1. CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL 9 EDIO (LEGISLAO E
JURISPRUDNCIA REFERIDAS E QUESTIONRIO) Captulo 1 NOES INTRODUTRIAS
Questes: 1. Aps um bem-sucedido golpe de estado, uma faco de
militantes contrrios ao governo anteriormente estabelecido tomou a
administrao daquele pas. Da em diante, passa a legislar sob a
ideologia a que esto filiados. Ser necessrio que este novo governo
reedite normas sobre todas as esferas da vida privada? As normas
anteriormente vigentes, com o golpe, ficam automaticamente
revogadas? 2. Suponha que em certo Estado da Federao se haja
formado o costume de se convocar o Presidente do Tribunal de Justia
para substituir o Governador, quando o Vice-Governador tambm se
encontra impedido. A Constituio Federal, porm, prev um sistema
diferente, pelo qual, antes do Presidente do Tribunal de Justia,
deve ser chamado o Presidente da Assembleia Legislativa para a
governadoria do Estado. O costume nesse Estado, porm, antigo, vem
sendo observado desde antes da vigncia da Constituio de 1988 sem
nunca motivar crtica ou resistncia de autoridades estaduais. Nessas
circunstncias, pode-se considerar vlido o sistema adotado nesse
Estado? 3. Diversas emendas constitucionais ao texto de 1988
alteraram as Disposies Transitrias. Pergunta-se, pois, se estas so
normas cujo escopo principal regular o perodo de transio entre as
duas ordens constitucionais subsequentes, seria vlida a alterao
mesmo aps a mudana completa do regime? 4. Diz a smula 400-STF que a
deciso que deu razovel interpretao lei, ainda que no seja a melhor,
no autoriza recurso extraordinrio pela letra a do art. 101, III, da
Constituio Federal. Neste sentido, poder-se-ia dizer que se uma
determinada demanda foi decidida fundamentadamente, mesmo que em
confronto com a jurisprudncia dominante, no se abre a instncia
extraordinria parte vencida? 5. Comente a seguinte assertiva: a
supremacia do Parlamento no se concilia com a ideia de supremacia
da Constituio.
2. Captulo 2 PODER CONSTITUINTE Acrdos: HC 74675 / PA PAR
HABEAS CORPUS Relator(a): Min. SYDNEY SANCHES Julgamento:
04/02/1997 rgo Julgador: Primeira Turma Publicao: DJ 04-04-1997
PP-10523 EMENT VOL-01863-03 PP-00474 EMENTA: DIREITO
CONSTITUCIONAL, PENAL E PROCESSUAL PENAL. AO PENAL CONTRA PREFEITO
MUNICIPAL: DECRETO-LEI N 201/67: RECEPO PELA CONSTITUIO DE 1988.
COMPETNCIA ORIGINRIA. PRESCRIO. PRAZOS DO MINISTRIO PBLICO E DO
TRIBUNAL DE CONTAS. PROVAS. HABEAS CORPUS. 1. A competncia para o
julgamento criminal de ex-Prefeito, por fatos ocorridos durante o
exerccio do mandato, do Tribunal de Justia do Estado, como
prescreve o inciso X do art. 29 da Constituio Federal, revogado,
assim, nesse ponto, o art. 2 do Decreto-Lei n 201/67, que atribua
competncia ao Juzo singular. 2. A extino da punibilidade, pela
prescrio, ainda no ocorreu, ao menos com relao aos delitos apenados
mais gravemente, no havendo, ademais, nos autos, elementos
informativos seguros sobre a caracterizao desse fato extintivo, com
relao aos delitos menos graves, o que ainda pode ser objeto de
considerao pelo Tribunal de Justia. 3. Embora a Constituio de 1988
no inclua o Decreto-Lei como forma de processo legislativo, nem por
isso revogou o Decreto-Lei n 201, de 27.02.1967, que regula a
responsabilidade penal dos Prefeitos e Vereadores. 4. O atraso na
elaborao de parecer pelo Tribunal de Contas dos Municpios e na
apresentao da denncia pelo Ministrio Pblico no implica
necessariamente o trancamento desta. 5. Quanto caracterizao, ou no,
dos crimes imputados ao paciente, trata-se de matria dependente de
provas, que ainda esto sendo produzidas perante o Tribunal
competente, no podendo o S.T.F. antecipar julgamento a respeito. 6.
H.C indeferido. Deciso unnime.
3. ADI 2 / DF DISTRITO FEDERAL AO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE Relator(a): Min. PAULO BROSSARD Julgamento:
06/02/1992 rgo Julgador: Tribunal Pleno Publicao: DJ 21-11-1997
PP-60585 EMENT VOL-01892-01 PP-00001 EMENTA: CONSTITUIO. LEI
ANTERIOR QUE A CONTRARIE. REVOGAO. INCONSTITUCIONALIDADE
SUPERVENIENTE. IMPOSSIBILIDADE. 1. A lei ou constitucional ou no
lei. Lei inconstitucional uma contradio em si. A lei constitucional
quando fiel Constituio; inconstitucional na medida em que a
desrespeita, dispondo sobre o que lhe era vedado. O vcio da
inconstitucionalidade congnito lei e h de ser apurado em face da
Constituio vigente ao tempo de sua elaborao. Lei anterior no pode
ser inconstitucional em relao Constituio superveniente; nem o
legislador poderia infringir Constituio futura. A Constituio
sobrevinda no torna inconstitucionais leis anteriores com ela
conflitantes: revoga-as. Pelo fato de ser superior, a Constituio no
deixa de produzir efeitos revogatrios. Seria ilgico que a lei
fundamental, por ser suprema, no revogasse, ao ser promulgada, leis
ordinrias. A lei maior valeria menos que a lei ordinria. 2.
Reafirmao da antiga jurisprudncia do STF, mais que cinquentenria.
3. Ao direta de que se no conhece por impossibilidade jurdica do
pedido.
4. AI 386820 AgR-ED-EDv-AgR-ED / RS RIO GRANDE DO SUL
EMB.DECL.NO AG.REG.NOS EMB.DIV.NOS EMB.DECL.NO AG.REG.NO AGRAVO DE
INSTRUMENTO Relator(a): Min. CELSO DE MELLO Julgamento: 24/06/2004
rgo Julgador: Tribunal Pleno Publicao: DJ 04-02-2005 PP-00007 EMENT
VOL-02178-03 PP-00544 RDDP n. 26, 2005, p. 160-171 RTJ VOL-00193-03
PP-01103 EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAO INOCORRNCIA DE CONTRADIO,
OBSCURIDADE OU OMISSO PRETENDIDO REEXAME DA CAUSA EMBARGOS DE
DECLARAO REVESTIDOS DE CARTER INFRINGENTE INADMISSIBILIDADE INOVAO
TEMTICA IMPROPRIAMENTE SUSCITADA EM SEDE DE EMBARGOS DE DECLARAO
INVIABILIDADE PRETENDIDO RECONHECIMENTO DE QUE O ART. 119, 3, C, DA
CARTA FEDERAL DE 1969 TERIA SUBSISTIDO EM FACE DA NOVA CONSTITUIO
DA REPBLICA (1988) RECEPO INEXISTENTE MATRIA J APRECIADA PELO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL CARACTERIZAO DO INTUITO PROCRASTINATRIO
DOS EMBARGOS DE DECLARAO ABUSO DO DIREITO DE RECORRER MULTA EXECUO
IMEDIATA DA DECISO, INDEPENDENTEMENTE DA PUBLICAO DO RESPECTIVO
ACRDO POSSIBILIDADE EMBARGOS DE DECLARAO REJEITADOS. A QUESTO
PERTINENTE S RELAES JURDICAS ENTRE UMA NOVA CONSTITUIO E A ANTERIOR
CONSTITUIO POR ELA REVOGADA: REVOGAO GLOBAL E SISTMICA DA ORDEM
CONSTITUCIONAL PRECEDENTE. A vigncia e a eficcia de uma nova
Constituio implicam a supresso da existncia, a perda de validade e
a cessao de eficcia da anterior Constituio por ela revogada,
operando-se, em tal situao, uma hiptese de revogao global ou
sistmica do ordenamento constitucional precedente, no cabendo, por
isso mesmo, indagar-se, por imprprio, da compatibilidade, ou no,
para efeito de recepo, de quaisquer preceitos constantes da Carta
Poltica anterior, ainda que materialmente no conflitantes com a
ordem constitucional originria superveniente. que consoante
expressiva advertncia do magistrio doutrinrio (CARLOS AYRES BRITTO,
Teoria da Constituio, p. 106, 2003, Forense) Nada sobrevive ao novo
Texto Magno, dada a impossibilidade de convvio entre duas ordens
constitucionais originrias (cada qual representando uma ideia
prpria de Direito e refletindo uma particular concepo
poltico-ideolgica de mundo), exceto se a nova Constituio, mediante
processo de recepo material (que muito mais traduz verdadeira novao
de carter jurdico-normativo), conferir vigncia parcial e eficcia
temporal limitada a determinados preceitos constitucionais
inscritos na Lei Fundamental revogada, semelhana do que fez o art.
34, caput, do ADCT/88. O Supremo Tribunal Federal, em virtude da
revogao global da Carta Poltica de 1969 (a includo, portanto, o seu
art. 119, 3, c), no mais dispe de competncia normativa primria
para, em sede meramente regimental, formular
5. normas de direito processual concernentes ao processo e
julgamento dos feitos de sua competncia originria ou recursal,
pois, com a supervenincia da nova Constituio republicana,
devolveu-se, em sua inteireza, ao Congresso Nacional, o poder de
legislar sobre matria processual, mesmo tratando-se de causas
sujeitas jurisdio da Suprema Corte. Consequente legitimidade
constitucional da Lei n 8.950/94, que, ao reformular o art. 546 do
CPC, restringiu a utilizao dos embargos de divergncia hiptese em
que o acrdo embargado resultar de julgamento proferido em sede de
recurso extraordinrio (CPC, art. 546, II). A FUNO
JURDICO-PROCESSUAL DOS EMBARGOS DE DECLARAO. Os embargos de
declarao, quando regularmente utilizados, destinam-se,
precipuamente, a desfazer obscuridades, a afastar contradies e a
suprir omisses que se registrem, eventualmente, no acrdo proferido
pelo Tribunal. Os embargos declaratrios, no entanto, revelam-se
incabveis, quando a parte recorrente a pretexto de esclarecer uma
inexistente situao de obscuridade, omisso ou contradio vem a
utiliz-los com o objetivo de infringir o julgado e de viabilizar,
assim, um indevido reexame da causa, com evidente subverso e desvio
da funo jurdico-processual para que se acha especificamente
vocacionada essa modalidade de recurso. Precedentes. MULTA E ABUSO
DO DIREITO DE RECORRER. O abuso do direito de recorrer por
qualificar-se como prtica incompatvel com o postulado tico-jurdico
da lealdade processual constitui ato de litigncia maliciosa
repelido pelo ordenamento positivo, especialmente nos casos em que
a parte interpe recurso com intuito evidentemente protelatrio,
hiptese em que se legitimar a imposio de multa. A multa a que se
refere o art. 538, pargrafo nico, do CPC possui inquestionvel funo
inibitria, eis que visa a impedir o abuso processual e a obstar o
exerccio irresponsvel do direito de recorrer, neutralizando, dessa
maneira, a atuao censurvel do improbus litigator. Precedentes.
UTILIZAO ABUSIVA DOS EMBARGOS DE DECLARAO. POSSIBILIDADE DE
IMEDIATA EXECUO DA DECISO EMANADA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E
DAQUELAS PROFERIDAS PELAS INSTNCIAS DE JURISDIO INFERIOR. A
utilizao procrastinatria das espcies recursais por constituir fim
ilcito que desqualifica o comportamento processual da parte
recorrente autoriza o imediato cumprimento, no s das decises
proferidas pelas instncias de jurisdio inferior, mas daquelas
emanadas do Supremo Tribunal Federal, independentemente da publicao
do acrdo consubstanciador do julgamento, por esta Suprema Corte,
dos embargos de declarao rejeitados em virtude de seu carter
protelatrio. Precedentes.
6. AI 235800 AgR / RS RIO GRANDE DO SUL AG.REG.NO AGRAVO DE
INSTRUMENTO Relator(a): Min. MOREIRA ALVES Julgamento: 25/05/1999
rgo Julgador: Primeira Turma Publicao: DJ 25-06-1999 PP-00016 EMENT
VOL-01956-13 PP-02660 EMENTA: Agravo regimental. No tem razo o
agravante. A recepo de lei ordinria como lei complementar pela
Constituio posterior a ela s ocorre com relao aos seus dispositivos
em vigor quando da promulgao desta, no havendo que pretender-se a
ocorrncia de efeito repristinatrio, porque o nosso sistema jurdico,
salvo disposio em contrrio, no admite a repristinao (artigo 2, 3,
da Lei de Introduo ao Cdigo Civil). Agravo a que se nega
provimento.
7. RE 148754 / RJ RIO DE JANEIRO RECURSO EXTRAORDINRIO
Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO Relator(a) p/ Acrdo: Min. FRANCISCO
REZEK Julgamento: 24/06/1993 rgo Julgador: Tribunal Pleno Publicao:
DJ 04-03-1994 PP-03290 EMENT VOL-01735-02 PP-00175 RTJ VOL-00150-03
PP-00888 EMENTA: CONSTITUCIONAL. ART. 55-II DA CARTA ANTERIOR.
CONTRIBUIO PARA O PIS. DECRETOS-LEIS 2.445 E 2.449, DE 1988.
