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70  www.backstage.com.br REPORTAGEM  Karyne Lins [email protected] C Captação Bons resultados na captação de metais vão depender de alguns quesitos, como sala, ambiência, bons músicos, técnicos e o item mais comentado nas sessões de gravação: o microfone ideal. e gravação para instrumentos de sopro ada instrumento de sopro tem sua freqüência e tessitura, e claro, a linguagem de quem toca. Por isso, o profissiona- lismo e a escolha certa de e quipamentos farão com que o som do instrumento não sofra nenhuma perda de harmônicos que o caracteriza. A melhor captação é aquela que reproduz fielmente o som que se ouve de cada instrumento. Conhecimento técnico O conhecimento é essencial para se obter o resultado es pera- do. Para cada tipo de instrumento é necessário um microfone adequado, que possa atender às freqüências geradas por ele. Segundo o pastor e saxofonista Esdras Gallo, o microfone é um ouvido eletro-eletrônico e deve-se optar pela melhor combina- ção deste ‘ouvido’.  “A responsabilidade do técnico é sempre grande, mas não devemos esquecer que, para uma boa grava- ção, o técnico é um dos componentes, que começa com um bom músico, depois um bom instrument o, o microfone adequado e um pré-amplificador competente”, disse Fábio Motta, que já gravou Marcio Montarroyos, Mauro Senise, entre outros. Os entrevistados concordaram que, além de conhecimento técnico e musical, o microfone certo é o segredo de uma boa captação. Eles acreditam também que existam técnicos com mais experiência com gravação de metais do que outros, mas não técnicos especializados no assunto. Na opinião de Esdras, o ideal seria que cada estúdio dispusesse de uma gama de micro- fones específicos para cada instrumento, mas, no dia-a-dia, cada estúdio vive da sua realidade e somente os estúdios maio- res dispõem de microfones mais específicos. “O conhecimento que o engenheiro de som precisa ter para gravar metais é como cada microfone escolhido vai soar para cada instrumento; não existem regras, mas o fundamental é conhecer o som de cada microfone e saber em que posição ele capta melhor cada instrumento”, disse Duda Mello, engenheiro de som que já gravou sopros nos discos de Marcos V alle, Moacir Santos e Ed Motta. Referências Esdras Gallo, que já gravou e dirigiu músicos como Dorival Galante (Banda Mantiqueira), David Richards e André Paganelli (músicos cristãos solistas),  disse que  de uma forma geral as referências sempre são dos estúdios americanos e ingle- ses pelo excelente resultado alcançado. “Embora tenhamos muitos técnicos e estúdios competentes aqui no Brasil, as novi- Zé Canuto durante uma gravação    F   o    t   o   s   :    D    i   v   u    l   g   a   ç    ã   o

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 Karyne [email protected] 

C

CaptaçãoBons resultados na captação de metais vão depender de alguns quesitos,como sala, ambiência, bons músicos, técnicos e o item mais comentadonas sessões de gravação: o microfone ideal.

e gravação para instrumentos de sopro

ada instrumento de sopro tem sua freqüência e tessitura,

e claro, a linguagem de quem toca. Por isso, o profissiona-lismo e a escolha certa de equipamentos farão com que o

som do instrumento não sofra nenhuma perda de harmônicosque o caracteriza. A melhor captação é aquela que reproduzfielmente o som que se ouve de cada instrumento.

Conhecimento técnicoO conhecimento é essencial para se obter o resultado espera-

do. Para cada tipo de instrumento é necessário um microfone

adequado, que possa atender às freqüências geradas por ele.

Segundo o pastor e saxofonista Esdras Gallo, o microfone é umouvido eletro-eletrônico e deve-se optar pela melhor combina-ção deste ‘ouvido’. “A responsabilidade do técnico é sempregrande, mas não devemos esquecer que, para uma boa grava-ção, o técnico é um dos componentes, que começa com um bommúsico, depois um bom instrumento, o microfone adequado eum pré-amplificador competente”, disse Fábio Motta, que jágravou Marcio Montarroyos, Mauro Senise, entre outros.

