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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA COLÉGIO POLITÉCNICO DA UFSM CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GEOPROCESSAMENTO CADASTRO TÉCNICO MULTIFINALITÁRIO DO MUNICÍPIO DE SANTA MARIA, RS RELATÓRIO DE ESTÁGIO Juliana Menine Gindri Santa Maria, RS, Brasil 2015

CADASTRO TÉCNICO MULTIFINALITÁRIO DO MUNICÍPIO DE … · planejamento, em processos de ... conhecimento e é necessário um trabalho conjunto e participativo de profissionais de

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA COLÉGIO POLITÉCNICO DA UFSM

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GEOPROCESSAMENTO

CADASTRO TÉCNICO MULTIFINALITÁRIO DO MUNICÍPIO DE SANTA MARIA, RS

RELATÓRIO DE ESTÁGIO

Juliana Menine Gindri

Santa Maria, RS, Brasil 2015

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CADASTRO TÉCNICO MULTIFINALITÁRIO DO MUNICÍPIO

DE SANTA MARIA, RS

Juliana Menine Gindri

Relatório de Estágio apresentado ao Curso Superior de Tecnologia em Geoprocessamento do Colégio Politécnico da UFSM, como requisito

parcial para obtenção do grau de Tecnóloga em Geoprocessamento

Orientador: Prof. Me. Luiz Patric Kayser

Santa Maria, RS, Brasil 2015

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Universidade Federal de Santa Maria Colégio Politécnico da UFSM

Curso Superior de Tecnologia em Geoprocessamento

A comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Relatório de Estágio

CADASTRO TÉCNICO MULTIFINALITÁRIO DO MUNICÍPIO DE SANTA MARIA, RS

elaborado por Juliana Menine Gindri

Como requisito parcial para obtenção do título de Tecnóloga em Geoprocessamento

COMISSÃO EXAMINADORA:

Prof. Me. Luiz Patric Kayser (Orientador)

Prof. Dr. Valmir Viera (Professor do Colégio Politécnico)

Profª. Ma. Marinêz da Silva (Professora do Colégio Politécnico)

Santa Maria, 30 de junho de 2015.

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Universidade Federal de Santa Maria Colégio Politécnico da UFSM

Curso Superior de Tecnologia em Geoprocessamento

CADASTRO TÉCNICO MULTIFINALITÁRIO DO MUNICÍPIO DE SANTA MARIA, RS

Relatório de Estágio realizado na EMPRESA GEOMAIS

elaborado por Juliana Menine Gindri

Prof. Me. Luiz Patric Kayser (Orientador)

Milton Fugii (Supervisor da Empresa)

Juliana Menine Gindri (Estagiária)

Santa Maria, 30 de junho de 2015.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a minha família, que em seus ensinamentos sempre

mostrou que o conhecimento é prioridade na vida. Sem eles, nada disso seria

possível.

Aos professores por toda dedicação, disponibilidade e empenho em participar

e contribuir com seus conhecimentos acadêmicos e profissionais.

Aos colegas e amigos conquistados no decorrer do curso.

Ao professor Luiz Patric Kayser, por toda paciência e disponibilidade, durante

toda essa jornada, em especial na orientação deste trabalho.

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“...a clarividência é uma virtude que se adquire

pela intuição, mas, sobretudo pelo estudo. É

através dela que se pode tentar ver através do

passado e do presente, o que se projeta para o

futuro”.

(Milton Santos. Paris, 1995)

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RESUMO

Relatório de Estágio Colégio Politécnico da UFSM

Universidade Federal de Santa Maria

CADASTRO TÉCNICO MULTIFINALITÁRIO DO MUNICÍPIO DE SANTA MARIA, RS

AUTOR: JULIANA MENINE GINDRI ORIENTADOR: PROF. ME. LUIZ PATRIC KAYSER

Data e Local de Defesa: Santa Maria, 30 de junho de 2015.

O Estágio Supervisionado, de 300 horas como requisito parcial para a formação no Curso Superior de Tecnologia em Geoprocessamento do Colégio Politécnico da UFSM, foi desenvolvido na empresa GEOMAIS, no município de Santa Maria e teve como objetivo conhecer as principais etapas de realização do Cadastro Técnico Multifinalitário no Município de Santa Maria, RS. Foi possível identificar as etapas e vivenciar os trabalhos realizados no escritório e os trabalhos realizados a campo. Pode-se entender a importância do geoprocessamento na elaboração de um cadastro técnico e a importância do cadastro na tomada de decisão por parte da administração pública.

Palavras-chave: Geoprocessamento. Cadastro Técnico Multifinalitário. SIG.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Localização do Município de Santa Maria no Estado do RS. ..................... 22

Figura 2: Localização da área urbana do município de Santa Maria ......................... 23

Figura 3: Cronograma das atividades ....................................................................... 25

Figura 4: Cronograma das atividades ....................................................................... 25

Figura 5: Planta disponibilizada no banco de dados da Prefeitura, digitalizada pela

GeoMais .................................................................................................................... 25

Figura 6: Planta de Referência Cadastral - Orientação e Divisão dos Setores ......... 26

Figura 7: Relatório gerado com os dados obtidos pela prefeitura ............................. 27

Figura 8: Planta de quadras ...................................................................................... 28

Figura 9: Planta dos lotes de uma quadra ................................................................. 29

Figura 10: Cadastradores em treinamento ................................................................ 30

Figura 11: Ponto de Origem das quadras ................................................................. 31

Figura 12: Croqui de casa ......................................................................................... 33

Figura 13: Croqui edificação mista ............................................................................ 33

Figura 14: Croqui casa/garagem ............................................................................... 33