INCONSTITUCIONALIDADE. I CONTRIBUIO PARA O PIS: SUA ESTRANEIDADE AO
DOMNIO DOS TRIBUTOS E MESMO AQUELE, MAIS LARGO, DAS FINANAS
PBLICAS. ENTENDIMENTO, PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, DA EC N 8/77
(RTJ 120/1190). II TRATO POR MEIO DE DECRETO-LEI: IMPOSSIBILIDADE
ANTE A RESERVA QUALIFICADA DAS MATRIAS QUE AUTORIZAVAM A UTILIZAO
DESSE INSTRUMENTO NORMATIVO (ART. 55 DA CONSTITUIO DE 1969).
INCONSTITUCIONALIDADE DOS DECRETOS-LEIS 2.445 E 2.449, DE 1988, QUE
PRETENDERAM ALTERAR A SISTEMTICA DA CONTRIBUIO PARA O PIS.
8. RE 74284 / SP SO PAULO RECURSO EXTRAORDINRIO Relator(a):
Min. THOMPSON FLORES Julgamento: 28/03/1973 rgo Julgador: TRIBUNAL
PLENO EMENTA: MAGISTRADO. APOSENTADORIA. PROVENTOS. DIREITO
ADQUIRIDO. II. SE O DIREITO DE INATIVAR-SE FOI ADQUIRIDO PELO
SERVIDOR NOS TERMOS DO ART. 177, PAR. 1 DA CONSTITUIO DE 1967, O
FATO DE VIR A APOSENTAR-SE QUANDO EM VIGOR A CARTA DE 1969 (EMENDA
N.1), EM HOMENAGEM A GARANTIA ESTATUIDA EM SEU ART. 153, PAR. 3, NO
SE LHE APLICOU A RESTRIO IMPOSTA NO PAR. 2 DO ART. 102. MOTIVAO.
PRECEDENTES DO S.T.F. III. RECURSO EXTRAORDINRIO NO CONHECIDO.
9. RE 94414 / SP SO PAULO RECURSO EXTRAORDINRIO Relator(a):
Min. MOREIRA ALVES Julgamento: 13/02/1985 rgo Julgador: Tribunal
Pleno Publicao: DJ 19-04-1985 PP-05456 EMENT VOL-01374-02 PP-00217
RTJ VOL-00114-01 PP-00237 EMENTA: MAGISTRADO. INCIDNCIA IMEDIATA DA
PROIBIO CONTIDA NO ARTIGO 114, I, DA CONSTITUIO FEDERAL NA REDAO
DADA PELA EMENDA CONSTITUCIONAL N. 7/77. NO H DIREITO ADQUIRIDO
CONTRA TEXTO CONSTITUCIONAL, RESULTE ELE DO PODER CONSTITUINTE
ORIGINRIO, OU DO PODER CONSTITUINTE DERIVADO. PRECEDENTES DO S.T.F.
RECURSO EXTRAORDINRIO CONHECIDO E PROVIDO.
10. RE 140499 / GO GOIS RECURSO EXTRAORDINRIO Relator(a): Min.
MOREIRA ALVES Julgamento: 12/04/1994 rgo Julgador: PRIMEIRA TURMA
Publicao: DJ 09-09-1994 PP-23444 EMENT VOL-01757-03 PP-00443
EMENTA: Penses especiais vinculadas a salrio mnimo. Aplicao
imediata a elas da vedao da parte final do inciso IV do artigo 7 da
Constituio de 1988. J se firmou a jurisprudncia desta Corte no
sentido de que os dispositivos constitucionais tm vigncia imediata,
alcanando os efeitos futuros de fatos passados (retroatividade
mnima). Salvo disposio expressa em contrario e a Constituio pode
faz-lo , eles no alcanam os fatos consumados no passado nem as
prestaes anteriormente vencidas e no pagas (retroatividades mxima e
mdia). Recurso extraordinrio conhecido e provido.
11. AI 139004 AgR / MG MINAS GERAIS AG.REG.NO AGRAVO DE
INSTRUMENTO Relator(a): Min. MOREIRA ALVES Julgamento: 04/08/1995
rgo Julgador: PRIMEIRA TURMA Publicao: DJ 02-02-1996 PP-00853 EMENT
VOL-01814-02 PP-00228 EMENTA: Agravo regimental. A prescrio se
situa no mbito do direito material e no do direito processual. O
que prescreve no e o direito subjetivo pblico de ao, mas a pretenso
que decorre da violao do direito subjetivo. Se a prescrio se
consumou anteriormente a entrada em vigor da nova Constituio, e ela
regida pela lei do tempo em que ocorreu, pois, como salientado no
despacho agravado, no h que se confundir eficcia imediata da
Constituio a efeitos futuros de fatos passados com a aplicao dela a
fato passado. A Constituio s alcana os fatos consumados no passado
quando expressamente o declara, o que no ocorre com referncia
prescrio. Agravo a que se nega provimento.
12. ADI 3367 / DF DISTRITO FEDERAL AO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE Relator(a): Min. CEZAR PELUSO Julgamento:
13/04/2005 rgo Julgador: Tribunal Pleno Publicao: DJ 17-03-2006
PP-00004 EMENT VOL-02225-01 PP-00182 REPUBLICAO: DJ 22-09-2006
PP-00029 EMENTAS: 1. AO. Condio. Interesse processual, ou de agir.
Caracterizao. Ao direta de inconstitucionalidade. Propositura antes
da publicao oficial da Emenda Constitucional n 45/2004. Publicao:
superveniente, antes do julgamento da causa. Suficincia. Carncia da
ao no configurada. Preliminar repelida. Inteligncia do art. 267,
VI, do CPC. Devendo as condies da ao coexistir data da sentena,
considera-se presente o interesse processual, ou de agir, em ao
direta de inconstitucionalidade de Emenda Constitucional que s foi
publicada, oficialmente, no curso do processo, mas antes da
sentena. 2. INCONSTITUCIONALIDADE. Ao direta. Emenda Constitucional
n 45/2004. Poder Judicirio. Conselho Nacional de Justia. Instituio
e disciplina. Natureza meramente administrativa. rgo interno de
controle administrativo, financeiro e disciplinar da magistratura.
Constitucionalidade reconhecida. Separao e independncia dos
Poderes. Histria, significado e alcance concreto do princpio.
Ofensa a clusula constitucional imutvel (clusula ptrea).
Inexistncia. Subsistncia do ncleo poltico do princpio, mediante
preservao da funo jurisdicional, tpica do Judicirio, e das condies
materiais do seu exerccio imparcial e independente. Precedentes e
smula 649. Inaplicabilidade ao caso. Interpretao dos arts. 2 e 60,
4, III, da CF. Ao julgada improcedente. Votos vencidos. So
constitucionais as normas que, introduzidas pela Emenda
Constitucional n 45, de 8 de dezembro de 2004, instituem e
disciplinam o Conselho Nacional de Justia, como rgo administrativo
do Poder Judicirio nacional. 3. PODER JUDICIRIO. Carter nacional.
Regime orgnico unitrio. Controle administrativo, financeiro e
disciplinar. rgo interno ou externo. Conselho de Justia. Criao por
Estado membro. Inadmissibilidade. Falta de competncia
constitucional. Os Estados membros carecem de competncia
constitucional para instituir, como rgo interno ou externo do
Judicirio, conselho destinado ao controle da atividade
administrativa, financeira ou disciplinar da respectiva Justia. 4.
PODER JUDICIRIO. Conselho Nacional de Justia. rgo de natureza
exclusivamente administrativa. Atribuies de controle da atividade
administrativa, financeira e disciplinar da magistratura.
Competncia relativa apenas aos rgos e juzes situados,
hierarquicamente, abaixo do Supremo Tribunal Federal. Preeminncia
deste, como rgo mximo do Poder Judicirio, sobre o Conselho, cujos
atos e decises esto sujeitos a seu controle jurisdicional.
Inteligncia dos art. 102, caput, inc. I, letra r, e 4, da CF. O
Conselho Nacional de Justia no tem nenhuma competncia sobre o
Supremo Tribunal Federal e seus ministros, sendo esse o rgo mximo
do Poder Judicirio nacional, a que aquele est sujeito. 5. PODER
JUDICIRIO. Conselho Nacional de Justia. Competncia. Magistratura.
Magistrado vitalcio. Cargo. Perda mediante deciso
administrativa.
13. Previso em texto aprovado pela Cmara dos Deputados e
constante do Projeto que resultou na Emenda Constitucional n
45/2004. Supresso pelo Senado Federal. Reapreciao pela Cmara.
Desnecessidade. Subsistncia do sentido normativo do texto residual
aprovado e promulgado (art. 103-B, 4, III). Expresso que, ademais,
ofenderia o disposto no art. 95, I, parte final, da CF. Ofensa ao
art. 60, 2, da CF. No ocorrncia. Arguio repelida. Precedentes. No
precisa ser reapreciada pela Cmara dos Deputados expresso suprimida
pelo Senado Federal em texto de projeto que, na redao remanescente,
aprovada de ambas as Casas do Congresso, no perdeu sentido
normativo. 6. PODER JUDICIRIO. Conselho Nacional de Justia. Membro.
Advogados e cidados. Exerccio do mandato. Atividades incompatveis
com tal exerccio. Proibio no constante das normas da Emenda
Constitucional n 45/2004. Pendncia de projeto tendente a torn-la
expressa, mediante acrscimo de 8 ao art. 103-B da CF. Irrelevncia.
Ofensa ao princpio da isonomia. No ocorrncia. Impedimentos j
previstos conjugao dos arts. 95, nico, e 127, 5, II, da CF. Ao
direta de inconstitucionalidade. Pedido aditado. Improcedncia.
Nenhum dos advogados ou cidados membros do Conselho Nacional de
Justia pode, durante o exerccio do mandato, exercer atividades
incompatveis com essa condio, tais como exercer outro cargo ou
funo, salvo uma de magistrio, dedicar-se a atividade
poltico-partidria e exercer a advocacia no territrio nacional.
14. MS 22503 / DF DISTRITO FEDERAL MANDADO DE SEGURANA
Relator(a): Min. MARCO AURLIO Relator(a) p/ Acrdo: Min. MAURCIO
CORRA Julgamento: 08/05/1996 rgo Julgador: Tribunal Pleno Publicao:
DJ 06-06-1997 PP-24872 EMENT VOL-01872-03 PP-00385 RTJ VOL-00169-01
PP-00181 EMENTA: MANDADO DE SEGURANA IMPETRADO CONTRA ATO DO
PRESIDENTE DA CMARA DOS DEPUTADOS, RELATIVO TRAMITAO DE EMENDA
CONSTITUCIONAL. ALEGAO DE VIOLAO DE DIVERSAS NORMAS DO REGIMENTO
INTERNO E DO ART. 60, 5, DA CONSTITUIO FEDERAL. PRELIMINAR:
IMPETRAO NO CONHECIDA QUANTO AOS FUNDAMENTOS REGIMENTAIS, POR SE
TRATAR DE MATRIA INTERNA CORPORIS QUE S PODE ENCONTRAR SOLUO NO
MBITO DO PODER LEGISLATIVO, NO SUJEITA APRECIAO DO PODER JUDICIRIO;
CONHECIMENTO QUANTO AO FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL. MRITO:
REAPRESENTAO, NA MESMA SESSO LEGISLATIVA, DE PROPOSTA DE EMENDA
CONSTITUCIONAL DO PODER EXECUTIVO, QUE MODIFICA O SISTEMA DE
PREVIDNCIA SOCIAL, ESTABELECE NORMAS DE TRANSIO E D OUTRAS
PROVIDNCIAS (PEC N 33-A, DE 1995). I Preliminar. 1. Impugnao de ato
do Presidente da Cmara dos Deputados que submeteu a discusso e
votao emenda aglutinativa, com alegao de que, alm de ofender ao
par. nico do art. 43 e ao 3 do art. 118, estava prejudicada nos
termos do inc. VI do art. 163, e que deveria ter sido declarada
prejudicada, a teor do que dispe o n. 1 do inc. I do art. 17, todos
do Regimento Interno, lesando o direito dos impetrantes de terem
assegurados os princpios da legalidade e moralidade durante o
processo de elaborao legislativa. A alegao, contrariada pelas
informaes, de impedimento do relator matria de fato e de que a
emenda aglutinativa inova e aproveita matrias prejudicada e
rejeitada, para reput-la inadmissvel de apreciao, questo interna
corporis do Poder Legislativo, no sujeita reapreciao pelo Poder
Judicirio. Mandado de segurana no conhecido nesta parte. 2.
Entretanto, ainda que a inicial no se refira ao 5 do art. 60 da
Constituio, ela menciona dispositivo regimental com a mesma regra;
assim interpretada, chega-se concluso que nela h nsita uma questo
constitucional, esta sim, sujeita ao controle jurisdicional.
Mandado de segurana conhecido quanto alegao de impossibilidade de
matria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por
prejudicada poder ser objeto de nova proposta na mesma sesso
legislativa. II Mrito. 1. No ocorre contrariedade ao 5 do art. 60
da Constituio na medida em que o Presidente da Cmara dos Deputados,
autoridade coatora, aplica dispositivo regimental adequado e
declara prejudicada a proposio que tiver substitutivo aprovado, e
no rejeitado, ressalvados os destaques (art. 163, V). 2. de ver-se,
pois, que tendo a Cmara dos Deputados apenas rejeitado o
substitutivo, e no o projeto que veio por mensagem do Poder
Executivo, no se cuida de aplicar a norma do art. 60, 5, da
Constituio. Por isso mesmo, afastada a rejeio do substitutivo, nada
impede que se
15. prossiga na votao do projeto originrio. O que no pode ser
votado na mesma sesso legislativa a emenda rejeitada ou havida por
prejudicada, e no o substitutivo que uma subespcie do projeto
originariamente proposto. 3. Mandado de segurana conhecido em
parte, e nesta parte indeferido.
