Upload
angelo-sottovia
View
214
Download
0
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Suplemento produzido para a disciplina de Jornalismo Impresso II, 2011, do curso de Jornalismo da Unesp, câmpus Bauru, sob a orientação do Prof. Dr. Angelo Sottovia Aranha
Citation preview
Centenário do Corinthians 122 de agosto de 2010 Edição I
Para comemorar o centenário da existência do Corinthians - um dos times mais que-ridos do país - neste caderno especial você irá acompanhar um pouco da história do grande alvi-negro, desde sua fundação, relembrando os primeiros títulos, os primei-
ros craques e as fases mais importantes do timão.Nesta edição você acompanhará desde 1910, ano de sua fundação até em 1954, quan-
do recebe a Taça do IV Centenário de São Paulo - ao conquistar mais um estadual.
PG 07:Evolução dos Simbolos
PG 06Time dos Sonhos
PG 03 - Entrevista: Orgulho de ser Corinthiano
Escalação Campeã de 1954
Foto: Reprodução Gazeta Press
Foto: Reprodução Gazeta Press
Foto: Reprodução Luciano Guim
arãesFoto: Reprodução A
gência O G
lobo
2 22 de agosto de 2010 Centenário do Corinthians Edição I
Ficha TécnicaO maior campeão paulista de todos os tempos carrega, ao todo, quarenta e cinco títu-
los, entre eles um mundial e vinte e cinco títulos de campeão paulista
Expediente
Campeão Mundial 2000Tetracampeão Brasileiro 1990, 1998, 1999, 2005
Campeão Brasileiro - Série B 2008Bicampeão da Copa do Brasil 1995 e 2002
Campeão da Super Copa do Brasil
1991
Pentacampeão do Torneio Rio-São Paulo
1950, 1953, 1954, 1966¹ e 2002
Bicampeão da Copa dos Campeões Estaduais
1930 e 1941
25 vezes campeão do Campeonato Paulista
1914 , 1916, 1922, 1923, 1924, 1928, 1929, 1930, 1937, 1938, 1939, 1941, 1951, 1952, 1954, 1977, 1979, 1982, 1983, 1988, 1995, 1997, 1999, 2001 e 2003
Editor-chefe: Leandro CruzEditor de Imagem: Leandro Cruz Reportagem: Leandro Cruz - Lidiane Orestes - Rebeca BuenoDiagramação: Lidiane OrestesRevisão: Rebeca BuenoOrientação: Prof. Dr. Luciano Guimarães - Prof. Dr. Ângelo Sottovia
Não é todo dia que se comemora um século de existência. Quando se atinge tal marca é justo olhar pra traz e relembrar toda a trajetória dessa vida, todas as suas alegrias e tristezas; Alegrias como as glórias inesquecíveis como o primeiro campe-onato mundial inter-clubes organizado pela Fifa, três campeonatos nacionais, e a honra de ser o maior campeão paulista de to-dos os tempos; e tristezas como o jejum de mais de 20 anos sem títulos e o re-baixamento para a série B do Brasileirão em 2007.Na alegria e na tristeza, o Timão sempre esteve a seu lado a fiel torcida corin-
tiana. Estranhamente, in-clusive, foi justamente no chamado jejum (de 1955 a 1977) o período em que a torcida mais cresceu.É uma paixão das massas. Uma paixão inexplicável que faz marmanjo chorar e vovós irem ao estádio em vez de fazer almoço aos do-mingos. Uma paixão que contagia o Brasil inteiro e não só gente do estado de origem do clube a percor-rerem quilômetros para ver seus heróis em campo. É uma paixão inexplicáv-el, que passa de geração em geração (ou ás vezes é adotada por filhos de torce-dores de outros escudos) há mais de um séculos.O clube operário, do pre-
to e do branco, ganhou fama internacional e até um ou outro membro da elite acabou abraçando a bandeira do timão, como Washington Olivetto, o empresário Silvio Santos e o piloto Ayrton Senna. Esses e outros 25 milhões de brasileiros carregam no peito o brasão ideal-izado por rebolo, um dos maiores artistas plásticos brasileiros. E é para essa nação, maior que a popula-ção de diversos países que preparamos esse suple-mento especial, dividido em duas edições. Aqui o leitor corintiano vai con-hecer um pouco mais dessa bela epopéia, iniciada com o sonho de cinco rapazes
da classe operária que nem tinha camisa para jogar.É a história de Neco, de Rebolo, de Biro-biro, de Sócrates, de Rafael, de Baltazar, de Gilmar, de da Guia, de Marcial, de Almir, de Viola, de Marcelinho Carioca, de Ronaldo, de Neto, de Casagrande, de Tevez, de Dentinho, de Roger, de Felipe; de carto-las do bem como Vicente Mateus e de cartolas do mal como Dualib; de torce-dores como dona Elisa, como seu Roberto e tantos outros milhões anônimos, que vibraram e chora-ram nos últimos 100 anos, movidos por um amor que jamais nenhum clube conseguiu despertar...