Figura 15: croqui terreno baldio ................................................................................. 33

Figura 16: Planta da quadra pronta ........................................................................... 34

Figura 17: SIG GeoMais ............................................................................................ 36

Figura 18: Atributos dos imóveis ............................................................................... 37

Figura 19: Quadra com os códigos dos lotes ............................................................ 37

Figura 20: Mapa Temático - Ocupação do lote ......................................................... 38

Figura 21: Mapa temático - Situação do lote na quadra ............................................ 38

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Códigos e tipologias ................................................................................. 31

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12

1.1 Objetivo geral ................................................................................................... 12

1.2 Objetivos específicos ....................................................................................... 13

2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................. 14

2.1 Geoprocessamento .......................................................................................... 14

2.2 Sistema de Informação Geográfica .................................................................. 15

2.3 Cadastro Técnico Multifinalitário - CTM ........................................................... 16

2.4 Legislação ........................................................................................................ 18

3 METODOLOGIA ..................................................................................................... 21

3.1 Área de Estudo ................................................................................................ 21

3.2 Materiais e métodos ......................................................................................... 24

4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ........................................................................ 36

5 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 40

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 42

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

CTM: Cadastro Técnico Multifinalitário

SIG: Sistema de Informação Geográfica

GPS: Global Positioning System

CAD: Computer Aided Design

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPTU: Imposto Territorial e Predial Urbano

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1 INTRODUÇÃO

O estágio foi realizado na empresa GeoMais Geotecnologia Ltda. A empresa

é desenvolvedora e provedora de tecnologia e soluções em geoprocessamento,

oferece serviços e profissionais qualificados para a geração de mapas

georreferenciados e obtenção de informações cadastrais multifinalitárias, aliadas ao

desenvolvimento de sistemas de informações geográficas e sistemas gerenciais,

incluindo consultoria, treinamento e suporte técnico.

Está há 10 anos no mercado, e presente em mais de 25 cidades do sul do

Brasil. No Rio Grande do Sul está em cidades como Santa Rosa, Sapucaia do Sul,

Cachoeirinha, Gramado, entre outras. Oferece os serviços de: Construção de Base

Cartográfica Georreferenciada; Cadastro Técnico Multifinalitário; Geoprocessamento

Multifinalitário; Sistema de Informações Geográficas – SIG; Sensoriamento Remoto;

Aerofotogrametria; Planta de Valores Genéricos; Desenvolvimento de Softwares;

Estruturação e Modelagem de Dados; Conversão de Bases de Dados; Treinamento

e Capacitação.

Possui 240 funcionários no total e 27 em Santa Maria, incluindo no momento

1 Coordenador Técnico de Cadastro, 1 Auxiliar de coordenador, 2 Auxiliares de

apoio, 17 Cadastradores e 6 Auxiliares de Cadastrador. A sede da empresa está

localizada na Avenida Cruz e Souza, 585 - Sala 4, no município de São José, SC.

No município de Santa Maria, está localizada na Rua Venâncio Aires, 2035. A

empresa foi contratada pela Prefeitura Municipal de Santa Maria, através de licitação

pública, para realizar um Cadastro Técnico Multifinalitário do município.

1.1 Objetivo geral

Conhecer e acompanhar as etapas da construção de um Cadastro Técnico

Multifinalitário, bem como executar algumas atividades que estavam sendo

desenvolvidas durante o período do mesmo.

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1.2 Objetivos específicos

Saber mais sobre a estrutura do município;

Conhecer mais sobre cadastro técnico bem como compreender a importância

que um cadastro técnico bem elaborado e executado têm para um município

do porte de Santa Maria;

Entender como se constrói o cadastro técnico urbano;

Como funciona o dia-a-dia de uma empresa.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Geoprocessamento

Na medida em que as tecnologias de informação evoluem, elas se tornam

mais indispensáveis em nossa vida. Utilizamos todo tipo de tecnologia em nosso dia-

a-dia, celular, computadores, internet, GPS. Conforme falam Sansolo e Back (2008)

“vivemos uma continua atualização dos conhecimentos diante as mudanças e

evoluções tecnológicas, fatos que nos auxiliam em tarefas do cotidiano”. Dentre

essas tecnologias, destaca-se a geotecnologia, também conhecida como

geoprocessamento.

Geoprocessamento, de acordo com Veiga e Silva (2004) “é um termo pelo

qual é ou tornou-se conhecido o processamento digital de dados referenciados

geograficamente através da sua localização e relação espacial”. É uma união de

tecnologias para coletar, tratar, manipular, e apresentar informações espaciais, que

abrigam muitos sistemas e técnicas para tratar essas informações, que podem ser

visualizadas em forma de mapas, relatórios e tabelas, formando uma ferramenta de

análise e subsídio na tomada de decisão.

De acordo com Sansolo e Back (2008), o geoprocessamento teve início no

Brasil na década de 80, com o professor Jorge Xavier da Silva, da Universidade

Federal do Rio de Janeiro. Desde então, o interesse por geotecnologias no país tem

crescido, pois possui múltiplas aplicações.

Rocha (2000, apud CARVALHO, BALSAN e LEITE, 2012) define

geoprocessamento como

uma tecnologia transdisciplinar, que através da axiomática da localização e do processamento de dados geográficos, integra várias disciplinas, equipamentos, programas, processos, entidades, dados, metodologias e pessoas para coleta, tratamento, análise e apresentação de informações associadas a mapas digitais georreferenciados.

