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Considerações Sobre o Amor de Deus, por John Gill

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CONSIDERAÇÕES SOBRE

O AMOR DE DEUS John Gill

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Traduzido do original em Inglês

The Love of God Considered

By John Gill

Via: PBMinistries.org

Tradução por Camila Almeida

Revisão e Capa por William Teixeira

1ª Edição: Janeiro de 2015

Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida

Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, com a devida permissão

do ministério Providence Baptist Ministries, sob a licença Creative Commons Attribution-

NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License.

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desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que também não altere o seu conteúdo

nem o utilize para quaisquer fins comerciais.

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Considerações Sobre O Amor De Deus Por John Gill

“Ora o Senhor encaminhe os vossos corações no amor de Deus,

e na paciência de Cristo.” (2 Tessalonicenses 3:5)

Uma porção principal do propósito do apóstolo ao escrever esta epístola foi consolar algu-

mas pessoas nesta Igreja, que estavam abaladas em espírito, e atribuladas, como se o dia

de Cristo estivesse à mão. Ele assegura-lhes, assim, no segundo Capítulo, que não estava;

pois havia várias coisas que Ele faria antes disso: como a remoção do império Romano; a

grande apostasia que aconteceria nas Igrejas; e o estabelecimento do homem do pecado,

o Anticristo Papal. Ele, portanto, exorta-os à firmeza nas doutrinas do Evangelho; e deseja-

lhes muitas coisas boas. No início deste capítulo, ele deseja-lhes que orem por ele, e pelos

demais ministros do Evangelho; sugere o que é a razão pela qual ele gostaria que orar: “No

demais, irmãos, rogai por nós, para que a palavra do Senhor tenha livre curso e seja glorifi-

cada, como também o é entre vós; e para que sejamos livres de homens dissolutos e maus;

porque a fé não é de todos”. E depois, para o seu consolo, expressa a sua segurança da

preservação final deles. “Mas fiel é o Senhor, que vos confirmará, e guardará do maligno”.

E também a sua grande confiança em sua disposta e completa obediência aos manda-

mentos de Deus, dizendo: “E confiamos quanto a vós no Senhor, que não só fazeis como

fareis o que vos mandamos”. Com o intuito de que, ele eleve uma oração por eles, nas pala-

vras do texto: “Ora o Senhor encaminhe os vossos corações [...]” etc. Assim, as palavras

são uma oração do apóstolo consistindo em duas petições, a saber: que o Senhor encami-

nhe os seus corações ao amor de Deus. E, que o mesmo Senhor também encaminhe os

seus corações à paciência de Cristo. É na primeira destas que insistiremos neste momento.

Para o explicar, farei as seguintes considerações:

I. O que devemos entender por amor de Deus.

II. O que é ter o coração encaminhado a isso.

III. Quem é este Senhor, a quem se orou para que faça isso por nós. E,

IV. Qual é a grande utilidade de ter nossos corações assim encaminhados.

I. O que devemos entender por amor de Deus. Isto pode ser entendido ativa ou passiva-

mente. Ativamente, sobre o amor com que amamos a Deus. Ou, de forma passiva, sobre o

amor com que somos amados por Deus. Em outras palavras, por isso podem ser entendi-

dos, tanto o nosso amor por Deus, ou o amor de Deus por nós; e vendo que as palavras

admitirão um ou outro sentido, vou considerá-los em ambos. E por meio do amor de Deus,

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pode ser compreendido, o nosso amor a Deus; a respeito do qual, são observados os se-

guintes aspectos.

1. Que este é a soma e a substância da lei moral; pelo menos, é a parte essencial e principal

da mesma, como pode ser facilmente inferido a partir da resposta de nosso Senhor à

pergunta do doutor da lei, em Mateus 22:35, 40; a pergunta do doutor da lei é: “Mestre, qual

é o grande mandamento na lei?” A resposta de Cristo é: “Amarás o Senhor teu Deus de

todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e

grande mandamento”. Amar a Deus, ordenado sob a dispensação do Evangelho, é o mes-

mo que é ordenado pela lei de Moisés. Cristo e Moisés concordam nisto, como demonstrado

em Deuteronômio 6:4-5: “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás,

pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas

forças”. Este não é um novo mandamento do Evangelho; ele é apenas confirmado sob a

dispensação do Evangelho, e pressionado por motivos mais fortes.

2. Deixe também ser observado que todos os homens, por natureza, estão destituídos de

amor a Deus: não, não existe apenas uma falta de afeição, mas mesmo uma aversão a Ele;

sim, uma inimizade contra Ele. Pois, o pendor da carne é inimizade contra Deus. Uma parte

da característica dos pagãos (Romanos 1:30) que eram alienados de Deus e entregues às

suas próprias concupiscências, é que eles eram θεοσυγεις; o que significa, não apenas que

eles tinham ódio a Deus, mas que eles eram inimigos de Deus. Da mesma forma, no relato

que o apóstolo oferece sobre a degeneração que haverá nos últimos dias, ele diz (2 Timóteo

3:4) que os homens serão mais amigos dos deleites do que amigos de Deus. E este não é

apenas o caso das pessoas agora mencionadas, mas de toda a humanidade, mesmo dos

eleitos de Deus, enquanto em um estado natural. Pois eles, assim como outros, são inimi-

gos em suas mentes, por meio de obras ímpias. Eles vivem em um estado de rebelião, e

cometem atos de hostilidade aberta contra o Deus do céu. Eles estendem as mãos contra

Deus, e se fortalecem contra o Todo-Poderoso. Eles correm contra Ele, até mesmo em seu

pescoço, e sobre as protuberâncias de seu escudo.

