pesquisadores, por

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    meio de cursos e seminrios realizados em colaborao entre a Faculdade Nacional de Filosofia e o Centro Brasileiro de Pesquisas Fsicas - CBPF (idem, ibidem).

    na FNFi, ainda, que so iniciados os trabalhos de investigao em Fsica Nuclear terica que continuaram, depois em colaborao com o CBPF. Nessa Faculdade, em 1948, criada a primeira cadeira de Fsica Nuclear no pas, oferecida ao professor Csar Lattes. Mas, por no existirem recursos para funcionamento dos laboratrios, as pesquisas passaram a ser realizadas no Centro Brasileiro de Pesquisas Fsicas (idem, p. 141).

    Na rea da Matemtica, cumpre ressaltar a atuao do professor portugus Antonio A. Monteiro, a partir de 1945, que segundo o professor Leopoldo Nachbin teve influncia marcante no ensino e na pesquisa no Departamento de Matemtica. Sua presena foi significativa na formao de matemticos brasileiros, consoante depoimento da professora Maria Laura Leite Lopes (in. Favero, 1992, p.382).

    Quanto Qumica, encontramos registros de trabalhos de pesquisa realizados pelos professores Cristhovo Cardoso e Athos da Silveira Ramos. Pelo depoimento da professora Silvia T. Tomasquim, embora a pesquisa nessa rea no tivesse desempenho satisfatrio no perodo analisado, por no apresentar uma produo cientfica contnua, o ensino da Qumica serviu de base formao de pesquisadores de renome (in Favero, 1992, 514).

    Na rea da Histria Natural, apesar da precariedade das condies materiais oferecidas, houve trabalhos marcantes na Faculdade Nacional de Filosofia em termos de estudo e pesquisa. Entre seus professores e pesquisadores, o nome de maior destaque o de Antonio Lagden Cavalcanti que publicou, em 1948, um trabalho no peridico Genetics poca a mais importante revista especializada em gentica nos Estados Unidos. Neste mesmo ano, o cientista Theodosius Dobzhansky veio ao Brasil e reuniu equipe de doze geneticistas constituda por brasileiros, argentinos, chilenos e suios, sob o patrocnio da Fundao Rochefeller. Segundo o Lagden, da nasceu a pesquisa gentica no Brasil, tornando-se a quinta ou sexta do mundo, de 1948 a 1968. O importante, assinala, ter nascido nas Faculdades de Filosofia, Cincias e Letras da Universidade de So Paulo e da Universidade do Brasil (in. Fvero, 1992, p. 43). Nesse campo, em 1950, criado na FNFi um Centro de Pesquisas Genticas.

    Ainda nos anos 40, encontramos, na rea da Geografia, professores que procuravam integrar conhecimentos tericos com a pesquisa de campo. o caso do professor Josu de Castro, catedrtico de Geografia Humana e Chefe do Departamento de Geografia, que considera ser finalidade precpua do curso formar nos alunos uma mentalidade de gegrafo, dando ao ensino das cincias geogrficas uma abordagem em nvel universitrio moderno

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    (Brasil/MES, 1947, p.115-116). Entre os professores desse Departamento, h um destaque para o trabalho do professor Hilgard Sternberg, em Geografia do Brasil. Na regncia dessa cadeira, adota processos de ensino e pesquisa com observao direta, inquritos, interpretao de textos, de mapas e excurses (idem, ibidem). Ainda na Geografia, outro nome citado com muita nfase, por ex-alunos da Faculdade Nacional de Filosofia, o do francs Francis Ruellan. Sua presena nessa Faculdade marcada pelos trabalhos de campo e pela introduo do mtodo de pesquisa aplicada na rea.