16. MS 20257 / DF DISTRITO FEDERAL MANDADO DE SEGURANA
Relator(a): Min. DECIO MIRANDA Julgamento: 08/10/1980 rgo Julgador:
TRIBUNAL PLENO MANDADO DE SEGURANA CONTRA ATO DA MESA DO CONGRESSO
QUE ADMITIU A DELIBERAO DE PROPOSTA DE EMENDA CONSTITUCIONAL QUE A
IMPETRAO ALEGA SER TENDENTE A ABOLIO DA REPBLICA. CABIMENTO DO
MANDADO DE SEGURANA EM HIPTESES EM QUE A VEDAO CONSTITUCIONAL SE
DIRIGE AO PRPRIO PROCESSAMENTO DA LEI OU DA EMENDA, VEDANDO A SUA
APRESENTAO (COMO O CASO PREVISTO NO PARGRAFO NICO DO ARTIGO 57) OU
A SUA DELIBERAO (COMO NA ESPCIE). NESSES CASOS, A
INCONSTITUCIONALIDADE DIZ RESPEITO AO PRPRIO ANDAMENTO DO PROCESSO
LEGISLATIVO, E ISSO PORQUE A CONSTITUIO NO QUER EM FACE DA
GRAVIDADE DESSAS DELIBERAES, SE CONSUMADAS QUE SEQUER SE CHEGUE A
DELIBERAO, PROIBINDO-A TAXATIVAMENTE. A INCONSTITUCIONALIDADE, SE
OCORRENTE, J EXISTE ANTES DE O PROJETO OU DE A PROPOSTA SE
TRANSFORMAR EM LEI OU EM EMENDA CONSTITUCIONAL, PORQUE O PRPRIO
PROCESSAMENTO J DESRESPEITA, FRONTALMENTE, A CONSTITUIO.
INEXISTNCIA, NO CASO, DA PRETENDIDA INCONSTITUCIONALIDADE, UMA VEZ
QUE A PRORROGAO DE MANDATO DE DOIS PARA QUATRO ANOS, TENDO EM VISTA
A CONVENINCIA DA COINCIDNCIA DE MANDATOS NOS VRIOS NVEIS DA
FEDERAO, NO IMPLICA INTRODUO DO PRINCPIO DE QUE OS MANDATOS NO MAIS
SO TEMPORRIOS, NEM ENVOLVE, INDIRETAMENTE, SUA ADOO DE FATO.
MANDADO DE SEGURANA INDEFERIDO
17. ADI 829 / DF DISTRITO FEDERAL AO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE Relator(a): Min. MOREIRA ALVES Julgamento:
14/04/1993 rgo Julgador: TRIBUNAL PLENO Publicao: DJ 16-09-1994
PP-24278 EMENT VOL-01758-01 PP-00062 RTJ VOL-00156-02 PP-00451
EMENTA: AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ANTECIPAO DO PLEBISCITO
A QUE ALUDE O ART. 2 DO ADCT DA CONSTITUIO DE 1988. NO H DVIDA DE
QUE, EM FACE DO NOVO SISTEMA CONSTITUCIONAL, O S.T.F. COMPETENTE
PARA, EM CONTROLE DIFUSO OU CONCENTRADO, EXAMINAR A
CONSTITUCIONALIDADE, OU NO, DE EMENDA CONSTITUCIONAL NO CASO, A N
2, DE 25 DE AGOSTO DE 1992 IMPUGNADA POR VIOLADORA DE CLUSULAS
PTREAS EXPLCITAS OU IMPLCITAS. CONTENDO AS NORMAS CONSTITUCIONAIS
TRANSITRIAS EXCEES A PARTE PERMANENTE DA CONSTITUIO, NO TEM SENTIDO
PRETENDER-SE QUE O ATO QUE AS CONTM SEJA INDEPENDENTE DESTA, AT
PORQUE E DA NATUREZA MESMA DAS COISAS QUE, PARA HAVER EXCEO,
NECESSRIO QUE HAJA REGRA, DE CUJA EXISTNCIA AQUELA, COMO EXCEO,
DEPENDE. A ENUMERAO AUTNOMA, OBVIAMENTE, NO TEM O CONDO DE DAR
INDEPENDNCIA AQUILO QUE, POR SUA NATUREZA MESMA, DEPENDENTE. AO
DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE QUE SE JULGA IMPROCEDENTE.
18. ADI 939 / DF DISTRITO FEDERAL AO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE Relator(a): Min. SYDNEY SANCHES Julgamento:
15/12/1993 rgo Julgador: TRIBUNAL PLENO Publicao: DJ 18-03-1994
PP-05165 EMENT VOL-01737-02 PP-00160 RTJ VOL-00151-03 PP-00755
EMENTA: Direito Constitucional e Tributrio. Ao Direta de
Inconstitucionalidade de Emenda Constitucional e de Lei
Complementar. I.P.M.F. Imposto Provisrio sobre a Movimentao ou a
Transmisso de Valores e de Crditos e Direitos de Natureza
Financeira I.P.M.F. Artigos 5, par. 2, 60, par. 4, incisos I e IV,
150, incisos III, b, e VI, a, b, c e d, da Constituio Federal. 1.
Uma Emenda Constitucional, emanada, portanto, de Constituinte
derivada, incidindo em violao a Constituio originria, pode ser
declarada inconstitucional, pelo Supremo Tribunal Federal, cuja
funo precpua e de guarda da Constituio (art. 102, I, a, da C.F.).
2. A Emenda Constitucional n. 3, de 17.03.1993, que, no art. 2,
autorizou a Unio a instituir o I.P.M.F., incidiu em vcio de
inconstitucionalidade, ao dispor, no pargrafo 2 desse dispositivo,
que, quanto a tal tributo, no se aplica o art. 150, III, b e VI, da
Constituio, porque, desse modo, violou os seguintes princpios e
normas imutveis (somente eles, no outros): 1. o princpio da
anterioridade, que e garantia individual do contribuinte (art. 5,
par. 2, art. 60, par. 4, inciso IV e art. 150, III, b da
Constituio); 2. o princpio da imunidade tributria recproca (que
veda Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios a
instituio de impostos sobre o patrimnio, rendas ou servios uns dos
outros) e que garantia da Federao (art. 60, par. 4, inciso I, e
art. 150, VI, a, da C.F.); 3. a norma que, estabelecendo outras
imunidades impede a criao de impostos (art. 150, III) sobre: b):
templos de qualquer culto; c): patrimnio, renda ou servios dos
partidos polticos, inclusive suas fundaes, das entidades sindicais
dos trabalhadores, das instituies de educao e de assistncia social,
sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; e d): livros,
jornais, peridicos e o papel destinado a sua impresso; 3. Em
consequncia, inconstitucional, tambm, a Lei Complementar n. 77, de
13.07.1993, sem reduo de textos, nos pontos em que determinou a
incidncia do tributo no mesmo ano (art. 28) e deixou de reconhecer
as imunidades previstas no art. 150, VI, a, b, c e d da C.F. (arts.
3., 4. e 8. do mesmo diploma, L.C. n. 77/93). 4. Ao Direta de
Inconstitucionalidade julgada procedente, em parte, para tais fins,
por maioria, nos termos do voto do Relator, mantida, com relao a
todos os contribuintes, em carter definitivo, a medida cautelar,
que suspendera a cobrana do tributo no ano de 1993.
19. HC 72131 / RJ RIO DE JANEIRO HABEAS CORPUS Relator(a): Min.
MARCO AURLIO Relator(a) p/ Acrdo: Min. MOREIRA ALVES Julgamento:
23/11/1995 rgo Julgador: Tribunal Pleno Publicao: DJ 01-08-2003
PP-00103 EMENT VOL-02117-40 PP-08650 EMENTA: Habeas corpus. Alienao
fiduciria em garantia. Priso civil do devedor como depositrio
infiel. Sendo o devedor, na alienao fiduciria em garantia,
depositrio necessrio por fora de disposio legal que no desfigura
essa caracterizao, sua priso civil, em caso de infidelidade, se
enquadra na ressalva contida na parte final do artigo 5, LXVII, da
Constituio de 1988. Nada interfere na questo do depositrio infiel
em matria de alienao fiduciria o disposto no 7 do artigo 7 da
Conveno de San Jos da Costa Rica. Habeas corpus indeferido, cassada
a liminar concedida.
20. HC 88240 / SP SO PAULO HABEAS CORPUS Relator(a): Min. ELLEN
GRACIE Julgamento: 07/10/2008 rgo Julgador: Segunda Turma Publicao:
DJe-202 DIVULG 23-10-2008 PUBLIC 24-10-2008 EMENT VOL-02338-01
PP-00199 RSJADV dez., 2008, p. 20-22 RT v. 98, n. 879, 2009, p.
176-180 RF v. 104, n. 400, 2008, p. 370-374 EMENTA: DIREITO
PROCESSUAL. HABEAS CORPUS. PRISO CIVIL DO DEPOSITRIO INFIEL. PACTO
DE SO JOS DA COSTA RICA. ALTERAO DE ORIENTAO DA JURISPRUDNCIA DO
STF. CONCESSO DA ORDEM. 1. A matria em julgamento neste habeas
corpus envolve a temtica da (in)admissibilidade da priso civil do
depositrio infiel no ordenamento jurdico brasileiro no perodo
posterior ao ingresso do Pacto de So Jos da Costa Rica no direito
nacional. 2. O julgamento impugnado via o presente habeas corpus
encampou orientao jurisprudencial pacificada, inclusive no STF, no
sentido da existncia de depsito irregular de bens fungveis, seja
por origem voluntria (contratual) ou por fonte judicial (deciso que
nomeia depositrio de bens penhorados). Esta Corte j considerou que
o depositrio de bens penhorados, ainda que fungveis, responde pela
guarda e se sujeita a ao de depsito (HC n 73.058/SP, rel. Min.
Maurcio Corra, 2 Turma, DJ de 10.05.1996). Neste mesmo sentido: HC
71.097/PR, rel. Min. Sydney Sanches, 1 Turma, DJ 29.03.1996). 3. H
o carter especial do Pacto Internacional dos Direitos Civis
Polticos (art. 11) e da Conveno Americana sobre Direitos Humanos
Pacto de San Jos da Costa Rica (art. 7, 7), ratificados, sem
reserva, pelo Brasil, no ano de 1992. A esses diplomas
internacionais sobre direitos humanos reservado o lugar especfico
no ordenamento jurdico, estando abaixo da Constituio, porm acima da
legislao interna. O status normativo supralegal dos tratados
internacionais de direitos humanos subscritos pelo Brasil, torna
inaplicvel a legislao infraconstitucional com ele conflitante, seja
ela anterior ou posterior ao ato de ratificao. 4. Na atualidade a
nica hiptese de priso civil, no Direito brasileiro, a do devedor de
alimentos. O art. 5, 2, da Carta Magna, expressamente estabeleceu
que os direitos e garantias expressos no caput do mesmo dispositivo
no excluem outros decorrentes do regime dos princpios por ela
adotados, ou dos tratados internacionais em que a Repblica
Federativa do Brasil seja parte. O Pacto de So Jos da Costa Rica,
entendido como um tratado internacional em matria de direitos
humanos, expressamente, s admite, no seu bojo, a possibilidade de
priso civil do devedor de alimentos e, consequentemente, no admite
mais a possibilidade de priso civil do depositrio infiel. 5. Habeas
corpus concedido.
21. MS 24875 / DF DISTRITO FEDERAL MANDADO DE SEGURANA
Relator(a): Min. SEPLVEDA PERTENCE Julgamento: 11/05/2006 rgo
Julgador: Tribunal Pleno Publicao: DJ 06-10-2006 PP-00033 EMENT
VOL-02250-02 PP-00284 RTJ VOL-00200-03 PP-01198 EMENTA: I.
Ministros aposentados do Supremo Tribunal Federal: proventos
(subsdios): teto remuneratrio: pretenso de imunidade incidncia do
teto sobre o adicional por tempo de servio (ATS), no percentual
mximo de 35% e sobre o acrscimo de 20% a que se refere o art. 184,
III, da Lei 1711/52, combinado com o art. 250 da L. 8.112/90:
mandado de segurana deferido, em parte. II. Controle incidente de
constitucionalidade e o papel do Supremo Tribunal Federal. Ainda
que no seja essencial deciso da causa ou que a declarao de
ilegitimidade constitucional no aproveite parte suscitante, no pode
o Tribunal dado o seu papel de guarda da Constituio se furtar a
enfrentar o problema de constitucionalidade suscitado
incidentemente (v.g. SE 5.206-AgR, 8.5.97, Pertence, RTJ 190/908;
Inq 1915, 05.08.2004, Pertence, DJ 05.08.2004; RE 102.553, 21.8.86,
Rezek, DJ 13.02.87). III. Mandado de segurana: possibilidade
jurdica do pedido: viabilidade do controle da constitucionalidade
formal ou material das emendas Constituio. IV. Magistrados.
Subsdios, adicional por tempo de servio e o teto do subsdio ou dos
proventos, aps a EC 41/2003: arguio de inconstitucionalidade, por
alegada irrazoabilidade da considerao do adicional por tempo de
servio quer na apurao do teto (EC 41/03, art. 8), quer na das
remuneraes a ele sujeitas (art. 37, XI, CF, cf EC 41/2003): rejeio.
