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1 CEB BOLETIM CENTRO EXCURSIONISTA BRASILEIRO JANEIRO/FEVEREIRO DE 2017 PÁGINA 8 PÁGINA 14 PÁGINA 30 Entre os Gigantes do HIMALAIA PÁGINA 18 Desvendando os tesouros dos Três Picos... SERRA DO CIPÓ CBM 99

Desvendando os tesouros dos Três Picos SERRA CEB · 3 Diretoria PRESIDENTE RodRigo TaveiRa [email protected] VICE-PRESIDENTE Luís FeRnando PimenTeL [email protected] DIRETOR

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CEBBOLETIM CENTROEXCURSIONISTABRASILEIRO JANEIRO/FEVEREIRO DE 2017

Página 8 Página 14 Página 30

Entre os Gigantes do HIMALAIAPágina 18

Desvendando os tesouros dos

Três Picos... SERRA DO CIPÓ

CBM

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DiretoriaPRESIDENTE

RodRigo TaveiRa [email protected]

VICE-PRESIDENTELuís FeRnando PimenTeL

[email protected]

DIRETOR TÉCNICOaLexandRe CianCio

[email protected]

DIRETOR DE COMUNICAÇÃO SOCIALRiCaRdo [email protected]

DIRETOR SOCIALKaRen siLva

[email protected]

DIRETOR DE MEIO-AMBIENTERosimaR neves

[email protected]

DIRETOR ADMINISTRATIVOFeRnando esTeves

[email protected]

DIRETOR FINANCEIROmaRTinus van BeeCK

[email protected]

1º SECRETÁRIOÂngeLo vimeney

[email protected]

2º SECRETÁRIOHenRi sidney

[email protected]

CONSELHO DELIBERATIVO MEMBROS NATOS

Antônio CAndido diAs, ClAudio RodRigo tAveiRA sAntos, FRAnCesCo BeRARdi (PResidente), José PelAio teixeiRA gonçAlves, MARy seBAstiAnA

ARAnhA Rossi, siMone henot leão

MeMBRos eleitos Adilson RodegheRi PeçAnhA, Antônio CARlos

FeRnAndes BoRJA, ClAudiA BessA diniz Menez-es, FeRnAndo RoBeRto esteves, FlAvio dos

sAntos negRão, henRique Fleuiss C. PRAdo, hoRACio eRnesto RAguCCi, José MARiA FAgundes

dA CRuz, luis FeRnAndo FeRnAndes PiMentel (seCRetáRio), MARtinus JohAnnes theodoRus vAn BeeCk (viCe-PResidente), Milton Roedel sAlles, PedRo BugiM Ruel veRgnAno, RiCARdo MoReiRA BARBosA, silviA MARiA de AlMeidA,

zildA Alves de MAgAlhães

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CEBBOLETIM CENTROEXCURSIONISTABRASILEIRO JANEIRO/FEVEREIRO DE 2017

Página 8 Página 14 Página 30

Entre os Gigantes do HIMALAIAPágina 18

Desvendando os tesouros dos

Três Picos... SERRA DO CIPÓ

CBM

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EDIÇÃO DE JANEIRO/FEVEREIRO 2017

Capa: Lobuche East

As matérias assinadas são de responsabilidade exclusiva de seus autores. Elas não traduzem necessariamente a opinião oficial do CEB.

MENSALIDADESSócios contribuintes: ................................................................... R$ 45,00*Sócios proprietários: .......................................................................R$ 27,00Sócios dependentes: ..........................................................................R$ 9,00Taxa de admissão: ............................................................................R$ 90,00

n Taxa de participação em excursões para não-sócios e sócios com mensalidades atrasadas: R$ 45,00.

n São isentos da taxa os convidados pessoais do guia, e os convidados de sócios, desde que esta isenção seja aprovada pelo guia.

n Qualquer escalada ou excursão com número limitado de participantes é prioritária para sócios em dia com as mensalidades.

* R$ 48,00 para pagamento via boleto bancário* Você pode se associar diretamente pelo site.

Sede SocialAv. Almte Barroso 2, 8º andar Rio de Janeiro/RJ - CEP 20031-000Tel/fax (21) 2252-9844Atendimento: 2ª a 6ª das 14h às 21hSite: www.ceb.org.brFacebook: fb.me/centroexcursionistabrasileiroe-mail: [email protected] Ouvidoria: [email protected]: 33.816.265.0001-11

Organização: Martinus van Beeck e Ricardo BarrosRevisão: Sinezio Rodrigues n Diagramação: Sylvio MarinhoImpressão: Gráfica Tudo Para Ontem Tel: 24454695 / 2426-0324 e-mail: [email protected]

CEB, o primeiro clube de montanhismo do Brasil

Fundada em 1° de novembro

de 1919

NOTA DE RETIFICAÇÃOO CEB informa que houve um erro na matéria “A janela do céu é logo ali” da página 6 e 7 do boletim do Centro Excursionista Brasileiro de jan/fev de 2015. O nome da jornalista que escreveu a matéria não é Christiane Carminati, conforme citado/escrito na matéria, e sim ANDREA CARDOSO. Pedimos desculpas pelo engano e qualquer inconveniente ocorrido.

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CEBREALIZAÇÕES

NO BIÊNIO 2015 - 2016

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Caros associados, ao finalizar o

mandato da atual diretoria, gostaria render um tributo aos Guias, Guias Auxiliares e Monitores que são a energia motora que dá vida a nossas atividades, e aos integrantes da atual diretoria, que trabalhando em forma harmônica e incansável, possibilitaram a realização dos logros que passo a detalhar, solicitando antecipadamente desculpas pelo esquecimento de alguma das inúmeras atividades que foram realizadas.

1 - ATIVIDADES SOCIAIS E ESPORTIVAS349 Excursões ou atividades de caminhada, sendo 5 delas excursões internacionais.69 Atividades de escalada22 Atividades de bicicletada e mountain bike.1 Excursão de alta montanha.2 Atividades de reflorestamento.4 Saraus.27 Palestras.2 Festas juninas / julinas.4 Cursos básicos de montanhismo 96, 97, 98 e 99.2 Campeonatos de escalada indoor.Participação na Semana Brasileira de Montanhismo 2015 e na ATM 2016.Participação nas ATM da Serra dos Órgãos.Participação no Dia das Mulheres na Montanha.Participação ativa na definição e manutenção de trechos da Trilha Transcarioca.Foi realizado o Primeiro Curso de Iniciação infantil ao montanhismo.Foram realizados dois encontros de veteranos e dois bate-papos com os veteranos.

2 - CONQUISTASPico Maior da Serra do Deitado – Magé – RJ – Francesco Berardi e Claudia BessaCEB 97 –Macaé – RJ – Francesco Berardi e Claudia Bessa

Pedra em Pé – Macaé – RJ – Francesco Berardi e Claudia Bessa

3 - MELHORIAS NA SEDEConclusão das obras de modernização da sede, com as obras realizadas no salão principal e na sala da diretoria.Novo sistema de som do salão principal.Aquisição de dois projetores multimídia para serem utilizados no salão e na sala da diretoria ou em outras atividades.Criação do museu do montanhismo do CEB na sala da diretoria (em fase de finalização).Melhoras no sistema de câmeras que monitoram as atividades no CEB.Trabalhos de manutenção e melhoras no muro de escalada e aquisição de novos colchões amortecedores.

4 - ATIVIDADES TÉCNICASReorganização da biblioteca do CEB e do acervo fotográfico (em curso).Foram adquiridos 200 grampos utilizados em atividades de manutenção e conquista.Participação dos guias do clube em cursos de Primeiros Socorros em Áreas Remotas WFA (com bolsa integral paga pelo Clube).Foi reformulado o sistema de formação de guias e reintroduzida a formação de monitores e guias auxiliares.