As geotecnologias, para Fitz (2008), podem ser entendidas como

as novas tecnologias ligadas as geociências e correlatas, as quais trazem avanços significativos no desenvolvimento de pesquisas, em ações de

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planejamento, em processos de gestão, manejo e em tantos outros aspectos relacionados a estrutura do espaço geográfico.

As geotecnologias abrangem muitas outras tecnologias, utiliza técnicas

especificas através de áreas do conhecimento como a cartografia, a fotogrametria, o

sensoriamento remoto entre outras atividades relacionadas à coleta inicial de

informações e os Sistemas de informações Geográficas (CARVALHO, BALSAN e

LEITE, 2012).

Essas novas tecnologias trazem significativos avanços em diversas áreas do

conhecimento e é necessário um trabalho conjunto e participativo de profissionais de

formações diferenciadas, porém com objetivo comum.

2.2 Sistema de Informação Geográfica

Os sistemas de informação geográfica ou sistemas de informação geo-

referenciada referem-se a sistemas que efetuam tratamento computacional de dados

geográficos.

Em um ambiente SIG podem-se armazenar muitas informações, que

posteriormente podem ser correlacionadas para gerar novas informações. Dessa

forma, um sistema SIG tem como característica integrar, em uma única base de

dados, informações espaciais de dados cartográficos, de censo e de cadastro

urbano e rural, imagens de satélite, dados e modelos numéricos de terreno e através

de algoritmos de manipulação, combinar essas várias informações para gerar

diversos tipos de mapeamentos (Carvalho, Balsan e Leite, 2012)

A informação geográfica informa onde alguma coisa está, ou o que está em

determinado local da superfície terrestre. Pode trazer detalhamento ou

superficialidade na informação. Detalhada, quando traz informação sobre cada

lixeira de uma cidade, por exemplo, ou superficial, quando traz o clima de um país.

A estrutura de um SIG, de acordo com Fitz (2008), possui os seguintes

componentes:

Hardware, plataforma computacional utilizada;

Software, os programas, módulos e sistemas vinculados;

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Dados, os registros de informações resultantes de uma investigação e;

Peopleware, os profissionais e/ou usuários envolvidos.

Câmara (1996) considera como componentes de um SIG: interface com o

usuário, entrada e integração de dados; funções de processamento, visualização,

armazenamento e recuperação de dados.

De acordo com Silva (2003) os fenômenos do mundo real podem ser

descritos como espacial, quando varia de lugar para lugar, temporal, quando varia

com o tempo e temática quando variam as características, esses fenômenos são

chamados de dados espaciais.

Dentro de um sistema SIG pode-se encontra dois tipos de dados: os dados

espaciais e os dados alfanuméricos.

Os dados espaciais podem apresentar dois tipos de estrutura conforme Fitz

(2008): a estrutura matricial, representada por uma matriz com n linhas e m colunas,

onde cada célula é denominada pixel (elemento da imagem) e apresenta um valor z.

E a estrutura vetorial, que é composta por pontos, linhas e polígonos.

Os dados alfanuméricos são dados constituídos por caracteres (letras

números ou sinais gráficos) que podem ser armazenados em tabelas, as quais

podem formar um banco de dados.

Em um SIG, esses dados já armazenados em tabelas,

devem possuir atributos que possam vinculá-los à estrutura espacial do sistema, identificados pelas suas coordenadas, e atributos específicos, com sua descrição qualitativa ou quantitativa. Esses dados possuem, portanto, informações a respeito dos mapas a eles vinculados, via seu endereço (FITZ, 2008).

Desta forma os SIGs despertam o interesse de diversas áreas do

conhecimento para sua utilização, já que permite a inserção de todo tipo de dado

geográfico e informações pertinentes a eles.

2.3 Cadastro Técnico Multifinalitário - CTM

O cadastro técnico no Brasil existe desde os primórdios da colonização

brasileira, pois já se mediam as sesmarias e posteriormente as posses dos

ocupantes. Somente em 1850, com a lei 601, conhecida como a lei de terras, onde

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se passou a discriminar as terras públicas e as privadas, quando iniciou-se a

preocupação com o registro público das terras (LOCH, 2007).

O marco inicial do cadastro foi a Lei 601 de 1850. Porém não recebeu

nenhuma menção como Cadastro Técnico, o que somente veio a acontecer em

1964 com a criação do Estatuto da Terra, Lei 4.504 de novembro de 1964. A lei

4.504 foi considerada uma das leis de Terras mais modernas e reconhecidas

mundialmente referente a questão de terras, dando ênfase ao valor da terra como

função social ao Cidadão. Esta lei regula os direitos e obrigações concernentes aos

bens imóveis rurais para fins de execução de reforma Agrária e promoção de

políticas Agrícolas (LOCH, 2007).

De acordo com Pereira (2009) a principal característica de um Cadastro

Técnico Multifinalitário – CTM é

o suporte para o conhecimento do território, através da informatização de um banco de dados públicos sobre as propriedades municipais, permitindo visualização de forma gráfica e organizando-os em um sistema cartográfico preciso e de qualidade, possibilitando o desenvolvimento dos diversos processos econômicos, jurídicos e técnicos envolvidos na dinâmica das cidades.

Nas administrações públicas e privadas, o CTM tem se mostrado cada vez

mais eficaz por permitir estruturar uma grande quantidade de informações com

múltiplas finalidades e organizá-las espacialmente através de mapas temáticos.

Seguindo a ideia de que o conhecimento é a força decisiva na reorganização

da produção e do espaço, podemos dizer que o CTM veio preencher uma lacuna

indispensável para o planejamento e gestão: a manipulação da informação para

gerar conhecimento (PEREIRA, 2009).