3. Que seja observado ainda que o amor a Deus é uma graça implantada no coração, pelo

Espírito de Deus. Este é um dos frutos do Espírito; e é mencionado no topo deles, Gálatas

5:22: “O fruto do Espírito é: amor, etc.”. É, com as outras graças, forjado na alma na regene-

ração. Esta graça do Senhor, que vem com isso, flui para o coração do pecador na conver-

são; é superabundante, com a fé e o amor que estão em Cristo Jesus. Estas duas graças

sempre andam juntas; sendo implantadas de uma vez, ao mesmo tempo. E a fé, particular-

mente, opera pelo amor, e o amor é geralmente mais aquecido, ativo e vigoroso, primeira-

mente na conversão. De tal maneira, que o Senhor faz especial observação quando este é

deixado por nós; de acordo com Jeremias 2:2: “Lembro-me de ti, da piedade da tua moci-

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dade, e do amor do teu noivado, quando me seguias no deserto, numa terra que não se

semeava”. O que me leva a observar,

4. O fervor desse amor frequentemente diminui; embora a graça em si nunca seja perdida.

Isto ocorre com frequência a partir das abundâncias de pecado, tanto em nós mesmos e

em outros. Pois, ao se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará, de acordo com

Mateus 24:12. Muitas vezes, também surge a partir de uma busca desmedida por coisas

deste mundo. Por isso o apóstolo em 1 João 2:15, aconselha a não amar o mundo, nem as

coisas que há no mundo, pois, ele diz, se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está

nele. Isto é, há apenas pouca evidência de amor a Deus, no coração do homem, cujas afei-

ções estão colocadas nas coisas deste mundo. Essas coisas, embora não possam destruir

a graça, onde foi uma vez operada; ainda assim provocam uma grande frieza sobre ela. A

graça do amor, de fato, não pode ser perdida; mas depois, ela pode ser deixada, como foi

pela igreja em Éfeso, de quem o Senhor reclama em Apocalipse 2:4, dizendo: “Tenho,

porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor”. Ele não diz, que o tens perdido; a palavra

não significa Amittere, perder; mas Remittere, diminuir de intensidade, ou decair, no fervor

do mesmo. E isso, todo o povo de Deus, mais ou menos, mais cedo ou mais tarde, vivencia

para sua grande tristeza: especialmente no momento em que vivemos. Portanto,

5. Há uma grande necessidade de orar, com o apóstolo, para que o Senhor encaminhe os

nossos corações para este amor. Ou seja, que Ele opere em nossos corações, e estimule

o nosso amor a Deus: atice e transborde-o em uma chama. Isso Ele faz, ao nos mostrar a

vaidade de todos os prazeres terrenos; o que Deus é em Si mesmo, e que Ele é para o Seu

povo. Como Ele é digno de sua mais elevada afeição; e, mais especialmente, derramando

o amor de Deus em nossos corações; o que nada pode fazê-lo mais efetivamente. Pois,

nós O amamos, porque Ele nos amou primeiro (1 João 4:19). Uma percepção disso revigora

o nosso amor, arrebata as nossas almas, e nos compele a dizer com o salmista: “Quem

tenho eu no céu senão a ti? e na terra não há quem eu deseje além de ti” (Salmos 73:25).

Mas, eu escolho o melhor,

Por amor de Deus, aqui, para entender o amor de Deus por nós; sobre a natureza e a glória

disso, observe as seguintes elucidações.

1. Quanto à origem do mesmo, é livre e soberano, nada fora de Deus o levou a isso. Ele

não colocou o Seu amor sobre nós, devido a qualquer beleza em nós; ou por causa de qual-

quer amor em nós por Ele. Não por causa de qualquer amabilidade em nós mesmos. Pois

nós não éramos mais sábios do que outros, sendo por natureza filhos da ira. Nem por causa

de qualquer amor em nós por Ele; pois Seu amor é anterior ao nosso, como a causa em

relação ao efeito. E, de fato, Ele nos amou, antes que fizéssemos o bem ou o mal, para que

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o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme. Nenhuma outra razão pode ser dada

ao amor de Deus por Seu povo, senão a Sua própria Ευδοχια; sua Soberana boa vontade

e prazer. Nem deveria qualquer outro ser procurado, Ele os ama porque Ele quer ama-los.

E, embora, talvez, isso não seja admitido como uma razão suficiente, por vocês, homens

racionais; no entanto, isto é o que o Espírito Santo pensa ser apropriado a conceder-nos, e

devemos estar satisfeitos com isso, Deuteronômio 7:7-8: “O Senhor não tomou prazer em

vós, nem vos escolheu, porque a vossa multidão era mais do que a de todos os outros

povos, pois vós éreis menos em número do que todos os povos; Mas, porque o Senhor vos

amava”.

