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    EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARACVEL DA COMARCA DE GUARAPUAVA-PR.

    ....., pessoa jurdica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob n. ...., com sede Rua ......, Municpio de Guarapuava-Pr, com filial em Curitiba-Pr, Rua ......, atravs

    de seu procurador judicial infra-assinado (instrumento de mandato em anexo),advogados regularmente inscritos na OAB/PR, com escritrio profissional na sede daRequerida, no endereo acima indicado, onde recebe intimaese notificaes, vemrespeitosamente presena de Vossa Excelncia, apresentar sua

    CONTESTAO AO DE INDENIZAO POR DANOS MATERIAIS EMORAIS DECORRENTES DE ACIDENTE DO TRABALHO

    , autuada sob o n ...../99, em trmite por esse r. Juzo, em que so Autoras ....... e .......,

    ambas j qualificadas nos autos, consubstanciando-se nos seguintes fatos efundamentos:

    I - SNTESE DA INICIAL

    As Autoras buscam a tutela jurisdicional, pleiteando indenizao decorrente deacidente do trabalho ocorrido com o pai e companheiro das mesmas, cumulada com

    perdas e danos - tomando por base o rendimento mensal da vtima - e, ainda,indenizao por danos morais.

    Alegam, em sntese, que a vtima, Sr. Nelson Soares da Silva, exercia a funo deauxiliar de servios gerais para a Requerida, com salrio mdio mensal de R$885,00,tendo falecido em decorrncia de acidente do trabalho, em funo de traumatismocraniano enceflico, ocorrido no dia 07 de maio de 1999, por volta das 4h00min.

    A vtima teria sido puxada pelas roupas para junto do eixo das polias do moinhode trigo, no quinto andar de instalao dos equipamentos, no momento em que fazialimpeza no local, tendo aproximado-se das partes mveis das mquinas usando uma

    blusa amarrada na cintura, razo pela qual aponta a culpa da Requerida em face daomisso e negligncia, em decorrncia de falta de proteo dos equipamentos, com a

    autorizao de limpeza sem que o moinho fosse desligado, colocando em risco aspessoas que ali trabalhavam, observando, tambm, que o caso de culpa "in vigilando",pelo fato de a empresa deixar de fiscalizar e exigir o uso correto do vesturio.

    Que em decorrncia do acidente, as Requerentes tiveram reduzida a expectativade melhora do poder aquisitivo, alm de estarem privadas dos recursos do labor davtima, que devero ser supridos pela Requerida, desde a data do acidente at a data emque completaria 65 anos de idade, somados ao dano moral sofrido em decorrncia daausncia do cabea do casal, responsvel pela manuteno material e moral da famlia.

    Porm, como se verificar no transcorrer da presente lide, a pretenso deduzida

    na pea vestibular se apresentar insubsistente, gerando a improcedncia da ao.

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    II - DO FATO DO ACIDENTE DA CULPA EXCLUSIVA DA VTIMA INEXISTNCIA DO DEVER DE INDENIZAR ONUS PROBANDI.

    As Autoras utilizaram peas do inqurito policial para embasar a pretensodeduzida na inicial, desvirtuando a realidade de fatos, procurando dar a interpretao da

    forma que melhor lhes convm, objetivando o xito desta lide.

    Pretendem demonstrar que o local de trabalho extremamente perigoso, fato queno condiz com a realidade. A prova de que o local no perigoso se revela pelainexistncia de acidente no local, nos DEZ (10) ANOS de funcionamento domoinho, conforme comprova a declarao do Sr. Alberto Skieviczenn no inqurito

    policial (fls. 23 dos autos). Evidentemente que a Requerida no tem a pretenso deafirmar inexistncia de risco, inerente a toda atividade laboratcia.

    Ao ingressar na empresa o Sr. Nelson Soares da Silva passou pelo processo de"integrao" (que acontece com todo novo empregado contratado), ocasio em que

    participou de aulas para tomar conhecimento de todas as normas e procedimentos aserem seguidos no moinho, principalmente no tocante segurana no trabalho;aprendeu sobre os riscos dos equipamentos e mquinas, modos de execuo de tarefas enecessidade de utilizao dos equipamentos de proteo individual constantemente(docs. 12/13).

    Alm da "integrao", quinzenalmente eram realizadas reunies de trabalho,objetivando principalmente a segurana no trabalho, onde os prprios empregados eramouvidos e indagados para dar sugestes, orientaes e opinies sobre como melhorar aqualidade de vida e a segurana no ambiente de trabalho.

    O Sr. Nelson assimilou prontamente as orientaes com relao ao quesitosegurana, tanto que em muitas ocasies transmitiu seus conhecimentos e orientaesaos seus colegas de trabalho, fazendo alerta sobre riscos de acidentes e sobre utilizaode EPIs (Equipamentos de Proteo Individual). Trabalhava, ele, no andar trreo domoinho, tendo como funo principal o ensaque de farinha. No entanto, no dia 7/5/99,

    por volta das 4:00 horas da manh, dirigiu-se, juntamente com o Sr. Joo Maria dosSantos, ao quinto andar do moinho, para auxiliar na varredura do piso do local.

    Para maior segurana dos trabalhadores, foi adquirido um compressor de ar parafazer a limpeza prxima s partes mveis dos equipamentos, utilizando-se vassouras

    apenas para as reas livres de equipamentos. As tarefas de limpeza eram executadas pordois funcionrios a cada dia, com revezamento entre os funcionrios, conforme escala,sendo que todos tinham conhecimento e experincia neste trabalho.

    No dia do acidente, conforme depoimentos de testemunhas, o Sr. Nelson, aochegar ao quinto andar, em atitude particular e de extrema imprudncia, tirou a japonaque estava usando e amarrou-a na cintura, contrariando as orientaes da empregadorade no utilizar objetos pendurados ao corpo. Ainda em atitude imprudente, aproximou-se de modo indevido s partes mveis das mquinas, permitindo ter a ponta da japonaenroscada no eixo, puxando-o de encontro ao mesmo eixo, ficando atado, dandoalgumas voltas em 360 graus batendo a cabea contra o piso, at ter a roupa

    completamente rasgada, ficando cado no mesmo local, sob o maquinrio.

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    Conforme informao dos prprios funcionrios do moinho, colhida na ata dereunio realizada aps o acidente (cpia anexa), o uso de mangueira de ar comprimidona limpeza foi uma recomendao "para evitar que os funcionrios tenham que colocara vassoura ou o corpo prximo das correias, polias e do eixo, pois passando o ar os

    resduos da farinha so retirados da rea de risco e depois so varridos" (O

    compressor comeou a ser utilizado cerca de seis meses antes do evento fatdico, pois,at ento, eram utilizadas vassouras sob as mquinas, apresentando maior risco deacidente).

    Na mesmo reunio, ficou esclarecido pelos funcionrios, que o Sr. Nilson"sempre deixava a japona no trreo", seguindo as orientaes de segurana no trabalho.

    Embora tivesse pleno conhecimento da forma de executar o trabalho e dos riscosexistentes, a prpria vtima, tomou atitudes isoladas e de extrema imprudncia, queculminaram com o evento danoso, consubstanciando nos seguintes atos: a) retirou a

    japona e amarrou-a na cintura, permitindo que partes ficassem penduradas ao corpo; b)

    aproximou-se demasiadamente e indevidamente da parte mvel da mquina.

    O acidente fatal jamais teria ocorrido se estivessem ausentes um dos dois fatoresde risco infringidos pela vtima. Ademais, o acidente no ocorreu exclusivamente pelavtima estar prxima do equipamento, mas sim, pela atitude imprpria de amarrar a

    japona cintura.

    Se no fosse colhido pela japona, o muito que poderia lhe ocorrer seria umaluxao por encostar no eixo ou nas polias, com pequena gravidade.

    Contrariamente ao que querem incutir as Autoras, o acidente ocorreu por culpaexclusiva da vtima, posto que todos os procedimentos de segurana foramrigorosamente observados pela Requerida. Ademais, o servio potencialmente isentode perigo se realizado com observncia das regras de segurana adotadas pela Empresa,sendo que, somente a conduta imprudente da vtima explica a ocorrncia do acidente.

    Ademais, cumpre observar que os funcionrios realizavam o servio de limpezado piso e no dos maquinrios.