    Com base nesses registros, possvel inferir que, embora a pesquisa no tivesse conseguido institucionalizar-se na Universidade do Brasil, como seria desejvel a partir dos anos de 40, comea a deixar suas marcas em diferentes unidades. Importa observar, no entanto, que at os anos 50 as condies para fazer pesquisa na Universidade eram muito difceis e precrias. Lembramos que somente em 1944, o Conselho Universitrio discute e prope a criao do regime de tempo integral. Mesmo assim essa proposta somente ser efetivada anos depois. Registramos, tambm que, em 1948, o professor Costa Ribeiro, designado pelo Governo Federal como representante do Brasil na Reunio de Peritos Cientficos da Amrica Latina, em Montevidu, apresentou juntamente com os professores Miguel Osrio de Almeida e Maurcio Rocha e Silva, vrias teses incorporadas s concluses daquele evento, entre as quais se destacam O regime de tempo integral para pesquisadores e A instituio de fundos nacionais de pesquisa.

    Somente em 1950, a reivindicao de tempo integral e dedicao exclusiva atendida efetivamente na Universidade do Brasil7. Inicia-se nessa dcada um movimento para se desenvolver a pesquisa de forma institucionalizada em diferentes reas do conhecimento e no como um trabalho a ser realizado por iniciativa de alguns catedrticos. Em 1951, com a criao do CNPq-Conselho Nacional de Pesquisa, os recursos ampliaram-se e com eles os projetos. Nesse perodo, foram organizados diversos institutos e se estabeleceram convnios com agncias de fomento e apoio pesquisa, nacionais e internacionais. Alm disso, uma nova gerao de professores, alguns formados pela prpria Universidade, procuravam renovar as disciplinas introduzindo a pesquisa como parte integrante dos cursos.

    Embora a pesquisa institucional comece de fato a existir na Universidade do Brasil, com auxlio financeiro, a partir de 1950, essa prtica, no entanto, ainda no pode ser

    7. No Arquivo da Faculdade Nacional de Filosofia - PROEDES/FE/UFRJ, h um ofcio assinado pelo reitor

    Pedro Calmon dirigido ao diretor da Faculdade, datado de 14 de junho de 1950, dando conhecimento da aprovao do regime de tempo integral para os professores Jos Leite Lopes e Lagden Cavalcanti, a contar de 1 de maio daquele ano.

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    generalizada a todas as reas. o que observa a professora Eullia Lobo, referindo-se pesquisa em Histria. A respeito, observa: Antes, o que ocorria era a pesquisa individual, como uma publicao por conta prpria, por alguma editora particular. Mas de 1967-1968 passa a existir a pesquisa institucional, com verbas. Havia um pequeno Conselho, chamado de Conselhinho da Universidade Federal do Rio de Janeiro, responsvel pela distribuio de verbas para a pesquisa. Nesse perodo, o CNPq tambm apia a rea de Histria. E a professora complementa: Lembro que passei trs horas para convencer a CAPES que deveria dar bolsa para a pesquisa histrica. Foi uma luta e uma conquista, porque a Histria no tinha o mesmo status de outras reas de conhecimento ( Lobo, 1989, p.27).

    Acreditamos, pelo que foi possvel registrar nesta comunicao sobre a pesquisa na Universidade do Brasil que, at a dcada de 60 do sculo passado, embora a pesquisa no estivesse presente em todas as unidades e as condies de trabalho nem sempre tenham sido favorveis, no se pode desconhecer que, em algumas reas, ela trouxe importantes contribuies para o desenvolvimento cientfico do pas.

    pertinente lembrar tambm, que em 1958 a Universidade criou o Conselho de Pesquisas e aos poucos vrias unidades da UB passam a receber incentivo e auxlio importante do CNPq, da CAPES, da FINEP, alm de agncias e instituies no nacionais como as fundaes Rockefeller, Kellog, entre outras ( Bruno Lobo, 1980, 89).

    Quanto aos Cursos de Ps-Gaduao, Bruno Lobo registra a criao das Comisses Coordenadoras dos Cursos de Ps-Graduao, em 1961, observando que dessa iniciativa decorreu a implantao de Cursos de mestrado e doutorado nos Institutos de Biofsica e Microbiologia [...] e em 1962, em Cincias Matemticas e Fsicas(idem, ibidem).Complementando: Em 1963, surgiu a COPPE- Coordenao dos Programas de Ps-Graduao em Engenharia, dando incio ao primeiro curso de Mestrado em Engenharia Qumica (idem, p.90).