2. Quanto aos objetos do amor de Deus, estes são específicos e distintivos. Ele ama alguns,

e não outros. É verdade, Ele tem um amor geral, e que diz respeito a todas as Suas criatu-

ras. Ele é bom para todos, e as Suas misericórdias são sobre todas as Suas obras. Todas

elas compartilham das graças de Sua providência. Ele faz o sol brilhar sobre os maus e os

bons. Ele faz chover sobre os justos e sobre os injustos. Mas, então, Ele escolheu para Si

a Jacó, e a Israel para Seu tesouro peculiar. Por isso, Ele concede bênçãos peculiares so-

bre aqueles a quem Ele tem um amor peculiar. Davi diz, no Salmo 106:4: “Lembra-te de

mim, Senhor, segundo a tua boa vontade para com o teu povo”, mui claramente indicando

que esse era específico e distintivo; de natureza diferente daquele que Ele concedeu a

outros. Um exemplo pleno deste amor distintivo, temos em Malaquias 1:2-3: “Eu vos tenho

amado, diz o Senhor. Mas vós dizeis: Em que nos tens amado? Não era Esaú irmão de

Jacó? disse o Senhor; todavia amei a Jacó, e odiei a Esaú”. É, como eu disse antes, ne-

nhuma outra razão pode ser dada a essa distinção que Deus faz entre os perdidos filhos

de Adão, senão a Sua própria vontade soberana; que terá misericórdia de quem quer tiver

misericórdia, e será gracioso com quem for gracioso, deixem um mundo debatedor dizer o

que quiser.

3. Quanto ao seu início, é desde a eternidade. Deus amou o Seu povo com um amor eterno;

e, portanto, com bondade amorosa, Ele os atrai para Si no tempo. Muitos são os exemplos

que poderiam ser dados, em prova da antiguidade desse amor. Sua escolha deles em

Cristo, antes da fundação do mundo, foi um ato de Seu amor, pois Electio præsupponit

dilectionem. Eleição pressupõe amor. O Seu entrar em uma aliança eterna com o Seu Filho,

em consideração àqueles que Ele escolheu; o Seu estabelecer-Se como o Mediador da

Aliança, desde a eternidade; e Sua doação de graça a eles, nEle, antes que o mundo

existisse; muitas são as demonstrações de Seu antigo amor por eles. Como também, o Seu

colocar das suas pessoas nas mãos de Cristo, e assim torna-los Sua proteção e encargo.

Porque Ele amou o povo (Deuteronômio 33:5), todos os Seus santos estão em Sua mão.

Agora, pode alguma vez ser imaginado, que deveria haver uma escolha de pessoas; uma

Aliança da graça, tão bem estruturada e suprida; uma promessa de vida concedida; e

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segurança e graça dada tanto à pessoa, e ainda assim, nenhum amor em tudo isso? Não,

essas coisas provam Seu amor, e este amor não começa com o nosso; nem, de fato, com

o tempo; mas data desde a eternidade.

4. Quanto à duração deste, é para a eternidade; pois ele alcança de uma eternidade à outra.

Tendo amado os Seus, que estavam no mundo, amou-os até o fim. Ele os ama até o fim

dos tempos, e vai amá-los ao longo dos séculos sem fim por toda a eternidade; pois Ele

repousa em Seu amor em direção a eles, e disto não pode haver separação. “Porque eu

estou bem certo de que nem morte nem vida, nem os anjos, nem os principados, nem as

potestades, nem coisas presentes, nem coisas por vir, nem a altura, nem a profundidade,

nem qualquer outra criatura, nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo

Jesus nosso Senhor” (Romanos 8:38-39).

5. Quanto ao seu grau ele é incomparável. Isso se evidencia mui grandioso na conversão

de um pobre pecador. Assim, diz o apóstolo em Efésios 2:4, 5: “Mas Deus, que é riquíssimo

em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, Estando nós ainda mortos em

nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)”, “Porque ape-

nas alguém (diz o apóstolo, em Romanos 5:7-8) morrerá por um justo; pois poderá ser que

pelo bom alguém ouse morrer. Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo

morreu por nós, sendo nós ainda pecadores”. Há nessas palavras uma belíssima gradação.

O apóstolo parece aludir à distribuição do povo judeu; entre o qual havia três tipos de pes-

soas. A um tipo chamavam pessoas justas, observadores muito estritos da letra da lei; mas

não faziam mais do que somente o que eram obrigados a fazer pela lei. Havia um outro tipo

chamado, bons homens. Estes eram muito generosos e liberais com os pobres, e custea-

vam todas as despesas do serviço do templo, no que ultrapassavam as rigorosas exigên-

cias da lei. Mas, então, havia um terceiro tipo, chamado homens pecadores; a parte devas-

sa e dissoluta das pessoas, entregues às suas próprias concupiscências, e o próprio lixo

da humanidade. Agora, é como se o apóstolo dissesse, raramente por uma destas pessoas

justas, alguém morrerá, que não fará mais do que ele é exatamente obrigado a fazer; ainda

assim, porventura, por um desses homens bons, que foram tão generosos (e, consequente-

mente, tiveram a afeição das pessoas) ainda há quem ouse morrer. Mas quem morrerá por

aqueles ímpios desgraçados, devassos, e dissolutos? Ninguém; mas Deus recomendou o

Seu amor a nós; enquanto éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós. Graça incompa-

rável, inigualável!