1. Com relao a emendas constitucionais, o parmetro de aferio de sua
constitucionalidade estreitssimo, adstrito s limitaes materiais,
explcitas ou implcitas, que a Constituio imponha induvidosamente ao
mais eminente dos poderes institudos, qual seja o rgo de sua prpria
reforma. 2. Nem da interpretao mais generosa das chamadas clusulas
ptreas poderia resultar que um juzo de eventuais inconvenincias se
convertesse em declarao de inconstitucionalidade da emenda
constitucional que submeta certa vantagem funcional ao teto
constitucional de vencimentos. 3. No tocante magistratura
independentemente de cuidar-se de uma emenda constitucional a
extino da vantagem, decorrente da instituio do subsdio em parcela
nica, a nenhum magistrado pode ter acarretado prejuzo financeiro
indevido. 4. Por fora do art. 65, VIII, da LOMAN (LC 35/79), desde
sua edio, o adicional cogitado estava limitado a 35% calculados
sobre o vencimento e a representao mensal (LOMAN, Art. 65, 1),
sendo que, em razo do teto constitucional primitivo estabelecido
para todos os membros do Judicirio, nenhum deles poderia receber, a
ttulo de ATS, montante superior ao que percebido por Ministro do
Supremo Tribunal Federal, com o mesmo tempo de servio (cf. voto do
Ministro Nri da Silveira, na ADIn 14, RTJ 130/475,483). 5. Se assim
e dada a determinao do art. 8 da EC 41/03, de que, na apurao do
valor da maior remunerao atribuda por lei (...) a Ministro do
Supremo Tribunal Federal, para fixar o teto conforme o novo art.
37, XI, da Constituio, ao vencimento e representao
22. do cargo, se somasse a parcela recebida em razo do tempo de
servio patente que, dessa apurao e da sua aplicao como teto dos
subsdios ou proventos de todos os magistrados, no pode ter
resultado prejuzo indevido no tocante ao adicional questionado. 6.
da jurisprudncia do Supremo Tribunal que no pode o agente pblico
opor, guisa de direito adquirido, a pretenso de manter determinada
frmula de composio de sua remunerao total, se, da alterao, no
decorre a reduo dela. 7. Se dessa forma se firmou quanto a normas
infraconstitucionais, o mesmo se h de entender, no caso, em relao
emenda constitucional, na qual os preceitos impugnados, se
efetivamente aboliram o adicional por tempo de servio na remunerao
dos magistrados e servidores pagos mediante subsdio, que neste o
subsdio foi absorvido o valor da vantagem. 8. No procede, quanto ao
ATS, a alegada ofensa ao princpio da isonomia, j que, para ser
acolhida, a arguio pressuporia que a Constituio mesma tivesse
erigido o maior ou menor tempo de servio em fator compulsrio do
tratamento remuneratrio dos servidores, o que no ocorre, pois o
adicional correspondente no resulta da Constituio, que apenas o
admite mas, sim, de preceitos infraconstitucionais. V. Magistrados:
acrscimo de 20% sobre os proventos da aposentadoria (Art. 184, III,
da L. 1.711/52, c/c o art. 250 da L. 8.112/90) e o teto
constitucional aps a EC 41/2003: garantia constitucional de
irredutibilidade de vencimentos: intangibilidade. 1. No obstante
cuidar-se de vantagem que no substantiva direito adquirido de
estatura constitucional, razo por que, aps a EC 41/2003, no seria
possvel assegurar sua percepo indefinida no tempo, fora ou alm do
teto a todos submetido, aos impetrantes, porque magistrados, a
Constituio assegurou diretamente o direito irredutibilidade de
vencimentos modalidade qualificada de direito adquirido, oponvel s
emendas constitucionais mesmas. 2. Ainda que, em tese, se
considerasse susceptvel de sofrer dispensa especfica pelo poder de
reforma constitucional, haveria de reclamar para tanto norma
expressa e inequvoca, a que no se presta o art. 9 da EC 41/03, pois
o art. 17 ADCT, a que se reporta, norma referida ao momento inicial
de vigncia da Constituio de 1988, no qual incidiu e, neste momento,
pelo fato mesmo de incidir, teve extinta a sua eficcia; de qualquer
sorte, mais que duvidosa a sua compatibilidade com a clusula ptrea
de indenidade dos direitos e garantias fundamentais outorgados pela
Constituio de 1988, recebida como ato constituinte originrio. 3. Os
impetrantes sob o plio da garantia da irredutibilidade de
vencimentos , tm direito a continuar percebendo o acrscimo de 20%
sobre os proventos, at que seu montante seja absorvido pelo subsdio
fixado em lei para o Ministro do Supremo Tribunal Federal. VI.
Mandado de segurana contra ato do Presidente do Supremo Tribunal:
questes de ordem decididas no sentido de no incidncia, no caso, do
disposto no artigo 205, pargrafo nico e inciso II, do RISTF, que tm
em vista hiptese de impedimento do Presidente do Supremo Tribunal,
no ocorrente no caso concreto. 1. O disposto no pargrafo nico do
art. 205 do RISTF s se aplica ao Ministro-Presidente que tenha
praticado o ato impugnado e no ao posterior ocupante da Presidncia.
2. De outro lado, o inciso II do pargrafo nico do art. 205 do RISTF
prev hiptese excepcional, qual seja, aquela em que, estando
impedido o presidente do STF, porque autor do ato impugnado, o
Tribunal funciona com nmero par, no sendo possvel solver o
empate.
23. RE 74655 / SP SO PAULO RECURSO EXTRAORDINRIO Relator(a):
Min. BILAC PINTO Julgamento: 27/03/1973 rgo Julgador: SEGUNDA TURMA
Publicao: DJ 01-06-1973 EMENTA: CORREO MONETRIA; PRINCPIO DA
LEGALIDADE. EXCEES. A CORREO MONETRIA SOMENTE PODE OCORRER EM FACE
DE AUTORIZAO LEGAL. JURISPRUDNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
EXCEES PERMITIDAS.
24. RE 104930 / PR PARAN RECURSO EXTRAORDINRIO Relator(a): Min.
RAFAEL MAYER Julgamento: 23/04/1985 rgo Julgador: PRIMEIRA TURMA
Publicao: DJ 10-05-1985 PP-06857 EMENT VOL-01377-04 PP-00739
EMENTA: DVIDA DE VALOR. CORREO MONETRIA. PRINCPIO DA LEGALIDADE. A
CORREO MONETRIA CONFERIDA A DVIDA DE VALOR, INDEPENDENTEMENTE DA
LEI 6899/81, COM BASE EM CONSTRUO JURISPRUDENCIAL FIRMADA EM
PRINCPIO GERAL DE DIREITO, NO CONFLITA COM O PRINCPIO DA LEGALIDADE
INSERTO NO ART-153, PAR-3. DA CF. RECURSO EXTRAORDINRIO NO
CONHECIDO.
25. HC 82959 / SP SO PAULO HABEAS CORPUS Relator(a): Min. MARCO
AURLIO Julgamento: 23/02/2006 rgo Julgador: Tribunal Pleno
Publicao: DJ 01-09-2006 PP-00018 EMENT VOL-02245-03 PP-00510 RTJ
VOL-00200-02 PP-00795 EMENTA: PENA REGIME DE CUMPRIMENTO PROGRESSO
RAZO DE SER. A progresso no regime de cumprimento da pena, nas
espcies fechado, semiaberto e aberto, tem como razo maior a
ressocializao do preso que, mais dia ou menos dia, voltar ao
convvio social. PENA CRIMES HEDIONDOS REGIME DE CUMPRIMENTO
PROGRESSO BICE ARTIGO 2, 1, DA LEI N 8.072/90 INCONSTITUCIONALIDADE
EVOLUO JURISPRUDENCIAL. Conflita com a garantia da individualizao
da pena artigo 5, inciso XLVI, da Constituio Federal a imposio,
mediante norma, do cumprimento da pena em regime integralmente
fechado. Nova inteligncia do princpio da individualizao da pena, em
evoluo jurisprudencial, assentada a inconstitucionalidade do artigo
2, 1, da Lei n 8.072/90. Questes: 6. O constituinte originrio
decidiu que os analfabetos so inelegveis. possvel arguir a
inconstitucionalidade dessa norma por ferir o princpio da igualdade
e por falta de razoabilidade? (ver ADI 4.097 AgR, DJ 21-11-2008 e
ADI 815, DJ 10-5-1996). 7. Um ru condenado j na vigncia da
Constituio de 1988 por crime capitulado no Decreto-Lei n. 201/67.
Tendo em vista que a Constituio atual no mais prev a figura
normativa do Decreto-Lei, possvel afirmar, por isso, que a condenao
indevida? (ver STF: HC 74.675, DJ de 4-4-1997) 8. Numa apelao cvel,
a turma de um tribunal entende que a lei que foi aplicada para
resolver certa controvrsia, e que fora editada antes da Constituio
de 1988, incompatvel com a Constituio da Repblica em vigor. Neste
caso, a Turma deve suscitar o incidente de inconstitucionalidade
para o Pleno ou deve, por ela mesma, afastar a incidncia da lei na
espcie? (ver: ADI 02-DF, DJ 21-11- 1997) 9. Suponha que voc precise
argumentar no sentido de que emenda Constituio no pode reduzir a
maioridade penal (art. 228 da Constituio Federal). Que fundamentos
voc desenvolveria para sustentar tal tese? 10. Que significa dizer
que as normas do poder constituinte originrio so dotadas,
ordinariamente, de
26. eficcia retroativa mnima? (ver RE 94.414, RTJ, 114/237) 11.
correto afirmar que a disciplina conferida pelo constituinte
originrio para matrias protegidas por clusula ptrea insuscetvel de
alterao por emenda Constituio? (ver MS 23.047-MC, DJ de 14-
11-2003) 12. Pode um direito fundamental que no foi cogitado pelo
poder constituinte originrio, mas que foi criado por emenda
Constituio, ser abolido por outra emenda Constituio? 13. A
Constituio de 1988 expresso do Poder Constituinte originrio, ou se
trata de emenda Constituio de 1967-1969? Que importncia prtica tem
essa questo? 14. possvel invocar direito adquirido contra disposio
constante de emenda Constituio? (ver STF: MS 24.875, DJ
6-10-2006)
27. Captulo 3 TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS Acrdos:
RMS 14557 / SP SO PAULO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANA Relator(a):
Min. CANDIDO MOTTA Julgamento: 17/05/1965 rgo Julgador: TRIBUNAL
PLENO Publicao: DJ 23-06-1965 PP-***** EMENT VOL-00623-02 PP-00644
RTJ VOL-00033-03 PP-00330 EMENTA: ANULAO DE TTULOS DE EFETIVAO DE
FUNCIONRIOS COM BASE EM LEI INCONSTITUCIONAL. A RECUSA DO
CUMPRIMENTO DA LEI, POR INCONSTITUCIONALIDADE S POSSVEL QUANDO
EVIDENTE. PECULIARIDADE DO CASO.
28. MS 15886 / DF DISTRITO FEDERAL MANDADO DE SEGURANA
Relator(a): Min. VICTOR NUNES Julgamento: 26/05/1966 rgo Julgador:
Tribunal Pleno Publicao: DJ 27-06-1967 PP-02023 EMENT VOL-00696-01
PP-00299 RTJ VOL-00041-03 PP-00669 EMENTA: REESTRUTURAO DE QUADROS
DE AUTARQUIA DO MINISTRIO DA VIAO. MATRIA CONSTITUCIONAL. 1)
Inconstitucionalidade de lei. Presuno de constitucionalidade.
Recusa de ampliao de lei considerada inconstitucional pelo
Executivo. Consequncias, a esse respeito, da E. C. 16/65. Ato, no
caso, anterior a essa emenda. 2) Efeito, no tempo, da declarao
judicial de inconstitucionalidade. 3) Iniciativa do
Procurador-Geral quanto representao de inconstitucionalidade. 4)
Procurador de autarquia. Efetivao mediante concurso de ttulos (L.
2.123/53). Sua admissibilidade pela jurisprudncia do STF
Subsistncia da citada lei, apesar de mantido o voto a dispositivo
de projeto que dispunha no mesmo sentido. 5) Nenhum aumento de
despesa resultante da eventual efetivao de procurador de autarquia,
que j se encontrava no exerccio interino do cargo, cuja supresso
nem chegou a ser proposta. Procedncia da segurana. 6) Improcedncia
do pedido, relativamente aos cargos de consultor jurdico, que foram
suprimidos, porque, a juzo da maioria, havia matria de fato
controvertida quanto ao alegado aumento de despesa. 7) Consideraes
da minoria sobre o direito dos seus antigos ocupantes de serem
considerados em disponibilidade, com vencimentos integrais, o que
impediria a sua classificao em cargos de menores vencimentos. 8)
Questo de ordem (no voto do Relator) sobre a proclamao do
resultado, em face da presuno de constitucionalidade, favorecendo o
governo em uma das questes, mas no na outra.
