Direito_Constitucional_-_11ª_aula_-_22.04.2009[1].pdf

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    Assuntos Tratados

    1 Horrio AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE ADI (continuao) Deciso (continuao) Medida Cautelar Procedimento especial Outras observaes AO DECLARATRIA DE CONSTITUCIONALIDADE ADC Conceito Finalidade Objeto Legitimidade Procedimento Deciso Medida Cautelar Outras observaes 2 Horrio ADI POR OMISSO Conceito Objeto Legitimidade Espcies Procedimento Deciso Outras observaes Comparao com mandado de injuno ADI INTERVENTIVA Conceito

    1 HORRIO AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE ADI (continuao) Deciso (continuao) No Brasil, a repristinao (volta da vigncia de uma lei j revogada) depende de disposio expressa, no se operando automaticamente (art. 2, 3, Lei de Introduo ao Cdigo Civil). Na repristinao clssica (expressa) a lei repristinada volta a viger a partir do momento em que lei que revoga sua norma revogadora entra em vigor. Assim, aps um perodo sem vigncia, a norma anteriormente revogada volta a vigorar. O chamado efeito repristinatrio da deciso da ADI no se confunde com a repristinao clssica. Sendo tomada a deciso da ADI com seus tradicionais efeitos ex tunc, lei revogada pela lei declarada inconstitucional no volta a viger no sentido prprio do termo. Afinal, tendo a deciso efeitos declaratrios, a deciso do STF simplesmente declara que a lei anterior nunca foi validamente revogada. Por isso, nesses casos, a terminologia repristinao, apesar de ser a utilizada pelo STF, tecnicamente inadequada.

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    Porm isso no ocorre quando h aplicao do art. 27 da Lei 9.868/99 e, consequentemente, aplicao de efeito ex nunc ou manipulado para o passado ou futuro. Assim, quando, no julgamento procedente da ADI, a lei no declarada inconstitucional com efeitos ex tunc, a lei fulminada teve algum perodo de vigncia e, portanto, a lei por ela revogada deixou de viger efetivamente. Ocorrendo isso, pode-se falar tecnicamente em repristinao. Pode ocorrer que a lei revogada pela norma impugnada na ADI seja tambm inconstitucional, talvez at mais gravemente. Nessas situaes, para evitar a ocorrncia de efeito repristinatrio indesejado, deve haver pedido expresso e fundamentado na inicial da ADI. Medida Cautelar cabvel medida cautelar em ADI. Os requisitos de sua concesso so os mesmos do processo civil clssico (fumus boni iuris e periculum in mora). Entretanto, o STF j concedeu medida cautelar com base em critrio de convenincia. Havendo pedido de medida cautelar, o relator o encaminha para a autoridade que produziu a norma impugnada para que preste informaes no prazo de 5 dias. Se entender necessrio, o relator ainda pode ouvir o Advogado Geral da Unio e o Procurador Geral da Repblica no prazo comum de 3 dias. O processo ento remetido ao Pleno para a anlise do pedido de medida cautelar. A concesso da medida cautelar, em regra, depende do voto favorvel de 6 Ministros (maioria absoluta). Em caso de extrema urgncia, o pedido de medida cautelar poder ser deferido inaudita altera parte (art. 10, 3, Lei 9.868/99). Os efeitos da deciso que concede medida cautelar em ADI, em regra, so ex nunc e erga omnes. Vale lembrar que, no julgamento do pedido principal, como visto, os efeitos so, em regra, ex tunc e erga omnes. Essa inverso quanto ao efeito temporal se justifica por razes de segurana jurdica, j que a concesso da medida cautelar tem carter precrio e pode, portanto, ser revertida posteriormente. Excepcionalmente, a cautelar pode ser concedida com efeitos ex tunc. Segundo Moreira Alves (Ministro do STF aposentado em 2003), nos casos que envolvem leis de efeito retroativo, leis que nascem para o futuro, mas visam a regular situaes passadas, necessrio adotar o efeito excepcional ex tunc. Tem efeito vinculante a deciso da medida cautelar. Porm, para a corrente hoje majoritria no STF, somente existe o efeito vinculante em caso de concesso da medida cautelar. Quanto a essa questo, Eros Grau e Gilmar Mendes, minoritrios, acreditam que, em caso de indeferimento da medida cautelar, em funo do carter dplice da ADI, haveria um reforo da constitucionalidade da lei, o que levaria paralisao do controle difuso. Essa tese minoritria chegou a ser dominante no STF, mas foi superada em 2004, no julgamento da Reclamao 2.810. Procedimento especial O procedimento especial da ADI previsto no art. 12 da Lei 9.868/99 depende dos seguintes requisitos: deve haver pedido especfico de medida cautelar na petio inicial; o relator deve