    No presente caso, de se ressaltar que, para a limpeza do piso, o trabalhador notem contato com qualquer parte da mquina, bastando que, sem chegar muito prximo,

    direcione o jato de ar comprimido ao piso, para que os resduos se desloquem para outrolocal livre. A vtima, por sua vez, inobstante ter pleno conhecimento do funcionamentoda mquina e mtodos de trabalho, por ocasio do acidente deixou de observar as regrasmnimas de segurana. Portanto, o acidente no ocorreu por estar a mquina em mauestado de conservao ou por falhas de proteo como querem incutir as Autoras, maissim, por imprudncia e negligncia exclusivas da prpria vtima.

    A pretenso indenizatria em caso de acidente de trabalho lastreia-se no artigo 7,inciso XXVIII, da Constituio Federal e devida quando o empregador incorrer emDOLO ou CULPA. Vale dizer que necessria prova inequvoca do dolo ou da culpado empregador. Na hiptese em apreo, como ficou demonstrado, o acidente ocorreu

    por culpa exclusiva da vtima, circunstncia impediente da indenizatria pleiteada.

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    Sobre a matria merece ser lembrada a precisa lio proferida por Carlos RobertoGonalves:

    "Quando o evento danoso acontece por culpa exclusiva da vtimadesaparece a responsabilidade do agente. Nesse caso, deixa de existir

    a relao de causa e efeito entre o seu ato e o prejuzo experimentado

    pela vtima. Pode-se afirmar que, no caso de culpa exclusiva da vtimao causador do dano mero instrumento do acidente. No h liame decausalidade entre o seu ato e o prejuzo da vtima." (ResponsabilidadeCivil, Editora Saraiva, 1995, pg. 505). ( grifamos).

    No mesmo sentido o entendimento do ilustre Rui Stoco, na obra"Responsabilidade Civil e sua Interpretao Jurisprudencial":

    "Embora a lei civil no faa qualquer meno `a culpa da vtimacomo causa excludente da responsabilidade civil, a doutrina e otrabalho pretoriano construiu a hiptese, pois como se dizia no

    direito romano "Quo quis ex culpa damnum sentit, non intelligiturdamnum sentire". (Ed. RT, pg. 74 1997).

    No mesmo sentido o entendimento manifestado pelo E. TRIBUNAL DEJUSTIA DO ESTADO DO PARAN ao analisar questo semelhante:

    "ACIDENTE DE TRABALHO - Responsabilidade civil - Indenizao -Art. 159 do Cdigo Civil e art. 7 inciso XXVIII da CF - Culpa doempregador - No caracterizao - Imprudncia da vtima - Recursodesprovido. Agindo o empregado de forma imprudente no uso de mquinamoedora de carne, sem tomar as devidas cautelas, qual seja, o usoadequado do protetor (soquete) colocado a sua disposio para sua

    atividade laboral de forma segura, no h como infrigir a culpa doevento ao empregador." ( Processo n 0085816-2 Ac 6613 - Relator JuizFernando Vidal de Oliveira - TJ PR - DJ - PR 10.05.96 - In Binijuris P850.).

    No mesmo sentido:

    "ACIDENTE DO TRABALHO - Incabimento de INDENIZAO - IMPERCIA davtima caracterizada. Acidente do trabalho. Impercia da vtima. No

    prospera pretenso indenizatria contra a empresa empregadora quando ooperrio, treinado para a prtica de tarefa perigosa, comanda aoperao e omite cuidados essenciais que inclusive recomendava aosdemais operadores. Apelo improvido." (TA/RS - Ap. Cvel n. 194195400 -7a. Cm. Cv. - Rel: Leonello Pedro Paludo - j. em 17.05.95 - DJRS06.10.95, pg. 18. In BONIJURIS 26702).

    Ainda h que se questionar que a prova da culpa da Requerida incumbe sAutoras, nos termos do artigo 333, Inciso I, do Cdigo de Processo Civil, tarefa a seuexclusivo cargo.

    "RESPONSABILIDADE CIVIL- ACIDENTE DE TRABALHO - PROVA DA CULPA DOEMPREGADOR NECESSIDADE. Responsabi-lidade civil - Acidente detrabalho - Ato ilcito - Indenizao de direito comum - Culpa doempregador no demonstrada - Recurso provido. A obrigao de indenizar

    do empregador, por acidente de trabalho, somente se corporifica quandocaracterizados o dano, sofrido pelo empregado, o dolo ou a culpa doempregador e o nexo etiolgico entre ambos. No logrando o obreiro

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    demostrar que o evento resultou de ao culposa atribuvel aoempregador, improcede a ao indenizatria, permanecendo o fato dentroda esfera do risco prprio da atividade empresarial, coberto peloseguro social."(Ac un da 4. C Civ do TA PR - PR 38.377-7 - Rel. JuizMendes Silva, Convocado - j 21.08.91 - DJ PR 06.09.91, p 35 - emendaoficial). (Repertrio IOB de Jurisprudncia - Caderno 03/91 - Ementa

    6191).

    No caracterizado e provado o dolo ou, quando menos, a culpa, a indenizaoacidentria coberta pelo seguro social exclui a do direito comum. (LTr 50-2/185).

    Resumindo, para que o empregador seja responsabilizado pela reparao civil dodano sofrido por seu empregado, mister se faz seja provado adequadamente, que a lesosofrida adveio diretamente de falta praticada pelo empregador. Nesse particular, comono poderia deixar de ser, o nus da prova de todos os requisitos da responsabilidadecivil, ou seja, do dano, da culpa e do nexo causal, so atribudos por inteiro s Autoras,

    pois representam os fatos constitutivos de seu pretenso direito.

    III - DA SEGURANA NO TRABALHO DO RISCO PRPRIO DAATIVIDADE EMPRESARIAL

    A Requerida no pode concordar com algumas inverdades lanadas na inicial,quando as Autoras pretender induzir o juzo a falso entendimento de "falta de

    segurana mnima no local de trabalho"; "que no fornecido nenhum material de

    segurana"; "que falta muita proteo nas partes mveis das mquinas"; "que noforam tomadas medidas para sanar problemas de segurana".

    A absoluta segurana no ambiente de trabalho demonstrada pelos seguintesfatores:

    a) ausncia de acidentes nos ltimos 10 anos. H que considerar seguro o localque permanece anos sem ocorrncia de acidentes;

    b) grande quantidade de equipamento de segurana foi encaminhado aosempregados do moinho. Esta prova foi apresentada pelas prprias Autoras, atravs dosdocumentos de fls. 38/46 dos autos, sendo 21 pares de botinas, 35 camisas, 30 calas,alm de culos, protetores auriculares, mscaras, luvas e jalecos, alm do compressor de

    ar que a vtima estava usando no ato do acidente;c) o local onde est instalado o equipamento no rea de trabalho. O

    equipamento j est isolado no quinto andar do moinho. Embora o acidente causegrande comoo, influenciando a induzir em opinio de que h elevado perigo, o risco diminuto, bastando a prtica de simples cautelas;

    d) vrias medidas foram adotadas com relao segurana, sendo a principaldelas, o treinamento dos empregados e a substituio de vassouras pelo compressor dear para a limpeza do local.

    Ainda fundamentam as Autoras, que o moinho deveria ser desligado para arealizao da limpeza. Tal afirmao desprovida de qualquer fundamento lgico ou

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    racional, haja vista, que todos os moinhos que se conhece nunca param para a limpeza,no podendo se olvidar que a limpeza era do piso e no das mquinas.

    Existem certos riscos que so inerentes determinadas atividades.Exemplificando, um operador de caldeira trabalha com o risco da alta temperatura, o

    operrio da construo civil convive com o risco da altura, na rea da eletricidade existeo risco da eletroplesso, alm de inmeras outras atividades, como a tornearia, onde ostrabalhadores esto em contato direto com o equipamento, em eminente risco deacidente a qualquer descuido.

    No o caso do ambiente de trabalho da empresa Requerida, que trabalha nosmoldes exigidos pelas normas regulamentadoras de segurana no trabalho, no sendo ocaso de parar o moinho para a limpeza do seu piso. Neste ponto vale ressaltar odepoimento do Sr. Rodolfo Berti no inqurito policial (fls. 26) que salienta:

    "... que trabalha com moinhos a sete anos; que esta a primeiramorte que tem conhecimento que ocorreu em um moinho;..."

    Outras consideraes levadas ao inqurito policial devem ser ressaltadas para aelucidao da presente demanda.

    O Sr. Rodolfo Berti ainda esclarece:

    " ... que o no desligamento do moinho no acarreta riscos se oempregado no se aproximar das mquinas; ... que eles tm o materialnecessrio para sua segurana, sendo cala e camisa especial, sapatoanti-derrapante, mscara, culos e protetor auricular; ..." (fls.26).

