DIR REG - TCU 2013 - PNT - Aula 03 (1).pdf

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    Introduo ........................................................................................ 01 Servios pblicos e regulao estatal ................................................... 02 Atribuies das instituies pblicas na formulao de polticas e na regulao dos servios pblicos delegados .......................................................... 12 Controle externo de desestatizao e de regulao ................................ 24 Questes comentadas ......................................................................... 33 Lista de questes .............................................................................. 49 Bibliografia ....................................................................................... 55

    Introduo

    Prezado Aluno,

    Conforme proposto no nosso cronograma vamos tratar na aula de hoje os seguintes temas:

    Aula Tpicos abordados

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    Servios pblicos e regulao estatal. Atribuies das instituies pblicas na formulao de polticas e na regulao dos servios pblicos delegados. Controle externo de desestatizao e de regulao. Lei 8.987/1995. Lei 9.074/1995.

    Com relao s Leis 8.987/1995 e 9.074/1995 iremos iniciar o estudo na aula de hoje e continuaremos at a ltima aula, pois elas determinam conceitos gerais aplicveis aos demais tpicos. As questes discutidas durante a aula esto listadas no final do arquivo para caso voc queira tentar resolve-las antes de ver os comentrios. E, por ltimo, participe do Frum de dvidas, que um dos diferenciais do Ponto. L voc poder tirar suas dvidas, auxiliar outras pessoas e ajudar no aprimoramento dos nossos cursos. Dito isto, mos obra...

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    Servios pblicos e regulao estatal.

    J sabemos que as transformaes ocorridas nos ltimos anos que levaram reduo da interveno direta do Estado na economia, em contrapartida, levaram ao incremento da interveno regulatria do Estado. Houve o fortalecimento do papel regulador do Estado em detrimento do Estado produtor de bens e servios. At a tudo bem. Mas o que regulao? Inicialmente, importante destacar, que trataremos em nosso curso somente da regulao econmica. Assim, no ser objeto de nosso curso, por exemplo, a regulao social e a regulao administrativa. A regulao, de uma forma geral, um instituto oriundo da economia, mas que cada vez mais adquire sede jurdica, inclusive constitucional (vide arts. 21, XI; 172; 174; 177, 2, III;186, III; 190; e 192, todos da CF/88). Encontramos no art. 170 da CF/88 a fundamentao normativa da regulao dos mercados, que estabelece que a ordem econmica, fundada na valorizao do trabalho humano e na livre iniciativa, deve observar os princpios da funo social da propriedade, da livre concorrncia e da defesa do consumidor. Desta forma, o Estado intervm no mercado para garantir a observncia desses princpios. A funo social da propriedade requer que o poder pblico regule as relaes de mercado em defesa do consumidor. Nas estruturas de mercado em que impera a vontade do vendedor, onde no se tem mercados perfeitamente competitivos, a propriedade privada dos meios de produo no pode ser exercida de maneira irrestrita e absoluta. Ou seja, deve haver uma instncia que garanta a concorrncia no mercado e, caso essa concorrncia no seja possvel, que modere o apetite ao lucro das empresas monopolistas, garantindo a defesa dos usurios. Para Arago (2009), h trs poderes inerentes regulao: aquele de editar a regra, o de assegurar a sua aplicao e o de reprimir as infraes a essas regras. Referido autor conceitua a regulao econmica como: a regulao estatal da economia o conjunto de medidas legislativas, administrativas e convencionais, abstratas ou concretas, pelas quais o Estado, de maneira restritiva da liberdade privada ou meramente indutiva, determina, controla, ou influencia o comportamento dos agentes econmicos, evitando que lesem os interesses sociais definidos no marco da Constituio e orientando-os em direes socialmente desejveis.

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    Assim, do conceito de regulao est excluda a atividade direta do Estado como produtor de bens e servios e como fomentador das atividades econmicas privadas, que, como vimos, junto com a regulao, constituem espcies do gnero da interveno do Estado na economia. Atividade regulatria x atividade regulamentar No podemos confundir regular com regulamentar. A regulao vai alm da regulamentao. Regulamentar, de forma geral, consiste em disciplinar uma atividade mediante a emisso de comandos normativos, de carter geral, ainda que com abrangncia meramente setorial. J, a regulao estatal, como vimos, envolve atividades coercitivas, adjudicatrias (=dar, por sentena), de coordenao e organizao, funes de fiscalizao, sancionatrias, de conciliao (=composio e arbitragem de interesses), bem como funes de subsidiar e recomendar a adoo de medidas de ordem geral pelo poder central. A prpria CF/88, no art. 174, faz distino entre as funes de regulamentar e regular, ao imputar ao Estado o papel de agente normativo E regulador da atividade econmica. Assim, a atuao do Estado como agente de regulao da ordem econmica um imperativo constitucional. Setores regulados Cabe destacar que a atividade de regulao envolve as atividades econmicas em sentido amplo, ou seja, d-se tanto sobre atividades econmicas em sentido estrito (=aquelas cuja explorao est sujeita ao

    Formas de Interveno do

    Estado na economia

    Estado Regulador

    Estado produtor de

    bens e servios

    Estado fomentador

    das atividades econmicas privadas

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    regime privado, de mercado), quanto sobre aquelas atividades que tenham sido eleitas pela CF/88 ou por lei como servios pblicos. Ou seja, as atividades econmicas em sentido amplo (lato sensu) abrangem as atividades econmicas propriamente ditas (stricto sensu) e a prestao dos servios pblicos.

    Ressalte-se, dessa forma, que a interveno regulatria no serve exclusivamente para substituir a interveno do Estado na ordem econmica, pois em certos setores da economia o Estado continua atuando e, igualmente, devem ser regulados. Assim, de forma geral, a regulao cabe nos setores em que houve:

    a erradicao da interveno direta do Estado. Nesse caso, a interveno direta substituda pela construo de mecanismos de interveno indireta de carter regulatrio. Exemplo: setor de telecomunicaes.

    a permanncia de entes estatais explorando atividades econmicas. Nesse caso, so estabelecidos arcabouos regulatrios. Exemplo: setores de energia eltrica e petrleo.

    A regulao busca equilibrar os interesses internos a um sistema econmico (um setor ou atividade econmica). A ao estatal passa a depender do equilbrio entre os interesses privados (competio, respeito aos direitos dos usurios, admisso da explorao lucrativa de atividade econmica) com as metas e objetivos de interesse pblico (universalizao, reduo de desigualdades, modicidade de preos e tarifas, maiores investimentos, etc.).

    REGULAO

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    Exemplo: no caso da atuao direta do Estado, era possvel impor ao operador estatal a reduo dos valores cobrados por um bem ou a obrigao de expandir o universo de atendimento de seus servios sem grande necessidade de mediao, no importando o custo dessas medidas; j, em um contexto de regulao e de abertura de atividades relevantes explorao privada, faz-se necessrio uma ponderao entre as metas de interesse geral e os objetivos dos particulares envolvidos.

    Formas de regulao A regulao econmica, em resumo, se apresenta em trs principais formas:

    Regulao

    Usa para:

    Monoplios

    Controlar os preos e a qualidade dos servios e produtos, quando a competio restrita ou invivel, evitando que os monoplios lesem a economia popular.

    Para competio

    Assegurar a livre concorrncia no setor privado e, no caso de atividades econmicas sensveis ao interesse pblico, o seu direcionamento ao atendimento desse interesse.

    Servios Pblicos

    Assegurar a universalizao, qualidade e preo justo.

    Noo de servio pblico Vamos passar agora a falar sobre servio pblico e sua conceituao. Na doutrina tradicional do servio pblico, encontram-se duas correntes principais a respeito dessa noo:

    A regulao busca o equilbrio

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    A primeira considera que a ideia de servio pblico est diretamente vinculada a uma questo de essencialidade, ou seja, pela sua relevncia, aquela atividade seria enquadrada como servio pblico.

    A segunda corrente detm uma posio formalista da noo de servio

    pblico, isto , ser considerado servio pblico aquela atividade que a lei ou a Constituio afirmar que .

    Na doutrina brasileira verifica-se uma predominncia dessa segunda corrente que prega a concepo formalista do servio pblico. Desse modo, ser servio pblico toda a atividade que o ordenamento jurdico determinar que assim o seja, conforme o entendimento social, econmico, cultural de uma sociedade em um determinado tempo. Nesse sentido, a CF/88 apresenta vrios exemplos de servios pblicos: servio postal e correio areo nacional; telecomunicaes; servios e instalaes de energia eltrica e aproveitamento energtico; radiofuso; navegao area e aeroespacial; transporte ferrovirio e aquavirio entre portos brasileiros em fronteiras nacionais ou que transponham os limites de Estado ou Territrio; transporte rodovirio interestadual e internacional de passageiros; servios de portos martimos, fluviais e lacustres; entre outros. A prestao desses servios, conforme consubstanciado no nosso j conhecido art. 175 da CF/88, compete ao Poder Pblico, direta ou sob forma de concesso ou permisso: Assim, o servio enquanto pblico irrenuncivel pelo Estado, no podendo ser transferida sua titularidade para a iniciativa privada, mas apenas transferindo sua execuo. O Poder Pblico mantm, dessa forma, permanentemente, a total disponibilidade sobre o servio pblico delegado.

    Em resumo O Estado delega apenas a execuo do servio pblico para a iniciativa privada, mantendo a sua titularidade.

    Distino entre servio pblico e atividade econmica A CF/88 faz distino entre servio pblico e atividade econmica, pois embora o servio pblico no deixe de ter um aspecto econmico, possui uma qualificao especial pelos interesses a serem protegidos.

    Art. 175. Incumbe ao Poder Pblico, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concesso ou permisso, sempre atravs de licitao,

    a prestao de servios pblicos.

