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XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006 1 ENEGEP 2006 ABEPRO Avaliação da RDC 306 da ANVISA, como instrumento de gestão dos resíduos sólidos dos serviços de saúde, em um hospital da rede privada. Sarah Medeiros Souto Gomes (UFPB) [email protected] O presente trabalho faz um diagnóstico do Gerenciamento dos Resíduos Sólidos dos Serviços de Saúde - RSSS, em um hospital da rede privada na cidade de Maceió-al. Tal diagnóstico avalia a Norma da Resolução da Diretoria Colegiada Nº 306 - RDC 306 da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA como instrumento de gestão, visto que a mesma dispõe sobre o regulamento técnico para gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Para isso, foram observadas as condições nas quais é feita a segregação dos RSSS, o acondicionamento, a identificação, o transporte interno, o armazenamento temporário, o armazenamento e transporte externo, alem da destinação final dos referidos resíduos. Também foram analisadas as condições de saúde e segurança dos funcionários que manejam os RSSS, nas etapas de coleta interna e externa. Tais observações mostram o não atendimento a vários itens da Norma RDC 306, da ANVISA. Palavras-chave: Resíduos, RDC 306, Gestão Ambiental. 1. Introdução Nesse novo século, uma das principais características das pessoas preocupadas com o meio ambiente consiste na preservação do mesmo garantindo com isso o equilíbrio dos sistemas naturais. Para isso, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - CMMAD (1991, p.46), em seu relatório intitulado Nosso Futuro Comum, define desenvolvimento sustentável como sendo “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer as gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. O aumento na quantidade de resíduos sólidos, que a Resolução CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente nº 05/93, define como sendo os “resíduos nos estados sólidos e semi-sólidos, que resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição”, atualmente, tem sido motivo de preocupação por parte de muitas pessoas em todo o planeta, em especial dos estudiosos do meio ambiente. O sistema ambiental é único e impossivel de ser dividido, uma verdadeira aldeia global (BARBOSA FILHO, 1991) no qual os Resíduos Sólidos dos Serviços de Saúde – RSSS, em especial, ocupam uma parcela desta preocupação, não pelo volume gerado, mas sim pelo grau de contaminação que podem causar não só ao meio ambiente, como também aos trabalhadores que o manuseiam, desde a geração até a disposição final dos mesmos. Segundo Schneider et al (2004, p.23), várias denominações foram dadas aos resíduos sólidos provenientes dos estabelecimentos que prestam serviços de saúde, e dentre eles são citados: “resíduo sólido hospitalar, resíduo hospitalar, resíduo biomédico, resíduo médico, resíduo clinico, resíduo patogênico, ou lixo hospitalar”.No presente trabalho, a definição adotada será “Resíduos Sólidos dos Serviços de Saúde” – RSSS, denominação dada pela Resolução da Diretoria Colegiada - RDC de Nº 306 da ANVISA – Agencia Nacional de Vigilância Sanitária, que está assim explicitada: “Os resíduos resultantes de serviços relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal”.

Avaliação da RDC 306 da ANVISA, como instrumento de gestão ... · A RDC Nº 306, “Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde”,

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XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006

1 ENEGEP 2006 ABEPRO

Avaliação da RDC 306 da ANVISA, como instrumento de gestão dos resíduos sólidos dos serviços de saúde, em um hospital da rede

pr ivada.

Sarah Medeiros Souto Gomes (UFPB) [email protected]

O presente trabalho faz um diagnóstico do Gerenciamento dos Resíduos Sólidos dos Serviços de Saúde - RSSS, em um hospital da rede privada na cidade de Maceió-al. Tal diagnóstico avalia a Norma da Resolução da Diretoria Colegiada Nº 306 - RDC 306 da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA como instrumento de gestão, visto que a mesma dispõe sobre o regulamento técnico para gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Para isso, foram observadas as condições nas quais é feita a segregação dos RSSS, o acondicionamento, a identificação, o transporte interno, o armazenamento temporário, o armazenamento e transporte externo, alem da destinação final dos referidos resíduos. Também foram analisadas as condições de saúde e segurança dos funcionários que manejam os RSSS, nas etapas de coleta interna e externa. Tais observações mostram o não atendimento a vários itens da Norma RDC 306, da ANVISA. Palavras-chave: Resíduos, RDC 306, Gestão Ambiental.