    O Sr. Celso Coimbra informa:

    "... que os funcionrios que trabalham no moinho utilizam comomaterial de segurana cala, camisa, botina, mascara e bon; que omaterial de segurana determinado para cada tarefa realizada; ...nunca ficou sabendo se ocorreu algum acidente no moinho; ..." (fls.27).

    Declarao do Sr. Alberto Skieviczenn:

    "... que nunca aconteceu nenhum acidente neste moinho; que odeclarante trabalha a quatro anos neste local;" (fls. 23 -Grifamos).

    Declarao do Sr. Carlos Alberto do Carmo:

    "... que a empresa se preocupou com o risco, e, periodicamentetenta passar a situao para os funcionrios; que a empresa tem manualde procedimento de segurana de cada unidade, com o objetivo deinformar os riscos das tarefas; ..." (fls. 22).

    Oportuno salientar neste momento, MM. Julgador, que o equipamento estava emperfeito estado de uso e conservao e no oferecia, por si s, qualquer risco

    segurana dos empregados da Requerida. Ainda se encontrava no estado original defabricao e montagem, no faltando qualquer pea ou proteo, como querem fazer

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    crer as Autoras. certo ainda, que alm de orientar seus empregados na utilizao dosequipamentos a Requerida fiscalizava o correto cumprimento do manual de

    procedimento e o uso de EPIs e, tanto verdade, que o fato que deu origem presentelide, trata-se de um caso nico no estabelecimento.

    V-se, por outro lado, que a Vtima, contrariando a prpria realidade de suasfunes e normas elementares de segurana, sem que houvesse necessidade para tal,agiu de modo imprprio e impensado motivando a causa exclusiva do evento danoso.

    Constata-se que o acidentado, insensatamente, foi culpado de forma isolada paraas causas do sinistro. V-se claramente, que a atitude da vtima, no desenrolar dos fatos,foi pessoal, imprpria e desacompanhada de qualquer prudncia. Tudo demonstra que onexo causal entre os danos sofridos e a culpa da vtima, impede a configurao doselementos indispensveis imputao da responsabilidade civil Requerida.

    A se considerar de outra forma, responsabilidade tambm no h para a

    Requerida. No olvida a Requerida que em toda a atividade industrial h risco deacidentes, inclusive de gravidade acentuada, no sendo diferente com o moinho de trigoonde ocorreu o fatdico evento. Porm, a eventualidade do acidente importa afirmarque o fato ocorrido decorrente do risco da atividade empresarial, cujaresponsabilidade pelo acidente no pode ser imputada ao empregador, mesmo porque,em nada contribuiu para o evento.

    Neste sentido a fundamentao apresentada pela 8 Cmara do 2 Tribunal deAlada Civil de So Paulo, na Apelao n 523143-00/0:

    "A prova pericial mostrou que o ambiente de trabalho, ou aqueleque o autor exercia suas atividades durante parte da jornada eranocivo. Os nveis de rudo eram elevados. Mas no se equipara culpado comportamento do empregador que no tem como evitar risco prprioda atividade a que se dedica.

    ... A empregadora no assumiu o risco de causar dano aoautor, ... Apenas exerceu atividade lcita, por que arriscada, mas comrisco conhecido e determinante de modos especiais de reparao paratrabalhador, como a aposentadoria especial.

    Se fosse outra forma, todas as doenas profissionais e todos osacidentes de trabalho teriam de dar ensejo responsabilidade civil do

    empregador, pelo simples fato de sempre haver risco." (Citao do Dr.Jos Luiz Dias Campos, no trabalho entitulado "Riscos Constantes Empresa pode amenizar agentes nocivos mas no ser culpada pela sua noeliminao". In Revista Proteo, junho/99, pg. 68).

    Inaceitvel, que por um nico fato ocorrido ao longo de muitos anos, pretendamas Autoras impingir a pecha da irresponsabilidade Requerida, principalmente pelo fatode sempre deixar seus empregados cientes de todos os perigos da atividade laboral,inclusive com o fornecimento de todo o apoio e material de segurana necessrio naexecuo dos servios.

    IV- DA CULPAIN VIGILANDO - INEXISTNCIA

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    No se configura no presente caso, a "culpa in vigilando" da empregadora, muitoembora as Autores pretendam a sua caracterizao sob o fundamento de a "empresa terdeixado de fiscalizar e exigir o uso correto do vesturio, pelo fato da vtima estar

    usando uma blusa amarrada na cintura".

    Restar comprovado nos autos, que a Requerida sempre procurou vigiar efiscalizar o cumprimento das normas de segurana do trabalho, estando sempre atenta ediligente no sentido de coibir atos que resultassem em risco aos trabalhadores, inclusivefazendo reunies quinzenais, para troca de opinies, transmisso de conhecimentos e deexperincia, de molde a culminar com o bem comum de todos, representado pelasegurana no local de trabalho. A Requerida, inclusive, teve o capricho de elaborar o"Manual de Procedimentos do Moinho", onde esto discriminados todos os

    procedimentos a serem realizados no ambiente de trabalho (vide docs. 15/31).

    Conforme nos ensina o Dr. Jos Luiz Dias Campos, ocorre a culpa in vigilando"quando ocasionada pela falta de diligncia, ateno, vigilncia, fiscalizao ouquaisquer outros atos de segurana do agente, no cumprimento do dever, para evitar

    prejuzo a algum". (Responsabilidade Penal, Civil e Acidentria do Trabalho, pg. 11,4 ed., LTr).

    Porm, no podemos analisar a situao do "vigiar" em apartado do ponto centralconsubstanciado pela existncia ou inexistncia de "culpa", esta que somente seconfiguraria pelo ato ilcito de deixar os empregados desamparados, desorientados,expostos prpria sorte em local de risco, o que, certamente, no se configura no

    presente caso.

    O ilustre Humberto Theodoro Jnior, nos traz o seguinte conceito de culpa:

    "Culpa, no sentido jurdico, a omisso da cautela, que ascircunstncias exigiam do agente, para que sua conduta, num momentodado, no viesse a criar uma situao de risco e, finalmente, nogerasse dano previsvel a outrem." (Responsabilidade Civil, 4 ed.,pg. 125, ed. Aide, 1997).

    Rui Stocco, nos ensina:

    "A culpa a inexecuo de um dever que o agente poderia conhecere observar. Se o conhecia efetivamente e o violou deliberadamente, h

    delito civil, ou em matria de contrato, dolo contratual. Se aviolao do dever foi involuntria, podendo conhec-la e evit-la hculpa simples." (Responsabilidade Civil e sua InterpretaoJurisprudencial, 3 ed., pg.55, RT, 1997).

    Nesta mesma obra, o ilustre Rui Stoco cita a definio do Prof Jos Aguiar Dias:

    "A culpa a falta de diligncia na observncia da norma deconduta, isto , o desprezo, por parte do agente, do esforonecessrio para observ-la, com resultado no objetivado, mas

    previsvel, desde que o agente se detivesse na considerao dasconseqncias eventuais da sua atitude." (ob. cit., pg. 55).

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    V-se, claramente, que a Requerida no preenche os requisitos para serresponsabilizada por culpa no evento danoso.

    A "culpa in vigilando" no se caracteriza por um ato nico do empregado, mas,sim, a um conjunto de atos e fatores que determina que o empregador no vigia seus

    empregados, associado aos descaso de quem no quer fiscalizar. No presente caso, oato foi nico, isolado, distante aos olhos do empregador e, pela sua rapidez, nohouve tempo sequer de advertncia por qualquer outro colega de trabalho.

    Assim, no h como imputar responsabilidade por ato ilcito culposo, quer sejapor ao ou omisso. A responsabilidade, no caso, da prpria vtima, pessoa que tinhapleno discernimento, que escolheu uma prtica inadequada em determinado momento:

    "O ser humano, porque dotado de liberdade de escolha e dediscernimento, deve responder por seus atos. A liberdade e aracionalidade, que compem a sua essncia, trazem-lhe, em contraponto,

    a responsabilidade por suas aes ou omisses, no mbito do direito,ou seja, a responsabilidade corolrio da liberdade e daracionalidade." (Carlos Alberto Bittar, citado por Rui Stoco - ob.cit. Pg. 52).

    Deste entendimento, importa afirmar que impossvel vigiar todos os atos do serhumano, eis que este pode tomar decises imprecisas a qualquer momento, valendo-seexclusivamente de seu poder racional. diferente, por exemplo, do dever de vigilnciada manuteno de uma mquina, dos freios de um veculo, ou da cerca que divide duasfazendas, impedindo que o gado invada e destrua a plantao do vizinho.

