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i www.rffadvogados.pt Praça Marquês de Pombal, 16 – 5º (Recepção)/6º 1250-163 Lisboa • Portugal T: +351 215 915 220 • F: +351 215 915 244 [email protected] TAX & BUSINESS A presente Informação Fiscal destina-se a ser distribuída entre Clientes e Colegas e a informação nela contida é prestada de forma geral e abstracta. Não deve servir de base para qualquer tomada de decisão sem assistência profissional qualificada e dirigida ao caso concreto. O conteúdo desta Informação Fiscal não pode ser reproduzido, no seu todo ou em parte, sem a expressa autorização do editor. Caso deseje obter esclarecimentos adicionais sobre este assunto contacte [email protected]. *** Esta Informação Fiscal é enviada nos termos dos artigos 22.º e 23.º do Decreto-Lei n.º 7/2004, de 7 de Janeiro, relativa ao envio de correio electrónico não solicitado. Caso pretenda ser removido da nossa base de dados e evitar futuras comunicações semelhantes, por favor envie um email com “Remover” para o endereço email [email protected]. 01 AS REFORMAS FISCAIS PORTUGUESAS DO SÉCULO XXI Best Lawyers - "Tax Lawyer of the Year" 2014 Legal 500 – Band 1 Tax “Portuguese Law Firm” 2013 International Tax Review –"Best European Newcomer" (shortlisted) 2013 Chambers & Partners – Band 1 “RFF Leading Individual “ 2013 Who´s Who Legal – “RFF Corporate Tax Adviser of the Year” 2013 IBFD – Tax Correspondents Portugal, Angola and Mozambique 1. 1. 1. 1. A REFORMA DO IMPOSTO SOBRE AS A REFORMA DO IMPOSTO SOBRE AS A REFORMA DO IMPOSTO SOBRE AS A REFORMA DO IMPOSTO SOBRE AS PESSOAS COLECTIVAS: SIMPLIFICAÇÃO PESSOAS COLECTIVAS: SIMPLIFICAÇÃO PESSOAS COLECTIVAS: SIMPLIFICAÇÃO PESSOAS COLECTIVAS: SIMPLIFICAÇÃO FISCAL E PROMOÇÃO DO INVESTIMENTO FISCAL E PROMOÇÃO DO INVESTIMENTO FISCAL E PROMOÇÃO DO INVESTIMENTO FISCAL E PROMOÇÃO DO INVESTIMENTO (i) INTRODUÇÃO Um ano após o início dos trabalhos da Comissão de Reforma, e após intenso debate e diversas propostas apresentadas, a Lei n.º 2/2014 foi publicada, em Diário da República, no dia 16 de Janeiro de 2014 , aprovando a Reforma do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas e republicando, em conformidade, o Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas (Código do IRC). Tendo em conta que, no actual cenário económico, o regime de tributação das empresas desempenha um papel de grande importância no desenvolvimento económico, porquanto pode gerar distorções importantes nas decisões de investimento, e também que o regime Português estava em vigor há mais de 20 anos, tendo sido, ao longo do tempo, contaminado por revisões sucessivas, alterações cirúrgicas e pela recente necessidade de aumentar a receita fiscal, uma reforma profunda do sistema fiscal revelava- se de uma importância vital para aumentar a competitividade da economia portuguesa,

as reformas fiscais portuguesas do século XXI · 20 anos, tendo sido, ao longo do tempo, ... Tendo em conta um dos principais objectivos da reforma – promover o investimento inbound

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A presente Informação Fiscal destina-se a ser distribuída entre Clientes e Colegas e a informação nela contida é prestada de forma geral e abstracta. Não deve servir de base para qualquer tomada de decisão sem assistência profissional qualificada e dirigida ao caso concreto. O conteúdo desta Informação Fiscal não pode ser reproduzido, no seu todo ou em parte, sem a expressa autorização do editor. Caso deseje obter esclarecimentos adicionaissobre este assunto contacte [email protected].

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Esta Informação Fiscal é enviada nos termos dos artigos 22.º e 23.º do Decreto-Lei n.º 7/2004, de 7 de Janeiro, relativa ao envio de correio electrónico não solicitado. Caso pretenda ser removido da nossa base de dados e evitar futuras comunicações semelhantes, por favor envie um email com “Remover” para o endereço [email protected].

