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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
Versão Online ISBN 978-85-8015-037-7Cadernos PDE
2007
VOLU
ME I
DENISE CRISTINA POLAKOWSKI PAMPUCH
O ENSINO DA LEITURA POR MEIO DO GÊNERO NOTÍCIA
Este projeto foi aplicado como implementação da proposta do PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional), para o Núcleo Regional da Educação
COLÉGIO ESTADUAL JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA – EFM.
SÃO JOSÉ DOS PINHAIS 2008
1
O ENSINO DA LEITURA POR MEIO DO GÊNERO NOTÍCIA
Denise Cristina Polakowski Pampuch1
Resumo: A finalidade essencial da escola é fazer com que o aluno tenha acesso ao conhecimento historicamente produzido e isso se concretizará por meio do principal conteúdo: a leitura, a qual deve ser ensinada em toda a escolaridade. Entretanto, por concepções de leituras equivocadas, supõe-se que o aluno já domine este conteúdo, uma vez que decodifica bem o texto, o que não é verdade, segundo as estatísticas que demonstram os péssimos resultados em leitura para a compreensão do texto. É claro que vários fatores são determinantes para se chegar a este resultado ruim, sendo assim, o objetivo deste projeto é o encaminhamento de como fazer para melhorar este aprendizado em sala de aula, trabalhando com a leitura do gênero notícia e dando a oportunidade ao aluno do ensino fundamental de se tornar um leitor mais ativo.
Palavras-chave: leitura, leitor, gênero notícia, seqüência didática.
Abstract: The school's purpose is to assure that the student can have access to the knowledge historically produced and this will take place through the main content: the reading, which should be taught throughout of the school. However, due to the wrong conceptions of reading it is assumed that the student already knows the content, because he decodes the text, that is not true, according to statistics that show the bad results in reading for understanding of the text. Of course, many factors are crucial for achieving this result bad, so the objective of this project is giving directions of how to improve this learning in the classroom, working with reading of news genre and giving the student of elementary school the opportunity to become a more active reader.
Keywords: reading, reader, news genre, didactic sequence.
1 1 Professora PDE-Graduada em Letras Português-Inglês e pós-graduada nos cursos de Metodologia no Ensino Fundamental e Médio e Supervisão e Orientação na Educação Básica.
2
1- APRESENTAÇÃO
Os variados gêneros do discurso e/ou textuais podem e devem fazer parte do cotidiano
escolar, uma vez que é por meio deles que se pode ampliar o ensino da leitura na escola.
Dessa forma, a leitura pode ser desenvolvida de uma maneira mais eficaz e dinâmica, com
a utilização do jornal, suporte que oferece uma variedade de textos dos mais diversos gêneros.
Contudo, entre tantos gêneros presentes neste suporte, foi a notícia que mais chamou a atenção
neste estudo, pela sua estrutura, por atender aos requisitos para o ensino da leitura, a qual
possibilita ao aluno a interação com o texto, apropriando-se do conhecimento, da informação e ao
mesmo tempo aprendendo a ser um leitor autônomo.
A notícia expressa a realidade e chama a atenção do aluno para levá-lo a refletir sobre os
problemas que envolvem seu bairro, sua cidade e, ao mesmo tempo, realizar a análise de como
aquele texto foi construído, fazendo uso da língua padrão.
Para o aluno dominar a leitura, faz-se necessário entender o gênero, sabendo como ele
funciona, para, conseqüentemente, compreender o que está escrito, e isto se relaciona a uma
concepção de leitura que para NEVES e organizadores (2006 p.137) se traduz em: “Ler é
produzir sentido; ensinar a ler é levar a reconhecer a necessidade de aprender a ler tudo que já
foi escrito”.
2- REFERENCIAL TEÓRICO:
2.1- LEITURA
São indiscutíveis os resultados que a leitura traz à população, a qual valoriza este
instrumento, quer seja como enriquecimento cultural, aquisição de conhecimento, competência,
entretenimento, quer seja pela interação do sujeito leitor com a sociedade.
Estas interações se apresentam nas oportunidades de leitura, pois fazem parte do nosso
dia-a-dia, tais como: placas de trânsito, anúncios, rótulos, revistas, livros, notícias etc. A todo o
momento, há um texto para ser lido, uma intenção, uma ideologia é propagada e, dependendo do
conhecimento e da leitura de mundo, alcançada durante sua vida, o leitor aceita resignado ou
questiona, interagindo com o texto e dando-lhe uma resposta .
3
Para as Diretrizes Curriculares da Educação Básica (DCEs p.12) “a leitura é entendida
como um processo de produção de sentido que se dá a partir de interações sociais ou relações
dialógicas que acontecem entre o texto e o leitor”, quando não há estas relações, fica difícil
motivar o aluno para a aprendizagem da leitura e neste caso pode-se dizer que, muitas vezes, o
processo deste ensino não está sendo bem preparado.
Na sala de aula, a leitura se faz presente em todas as disciplinas, então, cada professor é
responsável por incentivar seu aluno. Porém, nas aulas de língua portuguesa, o ensino deve ser
mais efetivo para a construção de um leitor ativo, com textos atraentes aos olhos da criança e do
adolescente, a fim de estimular sua vontade e curiosidade, em relação à leitura. Contudo, não é
isso que se observa. Analisando o livro didático como uma das ferramentas de aprendizagem,
SILVA a (2005, p.48) faz uma crítica quanto aos textos apresentados neste material muitíssimo
utilizado no cotidiano escolar pelos professores:
na maioria das vezes, são artificiais e nada dizem às experiências, aos desejos e às
aspirações dos alunos; são de segunda mão, inseridos nos livros didáticos através de
critérios duvidosos; são como contrabandeados pelas editoras para dentro das escolas,
numa total desconsideração pelos interesses dos leitores e pelo trabalho do professor; são
dispersos e fragmentados, dificultando o adentramento crítico em determinados
problemas da realidade; são redundantes, do tipo sempre-a-mesma-coisa, cujos
significados, exemplarmente prefixados, devem ser parafraseados pelo leitor para efeito
de avaliação e nota; são ainda normativos e ideologicamente comprometidos com uma
visão estática da realidade... enfim são textos que não interagem com o aluno e
contribuem para a morte paulatina de sua vontade de ler...(SILVA, 2005, p. 48).