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    entender que a questo relevante e que tem especial significado para a ordem social e para a segurana jurdica. Trata-se de um procedimento mais clere. Presentes tais requisitos, concedido prazo de 10 dias para a prestao de informaes pela autoridade produtora da norma (no procedimento comum so 30). Aps as informaes, Advogado Geral da Unio e Procurador Geral da Repblica se manifestam em prazos sucessivos de 5 dias (no procedimento comum so 15). O processo ento encaminhado ao Pleno, que tem a faculdade de julgar diretamente o mrito ou de decidir analisar primeiro o pedido de medida cautelar para somente posteriormente analisar o mrito. A ADI 3.685 foi julgada pelo procedimento especial. Outras observaes No cabe interveno de terceiros em ADI. No cabe recurso da deciso que julga a ADI, exceto embargos declaratrios. No cabe ao rescisria da deciso que julga a ADI. No h que se falar em prescrio ou decadncia da ADI. AO DECLARATRIA DE CONSTITUCIONALIDADE ADC Conceito A ADC espcie de controle concentrado de constitucionalidade que visa declarar a constitucionalidade de leis ou atos normativos federais que estejam em consonncia. A ADC no se encontrava prevista no texto originrio da Constituio, fruto da EC 3/93. No julgamento da ADC 1 o STF julgou constitucional a EC 3/93. Finalidade No Brasil, as leis j nascem com presuno de constitucionalidade. Todavia, em razo da possibilidade de realizao de controle difuso de constitucionalidade, essa previso relativa. Alm disso, existe a possibilidade de o Poder Executivo deixar de aplicar leis por entend-las inconstitucionais. Portanto, a finalidade da ADC tornar absoluta a presuno relativa de constitucionalidade de uma lei, e inviabilizar, com isso, o controle difuso de constitucionalidade, acabando com o estado de incerteza e insegurana no ordenamento. Objeto Somente cabe ADC contra lei ou ato normativo federal (art. 102, I, a, Constituio). No cabe ADC contra lei ou ato normativo estadual, como ocorre com a ADI. Existe proposta em tramitao no Congresso para incluir lei ou ato normativo estadual no objeto da ADC (PEC 29/2000). Para fins de cabimento aplicam-se ADC todas as consideraes feitas em relao ADI no que diz respeito ao contedo da expresso lei ou ato normativo. Somente pode ser objeto de ADC lei ou ato normativo posterior a EC 3/93.

