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BIOMASSA MICROBIANA E RESPIRAÇÃO BASAL EM DOIS LATOSSOLOS TRATADOS COM LODO DE ESGOTO POR DEZESSEIS ANOS Marcela Midori Yada (1) ; Fábio Luiz Checchio Mingotte (1) ; Wanderley José de Melo (2) ; Paula Regina de Oliveira (1) ; Gabriel Peruca de Melo (3) ; Valéria Peruca de Melo (3) (1) Pós-graduandos em Agronomia, Departamento de Produção Vegetal, Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (UNESP/FCAV), via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/nº, CEP 14884-900 - Jaboticabal, SP, e- mail: [email protected]; (2) Departamento de Tecnologia, FCAV/UNESP, Via de acesso Paulo Donato Castellane, s/n, 14884–900, Jaboticabal(SP); (3) Universidade Camilo Castelo Branco. Descalvado (SP). Logo instituciona l INTRODUÇÃO O lodo de esgoto (LE), por ser rico em matéria orgânica, é uma fonte de energia para os microrganismos do solo, que obtêm matéria-prima para a alimentação e reprodução. No entanto, por ser ele fonte de elementos-traço, pode influenciar o metabolismo microbiano, dificultando a atividade de decomposição de resíduos orgânicos, mineralização e ciclagem de nutrientes (Pontes, 2002). A sensibilidade que os organismos do solo podem apresentar em relação ao meio ambiente permite que sirvam como bioindicadores de qualidade do solo. A biomassa microbiana é sensível a alterações promovidas pelas práticas de manejo e pela aplicação de poluentes. A respiração basal serve como indicador biológico das modificações ocorridas devido à adição de resíduos de plantas e animais, manejo e presença de poluentes (Brookes, 1995). O objetivo deste estudo foi avaliar a biomassa microbiana e a respiração basal de um Latossolo Vermelho eutroférrico e de um Latossolo Vermelho distrófico cultivados com milho após aplicação de diferentes doses de lodo de esgoto por dezesseis anos consecutivos. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi conduzido no ano agrícola 2012/2013 na área experimental a da Fazenda de Ensino e Pesquisa da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, localizada na UNESP, Campus de Jaboticabal – SP, (21º15’22” S, 48º15’18” W, altitude de 610 m). Os solos utilizados no experimento foram um Latossolo Vermelho eutroférrico textura argilosa (LVef), e um Latossolo Vermelho distrófico textura média (LVd) (AndrioliI & Centurion, 1999). O experimento foi inicialmente instalado no ano agrícola 1997/98 em delineamento experimental em blocos casualizados com quatro tratamentos e cinco repetições e vem sendo repetido anualmente desde então. Os tratamentos foram: T1= testemunha (sem LE, com adubação mineral; T2= 5 Mg ha -1 ; T3= 10 Mg ha -1 , T4= 20 Mg ha -1 , de LE, base seca. No décimo sexto ano de experimentação, a área recebeu aplicação de LE, proveniente da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da cidade de Monte Alto (SP). Após a incorporação do LE foi feita a semeadura do milho. Aos 60 dias após a emergência, realizou-se a amostragem do solo, na profundidade 0-0,10 m. Em seguida, foram passadas em peneira com 2 mm de abertura de malha e armazenadas em geladeira a 10 ºC até as análises. A respiração basal do solo foi determinada pelo método descrito em Alef & Nannipieri (1995). O carbono da biomassa microbiana (CBM) foi avaliado pelo método de fumigação-irradiação por microondas. Os resultados obtidos foram submetidos à análise da variância. As médias foram comparadas por meio do teste de Tukey em nível de 5%, quando o teste F foi significativo a 5 ou 1%. Os diferentes tipos de solo foram comparados por análise conjunta para os dados obtidos. RESULTADOS E DISCUSSÃO A testemunha, sem aplicação de lodo de esgoto, apresentou, numericamente, o menor teor de carbono da biomassa microbiana (CBM), porém não foi possível detectar diferenças entre os tratamentos (Figura 1). O solo Latossolo Vermelho eutroférrico (LVef) apresentou teores de carbono da biomassa microbiana superior ao solo Latossolo Vermelho distrófico (LVd). Essa diferença entre os tipos de solo estudados também aconteceu na avaliação da respiração basal do solo (Figura 2). Os tratamentos com adição de lodo de esgoto apresentaram maior respiração basal que o tratamento testemunha, embora sem diferença significativa. Isso sugere que a aplicação de LE nas doses estudadas por dezesseis anos não foi suficiente para afetar de modo significativo a BMS. De acordo com Lo et al. (1992), o material orgânico presente no LE atua na complexação de metais, reduzindo sua disponibilidade a curto prazo e, consequentemente, sua toxicidade. Ao mesmo tempo, fornece carbono e energia para os microrganismos do solo. Entretanto, o aumento na respiração sem aumento na biomassa microbiana e no quociente metabólico sugere um efeito tóxico do lodo de esgoto nas doses mais elevadas sobre a microbiota do solo. Figura 1. Carbono da biomassa microbiana em solo LVd e LVef que receberam doses de lodo de esgoto durante dezesseis anos. Barras com a mesma letra minúscula para áreas e maiúscula para tratamento não diferem entre si, pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. SS= solo seco. Figura 2. Respiração basal nos solos de LVd e LVef que receberam doses acumuladas de lodo de esgoto durante dezesseis anos. Barras com a mesma letra minúscula para áreas e maiúscula para tratamento não diferem entre si, pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. SS= solo seco. REFERÊNCIAS ALEF, K. Estimation of soil respiration. In: Alef. K., Nannipieri, P. (Eds.) Methods in soil microbiology and biochemistry. New York: Academic Press, 1995, p.464- 470. ANDRIOLI, I.; CENTURION, J.F. Levantamento detalhado dos solos da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO. 27., 1999. Anais...Brasília, Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 1999. CD-ROM. BROOKES, P.C., 1995. The use of microbial parameters in monitoring soil pollution by heavy metals. Biol. Fertil. Soil. v. 19, p. 269–279, 1995. LO, K.L.S.;YANG, W.F.; LIN, Y.C. Effects of organic matter on the specific adsorption of heavy metals by soils. Toxicological and Enviromental Chemistry, v.34, p.139-153, 1992. PONTES, W.L. Mineralização de um biossólido industrial no solo e efeito desse na biomassa e atividade microbiana. Dissertação. Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2002. 73p. CONCLUSÕES • O Latossolo Vermelho eutroférrico apresenta biomassa microbiana e respiração basal maior que o Latossolo Vermelho distrófico. • A aplicação de doses de lodo de esgoto de até 20 Mg ha -1 por dezesseis anos consecutivos não foi suficiente para afetar a biomassa microbiana e a respiração basal em Latossolo Vermelho eutroférrico e Latossolo Vermelho distrófico de forma significativa.