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    Nesse sentido, como vimos, alguns autores fazem a separao de atividade econmica em sentido amplo, e do servio pblico e atividade econmica em sentido estrito. Para Justen Filho, por exemplo, a principal distino entre servio pblico e atividade econmica propriamente dita se encontra na relao entre a necessidade a ser satisfeita e a dignidade da pessoa humana. Verifica-se, portanto, a possibilidade da prestao dos servios pblicos por meio de delegao de atribuies a particulares, mediante concesso e permisso, previstas nos arts. 21, XI e XII, 25, 2, 175 e 223, da CF/88, e em leis infraconstitucionais. O Estado, como apontado, mesmo quando repassa para um particular a execuo de um servio pblico, mantm sua disponibilidade, desde o exerccio do controle e da fiscalizao at a prpria fixao das tarifas a serem cobradas dos usurios. Essa atividade consiste na manifestao da funo regulatria executada pelo Poder Pblico. Assim, a desestatizao da execuo dos servios, empreendida pela reforma do Estado, termina sendo uma publicizao (=passar para o setor pblico) de sua regulao e controle. Ou seja, o Estado se retira do papel de provedor direto de uma utilidade e coloca-se em uma funo de regulador da atividade a ser prestada por particulares. A funo de regulao da prestao de servios pblicos, prevista no art. 174 da CF/88, desta maneira, pode ser compreendida como o controle permanente realizado pelo Estado sobre determinada atividade considerada essencial sociedade pelo prprio ordenamento jurdico. Importante ressaltar que nem todo servio pblico passvel de concesso ou permisso ao setor privado, nos termos do art. 175 da CF/88, tendo em vista que esses institutos pressupem a remunerao do contratado oriunda dos usurios do servio ou com receitas decorrentes da atividade do prprio servio. Competncias Quanto s competncias para legislar sobre servios pblicos, o pargrafo nico do art. 175 da CF/88 determina que:

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    Deve-se interpretar esse dispositivo em conjunto com o disposto no art. 22, XXVII, da CF/88, que determinou entre as competncias privativas da Unio elaborar normas gerais de licitao e contratao, em todas as modalidades, para as administraes pblicas diretas, autrquicas e fundacionais da Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas pblicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, 1, III. Portanto, essa matria caracteriza-se como de competncia concorrente da Unio, Estados e Municpios.

    Art. 24, 3, e art. 30, II, ambos da CF/88

    Unio Estados e Municpios Estabelece normas gerais sobre

    servios pblicos. Elabora normas suplementares para atender s peculiaridades dos seus

    servios. Nesse sentido, a Lei Federal 8.987/95 concretizou essa determinao constitucional ao prever as normas gerais sobre o regime de concesso e permisso da prestao de servios pblicos. Tambm regula esse mesmo assunto a Lei 9.074/95, que estabelece normas para outorga e prorrogaes das concesses e permisses. A atividade de regulao dos servios pblicos A competncia para regular a prestao de um determinado servio pblico sempre do ente federado a que a CF/88 atribui a titularidade do servio. A regulao atividade tpica do Poder Pblico, absolutamente indelegvel a particulares. Como vimos, ela engloba o conjunto de atos legislativos, atos administrativos normativos e atos administrativos concretos, necessrios para delinear o chamado marco regulatrio (=conjunto de normas que regulam determinado setor ou atividade), inclusive, quando for o caso, condies pertinentes outorga das concesses ou permisses, s instncias aptas a promover a

    A lei dispor sobre: I - o regime das empresas concessionrias e permissionrias de servios pblicos, o carter especial de seu contrato e de sua prorrogao, bem como as condies de caducidade, fiscalizao e resciso da concesso ou permisso; II - os direitos dos usurios; III - poltica tarifria; IV - a obrigao de manter servio adequado.

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    mediao e soluo de conflitos, aos investimentos em infraestrutura a serem realizados pelo poder pblico, que sejam de interesse dos agentes privados delegatrios, s diretrizes gerais de poltica tarifria e assim por diante. A atividade regulatria pode ser desempenhada pelo prprio ente federado (Unio, Estados e Municpios), centralizadamente, ou pelas pessoas jurdicas de direito pblico integrantes da administrao indireta, mais especificamente, pelas autarquias. Da surgem as chamadas agncias reguladoras, revestidas no mbito federal como autarquias sob regime especial. Cabe observar que nem todas as agncias reguladoras atuam na regulao de servios pblicos; algumas atuam na regulao de atividades econmicas em sentido estrito, a exemplo do Conselho Administrativo de Defesa Econmica (CADE), da Comisso de Valores Mobilirios (CVM) e da Agncia Nacional do Petrleo (ANP). As leis, contendo as diretrizes gerais de regulao do servio, continuam competindo ao Poder Legislativo, mas essas leis tm atribudo s entidades ou entes administrativos reguladores um amplo poder normativo, mediante o qual so estabelecidas inmeras regras complementares lei, no mbito da denominada discricionariedade tcnica. Importante ressaltar nesse ponto que existem controvrsias doutrinrias sobre os limites impostos funo normatizadora das agncias reguladoras. Se a agncia pode inovar em relao lei no que tange sua discricionariedade tcnica, ou se deve se ater ao complemento dela. Controle dos servios pblicos J, o controle dos servios pblicos deve ser exercido pela prpria administrao pblica, pela populao em geral, bem como pelos rgos incumbidos da tutela dos interesses coletivos e difusos, tais como o Ministrio Pblico e os rgos de defesa do consumidor. Cabe notar que, quando um servio pblico prestado pela prpria administrao pblica, ele est sujeito aos controles usuais aplicveis a todas as atividades administrativas, derivados do poder de autotutela (=o Estado controla a si mesmo) e da denominada tutela administrativa (no caso de prestao por entidades da administrao indireta). Deve ser um controle particularmente rigoroso, porque se trata de atividades s quais a Constituio dispensa especial ateno, por interessarem populao, sendo mesmo algumas delas consideradas essenciais subsistncia da coletividade.

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    Por outro lado, quando o servio pblico tem sua prestao delegada a particulares, a administrao pblica exerce sobre a atividade do particular delegatrio um controle ainda mais rigoroso, em razo do fato de a titularidade do servio permanecer com o poder pblico, a quem, em ltima anlise, incumbe assegurar a sua adequada prestao. Por esse motivo, o ordenamento jurdico confere ao poder concedente prerrogativas especiais, tais quais a possibilidade de alterao unilateral das clusulas contratuais, de interveno na concesso ou permisso, de encampao, de decretao de caducidade e outras. Nesse sentido, o art. 3 da Lei 8.987/95 estabelece que As concesses e permisses sujeitar-se-o fiscalizao pelo poder concedente responsvel pela delegao, com a cooperao dos usurios. Esse dispositivo complementado pelo art. 30 da lei, que, de forma mais detalhada, estabelece: Por sua vez, a Lei 9.074/95, no art. 33, procurou reforar a efetividade desses preceitos referentes fiscalizao dos servios pblicos delegados: Tambm, o art. 22 da Lei 8.987/95 assegura a qualquer pessoa a obteno de certides sobre atos, contratos, decises ou pareceres relativos licitao ou s prprias concesses e permisses de servios pblicos. Quanto ao controle popular, alm das disposies legais citadas, merece referncia o 3, I, do art. 37 da CF/88, nos termos do qual as reclamaes relativas prestao dos servios pblicos em geral, asseguradas a

    No exerccio da fiscalizao, o poder concedente ter acesso aos dados relativos administrao, contabilidade, recursos tcnicos, econmicos e financeiros da concessionria. Pargrafo nico. A fiscalizao do servio ser feita por intermdio de rgo tcnico do poder concedente ou por entidade com ele conveniada, e, periodicamente, conforme previsto em norma regulamentar, por comisso composta de representantes do poder concedente, da concessionria e dos usurios.

    Em cada modalidade de servio pblico, o respectivo regulamento determinar que o poder concedente, observado o disposto nos arts. 3 e 30 da Lei n 8.987, de 1995, estabelea forma de participao dos usurios na fiscalizao e torne disponvel ao pblico, periodicamente, relatrio sobre os servios prestados.

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    manuteno de servios de atendimento ao usurio e a avaliao peridica, externa e interna, da qualidade dos servios. Por fim, cabe lembrar que no Brasil vigora o princpio da inafastabilidade de jurisdio, ou sistema de jurisdio nica, vale dizer, no podem as leis excluir da apreciao do Poder Judicirio, leso ou ameaa a direito.

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    Atribuies das instituies pblicas na formulao de polticas e na

    regulao dos servios pblicos delegados. Vamos iniciar esse tpico falando sobre polticas pblicas. Existem vrios modelos de anlise dos processos de transformaes de uma poltica pblica, por exemplo, o modelo clssico sequencial, o de racionalidade limitada, o incrementalismo, o escaneamento mltiplo, o modelo da lata de lixo, o modelo das mltiplas correntes, o modelo de equilbrio pontuado, o modelo das coalizes de advocacy e o modelo da escolha pblica. Contudo, no entraremos nesses detalhes, pois isso matria de administrao pblica ou cincia poltica. Nosso objetivo nesse curso estudar como funciona na prtica as competncias legais das instituies pblicas na formulao e implementao das polticas pblicas. Conceito de Poltica Pblica Para entender como ocorre a distribuio de competncias, vamos fazer uma breve contextualizao do processo de formulao das Polticas Pblicas. J vimos que a funo que o Estado desempenha em nossa sociedade sofreu transformaes ao passar do tempo. Basta verificar que no passado, o principal objetivo do Estado era garantir a segurana pblica e a defesa externa em caso de ataque inimigo. Entretanto, com o aprofundamento e expanso da democracia, as responsabilidades do Estado se diversificaram. Atualmente, de uma forma bem resumida, pode-se afirmar que a funo do Estado promover o bem-estar social. Para tanto, ele necessita desenvolver uma srie de aes nas mais diferentes reas. Assim, para atingir seus objetivos e promover o bem-estar da sociedade, os governos se utilizam das Polticas Pblicas que podem ser definidas, de forma bem simples, com o foco na atuao estatal, da seguinte forma: Em outras palavras, as Polticas Pblicas so a totalidade de aes, metas e planos que a Unio, os Estados e os Municpios traam para alcanar o bem-estar da sociedade e o interesse pblico.