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    Legitimidade At 2004 somente eram legitimados o Presidente da Repblica, o Procurador Geral da Repblica, a Mesa da Cmara dos Deputados e a Mesa do Senado. A EC 45/04 ampliou esse rol igualando-o ao da ADI. Por isso, hoje tambm se trabalha com a lgica da pertinncia temtica na ADC (diferenciao entre legitimados universais e especiais). Procedimento Em regra, no h necessidade de advogado para o ajuizamento da ADC (assim como ocorre na ADI). Ou seja, os legitimados, em regra, possuem capacidade postulatria. So excees apenas partido poltico com representao no Congresso Nacional e confederao sindical ou entidade de classe de mbito nacional (ADI 127 e art. 3, Lei 9868/99). So requisitos da petio inicial da ADC: indicao da lei ou ato normativo que se quer ver declarado constitucional, fundamentos jurdicos, pedido e demonstrao de controvrsia judicial relevante (esse requisito no existe na ADI). Os fundamentos jurdicos da ADC no podem ser abstratos ou genricos o STF exige que a fundamentao seja dotada de concretude ou especificidade. O requisito da controvrsia judicial relevante refere-se ao controle difuso de constitucionalidade. A questo sobre a constitucionalidade da lei deve ser controvertida dentro do Judicirio ou, ao menos, entre o Judicirio e o Executivo. Mera divergncia doutrinria no suficiente para o cabimento da ADC. No juzo de admissibilidade da ADC, o relator pode admiti-la ou entender que a inicial inepta, no fundamentada ou manifestamente improcedente, indeferindo-a de plano. Em caso de indeferimento liminar, cabe agravo para o Pleno do STF (agravo interno). Se admitida, a ADC no encaminhada para prestao de informaes autoridade que produziu a lei ou o ato normativo. Tampouco ocorre manifestao do Advogado Geral da Unio em defesa da Lei. Afinal, a prpria petio inicial uma defesa da constitucionalidade da lei. Entretanto, como a ADC possui carter ambivalente ou dplice e como sua improcedncia leva declarao de inconstitucionalidade da lei, alguns autores criticam a no participao do Advogado Geral da Unio. Todavia, essa posio doutrinria no prevalece. Assim como ocorre com na ADI, o Procurador Geral da Repblica, que atuar como custus legis, conforme art. 103, 1, da Constituio, tem prazo de 15 dias para a sua manifestao. O Procurador Geral da Repblica pode, ainda que tenha sido o autor da ADC, emitir parecer pela inconstitucionalidade da lei ou ato normativo impugnado. Todavia, ele no pode desistir da ao porque a ADC tambm insusceptvel de desistncia (art. 16, Lei 9.868/99). Aps a manifestao do Procurador Geral da Repblica, o relator ou lana o relatrio com cpia para os demais Ministros e solicita que a ADC seja includa em pauta, ou, entendendo que a ao no est devidamente instruda, solicita informaes adicionais, no prazo de 30 dias (art. 20, 3, Lei 9.868/99). Essas informaes podem envolver participao de peritos e especialistas, realizao de audincias pblicas ou oitiva dos demais tribunais ptrios. A possibilidade da prestao dessas informaes adicionais demonstra que a apreciao de uma ADC no envolve apenas questes de Direito, mas tambm questes de fato. Essas questes fticas envolvem o

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    que Gilmar Mendes chama de prognoses (anlise de prognsticos dos impactos de uma lei nas geraes presentes e futuras). Nesses termos, o STF ir realizar uma apreciao nos moldes do legislador. So exemplos as decises sobre clonagem, transgnicos etc. Assim, com base no art. 20 da Lei 9.868/99, o STF trabalha com a lgica da sociedade aberta dos intrpretes da constituio (Peter Hberle). Nesse sentido, o STF chama a sociedade para o jogo de densificao e concretizao da Constituio, ou seja, toda a sociedade passa a participar do processo de interpretao da Constituio. Ainda nesse mesmo horizonte existe o amicus curiae. Todavia, ao final, quem efetivamente interpreta a Constituio o STF. Deciso O incio do julgamento da ADC depende de um qurum de 8 Ministros. Presentes 8 ou mais ministros, a deciso ser tomada conforme obtenha o voto de pelo menos 6 ministros. Ou seja, o qurum de deciso de maioria absoluta. ADI e ADC so consideradas aes de carter dplice ou ambivalente. Nesses termos, a ADC pode ter, em seu julgamento, tanto a deciso pela inconstitucionalidade como pela constitucionalidade de uma lei. Em outros termos, o julgamento improcedente de uma ADC equivale ao julgamento procedente de uma ADI, e vice-versa. O provimento de uma ADC tem efeitos, em regra, ex tunc e erga omnes. Quando julga procedente uma ADC, o STF, em regra, afirma que a lei impugnada vlida desde o dia em que surgiu no ordenamento (deciso declaratria). Sobre a aplicabilidade das excees do art. 27 da Lei 9.868/99, existem duas correntes. A corrente minoritria, que no aceita pelo STF, entende que possvel a modulao dos efeitos temporais tanto no julgamento procedente quanto no julgamento improcedente da ADC. A corrente majoritria entende que as excees quanto ao efeito temporal da deciso somente so aplicveis no julgamento improcedente da ADC que, em funo do carter dplice ou ambivalente da ao, implica declarao de inconstitucionalidade. A deciso da ADC tem o mesmo efeito vinculante (transcendente) da ADI. Medida cautelar cabvel medida cautelar em ADC. A concesso da medida cautelar da ADC, em regra, depende tambm do voto favorvel de 6 Ministros (maioria absoluta). A medida cautelar da ADC, diferentemente do que ocorre na ADI, pode consistir na determinao de que os juzes e os tribunais suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicao da lei ou do ato normativo objeto da ao at seu julgamento definitivo (art. 21, Lei 9.868/99). O efeito da deciso que concede a medida cautelar em ADC ex nunc e erga omnes. Excepcionalmente, por construo jurisprudencial, pode ocorrer de a concesso da medida cautelar se dar com efeitos ex tunc. ADC 9 e ADC 12 so exemplos de concesso de medida cautelar em ADC com efeitos ex tunc.