A leitura e a compreensão do texto deveriam fazer parte da rotina escolar de uma forma
que estimulasse o aluno ao conhecimento; entretanto, o que se constata é outra realidade
demonstrada por ROCKWELL (1982) COLLINS e SMITH (1980) citados em SOLÉ (1998), os
quais pesquisaram sobre as atividades de leitura na escola e observaram nelas o não entendimento
do texto, pois os conceitos e atividades que se desenvolvem na sala de aula não são referentes ao
ensino da compreensão.
Tem-se observado que alguns professores associam a compreensão do texto à correta
decodificação, ou seja, basta o aluno oralizar bem para entender o texto e, assim, apropriar-se dos
conteúdos. Por vezes, o professor corrige as tarefas de interpretação do aluno se especializando
4
em procurar os “erros”, não avaliando o que os alunos escrevem, evitando, assim, um avanço
para o entendimento do texto.
Com certeza, isso denota uma formação deficiente do docente que precisa rever seus
paradigmas e avaliar a sua concepção de ensino/aprendizagem, principalmente em relação a um
conteúdo essencial que é a leitura.
Por outro lado, muitos alunos chegam ao entendimento do texto, mas por diferentes
razões: incentivo familiar à leitura, contato com outros textos, condições socioeconômicas mais
favorecidas etc., e então são capazes de aproveitar melhor o contexto escolar, e não porque houve
uma programação específica sobre o ensino da leitura.
A linguagem é um instrumento presente em todas as disciplinas, os alunos passam uma
boa parte do período escolar copiando, quer seja da lousa, quer seja do livro didático, os
exercícios que precisam responder; porém são poucas as atividades orientadas a ensinar a
compreensão do texto. Conforme COLOMERS E CAMPS (2002 p. 24), essas atividades podem
se classificar em dois grupos:
1- Atividades realizadas por meio do livro didático, geralmente com a utilização de textos
expositivos: o aluno lê para aprender, lê para memorizar os conteúdos.
2- Atividades orientadas a aprender a ler. O aluno faz a leitura com intuito de decifrar o texto, mas
não compreendê-lo.
Há também outras atividades que ensinam a ler, e não compreender o texto, como a
seqüência de leitura oral ou silenciosa, seguida da resposta de algumas questões de interpretação
facilmente localizáveis no texto.
Ainda outra prática muitas vezes cobrada é a exercitação de aspectos formais da língua
(ortografia - gramática), por meio de atividades descontextualizadas. E, finalizando, a atividade
em que o professor monopoliza a interpretação, pois se transforma em intermediário entre o texto
escrito e o aluno, determinando a resposta que o aluno deveria dar.
Com esta prática em sala de aula, o ensino não tem avançado em relação à aprendizagem
com a leitura, pelo menos é o que se mostra na tabela e gráfico do SAEB (Sistema de Avaliação
e Educação Básica) a seguir:
5
Tabela 1 – Médias de Proficiência em Língua Portuguesa Brasil- 1995 – 2005
Série 1995 1997 1999 2001 2003 2005 Dif.
4ª Série do E.F. 188,3 (1,6) 186,5 (1,6) 170,7 (0,9) 165,1 (0,8) 169,4 (0,8) 172,3 (1,0) 2,9 *
8ª Série do E.F. 256,1 (1,4) 250,0 (2,0) 232,9 (1,0) 235,2 (1,3) 232,0 (1,0) 231,9 (1,0) -0,1
3ª Série do E.M. 290,0 (1,9) 283,9 (2,1)266,6 (1,5) 262,3 (1,4) 266,7 (1,3) 257,6 (1,6) -9,1 *
Na página do INEP (www.inep.gov.br) pode-se ler que participaram desta avaliação
parte dos estudantes de 4ª a 8ª série do ensino fundamental, e também os de 3ª série do ensino
médio regular, tanto da rede pública quanto da rede privada, em área urbana e rural, portanto a
avaliação é amostral e por este motivo oferece resultados de desempenho relevante em nível
interno, ao contrário de avaliações internacionais como o PISA.
O resultado do gráfico acima descreve notas abaixo da média no âmbito nacional na
disciplina de língua portuguesa, numa escala que varia de 0 a 500. Como se pode observar as
notas foram decaindo se compararmos as avaliações de 1995 a 2005.
Sobre este assunto, no jornal Gazeta do Povo, (28 de maio de 2007), as escolas culpam a
forma como a avaliação foi realizada. Esta também foi a inquietação do secretário de educação
6
Maurício Requião, durante a palestra do presidente da Associação Brasileira de Avaliação
Educacional (Abave) José Francisco Soares - Doutor em Estatística pela Universidade de
Wisconsin (EUA) que, conforme notícia do mesmo jornal, aponta a homogeneidade das médias
ruins das escolas públicas.