    Destacada a inexistncia de "culpa in vigilando", por derradeiro, cabe transcrevera seguinte deciso:

    "...mister se faz que o evento danoso no tenha ocorrido porsimples risco da atividade econmica desenvolvida pelo empregador.Impe-se a presena de uma conduta patronal de desrespeito evidente sregras de segurana do trabalho, de sorte a evidenciar seno a vontadede lesar, pelo menos a indiferena intolervel diante do risco sriocorrido pelo obreiro." (Humberto Theodoro Jnior, ob. cit., pg. 26).(Grifamos).

    Certo que em todas as atividades industriais existem riscos de acidentes, no

    sendo diferente com o moinho de trigo da Requerida. Este risco existente e conhecidodeve ser traduzido como "risco da atividade econmica" acima citado, da qual redundouo infortnio que vitimou o companheiro e pai das Autoras, no se vislumbrando ahiptese indenizatria pelo fato ocorrido.

    V - PRINCPIO DA EVENTUALIDADE

    Diante do exposto nos itens II, III e IV, espera a Requerida que seja por VossaExcelncia, determinada a improcedncia da ao, face culpa exclusiva da vtima.Porm, sendo outro o Vosso entendimento, "ad cautelam", tece a Requerida outras

    consideraes que devem ser observadas para a deciso da presente lide.

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    VI - CONCORRNCIA DE CULPA

    No itens anteriores, a Requerida demonstrou que o acidente ocorreu por culpaexclusiva da vtima. Essa concluso inelutvel decorre do fato de que, inobstante ter

    pleno conhecimento tcnico para a utilizao do equipamento e para a realizao da

    tarefa de limpeza, agiu com grave imprudncia.

    Como corolrio lgico, resulta o descabimento da indenizatria, por ausente opressuposto dolo ou culpa do empregador. Nesse contexto, ad argumentandum tantum,ainda que a culpa pelo evento no seja exclusiva da vtima, a sua atuao imprudente foiconditio sine qua non para que o acidente ocorresse. Da porque, em caso de

    procedncia da ao, o que se admite apenas para efeito de argumentao, devero asAutoras suportar os efeitos da concorrncia de culpa da vtima, com a conseqentereduo do quantum a, no mnimo, 50% ( cinqenta por cento).

    Da lio cada vez mais prestigiada de MARIA HELENA DINIZ, vale destacar:

    "Se o lesado e lesante concorreram com uma parcela de culpa,produzindo um mesmo prejuzo, porm, por atos independentes, cada umresponder pelo dano na proporo em que concorreu para o eventodanoso. No desaparece, portanto, o liame de causalidade; haver tosomente uma atenuao da responsabilidade, hiptese em que aindenizao , em regra, devida pela metade (RT 221:220, 216:308,222::187, 158:163, 163:669,439:112; RF 109:672, 102:575) ou diminuda

    proporcionalmente (RT 231:513). Haver uma bipartio dos prejuzos, ea vtima, sob a forma negativa, deixar de receber a indenizao na

    parte relativa a sua responsabilidade." (CURSO DE DIREITO CIVILBRASILEIRO, 7. edio, Saraiva, 1987, p. 83).

    No destoa MARTINHO GARCEZ NETO :

    "A aplicao do princpio da concorrncia de culpas, com aconseqente diviso da indenizao, foi apenas a correspondncialgica aos apelos da eqidade, nos casos excepcionais em que no secogita da preponderncia manifesta e provada da culpa do agente." (Ob.cit. p. 29).

    A jurisprudncia no discrepa:

    "RESPONSABILIDADE CIVIL- ACIDENTE DE TRABALHO - CULPA CONCORRENTE

    DO TRABALHADOR. Indenizao - Acidente de trabalho - Aoindenizatria de direito comum - Culpa concorrente do trabalhadoracidentado - Responsabilidade do empregador - Inteligncia do art.7., item XXVIII, da Constituio Federal - Em ao de indenizao dedireito comum, havendo culpa concorrente do empregado, no se podeatribuir ao empregador a responsabilidade, in totum, pelaindenizao, pois o art. 7., XXVIII, da Constituio Federal, noveda a avaliao da responsabilidade do patro em face de sua

    participao dolosa ou culposa no evento danoso, sua intensidade, seugrau, no vedando tambm a perquirio em torno da concorrncia do

    prprio acidentado. Ademais, sendo esta indenizao regida pelodireito comum, na sua fixao, no se pode afastar a indagao deculpa concorrente do prprio trabalhador acidentado." (Ac un da 4. C

    Civ do TJ MG - AC 6.854- 4/90.050-4 - Rel. Des. Caetano Carelos - j27.05.93.Repertrio IOB de Jurisprudncia n 03/94 ementa 9256)

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    VII - DO PEDIDO DE PAGAMENTO DE PENSO MENSAL LUCROSCESSANTES CLCULO ABATIMENTO

    VII.A - DO CLCULO RESTAURAO DOSTATUS QUO ANTE

    As Autoras pleiteiam a penso mensal equivalente a R$885,00, desde a data doevento at a data em que a vtima completaria 65 anos de idade, incluindo o 13 salrio.

    Justifica o pedido com base na relao de salrios fornecida ao INSS, adotandoindevidamente o maior salrio percebido durante o contrato de trabalho, acrescido dehoras extras, adicional noturno e reflexos.

    No entanto, o salrio do Reclamante era de R$550,00 (quinhentos e cinqentareais) sendo este o valor a ser tomado por base para o pensionamento mensal.

    Como cedio, toda indenizatria objetiva restaurar ostatus quo ante. Repugna alei que o acidente seja erigido em fator gerador de enriquecimento indevido. O ilcito,mesmo quando tenha intensa repercusso moral ou patrimonial, deve se limitar manuteno da situao financeira anterior, sendo imperativo, para tanto, acomprovao da dependncia econmica que as Autoras tinham e face da vtima.

    Neste sentido, conduz-se necessariamente investigao da situao patrimonialdas Autoras em perodo anterior morte da vtima.

    VII.A.1 - DA CONDIO FINANCEIRA NOS LTIMOS 56 MESES

    Pelos documentos juntados aos Autos (fls. 64 a 73), as Autoras fazem prova deque a vtima, no perodo compreendido entre outubro/94 a maio/99, trabalhou para asempresas Central Construes Civil Ltda. (outubro/94 a maro/95), Falco Construtorade Obras Ltda. (maro/95 a setembro/95), HBPO Engenharia e Construes Ltda.(agosto/96 a abril/97), Ceres Coml. de Mat. Eltricos Ltda. (novembro/97 a maro/98)e, por ltimo, para a ora Requerida (fevereiro/99 a maio/99).

    Conclui-se que a vtima no era estvel nos empregos, passando por diversasempresas, mantendo contratos de trabalho por curto perodo de tempo, trabalhandoapenas 30 meses, dos 56 meses comprovados nos autos, apurando-se uma mdia

    salarial mensal de R$321,48 (melhor visualizado em planilha anexa esta pea docs.1/2)

    Esta era a situao financeira mantida pela vtima s Autoras, alternando perodosde emprego e de desemprego. E, outra no pode ser a deciso final nos presentes autos,

    para reparar o dano material sofrido.

    VII.A.2 - DOS RENDIMENTOS AUFERIDOS DA REQUERIDA

    A vtima percebia salrio mensal de R$550,00 mensais.

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    A se tomar por base apenas o perodo de trabalho para a Requerida, a indenizaodeve ser baseada apenas no salrio fixo, no acrescido de outros adicionais, como

    pretendem as Autoras.

    Isto porque as horas extras e noturnas trabalhadas no ms de abril (maior salrio

    recebido), no integram o salrio para qualquer efeito legal. Como a vtima trabalhavaem revezamento de turnos, nos meses seguintes no teria acrescido ao seu salrio osreferidos adicionais.

    Os adicionais somente se integram ao salrio aps dois anos de recebimentoininterrupto, conforme enunciado n 76 do TST, citado pelo MM Juiz e professor SrgioPinto Martins:

    "Prev o Enunciado n 76 do TST que o valor das horassuplementares prestadas habitualmente, por mais de dois anos, oudurante todo o contrato, se suprimidas, integra-se no salrio para

    todos os efeitos legais. Era a idia de que o salrio do empregadono poderia ser reduzido, pois o empregado passa a contar com opagamento das horas extras para honrar seus compromissos. Entendo quea orientao mais correta a de que se as horas extras deixam de ser

    prestadas, resta indevido o pagamento do adicional, em funo de que

    seu fato gerador deixou de existir." (Revista Mapa Fiscal, 12/99, pg.6). (Grifamos).