Pode-se dizer que o cadastro é um sistema de informações do espaço

territorial, no qual os dados são organizados em torno da unidade territorial jurídica

da parcela (lote, imóvel, propriedade). Por suas funções indispensáveis ao suporte

do desenvolvimento econômico, o cadastro tornou-se um instrumento fundamental

para ordenamento do espaço territorial e uma das suas características é

proporcionar o acompanhamento e controle temporal das atividades num

determinado espaço (LOCH, 1993).

O Cadastro Técnico representa um vasto campo de atuação profissional

abrangendo desde tecnologias para medições ao nível do imóvel, o mapeamento

temático, seja fundiário, uso do solo, geologia, planialtimétrico, solo, rede viária, rede

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elétrica; a legislação que rege a ocupação territorial e finalmente a economia que se

pode extrair da terra de acordo com Loch (1993). Para ele o Cadastro Técnico para

ser multifinalitário, deve atender ao maior número de usuários possíveis, o que exige

a criação de produtos complexos, e tecnologias que os tornem acessíveis para

qualquer profissional que necessite de informações ao nível de propriedade.

Pereira (2009) afirma que o CTM deverá ser formado por diversos cadastros

tais como: cadastro de logradouros, de equipamentos comunitários, de loteamentos,

de estabelecimentos de equipamentos licenciados, de assentamentos informais, de

áreas verdes, o cadastro planialtimétrico urbano e o cadastro de glebas. E também

podem ser englobados no CTM: dados censitários, legislação urbanística, redes de

infra-estrutura, dados da área da educação, saúde, etc.

2.4 Legislação

Em 1988 foi definido através da Constituição da República Federativa do

Brasil, expressa nos Art. 182 e art. 183 que dispõe sobre a Politica Urbana:

Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes. § 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana. § 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor. § 3º As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro. § 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: I - parcelamento ou edificação compulsório; II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais. Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem

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oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. § 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. § 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. § 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião (BRASIL, 1988).

De acordo com Oliveira (2001), em 1989 foi elaborado o projeto (nO 181/89)

chamado de Estatuto da Cidade, com a finalidade de regulamentar o capítulo da

Politica Urbana. O Estatuto da Cidade ao regulamentar as exigências constitucionais

reúne normas relativas a ação do poder público na regulamentação do uso da

propriedade urbana em prol do interesse público, da segurança e do bem-estar dos

cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental.

Conforme o Art. 2o, a política urbana tem por objetivo ordenar o pleno

desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, as quais

destacam-se:

I – garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações; II – gestão democrática por meio da participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano; ... IV – planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da população e das atividades econômicas do Município e do território sob sua área de influência, de modo a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente; ... VI – ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar: a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos; b) a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes; c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos ou inadequados em relação à infra-estrutura urbana; d) a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como pólos geradores de tráfego, sem a previsão da infra-estrutura correspondente; e) a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua subutilização ou não utilização; f) a deterioração das áreas urbanizadas; g) a poluição e a degradação ambiental; h) a exposição da população a riscos de desastres. ... XI – recuperação dos investimentos do Poder Público de que tenha resultado a valorização de imóveis urbanos; ... XVII - estímulo à utilização, nos parcelamentos do solo e nas edificações urbanas, de sistemas operacionais, padrões construtivos e aportes

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tecnológicos que objetivem a redução de impactos ambientais e a economia de recursos naturais (BRASIL, 2001).

A Constituição Federal determina que o instrumento básico da política de

desenvolvimento e expansão urbana é o Plano Diretor.

De acordo com o Estatuto da Cidade, o Plano Diretor deve ser aprovado por

lei municipal e se constitui em instrumento básico da política de desenvolvimento e

expansão urbana. Como parte de todo o processo de planejamento municipal, o

Plano Diretor deverá estar integrado ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias

e ao orçamento anual.

A lei complementar N° 034 de 29 de dezembro de 2005, dispõe sobre a

Política de Desenvolvimento Urbano e sobre o Plano Diretor de Desenvolvimento

Urbano Ambiental do Município de Santa Maria. No Capítulo II, que fala sobre as

Diretrizes Gerais de Desenvolvimento Urbano Ambiental:

Art. 2°. A Política de Desenvolvimento Urbano Ambiental tem por objetivo o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais: I. Garantia do direito à cidade sustentável, entendido como o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e serviços públicos, ao empreendimento, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações; ... IV. Planejamento do desenvolvimento da cidade, da distribuição espacial da população e das atividades econômicas do Município de Santa Maria de modo a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e de seus efeitos negativos sobre o meio ambiente; ... VI. Ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar: a) A utilização inadequada dos imóveis urbanos; b) A proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes; c) O parcelamento do solo, a edificação ou os usos excessivos ou inadequados em relação à infra-estrutura urbana; d) A instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como pólos geradores de tráfego, sem a previsão da infra-estrutura correspondente; e) O uso e a ocupação do solo em áreas de risco ou reconhecida importância paleontológica; f) A retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua subtilização ou não utilização; g) a deterioração das áreas urbanizadas. ... XII. Regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por população de baixa renda mediante o estabelecimento de normas especiais de urbanização, uso e ocupação do solo e edificação, consideradas a situação socio-econômica da população e as normas ambientais... (SANTA MARIA, 2005).

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3 METODOLOGIA

3.1 Área de Estudo

Santa Maria

O município de Santa Maria abrange uma área de 3.230 Km2, localizado na

região central do Estado do Rio Grande do Sul. Geograficamente está localizada

entre as coordenadas 53°45’00’’ e 53º52’30’’ de longitude oeste e 29º40’00’’ e

29º45’00’’ de latitude sul. A população é de 261.031 habitantes, conforme Censo

Demográfico IBGE 2010. Limita-se ao norte com os municípios de São Martinho da

Serra, Itaara e Júlio de Castilhos; ao sul com Formigueiro, São Sepé e São Gabriel;

a leste com Silveira Martins e Restinga Seca e a oeste com o município de São

Gabriel e os municípios de São Pedro do Sul e Dilermando de Aguiar (Figura 1).