UM SÉCULO DE VIDAEditorial
Títulos do Timão
Bola de Ouro 1.Edílson - 1998 2.Marcelinho Carioca - 1999 3.Tevez - 2005
Bola de Prata 1.Rivelino - 1971 2.Zé Maria - 1973 - 1977 3.Wladimir - 1974 - 1976 - 1982 4.Sócrates - 1980
5.Biro Biro - 1980 6.Édson - 1984 7.Ronaldo - 1990 - 1994 8.Marcelo - 1990 9.Neto - 1991 10.Rivaldo - 1993 11.Zé Elias - 1994 12.Marcelinho Carioca - 1994 - 1999 13.Gamarra - 1998
14.Vampeta - 1998 - 1999 15.Edílson - 1998 16.Dida - 1999 17.Ríncon - 1999 18.Fábio Luciano - 2002 19.Gil - 2002 20.Fábio Costa - 2005 21.Marcelo Mattos - 2005 22.Tevez - 2005
Prêmio Craque do Brasileirão 1.Tevez - 2005
Melhores do Campeonato 1.Fábio Costa - 2005 2.Gustavo Nery - 2005 3.Marcelo Mattos - 2005 4.Roger - 2005 5.Tevez - 2005
Melhor jogador das Américas (jornal “El Mundo”, Venezu-ela) 1.Sócrates - 1983 El País - Uruguai 1.Tevez - 2005
Jogadores e ex-jogadores corintianos, também são vence-dores do “Bola de Ouro” e “Bola de Prata”, julgados pela revista francesa France Football. Além disso, alguns joga-dores têm os títulos de “Melhor Jogador do Brasileirão” e
“Melhor Jogador das Américas”:
Craques
Foto: Mem
orial do Corinthians
Centenário do Corinthians 322 de agosto de 2010 Edição I
Orgulho de Ser CorinthianoAos 83 anos de idade, Antônio Paiero conta quando se tornou torcedor do timão e revela detal-hes do primeiro jogo do timão que
Morador de uma chá-cara entre Bragança e Atibaia, no interior de São Paulo, o Corinthi-ano roxo, conta quan-do se apaixonou pelo timão: “Eu tinha 14 anos, morava perto de São José do Rio Preto. Fui com um amigo ver o timão jogar contra o Rio Preto Sport Club. O 1º tempo estava um a um, mas no segun-do tempo aconteceu a mágica: o Corinthi-ans a fez onze a um.”
Ele lembra como se fosse ontem a escala-
ção: “Era o time de Ciro, Agostinho, Chi-co Preto, Jango, e de Teleco que fez 5 gols de cabeça naquela partida”. Quando perguntamos sobre o grande craque do timão, ele se junta a maioria e afirma: “É difícil dizer, foram vérios... Servilho, “o Bailarino”; Rivelino; Cláudio; Luizinho...”
“Ser campeão em cima do palmeiras é sempre bom...” É assim que ele começa sua fala quando o assunto é o
título de 19544. “Era o time de Olavo; Al-lan; Roberto. Baltazar marcou de cabeça.”