1. Introdução

Nesse novo século, uma das principais características das pessoas preocupadas com o meio ambiente consiste na preservação do mesmo garantindo com isso o equilíbrio dos sistemas naturais. Para isso, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - CMMAD (1991, p.46), em seu relatório intitulado Nosso Futuro Comum, define desenvolvimento sustentável como sendo “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer as gerações futuras de suprir suas próprias necessidades” .

O aumento na quantidade de resíduos sólidos, que a Resolução CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente nº 05/93, define como sendo os “ resíduos nos estados sólidos e semi-sólidos, que resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição” , atualmente, tem sido motivo de preocupação por parte de muitas pessoas em todo o planeta, em especial dos estudiosos do meio ambiente. O sistema ambiental é único e impossivel de ser dividido, uma verdadeira aldeia global (BARBOSA FILHO, 1991) no qual os Resíduos Sólidos dos Serviços de Saúde – RSSS, em especial, ocupam uma parcela desta preocupação, não pelo volume gerado, mas sim pelo grau de contaminação que podem causar não só ao meio ambiente, como também aos trabalhadores que o manuseiam, desde a geração até a disposição final dos mesmos.

Segundo Schneider et al (2004, p.23), várias denominações foram dadas aos resíduos sólidos provenientes dos estabelecimentos que prestam serviços de saúde, e dentre eles são citados: “ resíduo sólido hospitalar, resíduo hospitalar, resíduo biomédico, resíduo médico, resíduo clinico, resíduo patogênico, ou lixo hospitalar” .No presente trabalho, a definição adotada será “Resíduos Sólidos dos Serviços de Saúde” – RSSS, denominação dada pela Resolução da Diretoria Colegiada - RDC de Nº 306 da ANVISA – Agencia Nacional de Vigilância Sanitária, que está assim explicitada: “Os resíduos resultantes de serviços relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal” .

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A RDC Nº 306, “Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde”, foi publicada no Diário Oficial da União – D.O.U. em 10 de dezembro de 2004, da ANVISA – Agencia Nacional de Vigilância Sanitária, é um instrumento legal de âmbito Federal. A mesma será o documento norteador do presente trabalho, no qual foi estudada a adequação de uma unidade geradora de RSSS, situadas na cidade de Maceió - Alagoas, a mesma.

Com o intuito de fornecer subsídios para um melhor gerenciamento dos RSSS a RDC 306, determina que todo gerador deve elaborar um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde – PGRSS, o qual deve contemplar a caracterização e os riscos existentes nas etapas de manejo (geração, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final) dos resíduos sólidos nos estabelecimentos geradores de resíduos de saúde.

Gerenciamento dos residuos de serviços de saude

Segundo a RDC 306 da ANVISA, o gerenciamento de RSS, é formado por procedimentos de gestão, os quais devem ser planejados e implementados com bases cientificas e técnicas, normativas e legais, objetivando de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados, um encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando à proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente. Para tal, deve ser elaborado o planejamento dos recursos físicos, dos recursos materiais e da capacitação dos recursos humanos envolvidos no manejo dos RSS.

Todo Gerador de RSS deve elaborar um PGRSS, baseado nas características dos resíduos gerados e na classificação constante do quadro 01, deve obedecer ainda as normas locais relativas à coleta, transporte e disposição final dos resíduos gerados nos serviços de saúde, estabelecidas pelos órgãos locais responsáveis por estas etapas.

Grupo Conceito

A – Resíduos infectantes

Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas características podem apresentar risco de infecção.

B – Resíduos com risco químico

Resíduos que apresentam risco potencial à saúde pública e ao meio ambiente, devido às suas características químicas, conforme classificação da NBR 10.004 da ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos).

C – Rejeitos radioativos

Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de isenção especificados nas normas do CNEN e para os quais a reutilização é imprópria.

D – Resíduos comuns Todos os demais que não se enquadram nos grupos descritos anteriormente

E – Materiais perfuro cortantes Materiais perfurocortantes ou escarificantes.

Fonte: RDC 306 (ANVISA, 2004)

Quadro 01 – Classificação dos RSS

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De acordo com a RDC 306, todo estabelecimento deve gerenciar os RSS, intra e extra estabelecimento, desde a geração até o destino final, a essa ação denominou-se de MANEJO, no qual estão incluídas as seguintes etapas :

1 - SEGREGAÇÃO – Se refere a separação dos resíduos no momento e local de sua geração.