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Foi comprado novo material de escalada para utilização nos CBMs e pelos guias do Clube, (capacetes, cordas, aparelhos de descida).

5 - COMUNICAÇÃO SOCIALPublicação de 12 números do boletim do clube com nova diagramação e formato.

6 - MELHORAS ADMINISTRATIVAS

Implantação de um novo sistema “on-line” para gerenciamento dos associados e inscrição nas atividades do clube que conta agora com lista automática de espera e comunicação direta com os participantes das atividades via email.Aquisição de uma nova máquina para recepção de pagamentos via cartão de débito ou crédito.Tudo isso mantendo as finanças do clube superavitárias e com um adequado equilíbrio entre as receitas e as despesas. Horacio E. RagucciPresidente da Diretoria 2015 - 2016

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No inicio do ano de 2016 os clubes de montanha do estado do Rio de Janeiro em conjunto com a FEMERJ

abraçaram uma iniciativa de realização de várias atividades conjuntas visando a maior interação, conhecimento e troca de atividades entre os clubes. A iniciativa foi batizada pelos clubes de “PROJETO INTERCUMES”; fruto do comprometimento de cada clube de montanha surgiu um planejamento básico e um calendário de atividades que a FEMERJ inseriu na programação da ATM como forma de apoiar e dar ampla divulgação à iniciativa dos clubes. E assim transcorreu-se o ano de 2016 onde cada clube realizou suas atividades próprias, mas também teve a disposição em seu calendário várias atividades disponibilizadas pelos demais clubes.

Seguem alguns relatos vindos de alguns clubes sobre a iniciativa:

“O Projeto Intercumes reafirma o espírito de solidariedade que deve permear a relação entre montanhis-tas através da proposição de ativida-des conjuntas, sem limite de fronteira institucional. O rafting realizado pelo Clube Light simboliza a essência do projeto, pois requer trabalho em equi-pe para ser bem sucedido. E foi, regis-trando 25 participantes representando cinco agremiações, permitindo que novas amizades florescessem desse encontro. A iniciativa vitoriosa con-fere segurança no avanço de futuros desdobramentos dessas parcerias para a construção coletiva de capacitações, cursos, treinamentos, palestras, even-tos, excursões e tantos outros. Coope-ração é um valor esportivo a ser perse-guido no Montanhismo. (Carrasqueira – CEL)”

INTERCUMESPROJETO

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“Apesar de sermos pessoas jurí-dicas distintas, temos objetivos co-muns; então faz muito mais sentido caminharmos juntos. Esse tipo de iniciativa estimula bastante a nossa união e senso de cooperação. Obri-gado aos idealizadores e demais pes-soas que fizeram acontecer. (Marcos Dias – CEC)”

“O Projeto Intercumes foi muito além da proposta inicial de integrar os membros dos clubes excursio-nistas do Rio. Vivemos um tempo estranho de desagregação, rupturas, tensão e desentendimentos, nosso dia a dia é, muitas vezes, estressante e emocionalmente cansativo, mas temos nossas montanhas, nossa pai-xão pela imensidão e nossa vontade ir mais longe que o lugar comum. Somos montanhistas! Independen-te do clube ao qual “pertencemos”, temos a mesma paixão, o mesmo desejo de conquistar e conhecer, a

mesma vontade de preservar e cui-dar. 2016 inaugura um movimento que reforça a consciência de comu-nidade, que junta os pares, que faz crescer a vontade de estarmos jun-tos. O CNM teve a grande satisfação de receber perto de noventa monta-nistas amigos pra invasão ao “nosso quintal” no PESET, em Itacoatiara, e depois, muitos de nós para a festa linda de alegria e integração que foi o churrasco na AABB. Saldo super positivo, ânimo redobrado para a edição 2017 do NOSSO Projeto In-tercumes. (Patrícia Gregory – CNM)”

“Percorrer trechos da Trilha Transcarioca sempre é um prazer, faze-lo em companhia dos amigos

de outros clubes foi um prazer redobrado. Não são muitas as opor-tunidades que temos de conviver e trocar experiênciascom as outras agremiações no dia a dia da monta-nha, neste sentido esta foi uma expe-riência extraordinária. Que venha o Intercumes 2017. (Horacio Ragucci – CEB)”

“Nós do CERJ comemoramos com muito entusiasmo a iniciativa. Participamos ativamente de prati-camente todas as excursões, espeta-culares, tanto pela oportunidade de conhecer montanhistas de outros clubes, como pela animada confra-ternização que se seguia a quase to-das. Particularmente nos agradaram as atividades que contaram com vá-rios cumes, de dificuldades distintas, que chamamos de “excursões inclu-sivas”, pelo seu caráter democrático, permitindo que montanhistas de diferentes níveis interagissem. Para-

béns pela iniciativa e que ela se in-tensifique em 2017!” (Miriam Gerber – CERJ)”

“Foi uma excelente oportuni-dade de combinar as excursões envolvendo vários clubes em uma única atividade, ampliando assim as trocas, tanto entre clubes quanto entre pessoas que compartilham do mesmo espírito de montanha. É também um aprendizado, pois nos leva a desenvolver e aprimorar co-nhecimentos para a organização lo-gística assim como para a agregação benéfica das pessoas. Consideramos que o projeto foi um sucesso e que deve continuar; que em verdade seja uma prática cotidiana a ser mantida, valorizada, passada de geração em geração, e comemorada a cada opor-tunidade. Cume interclubes. Kmon interclubes. Comunhão interclubes.(Aline Almeida – CEG)”

“O projeto intercumes para nós do CET foi uma gratificante surpre-sa, pois serviu para reaproximação de ambos os clubes, foi muito bom receber mais de 70 montanhistas em nossa atividade, reencontramos ami-gos e fizemos novos durante cada atividade proposta, antes do projeto só nos encontrávamos na abertura de temporada no Rio, queremos agradecer a todos os envolvidos no projeto, e esperamos que ele se es-tenda para 2017, 2018, 2019...(Fabiano Basílio – CET)”

Após a experiência desse ano, os clubes voltaram a se reunir em de-zembro para avaliar a iniciativa e pla-nejar os próximos passos para 2017.Francisco Caetano é Guia do CEB

INTERCUMES

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Caixa de Fósforo, Bico Maior e Torres de Bonsucesso, um triângulo de observação.

Texto e fotos de Erick Edgar Aliaga Sanz

Faltava mesmo dar-lhe uma atenção especial, pois os outros parques que circundam o Rio de Janeiro estavam

ocupando todos os meus tempos livres para as caminhadas, mas, desde o ATM/16, quando vi no stand oficial do Parque Estadual dos Três Picos – PETP, um cartaz mostrando o roteiro de uma mega trilha-travessia de 150km, cruzando todos os vales e passando pela maioria das montanhas e picos, conhecer o maior parque do estado do RJ tornou-se para mim uma ideia fixa e fiquei aguardando ansiosamente o CEB programar essas trilhas.

Desvendando os tesouros

Três dos

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9Seu tamanho é mais do que o

dobro da Ilha Grande e chega qua-se à metade do Parque Nacional da Serra da Bocaina. Está na extremi-dade norte dos 1500 km de exten-são da maravilhosa Serra do Mar, que começa em Santa Catarina. E na sua zona de amortecimento está cercada de pequenos produto-res rurais que nos permitem trazer mais do que lembranças e fotogra-fias para o Rio, e foi isso que fize-mos, trazendo queijos, ovos caipira de gemas amarelo intenso, folhas e hortaliças. Já é de praxe colocar na mochila alguns sacos destinados a essas “iguarias da roça”. O parque também é um dos mais novos do estado, foi fundado oficialmente

em 2002. Chegar ao parque desde o Rio é relativamente fácil, existem várias entradas e não é preciso ter um 4x4.