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A S R E F O R M A S F I S C A I S P O R T U G U E S A S D O

S É C U L O X X I

Best Lawyers - "Tax Lawyer of the Year" 2014 Legal 500 – Band 1 Tax “Portuguese Law Firm” 2013 International Tax Review –"Best European Newcomer" (shortlisted) 2013 Chambers & Partners – Band 1 “RFF Leading Individual “ 2013 Who´s Who Legal – “RFF Corporate Tax Adviser of the Year” 2013

IBFD – Tax Correspondents Portugal, Angola and Mozambique

1.1.1.1. A REFORMA DO IMPOSTO SOBRE AS A REFORMA DO IMPOSTO SOBRE AS A REFORMA DO IMPOSTO SOBRE AS A REFORMA DO IMPOSTO SOBRE AS PESSOAS COLECTIVAS: SIMPLIFICAÇÃO PESSOAS COLECTIVAS: SIMPLIFICAÇÃO PESSOAS COLECTIVAS: SIMPLIFICAÇÃO PESSOAS COLECTIVAS: SIMPLIFICAÇÃO FISCAL E PROMOÇÃO DO INVESTIMENTO FISCAL E PROMOÇÃO DO INVESTIMENTO FISCAL E PROMOÇÃO DO INVESTIMENTO FISCAL E PROMOÇÃO DO INVESTIMENTO (i) INTRODUÇÃO Um ano após o início dos trabalhos da Comissão de Reforma, e após intenso debate e diversas propostas apresentadas, a Lei n.º 2/2014 foi publicada, em Diário da República, no dia 16 de Janeiro de 2014 , aprovando a Reforma do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas e republicando, em conformidade, o Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas (Código do IRC). Tendo em conta que, no actual cenário económico, o regime de tributação das empresas desempenha um papel de grande importância no desenvolvimento económico, porquanto pode gerar distorções importantes nas decisões de investimento, e também que o regime Português estava em vigor há mais de 20 anos, tendo sido, ao longo do tempo, contaminado por revisões sucessivas, alterações cirúrgicas e pela recente necessidade de aumentar a receita fiscal, uma reforma profunda do sistema fiscal revelava-se de uma importância vital para aumentar a competitividade da economia portuguesa,

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tanto da perspectiva das empresas portuguesas, como da perspectiva das empresas estrangeiras. Neste sentido, chegou o momento de efectuar uma revisão completa do regime de tributação de sociedades, considerando, nomeadamente, a necessidade de simplificação da tributação assim se promovendo o investimento – quer seja doméstico, quer seja inbound ou outbound –, a necessidade de revisão e simplificação o actual regime de obrigações acessórias que impende sobre os sujeitos passivos, reduzindo, nessa medida, alguma da burocracia existente, bem como a necessidade de repensar a actual política fiscal internacional seguida por Portugal nas suas relações com outros Estados e o seu posicionamento numa economia globalizada, nomeadamente no que respeita à negociação e revisão de acordos para evitar a dupla tributação. Apresentamos de seguida um resumo das principais medidas. (ii) REDUÇÃO DAS TAXAS NOMINAIS DE IMPOSTO As taxas de imposto são tipicamente entendidas como o mais fiel indicador do quão oneroso um dado sistema fiscal é. Ainda que o encargo fiscal efectivo dependa de diversos elementos, dos quais a taxa nominal de imposto é uma pequena parte, a medida que tem sido mais publicitada é,

provavelmente, a redução da taxa nominal de imposto para 23%. Apesar de a actual redução ser de apenas 2 p.p., a mesma representa o primeiro passo para o objectivo proposto, pela Comissão de Reforma, de redução progressiva da taxa de IRC para 19%, até 2016, através, também, da eliminação das derramas (municipal e estadual). Como resultado do debate político, que foi realizado sobre este assunto, pequenas e médias empresas passam agora a beneficiar de uma taxa reduzida de 17%, aplicável ao lucro tributável até € 15.000. Com o objectivo de mitigar o impacto na receita da descida da taxa nominal de imposto a derrama estadual passa a incluir uma taxa adicional de 7% aplicável ao lucro tributável em excesso de € 35.000.000,00. (iii) (RE) INTRODUÇÃO DO REGIME SIMPLIFICADO PARA PEQUENAS EMPRESAS Considerando que o tecido empresarial português é composto, essencialmente, por pequenas e médias empresas, a Lei n.º 2/2014 reintroduziu (um regime similar anterior tinha sido revogado em 2010) um regime de tributação simplificado aplicável a pequenas empresas. Este é um regime opcional aplicável a entidades que cumpram, cumulativamente, com os requisitos a seguir indicados:

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i) Montante anual de rendimentos não superior a € 200.000 no ano anterior; ii) Total do balanco não superior a € 500.000 no ano anterior; iii) Não estejam legalmente obrigados à revisão legal de contas; iv) O capital social seja detido, em pelo menos 80%, de forma directa ou indirecta, por entidades que cumpram os requisitos anteriormente mencionados; v) Adopção do regime contabilístico aplicável a micro-entidades; vi) Não tenham renunciado à aplicação do regime nos três anos anteriores. Nos termos deste regime, o IRC incidirá sobre: i) 4% das vendas de bens e prestações de serviços efectuadas no âmbito da indústria hoteleira e similares, restauração e bebidas; ii) 75% dos rendimentos de actividades de profissionais; iii) 10% dos restantes rendimentos derivados da prestação de serviços; iv) 95% dos rendimentos de royalties (conforme definidos na lei), mais-valias e restantes incrementos patrimoniais; v) 100% do valor de aquisição dos incrementos patrimoniais obtidos a título gratuito. De forma a acautelar a situação das start-ups, as quais incorrem em custos acrescidos no arranque da actividade, a base tributável referida anteriormente é reduzida em 50% e 25% no primeiro e no segundo ano de actividade, respectivamente.