6. Quanto à natureza e qualidade do mesmo, é inalterável. É tão invariável quanto a Sua

própria natureza; ou melhor, é a Sua natureza, pois Deus é amor (1 João 4:16). As bênçãos

de Sua graça são irreversíveis, porque elas procedem dEle, que é o Pai das luzes, em

Quem não há mudança, nem sombra de variação. Disso, também a nossa salvação não

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permanece sobre uma fundação precária, o que seria, se Seu amor por nós mudasse, como

o nosso por Ele. Mas Ele é o Senhor, que não muda; portanto, os filhos de Jacó não são

consumidos. Deus, às vezes, muda as dispensações de Suas providências em direção ao

Seu povo; mas nunca muda Seu amor. Ele às vezes Se esconde, e Ele às vezes repreende;

mas em todas às vezes, Ele ama. Quando Ele esconde o rosto de Seu povo, por um mo-

mento; Ele ainda, com benignidade eterna terá misericórdia deles. Porque os montes se

retirarão, e os outeiros serão abalados; porém a minha benignidade não se apartará de ti,

e a aliança da minha paz não mudará, diz o Senhor que se compadece de ti (Isaías 54:8,

10). O amor produz alterações na condição do povo de Deus; mas essas alterações não

produzem nenhuma mudança no amor de Deus. O amor fez uma singular alteração no

estado do apóstolo Paulo; que, de um perseguidor, blasfemo e ofensivo Saulo, foi feito, não

apenas um crente em Cristo, mas um pregador do Evangelho eterno. Mas esta maravilhosa

mudança nele, não produziu nenhuma mudança em Deus, nem em Seu amor. Mas se as

coisas são assim, você dirá: "Então, Deus ama o Seu povo com o mesmo amor, antes da

conversão, como depois”. E onde está a grande mágoa ao dizer isso? De uma vez, eu

afirmarei: Ele o faz; e algumas poucas considerações levarão ao reconhecimento disso. Va-

mos considerar um pouco, as instâncias do amor de Deus, antes e depois da conversão, e

compará-las juntos; a partir do que nós podemos ser capazes de concluir largamente. Eu

poderia tomar conhecimento do amor de Deus na escolha deles em Cristo; em fazer uma

aliança de graça com Ele, por causa deles; e em colocar tanto as Suas pessoas e Sua

graça em Suas mãos, que são todas grandes instâncias de amor, antes da conversão. Mas

eu apenas observarei a você três grandes dons do amor de Deus ao Seu povo antes da

conversão; que, eu penso, nunca podem ser igualados por qualquer instância após a con-

versão. E são estes,

1. O dom de Deus de Si mesmo para eles; pois Deus, em Sua aliança eterna (e isso muito

antes da conversão) fez para Si mesmo o Seu povo. A posse do qual é executado assim:

Eu serei o seu Deus e eles serão o Meu povo.

2. O grande dom de Seu Filho para eles, e por eles; no que Ele mostrou a suprema grande-

za do Seu amor por eles. Nisto consiste o amor, diz o apóstolo, não em que nós tenhamos

amado a Deus; (tão longe disso, éramos inimigos dEle, pois foi quando ainda éramos peca-

dores, que Cristo morreu por nós), mas em que Ele nos amou, e enviou o Seu Filho como

propiciação pelos nossos pecados (1 João 4:10, 3:16; Romanos 5:6, 8, 10).

3. O grande dom do Espírito, que é enviado para os corações do povo de Deus, antes da

conversão, a fim de efetuar a grande obra; ou seja, convencer do pecado, da justiça e do

juízo. E agora, depois de ter observado essas coisas, eu estou pronto para perguntar: Pode

ser produzido qualquer exemplo maior do amor de Deus por Seu povo, após a conversão?

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Se a própria glória celeste for mencionada, com todas as alegrias daquele estado deleitoso;

nego-a ser um maior exemplo do amor de Deus do que o dom de Si mesmo, ou do Seu

Filho, do Seu Espírito. E, de fato, tudo o que Deus faz no tempo, ou fará na eternidade, é

somente contar ao Seu povo, o quanto Ele os amou desde a eternidade; tudo é apenas,

como foi, por assim dizer, um comentário sobre esta antiguidade de Seu amor. Se, então,

não há maior exemplo de amor que possa ser produzido, após a conversão, do que foi

antes, não precisamos ter medo, nem vergonha de dizer que Deus ama o Seu povo com o

mesmo amor antes da conversão, como Ele o faz após.

Essa doutrina, eu sou razoável, não é facilmente digerida; e, portanto, muitas distinções

são formadas, a fim de colocá-la de lado. Alguns distinguem o amor de Deus em antece-

dente e consequente; uma distinção sem qualquer fundamento na Palavra de Deus; e é, de

fato, por si só, um mero jargão de palavras, que não transmite ideias apropriadas do amor

de Deus; senão tais que são depreciativas à glória de Seu ser e perfeições, e servem ape-

nas para introduzir confusão e angústia na mente dos homens.

Há outra distinção do amor de Deus, o que eu tenho observado praticamente assegurada

entre as pessoas, embora tão sem fundamento quanto antiga. É isso: Deus ama o Seu

povo antes da conversão, com um amor benevolente ou de boa vontade. Ele deseja-lhes

bem; mas Ele não os ama com uma ativa complacência, até após a conversão. Mas pura-

mente o Senhor Jesus Cristo amou o Seu povo, com um mínimo de tolerância, antes da

conversão; pois, diz-se, desde o início, ou sempre que a terra existiu, Suas delícias eram

os filhos dos homens (Provérbios 8:23-31). A palavra hebraica traduzida por delícias, não

está apenas no plural, mas suas letras radicais estão dobradas; o que, de acordo com o

uso dessa língua, sempre aumenta o significado da palavra: de modo que é expressiva da

excedente grandeza do deleite e complacência de Cristo, que Ele tinha em Seu povo. Não,

Ele parece ter tido um prazer nas s visões antecipadas dos próprios lugares aonde sabia

que Seus eleitos habitariam, pois é dito que Ele regozijava-se nas partes habitáveis de Sua

terra. E agora, por que Deus o Pai não os amaria com o mesmo amor que Filho amou, eu

não posso perceber. O amor de Deus é sempre o mesmo, como a Sua natureza e essência

o são. Isso, de fato, aparece mais em alguns atos de Deus do que em outros e é mais clara-

mente manifesto em um momento do que em outro, mas, por si só, é sempre o mesmo.