Santa Maria iniciou seu desenvolvimento em 1797 com a presença das

ordens religiosas e agrupamentos militares, seguidos da construção da ferrovia

trazendo a chegada de milhares de imigrantes, sendo que num passado próximo

surgem às organizações de cunho acadêmico pelas quais a cidade é nacionalmente

conhecida. Nas primeiras décadas do século XX, a cidade apresentava um

expressivo crescimento urbano (BELÉM, 1989).

Em meados de 1930, o crescimento é visto em todas as regiões da cidade.

No centro novas vias são incorporadas às já existentes, seguindo ou não o traçado

reticular original. Nas regiões periféricas, o crescimento é acentuado devido à

presença de loteamentos originados nesta época. Na zona oeste, o uso do solo é

anexado às funções urbanas a partir da construção da estrada que ligava a cidade

de Santa Maria as cidades de Rosário do Sul e São Gabriel. A ocupação inicial das

demais áreas periféricas do espaço urbano aconteceu ao longo das vias de acesso

à cidade (ÁVILA, 2012).

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Figura 1: Localização do Município de Santa Maria no Estado do RS.

Fonte: Wikipédia

Pela Lei Municipal Complementar N° 034, de 29 de dezembro de 2005, que

dispõe sobre a Política de Desenvolvimento Urbano e sobre o Plano Diretor de

Desenvolvimento Urbano Ambiental do Município de Santa Maria, o Município

possui 10 Distritos, sendo o 1º Distrito, a Sede do Município; São Valentim o 2º

Distrito; Pains o 3º Distrito; Arroio Grande o 4º Distrito; Arroio do Só o 5º Distrito;

Passo do Verde o 6º Distrito; Boca do Monte o 7º Distrito; Palma o 8º Distrito; Santa

Flora o 9º Distrito; Santo Antão o 10º Distrito (Figura 2).

As principais leis vigentes no município no ano de 2014, referente ao regime

urbanístico, lançamento e cálculo de tributos e cadastro imobiliário são:

Lei Orgânica Municipal 2004 revisada (com suas emendas);

Plano Diretor - Lei Complementar nº. 034 de 29/12/2005;

Lei do Uso e Ocupação do Solo – Lei Complementar nº. 072 de 04/11/2009;

Código de Obras e Edificações – Lei Complementar nº. 070 de 04/11/2009;

Decreto Executivo nº 145 de 04/12/2008, que regulamenta o Imposto Predial

e Territorial Urbano do Município de Santa Maria- IPTU;

Lei Complementar nº 002 de 28/12/2001, que estabelece, altera e consolida o

Código Tributário do Município, consolidando a legislação tributária e dá

outras providências. (Lei Complementar nº 083/2011, Inclui Artigo 27 A e Item

B-1, na Tabela II-1);

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Lei Complementar nº 027 de 30/09/2004, que Altera a Lei Complementar nº

002/01, de 28/12/2001;

Código Tributário do Município e dá outras providências;

Decreto Executivo nº 134, de 12/11/2013, que dispõe sobre o Cálculo e

Arrecadação dos Tributos Municipais para o Exercício de 2014.

Figura 2: Localização da área urbana do município de Santa Maria

Fonte: Ávila (2015)

O Cadastro Técnico Multifinalitário visa atualizar o os dados correspondentes

às unidades imobiliárias e mobiliárias relacionadas no Cadastro Técnico (mobiliário e

imobiliário) do Município de Santa Maria, bem como sua complementação em

decorrência de desatualizações provenientes da evolução do processo urbano e

modificações correspondentes. Estima-se aproximadamente setenta e cinco mil

lotes e quinze mil atividades econômicas do município que serão objetos do

levantamento cadastral (GeoMais 2014).

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3.2 Materiais e métodos

Os serviços que foram executados no período de estágio, de acordo com o

Termo de Referência (Santa Maria, 2013) são os seguintes:

Levantamento Cadastral;

Edição Vetorial e Geocodificação;

Elaboração da Nova Planta de Valores Genéricos (PVG);

Conversão da Base de Dados do Plano Diretor;

Implantação de Sistema de Informações Geográficas (SIG) /

Geoprocessamento aplicado ao Cadastro Imobiliário e ao Plano Diretor

Municipal;

Capacitação e Treinamento.

A metodologia do levantamento cadastral a ser utilizada consiste das seguintes

etapas:

Reunião Técnica;

Solicitação de Material

Correlação

Edição do layout da Quadra

Contratação de Cadastradores

Treinamento

Início dos Trabalhos em Campo

Conferência

Edição Gráfica

Primeiramente foi realizada uma Reunião Técnica para definir os

procedimentos a serem adotados no levantamento cadastral. Após definidos os

procedimentos, foi feita a solicitação de material à prefeitura, a coleta de todo

material gráfico em meio digital ou impresso (plantas de quadra, loteamentos,

desmembramentos, etc.) e backup do banco de dados existentes na prefeitura.

Foi elaborado um cronograma para o desenvolvimento das atividades,

conforme ilustrado na Figura 3 e Figura 4. As plantas de quadras que estavam em

25

meio analógico foram digitalizadas através de scanner para geração de relatórios e

início da correlação, conforme Figura 5.