    Poltica Pblica o conjunto de aes e decises do governo, voltadas para a soluo de problemas da sociedade.

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    Contudo, temos que saber que numa acepo mais ampla de poltica pblica, alguns autores dissociam o termo poltica pblica da ao puramente estatal. Nesse sentido, pblico, quando associado poltica, no se refere exclusivamente ao do Estado, mas sim, coisa pblica (res publica). Nessa acepo, poltica pblica no quer dizer somente ao do Estado, pois envolve alm do Estado a participao da sociedade como um todo (associaes de classe, rgos no governamentais, etc.). Dessa forma, uma definio mais ampla de poltica pblica : Mas, vamos nos centrar na ao das entidades pblicas na conduo das polticas pblicas. Nesse sentido, quem determina qual a ao ideal para atingir os objetivos? As aes que os dirigentes pblicos (governantes ou gestores) selecionam (suas prioridades) so aquelas que eles entendem serem as demandas ou expectativas da sociedade. Ou seja, o bem-estar da sociedade definido pelo governo e no pela sociedade. Veja que mesmo em nosso modelo de democracia a sociedade no consegue se expressar de forma integral. A sociedade demanda os seus representantes (deputados, senadores e vereadores) que, por sua vez, mobilizam os membros do Poder Executivo para que atendam as demandas da populao. Normalmente, as demandas da sociedade so apresentadas aos dirigentes pblicos por meio de grupos organizados, no que costuma se denominar Sociedade Civil Organizada (SCO), a qual inclui: sindicatos, entidades de representao empresarial, associao de moradores, associaes patronais e ONGs em geral. Mas, a prpria sociedade no consensual quanto s polticas pblicas que devem ser priorizadas. Atualmente, devido globalizao, as sociedades cada vez mais apresentam diversidades de ideias, valores, interesses e aspiraes, alm da diversidade de idade, religio, etnia, lngua, renda, profisso, etc. No entanto, os recursos para atender a todas as demandas da sociedade e seus diversos grupos (a SCO) so limitados ou escassos. Como consequncia, os bens e servios pblicos desejados pelos diversos indivduos se transformam em motivo de disputa. Assim, para aumentar as possibilidades de xito na competio, indivduos que tm os mesmos objetivos tendem a se unir, formando grupos.

    Poltica Pblica o conjunto de aes coletivas que tem por funo concretizar direitos sociais e demandas da sociedade previstas em lei.

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    Esse o principal desafio do formulador de polticas, alocar os recursos escassos da sociedade da melhor maneira possvel, por conseguinte, otimizar o seu uso. Mas, no se deve imaginar que os conflitos e as disputas na sociedade sejam algo necessariamente ruim ou negativo. Os conflitos e as disputas servem como estmulos a mudanas e melhorias na sociedade, se ocorrerem dentro dos limites da lei e desde que no coloquem em risco as instituies. Essa uma das funes dos partidos polticos de oposio, fomentar o conflito, questionando as solues encontradas pelo governo na busca da melhor opo. Assim, o interesse pblico o qual, por sua vez, reflete as demandas e expectativas da sociedade se forma a partir da atuao dos diversos grupos. Cabe ao formulador de Polticas Pblicas perceber, compreender e selecionar as diversas demandas. Compreendidas as demandas e expectativas da sociedade, ele far a seleo de prioridades para, em seguida, oferecer as respostas. As respostas nunca atendero s expectativas de todos os grupos. Lembre-se que os recursos so escassos e as necessidades so ilimitadas. O bolo um s, quanto mais gente, menor ser a fatia para cada um, e eventualmente algum ir ficar com fome. Ou seja, a existncia de grupos e setores da sociedade apresentando reivindicaes e demandas no significa que estas sero atendidas, pois antes disso necessrio que as reivindicaes sejam reconhecidas e ganhem fora ao ponto de chamar a ateno das autoridades do Poder Executivo, Legislativo e Judicirio. Alguns grupos sero contemplados, outros no. Para os grupos contemplados o governo ter de formular e desenvolver aes para buscar atender suas expectativas, integral ou parcialmente. Quando o governo busca atender as principais demandas recebidas (na sua percepo claro), diz-se que ele est voltado para o interesse pblico (ou seja, para o interesse da sociedade). Ao atuar nessa direo, o governo busca maximizar o bem estar social. Em outras palavras, as Polticas Pblicas resultam da competio entre os diversos grupos ou segmentos da sociedade que buscam defender (ou garantir) seus interesses. Tais interesses podem ser especficos como a construo de uma estrada ou um sistema de captao das guas da chuva em determinada regio ou

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    gerais como demandas por segurana pblica e melhores condies de sade. Principais atores no processo de Polticas Pblicas Vimos que diversos grupos integram o Sistema Poltico, seja apresentando reivindicaes, seja executando aes, que formam as Polticas Pblicas. Esses grupos so denominados atores. A forma mais simples de verificar quem so os atores em uma Poltica Pblica estabelecer quem tem alguma coisa a ganhar ou a perder com tal poltica, quem tem seus interesses diretamente afetados pelas decises e aes que compem a poltica em questo. No processo de discusso, criao e execuo das Polticas Pblicas, encontramos basicamente dois tipos de atores: os estatais ou governamentais e os privados ou no governamentais. Os atores no governamentais so os grupos de interesse, os partidos polticos, a mdia, as organizaes no governamentais, os prprios destinatrios da poltica pblica, etc. Os atores estatais so aqueles que exercem funes pblicas no Estado, tendo sido eleitos pela sociedade para um cargo por tempo determinado (os polticos), ou atuando de forma permanente na execuo das Polticas Pblicas, como os servidores pblicos (que operam a burocracia) e, ainda, o Poder Judicirio. Existe importante diferena no modo de agir de cada um desses segmentos. Os polticos so eleitos com base em suas propostas de polticas apresentadas para a populao durante o perodo eleitoral e buscam tentar realiz-las. Assim, as propostas das Polticas Pblicas partem do Poder Executivo, e esse Poder que efetivamente as coloca em prtica. As Polticas Pblicas propriamente ditas so aprovadas no Poder Legislativo, que posteriormente controla a sua execuo.

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    Frise-se que a CF/88 contm diversas diretrizes a serem observadas quanto a formulao de polticas pblicas. Da mesma forma, os poderes Executivo e Legislativo devem atuar, na formulao e execuo das polticas pblicas, de acordo com a Lei. Como j dissemos, no Brasil vigora o princpio da inafastabilidade de jurisdio, assim, na formulao e execuo das polticas pblicas cabe ao Judicirio apreciar leso ou ameaa a direito. Alm disso, embora a formulao e a execuo das polticas pblicas seja uma prerrogativa dos Poderes Legislativo e Executivo, possvel ao Poder Judicirio determinar, excepcionalmente, a sua implementao, quando a omisso da administrao pblica comprometer a eficcia e a integridade de direitos sociais impregnados de estatura constitucional. Em resumo:

    Poder Funo

    Executivo

    Prope e executa as polticas pblicas.

    Legislativo Define (aprova) e controla (com o auxlio dos tribunais de contas).

    Judicirio Aprecia ilegalidades e, excepcionalmente, determina a implementao das polticas pblicas.

    Por fim, cabe aos servidores pblicos (a burocracia) oferecer as informaes necessrias ao processo de tomada de deciso dos polticos, bem como operacionalizar as Polticas Pblicas definidas. Ciclo das Polticas Pblicas As polticas pblicas podem ser estudadas sob diversos prismas. Para nosso objetivo melhor estud-la como um ciclo (policy cycle), formado por vrias etapas e constituindo um processo dinmico de aprendizado. Mas veja que a separao por etapas feita somente para fins didticos, pois na vida prtica as polticas pblicas no ocorrem de forma to organizada. Estas etapas ocorrem muitas vezes simultaneamente, se confundindo, ou at mesmo, algumas so deixadas para trs. Existem diversos autores que tratam da poltica pblica como um ciclo, cada um com sua classificao prpria no que diz respeito s etapas. Mas, de forma geral, podemos dizer que a classificao mais completa contempla as seguintes etapas:

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    Identificao de Problemas

    a etapa na qual so tornadas manifestas as demandas para a ao governamental.

    Agenda

    o estabelecimento de quais questes sero tratadas pelo governo. Tal processo envolve a emergncia, o reconhecimento e a definio das questes que sero tratadas e, como consequncia, quais sero deixadas de lado, em virtude da contingncia oramentria.

    Elaborao

    Esse o momento onde deve ser identificado e delimitado o problema e as possveis solues. Nessa fase tambm deve ser avaliado o custo de implementao de cada soluo e estabelecida as prioridades de acordo com os recursos disponveis.

    Formulao /deciso

    o momento onde se escolhe as alternativas de ao/interveno em resposta aos problemas definidos na Agenda. As escolhas feitas nesse momento so expressas em leis, decretos, normas, resolues, dentre outros atos da administrao pblica.

    Implementao

    o planejamento e organizao da administrao em todos os aspectos: humanos, materiais, tecnolgicos, financeiro, etc., necessrios para colocar em prtica a execuo da poltica pblica escolhida.

    Execuo

    o momento onde o planejamento e a escolha so transformados em atos. Nada mais do que a colocao da poltica pblica pensada em prtica. Representa o conjunto de aes necessrias para atingir o objetivo almejado.

    Acompanhamento

    o processo dentro do qual ocorre a superviso da execuo da poltica pblica para colher os subsdios necessrios para eventual correo dos rumos a fim de atingir os objetivos propostos.

    Avaliao

    A avaliao um elemento crucial para as Polticas Pblicas. O fato de ser apresentada como ltima etapa no significa que ela seja uma ferramenta para ser utilizada apenas quando o tempo de atuao da Poltica Pblica acaba. Muito pelo contrrio, a avaliao pode ser feita em todos os momentos do ciclo de Polticas Pblicas, contribuindo para o sucesso da ao governamental e a maximizao dos resultados obtidos com os recursos destinados. Alm disso, a avaliao tambm uma fonte de aprendizado que permite ao gestor perceber quais aes tendem a produzir melhores resultados.