Toda a diferença entre o amor de Deus, antes e depois da conversão, está na manifestação

do mesmo. Ele manifesta-se na, e após a conversão; e isto às vezes mais outras vezes

menos; apenas não foi de todo manifestado anteriormente. Porém, a mudança ocorre em

nós, e não no amor de Deus.

Mas, se esta doutrina for verdade, você dirá: Deus deve amar o Seu povo em seus pecados.

Bem, e onde está a mágoa ao dizer que Ele o faz? Teria sido miserável, para todos os

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intentos e propósitos, a você e a mim, se Ele não o fizesse assim. Quando Ele nos viu

chafurdar no nosso sangue, com toda a impureza da nossa natureza, com os nossos

inúmeros pecados e transgressões presentes em nós; não fosse então o Seu tempo, sido

um tempo de amor, se Ele não colocasse a Sua capa sobre nós, e manifestasse a Sua

graça pactual a nós, nunca seríamos Seus. Talvez possa ser respondido, de acordo com

esta noção, que Deus tem prazer nos pecados de Seu povo, mas onde está a razão para

assim concluir? O quê, não pode ser feita qualquer distinção entre o deleite de Deus nas

pessoas dos Seus eleitos, e deleite em seus pecados? A distinção é permitida após a

conversão; que Deus ama as pessoas de Seu povo, embora Ele odeie seus pecados. E por

que não pode a mesma distinção ser permitida antes, como após a conversão? Sabemos

que Deus é tão puro de olhos que não pode contemplar o mal, ou olhar para a iniquidade;

Ele não tem prazer no pecado, nem com Ele habitará o mal, mas odeia todos os que

praticam a iniquidade. Abominamos e detestamos todas as noções contrárias; ainda assim,

acredito firmemente na imutabilidade do amor de Deus por Seu povo. Alguém pode per-

guntar: como é possível que uma pessoa seja um filho da ira, e um objeto de amor, ao mes-

mo tempo? Pois, os eleitos de Deus são por natureza filhos da ira, como os outros; como,

então, ao mesmo tempo, eles podem ser os objetos de amor? Eu respondo: como Jesus

Cristo foi o objeto de amor e da ira de Seu pai, ao mesmo tempo? Ora, era como se Ele

carregasse duas características diferentes, e estivesse em duas relações diferentes com

Seu Pai, a saber; por um lado como um filho, e isto com certeza. Como Ele era o Filho de

Deus, Ele sempre foi o objeto de Seu amor e júbilo; mas por outro lado Ele era o fiador dos

pecadores, Ele era o objeto de Sua ira e descontentamento. Por isso, é dito: Mas tu rejei-

taste e aborreceste; tu te indignaste contra o teu ungido (Salmos 89:38), contra o Teu

Messias, ou Cristo. Mas, ainda assim, mesmo quando Ele derramou a Sua ira sobre Ele até

ao fim, por causa dos pecados de Seu povo; quando Ele ordenou que a justiça desembai-

nhasse a espada e O ferisse, o Seu amor por Ele não foi no mínimo diminuído. Assim,

também os eleitos de Deus, considerados em diferentes pontos de vista, podem ser verda-

deiramente ditos serem filhos da ira, e ainda objetos de amor, a um só e ao mesmo tempo.

Considerados em Adão, e sob um pacto de obras, eram filhos da ira, expostos às maldições

da justa lei de Deus, e passíveis da ira de Deus. Mas, enquanto considerados em Cristo, e

sob o pacto da graça, sempre foram, e sempre serão, os objetos do amor de Deus.

Nem tem essa doutrina qualquer tendência para incentivar a licenciosidade; ou para desen-

corajar a realização de boas obras; ou prejudicar a verdadeira humilhação pelo pecado;

mas ao contrário, a consideração dela, que Deus me amava, antes que eu O amasse; ou

melhor, quando eu era um inimigo dEle; que Seus pensamentos estavam operando a minha

salvação, quando eu não pensava nEle, ou preocupava-me comigo mesmo; coloca-me sob

dez mil vezes maiores obrigações de servir, temer e glorificá-lO, do que uma suposição de

que Ele começou a me amar, quando eu comecei a amá-lO, ou porque eu fiz isso, Ele pôde

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possivelmente amar. Isso pode ser uma resposta completa para aqueles que perguntam

onde está a utilidade desta doutrina?

7. Se nós investigarmos a excelência do amor de Deus, isto é preferível a todos os prazeres

da criatura; a Tua benignidade é melhor do que a vida. E se assim for, deve ser melhor do

que todos os confortos e prazeres da vida. Os fluxos deste rio do amor de Deus alegram a

cidade de Deus. Uma percepção disto faz o crente alegre em todas as suas provações, e

fixa sua confiança em Deus. “Quão preciosa é, ó Deus, a tua benignidade, pelo que os

filhos dos homens se abrigam à sombra das tuas asas” (Salmos 36:7). Mas eu prossigo,

II. Para investigar o que isto, a saber, ter os nossos corações encaminhados para este

Amor.