Os entrevistados concordaram que, além de conhecimentotécnico e musical, o microfone certo é o segredo de uma boacaptação. Eles acreditam também que existam técnicos com

mais experiência com gravação de metais do que outros, masnão técnicos especializados no assunto. Na opinião de Esdras, oideal seria que cada estúdio dispusesse de uma gama de micro-fones específicos para cada instrumento, mas, no dia-a-dia,cada estúdio vive da sua realidade e somente os estúdios maio-res dispõem de microfones mais específicos.

“O conhecimento que o engenheiro de som precisa ter paragravar metais é como cada microfone escolhido vai soar paracada instrumento; não existem regras, mas o fundamental éconhecer o som de cada microfone e saber em que posição elecapta melhor cada instrumento”, disse Duda Mello, engenheirode som que já gravou sopros nos discos de Marcos Valle, MoacirSantos e Ed Motta.

ReferênciasEsdras Gallo, que já gravou e dirigiu músicos como Dorival

Galante (Banda Mantiqueira), David Richards e AndréPaganelli (músicos cristãos solistas), disse que de uma formageral as referências sempre são dos estúdios americanos e ingle-ses pelo excelente resultado alcançado. “Embora tenhamosmuitos técnicos e estúdios competentes aqui no Brasil, as novi-Zé Canuto durante uma gravação

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dades acabam por vir de fora, o que ameu ver, não deprecia em nada o traba-lho feito aqui”, disse Esdras.

Fabio Motta tem como padrão as big 

bands americanas, como Glen Miller,

Tomy Dorsey e os músicos Miles Davis,Chet Backer, padrões americanos dasdécadas de 60 e 70. Muitas referênciasde Duda Mello também são americanas,principalmente dos discos de jazz antigose modernos. “Acho que o modelo ameri-cano é o mais utilizado, até pela tradiçãoque se tem naquele país em gravar or-questras, big bands e outras formaçõescom muitos músicos de sopro”, comple-menta Zé Canuto.

ConceitoA maioria dos profissionais entrevista-

dos, conhecidos por gravarem com fre-qüência este tipo de instrumento, acre-dita que hoje em dia não exista um con-ceito (ou uma regra) para captação demetais, e sim, gosto e criatividade. Naopinião de Marcelo Sabóia, que já gra-vou com Léo Gandelman, Vittor Santos,Marcelo Martins, Zé Canuto e JesséSadok, não se buscam mais conceitos de

fora para este tipo de gravação no Brasil.“Hoje, o Brasil é respeitado e já expor-

ta sons. No Brasil, temos vários técnicos(engenheiros) de gravação. Enrico dePaole, Eduardo Costa, Duda Mello, Flá-

vio Sena, Marcos Sabóia, Marcio Gama,Luiz Paulo (SP), Moogie Canazio, queforam nos últimos anos os que mais me im-pressionaram com o seu bom gosto natimbragem de metais. Não posso deixar demencionar que os técnicos e os músicos daBahia estão gravando metais muito bem”,disse Sabóia.

O técnico Val Martins, que já gravou Xuxa (Zé Canuto, sax e naipe) KleberLucas (Demétrio Bezerra, trompete),

Melissa (Marcelo Martins, sax), DanielaCola (naipe,) Carlinhos Félix (Zé Canu-to, sax) e outros, disse que como hoje to-dos podem ter acesso a tecnologia, o quevale é a criatividade. “Dessa forma, cria-mos o nosso conceito. Quando queremosum som diferente, usamos um plug-in ou um efx para dar um colorido diferente,da mesma forma com o ambiente, quan-do exploramos a sala em função do ar-ranjo”, disse Val Martins.

O saxofonista Zé Canuto acredita que

exista um conceito técnico, mas o bomgosto deve prevalecer acima de tudo.“Acho que o principal conceito a ser se-guido é o auditivo. Esse sim é que vai de-terminar uma boa captação”. Para se ter

bons resultados de captação, depende dealguns quesitos como o cumprimento dopapel de instrumentos lead, ou seja, tocara melodia, como se fosse uma voz. Nessecaso, a idéia é captar o maior tamanho desom possível, com graves, médios e agudosvibrantes, optando-se por microfonescondensadores de cápsula grande.