    Como j foi destacado, na prtica, essas etapas se interligam, de tal forma que a separao no estanque, se d mais para facilitar a compreenso do processo.

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    Setores de Atuao do Estado Outra classificao importante para entendermos o processo de formulao de polticas pblicas a dos quatro setores de atuao do Estado definidos no Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (voc j ter estudado na disciplina de Administrao Pblica):

    Setor Atuao

    1 Ncleo estratgico

    que corresponde aos rgos do governo, em sentido lato, que define as leis e as polticas pblicas e cobra seu cumprimento; compreende os Poderes Legislativo, Judicirio, Ministrio Pblico e, no Poder Executivo, o Presidente da Repblica, os Ministros e seus auxiliares e assessores diretamente responsveis pelo planejamento das polticas pblicas.

    2 Atividades exclusivas

    que corresponde ao setor que presta atividades que s o Estado pode prestar, onde entram os poderes de regulamentar, fiscalizar, fomentar; exemplos indicados no Plano Diretor: cobrana e fiscalizao dos impostos, polcia, previdncia social bsica, servio de desemprego, fiscalizao do cumprimento de normas sanitrias, servio de trnsito, etc.

    3 Servios no exclusivos

    que correspondem ao setor onde o Estado atua simultaneamente com outras organizaes privadas ou pblicas no estatais; so os servios sociais do Estado, abrangendo fundamentalmente as universidades, hospitais, centros de pesquisa, museus.

    4 Setor de produo de bens e servios para o

    mercado:

    que corresponde rea de atuao das empresas, abrangendo atividades econmicas voltadas para o lucro.

    Atribuies das instituies pblicas na formulao de polticas e na regulao Feita a contextualizao, vamos definir quais so as atribuies das instituies pblicas na formulao das polticas pblicas e na regulao. Para nossa discusso ficar mais palpvel, mais concreta, vamos falar das polticas pblicas de um setor especfico: transportes terrestres e aquavirios, luz da legislao vigente:

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    Poder Executivo Inicialmente, temos que saber que no mbito do Poder Executivo cabe Presidncia da Repblica e respectivas Secretarias e aos Ministrios, a formulao, coordenao e superviso das polticas pblicas. Nesse sentido, a Lei 10.683/2003 dispe sobre a organizao da Presidncia da Repblica e dos Ministrios. Segundo referida Lei, a Casa Civil o rgo da Presidncia da Repblica a qual compete: assistir direta e imediatamente ao Presidente da Repblica no desempenho de suas atribuies, especialmente:

    na coordenao e na integrao das aes do Governo; na verificao prvia da constitucionalidade e legalidade dos atos

    presidenciais; na anlise do mrito, da oportunidade e da compatibilidade das

    propostas, inclusive das matrias em tramitao no Congresso Nacional, com as diretrizes governamentais;

    na avaliao e monitoramento da ao governamental e da gesto dos rgos e entidades da administrao pblica federal.

    Ou seja, a Casa Civil atua em todas as reas de atuao do Governo: coordenando as aes; analisando as propostas de polticas pblicas encaminhadas pelos Ministrios, quanto ao mrito e legalidade; e avaliando e monitorando a execuo dessas polticas. Ento, na rea de transportes, a Lei 10.683/2003, trata das competncias da Secretaria de Portos (SEP), do Conselho Nacional de Integrao de Polticas de Transportes (Conit) e do Ministrio dos Transportes: A Secretaria de Portos rgo da Presidncia da Repblica, ao qual compete assessorar direta e imediatamente o Presidente da Repblica na formulao de polticas e diretrizes para o desenvolvimento e o fomento do setor de portos e instalaes porturias martimos, fluviais e lacustres. O Ministrio dos Transportes tem como rea de competncia, entre outras, a formulao, coordenao e superviso da poltica nacional de transportes ferrovirio, rodovirio e aquavirio. O Conit, por sua vez, integra a Presidncia da Repblica, como rgo de assessoramento imediato ao Presidente da Repblica. Ao qual compete assessorar o Presidente da Repblica na formulao de polticas nacionais de integrao dos diferentes modos de transporte de pessoas e bens.

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    Ao Ministrio dos transportes esto vinculadas as seguintes autarquias:

    Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes DNIT; e

    Agncia Nacional de Transportes Terrestres ANTT. Secretaria Especial de Portos da Presidncia da Repblica est vinculada a Agncia Nacional de Transportes Aquavirios ANTAQ. Ao Dnit cabe implementar, em sua esfera de atuao, as polticas formuladas pelo Ministrio e pelo Conit. s agncias reguladoras (ANTT e ANTAQ), cada uma na sua esfera de competncia, cabe:

    implementar, em sua esfera de atuao, as polticas formuladas pelo Ministrio dos Transportes, pela Secretaria Especial de Portos e pelo Conselho Nacional de Integrao de Polticas de Transporte CONIT; e

    regular, supervisionar e fiscalizar as atividades de prestao de servios de transporte.

    Temos tambm empresas pblicas e Sociedades de Economia Mista, integrantes da administrao indireta, vinculadas ao Ministrio dos Transportes. Por exemplo, a Valec - Engenharia, Construes e Ferrovias S.A., uma sociedade por aes controlada pela Unio, cuja funo social a construo e explorao de infraestrutura ferroviria. Ou seja, atua na execuo de polticas pblicas. A Controladoria-Geral da Unio (CGU) tambm integra a Presidncia da Repblica, e a ela compete assistir direta e imediatamente ao Presidente da Repblica no desempenho de suas atribuies quanto aos assuntos e providncias que, no mbito do Poder Executivo, sejam atinentes defesa do patrimnio pblico, ao controle interno, auditoria pblica, correio, preveno e ao combate corrupo, s atividades de ouvidoria e ao incremento da transparncia da gesto no mbito da administrao pblica federal. Temos ainda rgos que atuam na regulao da rea econmica:

    Secretaria de Acompanhamento Econmico (Seae), rgo do Ministrio da Fazenda, que tem por funo, entre outras:

    o delinear, coordenar e executar as aes do Ministrio, no tocante gesto das polticas de regulao de mercados, de concorrncia e

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    de defesa da ordem econmica, de forma a promover a eficincia, o bem-estar do consumidor e o desenvolvimento econmico;

    o assegurar a defesa da ordem econmica, em articulao com os demais rgos do Governo encarregados de garantir a defesa da concorrncia;

    o acompanhar a implantao dos modelos de regulao e gesto

    desenvolvidos pelas agncias reguladoras, pelos ministrios setoriais e pelos demais rgos afins, opinando, a seu juzo ou quando provocada.

    Conselho Administrativo de Defesa Econmica (Cade), autarquia

    vinculada ao Ministrio da Justia, que tem a finalidade de orientar, fiscalizar, prevenir e apurar abusos de poder econmico, exercendo papel tutelador da preveno e da represso a tais abusos.

    Por fim, existem, ainda, outros rgos do Poder Executivo que interferem, nas suas respectivas reas de atuao, na execuo de polticas pblicas no setor de transportes, como por exemplo:

    Secretaria do Patrimnio da Unio (SPU), rgo do MPOG, que como o nome sugere responsvel pelo patrimnio da Unio;

    Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis (Ibama), autarquia vinculada ao Ministrio do Meio Ambiente;

    Fundao Nacional do ndio (Funai), autarquia vinculada ao Ministrio da Justia;e

    Instituto de Patrimnio Histrico e Artstico Nacional (IPHAN), autarquia federal vinculada ao Ministrio da Cultura, que cuida do patrimnio histrico.

    Poder Legislativo Ao Poder Legislativo compete discutir e aprovar as leis. Na Cmara dos Deputados e no Senado Federal existem comisses permanentes especializadas, no caso dos transportes em ambas as casas a denominao a mesma: Comisso de Viao e Transportes, prprias para discutir e em certos casos aprovar as leis do setor. Ao Legislativo compete, ainda, exercer o controle externo dos atos do Poder Executivo, com o auxlio dos Tribunais de Contas. O TCU, por exemplo, atua prvia e concomitantemente nos processos de desestatizaes, fiscaliza a atuao dos Ministrios e das Agncias Reguladoras na conduo das polticas pblicas.

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    Como exemplo dessa atuao pode-se citar a criao do Conit. O art. 5 da Lei 10.233/2001 determinou a criao do Conselho com o objetivo de integrar as polticas de transporte no pas. Contudo, o tempo passou e o Poder Executivo se omitiu nessa criao. Assim, por meio do Acrdo 1.926/2004 Plenrio, o TCU recomendou Casa Civil da Presidncia da Repblica que desse pleno funcionamento ao Conselho Nacional de Integrao de Polticas de Transporte - CONIT, ao qual compete propor polticas nacionais de integrao dos diferentes modos de transporte, como previsto no art. 5 da Lei 10.233/2001. Posteriormente, por meio do Acrdo 1.034/2008 Plenrio, o TCU determinou Casa Civil da Presidncia da Repblica que adote as providncias de sua competncia para instalar o Conselho Nacional de Integrao de Polticas de Transporte (CONIT) e informe ao Tribunal, em at 60 dias, as medidas adotadas, tendo em vista os efeitos negativos que a ausncia dessa instncia de articulao tem sobre a integrao das polticas de transportes do pas. Ministrio Pblico Cabe ao Ministrio Pblico fiscalizar a aplicao da lei. Cumpre notar que dentro da estrutura do Ministrio Pblico Federal existem cmaras especializadas para discutir assuntos em diversas reas. Na rea de regulao, a 3 Cmara de Coordenao e Reviso do Ministrio Pblico Federal promove a integrao do exerccio funcional no mbito do consumo e da ordem econmica. A ordem econmica abrange a defesa do consumo e da concorrncia, a regulao da atividade econmica delegada, e as polticas pblicas, tanto assistenciais quanto promotoras, para o desenvolvimento urbano, industrial, agrcola e fundirio. A 3 Cmara se articula periodicamente com rgos pblicos responsveis pelas polticas de defesa do consumidor, de defesa da concorrncia e de regulao econmica. Essa colaborao tem por objetivo melhorar o regulamento econmico, ampliar as escolhas do consumidor ou as utilidades devidas ao usurio, e fortalecer a autoridade em face das injunes polticas ineficientes. Poder Judicirio

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    Por fim, o Poder Judicirio desempenha a atividade jurisdicional sobre os atos administrativos praticados pelo Poder Executivo. Alm disso, como j abordado, embora a formulao e a execuo das polticas pblicas seja uma prerrogativa dos Poderes Legislativo e Executivo, possvel ao Poder Judicirio determinar, excepcionalmente, a sua implementao, quando a omisso da administrao pblica comprometer a eficcia e a integridade de direitos sociais impregnados de estatura constitucional.