A revista VEJA também publicou um artigo sobre o baixo rendimento, de autoria do
economista Gustavo Ioschpe, especialista em economia da educação, com mestrado pela
Universidade Yale, nos EUA, onde se tornou referência no meio acadêmico ao abordar as
questões do ensino com objetividade matemática. Escreveu dois artigos no ano de 2006 e neste
aborda: Os quatro mitos da escola brasileira, em que cita a prova aplicada pela OCDE
(organização formada por países da Europa e pelos Estados Unidos), o qual mediu o
conhecimento dos estudantes de 41 países e colocou o Brasil nas últimas posições em todas as
disciplinas. Infelizmente as escolas brasileiras, tanto públicas como particulares, ficaram em 37º
lugar em leitura.
Por outro lado, há escolas realizando projetos interessantes todos os anos, nas revistas
sobre educação, como a Nova Escola, por exemplo, ora ou outra, surgem reportagens sobre as
novidades em metodologia. A despeito dessas inovações, parece que isso ainda não é suficiente,
ainda assim a forma de ensinar a leitura, relatada por COLOMERS E CAMPS (2002, p.24)
persiste e deve mudar urgentemente. Observa-se, em alguns alunos, o não entendimento do texto;
por mais que o professor ou a professora orientem, há uma grande dificuldade. Esses são
chamados de analfabetos funcionais, pois não conseguem compreender o que lêem.
Então, o que é essencial para haver a compreensão do texto? Antes de mais nada, como
escrevem ANTUNES (2003), e KLEIMAM (2000), citadas pelas DCEs (2006), é necessário que
o aluno tenha uma leitura prévia daquilo que irá ler, ou seja, qual é o conhecimento sobre o
conteúdo que será estudado, quais relações pode estabelecer entre a leitura e suas experiências
anteriores. Essas são as previsões e inferências feitas sobre o texto.
Para que ocorra uma leitura efetiva na sala de aula, fazem-se necessárias algumas condições
para o seu ensino. Em primeiro lugar, a motivação é essencial, os alunos precisam encontrar
sentido nessa atividade, quais são os objetivos pretendidos, devem ser oferecidos certos desafios
por intermédio da leitura. E falando em objetivos, pode-se perceber diferentes propósitos para se
ler um texto. Segundo SOLÉ (1998) observam-se as variadas intenções de leitura: ler para obter
uma informação, ler para buscar uma informação mais generalizada, ler para seguir instruções,
7
ler para aprender, ler para revisar o seu próprio texto, ler por prazer, ler para comunicar um texto
a um auditório.
Em segundo lugar, o professor deve ativar o conhecimento prévio de seus alunos,
explicando o tema do texto lido só posteriormente, e se for necessário, para poder relacioná-lo ao
que já conhecem, chamando também a atenção para diferentes aspectos do texto, como: título,
subtítulo, mudança de letra, palavras-chave etc. Incentivar os alunos a exporem o que já sabem
sobre o tema, debatendo com eles sobre o assunto. Essa é a melhor forma de atualizar o
conhecimento prévio, segundo COOPER (1990) em SOLÉ (1998).
Em terceiro lugar, as previsões antes da leitura do texto são importantes para a futura
compreensão do mesmo, criando um ambiente em que os alunos possam expor suas hipóteses
sem risco de serem sancionados por falsas previsões. Qualquer texto pode ser trabalhado com
essa estratégia, mas o mais importante é que o aluno seja o protagonista de sua atividade.
E, finalmente, o docente deve promover perguntas dos alunos sobre o texto. Quando os
alunos fazem perguntas pertinentes, eles estão se conscientizando do que sabem e não sabem
sobre o assunto; essa contribuição melhora ainda mais a compreensão do texto.
Além disso, o professor deve oferecer uma diversidade de gêneros (notícia, conto,
crônica, carta pessoal, resenha, resumo etc.) os quais serão a base para o aprofundamento
lingüístico e levarão os alunos a avançarem na compreensão do funcionamento dos textos. Dessa
forma SCHNEUWLY e DOLZ afirmam:
Os gêneros podem ser considerados instrumentos que fundam a possibilidade de
comunicação (e de aprendizagem). Vejamos o desenvolvimento dessa metáfora do
gênero como instrumento. Um agente deve agir lingüisticamente (falar ou escrever),
numa situação definida por uma finalidade, um lugar social e destinatários. Como em
toda ação humana, ele vai usar um instrumento - ou um conjunto de instrumentos – para
agir: um garfo para comer, uma serra para derrubar uma árvore. A ação de falar realiza-
se com a ajuda de um gênero, que é um instrumento para agir lingüisticamente [...].
(SCHNEUWLY e DOLZ, 2004, p. 45)
8
2.2- NOTÍCIA
Diante de tantas informações recebidas diariamente pela TV, rádio, internet, o jornal
impresso tem investido esforços para conquistar os leitores, lançando cadernos diferenciados,
aprofundando notícias, exercitando a reflexão nos variados gêneros. Para PAVANI, JUNQUER e
CORTEZ (2007: 15):
O jornal é um instrumento de transformação da realidade e colabora para que a
comunidade possa, pelo domínio da informação, garantir pleno exercício da sua
cidadania. A imprensa faz uma seleção de fatos que vai noticiar, e nós, leitores, temos
que fazer uma reflexão a respeito da validade das mensagens veiculadas.
Desta forma, cabe aos professores a tarefa de desenvolver o senso crítico dos alunos para
sua formação por meio da convivência com a leitura dos vários gêneros do jornal, por exemplo,
os quais são essenciais para perceberem que não existe a neutralidade do texto, pois em tudo há
uma intenção.