“Se os metais fazem parte de um arran-jo que vai permear a voz, e dependendodo tipo de arranjo, às vezes até alguns bons

microfones dinâmicos resolvem”, disseDuda Mello. Em relação ao naipe de me-tais, a captação individual é a mesma quese aplica ao que está solando, com a opçãode acrescentar mais microfones de am-biência que são muito importantes e en-corpam bastante o som do naipe.

Sabóia diz que a única diferença é tercuidado com os vazamentos. Fábio Mottacitou um exemplo de uma gravação comvários instrumentos ao mesmo tempo. Naocasião, foi para o cantor e compositorMarcos Lima, produzido por João Carlos.Saxofones: Zé Canuto e Marcelo Mar-tins, trompete, Jessé Sadoc, trombone eSerginho Trombone, que também fez osarranjos. Para os saxofones, foram usadosdois microfones Telefunken ELA M 251;para o trompete, um Altec 639 Ribbon defita, e para o trombone, um Reslo, tam-bém de fita.

“Hoje, o Brasil é respeitado e já exporta sons. NoBrasil, temos vários técnicos (engenheiros) degravação. Não posso deixar de mencionar que

os técnicos e os músicos da Bahia estão gravandometais muito bem” (Marcelo Sabóia)

Everson Dias Marcelo Sabóia Duda Mello

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Os microfonesEste é um assunto deli-

cado entre os técnicos eengenheiros e cada um

emitiu uma opinião. “Omelhor microfone é aque-le que está disponível,existe preferência, masnão uma regra. Quandose tem microfones dispo-níveis para um naipe, eu uso Sennheiser MD 421para trombone e trompetee AKG 414 para sax. Parasolo, gosto de usar um

close mic e dois ambientes L&R, mas oengenheiro tem que trabalhar com o queo estúdio oferece”, diz Everson Dias, quejá gravou com Milton Guedes, NivaldoOrnelas, Zé Canuto, Marcelo Martins,Ângelo Torres, Márcio Montarroyos, Jessé Sadoc, entre outros.

“Gosto de gravar com o AKG 414,Sennheiser MD 421, bem como os valvu-lados para solos, mas existem muitas ou-tras opções boas, claro que com bons pré-

amps”, ressaltou Val Martins. MarceloSabóia cita como preferência para capta-ção os microfones com cápsula grandeAKG C12, 414, Neumann TLM e U87.

Duda Mello especificou os microfo-nes que usa para cada tipo de instrumen-to de sopro. “Para a captação de trombo-ne uso o FET U47 ou o M249, ambos daNeumann. No sax barítono, o Neumann 149 é bem legal, tendo só que cortar umamédia depois. Sax tenor, gosto do C12,pois os graves e o ar vêm bem equilibra-dos. Sax alto, tive boas experiências como Neumann U67 e o U87. Em relação atrompete, qualquer microfone soa bemcom o Jessé Sadoc. É só colocar um padpara segurar a pressão. Pré-amplificado-res Neve antigos são os meus preferidos”.

Duda Mello também gosta muito deusar microfones condensadores de cáp-sula grande, como os Neumann, de pre-

ferência passando por prés Neve antigoscomo os 1076 e não usa compressão nacaptação. “Um som que gostei muito foio tirado com o Winton Marsalis no CDChoros e Alegria, do Moacir Santos. Eu usei um microfone de fita Royer, quecaptou um som bem quente, com as pon-tas amaciadas e o grave presente. Estou até querendo comprar um desses”, lem-brou Duda.

Os microfones ideais para Esdras sãoNeumann TLM 103, AKG SolidTube,SM81 (sax), AKG C1000 ou 414 e Sen-nheiser MD421 (Trompete e Trombone).“O TLM 103 dá uma sonoridade mais bri-lhante por causa dos médio-agudos maispresentes. O Solid Tube tem o som maisencorpado, realça melhor os médio-gra-

ves. Gosto do resultado dasoma do TLM+Solid Tubeou Solid+SM81.