O Sr. Antônio recorda-se das canas quando dona Elisa - cozinhei-ra, torcedora símbolo
do timão - entrava em campo antes das p a r t i d a s : “todo mun-do aplau-dia a vel-hinha. Até a torcida adversária, admirada do amor pelo seu c l u b e . ”
“ D u r a n t e o jejum de 54 a 77 foi o momen-to mais
triste da história, mas mesmo assim jamais pensei em abando-nar o clube, eu ficava triste, a turma caçoa-va muito da gente, chamava o Corinthi-ans de Arroz brejeiro, que cresce, cresce e no fim não gora nada”
E, Sr. Antônio, o que mais o marcou no timão? “Foi ganhar do Fiorino da Itália, todos os times do Rio e de São Paulo tinham perdido para o clube em sua turnê pelo Bra-sil em 1947... Mas o Corinthians mostrou quem mandava com a vitória por dois a um. Para mim, ser corin-thiano é uma religião. É amor sem limites, na alegria e na tristeza.”
Elisa, uma das maiores torce-doras do timão.
Foto: Reprodução Luciano Guim
arães
Por Leandro Crux
4 22 de agosto de 2010 Centenário do Corinthians Edição I
à luz do Lampião A Origem operária do Corinthians
Por Lidiane Orestes
Ainda elitizado na épo-ca, o futebol já começava a dar sinais do que viria a se transformar na paixão nacional. Em 31 de agosto de 1910, o time inglês Co-rinthian Casuals Football Club veio fazer amistosos no Brasil, a destreza des-tes ingleses com a bola era tão grande, que cinco ope-rários do bom retiro não tiveram dúvida, batizaram a associação por eles idea-lizada com o mesmo nome.
Á luz de um lampião, em 01 de Setembro de 1910, exata-mente cem anos atrás, sur-gia um dos times mais que-ridos do mundo: um grupo de operários teve a idéia de lançar o seu próprio time de futebol, afinal, os existentes na época eram elitizados demais, e o povo não que-
ria mais isso, todos queriam um time que realmente os representasse, daí então surge o primeiro time de origem proletária do país.Dois pintores (Joaquim Am-brósio e Antônio Pereira), um sapateiro (Rafael Per-rone), um motorista (An-selmo Correia) e um traba-lhador braçal (Carlos Silva) tinham a idéia e a garra, mas lhes faltava o dinheiro, foi então, que se juntou a eles Miguel Bataglia, um alfaia-te talentoso que financiou a idéia, e se tornou o primeiro presidente do Corinthian.
Os cinco fundadores, mais oito amigos formaram a primeira escalação do clu-be que arrebatando cada vez mais as graças do povo, teve por estes seu nome, as-sim digamos, “elaborado”. A torcida e a imprensa co-meçam a se apropriar do “s”
vindo da expressão inglesa “Corinthian´s team” (Time do Corinto) daí versão tu-piniquim ganha com toda graça uma letra a mais, ago-ra falamos do Corinthians.
Quatro anos após sua fun-dação o clube conquista o Campeonato Paulista, o que abrilhanta seu currícu-lo como o primeiro título, e
primeiro título invicto, na-quele ano o clube não per-deu uma partida sequer, Sebastião, Fúlvio, Casimi-ro II, Police, Bianco, César, Américo, Peres, Amílcar, Aparício, Neco, entre ou-tros, estavam imbatíveis.
O que não se pode negar é que desde a sua fundação o Corinthians representa-va o time dos operários, do povo, daí seu grande e rá-pido crescimento entre os torcedores. Olivetto e Bei-rão, “corinthianos-roxo” se gabam em ostentar a histó-ria com detalhes impossí-veis de se apurar: “Aqueles operários eram tinhosos, conspiradores, viviam agi-tando uma greve aqui e acolá. Anarquistas, graças a Deus. A greve geral de 1917, que parou a cidade, foi instigada por eles. Só terminou quando os pa-trões, num rasgo de sensi-bilidade, avisaram que da-quele dia em diante iriam juntar aos salários tíquetes de graça para as partidas do já então Corinthians”
“Coincidência bonita: 1910 foi o ano do cometa Halley. Lá no fundo do meu arquivo de vozes, ainda ouço o eco de alguma tia-avô dizendo: a cauda brilhava no céu todo: era noite, mas parecia dia. (...) O cometa Halley foi a segunda coisa mais bonita que aconteceu naquele ano distante de 1910, (...). A primeira coisa mais bonita
foi o Corinthian – assim mesmo, sem o “s” final.”