1. Ter os nossos corações encaminhados no amor de Deus, é sermos conduzidos a Ele,

por assim dizer, por uma linha reta; pois assim, a palavra κατευθύ ναι, aqui utilizada, propria-

mente significa. Agora, esta é a obra do Espírito de Deus, conduzir as almas para o amor

de Deus, diretamente, ao mesmo tempo, em uma linha reta; e não em um círculo sobre a

maneira como algumas pessoas são levadas, sendo dirigidas por falsos guias; que lhes

dizem que eles devem passar pelo vale da humilhação, e subir o morro da obediência, an-

tes que possam entrar no amor de Deus. Mas o Espírito de Deus leva a alma diretamente

a Ele, independente de toda a sua obediência e humilhação pelo pecado; tal amor, quando

direcionado interiormente, estabelecerá as pessoas no caminho da obediência, e as

colocará em humilhação pelo pecado, de outra maneira e forma.

2. Ter os nossos corações encaminhados no amor de Deus, significa sermos conduzidos

até Ele, mais e mais; de modo que sejamos capazes de compreender com todos os santos,

qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade dela. Esta obra é progressiva,

e pode muito bem ser representada pelas águas de Ezequiel; que foram primeiro até os

artelhos, depois até os joelhos, e depois para os lombos; mas depois disso, elas eram águas

que se deviam passar a nado, rio pelo qual não se podia passar (Ezequiel 47:3-5).

3. Ter os nossos corações encaminhados no amor de Deus, significa sermos levados a Ele,

de modo a conhecer o nosso próprio interesse especial nele. Assim, o apóstolo Paulo sabia

que Deus o amava em particular, e estava convencido de que nada seria capaz de separá-

lo dele, como diz Romanos 8:38-39.

4. Ter os nossos corações encaminhados no amor de Deus, é por assim, sermos levados

a Ele a ponto de termos os nossos corações afetados e influenciados por ele. Um homem

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pode ter noções do amor de Deus em sua cabeça, que nunca sentiu o poder disso sobre o

seu coração, e eu tenho medo que algumas pessoas são mais solícitas a ter a cabeça cheia

de ideias sobre o assunto, do que ter seus corações e vidas influenciados por ele. Mas o

nosso apóstolo não ora para que o Senhor encaminhe suas cabeças, mas os seus cora-

ções, ao amor de Deus. Eu agora avanço,

III. Para considerar o que se quer dizer com [a palavra] Senhor aqui; a quem se orou para

fazer isso pelos santos. A palavra κύιος, aqui utilizada, é comumente, no Novo Testamento,

aplicada a Jesus Cristo; embora o Espírito Santo seja também por vezes assim indicado,

como em 2 Coríntios 3:17: “Ora, o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí

há liberdade”. E, eu sou da opinião, que pelo Senhor, em nosso texto, devemos entender o

Espírito Santo; pois Ele é mui manifestamente distinto de Deus o Pai, em cujo amor, e de

Jesus Cristo, em cuja paciência anelada, os corações dos santos devem ser encaminhados.

Assim, temos aqui uma prova da doutrina da Trindade de Pessoas. Além disso, somos

capacitados, a partir disso, com mais argumentos do que um, em favor da Divindade do

Espírito Santo; que não apenas é chamado de Senhor, o que é expressivo do domínio; mas

também é dito encaminhar o coração; o que somente Deus pode fazer. Pois, o coração do

rei, assim como o de todos os homens, está na mão do SENHOR, que o inclina a todo o

seu querer (Provérbios 21:1) e, especialmente, Ele deve ser Deus, pois, pode encaminhar

o coração no amor de Deus; que é uma das coisas mais profundas de Deus, que apenas o

Espírito de Deus pode perscrutar, e revelar para nós. Além disso, a oração é aqui dirigida

a Ele; o que é tão considerável parte do culto Divino, que às vezes é considerado por todo

ele, como em Romanos 10:13 e, portanto, nunca poderia ser oferecido ao Espírito, se Ele

não fosse verdadeiramente Deus. Agora, é obra do Espírito encaminhar as almas no amor

de Deus. Ele não apenas toma as coisas de Cristo (Sua pessoa, sangue e justiça) e as

revela para nós, e nosso interesse por elas; mas Ele também toma as coisas do Pai, e,

particularmente, o Seu amor, Ele derrama em nossos corações, e encaminha os nossos

corações para Ele; e, ao fazê-lo, age como um Consolador para nós. Agora,

IV. Investigarei a utilidade de ter os nossos corações direcionados ao amor de Deus.

1. Isso é muito útil para aumentar o nosso amor a Deus. Nunca o amor a Deus, a Cristo, ao

seu Evangelho, às pessoas, aos Seus caminhos e ordenanças, foi mais frio do que é agora.

Há grande necessidade de mantê-lo vivo e aumentado; e nada pode mais efetivamente

fazê-lo, do que isso: ter nossos corações encaminhados no amor de Deus. Foi este que,

sendo derramado em nossos corações, produziu pela primeira vez o nosso amor a Deus;

e somente ele pode animá-lo e estimulá-lo, depois de ter se tornado frio. Conforme a per-

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cepção que temos do amor de Deus por nós, é que o nosso amor para Ele se eleva. Os

seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou; mas aquele a quem pouco é

perdoado pouco ama (Lucas 7:47).

