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“O SEGREDO DE LUÍSA”: UMA ANÁLISE DOS PRESSUPOSTOS TEÓRICOS RELACIONADOS AO EMPREENDEDOR INOVADOR Diego de Queiroz Machado (UECE) Resumo O crescimento da ação empreendedora é um fenômeno observado em inúmeros países, em especial os de economia emergente. Neste cenário, o empreendedor inovador destaca-se como responsável pelo desenvolvimento e evolução dos meios de produção ee das tecnologias de mercado. Pela sua importância para o desenvolvimento econômico atual e sendo este empreendedorismo fruto das mudanças tecnológicas, produções científicas que tragam contribuições reais para o seu desenvolvimento e promoção de tais atividades se fazem cada vez mais necessárias. Desta forma, o presente estudo tem como objetivo analisar, através de um estudo de caso fictício, os pressupostos teóricos relacionados ao empreendedor inovador presentes no livro “O Segredo de Luísa”. Inicialmente, uma revisão teórica das pesquisas em empreendedorismo e inovação forneceu a base para orientar toda análise dos dados narrativos. Estes dados foram analisados de forma a buscar elementos e eventos presentes na narrativa que foram, antecipadamente, descritos pela teoria ou que destoam da mesma. Por fim, concluiu-se que a importância de um ambiente favorável a toda atividade empreendedora é colocado em ênfase quando tal empreendimento encontra dificuldades de nascimento. No entanto, mesmo com a ausência deste ambiente, não é nula a possibilidade de que indivíduos com forte característica empreendedora e inovadora possam conquistar espaço, mediante o desenvolvimento de novos produtos. Percebendo a influência que esta atividade exerce sobre o desempenho e crescimento de uma economia, novos caminhos para o seu incentivo e disseminação devem ser buscados. Palavras-chaves: Empreendedorismo, Inovação, O Segredo de Luísa 12 e 13 de agosto de 2011 ISSN 1984-9354

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  • O SEGREDO DE LUSA: UMA

    ANLISE DOS PRESSUPOSTOS

    TERICOS RELACIONADOS AO

    EMPREENDEDOR INOVADOR

    Diego de Queiroz Machado

    (UECE)

    Resumo O crescimento da ao empreendedora um fenmeno observado em

    inmeros pases, em especial os de economia emergente. Neste

    cenrio, o empreendedor inovador destaca-se como responsvel pelo

    desenvolvimento e evoluo dos meios de produo ee das tecnologias

    de mercado. Pela sua importncia para o desenvolvimento econmico

    atual e sendo este empreendedorismo fruto das mudanas tecnolgicas,

    produes cientficas que tragam contribuies reais para o seu

    desenvolvimento e promoo de tais atividades se fazem cada vez mais

    necessrias. Desta forma, o presente estudo tem como objetivo

    analisar, atravs de um estudo de caso fictcio, os pressupostos

    tericos relacionados ao empreendedor inovador presentes no livro O

    Segredo de Lusa. Inicialmente, uma reviso terica das pesquisas em

    empreendedorismo e inovao forneceu a base para orientar toda

    anlise dos dados narrativos. Estes dados foram analisados de forma a

    buscar elementos e eventos presentes na narrativa que foram,

    antecipadamente, descritos pela teoria ou que destoam da mesma. Por

    fim, concluiu-se que a importncia de um ambiente favorvel a toda

    atividade empreendedora colocado em nfase quando tal

    empreendimento encontra dificuldades de nascimento. No entanto,

    mesmo com a ausncia deste ambiente, no nula a possibilidade de

    que indivduos com forte caracterstica empreendedora e inovadora

    possam conquistar espao, mediante o desenvolvimento de novos

    produtos. Percebendo a influncia que esta atividade exerce sobre o

    desempenho e crescimento de uma economia, novos caminhos para o

    seu incentivo e disseminao devem ser buscados.

    Palavras-chaves: Empreendedorismo, Inovao, O Segredo de Lusa

    12 e 13 de agosto de 2011

    ISSN 1984-9354

  • VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELNCIA EM GESTO 12 e 13 de agosto de 2011

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    1 Introduo

    O crescimento da ao empreendedora um fenmeno observado em inmeros pases, em

    especial de economia emergente. O impacto econmico deste tipo de negcio um aspecto

    cada vez mais presente e sentido, principalmente em termos de inovao. Neste cenrio o

    empreendedor inovador destaca-se como responsvel pelo desenvolvimento e evoluo dos

    meios de produo e das tecnologias de mercado.