É assim que Washington Olivetto e Nirlando Beirão iniciam o capitulo sobre a fundação do time no delicioso livro “Corinthians: é preto no branco”. Certamente, pra falar sobre a origem de um dos mais importantes
clubes brasileiros é mesmo preciso recorrer aos recursos literários para tentar dar conta do que essa história representa para seus torcedores. Não se trata do surgimento de qualquer outro time, para a torcida alvinegra
Corinthian Casuals Football Club - Time Inglês em
Uma das formações do Corinthians na década de 50. Em pé: Idário, Alan, Valentino, Julião, Homero e Valmir. Agachados: Cláudio, Rafael, Baltazar, Paulo Pedra e Jansen.
Foto:http://ww
w.m
afiapower.net
Foto: Reprodução Ignácio Ferreira
Centenário do Corinthians 522 de agosto de 2010 Edição I
Inicio promissorPrimeiros títulos e ídolos alvinegros
Por Lidiane Orestes
Logo os torcedores perceberam que tinham do que se orgulhar. Com muita raça e apenas dez dias após a fundação do time, o co-rinthians que jogando fora de casa já cogitava perder de goleada pro mais expe-riente - e respeitado time de várzea - União da Lapa, le-vou apenas um gol no jogo de estréia, perdeu, mas já mostrava que não estava ali de brincadeiras. Poucos dias depois, quatro pra pre-zer pela exatidão, o timão faz 2 a 0 em cima do Estre-la Polar, e Luís Fabi entra pra história como o autor do primeiro gol do Corin-thians.Começou a sorte de principiante? Não se pode
dizer isso do timão. Os dois primei-ros anos foi uma maravi-lha, talvez pela garra e von-tade daqueles fundadores, a invencibilidade do timão naquela época era de se in-vejar, assim com a boa maré e a torcida cada vez maior, o timão brigou por uma vaga no Campeonato Pau-lista. Para conseguir entrar na disputa, a Liga Paulista promoveu uma eliminató-ria, e o time estava imbatí-vel, foram duas vitórias em dois jogos, primeiro, 1 a 0 em cima do Minas Gerais, depois 4 a 0 no São Pau-lo do Bexiga, estava assim consagrada a primeira par-ticipação do Corinthians no campeonato paulista.
O time ainda era novo, ti-nha muito o que aprender, mas já na primeira vez ter-minou em quarto no pau-listão, mas lendária mesmo foi a segunda participação do alvinegro no campeo-nato em 1914, foi o primei-ro título, e melhor ainda: imbatível. Os adversários não tinham chance, foram dez vitórias em dez jogos, 39 gols. Com tanta golea-da, é claro que o artilheiro daquela competição tinha que ser corinthiano, quem levou a primeira homena-gem foi Neco, com 12 gols.
Em 1919 o Corinthians con-quista o primeiro título in-ternacional: O Campeonato Sul-Americano, e como a boa maré ainda continuava firme, também levou o Tor-neio Início Paulista em sua primeira edição, promovi-da pela AA das Palmeiras. Comemorando a Indepen-dência do Brasil, o vence-dor do campeonato estadu-al de 1922 levaria pra casa a taça do Centenário da In-dependência, e foi batata, o Corinthians pra provar suas aspirações populares, arrebatou mais essa. O time campeão era: Mário, Del Debbio e Rafael, Gelindo, Amílcar e Ciasca; Peres, Neco, Gambarotta, Tatu e Rodrigues, que venceu 14 das 18 partidas disputadas.Washington Olivetto afirma ter conhecido um dos mais importantes jogadores do Timão: “Até que comecei a me aproximar mais de “Seu” Neco e ouvi dele coi-sas assombrosas. Uma vez, disse: ‘fui o melhor de to-dos. Melhor do que o Frie-denreich, melhor do que o Leônidas da Silva... Melhor que qualquer um que disse-rem por aí. Só tem um que é melhor do que eu. Esse me-nino aí, o Pelé- esse é me-lhor. Era 1960,e o Pelé ainda não tinha 20 anos. Mas, por mais orgulho que tivesse de suas prórpias façanhas,
“Seu” Neco não era de mentir.” “Seu” Neco, Ma-nuel Nunes, é considerado o primeiro craque do Corin-thians, jogou apenas no Co-rinthians, de 1911 até 1930.