Tendo sido adiada uma viagem, na véspera do final de semana, vi que ainda restavam duas vagas no trekking planejado por Almir de Abreu e Martinus van Beeck, que nos guiariam, e imediatamente me inscrevi. Assim, no sábado fomos ao Bico Maior dos Dois Bicos de Friburgo, uma montanha rochosa e pouco cônica, com um pequeno platô no seu cume, que, vista de longe, meio que intimida os me-nos ousados, pois num dos seus lados se via um paredão quase que vertical de algumas centenas de

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metros, mas do outro lado – por onde subimos – era bem suave. Aliás, essa é uma característica de muitos maciços de granito da Ser-ra do Mar: formas quase mágicas que desafiam a imaginação, como a Caixa de Fósforo, onde a erosão de milhões de anos deixou à vista gigantescos blocos de granito sus-pensos como totens de um mundo de gigantes.

Como éramos um grupo gran-de, em torno de duas dezenas de caminhantes, os animais silvestres não se deixaram avistar facilmente, mas estavam lá percebendo nossa presença. Num certo momento ouvimos o canto enigmático da araponga, bela ave branca que su-gere a batida de uma bigorna ou mola metálica. Vimos também al-guns casais de gaviões caçando pe-los campos. Mas, ali também é ter-ra dos felinos, como a suçuarana e a jaguatirica, muito ariscos para se deixarem avistar facilmente. No caminho vimos muitas flores e pequenas florestas de bromélias florescendo nas escarpas dos pare-dões rochosos.

O Bico Maior seria a nossa pri-meira montanha a ser conquistada. Deixamos nossos carros perto do início da trilha, próximo da última fazenda do entorno, e abrindo e fechando portões, subimos. Logo no início encontramos alguns be-los exemplares de um gado que é o símbolo do gado pantaneiro, o Tucura do Pantanal, quase extinto no Brasil, depois de existir aos mi-lhões. Seus chifres simetricamente iguais, opostos e circulares, lhes dão uma estética impossível de

não ganharem muitas fotos de to-dos os que cruzam por eles.

Caminhamos suavemente por 3,19km até chegar ao platô do cume a 1.513 metros de altitude (6,38km de ida e volta), onde fize-mos o lanche coletivo, o descanso, a inevitável sessão de fotos e onde assinamos o livro de cume. Isso mesmo, ali tem um livro de cume! Era mais uma montanha conquis-tada entre todas as montanhas que a vida nos presenta. Na volta para-mos na belíssima Cachoeira dos Frades, que forma várias quedas e uma enorme piscina de banho.

Após 38km de estrada, parte no asfalto e parte na terra, chegamos aonde seria a nossa primeira e úni-ca noite, um refúgio de montanha, o aprazível Refúgio dos Três Picos, situado no meio do caminho da

entrada do Parque, cujo proprietá-rio, o Zezinho, ficou íntimo e nos tratou como parte de sua família. Esta região do entorno do Parque é repleta de pequenos produtores rurais e outras pousadas parecidas. Nossa primeira noite foi de sabore-ar cervejas artesanais e um vinho, jantando num buffet que agradou tanto aos carnívoros como aos ve-getarianos.

No dia seguinte fomos conhe-cer um dos lugares mais belos do parque, a montanha granítica cha-mada Caixa de Fósforo, um mo-nólito a 1.803 metros de altitude também conhecido como Pedra dos Milagres, por estar “milagro-samente” apoiada. Iniciamos a

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trilha de 3,75km um pouco mais acima da pousada do Mascarim (7,4km de ida-e-volta), entrando no parque por um caminho re-pleto de grandes araucárias e pi-nheiros, nos mais belos cenários dos campos de altitude da Serra do Mar, cercado de vários picos e montanhas, indo até a subsede do parque e ao local de acampamento onde estavam sendo realizadas as últimas aulas do CBM-99. Como não podia deixar de ser, fizemos a foto coletiva com mais de 30 cee-benses.

Numa trilha bem sinalizada nas bifurcações, fomos todos subindo quase sempre em fila indiana, con-versando em pequenos grupos, passando ao lado de montanhas

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e pedras famosas como o Capa-cete, o Pico Maior, o Pico Menor. Já no alto, nos diversos mirantes que surgem, víamos os conjuntos dos vales principais, de um lado o vale dos Frades e do outro o vale dos Deuses, e, mais ao longe, a pe-dra Cabeça do Dragão, entre tan-tas outras. Chegamos a frente da Caixa de Fósforo, mas ainda havia o trecho mais difícil a vencer com apoio de uma corrente e das cor-das que levamos, pois seria como ir a Roma e não ver o Papa se che-gássemos lá e não subíssemos na base daquele totem monolítico que parece desafiar as leis da gravi-dade. Realmente, estando ao lado dele ficamos alguns minutos inda-gando-nos como tudo aquilo foi formado e quão bela é a natureza.

As Torres de Bonsucesso, que formam um dos vértices do tri-ângulo de observação do Parque, junto com o Bico Maior e a Caixa de Fósforo, foram conquistadas três semanas antes em um único dia, num trekking taticamente per-feito, subindo primeiro na Torre Maior, de caminhada mais exigen-te, com 2.034 metros de altitude, e ao retornar indo às demais, a Tor-re Média e o Ferro de Engomar,

numa trilha de 7,3 km guiada pelo Fernando Magalhães, e repleta de emoção, pois tínhamos, semelhan-te ao Bico Maior e à Caixa de Fós-foro, de um lado o abismo, um pa-redão rochoso quase vertical, e no outro lado, numa inclinação mais suave, a floresta ombrófila de alta montanha, por onde caminhamos.

A missão estava cumprida! Com a Caixa de Fósforo, o Bico Maior e as três Torres de Bonsu-cesso, podemos dizer que experi-mentamos la crème de la crème do Parque Estadual dos Três Picos.

Erick é sócio do CEB

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Distrito de Santana do Riacho MG

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CIPÓSaímos do Rio no dia 20 de setembro debaixo de muita chuva, mas, desistir, jamais!

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Guerreiras que somos, partimos numa terça-feira às 8h 30min de carro e, tome estrada (BR

040) que com exceção dos infinitos radares e da chuva até Araras, fizemos excelente viagem. Com a ajuda de NÓ (Nossa Senhora), nossa ajudante mineira do GPS, passamos pelo Arco Metropolitano sem problemas até Lagoa Santa (já nos sentindo em casa). Agora só mais 100 km de estrada em mão dupla e muitas vezes sem acostamento. Chegamos à Cidade Serra do Cipó (nome do importante rio local) que é um distrito de Santana do Riacho. Lá no meu “eu” imaginava umas casinhas, algumas pousadas e a vidinha que anda. Qual! Ali existem mais de 100 pousadas e hotéis formais além de todos os outros. Numa ganância imobiliária, construindo grandes e luxuosos condomínios; até o trecho da MG-010 que passa dentro da cidade é em duas amplas pistas e ciclovia. Absolutamente tudo voltado para o turismo. Nada do que havia esperado...

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Finalmente o tão esperado Par-que Nacional da Serra do Cipó: com uma área total de 33.800 hec-tares, e tendo o principal objetivo preservar toda a riqueza natural. A unidade protege hoje diversas espécies da flora e da fauna bra-sileiras ameaçadas de extinção, ambientes únicos. O grande paisa-gista Burle Marx, encantado, deu o título de “Jardim do Brasil” a este conjunto natural exuberante e um dos mais interessantes do mundo.