Dentre os gêneros existentes no jornal, a notícia é o objeto de estudo deste artigo que pode
contribuir ao Ensino Fundamental, proporcionando uma reflexão sobre a língua, um estímulo à
leitura e seu desenvolvimento e, ao mesmo tempo, sendo este gênero um instrumento de
educação para o conhecimento e a prática da cidadania, para a formação de sujeitos maduros e
participativos que compreendam seu universo e tenham opiniões formadas.
Para LAGE (2006), “a notícia é um relato de uma série de fatos a partir do fato mais
importante ou interessante; e, de cada fato, a partir do aspecto mais importante ou interessante”.
O autor nos diz que não se trata exatamente de narrar os acontecimentos, mas de expô-los. Na
verdade, ele afirma que uma notícia é apresentada de forma bem objetiva, prática, sem entrar
muito no mérito da questão, seu texto é essencialmente referencial e usa os verbos na forma
indicativa.
Muitas vezes a notícia pode: gratificar, comover, motivar, provocar revoltas, agredir seus
consumidores. Vai depender da intenção de quem a escreve, podendo até exagerar, conforme o
vocabulário utilizado. A seleção do texto é feita pelos gatekeepers (pessoas que decidem o que
vai ser ou não publicado), cuja preocupação é saber se aquela informação é importante ou vai
atrair o consumidor, para tanto, os jornalistas devem ter uma postura ética.
9
Sendo assim, Lage também considera: “A notícia é o relato de deslocamentos,
transformações ou enunciações observáveis no mundo e consideradas de interesse para o
público”. Então, tudo aquilo que é subjetivo não entra no noticiário; como diz o autor, notícia
não argumenta, não conclui ou sustenta hipóteses.
2.3- APLICAÇÃO E ANÁLISE
Este projeto de implementação do PDE foi desenvolvido no Colégio Juscelino K. de
Oliveira, em São José dos Pinhais, com a turma 7ª. Série F, do período da tarde. Participaram 40
alunos nas atividades de intervenção e foram utilizadas no total 16 horas aula, para concluir este
trabalho.
O objetivo geral era favorecer aos alunos o acesso ao gênero jornalístico notícia e, por
intermédio dele, dar ênfase à leitura desse gênero, compreendendo-o, informando-se sobre a
realidade dos fatos e aprendendo a ser um leitor ativo.
Inicialmente foram lançados alguns questionamentos, como: O que é ler? Por que ler é
importante? O que é a notícia? Ela faz diferença em nosso dia-a-dia? Após ouvir as respostas dos
alunos e acrescentar as idéias da professora, mostrou-se a primeira página de alguns jornais
locais, e sucedeu-se a explicação de como a notícia é composta.
Com a utilização do retro projetor, foi exibida uma notícia publicada pela Gazeta do Povo
do dia 12/06/07, a seguir:
DANCE BOY PROCURA SUA DANCE GIRL
Dia dos Namorados
Cansado da solidão, funcionário público decide criar personagem
Publicado em 12/06/2007 | Marcos Xavier Vicente
Cansado de sucessivos fracassos com as mulheres desde a infância, o funcionário
público Adial Ribeiro Godoy Júnior resolveu desafiar a timidez em 2000. Inspirado
pelo Oil Man (identidade incorporada pelo professor aposentado Nelson Rebello,
10
que anda de bicicleta por Curitiba vestido apenas com uma sunga e besuntado em
bronzeador), resolveu ele mesmo incorporar outra personalidade para chamar a
atenção do universo feminino. Passou a usar uma camiseta em que suas intenções
estavam muito bem grafadas: conseguir uma namorada. Mas não qualquer uma.
Tinha de ser bonita (de preferência loira e de cabelo liso, a altura não importa) e,
como ele, curtir música eletrônica. Nascia o Dance Boy.
De lá para cá, a indumentária do Dance Boy evoluiu. Sempre combinando peças de
roupa em azul e rosa com inscrições que deixam claro o intuito em conseguir a tão
sonhada companheira, desde 2002 ele anda com o Dance Móvel. O meio de
transporte já foi um Fusca, deveria ser um Galaxy, acabou sendo um Del Rey, mas
o sonho é que ainda seja um Cadillac. No teto do Del Rey rosa, ano 84, um suporte
anuncia a missão de Dance Boy na Terra: “Quero conhecer gatinhas extrovertidas,
que curtam dance music e agitem no domingão”.
Além do carro, Dance Boy tem também a Dance Bike, também rosa e com luzes. “A
intenção do Dance Móvel e da Dance Bike é reproduzir o clima das pistas de
dança”, explica ele, que costuma freqüentar casas como a Nova Sistema X e a
Sociedade Abranches atrás da batida eletrônica.
Todo esse investimento – só na transformação do carro foram R$ 2 mil – tem
surtido pouco efeito. Nesse período, não apareceu nenhum relacionamento firme.
“Ainda sou muito tímido. Não sei chegar nas mulheres”, confessa.
Mas para Dance Boy a culpa de tanta indiferença com um bom partido como ele
recai também sobre o comportamento hostil das moças curitibanas. “Não levo sorte
com as mulheres em geral, mas com curitibana é pior. São muito fechadas”,
ressalta. Opinião compartilhada por moças de outras bandas. “Uma vez, em Santa
Catarina, umas moças me perguntaram se as mulheres de Curitiba eram cegas,
porque, segundo elas, só assim para não darem bola para mim”, enfatiza.
Se as curitibanas não dão chances para o Dance Boy, as forasteiras demonstram
11
simpatia pela outra personalidade de Adial. “Desde que virei o Dance Boy, só ‘fiquei’
com moças de fora”, revela. Questionado sobre quando foi a última vez que uma
pequena não resistiu aos seus encantos, Adial primeiro diz não se lembrar bem.