Adicionalmente, por forma a simplificar o regime fiscal das empresas de reduzida dimensão e a acautelar as particularidades deste tipo de entidades, as mesmas não estão sujeitas a algumas tributações autónomas nem ao pagamento especial por conta. (iv) SIMPLIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Reconhecendo que o actual leque de obrigações acessórias implica um encargo excessivo para os sujeitos passivos, desincentivando, nessa medida, o investimento em Portugal, a Lei n.º 2/2004 reduz alguma da burocracia anteriormente existente. Em comparação com a versão anterior do Código do IRC, a maioria das situações que estavam sujeitas a parecer prévio favorável por parte das autoridades fiscais passam a ser concluídas com uma simples comunicação, por parte do sujeito passivo. Algumas das áreas abrangidas pela mencionada simplificação incluem, a título de exemplo, o procedimento para utilização de taxas de depreciação e amortização distintas daquelas fixadas pela lei, ou para a adopção de um ano fiscal diferente do ano civil. Adicionalmente, o novo Código do IRC simplifica algumas das obrigações acessórias, nomeadamente as respeitantes ao regime especial de tributação de grupos de sociedades, ao regime de preços de

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transferência, bem como ao regime de eliminação da dupla tributação económica. (v) REDUÇÃO DA LITIGIOSIDADE FISCAL Ainda que algumas melhorias tenham sido introduzidas no sistema judiciário fiscal português, a duração média dos processos fiscais é, ainda, um aspecto negativo do sistema fiscal português. Por forma a solucionar algumas das questões que geram, tradicionalmente, um maior volume de litigância fiscal, a Lei n.º 2/2014 consagra um novo conceito de custos dedutíveis para efeitos fiscais, bem como um novo conceito de imparidades por créditos de cobrança duvidosa, pretendendo, em ambos os casos, expandir o conceito de modo a permitir aos contribuintes a dedução, em termos gerais, de todos os custos incorridos no âmbito da sua actividade. Outra área de litigância constante prende-se com a aplicação dos acordos para evitar a dupla tributação, nomeadamente no que respeita à exigência de que a prova de residência no outro estado contratante seja efectuada de acordo com um modelo pré-determinado. Tendo em conta a jurisprudência constante, é agora clarificado que, mesmo que o actual regime seja preferível, a prova de residência no outro estado contratante pode ser efectuada de acordo com outros meios. (vi) HARMONIZAÇÃO ENTRE REGRAS FISCAIS E CONTABILÍSTICAS

Outra área que tem sido, tradicionalmente, fonte de problemas na interpretação e aplicação da lei prende-se com o impacto das normas contabilísticas nas regras fiscais. De facto, ainda que o rendimento colectável seja determinado com base no resultado contabilístico, as regras do IRC implicam distorções várias, as quais foram agora, em certa medida, abolidas por via da adaptação das regras fiscais às normas contabilísticas. Em particular, os conceitos em causa respeitam às depreciações e amortizações, imparidades, provisões e activos intangíveis. (vii) DEFINIÇÃO DE NOVA POLÍTICA FISCAL INTERNACIONAL E O NOVO REGIME DE “PARTICIPATION EXEMPTION” Tendo em conta um dos principais objectivos da reforma – promover o investimento inbound e outbound – a redefinição da política fiscal internacional apresenta-se essencial para os alcançar. A este respeito, e para além das propostas da Comissão de Reforma relativas à negociação de novos acordos para evitar a dupla tributação e renegociação dos já existentes, nomeadamente reposicionando Portugal no actual contexto económico, revendo as taxas de retenção na fonte aplicáveis a não residentes e desenvolvendo a introdução de cláusulas anti-abuso nos referidos acordos para evitar a dupla tributação (como por

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exemplo, cláusulas de limitação de benefícios), a Lei n.º 2/2014 introduz o, muito discutido, regime de participation exemption, substituindo, assim, regime das SGPS até então existente que, como se sabe, tinha um âmbito de aplicação muito limitado. Nos termos deste novo regime, que se apresenta como um dos mais atractivos a nível europeu, é concedida uma isenção quer os dividendos quer às mais-valias, desde que a entidade que recebe os ditos rendimentos derivados da detenção de participações sociais, detenha uma participação social de, pelo menos, 5%. Contudo, e ao contrário do que se verifica em muitos dos regimes de “participation exemption” na europa, este regime tem um âmbito de aplicação alargado o que, em conjunto com o novo regime patent-box, posiciona Portugal como uma plataforma preferencial de investimentos com destino e origem na europa. Adicionalmente, é também previsto um novo regime de reporte de créditos por dupla tributação internacional por um prazo de 5 anos. Por outro lado, com o objectivo de promover o investimento português no estrangeiro, é também consagrado um regime de isenção para rendimentos obtidos no estrangeiro, por estabelecimentos estáveis ali situados de entidades residentes em Portugal.