    Dessa forma, empreendedorismo e inovao so objetos presentes no apenas na esfera

    empresarial, mas em inmeros estudos e pesquisas referentes, tanto nacionais como

    internacionais (por exemplo, FILLION, 1999; DRUCKER, 2002; MATTOS; GUIMARES,

    2005; CUNHA et al., 2009). Dada a pluralidade deste campo de estudo, comum a presena

    de abordagens multivariadas em ambos os casos. Aspectos fundamentais como a influncia no

    processo econmico (CANTILLON, 1755; SAY, 1803), as caractersticas comportamentais

    do indivduo empreendedor (WEBER, 1930; McCLELLAND, 1961; BULL; WILLIARD,

    1993) e as escolas de pensamento (CUNNINGHAM; LISCHERON, 1991) so abordados sob

    a luz de diversas teorias. Tambm no caso da atividade inovadora, as tipologias e taxonomias

    (MOREIRA; QUEIROZ, 2007), a idia do novo (BRITO; BRITO; MORGANTI, 2009) e as

    consequncias econmicas de tais processos (ANDREASSI, 2007; STAL, 2006) so temas

    constantes no estudos produzidos.

    No entanto, pela importncia que o empreendedorismo inovador apresenta para o

    desenvolvimento econmico atual e sendo este empreendedorismo fruto das mudanas

    tecnolgicas (SCHUMPETER, 1912; FILLION, 1999), produes cientficas que tragam

    contribuies reais para o desenvolvimento e promoo de tais atividades se fazem cada vez

    mais necessrias. Desta forma, o presente estudo tem como objetivo analisar, atravs de um

    estudo de caso fictcio, os pressupostos tericos relacionados ao empreendedor inovador

    presentes no livro O Segredo de Lusa. O intuito contribuir com os estudos j realizados

    neste campo, analisando, por meio de uma abordagem qualitativa, tais aspectos em um

    ambiente social fictcio.

    A idia central do livro, escrito por Fernando Dolabela, bastante simples: apresentar um

    manual para novos e antigos empreendedores, unindo um romance com informaes didticas

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    a respeito do processo de criao de novos negcios. Dessa forma, o autor acabou por

    contribuir para a escassa literatura nacional existente sobre o assunto e disseminar a idia

    deste, orientando pessoas que buscam abrir seu prprio negcio. Dividida em cinco partes a

    obra apresenta desde a motivao e a descrio do perfil empreendedor de Lusa, at a

    consolidao do seu empreendimento, apresentando o estudo de mercado que esta faz, seu

    projeto de organizao da empresa e a anlise financeira de viabilidade do negcio.

    Sua escolha para este trabalho foi motivada pelo grande sucesso de aceitao entre

    empresrios e pesquisadores deste campo, o que rendeu um ndice de vendas de mais de 150

    mil exemplares ao longo dos primeiros anos de lanamento. J a relevncia deste trabalho est

    em fornecer subsdios para uma melhor compreenso dos aspectos fundamentais do

    empreendedorismo inovador, analisados em um estudo de caso fictcio.

    Alm deste tpico introdutrio, este estudo est estruturado com as seguintes sees: o

    empreendedor no processo de inovao, que explora as principais teorias no mbito do

    empreendedorismo e inovao; aspectos metodolgicos, com a descrio dos mtodos e

    ferramentas de anlise utilizadas; anlise e discusses, que contm os dados narrativos

    colhidos do estudo de caso fictcio; e, por fim, as consideraes finais a respeito das

    contribuies do estudo em questo e prerrogativas para pesquisas futuras.

    2 O Empreendedor no Processo de Inovao

    O universo do empreendedorismo (entrepreneurship) consiste em um campo de estudo

    multidisciplinar formado por vrias escolas e correntes de pensamento, envolvendo aspectos

    econmicos, empresariais, comportamentais e sociais que, ao longo dos anos, foram sendo

    incorporados ao estudo do fenmeno empreendedor. Tamanha variedade de abordagens

    favorece a movimentao e o surgimento, cada vez maior, de novos estudos e pesquisas nesta

    rea. Filion (1999) destaca que, anualmente, so feitas mais de mil publicaes sobre

    empreendedorismo, apresentadas em mais de 50 conferncias e 25 peridicos especializados,

    fomentando as discusses no apenas na esfera acadmica, mas tambm no meio empresarial.

    O surgimento dos primeiros estudos sobre empreendedorismo creditado aos economistas

    Cantillon (1755) e Say (1803), que abordaram a criao de novos empreendimentos em suas

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    pesquisas econmicas, considerando este aspecto uma das causas promotoras do

    desenvolvimento econmico. Os responsveis por estes empreendimentos eram caracterizados

    pelos autores como indivduos propensos a correr riscos, tendo em vista que aproveitavam as

    oportunidades presentes na expectativa de um lucro futuro. Os empreendedores eram

    diferenciados dos capitalistas em geral pela sua capacidade de inovao, sendo responsveis

    por gerar mudanas.