Quarenta anos depois de sua fundação, em 1950 – ano da copa no Brasil – o timão levou pela primeira vez o torneio Rio-São Pau-lo. Em 1951, sua tropa de frente composta por Car-bone, Claudio, Luisinho, Baltasar e Mário fez 103 gols em 28 jogos, levando mais uma vez o campeo-nato Paulista – agora com destaque para Carbone, artilheiro com 30 gols. O Corinthians estava demais, em 1952 leva novamente o Paulistão, e começava a acumular campeonatos: Em 1953 conquista de novo o torneio Rio-São Paulo – bi-campeonato – e em 1954 recebe a Taça do IV Cente-nário de São Paulo ao con-quistar mais um estadual.
Equipe do Corinthians campeã da Taça do IV Cententário, no ano de 1954
Neco
O goleiro Gilmar, um dos gran-des ídolos do Timão nos anos 50, disputou mais de 500 jogos pelo
Corinthians, teve fases boas e ruins no clube. Chegou em 1951, vindo do Jabaquara, e logo barrou o titular absoluto Cabeção. Um dia Gilmar chegou a ser acusa-do de corpo mole, após goleada
sofrida pela portuguesa de 7 a 3, em 1951.Mas superou as críticas e entrou para a história como o
maior arqueiro corintiano.
Foto: Reprodução Acervo Francisco Trindade
Foto: Reprodução Acervo Francisco Trindade
Foto: Reprodução Acervo Francisco Trindade
6 22 de agosto de 2010 Centenário do Corinthians Edição I
Time dos sonhosVocê, torcedor, foi quem escolheu: Durante os ultimos 6 meses, colocamos em votação no site do jornal para a eleição dos melhores jogadores de todos os tempos do timão, e o resultado, a escalação dos sonhos, você confere agora:
Por Rebeca Bueno
Que Corinthians e Pal-meiras são rivais eternos todos sabem, mas como essa rivalidade tão sur-giu? Quais as consequên-cias dessa competitividade?O Corinthian Sport Club Paulista (o “s” de Corin-thians foi acrescentado pela imprensa)foi fundado em 1910 pela iniciativa de um grupo de operários do bairro do Bom Retiro, em São Pau-lo. Até então, futebol profis-sional era coisa das elites. No time e na torcida podiam entrar imigrantes de todas as nacionalidades, árabes, judeus, japoneses, italia-nos; migrantes de todas as partes do país e até negros. Sim, em São Paulo o time dos operários foi o primeiro a aceitar afro-descendentes.Em 1914, parte dos italianos, por sua vez, por motivos não conhecidos (a quem diga que por puro racismo) deixou o clube para fundar outro ape-
nas com sócios da colônia italiana, o Palestra Itália, atu-al Palmeiras. Essa é apenas uma versão, a mais popular do início da rivalidade en-tre Corinthians e Palmeiras. Os anos se passaram e essa rivalidade só aumentou, ao ponto de os corintianos cha-marem os palmeirenses de “porcos” e estes chamares os alvinegros de “gambás”. A rivalidade no campo co-meçou mesmo em 6 de maio de 1917, na primeira partida entre Corinthians e Palestra Itália no Parque Antarctica. Qual dos dois foi o vence-dor do jogo? O Palestra Itá-lia, infelizmente. E foi a par-tir daquela primeira derrota corintiana, que a rivalidade entre os dois times se tor-nou símbolo da competiti-vidade no futebol paulista. Apesar daquela derrota, o poderoso “Timão”, que na-quela época ainda não re-cebia este apelido, já estava consagrado e vinha lutando para jogar nos campeona-
tos de elite do estado de São Paulo, pois havia levado a taça de campeão do Cam-peonato Paulista de 1914.Entre os grandes feitos do Corinthians, está o maior tempo de invisibilidade do time do Parque São Jorge so-bre o Palmeiras, um tabu de sete anos sem derrotas para os “Porcos”, de 1951 a 1958. Com o passar dos anos, a ri-validade entre os dois times só aumentou, ainda mais com a participação efetiva das torcidas de ambos os clubes. Exemplo disso foi a final do Campeonato Pau-lista de 1999. O Corinthians se vingou com as famosas embaixadinhas do craque daquele time, Edilson. No segundo tempo da partida, o Corinthians que perdia do Palmeiras por 2 gols a 1, empatou com um gol de Edilson, e como o “Timão” já havia ganhado a primeira partida da final por 3 gols a 0, um empate no segundo jogo, lhe garantia o título.
