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MUNDO Karla Machado Enviada à Patagônia A expressão “fim do mun- do” pode até soar pejo- rativa, mas é impossí- vel se manter apático ao avis- tar os picos nevados da Terra do Fogo e saber que ali acaba o continente. Só por isso a via- gem à Patagônia chilena já va- leria a pena. Mas essa terra en- cantadora tem muito mais a oferecer, tanto para aventurei- ros habilidosos na arte da esca- lada, quanto para quem deseja apenas contemplar as belezas naturais, que aos olhos dos bra- sileiros mais parecem um cená- rio de filme. Apesar da parte argentina da Patagônia ser mais desen- volvida e conhecida, o Chile é quem detém a maior porção do território: 68%. Geleiras e glaciares limitam a geografia local, que conta com pampas abertos, colinas, riachos, lagos com icebergs flutuantes e, in- clusive, fiordes, os únicos do hemisfério sul, datados de mi- lhares de anos. A Patagônia está separada do resto do Chile pelo norte por uma barreira de golfos e montanhas que formam a maior massa de gelo do hemis- fério austral, exceto a Antárti- ca. O mais impressionante de tudo isso é o fato de o local ter sofrido pouquíssima interven- ção humana, o que remete a uma inusitada sensação de pe- quenez diante de tão exube- rante natureza. O destino é belo e convidati- vo o ano inteiro. No verão, o sol tem preguiça de ir embora. Costuma nascer às 3h30 e se põe à 0h, mas é acompanhado por vento. Já nos dias frios, o período de claridade é bem menor, os ventos são mais sua- ves e os termômetros oscilam entre 8º c e -2˚c, podendo che- gar a -14˚c. Mas a recompensa por resistir às baixas tempera- turas são imagens dignas de um cartão-postal. A flora se re- veste de uma aura especial, com neve por todos os cantos. Só não dá para navegar por al- guns rios e percorrer trilhas que acabam interditadas pela neve. LOCALIZAÇÃO A cidade de Punta Arenas, capital da Patagônia chilena, é a porta de entrada à região. O voo de Santiago até a cidade dura cerca de quatro horas e meia, com escala em Puerto Montt, pela Lan Chile. Ao to- do, são quatro voos diários. A cidade encontra-se na ri- beira do Estreito de Maga- lhães e dispõe de boa estrutu- ra de hotéis e restaurantes, mas é Puerto Natales, a cerca de duas horas e meia de carro do aeroporto de Punta Arenas, que tem despontado como cen- tro turístico local. Este porto situado no Seno de Ultima Esperanza é o me- lhor ponto de partida para vi- sitar os parques nacionais Torres del Paine e Bernardo O’Higgins. Nos últimos anos, impo- nentes hotéis cinco estrelas abriram suas portas na cida- de, que hoje oferece aos visi- tantes fazendas de ovelhas, trekking, pesca esportiva e rafting. A jornalista viajou a convite do Sernatur (Serviço Nacional de Turismo do Chile) no fim do Cumes nevados dos Chifres del Paine Conjunto de montanhas que dá nome ao parque Lago Pehoe no Parque Nacional Torres del Paine PATAGÔNIA Para qualquer lado que se lance o olhar, a paisagem surpreende. O Parque Nacio- nal Torres del Paine, equiva- lente à Suíça em extensão, impressiona pela imponên- cia de suas montanhas e na- tureza abundante. Os fotogênicos Cuernos (Chifres) e as espigadas Tor- res de granito são os gran- des protagonistas do local, rodeado por lagos de dife- rentes cores: água-marinha, esmeralda, turquesa, safira e lápis-lázuli. A paisagem bucólica é de- corada por bosques de len- gas, o carvalho patagônico, por onde passeiam livremen- te simpáticos guanacos (a lhama patagônica) e até mes- mo pumas – estima-se que haja 50 dentro do parque. Colore o céu grande varieda- de de aves, com destaque pa- ra o condor, que pode ser vis- to ao longe, voando em gran- des altitudes. Os roteiros de trekking po- dem durar até 10 dias. Tam- bém é possível se divertir com a canoagem ao redor de glaciares, sendo o maior deles o Grey, cavalgadas e escaladas. Não é à toa que o parque foi designado em 1979 co- mo Reserva Mundial da Bios- fera pela Unesco. A maioria das excursões parte de Puerto Natales, dis- tante 112 quilômetros ao norte, mas também é possí- vel dormir no local. Entre as opções estão desde camping até hotel cinco estrelas. Para estrangeiros, a entrada cus- ta 15.000 pesos chilenos (cerca de R$ 51). KM Divulgação Karla Machado Divulgação Torres del Paine é vedete DIÁRIO DO GRANDE ABC QUINTA-FEIRA, 28 DE ABRIL DE 2011 2 TURISMO

Brasil 2011 6

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comneveportodososcantos. Sónãodáparanavegarporal- gunsriosepercorrertrilhas queacabaminterditadaspela neve. LOCALIZAÇÃO AcidadedePuntaArenas, capitaldaPatagôniachilena,é aportadeentradaàregião.O voodeSantiagoatéacidade duracercadequatrohorase meia,comescalaemPuerto Montt,pelaLanChile.Aoto- do,sãoquatrovoosdiários. Acidadeencontra-senari- Ajornalistaviajouaconvitedo Sernatur(ServiçoNacionaldeTurismo doChile) Cumesnevadosdos ChifresdelPaine LagoPehoenoParque NacionalTorresdelPaine