Com altitudes variando entre 700 e 1.670 metros, localiza-se na porção sul da Serra do Espinhaço, importante divisor de duas gran-des bacias hidrográficas brasilei-ras: a do São Francisco e a do Rio Doce. Rica variedade de rochas--calcárias, quartzitos, granitos e de solos. O relevo acidentado oferece tantos caminhos aos córregos que brotam de todo lugar, culminan-do nas diferenças climáticas entre as vertentes a leste e a oeste. Toda esta base posta à disposição da evolução culminou em uma das floras mais diversas do planeta, com um altíssimo grau de ende-mismo, um dos maiores do mun-do, e com mais de 1.700 espécies já registradas.

Tal paisagem é habitada por uma fauna também muito rica, com destaque para os insetos, uma enorme riqueza ainda por conhe-cer, por dezenas de anfíbios que desfrutam da infinidade de poças, nascentes e córregos; além de pás-saros, mamíferos, répteis e uma imensidão de outras formas que convivem em um ambiente mon-tanhoso originado com o soergui-mento da Cadeia do Espinhaço há centenas de milhões de anos. Foram encontrados vestígios de tupis-guaranis, nos sambaquis e pinturas rupestres. A agricultura e a pecuária foram as principais atividades econômicas na região a partir da instalação de fazendas no século XVIII. Estas atividades con-tinuam sendo realizadas na região, porém perderam espaço para o tu-rismo nas últimas décadas.

Nosso primeiro de muitos passeios: passamos na Cacho-eira Grande, mas não entramos (R$30,00 para visitação do dia in-teiro) e lá somos mulheres de ficar-mos paradas num lugar só? Fomos para uma das entradas do Parque, a Areias e dando uma voltinha de reconhecimento: Encontro dos rios (Mascate e Bocaina) Mirante e Cachoeira Capão dos Palmitos (11km – ida e volta). Grande par-te do caminho é feito em estradi-nha íngreme e cheia de cascalho, e areia. Como não há sombra no cerrado o sol parecia de deserto. Quilometragem do dia: 15 km

Ficamos entusiasmadas a an-dar mais e a Cachoeira da Farofa (14km - ida e volta) foi nosso ob-jetivo para esta quinta-feira. Entra-da também pelo Areias. Após 5km de reta sob o sol quente e chão de areia fina, alguns trechos parecen-do uma Savana, passamos por tri-lha um pouco mais fechada e mais fresca. Árvores mais altas e mata mais densa conforme nos aproxi-

mávamos da Cachoeira. Uau! Uma queda muito alta e belíssima. Poço muito fundo e águas geladas. De-pois de um banho rápido e refres-cante, caminho de volta.

Mais um dia lindo: como nin-guém é de ferro e muito menos nós quatro, resolvemos descan-sar os pés (com exceção da Zilda que deu umas caminhadas por lá) e partimos para a bike até o Câ-nion das Bandeirinhas (ida e volta 18km); paramos as bicicletas 2 km antes, atravessamos o Rio Masca-tes, que é de uma beleza ímpar de tão transparente e solo coberto por pedrinhas – tive a sensação de que a qualquer momento iria aparecer um grande urso pescan-do salmões (delírio por conta do sol). Chegamos ao cânion. Como estávamos na época da seca (até esta noite), pudemos nadar em grandes poços com uma água pre-guiçosa, e, como se não bastasse, Regina Cele e eu ainda fomos mais além passando por pedras e mais pedras indo mais para den-

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tro do belo cânion. Confesso que a volta foi de matar! Areia e mais areia, muito calor e sem sombra... Na entrada do parque já éramos as “coroas” impossíveis. Já passa-mos a ser referência (rsrs).

No dia 24, tivemos indicação de cachoeiras em Serra Morena e, depois de vários quilômetros de subida na MG-010, passando pela Pedra do Elefante (vai ficar para a próxima), entramos numa estradinha de terra (4km) e, no final, uma fazenda aberta à visita-ção (R$30,00).

Como as cachoeiras ficam, ape-nas, a 1km da sede, muita gente vai passar o dia por lá; na verdade são três, mas, por medida de segu-rança, apenas duas estão liberadas para visitação.

Mesmo tendo restaurante no local, preferimos ir num outro, na beira da estrada de terra, bem mais simples. Serve comidinha caseira, mas demorou uma vida para ficar pronta.

Como na véspera havíamos

alinhavado uma amizade com um casal de São Paulo e outro de Belo Horizonte, passamos a fazer pro-gramação juntos e, lá estavam eles conosco.

Aproveitamos para conhecer a estátua no Alto da Serra (Morro do Pilar) feita em homenagem a José Patrício, o Juquinha – personagem lendário da região, um andarilho que dava flores aos visitantes em troca de alimentos e roupas.

Faleceu em 1983, um mês de-pois de sua “primeira morte”, que foi, na realidade, um ataque de catalepsia.

À noite, forte temporal! Ain-da assim já deixamos combinado uma caminhada até Cachoeira do Gavião e Tombador (13 km ida e volta): entramos pela Portaria do Retiro, admiramos a bela vista do Mirante e acompanhando o Rio Bocaina chegamos até lá. Cami-nhada longa, mas tranquila. Nu-vens ameaçadoras nos fizeram sair batidos e não nos aventuramos a ir até a Cachoeira Das Andorinhas.

À noite, muita trovoada e chuva. Segunda feira, véspera do retorno. O casal paulista já se despediu... O que fazer? Cidade deserta. Tudo fechado. Parar jamais! Entramos pelo Camping e visitamos a cacho-eira Véu da Noiva que estava qua-se sem água, apesar da chuva da madrugada. Soubemos que o ca-minho para a Cachoeira da Farofa estava fechado, por conta de muita água, ou seja, só choveu forte de um lado da montanha. Partimos para Santana do Riacho – estra-da ótima para a sede do municí-pio. Cidade muito pequena, sem atrativos, no entanto, a estrada de acesso é linda. Vai subindo ser-penteando, mostrando uma paisa-gem linda. Achamos por bem não irmos à Lapinha da Serra, devido ao estado da estrada de terra. Pois é, como o que é bom nunca dura para sempre, tivemos que arrumar as malas, e pé na estrada que o ca-minho é longo.

Simone Leão é guia do CEB

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Há um ano e meio (outubro de 2015) enquanto descíamos

da nossa primeira experiência em alta montanha (Kilimanjaro), surgiu o convite irrecusável de conhecer o Campo Base do Everest. A expedição sugerida pelo nosso amigo Manoel Morgado, incluía além do trekking tradicional um atrativo a mais: a escalada ao Lobuche East, uma montanha localizada próxima ao campo base com 6.119 m de altitude e com uma incrível vista de 360˚da região do Khumbu.Himalaia

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No dia 23 de outubro partimos rumo a Kathmandu, a expedição era formada por dois grupos, um de trekkers composto por Altair, Ciro e Fabiana e outro de escala-dores composto por Carla, Gui-lherme, Fernanda e Vander. Che-gando lá nos deparamos com uma cidade diferente de tudo que já havíamos visto. A riqueza cultural e religiosa se contrapunha clara-mente às condições sociais e finan-ceiras do local, no entanto, dentro do aparente “caos” pudemos viver momentos incríveis.

Ficamos na capital por dois

dias, conhecendo os principais pontos turísticos e aprendendo um pouco sobre as religiões predo-minantes (hinduísmo e budismo), visitando templos, monastérios e locais sagrados. Rendendo fotos fantásticas!