    Essa caracterstica inovadora foi incorporada atividade empreendedora por Clark (1899) e,

    posteriormente e mais explicitamente, por Schumpeter (1912), destacando os novos

    empreendimentos como importantes para o desenvolvimento econmico.

    Em primeiro lugar no essencial embora possa acontecer que as

    combinaes novas sejam realizadas pelas mesmas pessoas que controlam o

    processo produtivo ou comercial a ser deslocado pelo novo. Pelo contrrio,

    as novas combinaes, via de regra, esto corporificadas, por assim dizer,

    em empresas novas que geralmente no surgem das antigas, mas comeam a

    produzir a seu lado; para manter o exemplo j escolhido, em geral no o

    dono de diligncias que constri estradas de ferro (SCHUMPETER, 1997, p.

    77).

    Saindo de uma viso de negcio para uma anlise do indivduo, as discusses a respeito das

    caractersticas comportamentais do empreendedor foram marcadas, inicialmente, pelas idias

    de Weber (1930), que ressaltou as crenas e valores dos indivduos, ao estudar comunidades

    protestantes nos Estados Unidos, como elementos essenciais para toda atividade

    empreendedora.

    Posteriormente, destacam-se as contribuies de McClelland (1961) que, ao estudar grandes

    civilizaes da histria, identificou a importncia da figura dos heris como modelos

    influenciadores da sociedade. No entanto, o autor amplamente criticado pela sua abordagem

    simplista ao apontar apenas as necessidades de realizao e de poder como fatores de

    influncia (FILION, 1999).

    De acordo com Filion (1999), foi nos anos 80 que o empreendedorismo pde experimentar

    um crescimento que o envolveu com um grande nmero de cincias humanas e gerenciais. A

    partir da publicao da Encyclopedia of entrepreneurship, em 1982, por Kent, Sexton e

    Vesper, e das primeiras conferncias mundiais dedicadas ao tema, um nmero cada vez maior

    de pesquisadores, das mais diversas reas, passou a dedicar-se ao estudo do

    empreendedorismo.

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    Consequentemente, vrias caractersticas e definies relacionadas ao indivduo

    empreendedor foram geradas de acordo com a viso dos profissionais de cada disciplina.

    Estas diferentes definies so apresentadas, a seguir, no QUADRO 1.

    QUADRO 1

    Diferentes definies de empreendedor

    PROFISSIONAIS DE DIFERENTES

    REAS DEFINIES DE EMPREENDEDOR

    Economistas Foras que direcionam o desenvolvimento

    econmico pela inovao.

    Comportamentalistas Lderes criativos, persistentes e

    internalizadores.

    Especialistas em operaes Bons distribuidores e coordenadores de

    recursos.

    Especialistas em finanas Indivduos capazes de medir e calcular

    riscos.

    Especialistas em gerenciamento

    Organizadores e usurios competentes de

    recursos que desenvolvem planos de ao

    para suas atividades.

    Especialistas em marketing Identificadores de oportunidade com o

    pensamento voltado para o consumidor.

    Especialistas em criao de novos

    empreendimentos

    Pessoas com experincias de valor,

    diversidade e profundidade e qualificao no

    setor de atuao.

    Fonte: Filion, 1999.

    Nota: Adaptado pelo autor.

    Mediante tais definies apresentadas, alguns autores apresentam caractersticas que

    identificariam o comportamento de um empreendedor. Bull e Williard (1993), por exemplo,

    ressaltam a motivao frente s tarefas, o conhecimento, a expectativa de ganho pessoal e o

    suporte do ambiente como sendo estas caractersticas. J Drucker (2002) destaca a busca por

    mudanas, grande capacidade para inovar, senso de misso e estabelecimento de uma cultura

    prpria. Alm deste grande espectro de caractersticas empreendedoras, o universo do

    empreendedorismo apresenta uma vasta relao de tipologias que buscam diferenciar os

    empreendedores atravs de aspectos como nvel de inovao, atuao em empresas de

    terceiros ou em organizaes prprias, objetivos do negcio, caractersticas de personalidade,

    etc. Como este um campo de estudo multivariado, a escolha de uma nica tipologia

    impossibilitaria envolver toda a variedade de casos que o compem. Dessa forma, sua

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    importncia est em contribuir para o entendimento de suas relaes econmicas e

    comportamentais. Uma relao destas tipologias e seus autores apresentada no QUADRO 2,

    a seguir.

    QUADRO 2

    Tipologia dos empreendedores

    TIPOLOGIAS AUTORES

    Administrativo e independente. Collins, Moore e Unwalla

    (1964).