2. Isso é muito útil para promover a amor ao próximo. Atualmente há uma decadência muito

visível do amor fraternal entre os santos; o que se manifesta a partir dessas discórdias,

divisões, contendas e maledicências que em todos os lugares abundam nas igrejas. Agora,

nada é mais provável para recuperar o nosso amor de uns para com os outros, do que ter

nossos corações encaminhados no amor de Deus. Os santos primitivos, tendo uma grande

efusão do Espírito sobre eles, e um grande senso do amor de Deus por eles, eram cheios

de afeição uns aos outros. De tal maneira, que não havia necessidade de ser estimulados;

pois eles foram ensinados por Deus a amar uns aos outros. Não, mesmo no tempo de

Tertuliano, tão forte e veemente era o seu amor um pelo outro, que os próprios pagãos não

podiam deixar de tomar conhecimento disso, enquanto caminhavam pelas ruas, e diziam:

Vide, ut se invicem diligant. Veja, como eles se amam! Não há maior incentivo para esse

dever do que o amor de Deus e de Cristo. Por isso, o apóstolo João, após ter discursado

sobre o amor de Deus ao enviar o seu Filho para morrer pelos pecadores, assim argumenta:

“Amados, se Deus assim nos amou, também nós devemos amar uns aos outros” [1 João

4:11]; bem sabendo que nada poderia mais veementemente provocá-lo.

3. Isso é muito útil para ampliar a nossa obediência a Deus. E, de fato, parece ser com este

objetivo que o apóstolo coloca esta petição aqui. No versículo anterior ele expressa sua

confiança naqueles Tessalonicenses, que tanto fizeram, e fariam, as coisas que foram orde-

nadas a eles, e, a respeito disso, ora para que o Senhor encaminhe o coração deles no

amor de Deus; sabendo que nada mais dilataria os seus corações a seguir com alegria nos

caminhos dos mandamentos de Deus. Assim, isto constrange as almas a viverem para a

glória de Deus; e faz com que até mesmo aqueles que estavam vagarosos no cuidado, se-

jam fervorosos no espírito, servindo ao Senhor. Nunca houve mais necessidade de ter

nossos os nossos corações encaminhados no amor de Deus do que agora; quando há uma

tal negligência do dever entre os professos; não apenas em seus quartos e famílias, mas

também na igreja de Deus.

4. Isso é muito útil para nos habilitar a lamentar corretamente pelo pecado. Temos grande

motivo para nos humilharmos diante de Deus, e para lamentar tanto pelos nossos próprios

pecados e pelos pecados dos outros. Mas nós nunca nos lamentamos mais, nem melhor,

do que quando impressionados com um senso do amor de Deus. É isso que lança nossa

humilhação pelo pecado em uma via adequada. Nossa tristeza por isso nunca se eleva;

nem somos envergonhados por ele, e o ódio por ele cresce, mais do que quando somos

feitos sensíveis ao pacificador amor de Deus por nós. Veja Ezequiel 16:61-63. Foi um olhar

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amoroso de Cristo, que levou Pedro a sair e chorar amargamente, depois de tão vergonho-

samente negar o seu Senhor; e foi uma revelação do amor de Cristo para a pobre mulher,

que produziu aquelas torrentes de lágrimas dos olhos, com as quais ela lavou os pés de

Cristo, e os enxugou com os cabelos de sua cabeça.

5. Isso é muito útil por habilitar-nos a carregar a cruz de Cristo com alegria; e, talvez, esta

pode ser a razão pela qual esta outra cláusula é adicionada: e na paciência de Cristo. Isso

pode intencionar, seja uma paciente espera pelo segundo Advento de Cristo, e é o que a

nossa versão parece considerar; ou um paciente carregar a cruz por amor de Cristo. As

palavras no original admitirão ambos os sentidos. É o dever dos santos o suportar todas as

injúrias e provações, pacientemente, por causa de Cristo; e isso, em imitação dAquele que

lhes deixou um exemplo. E eles têm grande necessidade de considerá-lO, que suportou

tamanha oposição dos pecadores contra Si mesmo; para que eles não desfaleçam, e nem

enfraqueçam em seus espíritos. E não apenas uma consideração da Pessoa de Cristo, mas

um sentimento do amor de Deus é muito necessário para apoiá-los em dispensações adver-

sas da providência; para que quando eles a tenham, gloriem-se nas tribulações, sabendo

que esta opera a paciência, e a paciência a experiência, e a experiência a esperança, e a

esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos

corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Romanos 5:5). Por isso o apóstolo talvez

cogitou orar, para que os seus corações fossem encaminhados no amor de Deus, a fim de

que eles pudessem suportar com paciência todas as coisas por amor de Cristo. Assim,

tendo considerado a natureza do amor de Deus, e lhes demonstrado o que é ser encami-

nhado nele, concluirei tudo com aquelas calorosas petições do apóstolo nos dois últimos

versículos do capítulo anterior... “E o próprio nosso Senhor Jesus Cristo e nosso Deus e

Pai, que nos amou, e em graça nos deu uma eterna consolação e boa esperança, console

os vossos corações, e vos confirme em toda a boa palavra e obra”.

ORE PARA QUE O ESPÍRITO SANTO use este sermão para trazer muitos

Ao conhecimento salvador de JESUS CRISTO.

Sola Scriptura!

Sola Gratia!

Sola Fide!

Solus Christus!

Soli Deo Gloria!