A correlação consiste na identificação do proprietário do imóvel através da

colocação do número do cadastro nos lotes de cada planta de quadra. A correlação

dos lotes resume-se em atribuir às divisões de lotes, o seu respectivo código de

cadastro. Este código de cadastro é a chave de registro para a atribuição de todos

os outros dados, como área total construída, nome de proprietário entre outros. A

execução deste trabalho é feita observando-se a inscrição imobiliária de cada lote,

comparando com o banco de dados da prefeitura e transcrevendo o código de

cadastro imobiliário para a cópia da planta de quadra (GeoMais, 2014).

Figura 3: Cronograma das atividades

Fonte: GeoMais

Figura 4: Cronograma das atividades

Fonte: GeoMais

Figura 5: Planta disponibilizada no banco de dados da Prefeitura, digitalizada pela GeoMais

Fonte: GeoMais

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A Inscrição Cadastral define a localização do imóvel através de uma

combinação de códigos que representam áreas ou polígonos bem definidos,

inseridos na região de abrangência do cadastro técnico. A Planta de Referência

Cadastral representa a região administrada pelo cadastro técnico e é dividida em

distritos. Cada distrito é dividido em orientação NO, NE, SO e SE, que se divide em

um conjunto de setores, onde cada setor é dividido em um conjunto de quadras, e

cada quadra é dividida em um conjunto de lotes, sendo que no interior de cada lote

será constatada ou não existência de edificações as quais podem conter uma ou

mais unidades imobiliárias (GeoMais 2014), de acordo com a Figura 6.

Figura 6: Planta de Referência Cadastral - Orientação e Divisão dos Setores

Fonte: GeoMais

Com posse das plantas de quadra já correlacionadas, e o apoio da imagem

aérea – no ano de 2013 foi realizado pela empresa Topocart Topografia Engenharia

e Aerolevantamentos SS LTD um Levantamento Aerofotogramétrico, conforme

Edital e processo licitatório – Contrato 342/2013 – Concorrência 02/2013, as quadras

correlacionadas vão para edição gráfica onde é realizada a vetorização e

geocodificação, elaboração do layout de cada quadra, identificação do nome do

proprietário, inscrição imobiliária, número de correspondência e demais informações

do loteamento quando existir. O desenhista analisa a Planta Quadra e faz o desenho

dos elementos gráficos. As quadras e lotes são então vetorizadas (desenhadas) em

27

programa CAD. Onde se cruzam as informações do banco de dados da prefeitura,

Plantas Quadra e Imagens Aéreas (Ortorretificadas e Georreferenciadas). Desta

forma pode-se analisar a realidade de campo juntamente com os dados já lançados,

principalmente com relação à área territorial e medidas de testada.

Após, realiza-se a geocodificação dos lotes, onde é feita a ligação (linkagem)

dos dados alfanuméricos existentes no banco de dados da prefeitura com os dados

espaciais. A etapa é desenvolvida por uma equipe que analisa as quadras e lotes

vetorizados e os liga (linka), através do código de cadastro imobiliário com os dados

alfanuméricos existentes no banco de dados.

A partir do relatório gerado com os dados disponíveis na prefeitura (Figura 7)

e as imagens aéreas, gera-se então as plantas das quadras e plantas dos lotes em

cada quadra, material este que será utilizado para o levantamento a campo, onde

será medido e desenhado pelos cadastradores as edificações e unidades

imobiliárias existentes em cada lote.

Figura 7: Relatório gerado com os dados obtidos pela prefeitura

Fonte: GeoMais

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Inicia-se então o levantamento cadastral in loco, onde os cadastradores

recebem as plantas quadras (Figura 8) já vetorizadas e geocodificadas e um

relatório descritivo (com informações sobre os proprietários, medidas, entre outras)

de cada lote. Com este material são realizadas as medições com trena e

representações gráficas das edificações e unidades levantadas. Após completo este

processo, as informações são enviadas ao escritório para que a equipe responsável

proceda com a vetorização das mesmas.

Figura 8: Planta de quadras

Fonte: GeoMais

Na planta dos lotes de uma quadra (Figura 9), os lotes recebem chaves que

contêm a inscrição, o nome, número postal, número da quadra espaço para

preencher o código do medidor de energia e do hidrômetro. Essas informações são

confirmadas e coletadas pelos cadastradores.

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Figura 9: Planta dos lotes de uma quadra

Fonte: GeoMais

A contratação dos cadastradores é feita através de seleção do currículo pelo

candidato, que após análise, é convocado para entrevista e selecionado para teste

de campo. A empresa seleciona pessoas do próprio município.

O treinamento dos cadastradores é feito através da leitura do manual técnico

e observações a campo, definindo os procedimentos a serem seguidos para a

realização dos trabalhos. Primeiramente é realizado um estudo do manual do

cadastrador no escritório, que contempla as instruções teóricas detalhadas sobre os

procedimentos das equipes de levantamento de campo para realização das

medições das edificações. Após, é realizado um treinamento em campo (Figura 10),

onde são realizadas e demonstradas medições das edificações nos lotes, são

tiradas dúvidas e explicadas as possíveis adversidades que os cadastradores

podem encontrar em campo.

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Figura 10: Cadastradores em treinamento

Fonte: Prefeitura Municipal de Santa Maria

Na primeira fase do trabalho em campo, os cadastradores são divididos em

equipes, onde cada equipe é composta por duas pessoas, um desenhista e um

trena. Saem a campo identificados por colete amarelo, utilizam prancheta, trena

métrica e trena laser, a planta dos lotes na quadra e um relatório contendo as

informações dos lotes, como proprietário, número do imóvel, número de unidades.