(viii) REDUÇÃO DAS LIMITAÇÕES EXISTENTES EM SEDE DE PREJUÍZOS FISCAIS Outra importante medida prende-se com a extensão do período de reporte de prejuízos fiscais. Tendo em conta outros regimes actualmente existentes na europa, a Lei n,º 2/2014 estende o período de reporte de 5 anos, para um período de 12 anos, o que representa um importante benefício para as entidades a operar em Portugal, quando comparado com o anterior regime. É também digno de menção o facto de o novo regime implicar a revogação das regras que estavam anteriormente em vigor e segundo as quais o direito ao reporte dos benefícios fiscais caducaria se houvessem alterações substanciais na estrutura accionista ou na actividade desenvolvida pela entidade com direito à dedução dos prejuízos. (ix) SIMPLIFICAÇÃO DAS REGRAS DE PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA Por forma a aliviar o pesado encargo fiscal que onera os sujeitos passivos, os limites para aplicação das regras de preços de transferência são também revistos. Desta forma, ao invés do anterior limite de 10%, é agora previsto que a participação mínima exigida para que se apliquem as regras de preços de transferência seja de 20%.

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(x) SIMPLIFICAÇÃO DO REGIME DE TRIBUTAÇÃO DE GRUPOS DE SOCIEDADES Por outro lado, a Lei n.º 2/ 2014 reduz o limite de elegibilidade para efeitos do regime especial de tributação de grupos de sociedades já em vigor, ao mesmo tempo que pretende adaptar o regime à jurisprudência do Tribunal de Justiça da União Europeia. Neste sentido, o limite de elegibilidade para o regime em causa é reduzido de 90% para 75%, permitindo a criação de grupos de sociedade em situações adicionais, o que se apresenta como sendo mais em conformidade com a realidade económica. Por último, algumas das penalidades por falta de comunicação de pequenas alterações à estrutura do grupo são abolidas, porquanto foram consideradas excessivas e desadequadas. (xi) SIMPLIFICAÇÃO DO REGIME DE NEUTRALIDADE FISCAL No que respeita ao regime de neutralidade fiscal aplicável a operações de fusões, cisões e similares, a Lei n.º 2/2014 introduz uma nova lista de operações abrangidas pelo regime. De facto, tendo em conta o actual elenco de operações abrangidas pelo regime de neutralidade fiscal, têm-se verificado diversos conflitos no que respeita à aplicação, ou não, deste regime a operações que não se encontram expressamente previstas na lei.

Por força da jurisprudência consolidada na matéria, quer proveniente dos tribunais nacionais, quer proveniente do Tribunal de Justiça da União Europeia, a Lei n.º 2/2014 alarga o âmbito do regime àquelas operações que foram já validadas pela referida jurisprudência, nomeadamente, as fusões inversas. Por outro lado, foi ainda clarificado, o regime aplicável a operações de reorganização (como fusões e aquisições) quando o regime de neutralidade fiscal não é aplicável, assim se resolvendo problemas interpretativos inerentes ao anterior regime. (xii) CONCLUSÕES Como se pode retirar da análise efectuada, o novo Código do IRC introduz medidas ousadas, ainda que importantes para a promoção do crescimento económico, do mercado português e das empresas portuguesas. Assim sendo, e graças às referidas medidas, incorporadas no Código do IRC pela Lei n.º 2/2014, o sistema fiscal português é agora mais atractivo, prevendo-se que passa a ser um regime holding preferencial, nomeadamente, para investimentos na Europa e em países de língua oficial portuguesa.

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2.2.2.2. A REFORMA DO IMPOSTO SOBRE O A REFORMA DO IMPOSTO SOBRE O A REFORMA DO IMPOSTO SOBRE O A REFORMA DO IMPOSTO SOBRE O RENDIMENTO DAS PESSOAS SINGULARES: RENDIMENTO DAS PESSOAS SINGULARES: RENDIMENTO DAS PESSOAS SINGULARES: RENDIMENTO DAS PESSOAS SINGULARES: FAMÍLIA, MOBILIDADE E SIMPIFICAÇAO FAMÍLIA, MOBILIDADE E SIMPIFICAÇAO FAMÍLIA, MOBILIDADE E SIMPIFICAÇAO FAMÍLIA, MOBILIDADE E SIMPIFICAÇAO FISCALFISCALFISCALFISCAL (i) INTRODUÇÃO No passado dia 18 de Julho de 2014, a Comissão de Reforma do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (doravante IRS) apresentou o anteprojecto de reforma do IRS . O anteprojecto apresenta como principais objectivos, de acordo com o seu mandato: • a simplificação do imposto, em especial do regime das obrigações declarativas; • a mobilidade social, com o fim de valorizar o mérito e o esforço ao avaliar a tributação que incide sobre os rendimentos de trabalho; e • a protecção da família, considerando a importância da natalidade e reforçando as políticas fiscais familiares, com vista a contribuir para a inversão do défice demográfico na sociedade portuguesa. Pretendemos dar a conhecer, de entre as inúmeras alterações que o anteprojecto visa promover em sede de IRS, aquelas que consideramos serem as medidas principais e mais inovadoras.