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    Controle externo de desestatizao e de regulao.

    J vimos nas aulas passadas que a desestatizao compreende a privatizao de empresas pblicas e a delegao para a iniciativa privada da prestao de servios pblicos. Por sua vez, a regulao consiste no conjunto de medidas tomadas pelos agentes do Estado, para restringir ou induzir a liberdade privada, determinando, controlando, ou influenciando o comportamento dos agentes econmicos, evitando que lesem os interesses sociais e orientando-os em direes socialmente desejveis. A desestatizao e a regulao so pautadas pelas polticas pblicas e pelas diretrizes formuladas pelo governo, e so implementadas pelos rgos tcnicos responsveis. Voc j deve saber que, nos termos do art. 70 da CF/88, o controle externo dos atos do Poder Executivo exercido pelo Poder Legislativo com o auxlio dos Tribunais de Contas. Interessante a definio dada por Jos Afonso da Silva, segundo o qual O controle externo , pois, funo do Poder Legislativo, sendo competncia do Congresso Nacional no mbito federal, das Assembleias Legislativas nos Estados, da Cmara Legislativa no Distrito Federal e das Cmaras Municipais nos Municpios com o auxlio dos respectivos Tribunais de Contas. Consiste, assim, na atuao da funo fiscalizadora do povo, atravs de seus representantes, sobre a administrao financeira e oramentria. , portanto, um controle de natureza poltica, no Brasil, mas sujeito prvia apreciao tcnico-administrativa do Tribunal de Contas competente, que, assim, se apresenta como rgo tcnico, e suas decises so administrativas, no jurisdicionais. Segundo o art. 5, I, da Lei 8.443/02 (Lei Orgnica do TCU), a jurisdio do Tribunal abrange qualquer pessoa fsica, rgo ou entidade das unidades dos

    Controle Poltico Exercida por meio

    Com auxlio

    Tcnico-

    Administrativo

    Funo

    Fiscalizadora

    do POVO

    Poder

    Legislativo

    Poder

    Executivo

    Tribunal

    de Contas

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    poderes da Unio e das entidades da administrao indireta, includas as fundaes e sociedades institudas e mantidas pelo poder pblico federal, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores pblicos ou pelos quais a Unio responda, ou que, em nome desta assuma obrigaes de natureza pecuniria. Desta forma, cabe ao TCU, por fora do mandamento constitucional constante do art. 71, efetuar, por iniciativa prpria ou em razo de demanda parlamentar, fiscalizaes de natureza contbil, financeira, oramentria, operacional e patrimonial da Unio e em todas as entidades da administrao direta e indireta. Assim, dentre essa ampla clientela do Tribunal, encontram-se as agncias reguladoras, que na qualidade de autarquias especiais, integrantes da administrao indireta, esto sujeitas fiscalizao exercida pelo TCU, de modo que sua atuao deve ser avaliada sob a tica da legalidade, legitimidade e economicidade. Como j observamos, o controle externo das agncias reguladoras tem em vista identificar falhas e oportunidades de melhoria nos procedimentos, no sentido de evitar que tais entidades afastem-se dos limites impostos pela lei ou que adotem decises no condizentes com sua finalidade legal. O Tribunal atua muito prximo s agncias reguladoras, emitindo pareceres nos processos de delegao de servios pblicos e, posteriormente, acompanhando a regulao estatal da execuo contratual decorrente, de forma a garantir a transparncia e a accountability (prestao de contas) dos processos regulatrios. Alm das agncias reguladoras (entes pertencentes administrao indireta), se encontram na clientela do TCU, os Ministrios (rgos pertencentes administrao direta) titulares dos servios pblicos delegados, e as empresas pblicas e sociedades de economia mista (entes pertencentes administrao indireta) porventura prestadora desses servios pblicos. Quanto s empresas pblicas e sociedades de economia mista que atuam na explorao de atividade econmica, at algum tempo atrs existia certa controvrsia quanto competncia do TCU para julgar as contas de administradores de entidades de direito privado, ainda que com capital majoritrio do Estado. Contudo, hoje se entende que o Tribunal de Contas, por fora do disposto no art. 71, II, da CF/88, tem competncia para proceder fiscalizao das entidades integrantes da administrao indireta, no importando se prestadoras de servio pblico ou exploradoras de atividade econmica. Inclusive, o Regimento Interno do TCU prev, no art. 5, III, que a jurisdio

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    do Tribunal abrange os dirigentes de empresas pblicas e sociedades de economia mista constitudas com recursos da Unio.

    Jurisdio do TCU sobre processos de desestatizao e regulao

    importante esclarecer que com relao s polticas pblicas e aos atos regulatrios, o TCU no interfere na esfera de discricionariedade dos entes governamentais, em vez disso, fiscaliza a atuao desses agentes em face s suas competncias legais, de modo que elas sejam exercidas de acordo com o correspondente marco legal. Vamos citar um exemplo para ficar mais claro. Digamos que esteja em processo a delegao de um aeroporto. O Poder Concedente ir elaborar, entre outros estudos, o de viabilidade econmico-financeiro para determinar o valor mnimo de outorga. Ou seja, o valor a partir do qual os interessados iro fazer as suas propostas para vencer a licitao. Vencer quem fizer a melhor oferta. Bom, existem vrias formas vlidas de projetar o fluxo de caixa do empreendimento para determinar esse valor mnimo de outorga. Lembre-se que esse valor muito importante, pois caso no haja concorrncia ou ocorra conluio no leilo, possivelmente ser esse o valor de outorga. Desta forma, o TCU no ir determinar que o Poder Concedente faa o estudo dessa ou daquela maneira. O TCU ir avaliar se, uma vez escolhido, o modelo est consistente com as premissas adotadas, se no contm ilegalidades, se foi feito de forma legtima, se no antieconmico, etc. Nada impede, contudo, caso entenda que existe uma melhor forma de fazer o estudo, que o Tribunal faa recomendaes nesse sentido. Nesse aspecto, o TCU, no controle da regulao, atua basicamente em dois momentos:

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    primeiro, nos atos de outorga de delegao ao ente privado da prestao de um servio pblico, desde a elaborao dos estudos de viabilidade at a assinatura do contrato de concesso (adjudicao); e

    segundo, no acompanhamento da execuo dos contratos decorrentes dessas delegaes.

    Para realizar fiscalizaes o Tribunal dispe de 5 principais instrumentos:

    Instrumento Objetivo

    Levantamento

    conhecer a organizao e o funcionamento dos auditados;

    identificar objetos e instrumentos de fiscalizao; e

    avaliar a viabilidade da realizao de fiscalizaes.

    Auditoria

    examinar a legalidade e a legitimidade dos atos de gesto dos responsveis sujeitos a sua jurisdio, quanto ao aspecto contbil, financeiro, oramentrio e patrimonial (Auditoria de Conformidade);

    avaliar o desempenho dos rgos e entidades jurisdicionados, assim como dos sistemas, programas, projetos e atividades governamentais, quanto aos aspectos de economicidade, eficincia e eficcia dos atos praticados (Auditoria Operacional); e

    subsidiar a apreciao dos atos sujeitos a registro.

    Inspeo

    o instrumento utilizado para suprir omisses e lacunas de informaes, esclarecer dvidas ou apurar denncias ou representaes quanto legalidade, legitimidade e economicidade de fatos da administrao e de atos administrativos praticados por qualquer responsvel sujeito sua jurisdio.

    Acompanhamento

    examinar, ao longo de um perodo predeterminado, a legalidade e a legitimidade dos atos de gesto dos responsveis sujeitos a sua jurisdio, quanto ao aspecto contbil, financeiro, oramentrio e patrimonial; e

    avaliar, ao longo de um perodo predeterminado, o desempenho dos rgos e entidades jurisdicionadas, assim como dos sistemas, programas, projetos e atividades governamentais, quanto aos aspectos de economicidade, eficincia e eficcia dos atos praticados.

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    Monitoramento o instrumento utilizado para verificar o

    cumprimento das deliberaes do Tribunal e os resultados delas advindos.

    Controle externo de desestatizao J vimos que o controle externo da desestatizao encontra respaldo nos arts. 70 e 71 da CF/88 e no art. 18, inciso VIII, da Lei 9.491/97. Desta forma cabe ao TCU acompanhar, fiscalizar e avaliar os processos de desestatizao realizados pela Administrao Pblica Federal, compreendendo as privatizaes de empresas, inclusive instituies financeiras, e as concesses, permisses e autorizaes de servios pblicos. A fiscalizao dos processos de privatizao, normalmente, realizada pelo instrumento de fiscalizao denominado acompanhamento, mediante a anlise dos documentos e informaes fornecidas pelo rgo gestor. Nesse caso, diz-se que o controle prvio e concomitante, pois ocorre durante todo o processo, em estgios de acompanhamento, que tem incio e fim determinados, desde a etapa anterior licitao, onde se discute a avaliao da empresa a ser privatizada, ou os estudos de viabilidade do servio pblico a ser delegado, at a celebrao do contrato. Posteriormente, a fiscalizao continua na fase de execuo contratual, por meio de auditorias, inspees, etc. O Tribunal decidiu por realizar as fiscalizaes de desestatizao e delegao de servios pblicos por meio de acompanhamento prvio e concomitante, pois esse instrumento possibilita que, se necessrio, sejam tomadas medidas corretivas em tempo de evitar danos de irreparveis ou de difcil reparao ao interesse pblico, caso a fiscalizao fosse a posteriori. Nesse sentido, o Tribunal editou diversos normativos para subsidiar o acompanhamento de processos de desestatizao.