Quanto ao posiciona-

mento, normalmente usoum ou mais “mics” overallou posicionados em pontosestratégicos da sala, cap-tando a ambiência e gra-vando-a num canal sepa-rado para poder dosar nahora da mixagem”, expli-cou Esdras Gallo.

Para instrumentos depalheta, madeiras e flautas

transversas, Fábio Motta gosta dos micro-fones de condensador, porém, para osmetais de bocal, na sua opinião, os micro-fones de fita (Ribbon) são insubstituíveis.

 Sala ideal para gravação e captaçãoA sala de estúdio para gravação sem

dúvida interfere muito no som dos me-tais e na forma como se vai captar os ins-trumentos. Não existe uma sala ideal

para metais, mas sim o que é melhor paracada formação de metais e para o con-ceito do disco. Duda Mello disse que seuma sala não soar muito bem, ele prova-velmente gravaria o instrumento o maisperto possível, para evitar interferênciasindesejadas do ambiente.

“Em uma sala com um som bonito, eu aproveitaria essa ambiência talvez gravan-do um pouco mais longe, ou gravando comum segundo microfone para captar umpouco da ambiência. Os discos do MoacirSantos foram gravados no estúdio A do AR Estúdios, que é uma sala não muito viva,bem controlada acusticamente, mas quesoa bonita, o que proporciona um belo va-zamento entre os instrumentos”, disse.

“A sala ideal para mim seria bem viva,com muita reflexão. A captação será sem-pre o item mais importante de todo o pro-cesso. Se a sala for dessa forma, é só usar

“O TLM 103 dáuma sonoridade maisbrilhante por causados médio-agudos

mais presentes. O SolidTube realça melhor os médio-graves”

(Esdras)

Esdras Gallo usa três microfones: dois TLM 103 Neumann e um ME 64 Sennheiser

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bons microfones de ambiente que vocênão irá precisar de reverberação processa-da. A reverberação natural, acústica, émais bonita”, disse Marcelo Sabóia.

Zé Canuto é muito detalhista e pelaexperiência sabe as peculiaridades deuma sala ideal para captação de metais.“O mais importante é que a sala tenhaespaços vivos (onde as notas do instru-mento possam reverberar), mas tambémpossua os seus pontos ‘mortos’ (onde osom chega e se anula). Esse equilíbrio éque determina se uma sala é boa ou nãopara a gravação de instrumentos acústi-cos”, disse Canuto.

Pastor Esdras Gallo, coordenador ediretor musical do grupo de louvor Re-nascer Praise, toca três instrumentoscom características mais agudas: o saxalto, o soprano e a flauta. Ele explicou que o sax alto, especialmente, é um ins-trumento que reproduz um som muito

estridente. Por isso um cuidado especialna captação deste instrumento. “A for-ma como venho fazendo dá certo. Paraque o som fique mais encorpado, eu meposiciono um pouco ao lado da cápsula

do microfone. Percebi ao longo dos anosque se o instrumento for colocado exa-tamente na frente do microfone o somtende a ficar muito pontudo e essa éuma coisa que evito ao máximo, a nãoser que seja pedida pelo produtor”, ex-plicou Esdras.

Console de gravação e mixagemQuando se grava um instrumento de

sopro, a idéia é não controlar nada, é sim-

plesmente colocar o microfone no lugaronde o instrumento soa mais equilibrado,conseguir um bom nível. Duda disse nãogostar de cortar freqüência nenhumaquando está gravando, pois ela pode fa-zer falta depois na mixagem, e nuncacomprime. “Uma dinâmica perdida nagravação é uma dinâmica perdida. Sem-pre se pode comprimir bastante depois namixagem se for o caso, dependendo doque a música pede”.

Na forma de trabalho de MarceloSabóia, a escolha da console também éimportante. “Gosto muito de gravar naNeve e não gosto de equalizar durante agravação. Gosto de ter o resultado só coma escolha e o posicionamento do microfo-ne”, explicou.

Val Martins

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Everson Dias disse que raramenteequaliza os metais durante a gravação.Para ele, a preocupação maior é ter umbom equilíbrio do naipe.