29. RE 271286 AgR / RS RIO GRANDE DO SUL AG.REG.NO RECURSO
EXTRAORDINRIO Relator(a): Min. CELSO DE MELLO Julgamento:
12/09/2000 rgo Julgador: Segunda Turma Publicao: DJ 24-11-2000
PP-00101 EMENT VOL-02013-07 PP-01409 EMENTA: PACIENTE COM HIV/AIDS
PESSOA DESTITUDA DE RECURSOS FINANCEIROS DIREITO VIDA E SADE
FORNECIMENTO GRATUITO DE MEDICAMENTOS DEVER CONSTITUCIONAL DO PODER
PBLICO (CF, ARTS. 5, CAPUT, E 196) PRECEDENTES (STF) RECURSO DE
AGRAVO IMPROVIDO. O DIREITO SADE REPRESENTA CONSEQUNCIA
CONSTITUCIONAL INDISSOCIVEL DO DIREITO VIDA. O direito pblico
subjetivo sade representa prerrogativa jurdica indisponvel
assegurada generalidade das pessoas pela prpria Constituio da
Repblica (art. 196). Traduz bem jurdico constitucionalmente
tutelado, por cuja integridade deve velar, de maneira responsvel, o
Poder Pblico, a quem incumbe formular e implementar polticas
sociais e econmicas idneas que visem a garantir, aos cidados,
inclusive queles portadores do vrus HIV, o acesso universal e
igualitrio assistncia farmacutica e mdico- hospitalar. O direito
sade alm de qualificar-se como direito fundamental que assiste a
todas as pessoas representa consequncia constitucional indissocivel
do direito vida. O Poder Pblico, qualquer que seja a esfera
institucional de sua atuao no plano da organizao federativa
brasileira, no pode mostrar-se indiferente ao problema da sade da
populao, sob pena de incidir, ainda que por censurvel omisso, em
grave comportamento inconstitucional. A INTERPRETAO DA NORMA
PROGRAMTICA NO PODE TRANSFORM- LA EM PROMESSA CONSTITUCIONAL
INCONSEQUENTE. O carter programtico da regra inscrita no art. 196
da Carta Poltica que tem por destinatrios todos os entes polticos
que compem, no plano institucional, a organizao federativa do
Estado brasileiro no pode converter-se em promessa constitucional
inconsequente, sob pena de o Poder Pblico, fraudando justas
expectativas nele depositadas pela coletividade, substituir, de
maneira ilegtima, o cumprimento de seu impostergvel dever, por um
gesto irresponsvel de infidelidade governamental ao que determina a
prpria Lei Fundamental do Estado. DISTRIBUIO GRATUITA DE
MEDICAMENTOS A PESSOAS CARENTES. O reconhecimento judicial da
validade jurdica de programas de distribuio gratuita de
medicamentos a pessoas carentes, inclusive quelas portadoras do
vrus HIV/AIDS, d efetividade a preceitos fundamentais da Constituio
da Repblica (arts. 5, caput, e 196) e representa, na concreo do seu
alcance, um gesto reverente e solidrio de apreo vida e sade das
pessoas, especialmente daquelas que nada tm e nada possuem, a no
ser a conscincia de sua prpria humanidade e de sua essencial
dignidade. Precedentes do STF.
30. RE 161243 / DF DISTRITO FEDERAL RECURSO EXTRAORDINRIO
Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO Julgamento: 29/10/1996 rgo
Julgador: Segunda Turma Publicao: DJ 19-12-1997 PP-00057 EMENT
VOL-01896-04 PP-00756 EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRABALHO. PRINCPIO DA
IGUALDADE. TRABALHADOR BRASILEIRO EMPREGADO DE EMPRESA ESTRANGEIRA:
ESTATUTOS DO PESSOAL DESTA: APLICABILIDADE AO TRABALHADOR
ESTRANGEIRO E AO TRABALHADOR BRASILEIRO. C.F., 1967, art. 153, 1;
C.F., 1988, art. 5, caput. I. Ao recorrente, por no ser francs, no
obstante trabalhar para a empresa francesa, no Brasil, no foi
aplicado o Estatuto do Pessoal da Empresa, que concede vantagens
aos empregados, cuja aplicabilidade seria restrita ao empregado de
nacionalidade francesa. Ofensa ao princpio da igualdade: C.F.,
1967, art. 153, 1; C.F., 1988, art. 5, caput). II. A discriminao
que se baseia em atributo, qualidade, nota intrnseca ou extrnseca
do indivduo, como o sexo, a raa, a nacionalidade, o credo
religioso, etc., inconstitucional. Precedente do STF: Ag
110.846(AgRg)-PR, Clio Borja, RTJ 119/465. III. Fatores que
autorizariam a desigualizao no ocorrentes no caso. IV. R.E.
conhecido e provido.
31. HC 71373 / RS RIO GRANDE DO SUL HABEAS CORPUS Relator(a):
Min. FRANCISCO REZEK Relator(a) p/ Acrdo: Min. MARCO AURLIO
Julgamento: 10/11/1994 rgo Julgador: Tribunal Pleno Publicao: DJ
22-11-1996 PP-45686 EMENT VOL-01851-02 PP-00397 EMENTA: INVESTIGAO
DE PATERNIDADE EXAME DNA CONDUO DO RU DEBAIXO DE VARA. Discrepa, a
mais no poder, de garantias constitucionais implcitas e explcitas
preservao da dignidade humana, da intimidade, da intangibilidade do
corpo humano, do imprio da lei e da inexecuo especfica e direta de
obrigao de fazer provimento judicial que, em ao civil de investigao
de paternidade, implique determinao no sentido de o ru ser
conduzido ao laboratrio, debaixo de vara, para coleta do material
indispensvel feitura do exame DNA. A recusa resolve-se no plano
jurdico-instrumental, consideradas a dogmtica, a doutrina e a
jurisprudncia, no que voltadas ao deslinde das questes ligadas
prova dos fatos.
32. HC 76060 / SC SANTA CATARINA HABEAS CORPUS Relator(a): Min.
SEPLVEDA PERTENCE Julgamento: 31/03/1998 rgo Julgador: Primeira
Turma Publicao: DJ 15-05-1998 PP-00044 EMENT VOL-01910-01 PP-00130
EMENTA: DNA: submisso compulsria ao fornecimento de sangue para a
pesquisa do DNA: estado da questo no direito comparado: precedente
do STF que libera do constrangimento o ru em ao de investigao de
paternidade (HC 71.373) e o dissenso dos votos vencidos:
deferimento, no obstante, do HC na espcie, em que se cuida de
situao atpica na qual se pretende de resto, apenas para obter prova
de reforo submeter ao exame o pai presumido, em processo que tem
por objeto a pretenso de terceiro de ver-se declarado o pai
biolgico da criana nascida na constncia do casamento do paciente:
hiptese na qual, luz do princpio da proporcionalidade ou da
razoabilidade, se impe evitar a afronta dignidade pessoal que, nas
circunstncias, a sua participao na percia substantivaria.
33. RHC 59104 / SP SO PAULO RECURSO EM HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. MOREIRA ALVES Julgamento: 25/09/1981 rgo Julgador:
SEGUNDA TURMA Publicao: DJ 03-11-1981 PP-10936 EMENT VOL-01232-01
PP-00213 EMENTA: HABEAS CORPUS. TROTTOIR. PEDIDO DE SALVO CONDUTO
PARA PRATIC- LO. NO H DIREITO CONSTITUCIONALMENTE ASSEGURADO
PRATICA DE TROTTOIR, A QUAL CONTRRIA AOS BONS COSTUMES, OFENSIVA DA
MORALIDADE PBLICA E FONTE DE CONSTRANGIMENTO PARA TRANSEUNTES E
RESIDENTES. RECURSO ORDINRIO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
34. HC 82959 / SP SO PAULO HABEAS CORPUS Relator(a): Min. MARCO
AURLIO Julgamento: 23/02/2006 rgo Julgador: Tribunal Pleno
Publicao: DJ 01-09-2006 PP-00018 EMENT VOL-02245-03 PP-00510 RTJ
VOL-00200-02 PP-00795 EMENTA: PENA REGIME DE CUMPRIMENTO PROGRESSO
RAZO DE SER. A progresso no regime de cumprimento da pena, nas
espcies fechado, semiaberto e aberto, tem como razo maior a
ressocializao do preso que, mais dia ou menos dia, voltar ao
convvio social. PENA CRIMES HEDIONDOS REGIME DE CUMPRIMENTO
PROGRESSO BICE ARTIGO 2, 1, DA LEI N 8.072/90 INCONSTITUCIONALIDADE
EVOLUO JURISPRUDENCIAL. Conflita com a garantia da individualizao
da pena artigo 5, inciso XLVI, da Constituio Federal a imposio,
mediante norma, do cumprimento da pena em regime integralmente
fechado. Nova inteligncia do princpio da individualizao da pena, em
evoluo jurisprudencial, assentada a inconstitucionalidade do artigo
2, 1, da Lei n 8.072/90.
35. Rp 930 / DF DISTRITO FEDERAL REPRESENTAO Relator(a): Min.
CORDEIRO GUERRA Relator(a) p/ Acrdo: Min. RODRIGUES ALCKMIN
Julgamento: 05/05/1976 rgo Julgador: TRIBUNAL PLENO EMENTA: LEI N.
4.116, DE 27.8.62. INCONSTITUCIONALIDADE. EXERCCIO LIVRE DE
QUALQUER TRABALHO, OFCIO OU PROFISSO (C.F., ART. 153, PAR. 23).
INCONSTITUCIONAL A LEI QUE ATENTA CONTRA A LIBERDADE CONSAGRADA NA
CONSTITUIO FEDERAL, REGULAMENTANDO E CONSEQUENTEMENTE RESTRINGINDO
EXERCCIO DE PROFISSAO QUE NO PRESSUPE CONDIES DE CAPACIDADE.
REPRESENTAO PROCEDENTE IN TOTUM.
36. Rp 1077 / RJ RIO DE JANEIRO REPRESENTAO Relator(a): Min.
MOREIRA ALVES Julgamento: 28/03/1984 rgo Julgador: TRIBUNAL PLENO
Publicao: DJ 28-09-1984 PP-15955 EMENT VOL-01351-01 PP-00018 RTJ
VOL-00112-01 PP-00034 EMENTA: TAXA JUDICIRIA. TAXA JUDICIRIA E
TRIBUTO DA ESPCIE TAXA. ESSA NATUREZA JURDICA NO FOI ALTERADA COM A
EDIO DA EMENDA CONSTITUCIONAL N. 7/77. SE A TAXA JUDICIRIA, POR
EXCESSIVA, CRIAR OBSTCULO CAPAZ DE IMPOSSIBILITAR A MUITOS A OBTENO
DE PRESTAO JURISDICIONAL, ELA INCONSTITUCIONAL, POR OFENSAAO
DISPOSTO NA PARTE INICIAL DO PAR-4 DO ARTIGO 153 DA CONSTITUIO.
REPRESENTAO JULGADA PROCEDENTE EM PARTE, PARA DECLARAR-SE A
INCONSTITUCIONALIDADE DAS EXPRESSES DOS PROCURADORES DO ESTADO NOS
CASOS PREVISTOS NESTE CAPTULO, BEM COMO SOBRE TODOS OS ATOS
EXTRAJUDICIAIS PRATICADOS POR TABELIES, OFICIAIS DE REGISTROS
PBLICOS, DE DISTRIBUIO E DE PROTESTOS DE TITULOS, DAS SERVENTIAS
OFICIALIZADAS OU NO E OU PELOS SERVENTURIOS, CONFORME PREVISTO
NESTE ARTIGO DO CAPUT DO ARTIGO 112; DOS PARGRAFOS 1, 2. E 3. DESSE
MESMO ARTIGO 112; DO INCISO VIII DO ARTIGO 114; DO ARTIGO 118 E DE
SEUS PARGRAFOS; DO ARTIGO 123; DO ARTIGO 124; DO ARTIGO 125 E DE
SEUS PARGRAFOS; DO ARTIGO 129; DOS INCISOS I E III, E DAS EXPRESSES
OU CONFESSADA EM PEDIDO J EXISTENTE DO INCISO II, TODOS DO ARTIGO
130; DO ARTIGO 133; DO ARTIGO 134, CAPUT E INCISOS; TODOS ELES NA
REDAO DADA PELA LEI 383, DE 4 DE DEZEMBRO DE 1980, DO ESTADO DO RIO
DE JANEIRO, A QUAL ALTEROU A QUE VINHA DO DECRETO-LEI 403, DE 28 DE
DEZEMBRO DE 1978 E DA LEI 289, DE 5 DE DEZEMBRO DE 1979, QUE J
HAVIAM MODIFICADO O DECRETO- LEI 5, DE 15 DE MARO DE 1975, DO MESMO
ESTADO; E INCONSTITUCIONAL, POR FIM, O ARTIGO 3 DA PRPRIA LEI 383,
DE 4 DE DEZEMBRO DE 1980, ACIMA REFERIDA.
37. ADI 223 MC / DF DISTRITO FEDERAL MEDIDA CAUTELAR NA AO
DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Relator(a): Min. PAULO BROSSARD
Relator(a) p/ Acrdo: Min. SEPLVEDA PERTENCE Julgamento: 05/04/1990
rgo Julgador: Tribunal Pleno Publicao: DJ 29-06-1990 PP-06218 EMENT
VOL-01587-01 PP-00001 EMENTA: AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
CONTRA A MEDIDA PROVISRIA 173, DE 18.3.90, QUE VEDA A CONCESSO DE
MEDIDA LIMINAR EM MANDADO DE SEGURANA E EM AES ORDINARIAS E
CAUTELARES DECORRENTES DAS MEDIDAS PROVISRIAS NMEROS 151, 154, 158,
160, 162, 165, 167 E 168: INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE SUSPENSO
CAUTELAR DA VIGNCIA DO DIPLOMA IMPUGNADO: RAZES DOS VOTOS
VENCEDORES. SENTIDO DA INOVADORA ALUSO CONSTITUCIONAL A PLENITUDE
DA GARANTIA DA JURISDIO CONTRA A AMEAA A DIREITO: NFASE A FUNO
PREVENTIVA DE JURISDIO, NA QUAL SE INSERE A FUNO CAUTELAR E, QUANDO
NECESSRIO, O PODER DE CAUTELA LIMINAR. IMPLICAES DA PLENITUDE DA
JURISDIO CAUTELAR, ENQUANTO INSTRUMENTO DE PROTEO AO PROCESSO E DE
SALVAGUARDA DA PLENITUDE DAS FUNES DO PODER JUDICIRIO.