    A IN/TCU 27/98 disciplina a fiscalizao pelo Tribunal de Contas da Unio dos processos de desestatizao em geral.

    A IN/TCU 43/02 dispe sobre o acompanhamento do TCU dos processos

    de reviso tarifria peridica dos contratos de concesso dos servios de distribuio de energia eltrica.

    A IN 46/04, por sua vez, dispe sobre a fiscalizao do Tribunal dos

    processos de concesso para explorao de rodovias federais, inclusive as rodovias ou trechos rodovirios delegados pela Unio a estado, ao Distrito Federal, a municpio, ou a consrcio entre eles.

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    Nesses processos, o Tribunal, na apreciao dos estgios de acompanhamento pode reprov-los, aprov-los sem ressalvas ou com ressalva. No caso da aprovao sem ressalvas o gestor poder partir para o prximo estgio da desestatizao; no caso da aprovao com ressalvas, o gestor dever cumprir com as determinaes feitas pelo Tribunal antes de passar para o prximo estgio; por fim, no caso de reprovao, o gestor dever refazer e reapresentar a documentao referente ao estgio. O Tribunal alm das determinaes, de cumprimento compulsrio pelo gestor, poder efetuar recomendaes, nesse caso, a implementao delas no obstculo para a continuidade do processo. Observe-se que essas recomendaes podem ser feitas na esfera discricionria das agncias. Convnios e consrcios pblicos Vamos aproveitar a deixa da IN 46/04 que trata da concesso de rodovias, inclusive as delegadas pela Unio aos Estados (por meio de convnio), para falar sobre convnios e consrcios pblicos, formas de parceria na administrao pblica, aplicveis a delegao de servios pblicos. Cabe destacar que o art. 5, VII, da Lei 8.443/02, dispe que a jurisdio do TCU abrange os responsveis pela aplicao de quaisquer recursos repassados pela Unio, mediante convnio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Municpio. Por sua vez, a CF/88 no art. 241 determina que A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios disciplinaro por meio de lei os consrcios pblicos e os convnios de cooperao entre os entes federados, autorizando a gesto associada de servios pblicos, bem como a transferncia total ou parcial de encargos, servios, pessoal e bens essenciais continuidade dos servios transferidos. Portanto, os servios pblicos, de forma geral, podem ser prestados em parceria pela Unio, estados e municpios. Verifica-se que a criao de um consrcio pblico contribui para a descentralizao da prestao do servio pblico a este transferido. O dispositivo constitucional foi disciplinado pela Lei 11.107/05, que dispe sobre normas gerais de contratao de consrcios pblicos. Veja que a delegao do servio por um ente a outro no retira do primeiro o dever de fiscaliz-lo, tendo em vista o que determina o pargrafo nico, do art. 30 da Lei 8.987/95:

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    Cabe destacar que o convnio entre entidades pblicas e entidades particulares no possvel como forma de delegao de servios pblicos, mas como modalidade de fomento. O convnio no se presta delegao de servio pblico ao particular, porque essa delegao incompatvel com a prpria natureza do convnio; na delegao ocorre a transferncia de atividade de uma pessoa para outra que no a possui; no convnio, pressupe-se que as duas pessoas tm competncias institucionais comuns e vo prestar mtua colaborao para atingir seus objetivos. Com relao atuao do Tribunal de Contas, o executor do convnio visto como algum que administra bem ou dinheiro pblico; como tal, est obrigado a prestar contas no s ao ente repassador, como tambm ao respectivo Tribunal de Contas, com base no art. 70, pargrafo nico, da Constituio Federal. Assim, no caso de rodovias concedidas, o Estado que ir explor-las, prestar contas Unio e ao TCU. J, os consrcios pblicos fazem parte da administrao indireta de todos os entes polticos que deles participarem como scios. Cabe destacar que a Unio somente participar de consrcios pblicos em que tambm faam parte todos os Estados em cujos territrios estejam situados os Municpios consorciados. Dessa forma, quanto ao controle pelo Tribunal de Contas, o art. 9, pargrafo nico, da Lei 11.107/05, tentou resolver o assunto, evitando a repetio de controles por Tribunais diferentes; o dispositivo determinou que: Mas, segundo a opinio de Di Pietro, isto no tem e no pode ter o condo de afastar o controle efetuado pelo Tribunal de Contas competente para apreciar as contas dos demais entes federativos partcipes do consrcio, sob pena de

    A fiscalizao do servio ser feita por intermdio de rgo tcnico do poder concedente ou por entidade com ele conveniada, e, periodicamente, conforme previsto em norma regulamentar, por comisso composta de representantes do poder concedente, da concessionria e dos usurios.

    O consrcio pblico est sujeito fiscalizao contbil, operacional e patrimonial pelo Tribunal de Contas competente para apreciar as contas do Chefe do Poder Executivo representante legal do consrcio, inclusive quanto legalidade, legitimidade e economicidade das despesas, atos, contratos e renncia de receitas, sem prejuzo do controle externo a ser exercido em razo de cada um dos contratos de rateio.

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    infringncia s normas constitucionais sobre fiscalizao do Poder Legislativo, com o auxlio do Tribunal de Contas. Importante lembrar que os convnios no so dotados de personalidade jurdica, porque dependentes da vontade de cada um, tendo em vista a execuo de objetivos comuns. J, o consrcio pblico adquirir personalidade jurdica: de direito pblico, no caso de constituir associao pblica, mediante a vigncia das leis de ratificao do protocolo de intenes; ou, de direito privado, mediante o atendimento dos requisitos da legislao civil. Controle externo da regulao Com relao regulao, como j frisado, cabe ao TCU, fiscalizar as agncias reguladoras. Tal funo encontra respaldo nos arts. 70 e 71 da CF/88, especialmente no que se refere realizao de auditorias operacionais e prestao de contas de pessoas que gerenciem bens e valores pblicos pelos quais a Unio responda. O controle externo sobre a regulao realizado para verificar a legalidade, a legitimidade, a economicidade, a transparncia e a melhoria da gesto do setor de infraestrutura federal, principalmente quando decorre da atuao das agncias reguladoras e, como vimos, dos entes responsveis pela formulao de polticas pblicas e pelo planejamento da expanso e operao dos servios pblicos. Assim, o TCU fiscaliza a atuao dos Ministrios, das Agncias Reguladoras, das Empresas Pblicas e Sociedades de Economia Mista. Nesse ponto, vamos relembrar que o controle exercido sobre os Ministrios, por exemplo, no incide sobre as escolhas pblicas, mas sim, sobre a adequao da atuao desses entes em relao s escolhas feitas. E, no esquea, o controle sobre as agncias reguladoras d-se em segundo plano (=controle de segunda ordem). Em se tratando de atos discricionrios da agncia reguladora, o TCU limita-se a recomendar a adoo de providncias consideradas por ele mais adequadas. Em atos vinculados em que a agncia tenha agido com violao a dispositivo legal ou tenha se omitido na prtica de ato que lhe incumbe executar, o TCU exerce sua jurisdio plena, determinando as providncias necessrias ao cumprimento da lei. Assim, em resumo, o Tribunal na fiscalizao das atividades-fim das agncias reguladoras, no deve substituir-se aos rgos que controla, nem estabelecer o contedo do ato de competncia do rgo regulador. Na esfera discricionria das agncias limitar-se- a recomendar. No caso de omisso ou ilegalidades

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    em atos vinculados cabe determinar providncias necessrias ao cumprimento da lei. Controle externo da execuo contratual Na fase da execuo contratual, da explorao do servio pblico delegado pela iniciativa privada, a fiscalizao do TCU incide sobre a atuao da Agncia na observncia do fiel cumprimento das normas pertinentes e das clusulas contidas no contrato e nos respectivos termos aditivos, firmados com a empresa delegatria. Assim, como vimos, na fiscalizao da execuo contratual so analisados, entre outros aspectos: o valor das tarifas, a qualidade e a cobertura dos servios prestados, em suma, a prestao adequada do servio (falaremos com detalhes sobre a prestao adequada do servio nas prximas aulas). Destaque-se mais uma vez, ao TCU no cabe controlar diretamente as empresas concessionrias ou permissionrias de servios pblicos, mas sim examinar se o poder concedente est fiscalizando de forma adequada a execuo dos contratos celebrados.

    Assim, finalizo aqui a nossa aula 03, nos vemos na prxima aula. Um grande abrao, Fernando.