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    A cautelar em ADC tem prazo de 180 dias estipulado normativamente (o que no ocorre com a ADI). A necessidade de se prever um prazo decorre justamente da possibilidade de a concesso da cautelar consistir na determinao de que os juzes e os tribunais suspendam o julgamento dos processos (art. 21, Lei 9.868/99). Aps o transcurso desse prazo, segundo o STF, a medida cautelar no perde sua eficcia de forma automtica, conforme pargrafo nico do art. 21 da Lei 9.868/99 (ateno: os manuais de Alexandre de Moraes e Pedro Lenza, em diversas edies, esto errados nesse ponto). A medida cautelar da ADC 4, por exemplo, foi concedida em 1998. Sete anos depois, em 2005, a Justia Federal de Gois tomou deciso contrria deciso concessiva da medida cautelar. Contra essa deciso, foi manejada reclamao que foi julgada procedente pelo STF, comprovando que a deciso concessiva da medida cautelar pode durar mais que 180 dias. Assim como ocorre na ADI, a deciso concessiva da cautelar em ADC possui efeito vinculante e erga omnes. Outras observaes No cabe interveno de terceiros em ADC. Entretanto, embora o artigo que previa o amicus curiae para a ADC tenha sido vetado pelo Presidente FHC, cabe sua participao por analogia com a ADI (art. 7, 2, Lei 9.868/99). No cabe recurso da deciso que julga a ADC, exceto embargos declaratrios. No cabe ao rescisria da deciso que julga a ADC. No h que se falar em prescrio ou decadncia da ADC.

    2 HORRIO ADI POR OMISSO Conceito A ADI por omisso uma espcie de controle concentrado no STF que visa declarar a inconstitucionalidade de uma omisso dos poderes pblicos em no tornar efetiva norma constitucional. A inconstitucionalidade no decorre apenas de ao (conduta positiva, comissiva), mas tambm pode decorrer de uma omisso (conduta negativa, omissiva). Objeto Somente norma constitucional de eficcia limitada pode ser parmetro para ADI por omisso, seja de princpio institutivo ou programtico. Portanto no cabe ADI por omisso em face de omisso na viabilizao de direito previsto em norma de eficcia plena ou contida, pois tais normas so bastantes em si (no dependem de complementao para que seja viabilizada sua eficcia).

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    Segundo o STF, no cabe ADI por omisso se o ato de implementao for concreto. Gilmar Mendes contrrio a esse posicionamento, mas, nesse ponto, minoritrio. Portanto, segundo o STF, somente cabe ADI por omisso se a omisso for normativa, seja por falta de norma primria, seja por ausncia de norma secundria. Legitimidade A legitimidade a mesma da ADI, inclusive com aplicao do instituto da pertinncia temtica. Espcies A ADI por omisso pode ser parcial ou total. A ADI por omisso parcial se subdivide em propriamente dita e relativa. A ADI por omisso total tem lugar quando falta lei ou ato normativo para viabilizar direito previsto na Constituio. Nos casos de ADI por omisso parcial propriamente dita, a lei existe, mas insatisfatria, insuficiente para viabilizar o direito previsto na Constituio. A Lei que institui o salrio-mnimo exemplo de inconstitucionalidade por omisso parcial: o valor insuficiente para viabilizar todos os direitos do art. 7, IV, da Constituio. Nos casos de ADI por omisso parcial relativa, a lei existe, satisfatria e suficiente para viabilizar o direito previsto na Constituio, porm ela no atinge a todos que deveria. Trata-se de uma omisso muito mais quantitativa do que qualitativa. Como exemplo, podemos ver a redao antiga (no mais vigente) do art. 37, X, da Constituio, que previa isonomia na concesso de reajustes para os funcionrios pblicos a MP 296/91, ao conceder reajustes a apenas uma parcela dos servidores da Unio, regulamentou o dispositivo de maneira relativamente omissa. Procedimento No geral, o procedimento o mesmo da ADI genrica. Porm, existem especificidades. Na ADI por omisso, seja parcial, seja total, h participao da autoridade que produziu ou deveria ter produzido a norma. O Advogado Geral da Unio somente participa na ADI por omisso parcial, j que na total no existe lei para ser defendida. Deciso No provimento da ADI por omisso total, o STF tradicionalmente adota a tese no concretista. Ou seja, o STF reconhece a mora, d cincia ao Poder Pblico competente e recomenda a ele que a supra, conforme o art. 103, 2, da Constituio. Todavia, h uma diferena relevante em relao ao mandado de injuno, pois, em relao aos rgos da Administrao, o STF determinar, nos moldes da Constituio, um prazo de 30 dias para a supresso da mora. Passado o prazo sem o suprimento da mora, ocorre crime de responsabilidade. No que tange ao Poder Legislativo, tradicionalmente o STF no estipula prazo para a supresso da mora. Porm, em 09/04/2007, o STF julgou procedente a ADI 3.682, o que significou, por dois