    Igualmente com o adicional noturno:

    "Mais recentemente o Enunciado n 265 do TST estabeleceu que atransferncia para o perodo diurno implica a perda do direito ao

    pagamento do adicional noturno. Isso quer dizer que o adicionalnoturno s devido enquanto h a prestao de trabalho no perodonoturno." (ob. e pg. cit.).

    Pelos cartes-ponto juntados em anexo, visualiza-se que a vtima estava escaladapara laborar em perodo noturno entre 16/4/99 at 15/5/99, no horrio compreendidoentre 22h30min e 6h00min., tendo o salrio do ms de abril/99, acrescido do salriocondio "hora noturna". Como uma hora noturna computada a cada 52 minutos e 30segundos (reduo conforme art. 73, 1, da CLT), gerou direito ao recebimento dehoras extras.

    A vtima trabalhava em turno de revezamento mensal, importando afirmar que orecebimento dos adicionais j tinha data para trmino (15/5), no podendo acrescer estasverbas ao valor indenizatrio, face a impossibilidade jurdica da integrao salarial, quesomente ocorreria aps longo perodo de recebimento ininterrupto (enunciados do TSTacima citados).

    Mesmo que no seja do Vosso entendimento, que a indenizao deva seguir osalrio fixo, tambm h que se concluir pela impossibilidade de adoo do maior valor

    pago, por no refletir a realidade da condio financeira proporcionada pela vtima Autoras.

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    Assim, suplantada a pretenso da Requerida, o que se admite apenas para efeitode argumentao, h que se aplicar a mdia dos salrios recebidos nos trs meses detrabalho:

    Parcial de fevereiro................................. R$255,00

    Maro................................................ R$614,75

    Abril................................................ R$885,69

    Parcial de maio...................................... R$272,24*

    TOTAL................................................R$2.027,68

    Mdia em 3 meses R$675,89**

    (*Conforme termo de resciso de contrato de trabalho).

    (**mdia de trs meses face ao trabalho por 90 dias).

    Consequentemente, seguindo o pleito das Autoras de pagamento dopensionamento, h que se tomar por base o salrio fixo mensal. Porm, se oentendimento for pela aplicao de "mdia salarial mensal", h que se observar oexposto no item VII.A.1, para fixar base salarial em R$321,48 ou, quando muito, fix-laem R$675,89.

    VII.B ABATIMENTO DOS GASTOS DA VTIMA

    Conforme j relatado, o quantum indenizatrio deve ser fixado de molde a suprira falta de disponibilidade financeira em razo do falecimento do companheiro e pai dasAutoras. Esta falta de disponibilidade deve se ater aos valores que eram dispendidos namantena dos familiares suprstites. Qualquer pensionamento a maior ser consideradoenriquecimento ilcito.

    No se pode olvidar, MM. Juiz, que do rendimento lquido auferido pela vtima,parte era gasta com a sua prpria manuteno. Nesse sentido, a doutrina e a

    jurisprudncia soam unssonas no mesmo sentido, qual seja:

    "A penso visa a subsistncia dos que viviam s expensas davtima, e dever ser calculada com base na remunerao mensal auferida

    pelo extinto, descontadas as parcelas gastas com sua prpriasubsistncia e status profissional. Da renda bruta so abatidas asdespesas pessoais com alimentao, vesturio, sade e outras,geralmente calculadas em um tero da remunerao." (Arnaldo Marmitt,Perdas e Danos, pg. 80, ed. Aide, 2 ed., 1992).

    Igualmente:

    "A indenizao sob forma de penso, calculada com base na rendaauferida pela vtima, descontando-se sempre 1/3, porque se ela

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    estivesse viva estaria despendendo pelo menos 1/3 de seus ganhos emsua prpria manuteno. Os seus descendentes, ascedentes, esposa ouconcubina (os que dela recebiam alimentos, ou de qualquer formaestavam legitimados a receber penso) estariam recebendo somente 2/3de renda." (Carlos Roberto Gonalves, Responsabilidade Civil, pg.199).

    As decises do Egrgio TA/PR, seguem no mesmo sentido:

    "Responsabilidade civil Acidente de trnsito morte Comprovada a dependncia econmica dos autores, devido o pagamentode penso mensal a quem a vtima devia alimentos, correspondente adurao provvel de sua vida (65 anos) e calculada sobre a mdiasalarial comprovada, sendo razovel a sua fixao em 2/3 desse valor."(TA/PR apelao cvel 0077419800 Curitiba Juiz Domingos Ramina terceira Cmara Cvel - J. 22/8/95 - Ac. 6180 Public.: 1/9/95).

    "Responsabilidade Civil. Acidente de Trnsito com morte. Pensodevida queles que a vtima devia alimentos. Fixao atravs de pensomensal estipulada em 2/3 do salrio da vtima, em favor dos seusdependentes." (TA/PR Apelao Cvel 57895200 Curitiba JuizBonejos Demchuk Sexta Cmara Cvel j. 21/2/94 Ac. 2525 Public.: 18/3/94).

    VII.C DO DESCONTO PREVIDENCIRIO

    fato pblico e notrio o pagamento de percentual de 8,5% (no mnimo) dosrendimentos auferidos, para os fins previdencirios.

    A vtima, enquanto viva, com certeza contribua neste percentual ou empercentual maior, reduzindo, consequentemente, a quantia monetria dispendida aosustento particular e familiar, importando afirmar que tal parcela no pode, agora,integrar o valor do pensionamento pleiteado, sob pena de causar enriquecimentoindevido das Autoras.

    Nesta ordem de raciocnio, a 5 Cmara do 1 Tribunal de Alada Cvel de SoPaulo, em votao unnime, decidiu:

    "O recurso merece provimento em parte apenas para excluir-se dacondenao a verba referente a 8,5%, correspondente quantia que avtima teria que pagar previdncia social (item 3 gls.221).

    Com efeito, essa quantia no integrava os vencimentos do falecidopois era descontado de seu salrio para pagamento previdncia sociale, assim, no pode ser computada na indenizao." (Apelao n367.375-2 S.J.Campos Juiz Scarance Fernandes Lex JTACSP 107/252).

    VII.D SEGURO DE VIDA ABATIMENTO

    A Requerida patrocinava seguro de vida a todos os funcionrios do moinho detrigo, incluindo a vtima Sr. Nilson Schroeder, tendo sido indicada como favorecida a

    Autora Silvia Ana Nardi.

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    Conforme se verifica pelos "Recibos de Sinistro" anexos (docs. 33/34), emitidopela Empresa Chubb do Brasil Cia. de Seguros, datado de 25 de maio de 1999, asAutoras j receberam a quantia de R$16.676,32, cuja importncia deve ser abatida deeventual indenizao por danos materiais que venham a ser deferidas em razo doevento danoso.

    Aplica-se, analogicamente, o mesmo entendimento j consagrado em relao aoseguro obrigatrio, nos casos de indenizao decorrente de acidente de veculos:

    "O montante do seguro obrigatrio dedutvel do valor da pensoa ser paga. Conforme decidiu o Egrgio Tribunal de Justia, aimportncia correspondente indenizao do seguro obrigatrio deveculos, percebida pela vtima ou por seus beneficirios, deve serdeduzida quando do pagamento da indenizao de direito comum a elesdevida, em razo do mesmo acidente de veculo". (Prejulgado nosEmbargos Infringentes n 255.040 RJTJESP, vol. 47/257)

    No mesmo sentido:

    Seguro obrigatrio compensao em ao indenizatria poracidente de veculo Clculo de atualizao da parcela compensatriaa partir de seu implemento provimento. Na indenizao por acidentede veculo, o seguro obrigatrio deve ser abatido do valor daquela,dado constituir reparao parcial ..." (Repertrio IOB deJurisprudncia, 22/89, pg. 385).

    Como j est devidamente comprovado o recebimento do seguro privado, naquantia lquida demonstrada nos recibos anexos, h que se analisar at que ponto

    restabeleceu a condio financeira familiar mantida pela vtima, deferindo-seindenizao em quantia que, somada quela indenizao, restabelea a situao anterior.