ADMISSIBILIDADE, NO OBSTANTE, DE CONDIES E LIMITAES LEGAIS AO PODER
CAUTELAR DO JUIZ. A TUTELA CAUTELAR E O RISCO DO CONSTRANGIMENTO
PRECIPITADO A DIREITOS DA PARTE CONTRRIA, COM VIOLAO DA GARANTIA DO
DEVIDO PROCESSO LEGAL. CONSEQUENTE NECESSIDADE DE CONTROLE DA
RAZOABILIDADE DAS LEIS RESTRITIVAS AO PODER CAUTELAR. ANTECEDENTES
LEGISLATIVOS DE VEDAO DE LIMINARES DE DETERMINADO CONTEDO. CRITRIO
DE RAZOABILIDADE DAS RESTRIES, A PARTIR DO CARTER ESSENCIALMENTE
PROVISRIO DE TODO PROVIMENTO CAUTELAR, LIMINAR OU NO. GENERALIDADE,
DIVERSIDADE E IMPRECISO DE LIMITES DO MBITO DE VEDAO DE LIMINAR DA
MP 173, QUE, SE LHE PODEM VIR, A FINAL, A COMPROMETER A VALIDADE,
DIFICULTAM DEMARCAR, EM TESE, NO JUZO DE DELIBAO SOBRE O PEDIDO DE
SUA SUSPENSO CAUTELAR, AT ONDE SO RAZOVEIS AS PROIBIES NELA
IMPOSTAS, ENQUANTO CONTENO AO ABUSO DO PODER CAUTELAR, E ONDE SE
INICIA, INVERSAMENTE, O ABUSO DAS LIMITAES E A CONSEQUENTE AFRONTA
A PLENITUDE DA JURISDIO E AO PODER JUDICIRIO. INDEFERIMENTO DA
SUSPENSO LIMINAR DA MP 173, QUE NO PREJUDICA, SEGUNDO O RELATOR DO
ACRDO, O EXAME JUDICIAL EM CADA CASO CONCRETO DA
CONSTITUCIONALIDADE, INCLUDA A RAZOABILIDADE, DA APLICAO DA NORMA
PROIBITIVA DA LIMINAR. CONSIDERAES, EM DIVERSOS VOTOS, DOS RISCOS
DA SUSPENSO CAUTELAR DA MEDIDA IMPUGNADA.
38. ADI 319 QO / DF DISTRITO FEDERAL QUESTO DE ORDEM NA AO
DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Relator(a): Min. MOREIRA ALVES
Julgamento: 03/03/1993 rgo Julgador: Tribunal Pleno Publicao: DJ
30-04-1993 PP-07563 EMENT VOL-01701-01 PP-00036 EMENTA: Ao direta
de inconstitucionalidade. Lei 8.039, de 30 de maio de 1990, que
dispe sobre critrios de reajuste das mensalidades escolares e d
outras providncias. Em face da atual Constituio, para conciliar o
fundamento da livre iniciativa e do princpio da livre concorrncia
com os da defesa do consumidor e da reduo das desigualdades
sociais, em conformidade com os ditames da justia social, pode o
Estado, por via legislativa, regular a poltica de preos de bens e
de servios, abusivo que o poder econmico que visa ao aumento
arbitrrio dos lucros. No , pois, inconstitucional a Lei 8.039, de
30 de maio de 1990, pelo s fato de ela dispor sobre critrios de
reajuste das mensalidades das escolas particulares. Exame das
inconstitucionalidades alegadas com relao a cada um dos artigos da
mencionada Lei. Ofensa ao princpio da irretroatividade com relao a
expresso marco contida no pargrafo 5 do artigo 2 da referida Lei.
Interpretao conforme a Constituio aplicada ao caput do artigo 2, ao
pargrafo 5 desse mesmo artigo e ao artigo 4, todos da Lei em causa.
Ao que se julga procedente em parte, para declarar a
inconstitucionalidade da expresso marco contida no pargrafo 5 do
artigo 2 da Lei n. 8.039/90, e, parcialmente, o caput e o pargrafo
2 do artigo 2, bem como o artigo 4 os trs em todos os sentidos que
no aquele segundo o qual de sua aplicao esto ressalvadas as
hipteses em que, no caso concreto, ocorra direito adquirido, ato
jurdico perfeito e coisa julgada.
39. Inq 1247 / DF DISTRITO FEDERAL INQURITO Relator(a): Min.
MARCO AURLIO Julgamento: 15/04/1998 rgo Julgador: Tribunal Pleno
Publicao: DJ 18-10-2002 PP-00026 EMENT VOL-02087-01 PP-00075
EMENTA: CRIME CONTRA A HONRA ELEMENTO SUBJETIVO O DOLO
INVIOLABILIDADE PARLAMENTAR RETORSO ALCANCE. Tratando-se de hiptese
a revelar prtica inicial coberta pela inviolabilidade parlamentar,
sentindo-se o titular do mandato ofendido com resposta formalizada
por homem pblico na defesa da prpria honra, nico meio ao alcance
para rechaar aleivosias, cumpre ao rgo julgador adotar viso
flexvel, compatibilizando valores de igual envergadura. A ptica
ortodoxa prpria aos crimes contra os costumes, segundo a qual a
retorso peculiar ao crime de injria, cede a enfoque calcado no
princpio constitucional da proporcionalidade, da razoabilidade, da
razo de ser das coisas, potencializando-se a inteno do agente, o
elemento subjetivo prprio ao tipo o dolo e, mais do que isso, o
socialmente aceitvel. Consideraes e precedente singular ao caso
concreto.
40. Rcl 2040 QO / DF DISTRITO FEDERAL QUESTO DE ORDEM NA
RECLAMAO Relator(a): Min. NRI DA SILVEIRA Julgamento: 21/02/2002
rgo Julgador: Tribunal Pleno Publicao: DJ 27-06-2003 PP-00031 EMENT
VOL-02116-01 PP-00129 EMENTA: Reclamao. Reclamante submetida ao
processo de Extradio n. 783, disposio do STF. 2. Coleta de material
biolgico da placenta, com propsito de se fazer exame de DNA, para
averiguao de paternidade do nascituro, embora a oposio da
extraditanda. 3. Invocao dos incisos X e XLIX do art. 5, da CF/88.
4. Ofcio do Secretrio de Sade do DF sobre comunicao do Juiz Federal
da 10 Vara da Seo Judiciria do DF ao Diretor do Hospital Regional
da Asa Norte HRAN, autorizando a coleta e entrega de placenta para
fins de exame de DNA e fornecimento de cpia do pronturio mdico da
parturiente. 5. Extraditanda disposio desta Corte, nos termos da
Lei n. 6.815/80. Competncia do STF, para processar e julgar
eventual pedido de autorizao de coleta e exame de material gentico,
para os fins pretendidos pela Polcia Federal. 6. Deciso do Juiz
Federal da 10 Vara do Distrito Federal, no ponto em que autoriza a
entrega da placenta, para fins de realizao de exame de DNA,
suspensa, em parte, na liminar concedida na Reclamao. Mantida a
determinao ao Diretor do Hospital Regional da Asa Norte, quanto
realizao da coleta da placenta do filho da extraditanda. Suspenso
tambm o despacho do Juiz Federal da 10 Vara, na parte relativa ao
fornecimento de cpia integral do pronturio mdico da parturiente. 7.
Bens jurdicos constitucionais como moralidade administrativa,
persecuo penal pblica e segurana pblica que se acrescem, como bens
da comunidade, na expresso de Canotilho, ao direito fundamental
honra (CF, art. 5, X), bem assim direito honra e imagem de
policiais federais acusados de estupro da extraditanda, nas
dependncias da Polcia Federal, e direito imagem da prpria
instituio, em confronto com o alegado direito da reclamante
intimidade e a preservar a identidade do pai de seu filho. 8.
Pedido conhecido como reclamao e julgado procedente para avocar o
julgamento do pleito do Ministrio Pblico Federal, feito perante o
Juzo Federal da 10 Vara do Distrito Federal. 9. Mrito do pedido do
Ministrio Pblico Federal julgado, desde logo, e deferido, em parte,
para autorizar a realizao do exame de DNA do filho da reclamante,
com a utilizao da placenta recolhida, sendo, entretanto, indeferida
a splica de entrega Polcia Federal do pronturio mdico da
reclamante. ADPF-101/DF, Rel. Min. Crmen Lcia, Informativo STF n.
538, 9 a 13-3-2009: PLENRIO ADPF e Importao de Pneus Usados 1 O
Tribunal iniciou julgamento de arguio de descumprimento de preceito
fundamental, ajuizada pelo Presidente da Repblica, em que se
discute se decises judiciais que autorizam a importao de pneus
41. usados ofendem os preceitos inscritos nos artigos 196 e 225
da CF (Art. 196. A sade direito de todos e dever do Estado,
garantido mediante polticas sociais e econmicas que visem reduo do
risco de doena e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitrio s aes e servios para sua promoo, proteo e recuperao. ...
Art. 225. Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade
de vida, impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o dever de
defend-lo e preserv-lo para as presentes e futuras geraes.).
Sustenta o arguente que numerosas decises judiciais tm sido
proferidas em contrariedade a Portarias do Departamento de Operaes
de Comrcio Exterior DECEX e da Secretaria de Comrcio Exterior
SECEX, Resolues do Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA e
Decretos federais que, expressamente, vedam a importao de bens de
consumo usados, com especial referncia aos pneus usados.
Inicialmente, por maioria, rejeitou-se a preliminar de no cabimento
da ao. Reputou-se atendido o princpio da subsidiariedade, tendo em
conta a pendncia de mltiplas aes judiciais, nos diversos graus de
jurisdio, inclusive no Supremo, nas quais h interpretaes e decises
divergentes sobre a matria, o que tem gerado situao de insegurana
jurdica, no havendo outro meio hbil a solucionar a polmica sob
exame. Vencido, no ponto, o Min. Marco Aurlio, que, salientando no
estar includa a jurisdio na aluso, contida na parte final do art. 1
da Lei 9.882/99, a ato do poder pblico e, ressaltando no ser a ADPF
sucedneo recursal contra decises judiciais, reputava inadequada a
medida formalizada. ADPF e Importao de Pneus Usados 2 No mrito, a
Min. Crmen Lcia, relatora, julgou parcialmente procedente o pedido
formulado para: 1) declarar vlidas constitucionalmente as normas do
art. 27 da Portaria DECEX 8/91; do Decreto 875/93, que ratificou a
Conveno da Basilia; do art. 4 da Resoluo 23/96; do art. 1 da
Resoluo CONAMA 235/98; do art. 1 da Portaria SECEX 8/2000; do art.
1 da Portaria SECEX 2/2002; do art. 47-A do Decreto 3.179/99 e seu
2, includo pelo Decreto 4.592/2003; do art. 39 da Portaria SECEX
17/2003; e do art. 40 da Portaria SECEX 14/2004, com efeitos ex
tunc; 2) declarar inconstitucionais, tambm com efeitos ex tunc, as
interpretaes, includas as judicialmente acolhidas, que, afastando a
aplicao daquelas normas, permitiram ou permitem a importao de pneus
usados de qualquer espcie, a includos os remoldados, ressalvados,
quanto a estes, os provenientes dos Pases integrantes do MERCOSUL,
na forma das normas acima citadas e que tenham incidido sobre os
casos; 3) excluir da incidncia daqueles efeitos pretritos
determinados as decises judiciais com trnsito em julgado, que no
estejam sendo objeto de nenhum questionamento, uma vez que somente
podem ser objeto da ADPF atos ou decises normativas,
administrativas ou judiciais impugnveis judicialmente. ADPF e
Importao de Pneus Usados 3 A relatora, ao iniciar o exame de mrito,
salientou que, na espcie em causa, se poria, de um lado, a proteo
aos preceitos fundamentais relativos ao direito sade e ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, cujo descumprimento estaria a
ocorrer por decises judiciais conflitantes; e, de outro, o
desenvolvimento econmico sustentvel, no qual se abrigaria, na
compreenso de alguns, a importao de pneus usados para o seu
aproveitamento como matria-prima, utilizada por vrias empresas
que
42. gerariam empregos diretos e indiretos. Em seguida,
apresentou um breve histrico da legislao sobre o assunto, necessria
para o deslinde da causa. No ponto, enfatizou a incluso da sade
como direito social fundamental no art. 6 da CF/88, bem como as
previses dos seus artigos 196 e 225. No plano internacional, citou
a Conveno da Basilia sobre o Controle de Movimentos
Transfronteirios de Resduos Perigosos e seu Depsito, de 22.3.89
ratificada pelo Decreto 875/93 , adotada e reconhecida como
documento de referncia mundial na Conferncia de Plenipotencirios, a
qual, com reflexos diretos na legislao interna dos Estados
signatrios, dentre os quais o Brasil, ensejou a edio, pelo
Departamento de Operaes de Comrcio Exterior rgo subordinado
Secretaria de Comrcio Exterior SECEX , da Portaria DECEX 8/91, que
vedou a importao de bens de consumo usados. Mencionou, ademais,
outras Portarias do DECEX, e do SECEX, Decretos e Resolues do
Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA em sentido semelhante.