(ii) O ALARGAMENTO DA DISPENSA DAS OBRIGAÇÕES DECLARATIVAS Como principal medida de simplificação das obrigações declarativas, e sem prejuízo de outras igualmente relevantes, a Comissão do IRS propõe a dispensa da apresentação da declaração de rendimentos dos sujeitos passivos que aufiram os seguintes rendimentos: • rendimentos tributados a taxas liberatórias, quando o contribuinte não tenha optado pelo respectivo englobamento; • rendimentos do trabalho dependente, ou pensões, com o montante anual igual ou inferior a € 8.150 (em substituição do actual limite de, apenas, € 4.104); • subsídios ou subvenções atribuídos no âmbito da Política Agrícola Comum (PAC), cujo valor anual seja inferior a 4 vezes o IAS (419,22€), desde que os contribuintes, simultaneamente, apenas aufiram, isolada ou cumulativamente, menos de € 4.104,00 de rendimentos do trabalho dependente ou pensões. No entanto, não estarão dispensados de apresentação da declaração de rendimentos os contribuintes que optem pela tributação conjunta, aufiram rendas temporárias e vitalícias que não se destinem ao pagamento de determinadas pensões, e/ou aufiram rendimentos que não tenham sido sujeitos a retenção na fonte, excepto, neste último caso, se o contribuinte solicitar à entidade pagadora que efectue essa retenção.

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(iii) A UNIFORMIZAÇÃO DOS PRAZOS DE ENTREGA DA DECLARAÇÃO ANUAL DE RENDIMENTOS A Comissão propõe a eliminação da existência de prazos distintos para a entrega das declarações de rendimentos, consoante as mesmas sejam entregues em suporte papel ou por transmissão electrónica de dados, principalmente devido à forte adesão pelos contribuintes da entrega da declaração via internet. A Comissão propõe, ainda, a prorrogação desse prazo até 31 de Dezembro, relativamente aos contribuintes que tenham obtido rendimentos no estrangeiro com direito a crédito de imposto para eliminação da dupla tributação internacional, nas situações em que o Estado da Fonte ainda não tenha determinado o imposto aí devido. Por outro lado, a Comissão do IRS alarga o prazo durante o qual é obrigatória a conservação dos registos contabilísticos e documentos de suporte para 12 anos. (iv) O REGIME DE TRIBUTAÇÃO SEPARADA DOS CÔNJUGES Propõe a Comissão do IRS acabar com a actual situação de discriminação, em que existe, apenas, a opção pela tributação separada no caso dos unidos de facto. Na sequência do objectivo referido, a Comissão propõe que o IRS seja apurado individualmente por cada sujeito passivo, independentemente do seu estado civil. Assim, a regra será a da tributação separada dos

cônjuges, cada um terá de declarar os rendimentos de que é titular e, apenas, 50% dos rendimentos dos dependentes do agregado familiar. Contudo, quer os sujeitos passivos casados, quer os unidos de facto, poderão optar pela tributação conjunta. (v) O QUOCIENTE FAMILIAR A Comissão propõe que, para além da divisão por dois do rendimento colectável, nos termos do actual quociente conjugal, seja feito um ajustamento em função do número de dependentes. Assim sendo, propõe que o rendimento colectável seja ajustado pelo quociente familiar, determinado em função do regime de tributação e do número de dependentes, prevendo-se que a cada sujeito passivo seja atribuído o factor 1 e, a cada dependente, o factor 0,3 (sendo este factor de 0,15, no caso dos dependentes considerados em duas declarações separadas, quando os cônjuges ou unidos de facto não optem pela tributação conjunta). A redução da colecta, pela consideração dos dependentes no quociente familiar, está limitada, porém, até: € 750,00 por cada sujeito passivo, em situações de tributação separada; € 1.500,00 por cada agregado familiar que opte pela tributação conjunta; e € 800,00 para cada sujeito passivo, no caso das famílias monoparentais.

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(vi) O AUMENTO DAS DEDUÇÕES PERSONALIZANTES EM FUNÇÃO DOS MEMBROS DO AGREGADO FAMILIAR E O “TICKET ESCOLA” A Comissão do IRS propõe deduções com valores fixos, isto é, valores independentes da prova efectiva da realização das respectivas despesas e que passarão a ser aferidos em função do número dos membros do agregado familiar (e não, como actualmente sucede, em função do agregado familiar considerado no seu todo). A fixação de uma dedução global, por membro do agregado, incorporará as deduções pessoais, as despesas de saúde, as despesas de formação e de educação e os encargos com lares e imóveis. A consagração de deduções per capita de montante fixo permitirá dispensar obrigações de comunicação relativas, por exemplo, aos encargos suportados pelos sujeitos passivos relacionados com saúde ou habitação. Além disso, a Comissão prevê a admissibilidade de as entidades patronais poderem passar a pagar parte dos vencimentos aos seus trabalhadores dependentes em vales sociais de educação, que serão excluídos de tributação em sede de IRS e que poderão ser usados para efectuar o pagamento de serviços e materiais escolares para filhos. (vii) OS RENDIMENTOS DE TRABALHO A Comissão do IRS defende que se deve excluir de tributação, em sede de rendimentos de trabalho dependente, valores atribuídos