2 - ACONDICIONAMENTO - Consiste no ato de embalar os resíduos segregados, em sacos ou recipientes que evitem vazamentos e resistam às ações de punctura e ruptura, baseados na NBR 9191/2000 da ABNT.

3 - IDENTIFICAÇÃO - Consiste no conjunto de medidas que permite o reconhecimento dos resíduos contidos nos sacos e recipientes com os parâmetros referenciados na norma NBR 7.500 da ABNT.

4 - TRANSPORTE INTERNO - Consiste no transporte dos RSS dos locais onde foram gerados até local destinado ao armazenamento temporário ou armazenamento externo com a finalidade de apresentação para a coleta , de acordo com a NBR 12809 (ABNT, 2003).

5 - ARMAZENAMENTO TEMPORÁRIO – Denominação do ambiente próximo ao local da geração do RSS, no qual deverá ser guardado temporariamente os recipientes contendo os resíduos, obedecendo os itens da NBR 12809 (ABNT, 2003).

6 - TRATAMENTO – Essa etapa consiste na utilização de métodos, técnica ou processo que modifique as características dos riscos inerentes aos resíduos

7 - ARMAZENAMENTO EXTERNO - Consiste na guarda dos recipientes de resíduos até a realização da etapa de coleta externa, obedecendo a NBR 12809 (ABNT, 2003).

8 - COLETA E TRANSPORTE EXTERNOS - Consistem na remoção dos RSS do abrigo de resíduos (armazenamento externo) até a unidade de tratamento ou disposição final

9 - DISPOSIÇÃO FINAL - Consiste na disposição de resíduos no solo, previamente preparado para recebê-los, obedecendo a critérios técnicos de construção e operação, e com licenciamento ambiental de acordo com a Resolução CONAMA nº.237/97.

No Brasil, graças à falta de um sistema de gerenciamento de RSSS eficaz e eficiente, não existem estatísticas precisas a respeito do número de geradores, nem da quantidade de resíduos de serviços de saúde gerada diariamente; têm-se apenas estatísticas pontuais realizadas em algumas cidades, (GARCIA, 2004). Poucos estudos foram feitos sobre a saúde dos trabalhadores que manuseiam “ lixo hospitalar” , segundo Ferreira (1997), o que se pode observar é o fato de pagamento de adicional de insalubridade aos trabalhadores que no seu dia a dia teen contato com resíduos de qualquer espécie, caracterizando com isso a insalubridade da atividade.

No tocante a casos de transmissão de doenças por RSSS, nos profissionais que manuseiam esse tipo de resíduos, Johnson et al apud Silva (2004) relata o caso de contaminação de três trabalhadores por tuberculose ocupacional, em uma unidade de tratamento de resíduos sólidos nos EUA.

Para realização do presente trabalho foi escolhido um Hospital da rede privada de atendimento a saúde situado na cidade de Maceió, denominado de Estabelecimento A, no qual foram avaliadas as condições de gestão dos RSSS, sob a égide da RDC 306.

2. Mater iais e métodos

Em principio foi contatado o hospital através de oficio enviado a direção do mesmo, em seguida foi feita uma visita informal para conhecer a pessoa responsável pelo gerenciamento

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dos RSS no estabelecimento de saúde. No Estabelecimento A, os sujeitos da pesquisa foram: o Gerente de manutenção, a responsável pelo setor de Higienização, dois funcionários que coletam os RSSS e a Medica responsável pelo CCHI do estabelecimento.

No decorrer do trabalho foram feitas entrevista estruturadas, observação sistêmica e levantamentos fotográficos do processo de coleta interna e externa, como também da disposição final dos RSSS no Hospital pesquisado.

Inicialmente foi acompanhado o trabalho de coleta interna nas dependências do hospital para que pudessem ser observadas as condições de Manejo - segregação, acondicionamento, identificação, transporte interno, armazenamento temporário, tratamento, armazenamento externo.

Na segunda etapa foi feita uma visita à empresa que coleta e dispõe os RSSS, nessa fase foram observados a coleta e transporte externo, como também a disposição final e as condições de segurança e saúde dos trabalhadores que coletam e dispõem os RSSS no destino final.

3. Resultados

O Estabelecimento A é um hospital da rede privada, norteada pela filosofia cooperativista, atualmente dispoe dos serviços de Pronto Socorro (24 horas, com todas as especialidades clínicas, inclusive Odontologia), U.T.I – Unidade de Terapia Intensiva (Geral e Neonatal), Maternidade, Centro de Diagnósticos – 24 horas), Materno Infantil e Oncologia. Dispondo de 76 leitos. O financiamento do hospital depende de atendimentos a seus conveniados e atendimentos particulares, atualmente gera em media 333 l/mêes de RSSS.