Para se ter uma boa captação e não ficarmuita coisa para ser refeita na mixagem,Sabóia atentou para o seguinte detalhe:chamar a atenção dos músicos para nãosaírem das posições e se ligar muito nos ba-rulhos que ocorrem durante a sessão. Coi-sas como afinação e nota errada o enge-nheiro deixa para o produtor e o músico.

“Hoje em dia, muitos técnicos gostamde “timbrar” usando os recursos da mesaou plug-ins. Meu objetivo é preservar o

som do músico. Se você está utilizando omicrofone correto, bem posicionado, li-gado a um pré-amplificador ideal, nãoprecisa mudar nada no som e o músicovai adorar”, disse Fábio Motta.

“Eu gosto de gravar metais mais secos,para depois eu experimentar. Prefiro me-xer na mixagem. Procuro gravar metaisflat para poder mexer depois, evito limi-tar os graves e agudos, bem como compri-mir demais”, disse Val Martins.

Músico, softwarese o mercadoA tecnologia jamais vai substituir o

músico. De certa forma, os entrevistadosconcordam com a frase. “Eu acho queisso nunca vai acontecer. Temos ótimossons de sampler, mas não é o mesmo queo músico”, opinou Marcelo Sabóia.“Sempre vai haver um mercado para osmúsicos de uma forma geral e faço estaafirmação simplesmente pelo fato de sa-

ber que o mundo não consegue sobrevi-ver sem música”, diz Zé Canuto.

O saxofonista Ângelo Torres (KleberLucas, Aline Barros) também acreditanum mercado promissor para os músicos.

“Tenho visto a cada dia surgirem váriossaxofonistas, trompetistas, trombonistas egrande parte desses músicos tem surgidodentro das igrejas com o incentivo esurgimento de orquestras e naipes de so-pro. Acho tudo isso muito positivo”, ava-lia Ângelo Torres.

Segundo Jessé Sadoc, saxofonista há19 anos, há futuro no mercado para osinstrumentistas de sopro. “Com a crisedas gravadoras e a repercussão disso no

trabalho dos artistas, o mercado de músi-ca instrumental está se desenvolvendoum pouco mais, criando espaços alterna-tivos para tocar e também tendo umaabertura dos estúdios para esse segmen-to, que não tem o orçamento de umagrande gravadora”.

Dicas de profissionalpara uma boa captação“Um erro que vejo acontecer muito

em gravações de estúdios menores é o

excesso de processamento quando secapta o som. Muitas vezes o som chegapara ser mixado supercomprimido eequalizado, e não há nada que se pos-

sa fazer para salvar. Pegue um bom mi-crofone com o melhor pré-amp queconseguir, ache o lugar onde o instru-mento soe melhor, dê o máximo de ní-vel que puder sem saturar, e, se o mú-sico e seu instrumento forem bons,você vai ter um belo som de metais. Éclaro que isso não é regra. Se vocêmesmo for mixar o disco, é seu critérioequalizar e comprimir com bom gosto;mas se for outro que vai mixar, facilite

a vida dele e não estrague o som”, ob-serva Duda Mello.

“A captação, como eu disse antes,não tem uma regra, mas o que eu possoaconselhar para não ter problemas égravar tudo sempre, até o músico pas-sando o som, porque um solo nunca éigual ao outro, e divida sempre o seu som com o músico. O som é ele”, dizMarcelo Sabóia.

“Cuidado com a equalização”, alerta

Val Martins.

Captando graves e agudosMarcelo Sabóia costuma usar para

solo dois microfones iguais com as capsu-lares num ângulo de 80º.

“Eu costumo usar microfones quetêm a curva mais aguda para instru-mentos graves e com curva mais gravepara os agudos. Isso é uma questão degosto. Gosto do naipe soando maischeio. Vai depender também do arran-jo”, ensina.

“Com a crise das gravadoras e essa repercussão notrabalho dos artistas, o mercado de música

instrumental está se desenvolvendo um pouco mais,criando espaços alternativos para tocar e uma abertura

dos estúdios para esse segmento” (Jessé Sadoc)

George Oliveira (centro)