como compensação pela mudança de residência, motivada pela alteração do lugar habitual de prestação do trabalho. Além disso, pretende consagrar a dispensa de obrigações declarativas relativamente às situações pontuais de trabalho por conta de outrem, com o objectivo de facilitar a integração no mercado de trabalho. Quanto à categoria dos rendimentos de trabalho independente, a Comissão propõe, entre outras alterações, a redução da tributação dos empreendedores que iniciem actividade, pela primeira vez, no âmbito do regime simplificado. Ademais, entende ser primordial iniciar, progressivamente, uma eliminação, após reunidas as condições necessárias, da sobretaxa existente actualmente nos rendimentos derivados do trabalho, por conta de outrem ou por conta própria, e de pensões e bem assim, da taxa adicional de solidariedade. (viii) A RETENÇÃO NA FONTE Outra das medidas propostas pela Comissão é a da simplificação do regime das retenções, começando, desde logo por incorporar as regras relativas à retenção na fonte (DL n.º 42/91, de 22 de Janeiro) no articulado do próprio Código do IRS. O objectivo da Comissão será, não apenas o de atingir uma alteração meramente formal, mas, antes, delimitar a intervenção administrativa nesta matéria.

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(ix) OS RENDIMENTOS DE CAPITAIS E AS MAIS-VALIAS Tendo em conta que a categoria dos rendimentos de capitais abrange, actualmente, um conjunto de rendimentos cuja natureza se encontra próxima da do regime das mais-valias, a Comissão entendeu ser necessária uma reestruturação das normas de incidência de ambas as categorias, com o intuito de corrigir os referidos desajustamentos e de garantir, neste sentido, uma tributação mais justa. Esta maior proximidade ao regime das mais-valias deve-se, essencialmente, ao facto de a sua obtenção implicar a extinção da fonte geradora. Neste sentido, a Comissão do IRS propõe que passem a ser tributados de acordo com o regime das mais-valias, os rendimentos provenientes de: • reembolso de obrigações e outros títulos de dívida; • resgate de unidades de participação em fundos de investimento e da liquidação destes fundos; • cessão de créditos; • cedência de prestações acessórias e de prestações suplementares; • liquidação de estruturas fiduciárias, nomeadamente, “Trusts”, a favor do instituidor (“settlor”). A Comissão propõe, ainda, a uniformização da taxa de tributação dos rendimentos destas categorias, para 28%, aplicável a residentes e a não residentes.

(x) A APROXIMAÇÃO DAS PENSÕES A RENDIMENTOS DO TRABALHO DEPENDENTE A Comissão do IRS propõe, ainda, a uniformização das regras de tributação aplicáveis às categorias de trabalho por conta de outrem e das pensões. A razão alegada é a de ambas as categorias serem constituídas por rendimentos de natureza equivalente. Apesar de pretender atingir esta harmonização dos regimes de tributação dos rendimentos referidos, a Comissão opta pela não integração formal das duas categorias. Para além disso, propõe a manutenção da dedução específica da categoria das pensões, em € 4.104, podendo ser deduzidas as contribuições obrigatórias para regimes de protecção social e para subsistemas legais de saúde, na parte que exceda este valor. Por fim, propõe a revogação da regressividade progressiva, vigente no regime actual, da dedução específica para rendimentos brutos da categoria das pensões de valor anual superior a € 22.500,00, por titular. (xi) OS RENDIMENTOS PREDIAIS Também os rendimentos prediais são alvo de importantes alterações, desde logo, motivados pelo crescente recurso ao arrendamento. O actual regime consagra uma sobretributação deste tipo de rendimentos, não só devido à cumulação da sujeição dos prédios arrendados a IMI com a sujeição a IRS das rendas, como também à reduzida consideração fiscal dos gastos incorridos nesta actividade económica. Na sequência da análise destes aspectos, a

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Comissão do IRS propõe a integração, como rendimentos de trabalho independente, dos rendimentos que decorram da prática reiterada de arrendamento de imóveis, enquanto actividade económica principal de um sujeito passivo. Além disso, prevê uma ampliação da dedução dos gastos fiscalmente admitidos e que sejam efectivamente suportados e pagos pelo sujeito passivo para obter ou garantir tais rendimentos. (xii) A RESIDÊNCIA PARCIAL A Comissão do IRS propõe também, com vista a adequar o regime a situações, cada vez mais comuns num mundo globalizado, de alteração de residência no decurso do ano fiscal, a admissibilidade da residência fiscal parcial. Com esta medida visa acabar com a complexidade das situações decorrentes do actual regime e que não permite considerar simultaneamente um sujeito passivo como residente e não residente, no mesmo ano fiscal. Com a referida alteração, será possível que alguém, no ano em que muda a sua residência para outro Estado, passe a ser qualificado como seu residente fiscal, a partir da data em que efectivamente passou a residir no seu território. Por outro lado, quem se ausente para passar a residir noutro Estado, continuará a ser residente fiscal até à data da respectiva partida. Ademais, a presente alteração permite que o regime português se adeque à política fiscal da OCDE.