Após o levantamento dos dados obtidos através das visitas, entrevistas estruturadas, observações sistêmicas, e levantamentos fotográficos realizados junto à unidade geradora de RSSS e a Empresa que coleta e dispõe RSSS na cidade de Maceió os mesmos são apresentados a seguir:

- Segregação, no Estabelecimento A, os |resíduos classificados no grupo A, são separados dos demais, porem foi verificado em torno de 30% de resíduos do grupo D dispostos nos recipientes destinados aos resíduos infectantes, conforme figura 01 . Os resíduos do grupo B não foram analisados por se tratarem na sua maioria no estados liquido Não existem residuos do grupo C. Os residuos do grupo D são segregados separadamente dos demais. Os residuos do grupo E, ou perfurocortantes são segregados conforme a legislação determina, figura 02.

Figura 01 – Segregação de residuos grupo A Figura 02 – Segregação de residuos grupo E - Acondicionamento, foi observado o acondicionamento de resíduos do grupo A em sacos plásticos de cor branca leitoso, conforme a NBR 9190/2000 da ABNT, os do grupo D são acondicionados em sacos de cor preta, porém os mesmos são dispostos em recipientes revestidos de formica sem a posibilidade de lavagem, pois são fixos nos moveis nos locais de

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de geração dos residuos, conforme apresenta a figura 03. os residuos do Grupo E são colocados em recipientes rígidos conforme as determinações da NBR 13853, conforme a fifura 03.

Figura 03 – Residuos Grupos A e D

- Identificação, foi observada a existência de identificação nos recipientes onde os sacos estavam segregados conforme figura 04, porem no carro de transporte interno não existe a simbologia conforme a a NBR 7500 da ABNT, figura 05

Figura 04 – Recipientes identificados Figura 05 – Carro sem simbologia

- Transporte Interno, foi observada a inexistência de um roteiro para coleta dos resíduos, pois cruzamos em varias andares com a entrega de roupas limpas e com pessoas. Os resíduos infectantes são coletados em recipientes distintos, porem verificou-se no momento da coleta de RSSS no centro cirurgico a utilização do carro de coleta de RSSS sendo utilizado para coleta de roupa suja e materiais de instrumentação utilizados em cirurgias, figura 06. Foi verificado ainda que a mesma saida utilizada para os RSSS é utilizada para a saida de pacientes do centro cirurgico figura 07.

Figura 06 – Roupas e instrumentos cirurugicos Figura 07 – Saidas de RSSS e pacientes

- Armazenamento temporario, nessa etapa foi observado que existe um armazenamento temporario, os sacos provenientes dos pontos de geração são dispostos no chão, e necessitanto de uma ampliação, pois o espaço fisico é insuficiente para a quantidade de residuos gerados, figura 08.

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Figura 08 – Abrigo temporario Figura 09 – Tratamento de residuos

- Tratamento, no estabelecimento existe o tratamento dos residuos resultantes do processo de revelação dos negativos no setor de raio X, ou seja, os residuos solidos são reaproveitados e reutilizados no processo, figura 09.

- Armazenamento externo, encontra-se identificado, trancado de acordo com as especificaçoes da NBR 7500 da ABNT, porem não existe um local especifico para higienização das bombonas e carros de coleta, conforme a figura 10.

Figura 10 – Local para higienização de bombonas

- Coleta e transporte externo, é realizada por uma Empresa terceirizada que coleta e dispõe os RSSS na cidade de Maceió, a empresa obedece todas as especificaçoes da NBR 12810 (ABNT, 2003) e é devidamente licenciada pelos orgãos ambientais e certificada pela ISO 14001.

- Destinação Final, foi feita em valos sépticos devidamente preparados para o acondicionamento dos RSSS, como mostra a figura 11, as bombonas foram descarregadas no valo séptico e os sacos com resíduos foram dispostos no solo, figura 12. Logo após, os sacos são compactados com o auxilio de um trator. Os valos sépticos são dotados de um sistema de canais internos, pelos quais escoam todo o material liquido resultante da decomposição dos RSSS (chorume). O chorume é canalizado e enviado para dois reservatórios chamados de bacias, figuras 13 e 14 e posteriormente tratados estação de tratamento de efluentes da Empresa. obedecendo a critérios técnicos de construção e operação, e com licenciamento ambiental de acordo com a Resolução CONAMA nº.237/97.