Também aproveitamos esse tempo na cidade para o último check list que incluía algumas pe-quenas comprar e o aluguel dos equipamentos que utilizaríamos na escalada. Mais uma vez nos de-paramos com a missão de escolher as “super confortáveis” botas du-plas, além de crampons, piolets...

Na noite do dia 24 recebemos a missão quase impossível de orga-nizar nossos duffles bag com ape-nas 15 kg, afinal de contas no dia seguinte iríamos pegar o tão famo-so voo de Kathmandu para Lukla. Esse voo tem restrição de peso de bagagem e quantidade de passa-geiros, são apenas 14 pessoas com bagagem de 15 kg cada. Apesar de passarmos algumas horas organi-zando as coisas finalmente todos conseguiram cumprir a missão.

Ufa! Estávamos prontos e a aven-tura finalmente iria começar! Ao amanhecer, já no aeroporto, fomos

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informados pelo Manoel que os voos podem ser cancelados devido às condições meteorológicas da re-gião, tendo em vista que o aeroporto de Lukla é um dos mais extremos do mundo. Sua pista de pouso possui pouco mais de 500 m de extensão, fazendo um comparativo a pista do aeroporto Santos Dumont tem 1.323 m de extensão. Felizmente nosso voo estava liberado e pude-mos pousar em segurança, porém com muita emoção!

Chegando a Lukla começamos o tão esperando trekking. Nos primeiros dias fomos ascenden-

do lentamente, ganhando altitu-de com segurança para que todos aclimatassem sem sofrimentos.

A estrutura de hospedagem da região é muito boa, possuindo vários abrigos em toda a extensão do trekking. Os abrigos geralmen-te são divididos em área comum e quartos. Os quartos geralmen-te são duplos e os banheiros co-munitários. Uma curiosidade, os banhos quando disponíveis, são cobrados extra hospedagem. To-mamos banhos das mais variadas formas, desde balde no puxadi-nho congelante até chuveiro tra-

dicional. Nas áreas comuns eram servidas as refeições, mas também serviam de base para as conversas com trekkers de todas as nacio-nalidades e das partidas intermi-náveis de truco, as quais rendiam boas gargalhadas e vários olhares curiosos dos gringos. Nas áreas comuns era também possível se manter aquecidos, uma vez que sempre havia uma salamandra ace-sa, algumas alimentadas com fezes secas de iaques (animais típicos da região muito utilizados para o transporte de cargas).

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22A rotina dos dias de caminhada

era: 6 – 7 – 8, ou seja, acordar às 6h, tomar café da manhã às 7h e sair às 8h.

Dentre os dias de trekking houve um dia especial onde fo-mos visitar o monastério de dois monges budistas amigos de lon-ga data do Manoel. Chegando lá fomos recebidos de uma forma muito carinhosa com biscoitos e chá feitos por eles. Soubemos que eles estavam muito contentes, pois recentemente haviam terminado a reconstrução do templo, o qual ha-via sido fortemente atingido pelo último terremoto.

Após a visita ao monastério e de uma noite de descanso, estáva-mos prontos para a nossa primeira

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23grande “lição de casa”. Subimos, de forma intencional, na modalidade “vara mato” até o cume do Rhund Peak (4.200 m) com um desnível de 700 m. Essas “lições de casa” nada mais eram que treinamentos prepa-ratórios para o dia da escalada.

Dias depois, continuando a ca-minhada, chegamos a outro mo-nastério para o nosso Puja. Como iríamos escalar uma montanha pedimos permissão e benção ao Lama Geshe. Essa é uma tradição das expedições que visam escalar alguma montanha na região do Khumbu, inclusive pudemos ver em seu mural os inúmeros suces-sos dos escaladores que alcança-ram cume, posando em suas fotos segurando o cartão de benção.

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Devidamente abençoados parti-mos para o trecho final do trekking o qual culminou com o pôr do sol mais lindo das nossas vidas. Trata-va-se do espetáculo visto de cima do Kala Pattar (5.550 m de altitu-de), onde podíamos ver os últimos raios de sol do dia iluminando os cumes das montanhas mais altas do mundo em um lindo tom ala-ranjado.

A partir deste momento nos-so processo de aclimatação estava completo e partimos para o nosso grande objetivo: a escalada do Lo-boche East.

Foram dois dias de caminhada até alcançarmos o acampamento do campo alto do Loboche East. Lá encontramos o Djorge Gyalzen, nosso atencioso e gentil climbing sherpa. Apesar de ter apenas 31 anos ele tem um currículo de mon-tanha invejável, com 12 cumes de Everest, vários Cho Oyu, Manaslu e incontáveis Ama Dablan, não po-deríamos estar em melhores mãos (Manoel e Djorge).

Neste mesmo dia checamos todos os equipamentos e fizemos um briefing dos procedimentos de utilização de ascensores em cordas fixas. Devidamente alimentados fomos para as nossas barracas ten-tar descansar, sendo que dormir é quase impossível nesses momen-tos de ansiedade.

Acordamos à meia-noite, co-locamos todos os equipamentos inclusive a “amada” bota dupla que estava congelada. O único equipa-mento que não colocamos foram os crampons que colocaríamos no Crampon Point (região de início da neve). À 1:00h nos reunimos na barraca refeitório para tomarmos um café da manhã reforçado, afinal seriam horas de atividade intensa.

Às 2:30h partimos para nossa aventura! Com a nossa linha de lanternas formada sendo aber-ta pelo Djorge e encerrada pelo Manoel, começamos a desenhar nosso trajeto, rumo ao cume. O trecho inicial até o Crampon Point foi marcado por trechos expostos de escalaminhada dificultadas pela falta de mobilidade imposta pela bota dupla.

Chegando ao Crampon Point, colocamos os crampons e inicia-mos a escalada no gelo. Alguns minutos depois fomos contempla-dos com um lindíssimo nascer do sol. Logo chegamos aos trechos de corda fixa, tratavam-se de re-giões muito íngremes (45 graus) e expostas. Foram os momentos

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mais cansativos do dia! Em algu-mas horas atingimos o colo loca-lizado a poucos metros do cume. Paramos alguns minutos para des-cansar e contemplar o trajeto que ainda nos restava: uma estreita e assustadora crista, a qual revelava abismos de mais de mil metros para ambos os lados.

Seguimos devidamente encor-dados uns aos outros de forma muito cautelosa e concentrada e às 9h chegamos ao cume do Lo-buche East.

CONSEGUIMOS!!! Mais uma vez estávamos nós

no cume nos abraçando sem con-seguir segurar as lágrimas. A emo-ção foi muito intensa e lembramos do dia em que havíamos aceito esse desafio, estávamos no cume de um dos Gigantes do Himalaia.

A vista das montanhas ao redor era impressionante, era possível visualizar a famosa cadeia do Hi-malaia com: Cho Oyu, Manaslu, Ama Dablan, Pumoriri, Makalu, Nuptse, Lhotse e o grandioso Everest.

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Após alguns minutos de imen-sa contemplação e comemoração pudemos visualizar o caminho de descida, afinal tínhamos feito ape-nas 50%. Iniciamos a descida de forma muito cuidadosa e nos tre-chos mais íngremes descemos de rapel. A descida foi longa e bem cansativa, mas conseguimos che-gar ao Crampon Point horas depois. Tiramos os crampons e tivemos a real noção do trecho que havíamos subido à noite.

Depois de um longo esforço chegamos ao acampamento onde fomos recebidos com um prato reconfortante de macarronada. Ali-mentamos-nos e tiramos algumas horas merecidas de descanso.

No dia seguinte parcialmente recuperados, porém muito anima-dos e motivados, começamos a jornada de volta. Caminhamos o equivalente a quatro dias de subida em apenas um!