    VII.E DO PAGAMENTO DA PENSO MENSAL DIREITO DE ACRESCER EXTINO DA OBRIGAO

    Caso seja deferido s Autoras o pagamento de indenizao pensionada pleiteadana inicial, o que se admite apenas para efeito de argumentao, haver que se fixar otempo de extino da obrigao.

    Certo que a doutrina e a jurisprudncia firmaram o entendimento que se tornou

    unnime, determinando o pensionamento at a data em que a vtima completasse 65anos de idade.

    Inobstante tal termo limite, h outros fatores que podem determinar a extino daobrigao, independente da observao daquela data.

    Na mira desse entendimento, aponta-se a extino da obrigao pelo casamentoda viva, casamento dos filhos ou, ainda, o alcance da maioridade da filha menor.

    Nessa esteira, subentende-se que a obrigada deixar de pensionar a parte daquelaAutora que, por fato superveniente, deixar de fazer jus a tal obrigao. A parte desta no

    reverte outra, apenas se exclui do "quantum" fixado judicialmente, no mesmopercentual que lhe era destinado.

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    Exemplificando o presente caso, a filha da vtima ter o pensionamento at atingira maioridade. Tem-se como princpio, que estar encaixada ao mercado de trabalho,

    pelo que, mesmo que o pai estivesse vivo, dele no mais dependeria. Extingue-se,obviamente, o seu direito ao pensionamento. Com tal excluso, a verba destinada a estano acresce ao direito da me, havendo reduo do "quantum" monetrio dispendido

    pela Requerida.

    O Ilustre Doutrinador Arnaldo Marmitt, estampa sinteticamente esteentendimento:

    "Ao atingirem a maioridade, os filhos do morto perdem o direito:se, fixada a prestao de alimentos, sobrevier modificaes nascondies econmicas, poder a parte pedir ao juiz, conforme ascircunstncias reduo ou aumento do encargo (art. 602, parg. 3,CPC). O mesmo acontece com a viva que se casa novamente. Tambm ela

    perde o direito de continuar recebendo os alimentos, o que correto,j que o dever passa para o novo esposo." (Perdas e Danos, pg. 79,

    Ed. Aide).

    O dever de acrescer ao patrimnio dos pensionistas remanescentes combatidode forma acentuada pelos Tribunais:

    "INDENIZAO Penso Mensal Vigncia a partir do fato lesivo Fixao em 2/3 da renda auferida pelo marido e pai das autoras, sem odireito de acrescer em favor de qualquer delas." (Apelao n 367.661-7 JTACSP 60/106).

    Igualmente:

    "No tem cabimento, por falta de embasamento legal, a pretensode que, medida em que os beneficirios deixarem de fazer jus aosbenefcios, reverta o valor integral a favor dos remanescentes. Obenefcio, evidncia, tem carter alimentar, de sorte que, deixandoo beneficirio de atender aos indispensveis pressupostos,desaparecer, automaticamente, a obrigao (1 TACivSP, Ap. 311.474,2 C. j. 22.6.83 Rel. lvaro Galhanone. (Orlando Gandolfo,Acidentes de Trnsito e Responsabilidade Civil, pg. 381).

    Tais entendimentos devem ser abraados pela deciso da presente lide, paracumprir os requisitos do carter alimentar da indenizao pleiteada.

    VIII - DANO MORAL

    VIII.A - INACUMULABILIDADE DO DANO MATERIAL E MORAL IRREPARABILIDADE DO DANO MORAL

    As Autoras pleiteiam, ainda, cumulativamente a reparao do dano moral. Essapretenso, ainda que restasse configurada a culpa da Requerida o que se admiteapenas para efeito de argumentao no poderia merecer amparo jurisdicional.

    O ressarcimento do dano moral tem se revelado questo tormentosa aosestudiosos do direito. Todavia, prevalece nos Tribunais brasileiros, inclusive no Excelso

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    Pretrio, mesmo aps o advento da Constituio Federal de 1988, a tese da suairreparabilidade.

    O Egrgio Tribunal de Justia do Estado do Paran, no acrdo proferido em 23de agosto de 1989, consolidou esse entendimento:

    "Dano Moral Responsabilidade Civil do Estado Morte Reparao Reclamada pelo Pai da Vtima Impossibilidade CF/88, art.5. V e X Smula 491/STF. Dano Moral. insuscetvel de indenizao odano moral, consistente no preo da dor, reclamada por terceiros."(Jurisprudncia Brasileira Cvel e Comercial, Ed. Jaru, Curitiba,1990, pp. 126/126)

    No corpo do acrdo o Relator citou o parecer do ilustre Procurador RUI PINTO,que pela preciso que encarta, merece transcrio:

    "A despeito da indenizao por dano moral estar hoje consagradapor preceito de natureza constitucional (art. 5. V e X), suaaplicao no pode se apartar, entretanto, dos lineamentos jassentados pela construo jurisprudencial, seja no sentido de quedescabe o pretium doloris como parcela autnoma reclamada por parentese dependentes do morto. (RE 113.705-1 MG, in DJU 21.08.87, p. 16.774 eac. 5.585, da 3. Cm. Cvel do TJPR, j. em 23.08.88), e de que,recebida a indenizao pelo dano patrimonial ou pessoal, sob a formainclusive de penso vitalcia, no cabe a sua cumulao com danomoral." (RREE 116.381-0-RJ, DJU 19.08.88, p. 20.269; 114.802-1-RJ, DU13.11.87 p. 25.117; 114.272-3-RJ, DJU 09.10.87, p. 21.779).

    Vale colacionar o embasamento jurisprudencial utilizado pelo ilustre relator do

    arresto citado:

    "Na verdade muito embora o STF tivesse editado a Smula 491 (diz: indenizvel o acidente que causa a morte de filho menor, ainda queno exera trabalho remunerado), ficou assentado que a indenizaocinge-se ao dano patrimonial, repelido o dano moral. (cf. ROBERTOROSAS - Direito Sumular 2. ed. P. 238).

    E iterativamente assim vem entendendo a Suprema Corte. No RE83.978, por exemplo, confirmou o acrdo que negou indenizao pordano moral reclamado pelo pai da vtima, sob o fundamento de que odireito brasileiro no o permite." (Ementrio de Jurisprudncia do

    Cdigo Civil ORLANDO FIDA e outros p. 2.113).

    No Egrgio Tribunal de Justia do Estado do Paran, a Terceira Cmara Cvel, noacrdo 5.585, em 23.08.88, tambm estabeleceu o descabimento da indenizao pordano moral, preo da dor, em parcela autnoma a parentes do morto (por maioria, rel.Des, J. Luiz Perrotti). No mesmo sentido o entendimento sedimentado no EgrgioTribunal de Alada do Paran (cf. v. Acrdo 30.299, rel. Pacheco Rocha)."

    No mesmo sentido decidiram os juizes integrantes da Primeira Cmara Especialdo Egrgio Tribunal de Alada do Estado de So Paulo, por unanimidade, em Acrdo

    julgado em 03.01.89: o dano moral puro no indenizvel. ("JURISPRUDNCIA

    BRASILEIRA", P. 217)

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    O ressarcimento do dano deve ater-se aos casos enumerados pelo prprio CdigoCivil e legislao correlata. A indenizao, em caso de homicdio, consiste: I No

    pagamento das despesas com o tratamento da vtima, seu funeral e o luto da famlia; II Na prestao de alimentos, s pessoas a quem o defunto devia. (art. 1.537, do CdigoCivil).

    Esse entendimento ensina o Min. ANTONIO NEDER, em voto proferido no RE83.981/RJ resulta da circunstncia de que, em nosso direito, como se verifica dodisposto no art. 1.537 do Cdigo Civil, a indenizao, em se tratando de homicdio(culposo ou doloso), se restringe a reparao de danos patrimoniais, abrangendo o danoemergente (tratamento, funeral, luto) e o lucro cessante (prestao de alimentos a quemo defunto os devia). No se permite a ao contrrio do que se sucede, por exemplo, noart. 1.550 (em que se determina que a indenizao por ofensa liberdade pessoalconsistir no pagamento das perdas e danos e no de uma soma calculada nos termos do

    pargrafo nico do art. 1.547, que s se refere a dano moral) a cumulao pretendidapelas Requerentes.

    Mesmo nos julgados onde restou abrandado o rigorismo da tese dairreparabilidade, admite-se o ressarcimento do dano moral, desde que no haja meios deaferio do dano patrimonial.