As equipes vão a campo e fazem toda a medição externa, identificação da

tipologia e a localização das edificações dos limites do lote, confirmam o nome do

proprietário e o número de correspondência além de anotar o número dos medidores

de energia e água.

A localização da quadra, em campo, é feita previamente pela orientação do

coordenador de campo e em seguida pelo reconhecimento dos logradouros

delimitantes. Identificada a quadra, localiza-se o primeiro lote sequencial que contém

o ponto de origem (PO), e dá-se início à elaboração do croqui de campo.

O ponto de origem da quadra (Figura 11) é dado a partir dos pontos cardeais

e é definido pelo ponto mais ao norte e mais próximo da origem do sistema

cartesiano (GeoMais 2014).

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Figura 11: Ponto de Origem das quadras

Fonte: GeoMais

No que se refere as edificações, elas apresentam grande heterogeneidade no

que concerne a tipos e as características construtivas. Em razão das características

de uso e ocupação do solo foram elaboradas padronizações com critérios e

codificações para identificação cadastral dos imóveis. Os códigos de utilização são

diretamente ligados aos padrões construtivos existentes no município.

Os códigos adotados para identificação da tipologia das edificações são

descritos na tabela 1:

Tabela 1 – Códigos e Tipologias

Código Tipologia Descrição

TB Terreno baldio Lote sem utilização, não possui área construída. O mesmo pode encontrar-se cercado ou não ter delimitação alguma.

CA Casa Edificação destinada à moradia.

AP Apartamento Unidade residencial de um prédio, destinado a moradia.

SL Sala / Loja Edificação com utilização de prestação de serviços ou comercial.

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TL Telheiro Coberta com nenhum, um ou dois lados fechados.

ED Edícula Edificação de uso complementar a unidade principal, normalmente são áreas de serviço, lazer, pequenos depósitos.

GL Galpão Edificação mais atrelada à tipologia casa com utilização para depósitos.

PV Pavilhão Edificação com utilização comercial, serviço ou indústria.

SI Silos Depósito em forma cilíndrica, feito de metal ou de cimento e destinado a armazenagem de grãos, forragem.

GR Garagem Com 3 ou 4 lados fechados e que estejam atrelados a casa.

BX Box Áreas construídas dentro de prédios comerciais e ou residenciais destinadas para veículos, atrelados a apartamento e/ou sala/loja.

VG Vaga Áreas abertas destinadas para veículos em prédios comerciais e ou residenciais, atrelados a apartamento e/ou sala/loja.

TO Torre Isolado em lotes, bem como sobre edifícios.

EC Em construção Edificação ainda em obras.

RU Ruína Construção sem cobertura e/ou em estado de demolição.

PS Piscina Tanque de água próprio para natação (identificação somente da área que contenha água. O deck não é cadastrado).

GT Guarita Edificação pequena, destinada ao abrigo de sentinelas, vigias, seguranças.

CT Contêiner Recipiente de metal, geralmente de grandes dimensões, destinado ao acondicionamento e transporte de carga. Muitas vezes utilizado com finalidade Comercial, Serviço e Residencial.

TE Terraço Área aberta não coberta localizada em andares superiores ao térreo, normalmente usada como área de lazer e serviço.

Tabela 1: Códigos e tipologias

Fonte: GeoMais

Cada unidade existente nos lotes é representada espacialmente no croqui em

forma semelhante a uma planta-baixa, com anotações de suas dimensões,

amarração, número de pavimentos e identificação quanto ao tipo de edificação

(usando o código da tipologia). As edificações são diferenciadas do lote utilizando

hachuras internamente. Pode-se observar alguns exemplos na Figuras 12, Figura

13, Figura 14 e Figura 15.

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Figura 12: Croqui de casa

Fonte: GeoMais

Figura 13: Croqui edificação mista

Fonte: GeoMais

Figura 14: Croqui casa/garagem

Fonte: GeoMais

Figura 15: croqui terreno baldio

Fonte: GeoMais

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Os croquis das quadras elaborados a campo, após o desenho das edificações

e preenchimento das demais informações das chaves, ficam como o exemplo da

Figura 16.

Figura 16: Planta da quadra pronta

Fonte: GeoMais

As visitas dos cadastradores acontecem no período da manhã e tarde. Caso o

proprietário ou responsável pelo imóvel esteja ausente, são realizadas mais duas

tentativas em períodos distintos, se ainda assim não forem encontradas as medidas

de edificações presente nos lotes são feitas pela imagem aérea ou busca-se o

projeto na prefeitura. No caso do proprietário ou responsável pelo imóvel não

autorizar os cadastradores a realizarem as medições, as mesmas são feitas por

imagem aérea ou pela planta do projeto que consta na prefeitura.

Em uma segunda fase do trabalho em campo, os cadastradores irão coletar

informações sobre as construções, como o tipo de material das paredes, tipo de

telhado, tinta, situação da calçada, iluminação, serviço de coleta de lixo, entre

outros. Para esta etapa do cadastro está sendo elaborado um novo manual, que

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servirá para o treinamento dos cadastradores. Também será feito levantamento

fotográfico nesta etapa.

Após o trabalho em campo é feita a conferência dos dados de todo material

levantado em campo, para posterior envio à sede da empresa para edição gráfica de

todas as edificações e possíveis ajustes identificados em campo no limite dos

terrenos, com base no croqui de campo.

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4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Após o trabalho realizado em campo e a conferencia do material, é realizada

a edição gráfica de todas as edificações, com os ajustes dos limites dos terrenos dos

lotes identificados nos croquis de campo.