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BIOMASSA MICROBIANA E RESPIRAÇÃO BASAL EM DOIS LATOSSOLOS TRATADOS COM LODO DE ESGOTO POR DEZESSEIS ANOS

Marcela Midori Yada(1); Fábio Luiz Checchio Mingotte(1); Wanderley José de Melo(2); Paula Regina de Oliveira(1); Gabriel Peruca de Melo(3); Valéria Peruca de Melo(3)

(1) Pós-graduandos em Agronomia, Departamento de Produção Vegetal, Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (UNESP/FCAV), via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/nº, CEP 14884-900 - Jaboticabal, SP, e-mail: [email protected]; (2) Departamento de Tecnologia, FCAV/UNESP, Via de acesso Paulo Donato Castellane, s/n, 14884–900, Jaboticabal(SP);(3)Universidade Camilo Castelo Branco. Descalvado (SP).

Logo institucional

INTRODUÇÃO

O lodo de esgoto (LE), por ser rico em matéria orgânica, é uma fonte de energia para os microrganismos do solo, que obtêm matéria-prima para a alimentação e reprodução. No entanto, por ser ele fonte de elementos-traço, pode influenciar o metabolismo microbiano, dificultando a atividade de decomposição de resíduos orgânicos, mineralização e ciclagem de nutrientes (Pontes, 2002).

A sensibilidade que os organismos do solo podem apresentar em relação ao meio ambiente permite que sirvam como bioindicadores de qualidade do solo. A biomassa microbiana é sensível a alterações promovidas pelas práticas de manejo e pela aplicação de poluentes. A respiração basal serve como indicador biológico das modificações ocorridas devido à adição de resíduos de plantas e animais, manejo e presença de poluentes (Brookes, 1995).

O objetivo deste estudo foi avaliar a biomassa microbiana e a respiração basal de um Latossolo Vermelho eutroférrico e de um Latossolo Vermelho distrófico cultivados com milho após aplicação de diferentes doses de lodo de esgoto por dezesseis anos consecutivos.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi conduzido no ano agrícola 2012/2013 na área experimental a da Fazenda de Ensino e Pesquisa da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, localizada na UNESP, Campus de Jaboticabal – SP, (21º15’22” S, 48º15’18” W, altitude de 610 m). Os solos utilizados no experimento foram um Latossolo Vermelho eutroférrico textura argilosa (LVef), e um Latossolo Vermelho distrófico textura média (LVd) (AndrioliI & Centurion, 1999).