    4. A Reestruturao da Universidade do Brasil nos anos 60

    No limiar da dcada de 60 inicia-se na Universidade do Brasil uma discusso sobre a reforma da instituio. Os trabalhos tiveram incio nos primeiros meses de 1962, com a designao pelo Conselho Universitrio de uma Comisso Especial de professores para tratar da questo. Essa Comisso, presidida pelo reitor Pedro Calmon, era constituda pelos professores: Raul Bittencourt (relator); Raymundo Moniz de Arago; Anbal Cardoso Bittencourt, Antnio G. Lagden Cavalcanti; Carlos Chagas Filho; Lus Castro Faria; Paulo de Ges; Francisco Bruno Lobo; Jos Leme Lopes; Oscar de Oliveira; H. Rufino de Almeida

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    Pizarro; Joanlda Sodr; Wladimir Alves de Souza; Eremildo Luiz Vianna e o acadmico Jos Nilton Kara.

    A Comisso fez ampla consulta a professores, estudantes e funcionrios da Universidade, bem como de outras instituies universitrias. Para colher, reunir os dados levantados e coordenar os trabalhos foi criado o Escritrio de Planejamento da Reforma da Universidade do Brasil (EPRUB), coordenado pelo professor Jorge Kafuri, que fez uma sntese das opinies e dados colhidos, elaborando uma proposta que submeteu Comisso.

    A propsito, a professora Eullia Lahmeyer Lobo, que participou ativamente dos trabalhos da Reforma da Universidade, secretariando reunies dos grupos responsveis pela elaborao de documentos que serviram de subsdios Comisso, assinala em depoimento: Nessa poca, a tentativa de reforma da Universidade foi feita, pela primeira vez, com o concurso das bases; procurou-se consultar alunos, professores, funcionrios, pessoas de vrios nveis e classes, bem como de distintos padres culturais, para opinar sobre o que deveria ser uma universidade. (in: Favero, 1992, p. 202).

    Dessa consulta e da contribuio dos grupos de trabalho resultou o documento que define as Diretrizes para a Reforma da Universidade do Brasil8, no qual so registrados os seguintes pontos: conceituao da universidade; fins da universidade;autonomia universitria; estrutura; corpo docente;corpo discente; poltica educacional; aproveitamento e mobilizao dos recursos da universidade.Em 1963, essas Diretrizes so aprovadas pelo Conselho Universitrio, mas com o golpe militar de 64, sua implantao sustada.

    Com base nos estudos realizados na UB, em 1966, o ento Ministro da Educao, Raymundo Moniz Arago que havia sido um dos membros da referida Comisso dirige um Aviso ao Conselho Federal de Educao (CFE), solicitando uma assessoria no sentido da formulao de um diploma legal que corporificaria recomendaes contidas no documento da Universidade do Brasil. O anteprojeto emanado do CFE, com pequenas modificaes, transformado no Decreto-lei n 53/66. Logo a seguir, ainda com a participao do CFE, formulado e expedido o Decreto-lei n 252/67 que, segundo o Ministro, tratava-se de explicativa de pontos menos claros do diploma anterior e revogativo de algumas disposies do Estatuto do Magistrio (Lei n 4.881-A/65).

    8 Ver Diretrizes para a Reforma da Universidade do Brasil.Anexo 4, In: Favero, Maria de Lourdes de A .

    Universidade do Brasil: das origens construo. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ/Comped-MEC/Inep, 2000, p. 164-184., v. 1.