A edição vetorial é feita em Software CAD, e posteriormente os arquivos são

importados para o SIG da empresa, que tem como base o levantamento aéreo,

como pode ser observado na Figura 17.

Figura 17: SIG GeoMais

Fonte: GeoMais

Neste SIG são inseridas informações sobre os lotes, as edificações nele

existentes e também informações sobre o proprietário, conforme os dados coletados

a campo e a correlação com os existentes na prefeitura. Permite fazer consultas

sobre cada imóvel, como o tipo de ocupação (residencial, comercial, industrial,

terreno baldio, etc.), a medida da testada principal entre outras informações como

pode ser visto na Figura 18.

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Figura 18: Atributos dos imóveis

Fonte: GeoMais

Os lotes recebem um código único, de acordo com o distrito – setor – quadra

– lote – número da edificação – número da unidade, e assim podem ser localizados

no SIG (Figura 19).

Figura 19: Quadra com os códigos dos lotes

Fonte: GeoMais

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Também permite fazer consultas e gerar mapas temáticos com as

informações, como por exemplo a ocupação do lote, se já está construído, se possui

construção em andamento ou se está baldio (Figura 20). Ou ainda a situação do lote

na quadra, se é no meio da quadra ou esquina (Figura 21).

Figura 20: Mapa Temático - Ocupação do lote

Fonte: GeoMais

Figura 21: Mapa temático - Situação do lote na quadra

Fonte: GeoMais

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Quando finalizado o processo do cadastramento, as informações serão

disponibilizadas para toda a sociedade através, provavelmente, do site da prefeitura.

Após a realização dos trabalhos de campo, digitação e conversão de dados

aos sistemas utilizados pela Prefeitura, deverão ser entregues todas as bases de

dados, os formulários, mapas, o software, proporcionando treinamento aos

servidores da Prefeitura e o suporte técnico.

40

5 CONCLUSÃO

Durante todo o decorrer do Curso Superior de Tecnologia em

Geoprocessamento, estudou-se diversas áreas e aplicações das tecnologias em

geoprocessamento, desde cartografia, sensoriamento remoto, SIG, entre outras

matérias que visam a manipulação de dados georreferenciados, permitindo a análise

dos mesmos, de forma a auxiliar ações de planejamento nas mais variadas áreas.

Este estágio foi desenvolvido na área do planejamento urbano, e permitiu que

a aluna aprofundasse seus conhecimentos nesta área de atuação de um tecnólogo

em geoprocessamento.

A implantação de cadastros técnicos georreferenciados juntamente com a

modernização e atualização dos cadastros já implantados nas áreas urbanas,

constituem uma ferramenta importante ao planejamento das atividades na gestão do

espaço urbano às administrações municipais.

A utilização do SIG gerado, se usado de forma compartilhada com todos os

setores da administração municipal poderá tornar muito mais ágil a troca de

informações, possibilitando não apenas a unificação das informações, mas também

economia dos recursos despendidos na elaboração e manutenção das bases de

dados utilizadas pela administração pública, prestadoras de serviços públicos, etc.,

como no caso das companhias de energia e água, que fizeram parte do cadastro.

Nas análises territoriais com base no geoprocessamento, a atualidade dos

dados é, normalmente, comprometida pela dinâmica das transformações. Por isto, é

imprescindível o estabelecimento de um aparato técnico-administrativo, capaz de

gerir o sistema de informações de forma contínua, assegurando a atualização da

base de dados, preservando sua qualidade e credibilidade.

Verificou-se que as tecnologias do geoprocessamento são ferramentas

importantes dentro das ações da política territorial na administração municipal, pois

podem ser importantes instrumentos na tomada de decisão por parte da

administração pública.

Os objetivos traçados para o estágio foram alcançados durante o período

presente na empresa, pois pode-se conhecer melhor as etapas de um CTM, e

entender melhor o que já foi estudado nas aulas da mesma disciplina durante o

41

Curso, pois assuntos que antes eram tratados apenas em sala de aula e de maneira

teórica, ganharam desenvolvimento prático.

Pode-se também vivenciar as dificuldades encontradas na realização do

cadastro, vivenciando o trabalho a campo dos cadastradores. Possibilitou perceber

que o município de Santa Maria vem buscando alternativas que visam melhorar a

tomada de decisão no que diz respeito ao planejamento urbano, e tem se utilizado

de técnicas de geoprocessamento para tal.

Existe resistência por parte dos proprietários e moradores dos imóveis na

permissão da entrada dos cadastradores para a medição dos terrenos, mesmo com

a realização do cadastro sendo divulgada em diversas mídias (televisão, internet,

rádio), mas de maneira geral, a população tem aceitado a entrada dos

cadastradores em seus terrenos.

Como o cadastro ainda está em processo de desenvolvimento e faltam

algumas etapas não se pôde obter um resultado final, mas espera-se que seja de

grande utilidade para o município, e que após seu término, continue sendo

atualizado por profissionais competentes, especialmente na área do

geoprocessamento.

Este fato evidencia a importância do Curso de Geoprocessamento, pois ainda

existe no país uma enorme carência de informações que auxiliem na tomada de

decisões sobre os problemas encontrados em zonas urbanas e rurais. O

geoprocessamento dispõe de um enorme potencial, pois utiliza-se de tecnologias de

custo relativamente baixo, mas eficientes, o que torna este um mercado promissor

para o profissional que atua com geoprocessamento.

Desta forma o Curso Superior de Tecnologia em Geoprocessamento da

Universidade Federal de Santa Maria pode contribuir muito ao município, formando

profissionais capacitados, que buscam soluções para as mais diversas áreas,

beneficiando a todos em nossa sociedade.

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REFERÊNCIAS

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