Com a insistência, a recordação surge: “Ah, foi há um ano, mais ou menos.”
Relacionamento sério mesmo Dance Boy só teve um, na década de 1990. E o mais
interessante: ainda sob o anonimato, com o alter-ego de Adial mesmo. Assim
mesmo, ele ainda espera que a dupla personalidade o ajude a não passar mais um
Dia dos Namorados como hoje: só.
Primeiro somente se trabalhou o conhecimento prévio a respeito da manchete e, aos
poucos, os parágrafos da notícia, a partir dos quais os alunos iam fazendo as previsões, lançando
hipóteses e comparando com a notícia parcialmente visualizada.
Concluída essa primeira parte, foram discutidas as possíveis dúvidas de interpretação,
promovendo algumas perguntas sobre o texto para depois seguir a explicação sobre a estrutura do
gênero notícia e suas características, agora de uma forma mais aprofundada, sobre a manchete, o
lide e os parágrafos complementares. A cada assunto explicado, seguiam-se as atividades.
Na seqüência, foram explicadas as marcas lingüísticas que caracterizam este gênero
textual como, os verbos, seus sujeitos, pronomes e os aspectos gráficos da notícia.
Abaixo seguem algumas atividades trabalhadas, que objetivam desenvolver a leitura do
gênero notícia.
1- Produzir manchetes referentes às notícias abaixo: (Nesta atividade o aluno precisa
identificar a idéia central do texto).
a) Geleiras em todo o mundo estão derretendo mais rápido que nunca, alerta um
relatório do Programa das Nações Unidas (ONU) para o Meio-Ambiente (Pnuma).
Cientistas mediram quase 30 geleiras e descobriram que em nove delas a perda de
gelo alcançou nível recorde em 2006. Em média, as geleiras perderam 1,5 metro de
gelo naquele ano – ao passo que a perda média foi de 30 centímetros por ano entre
1980 e 1999. A maior perda foi da geleira Breidablikkbre, na Noruega. (Gazeta do
Povo, 17/03/2008)
12
b) Campo Grande – Sob acusação de desacato a autoridade, uma menina de 12
anos está presa há quase uma semana em uma cela comum da delegacia de
Sidrolândia (a 60 quilômetros de Campo Grande). De acordo com o Centro de
Direitos Humanos de Mato Grosso do Sul (CDDH), ela vem sendo mantida sozinha,
mas sua cela fica ao lado de outras que abrigam exclusivamente homens. “Ela está
com medo e constrangida. Na hora de tomar banho, usa um espaço inadequado,
sem nenhuma privacidade’’, afirma o presidente do CDDH, Paulo Ângelo. “Trata-se
de uma violação inadmissível ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), além
de um dano psicológico irreparável’’, diz ele. (Gazeta do Povo – 17/03/08)
2- A notícia abaixo foi modificada para apresentar problemas de coerência e coesão.
Localize-os e reestruture o texto para que fique coerente.
MORTE DO PUBLICITÁRIO EXPÕE SEGURANÇA NOS ELEVADORES
A morte do publicitário Joeneci Barros colocam em discussão a segurança dos
moradores de edifícios com elevadores. Informações preliminares dão conta de que
o elevador usado por Joenci no prédio onde morava com a família teria parado no
18º e 19º andares, e que o publicitário teria tentado sair e acabou caindo no fosso.
3- Produzir uma notícia por meio do lide abaixo:
Quem? Os alunos
Onde? No colégio Juscelino K. de Oliveira em São José dos Pinhais.
Quando? Dia 08 a 12 de junho.
O quê? Participaram da Semana de arte, cultura e ciência.
Como? Cada professor representante da turma trabalhou o tema “Os oito jeitos de mudar o
mundo”, organizando as equipes, a fim de pesquisarem sobre o assunto e apresentarem com
criatividade para o colégio.
13
Por quê? Para ampliar o conhecimento e conscientizar-se do papel de cidadão na
sociedade.
4- Leia outra notícia a seguir:
DENGUE MATA ADOLESCENTE NO PARANÁ
Família denuncia negligência dos médicos, que liberaram a garota sem fazer
exames para detectar a presença do vírus. Ela morreu da forma hemorrágica da
doença
Publicado em 26/04/2008 | Alexandre Palmar, da sucursal
Foz do Iguaçu - Uma adolescente de 15 anos morreu vítima de dengue hemorrágica
ontem em Foz do Iguaçu. Esta é a primeira morte da forma mais grave da doença
na história da cidade e a primeira neste ano no Paraná. A família acusa os médicos
de negligência. A garota morreu após sentir os sintomas típicos, ser medicada e
liberada duas vezes em um intervalo de quatro dias.
Thais Alessandra Borges apresentou os primeiros sintomas na tarde da segunda-
feira, feriado de Tiradentes. Ela estava em casa quando sentiu mal-estar, dores
abdominais e febre. Foi levada então, por volta das 16 horas, ao Pronto-
Atendimento Central, onde recebeu uma receita indicando o uso do antiinflamatório
diclofenaco. Uma hora depois já estava em casa.
Estado teve 8 mortes em 6 anos
A estudante Thais Alessandra Borges foi a oitava vítima de dengue hemorrágica
nos últimos seis anos no Paraná. Em 2003, duas pessoas morreram na área da 17ª
Regional de Saúde, de Londrina. De 2004 a 2006 não foi registrada ocorrência de
forma hemorrágica, mas, em 2007, nove pessoas contraíram a doença: cinco delas
morreram (duas na 14ª Regional de Saúde, de Paranavaí, e três na 15ª Regional de
Saúde, de Maringá).