Registrou que, com a edio da Portaria SECEX 8/2000, que proibiu a
importao de pneumticos recauchutados e usados, seja como bem de
consumo, seja como matria-prima, classificados na posio 4012 da
Nomenclatura Comum do MERCOSUL, o Uruguai se considerou prejudicado
e solicitou ao Brasil negociaes diretas sobre a proibio de
importaes de pneus usados procedentes daquele pas, nos termos dos
artigos 2 e 3 do Protocolo de Braslia. Explicou que isso deu causa
ao questionamento do Uruguai perante o Tribunal Arbitral ad hoc do
MERCOSUL, que, em 2002, concluiu pela ilegalidade da proibio de
importao de pneus remoldados de pases integrantes do bloco econmico
da Amrica do Sul, o que obrigou o Brasil a adequar sua legislao
quela deciso, irrecorrvel. Em decorrncia, foi editada a Portaria
SECEX 2/2002, que manteve a vedao de importao de pneus usados,
exceo dos pneus remoldados provenientes dos pases-partes do
MERCOSUL. ADPF e Importao de Pneus Usados 4 Prosseguindo, a
relatora afirmou que a questo posta na presente ADPF seria saber,
portanto, se as decises judiciais nacionais, que vm permitindo a
importao de pneus usados de Estados que no compem o MERCOSUL,
implicariam descumprimento dos preceitos fundamentais invocados.
Realou a imprescindibilidade de se solucionar o trato judicial
sobre a matria, que decorreu, sobretudo, da circunstncia de ela ter
sido objeto de contencioso perante a Organizao Mundial do Comrcio
OMC, a partir de 20.6.2005, quando houve Solicitao de Consulta da
Unio Europeia ao Brasil. Disse que a Unio Europeia formulou
referida consulta acerca da proibio de importao de pneus usados e
reformados dela procedentes e alegou afronta aos princpios do livre
comrcio e da isonomia entre os pases membros da OMC, em razo da
mantena da importao de pneus remoldados provenientes dos Estados
integrantes do MERCOSUL. Informou que as consideraes apresentadas
no Relatrio do Painel, que circulou entre os Membros da OMC,
levaram a Unio Europeia a apelar, tendo o rgo de Apelao da OMC
mantido a deciso no sentido de que seria justificvel a medida
adotada pelo Brasil quanto proibio de pneus usados e reformados,
para fins de proteger a vida e a sade humanas, bem como a sua flora
e fauna, mas concludo que a iseno de proibio de importao de pneus
usados dada ao MERCOSUL e as importaes destes por meio de liminares
configurariam uma injustificada e arbitrria discriminao (GATT, art.
XX, caput). Em face disso, a relatora reafirmou a razo fundamental
de se dar uma soluo definitiva sobre uma pendncia que, no plano
internacional, justificaria a derrocada das normas proibitivas
sobre a importao de pneus usados, haja vista que, para o rgo de
Apelao da OMC, se uma parte do Poder Judicirio brasileiro libera
empresas para import-los, a despeito da
43. vigncia das normas postas, porque os objetivos alegados
pelo Brasil, perante o rgo internacional do comrcio, no teriam o
fundamento constitucional que as validariam e fundamentariam.
Acrescentou, no ponto, que, em 17.12.2007, o rgo de Soluo de
Controvrsias DSB adotou os aludidos relatrios do Painel e do rgo de
Apelao, e que, em 15.12.2008, o Brasil se comprometeu a implementar
as recomendaes e as regras do rgo de Soluo de Controvrsias, de
maneira consistente com as obrigaes da OMC. ADPF e Importao de
Pneus Usados 5 Na sequncia, a Min. Crmen Lcia deixou consignado
histrico sobre a utilizao do pneu e estudos sobre os procedimentos
de sua reciclagem, que demonstraram as graves consequncias geradas
por estes na sade das populaes e nas condies ambientais, em
absoluto desatendimento s diretrizes constitucionais que se voltam
exatamente ao contrrio, ou seja, ao direito sade e ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado. Asseverou que, se h mais benefcios
financeiros no aproveitamento de resduos na produo do asfalto
borracha ou na indstria cimenteira, haveria de se ter em conta que
o preo industrial a menor no poderia se converter em preo social a
maior, a ser pago com a sade das pessoas e com a contaminao do meio
ambiente. Fez ampla considerao sobre o direito ao meio ambiente
salientando a observncia do princpio da precauo pelas medidas
impostas nas normas brasileiras apontadas como descumpridas pelas
decises ora impugnadas , e o direito sade. Afastou, tambm, o
argumento de que as restries que o Brasil quer aplicar aos atos de
comrcio no poderiam ser veiculadas por ato regulamentar, mas apenas
por lei em sentido formal. No ponto, reputou plenamente atendido o
princpio da legalidade, haja vista que o Ministrio do
Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior tem como rea de
competncia o desenvolvimento de polticas de comrcio exterior e a
regulamentao e execuo das atividades relativas a este, sendo que as
normas editadas pelo seu Departamento de Comrcio Exterior DECEX,
responsvel pelo monitoramento e pela fiscalizao do comrcio
exterior, seriam imediatamente aplicveis, em especial as
proibitivas de trnsito de bens, ainda no desembaraados, no
territrio nacional. Citou diversas normas editadas pelo DECEX e
SECEX que, segundo jurisprudncia da Corte, teriam fundamento direto
na Constituio (art. 237). Aps relembrar no ter havido tratamento
discriminatrio nas relaes comerciais adotado pelo Brasil, no que
respeita exceo da importao de pneus remoldados dos pases do
MERCOSUL, que se deu ante determinao do Tribunal ad hoc a que teve
de se submeter, a relatora anotou que os pases da Unio Europeia
estariam se aproveitando de brechas na legislao brasileira ou em
autorizaes judiciais para descartar pneus inservveis tanto no
Brasil quanto em outros pases em desenvolvimento. Ressaltou que, se
a OMC tivesse acolhido a pretenso da Unio Europia, o Brasil poderia
ser obrigado a receber, por importao, pneus usados de toda a
Europa, que detm um passivo da ordem de 2 a 3 bilhes de unidades.
ADPF e Importao de Pneus Usados 6 A relatora, tendo em conta o que
exposto e, dentre outros, a dificuldade na decomposio dos elementos
que compem o pneu e de seu armazenamento, os problemas que advm com
sua incinerao, o alto ndice de propagao de doenas, como a dengue,
decorrente do acmulo de pneus descartados ou
44. armazenados a cu aberto, o aumento do passivo ambiental
principalmente em face do fato de que os pneus usados importados tm
taxa de aproveitamento para fins de recauchutagem de apenas 40%,
constituindo o resto matria inservvel, ou seja, lixo ambiental ,
considerou demonstrado o risco da segurana interna, compreendida no
somente nas agresses ao meio ambiente que podem ocorrer, mas tambm
sade pblica, e invivel, por conseguinte, a importao de pneus
usados. Rejeitou, ainda, o argumento dos interessados de que
haveria ofensa ao princpio da livre concorrncia e da livre
iniciativa, ao fundamento de que, se fosse possvel atribuir peso ou
valor jurdico a tais princpios relativamente ao da sade e do meio
ambiente ecologicamente equilibrado, preponderaria a proteo destes,
cuja cobertura abrange a atual e as futuras geraes. Concluiu que,
apesar da complexidade dos interesses e dos direitos envolvidos, a
ponderao dos princpios constitucionais revelaria que as decises que
autorizaram a importao de pneus usados ou remoldados teriam
afrontado os preceitos constitucionais da sade e do meio ambiente
ecologicamente equilibrado e, especificamente, os princpios que se
expressam nos artigos 170, I e VI, e seu pargrafo nico, 196 e 225,
todos da CF. Aps, o julgamento foi suspenso em virtude do pedido de
vista do Min. Eros Grau.
45. ADI 3540 MC / DF DISTRITO FEDERAL MEDIDA CAUTELAR NA AO
DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Relator(a): Min. CELSO DE MELLO
Julgamento: 01/09/2005 rgo Julgador: Tribunal Pleno Publicao: DJ
03-02-2006 PP-00014 EMENT VOL-02219-03 PP-00528 EMENTA: MEIO
AMBIENTE DIREITO PRESERVAO DE SUA INTEGRIDADE (CF, ART. 225)
PRERROGATIVA QUALIFICADA POR SEU CARTER DE METAINDIVIDUALIDADE
DIREITO DE TERCEIRA GERAO (OU DE NOVSSIMA DIMENSO) QUE CONSAGRA O
POSTULADO DA SOLIDARIEDADE NECESSIDADE DE IMPEDIR QUE A TRANSGRESSO
A ESSE DIREITO FAA IRROMPER, NO SEIO DA COLETIVIDADE, CONFLITOS
INTERGENERACIONAIS ESPAOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS
(CF, ART. 225, 1, III) ALTERAO E SUPRESSO DO REGIME JURDICO A ELES
PERTINENTE MEDIDAS SUJEITAS AO PRINCPIO CONSTITUCIONAL DA RESERVA
DE LEI SUPRESSO DE VEGETAO EM REA DE PRESERVAO PERMANENTE
POSSIBILIDADE DE A ADMINISTRAO PBLICA, CUMPRIDAS AS EXIGNCIAS
LEGAIS, AUTORIZAR, LICENCIAR OU PERMITIR OBRAS E/OUATIVIDADES NOS
ESPAOS TERRITORIAIS PROTEGIDOS, DESDE QUE RESPEITADA, QUANTO A
ESTES, A INTEGRIDADE DOS ATRIBUTOS JUSTIFICADORES DO REGIME DE
PROTEO ESPECIAL RELAES ENTRE ECONOMIA (CF, ART. 3, II, C/C O ART.
170, VI) E ECOLOGIA (CF, ART. 225) COLISO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS
CRITRIOS DE SUPERAO DESSE ESTADO DE TENSO ENTRE VALORES
CONSTITUCIONAIS RELEVANTES OS DIREITOS BSICOS DA PESSOA HUMANA E AS
SUCESSIVAS GERAES (FASES OU DIMENSES) DE DIREITOS (RTJ 164/158,
160-161) A QUESTO DA PRECEDNCIA DO DIREITO PRESERVAO DO MEIO
AMBIENTE: UMA LIMITAO CONSTITUCIONAL EXPLCITA ATIVIDADE ECONMICA
(CF, ART. 170, VI) DECISO NO REFERENDADA CONSEQUENTE INDEFERIMENTO
DO PEDIDO DE MEDIDA CAUTELAR. A PRESERVAO DA INTEGRIDADE DO MEIO
AMBIENTE: EXPRESSO CONSTITUCIONAL DE UM DIREITO FUNDAMENTAL QUE
ASSISTE GENERALIDADE DAS PESSOAS. Todos tm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado. Trata-se de um tpico direito de
terceira gerao (ou de novssima dimenso), que assiste a todo o gnero
humano (RTJ 158/205-206). Incumbe, ao Estado e prpria coletividade,
a especial obrigao de defender e preservar, em benefcio das
presentes e futuras geraes, esse direito de titularidade coletiva e
de carter transindividual (RTJ 164/158-161). O adimplemento desse
encargo, que irrenuncivel, representa a garantia de que no se
instauraro, no seio da coletividade, os graves conflitos
intergeneracionais marcados pelo desrespeito ao dever de
solidariedade, que a todos se impe, na proteo desse bem essencial
de uso comum das pessoas em geral. Doutrina. A ATIVIDADE ECONMICA
NO PODE SER EXERCIDA EM DESARMONIA COM OS PRINCPIOS DESTINADOS A
TORNAR EFETIVA A PROTEO AO MEIO AMBIENTE. A incolumidade do meio
ambiente no pode ser comprometida por interesses empresariais nem
ficar dependente de motivaes de ndole meramente econmica, ainda
mais se se tiver presente que a atividade econmica, considerada a
disciplina constitucional que a rege,
46. est subordinada, dentre outros princpios gerais, quele que
privilegia a defesa do meio ambiente (CF, art. 170, VI), que traduz
conceito amplo e abrangente das noes de meio ambiente natural, de
meio ambiente cultural, de meio ambiente artificial (espao urbano)
e de meio ambiente laboral. Doutrina. Os instrumentos jurdicos de
carter legal e de natureza constitucional objetivam viabilizar a
tutela efetiva do meio ambiente, para que no se alterem as
propriedades e os atributos que lhe so inerentes, o que provocaria
inaceitvel comprometimento da sade, segurana, cultura, trabalho e
bem-estar da populao, alm de causar graves danos ecolgicos ao
patrimnio ambiental, considerado este em seu aspecto fsico ou
natural. A QUESTO DO DESENVOLVIMENTO NACIONAL (CF, ART. 3, II) E A
NECESSIDADE DE PRESERVAO DA INTEGRIDADE DO MEIO AMBIENTE (CF, ART.
225): O PRINCPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL COMO FATOR DE OBTENO
DO JUSTO EQUILBRIO ENTRE AS EXIGNCIAS DA ECONOMIA E AS DA ECOLOGIA.
O princpio do desenvolvimento sustentvel, alm de impregnado de
carter eminentemente constitucional, encontra suporte legitimador
em compromissos internacionais assumidos pelo Estado brasileiro e
representa fator de obteno do justo equilbrio entre as exigncias da
economia e as da ecologia, subordinada, no entanto, a invocao desse
postulado, quando ocorrente situao de conflito entre valores
constitucionais relevantes, a uma condio inafastvel, cuja
observncia no comprometa nem esvazie o contedo essencial de um dos
mais significativos direitos fundamentais: o direito preservao do
meio ambiente, que traduz bem de uso comum da generalidade das
pessoas, a ser resguardado em favor das presentes e futuras geraes.
O ART. 4 DO CDIGO FLORESTAL E A MEDIDA PROVISRIA N 2.166- 67/2001:
UM AVANO EXPRESSIVO NA TUTELA DAS REAS DE PRESERVAO PERMANENTE. A
Medida Provisria n 2.166-67, de 24/08/2001, na parte em que
introduziu significativas alteraes no art. 4o do Cdigo Florestal,
longe de comprometer os valores constitucionais consagrados no art.