O experimento foi inicialmente instalado no ano agrícola 1997/98 em delineamento experimental em blocos casualizados com quatro tratamentos e cinco repetições e vem sendo repetido anualmente desde então. Os tratamentos foram: T1= testemunha (sem LE, com adubação mineral; T2= 5 Mg ha-1; T3= 10 Mg ha-1, T4= 20 Mg ha-1, de LE, base seca. No décimo sexto ano de experimentação, a área recebeu aplicação de LE, proveniente da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da cidade de Monte Alto (SP). Após a incorporação do LE foi feita a semeadura do milho.

Aos 60 dias após a emergência, realizou-se a amostragem do solo, na profundidade 0-0,10 m. Em seguida, foram passadas em peneira com 2 mm de abertura de malha e armazenadas em geladeira a 10 ºC até as análises.

A respiração basal do solo foi determinada pelo método descrito em Alef & Nannipieri (1995). O carbono da biomassa microbiana (CBM) foi avaliado pelo método de fumigação-irradiação por microondas.

Os resultados obtidos foram submetidos à análise da variância. As médias foram comparadas por meio do teste de Tukey em nível de 5%, quando o teste F foi significativo a 5 ou 1%. Os diferentes tipos de solo foram comparados por análise conjunta para os dados obtidos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A testemunha, sem aplicação de lodo de esgoto, apresentou, numericamente, o menor teor de carbono da biomassa microbiana (CBM), porém não foi possível detectar diferenças entre os tratamentos (Figura 1). O solo Latossolo Vermelho eutroférrico (LVef) apresentou teores de carbono da biomassa microbiana superior ao solo Latossolo Vermelho distrófico (LVd).Essa diferença entre os tipos de solo estudados também aconteceu na avaliação da respiração basal do solo (Figura 2). Os tratamentos com adição de lodo de esgoto apresentaram maior respiração basal que o tratamento testemunha, embora sem diferença significativa. Isso sugere que a aplicação de LE nas doses estudadas por dezesseis anos não foi suficiente para afetar de modo significativo a BMS.De acordo com Lo et al. (1992), o material orgânico presente no LE atua na complexação de metais, reduzindo sua disponibilidade a curto prazo e, consequentemente, sua toxicidade. Ao mesmo tempo, fornece carbono e energia para os microrganismos do solo. Entretanto, o aumento na respiração sem aumento na biomassa microbiana e no quociente metabólico sugere um efeito tóxico do lodo de esgoto nas doses mais elevadas sobre a microbiota do solo.

Figura 1. Carbono da biomassa microbiana em solo LVd e LVef que receberam doses de lodo de esgoto durante dezesseis anos. Barras com a mesma letra minúscula para áreas e maiúscula para tratamento não diferem entre si, pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. SS= solo seco.

Figura 2. Respiração basal nos solos de LVd e LVef que receberam doses acumuladas de lodo de esgoto durante dezesseis anos. Barras com a mesma letra minúscula para áreas e maiúscula para tratamento não diferem entre si, pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. SS= solo seco.

REFERÊNCIAS

ALEF, K. Estimation of soil respiration. In: Alef. K., Nannipieri, P. (Eds.) Methods in soil microbiology and biochemistry. New York: Academic Press, 1995, p.464-470.ANDRIOLI, I.; CENTURION, J.F. Levantamento detalhado dos solos da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO. 27., 1999. Anais...Brasília, Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 1999. CD-ROM.BROOKES, P.C., 1995. The use of microbial parameters in monitoring soil pollution by heavy metals. Biol. Fertil. Soil. v. 19, p. 269–279, 1995.LO, K.L.S.;YANG, W.F.; LIN, Y.C. Effects of organic matter on the specific adsorption of heavy metals by soils. Toxicological and Enviromental Chemistry, v.34, p.139-153, 1992. PONTES, W.L. Mineralização de um biossólido industrial no solo e efeito desse na biomassa e atividade microbiana. Dissertação. Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2002. 73p.

CONCLUSÕES • O Latossolo Vermelho eutroférrico apresenta biomassa microbiana e respiração basal maior que o Latossolo Vermelho distrófico.• A aplicação de doses de lodo de esgoto de até 20 Mg ha-1 por dezesseis anos consecutivos não foi suficiente para afetar a biomassa microbiana e a respiração basal em Latossolo Vermelho eutroférrico e Latossolo Vermelho distrófico de forma significativa.