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Page 1: Brasil 2011 6

MUNDOKarla Machado

Enviada à Patagônia

A expressão “fim do mun-do” pode até soar pejo-rativa, mas é impossí-

vel se manter apático ao avis-tar os picos nevados da Terrado Fogo e saber que ali acabao continente. Só por isso a via-gem à Patagônia chilena já va-leria a pena. Mas essa terra en-cantadora tem muito mais aoferecer, tanto para aventurei-ros habilidosos na arte da esca-lada, quanto para quem desejaapenas contemplar as belezasnaturais, que aos olhos dos bra-sileiros mais parecem um cená-rio de filme.

Apesar da parte argentinada Patagônia ser mais desen-volvida e conhecida, o Chile équem detém a maior porçãodo território: 68%. Geleiras eglaciares limitam a geografialocal, que conta com pampasabertos, colinas, riachos, lagoscom icebergs flutuantes e, in-clusive, fiordes, os únicos dohemisfério sul, datados de mi-lhares de anos.

A Patagônia está separadado resto do Chile pelo nortepor uma barreira de golfos emontanhas que formam amaior massa de gelo do hemis-fério austral, exceto a Antárti-ca. O mais impressionante detudo isso é o fato de o local tersofrido pouquíssima interven-ção humana, o que remete auma inusitada sensação de pe-quenez diante de tão exube-rante natureza.

O destino é belo e convidati-vo o ano inteiro. No verão, osol tem preguiça de ir embora.Costuma nascer às 3h30 e sepõe à 0h, mas é acompanhadopor vento. Já nos dias frios, operíodo de claridade é bemmenor, os ventos são mais sua-ves e os termômetros oscilamentre 8º c e -2˚c, podendo che-

gar a -14˚c. Mas a recompensapor resistir às baixas tempera-turas são imagens dignas deum cartão-postal. A flora se re-veste de uma aura especial,

com neve por todos os cantos.Só não dá para navegar por al-guns rios e percorrer trilhasque acabam interditadas pelaneve.

LOCALIZAÇÃOA cidade de Punta Arenas,

capital da Patagônia chilena, éa porta de entrada à região. Ovoo de Santiago até a cidade

dura cerca de quatro horas emeia, com escala em PuertoMontt, pela Lan Chile. Ao to-do, são quatro voos diários.

A cidade encontra-se na ri-

beira do Estreito de Maga-lhães e dispõe de boa estrutu-ra de hotéis e restaurantes,mas é Puerto Natales, a cercade duas horas e meia de carrodo aeroporto de Punta Arenas,que tem despontado como cen-tro turístico local.

Este porto situado no Senode Ultima Esperanza é o me-lhor ponto de partida para vi-sitar os parques nacionaisTorres del Paine e BernardoO’Higgins.

Nos últimos anos, impo-nentes hotéis cinco estrelasabriram suas portas na cida-de, que hoje oferece aos visi-tantes fazendas de ovelhas,trekking, pesca esportiva erafting.

A jornalista viajou a convite do

Sernatur (Serviço Nacional de Turismo

do Chile)

no fim do

Cumes nevados dosChifres del Paine

Conjunto de montanhasque dá nome ao parque

Lago Pehoe no ParqueNacional Torres del Paine

PATAGÔNIA

▼ Para qualquer lado que selance o olhar, a paisagemsurpreende. O Parque Nacio-nal Torres del Paine, equiva-lente à Suíça em extensão,impressiona pela imponên-cia de suas montanhas e na-tureza abundante.

Os fotogênicos Cuernos(Chifres) e as espigadas Tor-res de granito são os gran-des protagonistas do local,rodeado por lagos de dife-rentes cores: água-marinha,esmeralda, turquesa, safirae lápis-lázuli.

A paisagem bucólica é de-corada por bosques de len-gas, o carvalho patagônico,por onde passeiam livremen-te simpáticos guanacos (alhama patagônica) e até mes-mo pumas – estima-se quehaja 50 dentro do parque.Colore o céu grande varieda-

de de aves, com destaque pa-ra o condor, que pode ser vis-to ao longe, voando em gran-des altitudes.

Os roteiros de trekking po-dem durar até 10 dias. Tam-bém é possível se divertircom a canoagem ao redorde glaciares, sendo o maiordeles o Grey, cavalgadas eescaladas.

Não é à toa que o parquefoi designado em 1979 co-mo Reserva Mundial da Bios-fera pela Unesco.

A maioria das excursõesparte de Puerto Natales, dis-tante 112 quilômetros aonorte, mas também é possí-vel dormir no local. Entre asopções estão desde campingaté hotel cinco estrelas. Paraestrangeiros, a entrada cus-ta 15.000 pesos chilenos(cerca de R$ 51). KM

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Karla Machado

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Torres del Paine é vedete

DIÁRIO DO GRANDE ABC QUINTA-FEIRA, 28 DE ABRIL DE 2011

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