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    aspectos, uma ruptura com seu posicionamento tradicional. Nessa ADI, a Mesa da Assemblia do MT alegou omisso do Congresso Nacional em produzir a lei complementar mencionada no art. 18, 4, da Constituio. Sem a edio dessa lei complementar federal, os Estados no podem criar municpios. Com essa deciso, o STF passou a reconhecer, como fundamento de ADI por omisso, a chamada inertia deliberandi (inrcia no que tange deliberao dos projetos de lei). At esse julgamento, o STF entendia que, uma vez apresentado o projeto de lei, estaria suprida a omisso pela mera tramitao. Alm disso, no julgamento da ADI 3.682, o STF, pela primeira vez, estipulou um prazo de 18 meses. Todavia, segundo Gilmar Mendes, esse prazo no de imposio, ou seja, sua observncia no obrigatria, mas apenas um parmetro temporal razovel (Informativo 466). Julgada procedente a ADI por omisso parcial, a regra ser a declarao de inconstitucionalidade da lei, ou seja, a lei ser considerada invlida e, em regra, desde o dia em que surgiu (efeitos ex tunc). Afinal, a inconstitucionalidade por omisso parcial nada mais que a violao da Constituio por uma norma existente. Porm, excepcionalmente, o STF pode declarar a inconstitucionalidade sem a pronncia da nulidade da lei, para no agravar o estado de inconstitucionalidade presente no ordenamento jurdico. Exemplo de declarao de inconstitucionalidade sem pronncia de nulidade a edio de lei sobre o aumento do salrio-mnimo (ADI 1.458) Outras observaes Na ADI por omisso no cabe medida cautelar. Na ADI por omisso no cabe interveno de terceiros (salvo amicus curiae). Na ADI por omisso no cabe recurso, salvo embargos declaratrios. Na ADI por omisso no cabe ao rescisria. Comparao com mandado de injuno Qualquer um pode ajuizar mandado de injuno; somente os legitimados do art. 103 podem ajuizar ADI por omisso. O procedimento do mandado de injuno o mesmo do mandado de segurana, com especificidades; o procedimento da ADI por omisso o mesmo da ADI genrica, com especificidades. No mandado de injuno, os efeitos da deciso so, em regra, inter partes, embora o STF tenha adotado o efeito erga omnes nos MIs 670, 708 e 712 (no mesmo perodo, o STF manteve o efeito inter partes em nos MIs 721, 758, entre outros); na ADI por omisso, os efeitos da deciso so erga omnes. No mandado de injuno, o autor, seja quem for, deve demonstrar interesse de agir; na ADI por omisso, somente os legitimados no universais precisam demonstrar interesse de agir (pertinncia temtica). O mandado de injuno um processo subjetivo, com partes, lide; a ADI por omisso um processo objetivo, em que o direito discutido em abstrato.

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    ADI INTERVENTIVA Conceito uma espcie de controle concentrado de constitucionalidade no STF que visa declarar a inconstitucionalidade de uma conduta de Estado membro ou do DF que contrarie princpio sensvel da Constituio. O parmetro da ADI interventiva o art. 34, VII, da Constituio, que lista, em suas alneas, os princpios sensveis. Referncias BRANCO, Paulo Gustavo Gonet; MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocencio Mrtires. Curso de Direito Constitucional. 4. ed. So Paulo: Saraiva, 2009. CUNHA JR., Dirley da. Curso de Direito Constitucional. 2. ed. 2008. LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 13. ed. So Paulo: Saraiva, 2009. MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 24. ed. So Paulo: Atlas, 2009. Matria da prxima aula ADI INTERVENTIVA. ARGUIO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL ADPF.