225 da Lei Fundamental, estabeleceu, ao contrrio, mecanismos que
permitem um real controle, pelo Estado, das atividades
desenvolvidas no mbito das reas de preservao permanente, em ordem a
impedir aes predatrias e lesivas ao patrimnio ambiental, cuja
situao de maior vulnerabilidade reclama proteo mais intensa, agora
propiciada, de modo adequado e compatvel com o texto
constitucional, pelo diploma normativo em questo. Somente a alterao
e a supresso do regime jurdico pertinente aos espaos territoriais
especialmente protegidos qualificam-se, por efeito da clusula
inscrita no art. 225, 1, III, da Constituio, como matrias sujeitas
ao princpio da reserva legal. lcito ao Poder Pblico qualquer que
seja a dimenso institucional em que se posicione na estrutura
federativa (Unio, Estados-membros, Distrito Federal e Municpios)
autorizar, licenciar ou permitir a execuo de obras e/ou a realizao
de servios no mbito dos espaos territoriais especialmente
protegidos, desde que, alm de observadas as restries, limitaes e
exigncias abstratamente estabelecidas em lei, no resulte
comprometida a integridade dos atributos que justificaram, quanto a
tais territrios, a instituio de regime jurdico de proteo especial
(CF, art. 225, 1, III).
47. ADI 1969 / DF DISTRITO FEDERAL AO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI
Julgamento: 28/06/2007 rgo Julgador: Tribunal Pleno Publicao:
DJe-092 DIVULG 30-08-2007 PUBLIC 31-08-2007 EMENTA: AO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. DECRETO 20.098/99, DO DISTRITO FEDERAL.
LIBERDADE DE REUNIO E DE MANIFESTAO PBLICA. LIMITAES. OFENSA AO
ART. 5, XVI, DA CONSTITUIO FEDERAL. I. A liberdade de reunio e de
associao para fins lcitos constitui uma das mais importantes
conquistas da civilizao, enquanto fundamento das modernas
democracias polticas. II. A restrio ao direito de reunio
estabelecida pelo Decreto distrital 20.098/99, a toda evidncia,
mostra-se inadequada, desnecessria e desproporcional quando
confrontada com a vontade da Constituio (Wille zur Verfassung).
III. Ao direta julgada procedente para declarar a
inconstitucionalidade do Decreto distrital 20.098/99.
48. ADI 1969 MC / DF DISTRITO FEDERAL MEDIDA CAUTELAR NA AO
DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Relator(a): Min. MARCO AURLIO
Julgamento: 24/03/1999 rgo Julgador: Tribunal Pleno Publicao: DJ
05-03-2004 PP-00013 EMENT VOL-02142-02 PP-00282 EMENTA: AO DIRETA
DE INCONSTITUCIONALIDADE OBJETO DECRETO. Possuindo o decreto
caracterstica de ato autnomo abstrato, adequado o ataque da medida
na via da ao direta de inconstitucionalidade. Isso ocorre
relativamente a ato do Poder Executivo que, a pretexto de
compatibilizar a liberdade de reunio e de expresso com o direito ao
trabalho em ambiente de tranquilidade, acaba por emprestar Carta
regulamentao imprpria, sob os ngulos formal e material. LIBERDADE
DE REUNIO E DE MANIFESTAO PBLICA LIMITAES. De incio, surge com
relevncia mpar pedido de suspenso de decreto mediante o qual foram
impostas limitaes liberdade de reunio e de manifestao pblica,
proibindo-se a utilizao de carros de som e de outros equipamentos
de veiculao de ideias. Legislao: LEI N 6.815, DE 19 DE AGOSTO DE
1980. (vide Cap. 08) LEI N 8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990. (vide
Cap. 06)
49. GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL DECRETO N 20.010, DE 10 DE
JANEIRO DE 1999 Art. 1 Fica vedada, com a utilizao de carros de som
ou assemelhados, a realizao de manifestaes pblicas, nos locais
abaixo descriminados: I Praa dos Trs Poderes; II Esplanada dos
Ministrios; III Praa do Buriti. Art. 2 Este Decreto entra em vigor
na data de sua publicao. Art. 3 Revogam-se as disposies em
contrrio, e, em especial o Decreto n 20.007, de 14 de janeiro de
1999. JOAQUIM DOMINGOS RORIZ Governador Publicado no DODF de
21.01.1999, pg. 1. Questes: 15. correto afirmar que todos os
direitos fundamentais acolhidos pela Constituio de 1988 esto
contidos no Ttulo II do Diploma (Dos Direitos e Garantias
Fundamentais)? (ver ADI 939, DJ 17-12- 1993). 16. A obrigao do
Estado de incentivar e valorizar manifestaes culturais torna
legtimas prticas tomadas como antigas manifestaes culturais que
envolvem crueldade com os animais? (ver STF RE 153.531, DJ
13.3.1998). 17. A deciso do indivduo por uma vida pblica, numa
carreira poltica, leva perda do seu direito imagem e privacidade?
(ver STF: HC 78.426, DJ 7.5.1999 e Inq 503, RTJ 148/73) 18.
Analise, sob o ngulo da teoria dos direitos fundamentais, a
validade de uma avena, em que, em troca de uma renda vitalcia para
os seus filhos, uma das partes assuma a condio de escravo do outro
contratante. 19. Como conciliar o disposto no 1 do art. 5 da
Constituio ( as normas definidoras dos direitos e garantias
fundamentais tm aplicao imediata) com a afirmao de que certos
direitos sociais dependem de desenvolvimento legislativo para
surtirem os efeitos prticos a que esto vocacionados? 20. Suponha
que algum, que est a dias de terminar o cumprimento de uma longa
pena por homicdio, se insurja contra um programa jornalstico que
pretende rememorar o crime cometido h 25 anos, anunciado para ser
transmitido, no dia do trmino do cumprimento da pena, por uma estao
de
50. televiso que costuma ter alta audincia. Que argumentos,
centrados na teoria dos direitos fundamentais, voc poderia
desenvolver em favor desse presidirio na sua pretenso de evitar que
o programa venha ao ar? 21. Tendo em vista a vinculao da
Administrao Pblica aos direitos fundamentais, pode o administrador
realizar, ele prprio, juzo de inconstitucionalidade de uma lei
negando a ela aplicao por entend-la violadora de um direito
fundamental? 22. Suponha que uma empresa esteja recrutando novos
empregados do sexo feminino e exigindo, como requisito para a
seleo, a apresentao de exame relativo a estado de gravidez. Essa
exigncia constitucional? Quais os direitos fundamentais violados no
caso? Tais direitos so oponveis aos atos praticados por empresa
privada? 23. H situaes que, embora semanticamente includas na norma
de direito fundamental, no acham nela proteo. Pode-se dizer que o
curandeirismo se inclui no mbito de proteo da norma relativa ao
direito fundamental liberdade de culto? (RHC 62.240/SP, RTJ,
114/1038, Rel. Min. Francisco Rezek). 24. Roberto ru em ao de
investigao de paternidade, tendo se recusado a retirar amostra de
sangue para exame de DNA. Em face da recusa, o juiz da causa
ordenou que Roberto se submetesse ao exame, por entender no ser
invocvel, no caso concreto, o direito personalssimo de
disponibilidade do prprio corpo, pois a ele se sobreporia o direito
do menor conhecer sua filiao. O ru tentou obter a reforma da deciso
nas instncias ordinrias, no alcanando xito. Estando prxima a data
marcada pelo juiz para o exame de DNA, Roberto impetrou habeas
corpus no STF alegando constrangimento decorrente do cerceamento da
sua liberdade de locomoo. Analise a questo jurdica posta,
dissertando sobre a razoabilidade da medida e ponderando os
princpios constitucionais envolvidos no caso. (ver: HC 71.373/RS,
DJ de 22-11-1996, Rel. Marco Aurlio) 25. Em relao interveno do
legislador no mbito de proteo dos direitos individuais, por vezes
autorizada pela prpria Constituio, diferencie as categorias de
simples reserva legal e reserva legal qualificada, utilizando
exemplos contidos no texto constitucional. 26. Comente sobre as
diferentes posies dogmticas acerca da proteo do ncleo essencial dos
direitos fundamentais. 27. Explicite e analise o contedo que tem
sido atribudo pelo Supremo Tribunal Federal ao princpio na
proporcionalidade por meio da sua utilizao como instrumento para
solucionar colises entre direitos fundamentais. 28. O que se
entende por concorrncia de direitos fundamentais?
51. Captulo 4 DIREITOS FUNDAMENTAIS EM ESPCIE Acrdos: Ext 984 /
EU ESTADOS UNIDOS DA AMRICA EXTRADIO Relator(a): Min. CARLOS BRITTO
Julgamento: 13/09/2006 rgo Julgador: Tribunal Pleno Publicao: DJ
17-11-2006 PP-00048 EMENT VOL-02256-01 PP-00001 LEXSTF v. 29, n.
337, 2007, p. 315-322 EMENTA: EXTRADIO. HOMICDIO DOLOSO. ALEGAO DE
QUE A ACUSAO IMPRECISA. PERSEGUIO POLTICA. NO COMPROVAO. EXISTNCIA
DE FILHO BRASILEIRO DEPENDENTE DA ECONOMIA PATERNA. FATOR NO
IMPEDITIVO DO PROCESSO EXTRADICIONAL. PEDIDO DE EXTRADIO DEFERIDO.
I Ao contrrio do que sustenta a defesa do extraditando, o pedido
est suficientemente instrudo, pois dele figuram a descrio precisa
do fato criminoso, suas circunstncias, data, local e natureza. II
Inexistncia de elementos, nos autos, que permitam a concluso de que
o extraditando vtima de perseguio poltica pelo governo do Estado
requerente. III A existncia de filho brasileiro, ainda que
dependente da economia paterna, no impede a concesso da extradio.
Precedentes. IV Pedido extradicional deferido sob a condio de que o
Estado requerente assuma, em carter formal, o compromisso de
comutar eventual pena de morte ou de priso perptua em pena de priso
com prazo mximo de 30 anos. Precedente: Ext. 855, Rel. Min. Celso
de Mello.
52. RE 372472 / RN RIO GRANDE DO NORTE RECURSO EXTRAORDINRIO
Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO Julgamento: 04/11/2003 rgo
Julgador: Segunda Turma Publicao: DJ 28-11-2003 PP-00033 EMENT
VOL-02134-05 PP-00929 EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO.
CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. ATO OMISSIVO DO PODER
PBLICO: DETENTO MORTO POR OUTRO PRESO. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA:
CULPA PUBLICIZADA: FALTA DO SERVIO. C.F., art. 37, 6. I.
Tratando-se de ato omissivo do poder pblico, a responsabilidade
civil por esse ato subjetiva, pelo que exige dolo ou culpa, em
sentido estrito, esta numa de suas trs vertentes - a negligncia, a
impercia ou a imprudncia -, no sendo, entretanto, necessrio
individualiz-la, dado que pode ser atribuda ao servio pblico, de
forma genrica, a falta do servio. II. A falta do servio - faute du
service dos franceses - no dispensa o requisito da causalidade,
vale dizer, do nexo de causalidade entre a ao omissiva atribuda ao
poder pblico e o dano causado a terceiro. III. Detento assassinado
por outro preso: responsabilidade civil do Estado: ocorrncia da
falta do servio, com a culpa genrica do servio pblico, dado que o
Estado deve zelar pela integridade fsica do preso. IV. R.E.
conhecido e no provido.
53. RE 271286 AgR / RS RIO GRANDE DO SUL AG.REG.NO RECURSO
EXTRAORDINRIO Relator(a): Min. CELSO DE MELLO Julgamento:
12/09/2000 rgo Julgador: Segunda Turma Publicao: DJ 24-11-2000
PP-00101 EMENT VOL-02013-07 PP-01409 EMENTA: PACIENTE COM HIV/AIDS
PESSOA DESTITUDA DE RECURSOS FINANCEIROS DIREITO VIDA E SADE
FORNECIMENTO GRATUITO DE MEDICAMENTOS DEVER CONSTITUCIONAL DO PODER
PBLICO (CF, ARTS. 5, CAPUT, E 196) PRECEDENTES (STF) RECURSO DE
AGRAVO IMPROVIDO. O DIREITO SADE REPRESENTA CONSEQUNCIA
CONSTITUCIONAL INDISSOCIVEL DO DIREITO VIDA. O direito pblico
subjetivo sade representa prerrogativa jurdica indisponvel
assegurada generalidade das pessoas pela prpria Constituio da
Repblica (art. 196). Traduz bem jurdico constitucionalmente
tutelado, por cuja integridade deve velar, de maneira responsvel, o
Poder Pblico, a quem incumbe formular e implementar polticas
sociais e econmicas idneas que visem a garantir, aos cidados,
inclusive queles portadores do vrus HIV, o acesso universal e
igualitrio assistncia farmacutica e mdico- hospitalar. O direito
sade alm de qualificar-se como direito fundamental que assiste a
todas as pessoas representa consequncia constitucional indissocivel
do direito vida. O Poder Pblico, qualquer que seja a esfera
institucional de sua atuao no plano da organizao federativa
brasileira, no pode mostrar-se indiferente ao problema da sade da
populao, sob pena de incidir, ainda que por censurvel omisso, em
grave comportamento inconstitucional. A INTERPRETAO DA NORMA
PROGRAMTICA NO PODE TRANSFORM-LA EM PROMESSA CONSTITUCIONAL
INCONSEQUENTE. O carte