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    Questes Comentadas

    01. (Cespe/TJ AL Analista Especializado Judicirio Judiciria/2012) Convnios, contratos e consrcios pblicos so acordos de vontades e, por isso, no possuem personalidade jurdica prpria. Resoluo: De fato, os convnios no so dotados de personalidade jurdica, contudo, o consrcio pblico possui personalidade jurdica: ou de direito pblico, ou de direito privado. Gabarito: E

    02. (Cespe/TCU AUFCE Auditoria Governamental/2011) Julgue o prximo item, relativo ao controle externo de desestatizao. O TCU exerce o controle sobre os processos de desestatizao, sendo de competncia do gestor do Fundo Nacional de Desestatizao a preparao dos documentos dos processos de desestatizao para apreciao por essa corte de contas. Resoluo: A Lei do PND criou o Fundo Nacional de Desestatizao - FND, cujo gestor o BNDES. Nos processos submetidos ao programa nacional de desestatizao cabe ao gestor do fundo preparar a documentao para encaminhamento ao TCU. Gabarito: C

    03. (Cespe/CORREIOS - Analista de Correios Especialidade: Administrador/2011) No que se refere aos mecanismos de controle da administrao pblica, julgue o item abaixo. O Tribunal de Contas da Unio, rgo de controle externo, auxilia tecnicamente o Poder Legislativo em suas atividades fiscalizadoras. Resoluo: O controle externo no Brasil realizado pelo Poder Legislativo com o auxlio dos Tribunais de Contas. Gabarito: C

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    04. (Cespe/INCA Analista em C&T Junior Direito/2010) legal a constituio de um consrcio pblico cujos consorciados sejam, exclusivamente, a Unio e dois municpios distintos, por exemplo. Resoluo: A Unio somente participar de consrcios pblicos em que tambm faam parte todos os Estados em cujos territrios estejam situados os Municpios consorciados Gabarito: E

    05. (Cespe/Economista/ME/2008) O estudo da economia do setor pblico inclui tpicos como anlise econmica das funes do governo e conceitos bsicos da economia do setor pblico, assim como o financiamento das atividades do Estado. Com referncia a esse assunto, julgue o item subsequente: A privatizao dos setores de infraestrutura que ocorreu na maioria dos pases ampliou a funo reguladora do Estado, sobretudo, nos casos em que esses setores apresentam caractersticas de monoplio natural. Resoluo: Falamos diversas vezes durante a aula que a diminuio do tamanho da mquina estatal, decorrente das privatizaes, importou na transferncia de competncias pblicas para o setor privado, e, em contrapartida, levou ao incremento da interveno regulatria do Estado na economia. Essa interveno se d, sobretudo, em setores com caractersticas de monoplio natural, onde no h concorrncia. Gabarito: C

    06. (Cespe/Economista/MTE/2008) A regulamentao da concesso de servios pblicos para a iniciativa privada, as privatizaes e a quebra do monoplio estatal em alguns setores da economia, que ocorreram no mbito das reformas estruturais da dcada passada, constitui um exemplo tpico da atuao do Estado brasileiro como condutor e financiador das atividades econmicas. Resoluo: A desestatizao, consubstanciada na concesso de servios pblicos, as privatizaes e a quebra do monoplio estatal, so exemplos da diminuio da

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    interferncia direta do Estado na atividade econmica e da atuao dele como regulador dessa atividade. Gabarito: E

    07. (Cespe/Analista de InfraEstrutura/MPOG/2008) As concesses e permisses de servio pblico de energia eltrica esto sujeitas fiscalizao do poder concedente responsvel pela delegao, devendo haver a cooperao dos usurios nesse sentido. Resoluo: Vimos que e Estado mesmo quando repassa para um particular a execuo de um servio pblico, mantm sua disponibilidade, devendo controlar e fiscalizar sua execuo. E o art. 3 da Lei 8.987/95 estabelece que As concesses e permisses sujeitar-se-o fiscalizao pelo poder concedente responsvel pela delegao, com a cooperao dos usurios. Gabarito: C

    08. (Cespe/Juiz/TRF2/2009) O modelo regulatrio prope a extenso ao setor dos servios pblicos de concepes desenvolvidas na atividade econmica privada. Somente incumbe ao Estado desempenhar atividades diretas nos setores em que a atuao da iniciativa privada, orientada acumulao egostica de riqueza, colocar em risco valores coletivos ou for insuficiente para propiciar sua plena realizao. Maral Justen Filho. Curso de direito administrativo. Saraiva: So Paulo, 2005, p. 450 (com adaptaes). A distino entre regulao e regulamentao, no modelo de Estado regulador, no tem razo de ser. Em qualquer situao, cabe ao Estado, por meio do Poder Legislativo ou do Poder Executivo, concretizar os valores constitucionais dos servios pblicos ou do mercado. Nesse contexto, no inconstitucional uma lei que delegue ao Poder Executivo a atribuio de regulament-la, mediante decreto, e que esse decreto venha a definir, por si mesmo, as condies ou os requisitos necessrios ao nascimento do direito material. Resoluo: O enunciado comea mal, pois como vimos, a doutrina faz questo de diferenciar regulao de regulamentao. Nesse sentido, cabe ao Poder Legislativo fazer as leis sobre servios pblicos ou mercado, de forma abstrata, e ao Poder Executivo concretiz-las. Assim, inconstitucional um decreto do Poder Executivo que venha, por si mesmo, criar direito material, o decreto por sua natureza deve se ater aos limites da lei.

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    Gabarito: E

    09. (Cespe/Consultor/SEFAZ-ES/2009) Define-se, como administrao pblica externa ou extroversa, a atividade desempenhada pelo Estado, como, por exemplo, a regulao, pela Unio, da atividade de aviao civil pelas respectivas concessionrias. Resoluo: A Administrao Pblica externa ou extroversa representa a relao existente entre a Administrao e os administrados, ou seja, diz respeito s relaes externas efetivadas pelo Poder Pblico. Por outro lado, a Administrao Pblica introversa formada pelas relaes existentes entre os Entes Polticos (Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios) e entre esses e os rgos da Administrao Direta ou entre os rgos entre si. Assim, a regulao da atividade de aviao civil exercida pela Unio sobre as respectivas concessionrias caracteriza-se com administrao pblica externa. Gabarito: C

    10. (Cespe/Especialista/Anatel/2004) Em relao a regulao e agncias reguladoras, julgue o item seguinte: A dimenso estrita da regulao se traduz no condicionamento normativo da atividade econmica privada. As agncias reguladoras, dessa maneira, afinam-se com a noo estrita de regulao, pois um de seus traos marcantes o poder normativo, que atua na atividade econmica e compreende a regulamentao de leis. Resoluo: Segundo MOREIRA, o termo regulao abarca trs acepes jurdicas distintas: Num primeiro sentido, mais amplo, a regulao seria toda forma de interveno do Estado no domnio econmico, independentemente dos instrumentos usados, bem como dos fins perseguidos. Em uma segunda acepo, a regulao seria a interveno estatal na economia por outros meios que no a participao direta na atividade econmica. Equivaleria coordenao, ao condicionamento e disciplina da atividade econmica privada pelo Estado. Em uma acepo mais restrita, a regulao apenas o condicionamento normativo da atividade econmica privada, por meio de lei ou de outro

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    instrumento normativo. A regulao estaria reduzida normatizao de conduta da atividade econmica, deixando-se de lado as tarefas de implementao administrativa ou tcnica dessas regras. Na doutrina a acepo mais aceita, conforme vimos, a segunda. Assim, o enunciado est correto ao afirmar que a dimenso estrita da regulao se traduz no condicionamento normativo da atividade econmica privada. Mas, errado ao afirmar que as agncias reguladoras afinam-se com essa noo mais estrita. Pois, a regulao afina-se com a acepo mais aceita pela doutrina, como vimos acima. Gabarito: E

    11. (Cespe/AJ/TRE-MA/2009) As agncias reguladoras possuem a funo de regulamentao, controle e fiscalizao dos servios pblicos delegados ao setor privado, enquanto as agncias executivas tm por objetivo a execuo de atividades administrativas. Resoluo: A principal funo das agncias reguladoras regular a prestao de servios pblicos e organizar e fiscalizar esses servios a serem prestados por concessionrias ou permissionrias, com o objetivo garantir o direito do usurio ao servio pblico de qualidade. J, agncias executivas so pessoas jurdicas de direito pblico que podem celebrar contrato de gesto com objetivo de reduzir custos, otimizar e aperfeioar a prestao de servios pblicos. Seu objetivo principal a execuo de atividades administrativas. Gabarito: C

    12. (Cespe/Advogado/IBRAM/2009) No intuito de exercer controle sobre a prestao dos servios pblicos e sobre o exerccio de atividades econmicas por pessoas jurdicas privadas, as agncias reguladoras exercem seu poder regulamentar, sendo possvel a instituio de normas tcnicas inovadoras no ordenamento jurdico brasileiro. Resoluo: O gabarito preliminar do Cespe considerou a questo correta, posteriormente o item foi anulado. Segundo o Cespe, o assunto tratado no item no pacfico entre os doutrinadores e mesmo na jurisprudncia brasileira, sendo passvel de mais de uma interpretao.

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    A banca est se referindo a discricionariedade tcnica, referida na parte final do enunciado, que afirma que possvel a instituio de normas tcnicas inovadoras no ordenamento jurdico brasileiro. Gabarito: anulado.

    13. (Cespe/Administrador/AGU/2010) A atividade de regulao exercida pelas agncias reguladoras no Brasil realizada somente sobre os servios pblicos desestatizados, dos quais depende a populao. Resoluo: Vimos que a atividade de regulao envolve as atividades econmicas em sentido amplo, ou seja, d-se tanto sobre atividades econmicas propriamente dita (aquelas cuja explorao est sujeita ao regime privado, de mercado), quanto sobre aquelas atividades que tenham sido eleitas pela CF/88 ou pela lei como servios pblicos. Gabarito: E

    14. (Cespe/ACE/TCE AC/2009) adaptada - As polticas pblicas, no processo de construo do Estado moderno, so instrumentos de materializao da interveno da sociedade no Estado, expressando as dimenses de poder, estabelecendo os limites, o contedo e os mecanismos dessa interveno. Resoluo: Vimos que Poltica Pblica o conjunto de aes e decises do governo, voltadas para a soluo de problemas da sociedade. Representam a totalidade de aes, metas e planos que a Unio, os Estados e os Municpios traam para alcanar o bem-estar da sociedade e o interesse pblico. Ou seja, as polticas pblicas so instrumentos de materializao da interveno do Estado na sociedade e no o contrrio. Gabarito: E

    15. (Cespe/ACE/TCE AC/2009) adaptada - A produo de polticas pblicas resultado de um processo decisrio baseado nas relaes de poder e na alocao imperativa de valores, a princpio, para benefcio da sociedade. Resoluo:

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    Dissemos que as aes que os dirigentes pblicos selecionam so aquelas que eles entendem serem as demandas ou expectativas da sociedade. Ou seja, o bem-estar da sociedade sempre definido pelo governo e no pela sociedade. Portanto, o item est correto. A produo de polticas pblicas resultado de um processo decisrio, entre o que fazer e o que no fazer, baseado nas relaes de poder, entre Estado e a Sociedade Civil Organizada, e na alocao imperativa de valores (quem decide o Estado), a princpio, para benefcio da sociedade. Gabarito: C

    16. (Cespe/TCE-AC/ACE-AP/2009) adaptada - A implementao de polticas constantemente orienta novas polticas. Assim como a implementao implica a tomada de decises, ela prpria compe-se em fonte de informaes para a formulao de novas polticas. Resoluo: A fase de implementao aquela em que o planejamento e as escolhas so transformados em atos. O corpo administrativo o responsvel pela execuo da poltica. Cabe a eles a chamada ao direta, ou seja, a aplicao, o controle e o monitoramento das medidas definidas. O monitoramento das medidas definidas compe-se em fonte de informaes para a formulao de novas polticas.