(xiii) A ANÁLISE SEPARADA DA RESIDÊNCIA DE CADA SUJEITO DO AGREGADO FAMILIAR Ainda quanto à residência, a Comissão do IRS propõe que a mesma passe a ser aferida de forma separada, relativamente a cada sujeito passivo do agregado familiar. Desta forma, a qualificação da residência dos sujeitos passivos que constituem um agregado familiar poderá ficar mais em harmonia com as actuais dinâmicas familiares. (xiv) A DELIMITAÇÃO DO REGIME DA AVALIAÇÃO INDIRECTA E DAS MANIFESTAÇÕES DE FORTUNA A Comissão do IRS pretende reforçar as garantias dos contribuintes através, nomeadamente, de uma mais rigorosa delimitação da aplicabilidade da avaliação indirecta, estabelecendo critérios mais exigentes para permitir correcções ao rendimento ou às despesas. Para tal, afasta-se do anterior regime do rendimento-padrão, pois entende que o mesmo é redutor em face das várias possibilidades pelas quais os desvios de rendimento podem surgir. Além disso, reforça os meios de defesa dos contribuintes, permitindo ao contribuinte que não tenha recorrido da decisão de avaliação, contestar os pressupostos e a quantificação da avaliação indirecta em sede de reclamação ou de impugnação do acto de liquidação.

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Por fim, a Comissão do IRS elimina a taxa especial de tributação de 60% destes acréscimos. (XV) CONCLUSÃO A serem aprovadas, estas alterações vigorarão a partir de 1 de Janeiro de 2015. Pretende-se que a Reforma do IRS permita uma maior justiça, eficiência e equidade na tributação dos contribuintes pessoas singulares e que a torne mais simples e fácil de entender e de cumprir. Em simultâneo, a Comissão pretendeu deixar para o futuro algumas alterações mais profundas, com o intuito de não colocar em causa compromissos internacionais e a confiança crescente na estabilidade fiscal que Portugal pretende atingir nos mercados internacionais, o que torna premente e necessária uma quantificação rigorosa das implicações na receita que a reforma introduzirá. 3.3.3.3. A REFORMA DA FISCALIDADE VERDE: A REFORMA DA FISCALIDADE VERDE: A REFORMA DA FISCALIDADE VERDE: A REFORMA DA FISCALIDADE VERDE: ECOINOVAÇÃO E EFICIÊNCIA NA UTILIZAÇÃO ECOINOVAÇÃO E EFICIÊNCIA NA UTILIZAÇÃO ECOINOVAÇÃO E EFICIÊNCIA NA UTILIZAÇÃO ECOINOVAÇÃO E EFICIÊNCIA NA UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS DOS RECURSOS DOS RECURSOS DOS RECURSOS (i) INTRODUÇÃO A comissão para a Reforma da Fiscalidade Verde apresentou, no passado dia 30 de Junho, o anteprojecto de Reforma da Fiscalidade Verde, o qual deverá agora ser objecto de discussão pública até ao próximo dia 15 de Agosto .

De acordo com o Despacho que nomeou a comissão, esta reforma tem como desiderato contribuir para a ecoinovação e a eficiência na utilização de recursos, a redução da dependência energética do exterior e a indução de padrões de produção e de consumo mais sustentáveis, bem como fomentar o empreendedorismo e a criação de emprego, a concretização eficiente de metas e objectivos internacionais e a diversificação das fontes de receita, num contexto de neutralidade fiscal e de competitividade económica. No anteprojecto de Reforma da Fiscalidade Verde são apresentadas diversas propostas e recomendações de alteração do sistema fiscal actualmente em vigor, abrangendo os sectores: da energia e das emissões poluentes, dos transportes, da água, dos resíduos, do urbanismo e planeamento do território e das florestas e da biodiversidade. De entre as diversas propostas e recomendações formuladas pela comissão, importa salientar as mais relevantes: (ii) ENERGIA E EMISSÕES No sector da energia e emissões, salienta-se a proposta de introdução da tributação do carbono. De acordo com o anteprojecto, deverá estabelecer-se a diferenciação da tributação de emissões de CO2 entre os sectores inseridos no Comércio Europeu de Licenças de Emissão (CELE) e os sectores não