Em nota pública, a Secretaria Estadual da Saúde lamentou “imensamente” a morte
14
e comunicou que os casos no estado caíram de 15.600 em 2007 para 240 em 2008,
em comparação no mesmo período. O fato reforça a necessidade “contínua do
trabalho de prevenção da doença. Para isso é indispensável a manutenção de um
intenso trabalho voltado para o controle da dengue que envolva toda a sociedade”,
descreve o comunicado. (AP)
Na terça-feira e quarta-feira, a menina “estava bem”. Ela freqüentou as aulas da sua
turma — a quinta série, no Colégio Estadual Ayrton Senna — sem sinais de
complicações de saúde. Porém, na quinta-feira à tarde, voltou a sentir dores e
precisou ser levada pela mãe, a dona de casa Lurdes de Fátima This, de 48 anos,
novamente ao pronto-atendimento.
O retorno à unidade de saúde ocorreu por volta das 16 horas. Outra vez foi
medicada e liberada. A menina chegou em casa às 22 horas. “Apesar das próprias
autoridades do município dizerem pra gente tomar cuidado, em nenhum dos dois
primeiros atendimentos os médicos fizeram o exame para verificar a origem dos
sintomas”, afirmou o padrasto da menina, Adelar Machado, 36.
Segundo ele, Thais começou a passar muito mal assim que chegou em casa. Ela
teve hemorragia e começou a vomitar sangue. Pela terceira vez, os pais a levaram
ao Pronto-Atendimento Central. Eram quase 23 horas. Diante da gravidade da
paciente, os médicos a internaram na unidade de terapia intensiva do Hospital
Municipal, porém a adolescente não reagiu aos medicamentos e morreu às 2h30.
Para Adelar Machado, houve erro médico. “Não fizeram os exames antes, no
feriado”, denuncia, indignado. “Eles poderiam ter salvado minha filha. Dava tempo,
mas mataram minha filha.” Ontem, durante o velório, a mãe permaneceu
inconsolável, ao lado de parentes e amigos. Thais era a caçula dos sete filhos da
dona de casa. “Mataram minha filha”, acusa. “Foi negligência. Quero justiça. Ela era
uma criança.”
15
Município
Para a secretária Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu, Lisete Palma de Lima, os
testes para verificar a contaminação da dengue não foram feitos porque sintomas
iniciais, na segunda-feira e quinta-feira à tarde, não eram característicos da
enfermidade. “A doença agiu de forma silenciosa e o organismo dela não resistiu”,
diz, alegando que o caso “foi de complicação aguda e de progressão muito rápida”.
Na opinião dela, a administração pública tomou as providências necessárias para
evitar uma epidemia. “E isso realmente conseguimos, pois até agora Foz registrou
apenas 30 casos de dengue neste ano”, afirmou.
Contudo o óbito deixou o município em alerta máximo. De acordo com a secretaria,
a morte da estudante reforça a necessidade de aumentar as rotinas de prevenção
aos focos do mosquito transmissor da dengue. “Vamos intensificar as campanhas
de esclarecimento ao público, aumentar o monitoramento de casos suspeitos e
alertar os médicos para que fiquem ainda mais atentos aos sintomas da doença”,
garantiu.
Os pais da vítima acreditam que a dengue foi contraída em Foz, pois a estudante
não viajou nos últimos meses. Há um mês, a região onde Thais morava, o Parque
Imperatriz, passou por um bloqueio por causa de um morador com suspeita de
dengue (o exame deu negativo). A ação compreende visita casa a casa, aplicação
de inseticida com bomba costal motorizada e a busca ativa de outros casos
suspeitos.
5- Identifique acima quais as ações que aparecem no texto. Observem que estas ações são
chamadas de verbos e mostram fatos pontuais, que já aconteceram. Portanto em que tempo estão
estes verbos?
6- A maioria destas ações é praticada por alguém que podemos chamar de sujeito. Quem
são os sujeitos destas ações? Identifique-os.
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7- Observe que alguns trechos do texto estão entre aspas. Qual é o motivo de usar este
sinal gráfico? Identifique os autores das falas que estão entre aspas.
8- Agora observe o lide desta notícia e o escreva abaixo.
9-Devemos estar conscientes de que este tipo de notícia serve para alertar as autoridades,
pois casos como estes não podem se repetir. Baseado nisso, pesquise uma notícia que alerte a
população da sua cidade ou estado.
Além das atividades citadas, trabalhou-se com jornais que apresentam manchetes
sensacionalistas e suas respectivas notícias em que os alunos compararam a linguagem apelativa
com a informação de outros jornais não sensacionalistas.
O resultado de todo esse trabalho de leitura foi a produção de textos realizados pelos
alunos. Abaixo seguem alguns textos analisados com base em três classificações: Muito
satisfatório, satisfatório e insatisfatório.
Texto 1:
ÔNIBUS DESGOVERNADO ACABA MATANDO CRIANÇA
Ontem, no trecho entre Irati e Curitiba, aconteceu um grave acidente do ônibus da
empresa Nordeste, que transportava 48 passageiros, segundo testemunhas o motorista dormiu
ao volante e perdeu o controle do ônibus. O mesmo se desgovernou arrastando-se por 100
metros, matando um menino de 8 anos e ferindo 17 pessoas, dentre elas uma mulher que
perdeu a visão.
Logo em seguida, o Corpo de bombeiros e o Siate foram acionados e prestaram
socorro aos ocupantes do veículo. O menino foi levado ao IML da cidade, enquanto o restante
foi alojado em um salão de uma igreja até que a empresa providenciasse outro veículo para
transportar os passageiros até Curitiba.