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    Mas, voltando a Reforma da Universidade do Brasil, h outras questes que no podem ser esquecidas. A propsito Cunha tece expressivos comentrios, assinalando que

    Embora a Universidade do Brasil chamasse para si o modelo da Universidade de Braslia, mesmo parcial e imperfeitamente, pouco fez para reformar-se. O que seria, alis, previsvel, pois, para isso teria de vencer a resistncia de no poucas escolas e faculdades, em ceder aos institutos (bsicos) parcelas significativas dos currculos que viriam a constituir o ciclo bsico e, com elas, parcelas importantes de recursos humanos, materiais e financeiros. Essas resistncias provinham de vrias fontes: da ctedra vitalcia, da composio do conselho universitrio, no qual os diretores de unidades eram membros natos; da prtica da nomeao dos diretores de unidades pelo Presidente da Repblica; e, finalmente, do fato de que os diretores mais prestigiados obtinham verbas destacadas no oramento da Unio, especialmente para sua unidade., passando tal consignao por cima do Ministro e do Reitor. (Cunha, 1988, p. 117)

    Porm, um aspecto relevante e que no pode ser subestimado, que o impulso de reformar as instituies universitrias, no perodo ps-1964, no se expressa apenas atravs] dos Decretos-Leis ns 53/66 e 252/679. No que tange s universidades federais, outras medidas legais foram baixadas. Assim, ainda em 1965, o presidente Castelo Branco encaminha Cmara Projeto de Lei uniformizando a denominao das universidades e escolas tcnicas federais. Tomando conhecimento da existncia desse anteprojeto, o Conselho Universitrio da UB, em sesso realizada em 29 de julho de 1965, posiciona-se veementemente contrrio medida, tendo em vista que sua aprovao implicaria mudana do nome Universidade do Brasil para Universidade Federal da Guanabara (Favero, 2000, p. 101, v.1).

    Mas, dentro do contexto autoritrio em que o pas vivia, o ministro Flvio Suplicy de Lacerda obteve apoio do presidente da Repblica para padronizar o nome das instituies universitrias federais. Em conseqncia, em 20 de agosto de 1965 sancionada a Lei n 4.759, publicada no Dirio Oficial do dia 24, a qual dispe no art.. 1 que as Universidades e Escolas Tcnicas Federais da Unio, vinculadas ao Ministrio de Educao e Cultura, sediadas nas capitais dos Estados, sero qualificadas de federais e tero a denominao do respectivo Estado. Em decorrncia, a Universidade do Brasil passaria a ser chamada de Universidade Federal da Guanabara, devendo excluir de suas unidades o qualitativo nacional, de acordo com o nico do mesmo artigo, que dispunha: As escolas e faculdades

    9 O primeiro desses dispositivos volta-se especificamente para a reorganizao das universidades federais,

    determinando princpios como o de integrao e no duplicao de meios, bem como a indissociao entre ensino e pesquisa, alm de fixar normas para que essas instituies elaborem seus planos de reestruturao. E, o segundo, estabelece normas complementares ao primeiro.

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    integrantes das universidades federais sero denominadas com a designao especfica de sua especialidade, seguida do nome da Universidade

    No de estranhar que esse dispositivo tenha provocado reaes por parte da Universidade do Brasil. O exame das Atas do Conselho Universitrio dessa Universidade referentes a esse perodo revela que, apesar da mudana legal do nome, a Universidade do Brasil continua usando a mesma denominao e suas unidades adotando o qualitativo nacional.

    Anlise efetuada no Dirio do Congresso Nacional oferece outros dados. Dez dias aps ter sido promulgada a Lei n 4.759/35, que dispunha sobre a denominao das Universidades e Escolas Tcnicas Federais, provocando reaes, conforme vimos na UB, o Ministro da Educao e Cultura Flvio Suplicy de Lacerda , encaminha ao Presidente da Repblica Exposio de Motivos sob o n 670 , em 30 de agosto de 1965, na qual assinala:

    Professores integrantes do Conselho Universitrio da Universidade Federal da Guanabara aduzem argumentos que me parecem inteiramente aceitveis, no sentido de dar quela instituio de ensino superior outra denominao, e as suas alegaes so as seguintes: O projeto de iniciativa do Poder Executivo ora transformado em Lei, que sistematiza a denominao das Universidades e Escolas Tcnicas, correspondeu ao superior intuito de distingui-las pelo qualitativo de federais e pela destinao dos Estados em que se encontram[...] Na cidade do Rio de Janeiro a primeira universidade foi criada por decreto de 7 de setembro de 1920, com o nome de Universidade do Rio de Janeiro. Do Rio de Janeiro se chamavam as Faculdades e Escolas que a integraram. [...]. Em 1937, entretanto, a reforma do ensino, considerando haver uma s Universidade Federal, mudou-lhe o ttulo para o de Universidade do Brasil. Transferida a capital do pas para Braslia, o antigo Distrito Federal passou a Estado da Guanabara, e com este nome criou por sua vez, o Governo local, a sua Universidade. Da aplicao do novo diploma legal resultar, pois, que haja, na mesma rea, duas Universidades com igual denominao. Para que se no suscitem tais equvocos, justo que retome a antiga Universidade do Brasil o seu nome primitivo. Representar sem quebra da sistemtica adotada, a continuidade, atravs do tempo, de uma tradio coerente.

    Conferido o nome de Universidade Federal do Rio de Janeiro a uma instituio da Cidade-Estado, seria imperioso mudar-se a designao da instituio congnere do Estado do Rio de Janeiro, e neste caso, o intento seria atingido com o restabelecimento da designao de Fluminense que , tambm em Niteri, uma tradio. (ibidem)

    Finalmente, em 5 de novembro de 1965, a Lei n 4.831 dispe sobre as novas denominaes das Universidades Federais situadas nas cidades do Rio de Janeiro e de Niteri, subordinadas ao Ministrio da Educao e Cultura, que passam a denominar-se,

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    respectivamente: Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Universidade Federal Fluminense (UFF). A partir dessa Lei , a Universidade do Brasil muda de denominao pela terceira vez, a contar da data de sua criao em 1920. 10

    5.Concluindo...

    Em face do exposto, cumpre registrar, mais uma vez, que todo o processo de construo e crescimento dessa Universidade, de 1920 a 1965, no se deu de modo unssono e unilateral. Malgrado os problemas materiais e humanos ela foi e continua sendo um espao que tem contribudo para a produo e socializao do conhecimento no pas. Alm disso, estudar a histria da UFRJ, procurando conhecer como se processou sua construo e mudanas ocorridas durante sua trajetria no perodo em anlise, significa revisitar no apenas sua prpria histria, mas tambm a do pensamento liberal e autoritrio, cujo imbricamento marca fundo a histria das instituies universitrias no Brasil, como parte de uma realidade concreta e permeada de contradies.

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    10 pertinente lembrar que, na aplicao desse dispositivo, houve excees. o caso, por exemplo, da

    Universidade de Braslia (UnB), que mantm a mesma denominao desde 1961, quando foi criada.

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    . A universidade reformanda. O golpe de 1964 e a modernizao do ensino superior. Rio de janeiro: Francisco Alves, 1988. DIRIO DA NOITE. Rio de janeiro, 16 de set. 1936. FAVERO, Maria de Lourdes de A. (coord.). Faculdade Nacional de Filosofia. Depoimentos. Rio de Janeiro: UFRJ/FUJB/CFCH/FE/PROEDES, 1992, v. 5.. . Universidade do Brasil: das origens construo. Rio de Janeiro:Editora UFRJ/Inep, 2000,v.1 .Universidade do Brasil: guia dos dispositivos legais (org.). Rio de Janeiro: Editora UFRJ/Inep, 2000, v. 2. .Universidade e Poder. Anlise crtica e fundamentos histricos:1930:45. 2. ed. Braslia: Editora Plano, 2000 a. . A suposta outorga do ttulo de doutor honoris causa ao rei da Blgica e a criao da Universidade do Rio de Janeiro. Educao Brasileira, Braslia, v. 26, n. 53, p. 81-103, jul./dez. 2004. JORNAL DO BRASIL, Seo Educao e Ensino. Rio de Janeiro, 22 jun. 1937, p.14.. _____. Seo Educao e Ensino. Rio de Janeiro, 24 jun. 1937, p. 14. . Seo Educao e Ensino. Universidade do Brasil, 19 de jun. 1937, p. 14

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