Seguimos nesse ritmo e no final do segundo dia de descida fomos recepcionados pela equipe toda (carregadores e guias auxiliares) com uma festa! Dançamos as mú-sicas típicas nepalesas com um show especial do Djorge, Rindji e Tshiring, os quais nos ensinavam a coreografia. Novamente os grin-gos nos observavam com olhares curiosos.

O último dia do Khumbu foi fe-chado com uma surpresa incrível. Fomos presenteados pelos nossos amigos Ciro e Altair com um voo de helicóptero que sobrevoou a trilha toda que fizemos incluindo uma aproximação do Lobuche East e do campo base do Everest. Visual dos sonhos!

Chegamos a Lukla e de lá parti-mos para Kathmandu onde a festa continuou!

Queríamos agradecer novamen-te a todo o apoio e pensamentos positivos dos amigos que nos aju-daram nessa conquista! Estamos ansiosos pelas próximas!!!

Guilherme Slongo, Carla Alessi e Fernanda May são sócios e monitores do CEB

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Como montar o seu Kit de PRIMEIROS SOCORROSO kit de primeiros

socorros é um item

indispensável na mochila dos montanhistas. Como geralmente nossas atividades são ao ar livre e em locais remotos, estar preparado para qualquer emergência é muito importante! O kit deve ser preparado de acordo com a atividade a ser realizada, abaixo sugerimos três tipos básicos de kits de primeiros socorros selecionados de acordo com a atividade a ser realizada.

KIT PARA ESCALADA / CAMINHADA DE UM DIAKit curativo (band-aid, esparadrapo, gase, antisséptico),Anti-inflamatório (que costuma usar. Exemplos: Cetoprofeno, Nimesulida, Ibuprofeno...),Anti-alergico (loratadina, de preferência, pois não dá sono).

KIT PARA ESCALADA / CAMINHADA DE MAIS DE UM DIA (TRAVESSIAS, BIG WALL...)Kit de um dia (descrito no item acima),Imobilizador flexível, faixa elástica,Corticoide (Exemplos: Prednisona ou Prednisolona).

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KIT PARA GRANDES EXPEDIÇÕES Kit Big Wall (descrito no item acima),Soro antiofídico,Analgésicos comuns (Exemplos: Tylenol, Dipirona), Remédio para diarréia (Exemplos: Floratil, Imosec), Antibióticos (se possível).

Tópicos importantes:Antes de qualquer grande expedição

o ideal é consultar um médico para prescrever

e orientar qual medicações utilizar;

Com relação aos medicamentos

é sempre importante avaliar

se você é alérgico a algum composto;

Sempre verifique a validade dos itens e

substitua-os caso necessário;Cuidado com a conservação, mantenha seu kit em local seco.

O ideal é que seu kit fique em um estojo impermeável.

Maria Fernanda May e Carla Alessi são sócias e monitoras do CEB

Momento Vogue TrilhasNesta edição temos a presença ilustre de dois Misters Vogue Trilhas:Flávio CBM 99 e Glinger CBM 91Fiquem atentos para o detalhe da meia de bolinhas do Glinger, isso sim é estilo! E para a pose de capa de CD do Flávio. É muito charme nas montanhas!!!Pessoal não deixem de enviar suas fotos para o e-mail [email protected]. O próximo momento Vogue Trilhas poderá ser seu!!!

Flavio do CBM 99Foto enviada pelo Francisco Caetano

Glinger do CBM 91Foto enviada pela Alice Fonseca

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A HISTÓRIA DO ÚLTIMO DE DOIS DÍGITOS...

Tudo começou num top rope no Campo Escola Grajaú. Inicialmente, uma indispensável – e longa – aula sobre nós. Ora uma volta por cima, ora por baixo, e segue a corda, e qual o nome do nó, e qual a sua utilidade, e decorem tudo, e aprendam a fazer no escuro, e com apenas uma mão. Eu pensava: “Só isso, instrutor, não quer mais nada, não???”. Mas calma que a primeira aula ainda não aca-bou. Agora vem a parte boa: top rope montado, “seg” pronta, “tá na minha”, “escalando” e “confia na sapatilha”. Aquele sem jeito inicial vai se adap-tando, vai aprendendo onde pisar, em que agarra segurar e não é que a sapatilha realmente segura? Uow, mi-nha primeira escalada!!!

A nossa 2ª aula foi outro top rope, agora no Morro da Babilônia, Urca. Escalamos alguns metros iniciais das vias M2, Roda Viva e Ricardo Prado, em rodízio. Um aluno dava “seg” ao

outro, sempre orientado e fiscaliza-do de perto por um instrutor bem detalhista. Ainda muitas dúvidas, muitas perguntas, tudo muito novo, mas cada vez entendendo um pou-quinho mais do novo esporte, até por conta da ávida leitura do mate-rial didático do curso.

A 3ª aula foi no Morro São João. Para começar, cada aluno escalou um trecho inicial de uma via à es-colha do guia, sempre em top rope. Em seguida, o Pedro Bugim nos apresentou às curtas vias WTF (IV-sup), Abstinência (VI) e Nova Vida (IV). Primeiro, ele guiou as três vias para montar o top rope para os alu-nos. Que leveza, que agilidade, que facilidade – e guiando! –, parece fácil! É, amigo, mas quando você chega na base da pedra, as agarras somem e não é bem assim. Alguns alunos conseguiram escalar a WTF e Nova Vida, mas a Abstinência

tinha lances impossíveis para reles CBM’s (rs).

A 4ª aula foi nos Coloridos, Urca. Foi a nossa primeira escalada sem top rope! Cada aluno formou uma cordada com o seu guia, escalan-do até o final de uma via. Eu tive o prazer de ser guiado pelo Menudo na via Vermelho (3o IV), forman-do uma cordada de três, junto com a esposa dele! A sensação de uma escalada tradicional, em que se tem enfiadas, parece-me muito mais di-vertida.

A 5ª aula foi no Tucum, Itaco-atiara. Mais uma vez, cada aluno formou uma cordada com um ins-trutor. Eu e o Vitor, fomos para a via Uma Mão Lava a Outra. Nossa, dar “seg” era mais fácil! Como o Vitor escala rápido (rs)! Esta foi a primei-ra vez que cheguei ao cume de uma montanha escalando!! Para brindar

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Com duração de

três meses, o Curso Básico de Montanhismo 99 (CBM 99) do CEB iniciou-se em 02/08/16 com 13 alunos e terminou em 01/11/16, com todos formados e certificados.

o dia, visual show de Itacoatiara e arredores!!! Para refrescar o calor escaldante, “último grampo” num quiosque à beira mar da praia de Itacoatiara!! Tudo 10!!

A 6ª atividade foi um final de se-mana em Itatiaia, para uma aula de orientação em Agulhas Negras no sábado e escalada no BPO no do-mingo. Chegamos numa sexta-feira à tardinha e dormimos no Hostel Picus. Aliás, na estrada pouco antes de chegarmos ao abrigo, paramos na Garganta do Registro, onde há várias lojinhas vendendo comidas locais. E tome-lhe de degustação. Deixamos um dinheiro lá, mas que foi muito bem gasto. No sábado, eu perdi Agu-lhas Negras. Não sei se foi o excesso de queijo, o energético ou as “Águas de Eloy” que me derrubaram, mas “deixa baixo”. Pelo menos deu para curtir bastante a escalada no BPO no domingo. CBM 100, me aguarde em Agulhas Negras!

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A 7ª aula foi na Agulhinha da Gávea. Eu fiz a via 15 de Novembro com o Tarcísio. O desafio extra foi fa-zer o lance da chaminé por oposição, onde eu quase caí e quase pendulei até o outro lado da montanha (rs). Ainda bem que consegui me segu-rar (ufa!). Passado o susto, toca para cima, e logo chegamos ao cume!