Quanto ao motorista, este foi preso em flagrante.
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Texto 2:
NOITES EM CLARO
Nos dias 06, 07 e 08 de junho em São José dos Pinhais, ocorreu a Festa do Pinhão.
Diversão para uns, transtorno para outros, pois os moradores nos arredores da festa sofreram
com o som alto.
Durante nove anos, a festa aconteceu no Ginásio de Esportes Ney Braga. Porém há dois anos,
o evento mudou de endereço para o Estádio do Pinhão, causando dor de cabeça aos moradores
de lá.
Os textos acima podem ser classificados como muito satisfatórios, pois seguem os passos
de forma bem clara e objetiva, conforme a estrutura do gênero. No texto1, por exemplo, no
primeiro parágrafo, o aluno desenvolveu o lide da notícia respondendo às questões:
Onde? Trecho de Irati e Curitiba.
Quando? Ontem
Quem? Ônibus da Empresa Nordeste
O quê? Causou acidente envolvendo os 48 passageiros.
Por quê? O motorista dormiu ao volante.
No 2º parágrafo, o aluno desenvolve a notícia com os detalhes secundários e a conclui,
usando a linguagem padrão formal da língua, obedecendo à concordância verbal com os verbos
no tempo pretérito perfeito. Também atende à estrutura da notícia separando-a em três
parágrafos, como foi explicado em aula, demonstrando um texto coerente por meio do emprego
de uma linha de raciocínio lógica, clara e objetiva de acordo com o nível de uma sétima série.
O texto 2 é mais curto e objetivo que o primeiro, mas segue também a estrutura do gênero
notícia, adequando-se ao lide, usando a linguagem padrão e atendendo à concordância verbo-
nominal, o que o constitui num texto coerente.
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Texto 3:
PARQUE DESGOVERNADO
Um menino de apenas 14 anos é mais uma vítima dos parques de diversões em São
Paulo às 20:45 no sábado 01/06/08 foi muito grave o acidente no parque foi em um brinquedo
muito radical o nome é barco vinkim.
Um menino de apenas 14 anos é mais uma vítima dos parques de diversões em São
Paulo às 20:45 no sábado 01/06/08 foi muito grave o acidente no parque foi em um brinquedo
muito radical o nome é barco vinkim.
O acidente foi depois de o menino Paulo Cezar Oliveira entrar no brinquedo ele e seus
amigos estavam todos alegre, de repente no alto um parafuso escapa e lá de cima o brinquedo
caiu muito embalado no chão, foi muito horrível.
Só pessoas gritando chamando a ambulância, depois de 10 minutos chegou o Siate e os
bombeiros e eles estavam mechendo, e encontraram um corpo totalmente acabado pegaram
sua carteira e nome Paulo Cezar de Oliveira e já comunicaram ao seus pais. E logo seus pais
vieram bem rápido e viram seu filho morto no chão sendo carregado pelo IML.
E os pais de Paulo fizeram B. O. do parque, e assim foi essa notícia do parque.
Texto 4:
ACONTECIMENTOS DE AGREÇÃO
Perto da minha casa um homem batia em sua mulher quase todos os dias, por
qualquer coisa.
Quando ele chegava bêbado em casa se ela falase alguma coisa ela apanhava dele.
E as amigas dela souberam e falaram para ela denunciar ele e ela disse que estava com medo,
e disse que ia pensar e depois de uns três dias ela teve coragem de denunciar ele aí ele foi
preso por violência doméstica e danos morais.
Estes textos são considerados insatisfatórios, apesar do aluno seguir alguns passos do lide.
No texto 3, responde-se às questões: quem, onde, o quê e como, porém ocorrem vários
problemas. Apontaremos alguns deles:
• Grafia incorreta e repetição de palavras na 2ª, 3ª, 6ª e última linha.
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• Falta de pontuação em quase todo o texto.
• Falta de concordância nominal: 4ª linha.
• Inclusão de comentário indevido: 6ª linha.
• Linguagem fora do padrão culto: 8ª linha.
• Falta de coesão: 1ª, 2ª, 8ª linhas
No texto 4, o aluno não entendeu a estrutura da notícia e a confunde com um texto
narrativo em que se conta uma história. A ausência de pontuação, a grafia incorreta, e a falta de
coesão comprometem a coerência do texto.
O fato de os textos 3 e 4 serem classificados como insatisfatórios revela que muitas vezes
não se consegue fazer um bom trabalho com a totalidade da turma por vários motivos que vão
além das possibilidades do cotidiano escolar. Os alunos-autores dos textos acima apresentaram
um desempenho insuficiente durante as aulas, são alunos com ritmo de aprendizagem diferente e
demonstraram dificuldades em concentrar-se para realizar o exercício. Além disso, um fator que
contribuiu para este resultado foram as faltas ocorridas durante o projeto de implementação,
apesar de o conteúdo ser repetido algumas vezes por conta da ausência de alguns alunos.
Texto 5:
COLÉGIO PROMOVE SUA PRIMEIRA REUNIÃO DO ANO
Foi no dia 23/05, que o Colégio Estadual Juscelino K. de Oliveira promoveu sua
primeira reunião do ano as 13:30 hs. Primeiro os professores mostraram uma mensagem e
depois usando a TV Pendrive mostraram os assuntos da reunião. O Colégio atendeu
aproximadamente 250 pais.
Após os assuntos da reunião aconteceu a entrega de boletins.
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Texto 6:
AMBIENTE J.K.