    AUREA PIMENTEL, Desembargadora do colendo Tribunal de Justia do Rio deJaneiro, enfocou a questo com bastante preciso:

    "A doutrina e a jurisprudncia mesmo antes da norma expressaque se l na Constituio Federal vigente art. 50., x j admitiama indenizao autnoma do dano moral, atravs da fixao de verba que,

    sendo capaz de proporcionar maior conforto de vida e comodidade aoofendido, possa, afinal, em certa medida, compens-lo do sofrimentoexperimentado. Sempre entendi, contudo, que a fixao de verbaautnoma para a indenizao do dano moral s pode ter cabimento quandoo dano o nico ressarcvel, pois, do contrrio, configurado estariao "bis in eadem", presente que a indenizao do dano patrimonial, emsua abrangncia, j ir servir para compor toda e qualquer espcie dedano patrimonialmente ressarcvel, como o caso do dano moral". (ADV ADVOCACIA DINMICA JURISPRUDNCIA item 58.360)

    bem de ver que sequer os defensores do ressarcimento do dano moral admitema cumulao das duas verbas reparatrias. AGUIAR DIAS, partidrio mais ilustre da

    ressarcibilidade do dano moral, citado pelo eminente Ministro Antnio Neder, faz aseguinte ressalva:

    "O que nos parece talvez sustentvel, na pior hiptese, que oCdigo Civil Brasileiro, em princpio, no admite a cumulao das duasespcies de reparao, isto , quando h elementos para reparar o danomaterial, no se cogita de reparar o dano moral." (DA RESPONSABILIDADECIVIL, II 6a ed., P. 445)

    No discrepa o entendimento esposado pela Primeira Turma do STF, conforme sev dos seguintes arestos:

    "RESPONSABILIDADE CIVIL ACIDENTE FERROVIRIO DANO MORAL DANO MATERIAL INACUMULABILIDADE. Responsabilidade civil de empresa

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    ferroviria por atropelamento e morte de pedestre no leito da viafrrea. Inacumulabilidade das verbas reparatrias de dano moral ematerial. Excluso da primeira. Jurisprudncia do STF." ( STF, Rec.Extr. no. 114.330-4-RJ, ac. unn. Da 1a Turma, em 11.12.87)

    "RESPONSABILIDADE CIVIL DANO MORAL. Ao indenizadora propostapor beneficirios de vtima atropelada e morta, em passagem de nvel,por composio ferroviria. Verba deferida a ttulo de reparao dedano moral puro. RE conhecido e provido para sua excluso, em face aodissdio de julgados e jurisprudncia pacfica do STF em sentidocontrrio ao acrdo recorrido." (RE 115.368-RJ, da Primeira Turma,Rel. Min. Sydney Sanches, j. 15.05.88 - RTJ 125/1313).

    Nem se argumente que com o advento da nova Carta Magna esse posicionamentoficou superado. A inacumulabilidade continua sendo a tese dominante nos Tribunaiscomo se pode inferir dos arestos adiante colacionados.

    O colendo Tribunal de Justia deste Estado, atravs de sua Terceira CmaraCvel, em deciso unnime, no acrdo n 7.886, de lavra do eminente Desembargador

    Nunes do Nascimento, proferida em 17.09.91, assentou que:

    "Determinada a indenizao por dano patrimonial, nela includa aconcesso de penso vitalcia descabe a cumulao com dano moral."(DJPR, 4/10/91, p. 16). Nesse mesmo sentido o egrgio Tribunal deAlada do Rio Grande do Sul (Ac. unn. Da 6a Cm. Cvel, apel.190049072, j. em 07.06.90, rel. Juiz Rui Armando Gessinger).

    Nessa mesma linha, trilha o Supremo Tribunal Federal:

    "RESPONSABILIDADE CIVIL. Acidente de trem. Morte de passageiro.Nessa hiptese no so acumulveis indenizaes por dano patrimonial edano moral. Precedentes do STF. Cdigo Civil, art. 1537. Lei n 2681,de 1912, art. 22. O dano moral causado por conduta ilcita indenizvel, como direito subjetivo da prpria pessoa ofendida, qualsucede no caso de leso corprea deformante, que resulte do acidente,a teor do art. 21, da Lei n. 2681/1912. Nesta ltima hiptese, socumulveis as indenizaes por dano moral e lucros cessantes.Precedentes do STF. Recurso extraordinrio conhecido e provido, paraexcluir a indenizao por dano moral, que o acrdo concedeu famlia

    da vtima, em acidente ferrovirio, cumulativamente com a indenizao

    por dano patrimonial."(RE 104.939-0 RJ, da Primeira Turma, Rel.Min. Neri da Silveira - RTJ 124/299). (Grifamos).

    E, ainda:

    "Responsabilidade Civil, Acidente Ferrovirio, Dano Moral. Ajurisprudncia do Supremo Tribunal Federal entende somente indenizvel

    por dano material e moral cumulados, a prpria vtima. Interpretaodo art. 21 da Lei 2.681, de 07.12.1912. dissdio jurisprudencial nodemonstrado." (RE 109.449-PR, da Segunda Turma, Rel. Min. FranciscoRezek, j. 18.12.87 - RTJ 121/282).

    Ad argumentandum, tece a Requerida outras consideraes com relao ao

    excessivo valor pleiteado a ttulo de indenizao por danos morais.

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    VIII.B DA INDENIZAO PLEITEADA - EXCESSO

    Pretendem as Requerentes o recebimento de indenizao ttulo de DANOMORAL, a ser fixada segundo o entendimento de Vossa Excelncia, sugerindo aquantia de 2.000 salrios mnimos.

    Como de fcil inferncia, no caso em apreo inexiste dano moral a serindenizado, seja pela ausncia de culpa da Requerida no evento danoso, seja pelailegitimidade das Autoras. Entretanto, se porventura for considerado devido, o que seadmite apenas para efeito de argumentao, a fixao do quantum ficar a cargo do

    prudente arbtrio do Juiz. Como recomenda CAIO MRIO DA SILVA PEREIRA, oquantum "deve ser moderadamente fixado, pois, no pode ter o objetivo de provocar oenriquecimento ou proporcionar ao ofendido um avantajamento, por mais forte razo

    deve ser eqitativa a reparao do dano moral para que se no converta o sofrimento

    em modo de captao de lucro (de lucro capiendo)." (RESPONSABILIDADE CIVIL,2a. edio, 1990, p. 325).

    Hodiernamente, tem-se como critrio legal para aferio do dano moral, osparmetros estipulados no Cdigo Brasileiro de Telecomunicaes - Lei 4.117/62 -,onde o art. 84, estabelece o "quantum" a ser indenizado.

    " Art. 84 - Na estimao do dano moral, o Juiz ter em conta,notadamente, a posio social ou poltica do ofensor, a intensidade donimo de ofender, a gravidade da repercusso da ofensa.

    Pargrafo primeiro - O MONTANTE DA REPARAO TER O MNIMO DE 05(CINCO) E O MXIMO DE 100 (CEM) VEZES O MAIOR SALRIO MNIMO VIGENTE

    NO PAS".

    "Ad cautelam", e pelo princpio da eventualidade, na remota hiptese de aRequerida vir a ser condenada a indenizar as Autoras a ttulo de dano moral, dever serutilizado o parmetro fixado pela norma acima citada, observando-se, tambm, ocontido nos arts. 4. e 5. da Lei de Introduo ao Cdigo Civil.

    De outro molde, temos como parmetro inmeras decises do Tribunal de Aladado Estado do Paran, que tm, reiteradamente, fixado a indenizao por dano moral emcaso de morte, em torno de 50 a 100 salrios mnimos. Vejamos:

    "Ao de reparao de danos. Capotamento de caminho. Dano Moral.Razovel a fixao da indenizao por dano moral em cinqentasalrios mnimos, tendo em vista o nvel da remunerao da vtima e asituao de conforto que ela proporcionava sua famlia." (TA/PR Apelao Cvel 0102134100 Palmas Juiz Cristo Pereira SegundaCmara Cvel Julg. 7/5/97 Ac. 8414 - Public. 23/5/97).

    "Responsabilidade civil. Ao de reparao de danos. Acidente deveculo. Dano moral. A sua fixao em (100) cem salrios mnimosapresenta-se moderada e sensata, tendo em vista as peculiaridades docaso concreto." (TA/PR apelao Cvel 103205900 Londrina JuizCristo Pereira Segunda Cmara Cvel Julg. 20/8/97 Ac. 8824 Public. 12/9/97).