Logo após o empate, Edílson resolveu “brincar” com os adversários e fez embaixa-dinhas para provocá-los. Os jogadores palmeirenses não gostaram nada e foi aí que a confusão começou. Todos os corintianos se lembram da famosa cena do chute de Edilson em Paulo Nunes. A confusão foi tanta que o ár-bitro, Paulo César de Olivei-ra teve de encerrar a partida antecipadamente e o Coti-nhians levava o seu vigési-mo terceiro título paulista.Até hoje o Corinthians é o maior campeão pau-lista de todos os tempos
CORINTHIANS X PALMEIRAS A eterna rivalidade entre os times de maior torcida de São Paulo
Quem ficou mais tempo invicto?
Corinthians - 10 jogosDe 26/12/1948 à 24/03/1951
Corinthians - 10 jogos De 06/07/1952 a 21/07/1954
Palmeiras - 08 jogos De 28/09/1997 à 17/03/1999
Palmeiras - 07 jogos De 15/03/1970 à 11/04/1970
Foto: http://calsavara.files.word-
press.com
Centenário do Corinthians 722 de agosto de 2010 Edição IS
imbolos
F o i Miguel Bataglia, o primeiro presi-dente do timão e alfaiate de mão cheia quem ide-alizou o primei-ro uniforme do clube: camisa cor creme com listrar pretas, realmente muito elegante; só não cotavam que com algumas poucas lavadas a cor creme desbo-tava. Pra resolver o impasse ficou decidido: muda-ram o uniforme pro preto e branco.
Muitas mudanças ocorreram de lá pra cá e por di-versas motivações: utilização de tecidos mais mo-dernos, troca de patrocinadores, mas sem dúvi-das, um dos uniformes que mais agradou a torcida foi o irreverente terceiro uniforme roxo lançado no inicio de 2008, é isso mesmo, roxo. O vice-pre-sidente de marketing do Corinthians, Luiz Pau-lo Rosemberg explicou: “Branco e preto é a nossa eterna tradição, mas o roxo é a cor da nossa pai-xão. Daqui pra frente, falou roxo, falou Timão”
Não apenas o uniforme, mas o bra-são do Corinthians também foi se atualizando com o passar do tempo. No período enquanto o timão ainda jogava na várzea de 1910 até 1913, os uniformes não tinham o símbolo, o primeiro brasão do time (figura 1) foi desenvolvido às pressas para a dispu-ta da vaga na liga paulista, em 1913, com as iniciais do nome do clube, C e P sobrepostas. O símbolo improvi-sado permaneceu até 1914 quando Hermógenes Barbuy (irmão do gran-de craque Amilcar) aprimorou o sím-bolo: dentro de um brasão, adicio-nou o S de “Sport” e considerou o C para “Club” e Corinthians (figura 2). Em 1916 e 1918 o símbolo varia no
formato (figuras 3 e 4), e é só em 1919 que o brasão se aproxima do atual: formado por um circulo ne-gro, com o nome completo e a data da fundação em branco, e a ban-deira paulista sem as treze listras.Em 1930 surgem a âncora e os re-mos vermelhos que se referem aos esportes náuticos praticados no clu-be (figura 5), a arte final é de Fran-cisco Rebolo Gonsales, ex-jogador do segundo quadro em 1922. A partir de então, o símbolo sofreu poucas alterações, como a descri-ção fiel da bandeira paulista com as treze listras. Concluindo a evo-lução, chegamos no escudo atual, com uma pequena borda ao redor.