O Colégio mostrou que não se preocupa apenas com o ensino dos alunos, mas também com o
nosso meio ambiente, por isso a escola montou um projeto falando sobre este tema, os alunos
fizeram cartazes sobre a poluição do ar, da água e da terra, cada sala escolheu um tema para
apresentar para a escola.
Os cartazes explicaram o que nós ainda podemos fazer a favor do meio ambiente, como
plantar árvores, não poluir o ar dentre muitas outras coisas que podemos fazer para melhorar
o mundo, mas isso não depende só de uma pessoa e sim de todos nós sem se importar com a
cor, raça ou religião, porque salvar o planeta é um objetivo, uma meta.
Os textos 5 e 6 podem ser considerados satisfatórios para um aluno de 7ª série,
considerando o uso da linguagem padrão, objetividade e clareza. Entretanto, alguns erros estão
presentes nestes textos, mas não chegam a comprometer a estrutura da notícia. Por exemplo, o
aluno do texto 5 começa a notícia de forma inadequada, sem a concordância correta, também não
cita o assunto da reunião e seu objetivo, o leitor somente fica sabendo que era uma reunião com
os pais no final da notícia. No texto 6, o aluno não cita o nome do colégio no lide, na 3ª linha
faltou a explicação de que os cartazes são para alertar as pessoas, apresenta pontuação incorreta
no final da 2ª linha e repetição de algumas palavras.
4- CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer do projeto de intervenção, houve, com certeza, um olhar diferenciado do
ensino da leitura por meio da notícia na sala de aula, de como o professor pode trabalhar com este
gênero, a fim de que os alunos avancem nesta competência que é o principal objetivo deste
trabalho.
Por meio dos encaminhamentos propostos e diante de tudo que foi dito, poder-se-ia
afirmar que nesse conteúdo houve a práxis efetivamente, uma vez que o gênero notícia auxiliou
na formação dos alunos/leitores para torná-los mais aptos para a compreensão do texto, visto
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como “atores/construtores sociais, sujeitos ativos que dialogicamente se constroem e são
construídos no texto” KOCH e ELIAS (2006, p.10).
Desta forma, este trabalho se deu por intermédio do embasamento de muitos autores
renomados que levaram o professor à conscientização de como conceber o ensino da leitura no
dia-a-dia escolar e assim trabalhá-la da melhor forma possível para fazer com que o aluno se
envolva com atividades que propiciam o amadurecimento e a ampliação de seu ponto de vista,
desenvolvendo uma atitude crítica e responsiva diante do texto.
Com o gênero notícia e, principalmente, por intermédio do lide desenvolveu-se no aluno o
raciocínio lógico de organização das idéias principais e secundárias de um texto, além da
aprendizagem da estrutura do gênero e a discussão de temas sociais que fazem parte da realidade
do entorno da escola; refletiu-se, também, por meio desse instrumento de comunicação, a
possibilidade de dar voz àqueles que não a têm, no sentido de que este gênero denuncia situações
em que a população precisa de ajuda. Deste modo, e diante de tudo que foi trabalhado, este
projeto foi finalizado com a produção de textos tornando a leitura uma prática social com
significado.
Para o professor, responsável por este projeto, a participação no Programa de
Desenvolvimento e Ensino (PDE) trouxe no início muitas expectativas que foram se cumprindo
no decorrer do presente projeto para àqueles que querem fazer a diferença no cotidiano escolar.
No período de afastamento da sala de aula, o docente pôde estudar, participar de cursos,
seminários e simpósios que o fundamentaram para a realização deste importante trabalho de
pesquisa e intervenção.
É importante ressaltar que iniciativas como essas e o apoio das universidades envolvidas
são essenciais na formação do docente, pois é preciso refletir sobre sua prática, avaliando o que
se está fazendo para aperfeiçoar o ensino neste país.
A oportunidade foi dada, cabe a nós, professores, aproveitá-la para continuar avançando
em resultados positivos a fim de propiciar aos alunos uma educação de qualidade.
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5- REFERÊNCIAS
COLOMER, Teresa; CAMPS, Anna. Ensinar a ler, ensinar a compreender. Porto Alegre:
Artmed, 2002.
FARACO, Carlos Alberto. Português: língua e cultura. Ensino Médio. 2ª série. Curitiba: Base,
2005.
FREIRE, Paulo. A importância do Ato de Ler: Em três artigos que se completam. 46ª ed. São
Paulo: Cortez, 2005.
GAZETA DO POVO. Edições de 12/06/2007, 26/04/08, 17/03/2008.
IOSCHPE, Augusto. Os quatro mitos da escola brasileira. Revista Veja: Abril, março, 2007.
LAGE, Nilson . Estrutura da notícia . 6ª ed. São Paulo: Ática, 2006.
KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. 2ª ed. São Paulo: Contexto, 2006.
NEVES e organizadores. Ler e escrever: compromisso de todas as áreas. 7ª ed. Porto Alegre:
Editora da UFRGS. 2006.
PARANÁ, Secretária de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa
para a educação básica. Curitiba: SEED, 2006.
PAVANI, Cecília; JUNQUER, Ângela; CORTEZ Elizena. Jornal: uma abertura para a
educação. Campinas, SP: Papirus, 2007.
SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim e Colaboradores. Gêneros orais e escritos na escola
Campinas, SP: Mercado de Letras, 2004.
SILVA, Ezequiel Theodoro da. A Produção da Leitura na Escola. São Paulo: Ática, 2005.
________________________, E ZIBERMAN, Regina. Organizadores. Leitura Perspectivas
Interdisciplinares. São Paulo: Ática, 2005.