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10 Sermões — R. M. M’Cheyne

Adoração — A. W. Pink

Agonia de Cristo — J. Edwards

Batismo, O — John Gill

Batismo de Crentes por Imersão, Um Distintivo

Neotestamentário e Batista — William R. Downing

Bênçãos do Pacto — C. H. Spurgeon

Biografia de A. W. Pink, Uma — Erroll Hulse

Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a

Doutrina da Eleição

Cessacionismo, Provando que os Dons Carismáticos

Cessaram — Peter Masters

Como Saber se Sou um Eleito? ou A Percepção da

Eleição — A. W. Pink

Como Ser Uma Mulher de Deus? — Paul Washer

Como Toda a Doutrina da Predestinação é corrompida

pelos Arminianos — J. Owen

Confissão de Fé Batista de 1689

Conversão — John Gill

Cristo É Tudo Em Todos — Jeremiah Burroughs

Cristo, Totalmente Desejável — John Flavel

Defesa do Calvinismo, Uma — C. H. Spurgeon

Deus Salva Quem Ele Quer! — J. Edwards

Discipulado no T empo dos Puritanos, O — W. Bevins

Doutrina da Eleição, A — A. W. Pink

Eleição & Vocação — R. M. M’Cheyne

Eleição Particular — C. H. Spurgeon

Especial Origem da Instituição da Igreja Evangélica, A —

J. Owen

Evangelismo Moderno — A. W. Pink

Excelência de Cristo, A — J. Edwards

Gloriosa Predestinação, A — C. H. Spurgeon

Guia Para a Oração Fervorosa, Um — A. W. Pink

Igrejas do Novo Testamento — A. W. Pink

In Memoriam, a Canção dos Suspiros — Susannah

Spurgeon

Incomparável Excelência e Santidade de Deus, A —

Jeremiah Burroughs

Infinita Sabedoria de Deus Demonstrada na Salvação

dos Pecadores, A — A. W. Pink

Jesus! – C. H. Spurgeon

Justificação, Propiciação e Declaração — C. H. Spurgeon

Livre Graça, A — C. H. Spurgeon

Marcas de Uma Verdadeira Conversão — G. Whitefield

Mito do Livre-Arbítrio, O — Walter J. Chantry

Natureza da Igreja Evangélica, A — John Gill

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Natureza e a Necessidade da Nova Criatura, Sobre a —

John Flavel

Necessário Vos é Nascer de Novo — Thomas Boston

Necessidade de Decidir-se Pela Verdade, A — C. H.

Spurgeon

Objeções à Soberania de Deus Respondidas — A. W.

Pink

Oração — Thomas Watson

Pacto da Graça, O — Mike Renihan

Paixão de Cristo, A — Thomas Adams

Pecadores nas Mãos de Um Deus Irado — J. Edwards

Pecaminosidade do Homem em Seu Estado Natural —

Thomas Boston

Plenitude do Mediador, A — John Gill

Porção do Ímpios, A — J. Edwards

Pregação Chocante — Paul Washer

Prerrogativa Real, A — C. H. Spurgeon

Queda, a Depravação Total do Homem em seu Estado

Natural..., A, Edição Comemorativa de Nº 200

Quem Deve Ser Batizado? — C. H. Spurgeon

Quem São Os Eleitos? — C. H. Spurgeon

Reformação Pessoal & na Oração Secreta — R. M.

M'Cheyne

Regeneração ou Decisionismo? — Paul Washer

Salvação Pertence Ao Senhor, A — C. H. Spurgeon

Sangue, O — C. H. Spurgeon

Semper Idem — Thomas Adams

Sermões de Páscoa — Adams, Pink, Spurgeon, Gill,

Owen e Charnock

Sermões Graciosos (15 Sermões sobre a Graça de

Deus) — C. H. Spurgeon

Soberania da Deus na Salvação dos Homens, A — J.

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Sobre a Nossa Conversão a Deus e Como Essa Doutrina

é Totalmente Corrompida Pelos Arminianos — J. Owen

Somente as Igrejas Congregacionais se Adequam aos

Propósitos de Cristo na Instituição de Sua Igreja — J.

Owen

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Teologia Pactual e Dispensacionalismo — William R.

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Tratado Sobre a Oração, Um — John Bunyan

Tratado Sobre o Amor de Deus, Um — Bernardo de

Claraval

Um Cordão de Pérolas Soltas, Uma Jornada Teológica

no Batismo de Crentes — Fred Malone

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Ao conhecimento salvador de JESUS CRISTO.

Sola Scriptura!

Sola Gratia!

Sola Fide!

Solus Christus!

Soli Deo Gloria

2 Coríntios 4

1 Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;

2 Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem

falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,

na presença de Deus, pela manifestação da verdade. 3 Mas, se ainda o nosso evangelho está

encoberto, para os que se perdem está encoberto. 4 Nos quais o deus deste século cegou os

entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória

de Cristo, que é a imagem de Deus. 5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo

Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. 6 Porque Deus,

que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,

para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. 7 Temos, porém,

este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. 8 Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.

9 Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;

10 Trazendo sempre

por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus

se manifeste também nos nossos corpos; 11

E assim nós, que vivemos, estamos sempre

entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na

nossa carne mortal. 12

De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 13

E temos

portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,

por isso também falamos. 14

Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará

também por Jesus, e nos apresentará convosco. 15

Porque tudo isto é por amor de vós, para

que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de

Deus. 16

Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o

interior, contudo, se renova de dia em dia. 17

Porque a nossa leve e momentânea tribulação

produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18

Não atentando nós nas coisas

que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se

não veem são eternas.