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    "Responsabilidade civil Atropelamento com morte da vtima Dano Moral Indenizao ao vivo Indenizao procedente Fixaoem oitenta e uma (81) vezes o valor do salrio mnimo, valor queatende ao elementar princpio da equidade Excesso no demonstrado."(TA/PR Apelao Cvel 109335600 Curitiba Juiz Srgio Rodrigues Quarta Cmara Cvel Julg. 8/10/97 Ac. 8787 Public.: 24/10/97).

    "Dano Moral Acidente de trnsito com morte Valor arbitrado em50 salrios mnimos Razoabilidade." (TA/PR Apelao Cvel n69132-1 Londrina Rel. Juiz Cunha Ribas).

    "Precedentes desta corte tm fixado a indenizao por dano moral,em caso de morte, em cinqenta salrios mnimos e, em caso de lesesem vinte e cinco salrios mnimos. Apelao conhecida e provida em

    parte." (TA/PR Apel. Cvel. 77494-1 Ivaipor Rel. Juiz JorgeMassad).

    Inconteste que o valor pleiteado pelas Autoras excessivo. Eventual condenaodeve limitar-se ao teto mximo de 100 salrios mnimos, sendo permitida a aplicao devalor inferior, observando-se as decises que arbitraram a indenizao em de 50 salriosmnimos, considerando a condio de vida e o conforto que a vtima podia proporcionaraos seus dependentes.

    IX - QUESTES SUPLEMENTARES

    Pelas razes anteriormente expostas inexistem verbas de natureza material oumoral devidas as Autoras. Todavia, por cautela, a Requerida aduz o seguinte:

    IX.a - TERMO A QUO EAD QUEMDA INDENIZATRIA - QUANTUMINDENIZATRIO.

    As Autoras pleitearam a fixao da indenizatria a partir do evento danoso(prestaes vencidas e vincendas). No merece prosperar igualmente pretenso desse

    jaez. Como inadmissvel o pleito de alimentos pretritos, o termo a quo da obrigaodeve ser necessariamente a data da propositura da ao.

    Nesse sentido o v. acrdo n 23.801, de lavra do Rel. Juiz Franco de Carvalho,do Egrgio Tribunal de Alada do Paran, na Apelao n 1.298/85, de Mandaguari, de

    13.05.86, com a seguinte ementa:

    "A jurisprudncia de nossos Tribunais pacfica no sentido deque a obrigao s deve ser cumprida a partir do momento em que o seucumprimento exigido pelo credor, o que, na espcie, s aconteceu coma propositura desta ao indenizatria."

    IX.b - DOS JUROS DE MORA

    Os juros somente so devidos a partir da citao, quando a Requerida ficouconstituda em mora, como assentou, em carter definitivo, o Egrgio Superior Tribunal

    de Justia (cfe. Revista do Superior Tribunal de Justia n.10, junho/90, p. 449 e 17,Janeiro/91, p.394 ).

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    IX.c - CONSTITUIO DE CAPITAL

    Resta impugnada a pretenso deduzida na exordial concernente constituio decapital para garantia do cumprimento de eventual condenao imposta na presentedemanda. Caso haja procedncia dos pedidos devero ser includos os nomes das

    Requerentes na folha de pagamento da Requerida, consoante tm entendido nossosTribunais Superiores:

    "Responsabilidade civil - Penses vincendas - Consignao emfolha de pagamento - A incluso dos beneficirios de vtima falecidaem folha de pagamento da devedora no constitui prerrogativa deempresa vinculada ao Poder Pblico, permitindo o art. 20, pargrafo 5, in fine, do CPC, que o Juiz estenda tal forma de pagamento sempresas privadas que entender idneas ." (STJ - 4 T - Resp. Rel.Barros Monteiro - f. 22.6.93, ESTJ 55/137).(In Responsabilidade Civile sua interpretao Jurisprudencial, 3 edio, Rui Stoco, RT).

    IX.d - DA VERBA HONORRIA

    A verba honorria deve ser arbitrada sobre as prestaes vencidas, mais 12 dasvincendas, conforme pacificado pelas decises do Egrgio TA/PR:

    "Responsabilidade civil Acidente de Trnsito Morte de pai defamlia Honorrios advocatcios Arbitramento em percentual sobre omontante da condenao Modificao para a incidncia do percentualadotado sobre as prestaes vencidas e doze das vincendas. Apelo

    provido parcialmente." (TA/PR Apelao Cvel 0073792600 Camb Juiz Ruy Fernando de Oliveira Sexta Cmara Cvel Julg. 22/5/95 Ac. 3908 Public. 2/6/95).

    "Responsabilidade civil Acidente de trnsito Verba honorria Fixao Nas relaes acidentrias, com fundamento no direitocomum, no se aplica o pargrafo 5, do art. 20, do CPC, para afixao dos honorrios advocatcios. Nestes casos, a verba honorriase calcula sobre a soma das prestaes vencidas, mais doze das

    prestaes vincendas (art. 260, CPC)." (TA/PR Ap. Cvel 0046834200 Cascavel Juiz conv. Munir Karan Primeira Cmara Cvel Julg.6/10/92 Ac. 3514 Public. 19/2/93).

    Improcedente, portanto, a pretenso honorria firmada na inicial.

    X - DOS REQUERIMENTOS E PEDIDOS

    Ante todo o exposto nesta pea de defesa, passa a Requerida a pleitear de VossaExcelncia sejam tomadas as seguintes providncias:

    1 - Digne-se em julgar totalmente improcedente a presente AO DEINDENIZAO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS DECORRENTE DEACIDENTE DO TRABALHO, mediante o reconhecimento da ocorrncia do eventodanoso por culpa exclusiva da vtima, condenando as Autoras aos efeitos da

    sucumbncia;

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    2 - Em sendo outro o Vosso entendimento, seja reconhecida a culpa concorrentepor parte da vtima, reduzindo em 50% (cinqenta por cento) o quantum indenizatrio;

    3 - Em sendo outro, ainda, o entendimento do Nobre Julgador, pelo princpio daeventualidade, pleiteia-se:

    3.1 - Digne-se de confirmar a impugnao ao valor da penso alimentcia,deferindo eventual condenao com base na mdia salarial apresentada no item VII.A.1,ou pelo seu salrio fixo;

    3.2 - No arbitramento do valor da indenizao pensionada seja determinado: a) dorendimento salarial base apurado seja determinado o pensionamento em apenas 2/3,admitindo-se que 1/3 correspondia ao dispndio de manuteno da prpria pessoa davtima; b) seja determinado, tambm, a reduo de 8,5%, no mnimo, a ttulo decontribuio previdenciria que a vtima estaria pagando sobre seus rendimentos, casoestivesse viva; c) seja fixado a diviso proporcional da indenizatria s Autoras,

    estabelecendo o termo "ad quem" do direito a sua percepo, face ao advento demaioridade, casamento ou morte, sem direito de acrescer a qualquer delas;

    3.3 - Apurando-se o valor determinante para o restabelecimento do "status quoante", seja imputado apenas o pagamento de eventual resduo no coberto pelaPrevidncia Social e pelo seguro privado (itens VII.D), corrigido monetariamente a

    partir da data do recebimento, de molde a evitar que o fato danoso seja utilizado comomeio de enriquecimento indevido;

    3.4 - Digne-se de determinar a iseno da Requerida do pagamento deindenizao decorrente de dano moral, quer pela ausncia de culpa, quer pelainacumulabilidade com o dano material e ilegitimidade das Autoras. Se outro for oVosso entendimento, admitindo a cumulao das indenizaes, fixar o dano moral emvalor consentneo, que no ultrapasse o equivalente a 50 salrios mnimos;

    4 - Seja oficiado ao INSS solicitando informaes sobre o pensionamentoauferido pelas Autoras;

    5 - A atualizao das verbas indenizatrias, caso fixadas com base no salriomnimo, passa a ser incompatvel com a aplicao de correo monetria, pelo que nodever ser aplicada. Os juros, no presente caso no so devidos, face a ausncia de

    pedido.Ad cautelam, requer sejam fixados apenas a partir da citao, bem como, oshonorrios advocatcios devem ser fixados, na mximo, no percentual de 10%, tendocomo base a soma dos valores das prestaes vencidas, mais doze das vincendas;

    6 - Seja deferida Requerida a produo complementar de provas, sem embargode todas as provas admitidas em direito, acentuando-se: depoimento pessoal dasAutoras, sob pena de confisso, oitiva de testemunhas, percia, vistorias e juntada

    posterior de documentos que se fizerem necessrios.

    Termos em que,

    pede deferimento.

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    Guarapuava, 10 de fevereiro de 2000.

    FULANO DE TALadvogado