A 8ª aula foi na Pedra da Tartaru-ga, em Guaratiba. Fizemos um cir-cuito com várias técnicas diferentes: Ascensão em Prusik, oposição, rapel longo no negativo, chaminé, entre outras. Essa atividade é imperdível, até por conta das novas técnicas en-sinadas!! Finalizada a atividade, eu fugi dos instrutores rapidinho para um mergulho na Praia do Perigoso. Que água calma e quentinha, que mergulho refrescante!! Pena que tinha de voltar, afinal tinha almoço na Tia Joana. Me acabei no bobó de camarão!!

A 9ª aula foi de novo no Babilô-nia, Urca. Eu fiz a via Luiz Arnaud com a instrutora Rosimar. Mais uma escalada para o currículo e vamos que vamos!

A 10ª atividade foi o acampa-mento em Três Picos. Viajamos na sexta-feira à noite e chegamos ao parque em comboio. Estacionamos, pegamos nossas cargueiras e início de trilha. Chegamos à área de cam-ping de madrugada, montamos as barracas logo (vai que chove) e só então, apreciando um céu superes-trelado com estrelas cadentes a uma temperatura de 5º C, nos esquenta-mos com uma sopa quentinha de ai-pim com carne, que já nos esperava no fogão a lenha. Ninguém dormiu antes de 3h da madruga, mas não enrola que sábado tem trilha de manhã. Foi o meu primeiro acam-pamento, primeira vez que montei barraca, que usei um saco de dormir. Ok, não tinha cama king size, nem hidromassagem, mas curti! Levan-tamos, após poucas horas de sono, deixamos tudo no acampamento e partimos com nossas mochilas de ataque para a trilha Cabeça de Dra-gão. No trajeto, nos deslumbramos

com o imponente visual de Três Pi-cos e suas vias de escalada sem fim, mas estas deixamos para depois do CBM, após alguns anos de experiên-cia! No cume fomos batizados pelo Siminino! Agora sim, perdoados de todos os nossos pecados urbanos e oficialmente sacramentados “filhos da montanha”!!! Voltamos ao acam-pamento, onde reabastecemos nossa água e lanche e partimos direto para a trilha Caixa de Fósforo. Gente, o que é aquela pedra, que parece uma caixa de fósforo, curiosamente co-locada sobre outra no topo de um penhasco? E mais um visual fantás-tico!!! No sábado à tardinha, de vol-ta ao acampamento, eu ouvi a mais discreta japonesa, cuja voz mal tinha ouvido até então, gritar no gelado chuveiro. No domingo, desmonta

barraca e volta para o Rio, mas antes uns se esbanjaram com a enorme Linguiça do Padre, enquanto outros degustaram cervejas artesanais jun-to com o Alexandre Portela. Viagem top demais!!!

A 11ª aula foi de aderência, na Viúva Lacerda. Eu escalei a via Terra do Sem Fim, numa cordada de três junto com o Augusto e o instrutor Tarcísio. Sem praticamente agarras, agora sim entendemos o significa-do da frase “confia na sapatilha”! E, como sempre, mais um visual da ci-dade maravilhosa!

A 12ª atividade foi a travessia Pe-trô-Terê em dois dias com um per-noite de acampamento no Açu, e previsão de temporal! Esta emprei-tada já começou com dias de ante-cedência: a montagem da mochila

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cargueira com material completo de acampamento. Após a viagem para Três Picos, vimos o quão des-gastante é levar peso extra desne-cessário. E agora, a travessia seria pesada e longa. Era um tal de “quan-to a sua mochila está pesando?” e dicas e mais dicas sobre o que levar e o que não levar, garantindo uma

boa redução no peso de todas as mochilas! Tudo pronto, pegamos uma van no sábado de manhazi-nha e partimos para Petrópolis. Trilha iniciada sem chuva, e sobe, e sobe, e sobe! O Ministério da Saúde informa: “Acompanhar o Caetano num toca para cima pode te matar!” Como o cara

corre!! Numa subida sem fim com mochila cargueira... e ainda vai cantando!! Alguém troca o guia, por favor!! São Pedro ajudou: não choveu! Porém, tempo todo fecha-do sem nenhum visual. Cansados, mas chegamos ao Açu. Montamos acampamento e perambulamos pelo local. À tardinha, com uma lona enorme de 6x6m, montamos uma tenda sobre as barracas com hastes improvisadas com sticks e cordeletes, onde fizemos a nossa cozinha e área de lazer, protegidas da chuva. Rolou jogatina de sueca e muitas risadas até não aguentar-mos mais de sono. Na manhã do dia seguinte fomos surpreendidos com a decisão do guia em cancelar a travessia, assim como diversos outros grupos também o fizeram, inclusive do CEB. Previsão de tem-poral, tempo totalmente fechado sem visual algum, e a razão superou a emoção! Afinal, a montanha esta-rá lá nos esperando! O ponto baixo foi o Celso Opalão torcer o pé na descida, mas algumas semanas no estaleiro e ele já se recupera.

Para finalizar o curso, teve uma invasão extra de novo em Itacoatia-ra, seguida de um super churrasco na casa do Flavinho e Vitor, com direito a violão no final!!

Confesso que, antes de iniciar o curso, pensava que aprenderia técnicas de escalada, e só. Tive a grata surpresa de formar uma nova família: a do CBM 99, composta pelo casal André e Fátima e por Au-gusto, Cátia, Celso, Daniel, Delano, Eloy, Flávio, Gabriel, Helena, Joel e Luiz! Todos amantes da montanha, confio literalmente a minha vida nas mãos desses mais novos certifi-cados escaladores, que certamente encontrarei muito numas pedras por aí (rs)! Além disso, fomos inse-ridos em uma populosa rede social de ex-CBM’s, em que todos se aju-dam, dão dicas, convidam para es-calar, emprestam material! Melhor impossível! Caí no lugar certo, com as pessoas certas! Obrigado, CEB!!!

Eloy Dias é sócio do CEB

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03957 - Maria Francisca de Almeida03958 - Catia Valdman03969 - Barbara da Costa Amaral03960 - Julio César Damigo Cruz de Rezende03961 - Matheus Martins Maia Prado03962 - Conrado Oliveira03963 - Paulo Cesar Roseira03964 - Suely Vives da Costa03965 - Eliana de Souza03966 - Luiz de Rose03967 - Flavio Cabral Pontes de Carvalho03968 - Marcel Dantas de Quintela

ANIVERSARIANTES01 - Juan Manuel Campos Adrados01 - Márcia Tie Kawamura01 - Regina Cele02 - Celso Augusto Ribeiro de Castro02 - Pedro Lima Henrique Lima Pinto03 - Nina Nunes Cadete04 - Janine Meira Souza Koppe Eiriz05 - Sandro Moreira Ferreira05 - Vitor Silva Duarte05 - Gilson Fernandes05 - Rui Eduardo Fernandes06 - Andressa D’Agostini06 - Antonio Izidoro Vieira Nicoli09 - Daniela Fernandes Lima09 - Jorge Francisco Alves10 - Enio Luiz Mazzoccoli10 - Edison Vanderlei da Silva Queiroz10 - Luiz Buchman11 - Ana Virginia Trinas Moura11 - Tatsuo Matsumoto