O mosqueteiro, símbolo oficial do timão, sur-giu em 1913, quando houve uma cisão en-tre os clubes, que os levou
a criar a Associação Paulista de Esportes Atléti-cos, a principio, só havia três times na Liga Pau-lista: o Americano, o Germania e o Internacional, que eram conhecidos como “os três mosqueteiros”, com a entrada do Corinthians na liga, o time fica passa a ser o quarto mosqueteiro, o “D’Artagnan”, como no romance do francês Alexandre Dumas.
Fig.
1 -
1913
Fig.
2 -
1914
Fig.
3 -
1916
Fig.
4 -
1918
Fig.
5 -
1930
Por Leandro Crux
Foto: http://calsavara.files.wordpress.com
Foto:http://ww
w.m
afiapower.net
8 22 de agosto de 2010 Centenário do Corinthians Edição I
CAMPEÃO DO CENTENÁRIO O Corinthians conquistou o tão disputado título do Campeonato Paulista do Cente-
nário de 1914 em vitória sob o Palmeiras
Festa no Morumbi: Após 23 anos sem títulos, Corinthians conquista o Campeonato Paulista de 1977
Foto: Gazeta Press
Foto: Mem
orial do Corinthians
Em meio ao autoritarismo do fute-bol e da diradura militar, o Timão já deslumbrava uma democracia
Em 1976, cerca de 70 mil corintianos invadem o Maracanã nas semifinais do Campeoanto Brasileiro
Foto: Mem
orial do Corinthians
Por Rebeca Bueno
Pacaembu lotado, final de campeonato, seis de feve-reiro de 1955. Era o ano do IV Centenário de São Pau-lo, motivo pelo qual, todos os clubes queriam ganhar aquele Campeonato Paulis-ta de Futebol de 1954, mas os dois times chegam à final foram Corinthians e Pal-meiras. A cidade estava al-voroçada para acompanhar a partida do Centenário.Aos nove minutos do pri-meiro tempo, o Corinthians sai na frente com um gol de Luizinho, como narrou Pedro Luiz para a rádio Pa-namericana de São Paulo:
“Vai ser executado o arre-messo por Cláudio. Movi-mentou o coro. Deu a Rafael.
Rafael atrasando para o pon-teiro. Pode centrar até com perigo. Ergueu para a boca do gol. Fechou todo mundo. Cabeceou, e é Gooooooool! Gol de Luizinho para o Co-rinthians, fazendo delirar a torcida corintiana que se movimenta em massa nas dependências do Estádio Municipal do Pacaembu. Um para o Corinthians, zero para o Palmeiras”.
No segundo tempo, o Pal-meiras empata a partida aos seis minutos de jogo com um gol de Nei, e a partida fica ainda mais dramática para as duas torcidas que lotavam o Pacaembu. Mas o juiz, Esteban Marino api-ta o final do jogo, e o Corin-thians que precisava apenas
de um empate recebeu a taça de Campeão do Cam-peonato Paulista do Cente-nário de São Paulo em 1954.O jogador corintiano, Gil-mar falou sobre o jogo:
“Seria uma decisão como outra qualquer, mas com a diferença de que essa valia o título do Centenário de São Paulo. O Corinthians ti-nha a vantagem do empate, mas encontrou um adver-sário difícil. O jogo foi duro e bastante disputado. Logo no início fizemos 1 a 0. De-pois, o Palmeiras reagiu e empatou. A partir daí, segu-ramos o resultado e fomos campeões. Todos queriam esse título, pois quem ga-nhasse ficaria com a glória para os cem anos seguintes.”
Depois disso, o Corinthians iniciou uma fase de jejum de Campeonato Paulista que durou vinte e três anos. Fase essa, em que a torcida corintiana ficou conhecida como a “Fiel”, e só terminou com uma nova vitória no Paulista em 13 de outubro de 1977, sob o comando do técnico, Osvaldo Brandão, o mesmo do time de 1954. A vitória foi sob a Ponte Preta, no estádio do Morumbi em São Paulo, com cerca de 147 mil torcedores presentes.
Confira na próxima edi-ção o Corinthians depois de 1954, suas derrotas, vi-tórias e sua consagração como time de maior torci-da do estado de São Paulo.
NÃO PERCA:
NA PRÓXIMA EDIÇÃO
Foto: Mem
orial do Corinthians