    Gabarito: C

    17. (Cespe/TCE-AC/ACE-AP/2009) adaptada - A legitimidade das polticas pblicas independe da viso adotada pelos governos democrticos, posto que basta ter origem nas decises de agentes pblicos para que tal legitimidade ocorra. Resoluo: No basta que a poltica pblica tenha origem nas decises de agentes pblicos, ou seja, a pessoa fsica que exerce uma funo pblica, para serem legtimas. Apesar das decises partirem dos agentes pblicos, as polticas pblicas devem ser definidas com a participao da sociedade para serem legitimas. Gabarito: E

    18. (Cespe/TCU/ACE/2008) Para o governo federal, aumentar a governana promover a capacidade do governo de formular e implementar polticas pblicas e de decidir, entre diversas opes, qual seria a mais adequada. A implementao dessas polticas requer que as organizaes

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    pblicas com foco nos resultados disponham de sistemas contnuos de monitoramento e avaliao dos programas e do desempenho institucional.

    Resoluo:

    Os trs princpios fundamentais de governana no setor pblico so: Transparncia: requerida para assegurar que as partes interessadas (sociedade) possam ter confiana no processo de tomada de deciso e nas aes das entidades do setor pblico, na sua gesto e nas pessoas que nela trabalham. Integridade: compreende procedimentos honestos e perfeitos. baseada na honestidade, objetividade, normas de propriedade, probidade na administrao dos recursos pblicos e na gesto da instituio. Responsabilidade de prestar contas: as entidades do setor pblico e seus indivduos so responsveis por suas decises e aes, incluindo a administrao dos recursos pblicos e todos os aspectos de desempenho e, submetendo-se ao escrutnio externo apropriado. A implementao das polticas pblicas o momento onde o planejamento e as escolhas so transformadas em atos. Vimos que cabe ao corpo administrativo responsvel pela execuo da poltica, o controle e o monitoramento das medidas definidas.

    A avaliao, por sua vez, como dito o elemento crucial para as Polticas Pblicas, pois contribui para o sucesso da ao governamental e a maximizao dos resultados obtidos com os recursos destinados. Alm disso, a avaliao tambm uma fonte de aprendizado que permite ao gestor perceber quais aes tendem a produzir melhores resultados. Gabarito: C

    19. (Esaf/Analista Administrativo/Aneel/2004) adaptada - No competncia da ANEEL implementar as polticas e diretrizes do governo federal para a explorao de energia eltrica e o aproveitamento de potenciais hidrulicos, expedindo os atos necessrios. Resoluo: Vimos que s agncias reguladoras cabe:

    implementar, em sua esfera de atuao, as polticas formuladas pelo governo federal; e

    regular, supervisionar e fiscalizar as atividades de prestao de servios.

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    Gabarito: E

    20. (Esaf/Analista Administrativo/Aneel/2004) adaptada - competncia da ANEEL formular as polticas e diretrizes do governo federal para a explorao de energia eltrica e o aproveitamento de potenciais hidrulicos, expedindo os atos necessrios. Resoluo: Vimos que s agncias reguladoras cabe:

    implementar, em sua esfera de atuao, as polticas formuladas pelo governo federal; e

    regular, supervisionar e fiscalizar as atividades de prestao de servios. A formulao das polticas e as diretrizes do governo federal so competncias da Presidncia da Repblica, suas respectivas secretarias, e dos Ministrios. Gabarito: E

    21. (Cespe/TCE-AC/ACE AP/2008) adaptada - A partir de 1995, com o governo de Fernando Henrique Cardoso, surgiu uma nova proposta de reforma do Estado, com o objetivo de facilitar o ajuste fiscal e tornar mais eficiente e moderna a administrao pblica. Essa reforma administrativa parte da existncia de vrios setores dentro do Estado, em relao aos quais se elaboram diferentes diagnsticos e proposies. Em relao a esse assunto, julgue o item abaixo: Ncleo estratgico o setor no qual so prestados servios que s o Estado pode realizar, como atividades de regulamentao, fiscalizao e fomento, j, o setor de atividades exclusivas de Estado define as leis e as polticas pblicas. Resoluo: Vimos que o setor de ncleo estratgico corresponde aos rgos do governo, em sentido lato, que define as leis e as polticas pblicas e cobra seu cumprimento, e que o setor de atividades exclusivas, corresponde ao setor que presta atividades que s o Estado pode prestar, onde entram os poderes de regulamentar, fiscalizar, fomentar. Portanto, o enunciado inverteu os conceitos. Gabarito: E

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    22. (Cespe/Defensor/DPE-AC/2006) possvel ao poder judicirio, excepcionalmente, determinar a implementao de polticas pblicas definidas pela prpria constituio, sempre que os rgos estatais competentes descumprirem os encargos poltico-jurdicos, de modo a comprometer, com a sua omisso, a eficcia e a integridade de direitos sociais e culturais impregnados de estatura constitucional. Resoluo: Vimos que o Poder Judicirio pode, excepcionalmente, determinar a implementao de polticas pblicas, quando a omisso da administrao pblica comprometer a eficcia e a integridade de direitos sociais, embora a formulao e a execuo delas seja prerrogativa dos Poderes Legislativo e Executivo. Gabarito: C

    23. (Cespe/Advogado/CEHAP/2009) adaptada - A implementao de polticas pblicas que objetivem concretizar os direitos sociais, pelo poder pblico, encontra limites que compreendem, de um lado, a razoabilidade da pretenso individual/social deduzida em face do poder pblico e, de outro, a existncia de disponibilidade financeira do estado para tornar efetivas as prestaes positivas dele reclamadas. Resoluo: Vimos que os bens e servios pblicos desejados pelos diversos indivduos se transformam em motivo de disputa. Como os recursos do Estado so escassos, o principal desafio do formulador de polticas aloc-los da melhor maneira possvel, por conseguinte, otimizando o seu uso. Portanto, a razoabilidade da pretenso sobre determinada poltica pblica e a existncia de recursos para implement-la limitam a atuao do Estado na formulao das Polticas Pblicas. Gabarito: C

    24. (Cespe/Procurador/PGE-PE/2009) adaptada - Embora a formulao e a execuo das polticas pblicas seja uma prerrogativa dos Poderes Legislativo e Executivo, possvel ao Poder Judicirio determinar, excepcionalmente, a sua implementao, quando a omisso da administrao pblica comprometer a eficcia e a integridade de direitos sociais impregnados de estatura constitucional. Resoluo:

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    Vimos que o Poder Judicirio pode, excepcionalmente, determinar a implementao de polticas pblicas, quando a omisso da administrao pblica comprometer a eficcia e a integridade de direitos sociais, embora a formulao e a execuo delas seja prerrogativa dos Poderes Legislativo e Executivo. Gabarito: C

    25. (Cespe/Delegado/PCRN/2009) adaptada - Cabe, primariamente, aos poderes legislativo e executivo a prerrogativa de formular e executar polticas pblicas, no entanto, revela-se possvel ao poder judicirio, excepcionalmente, determinar a implementao de tais polticas. Resoluo: O item est correto. De fato, cabe aos poderes legislativo e executivo de forma geral a prerrogativa de formular e executar polticas pblicas, contudo, em situaes excepcionais, o Poder Judicirio pode determinar que determinada poltica seja implementada. Gabarito: C

    26. (Cespe/Juiz/TRF2/2009) adaptada - De acordo com o Plano Diretor da Reforma do Estado, o segundo setor compe o chamado ncleo estratgico, que define as leis e as polticas pblicas e cobra o seu cumprimento. Resoluo: O Ncleo estratgico corresponde ao 1 setor de atuao do Estado, que corresponde aos rgos do governo, que define as leis e as polticas pblicas e cobra seu cumprimento. Portanto, a enunciado est errado apenas ao afirmar que corresponde ao segundo setor. Gabarito: E

    27. (Cespe/Juiz/TRF5/2007) Reside, primariamente, nos Poderes Legislativo e Executivo a prerrogativa de formular e executar polticas pblicas. Assim, impossvel ao Poder Judicirio determinar, ainda que em bases excepcionais, a implementao de tais polticas aos rgos estatais inadimplentes, mesmo que presente a possibilidade de se comprometerem a eficcia e a integridade de direitos sociais e culturais constitucionais. Resoluo: Efetivamente, reside nos Poderes Legislativo e Executivo a prerrogativa de formular e executar polticas pblicas. Porm, possvel ao Poder Judicirio

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    determinar, em bases excepcionais, a implementao de tais polticas aos rgos estatais inadimplentes. Gabarito: E

    28. (Cespe/Direito/TCE-AC/2009) - adaptada - Os tribunais de contas so rgos titulares do controle externo contbil, financeiro, oramentrio, operacional e patrimonial do Estado, aos quais foi deferido no texto constitucional o exerccio do controle poltico da administrao. Resoluo: O controle externo funo do Poder Legislativo, exercido com o auxlio do Tribunal de Contas. Assim, o titular o Poder Legislativo e no o Tribunal de Contas. O Controle Externo um controle de natureza poltica, contudo a funo do Tribunal de Contas auxiliar o Poder Legislativo, que exerce o controle poltico, com a apreciao tcnico-administrativa, pois rgo tcnico e no poltico, suas decises so administrativas e no jurisdicionais. Gabarito: E

    29. (Cespe