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abrangidos por tal comércio (não-CELE), sendo tributadas apenas estas últimas, em cumprimento do princípio do poluidor-pagador, e através de um adicionamento ao Imposto sobre os Produtos Petrolíferos e Energéticos (ISP), calculado com base nos factores de emissão de CO2 fixados por produto energético e tendo em conta o valor definido (e periodicamente actualizado) pelo legislador para a tonelada de CO2. Na proposta da comissão, em sede de IRC, é também sugerido o reconhecimento das provisões constituídas com o objectivo de fazer face aos encargos com a reparação dos danos de carácter ambiental dos locais afectos à exploração. A comissão de Reforma da Fiscalidade Verde propõe, ainda, a fixação do período de amortização de equipamento eólico e fotovoltaico de 12,5 anos. (iii) TRANSPORTES No sector dos transportes, a comissão propõe, designadamente, a introdução de um imposto sobre o transporte aéreo de passageiros, com vista a compensar a sociedade pelo impacto poluente que lhe é imputável e que poderá, segundo a comissão, ser implementado através da tributação dos bilhetes de avião, assumindo, no caso português, o modelo de um imposto específico sobre o consumo, no montante de €3 por cada transacção efectuada. Neste sector dos transportes é, ainda, proposto o aumento para €62.500 (enquanto

custo de aquisição ou valor revalorizado) do limite a partir do qual não são aceites como gasto fiscal as depreciações das viaturas eléctricas ligeiras de passageiros, do mesmo modo que é proposto o aumento deste limite para € 50.000 no caso de viaturas híbridas plug-in ligeiras de passageiros e, bem assim, para € 37.500 o limite para as viaturas a GPL e a GNV. A comissão para a Reforma da Fiscalidade Verde propõe, ainda, em sede de IRS e de IRC, a redução em 25% e 50% das taxas de tributação autónoma aplicáveis aos encargos dedutíveis com viaturas ligeiras de passageiros a GPL e a GNV e às viaturas ligeiras de passageiros híbridas plug-in e eléctricas, respectivamente. É ainda de salientar, no sector dos transportes, a proposta de dedução, em sede de IRS, dos custos suportados com a utilização de transportes públicos colectivos e o alargamento da dedução relativa a gastos suportados com a aquisição de passes de transportes públicos colectivos em benefício dos colaboradores da empresa. Em contrapartida, a comissão propõe a generalização da aplicação de uma taxa de tributação autónoma, de 10%, às compensações feitas aos funcionários das empresas, por deslocações ao serviço destas, relativas a ajudas de custo e a outros encargos, nomeadamente, com viatura própria, mesmo que facturados a clientes ou suportados nos mapas próprios, com excepção das situações em que haja lugar a

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tributação em sede de IRS de tais ajudas de custo. Na proposta apresentada, a comissão propõe, ainda, a majoração, para efeitos fiscais, do custo de certos combustíveis (GPL e GNV) e da electricidade, consumidos pelos transportes públicos de passageiros e mercadorias. Já em sede de Imposto sobre Veículos, a comissão para a Reforma da Fiscalidade Verde propõe o agravamento das taxas deste imposto, em função de CO2, atenta a grande redução, ocorrida nos últimos anos, nas emissões médias de CO2, quer nos veículos a gasolina, quer a gasóleo. Para o efeito, no que se refere aos veículos a gasóleo, a comissão propõe a criação de um novo escalão para as emissões de CO2 inferiores a 95 gr/km. Relativamente aos táxis, a comissão para Reforma da Fiscalidade Verde propõe a revisão do limite de CO2, para efeitos de concessão do benefício em sede de Imposto sobre Veículos e a obrigatoriedade do cumprimento das Normas EURO 5 ou EURO 6. No anteprojecto é, ainda, sugerida a possibilidade de dedução do IVA relativamente à aquisição, fabrico ou importação, locação, utilização, transformação e reparação de viaturas de turismo eléctricas ou híbridas plug-in, bem como o alargamento das isenções, em sede de Imposto sobre Veículos e de Imposto

Único de Circulação, previstas para os veículos exclusivamente eléctricos, aos veículos híbridos e veículos movidos a GPL e a GNV. No anteprojecto para a Reforma da Fiscalidade Verde é, ainda, proposta a reposição do incentivo fiscal ao abate de veículos em fim de vida e que vigorou até ao final de 2010. Pelo seu simbolismo, há a salientar a proposta de criação, em sede de IRC e de IRS, para os sujeitos passivos com contabilidade organizada, de um incentivo à aquisição de bicicletas. Algumas das medidas e alterações propostas são inovadoras, sendo outras já praticadas em alguns países, nomeadamente, nórdicos, havendo agora que verificar, quer da sua oportunidade, quer da sua compatibilização com as propostas apresentadas no anteprojecto da reforma do IRS, das quais falaremos muito em breve. Lisboa, 17 de Setembro, 2014 Rogério M. Fernandes Ferreira Manuel Teixeira Fernandes Mónica Respício Gonçalves Marta Machado de Almeida Sérgio Brigas Afonso José Diogo Mègre Pires Francisco Mascarenhas de Lemos Filipa Belchior Coimbra