12 - Adriano Dias Teixeira Amorim do Valle12 - Katia Regina da C. Marques12 - Maria Francisca de Almeida13 - Manoel Severino de Jesus13 - Carlos Correa dos Anjos14 - Helena Kiyoe Ito14 - Idalicio M. O. Filho14 - Irineu Luiz Corrêa Filho15 - Kyra M de Andrade15 - Enzo Baiocchi15 - Rodrigo Taveira15 - Anisio Pereira16 - José Augusto Cunha Gomes17 - Therezinha da Silva van Beeck18 - Márcio Siqueira Pereira19 - Cristina Maria Pinheiro Lemgruber19 - Maira Alves de Magalhães20 - Elizabeth C. Gomes da Cruz20 - Mary Sebastiana Aranha Rossi22 - Adilson Lessa Brasil

23 - Ivonete Pinto Neves (Yadurani)23 - Rodrigo de A. Victorio24 - Annik Sheila Petit de La Villeon26 - Ricardo dos Santos Barros26 - Elma Carvalho de Araújo Pôrto27 - Claudio Eduardo Aranha27 - Marcia Costa Annibolete27 - Teresa Maria da Franca Moniz de Aragão28 - Daniel Lupa Perez Gandarillas28 - Dieny Dayse Ribeiro Soares29 - Welton da Conceição Nunes29 - Barbara da Costa Amaral30 - Marcelo Cardoso Valle30 - Grace Kelly Millanao Malo30 - Lucia Maria Pinto da Rocha Rausis31 - Alessandra da Silva Gomes31 - Walterlino da Silva Fonseca31 - Ivan Magalhães Junior

01 - Marina da Costa Rubim Peçanha02 - Claudia Cantanhede Amelio04 - André Muraro04 - Debora Cherman05 - Beatriz César Maestá07 - André Giorno de Almeida11 - Alexandre Gianni11 - Lauro Luiz Bezerra de Sobral11 - Eduardo de Castro Vieira12 - Eduardo Lopes de Souza Jr12 - Daniela Coelho da Cunha12 - João de Araújo Pôrto Mollica12 - Danielly Bastos Suchurski

13 - Marilene Clara Teixeira14 - Maria Marineth Huback15 - Nadia Gloria da C Nascimento15 - Marcel Dantas de Quintela16 - Flávio de Almeida Violante17 - Karen Chris Silva18 - Mauro Lucio Maciel19 - Alan dos Santos Braga19 - Catia Valdman19 - Haroldo Rodrigues20 - Ivan Jorge Amaral da Conceição20 - Eliane Machado de Araujo20 - Lilian Kingston Freitas

21 - Ariane Isabel Petri23 - Márcio de V Guedes Pinto24 - Hugo Leonardo Ramos26 - Sinézio Rodegheri Rodrigues26 - Sylvia Rheingantz Moniz26 - Ute Caban26 - Luciane de Lima Lopes26 - Fernando Toledo Ferraz26 - Jane dos Santos Lopes26 - Marcos Pinheiro28 - Ana Paula Marques de Menezes

CHEGANDO À BASE

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vejam a programação atualizada no site ceb.org.brPROGRAMAÇÃO

DATA ATIVIDADE CLASSIFICAÇÃO LOCAL DIREÇÃO

19/1/2017 INSTITUTO INHOTIM RECREATIVA BRUMADINHO - MG SIMONE LEÃO / MARTINUS VAN BEECK

19/1/2017 PR. CEPI - NOTURNO ESCALADA (ARTIFICICAL C) PÃO DE AÇÚCAR FLÁVIO NEGRÃO / JORGE CAMPOS

19/1/2017 CAMINHADAS EM MONTE CAMINHADA LEVE MINAS GERAIS SINÉZIO RODRIGUES / VERDE E EXTREMA FRANCESCO BERARDI / CLÁUDIA BESSA

21/1/2017 ESCALAVRADO CAMINHADA SEMI PESADA, GUAPIMIRIM - PARNASO ALMIR SILLER / COM LANCE DE 1º GRAU JOSÉ CARLOS OLIVEIRA

25/1/2017 APRESENTAÇÃO DO PROJETO PARA PALESTRA SEDE DO CEB HUGO DE CASTRO CRIAÇÃO DO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DA MARIA COMPRIDA

26/1/2017 ANIVERSARIANTES DO SOCIAL SEDE DO CEB DIREÇÃO DO CEB MÊS DE JANEIRO

28/1/2017 TRAVESSIA ALTO DA BOA VISTA X PARQUE NACIONAL CAMINHADA MODERADA MARTINUS VAN BEECK / JACAREPAGUÁ VIA RUÍNAS, RIO DAS PACAS DA TIJUCA CLÁUDIA BESSA E REPRESA DOS CIGANOS

29/1/2017 PASSEIO DE BARCO À ILHA DE PALMAS RECREATIVA GRUMARI FLÁVIO NEGRÃO / JORGE CAMPOS

4/2/2017 SUBIDA DO RIO D’ANTA CAMINHADA MODERADA PARQUE ESTADUAL FRANCESCO BERARDI / DOS TRÊS PICOS CLÁUDIA BESSA

12/2/2017 TRILHA DO TROILLER, CACHOEIRA DO TENEBROSO, CAMINHADA CACHOEIRAS DE MACACU FRANCESCO BERARDI / PARAÍSO E TERCEIRA DIMENSÃO LEVE SUPERIOR CLÁUDIA BESSA

15/2/2017 CAMINHANDO PELOS EUA: PALESTRA SEDE DO CEB ALEXANDRE CIANCIO / KINGS CANYON E ZION ÂNGELO VIMENEY

18/2/2017 CIRCUITO HORTO - CAMINHADA LEVE SUPERIOR HORTO MARTINUS VAN RIO DOS MACACOS BEECK JEQUITIBÁ GIGANTE - CACHOEIRAS - HORTO

18/2/2017 ESCALADA À FANTASIA IDADE DA PEDRA ESCALADA URCA ZOZIMAR MORAES / SIMONE LEÃO

23/2/2017 ANIVERSARIANTES DO MÊS DE FEVEREIRO SOCIAL SEDE DO CEB DIREÇÃO DO CEB

25/2/2017 CARNAVAL 2017 EM ITATIAIA CAMINHADA MODERADA ITATIAIA ZOZIMAR MORAES / SIMONE LEÃO / ANTÔNIO DIAS

25/2/2017 CARNAVAL EM MACAÉ - TRILHAS DIVERSAS CAMINHADA MODERADA MACAÉ FRANCESCO BERARDI / CLÁUDIA BESSA

25/2/2017 ESCALADAS E CAMINHADAS EM FERROS ESCALADAS E CAMINHADAS FERROS - MG PEDRO BUGIM

3/3/2017 CINE-CEB - ESPECIAL MÊS DAS MULHERES CULTURAL SEDE DO CEB DIREÇÃO DO CEB

4/3/2017 TRAVESSIA RUY BRAGA CAMINHADA MODERADA PARQUE NACIONAL DE ITATIAIA JORGE CAMPOS

10/3/2017 ESCALAVRADO NOTURNO CAMINHADA MODERADA PARQUE NACIONAL JORGE CAMPOS DA SERRA DOS ÓRGÃOS

25/3/2017 CIRCUITO LEGIONÁRIO II ESCALADAS E CAMINHADAS PEDRA DA GÁVEA - FRANCISCO CAETANO PÃO DE AÇÚCAR

4/6/2017 CIRCUITO DA ILHA GRANDE CAMINHADA PESADA SUPERIOR ILHA GRANDE ZOZIMAR MORAES / SIMONE LEÃO / ANTÔNIO DIAS

8/7/2017 CAMINHANDO DO DESERTO DE CAMINHADA DE LONGO CURSO CHILE E BOLÍVIA ANTÔNIO DIAS / ATACAMA E SALAR DE UYUN MARTINUS VAN BEECK

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