Figura 11 – Valos sépticos Figura 12 – resíduos dispostos

nos valos septicos

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Com relação a saude e segurança no trabalho, foi observado durante as visitas ao Estabelecimento A, os colaboradores que realizavam a coleta interna utilizavam os epi´s fornecidos pelo estabelecimento, porem foi observado a inexistência de gorro, avental impermeavel, máscara respiratoria semi faciala, bota da cor branca, conforme as especificações da NBR 12810 (ABNT, 1993).

Outros fatores foram observados no tocante a segurança ocupacional, após as entrevistas realizadas durante o trabalho, foi detectado a existencia do PCMSO - Programa de Controle Medico de Saúde Ocupacional conforme a Norma Regulamentadora Nº 01 (BRASIL, 1978), e o PPRA – Programa de Prevenção de Risco Ambiental, conforme a Norma Regulamentadora Nº 09 (BRASIL, 1978), porem não foi observado em nenhum local o mapa de risco.

Durante as entrevistas com os funcionários que coletam RSSS, foram relatados casos de descarte de material perfurocortantes nos sacos junto com os demais resíduos sólidos Quanto a imunização o hospital não fornece, mas solicita aos colaboradores os cartões de vacina.

A Empresa que coleta os RSSS externamente e os dipoe em valos septicos, cumpre todas as exigencias da legislação vigente no tocante a saude e seurança no trabalho, alem de possuir um SIG – Sistema Integrado de Gestão, que conta com um procedimentos referentes a Gestão de Segurança, Gestão de Qualidade e Ggestão Ambiental.

4. Conclusões

Este trabalho teve como objetivo verificar a adequação de uma unidade geradora de RSSS a RDC 306 da Anvisa, como também aspectos relativos a saúde e segurança dos trabalhadores que realizam a coleta interna e externa dos RSSS. Verificou-se que unidade pesquisada não atende a varias exigências especificadas pela RDC 306, a seguir foram levantados os itens que devem ser providenciados para a unidade geradora estudada se adeque a RDC 306.

- Aquisição de 08 recipientes de 25 l e 06 recipientes de 50 l de material lavável, resistente à punctura, ruptura e vazamento, com tampa provida de sistema de abertura sem contato manual, com cantos arredondados e ser resistente ao tombamento, para a disposição dos sacos contendo os resíduos do Grupo A, nos locais de geração dos resíduos nos seis pavimentos NBR 12809 (ABNT, 1993), conforme apresenta a figura 18.

- Aquisição de 04 recipientes coletores providos de rodas com capacidade de 120 l cada para transporte dos RSSS dos locais de geração para a sala de resíduos, conforme figura 19.

- Confecção de adesivos para identificação dos RSSS, em recipientes, locais de disposição e carros coletores. Conforme a Resolução Nº 275 (Conama , 2001).

Figura 13 – Acesso para o monitoramento do chorume

Figura 14 –Bacia para tratamento de Chorume

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- Reforma das 04 expurgos (armazenamento temporário), para aumentar a área física, separação dos locais para disposição dos coletores dos diversos grupos de residuos, NBR 12809.

- Reforma do centro cirúrgico para separar as saídas de pacientes da saída de resíduos.

- Reforma do local de armazenamento externo, para a inclusão de ponto de água, ralo sifonado, ponto de esgoto sanitário, iluminação artificial.

- Construção de um local adequado para higienização dos veiculos coletores e recipientes, dotada de cobertura, iluminação artificial, ponto de água, piso impermeável, drenagem e ralo sifonado.

- Aquisição de epi´s adequados para os funcionários que coletam RSSS, Botas de cor branca, gorros, aventais, máscara facial.

- Treinamento dos funcionários nos itens da RDC 306.

O estudo realizado evidenciou claramente a necessidade do estabelecimento A providenciar com a máxima urgência as modificações sugeridas, não apenas para cumprir as exigências da legislação, que se encontra em vigor desde 2004, mas principalmente para promover à proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente.

Referências

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FERREIRA, J. A., - Lixo hospitalar: semelhanças e diferenças – Estudo de caso no município do Rio de Janeiro. Tese de doutorado apresentada à Escola Nacional de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 1997.

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