    Arteso e oportunista (de negcios). Smith (1967) e Gasse (1978).

    Empreendedor, empreendedor orientado para o

    crescimento e gerente. Miner (1990).

    Gerente ou inovador, empreendedor-proprietrio

    orientado para o crescimento, empreendedor que recusa

    crescimento e empreendedor arteso.

    Laufer (1974).

    Empreendedor, proprietrio-gerente de pequenos

    negcios e chefe de um negcio familiar. Glueck (1978).

    Administrativo, oportunista, aquisitivo, incubativo e

    imitativo. Schollhammer (1980).

    Auto-empregados, formadores de equipe, inovadores

    independentes, multiplicadores de modelos existentes,

    exploradores de economia de escala, acumuladores de

    capital, compradores, artistas que compram e vendem,

    formadores de conglomerados, especuladores e

    manipuladores de valores.

    Vesper (1980).

    Lenhador, sedutor, jogador, hobbysta, convertido e

    missionrio. Filion (1988).

    Arteso, orientado pelo grau de risco do negcio,

    orientado pela famlia e gerente. Lafuente e Salas (1989).

    Explorador, inovador, seguidor e reagente. Julien e Marchesnay (1996).

    Fonte: Filion, 1999.

    Nota: Adaptado pelo autor.

    Independente destas tipologias, Cunningham e Lischeron (1991) buscaram explorar o campo

    do empreendedorismo apresentando seis escolas de pensamento que explicam o processo de

    novos empreendimentos. A primeira delas, considerada a mais simplista em termos tericos,

    a escola do grande indivduo, que afirma serem os empreendedores pessoas com habilidades

    intuitivas e de nascena. Geralmente, seus estudos so focados em histrias de sucesso

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    pessoal, destacando as experincias vividas por estes indivduos (por exemplo, BARROS;

    FISA; IPIRANGA, 2005). Por outro lado, outra escola de pensamento, chamada escola das

    caractersticas psicolgicas, destaca os empreendedores como pessoas com valores e atitudes

    nicas. Sua preocupao central com a explorao de mtodos e prticas de

    desenvolvimento destas qualidades, entendendo o empreendedor como um indivduo que

    pode ser formado ao longo da vida (KUIP; VERHEUL, 2003; LEITO; CRUZ, 2006).

    A escola clssica, que afirma ser a inovao a caracterstica central do empreendedor,

    apresenta-se como a mais prxima do modelo de empreendedor de Schumpeter (1912), que

    considera empreendedor apenas os indivduos que se destacam com inovaes pioneiras e

    transformadoras da sociedade, mediante o processo de destruio criativa (MARTES, 2010).

    J a escola do gerenciamento, no se prende inovao, mas valoriza os empreendedores

    como pessoas que organizam, gerem e assumem riscos (AUDRETSCH; FRITSCH, 2003).

    Com algumas semelhanas de abordagem com a escola das caractersticas psicolgicas, a

    escola da liderana foca seus estudos na influncia da liderana empreendedora, sendo a

    capacidade de adaptao uma habilidade essencial para os lderes empreendedores

    (MARKMAN; BARON, 2003). Tem-se, por fim, a escola do intraempreendedorismo, que

    apresenta os empreendedores no contexto das grandes organizaes como influenciadores do

    seu desempenho (por exemplo, FERNANDES; SANTOS, 2008).

    O intraempreendedorismo mostra-se inicialmente como uma escola oposta s demais, tendo

    em vista o seu contexto no mais de empreendedor-proprietrio, mas de empreendedor-

    gerente ou empreendedor-funcionrio. No entanto, a base para sua abordagem est nos

    estudos de Schumpeter (1912) ao considerar que o sucesso das atividades empreendedoras

    constantemente leva construo de grandes organizaes, fazendo dos empreendedores

    gestores que incorporam novos empreendedores para o seu negcio. A diferena destes

    ltimos estar nos limites de autonomia que eles possuem para inovar dentro das

    organizaes, podendo lev-los a deixar a organizao com o objetivo de criar seu prprio

    negcio:

    A escola do intraempreendedorismo geralmente assume que a inovao pode

    ser obtida em organizaes existentes mediante o encorajamento de pessoas

    a trabalhar como intraempreendedores em unidades semi-autnomas.

    Contudo, existem indicadores que mostram que grandes corporaes tm

    obtido fracassos na criao de intraempreendedores ou de um clima

    empreendedor. Muitos gerentes envolvidos em iniciativas

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    intraempreendedoras deixam a empresa, algumas vezes frustrados, para

    comear seu prprio empreendimento (KNIGHT, 1988 apud

    CUNNINGHAM; LISCHERON, 1991, p. 53-54, traduo nossa).

    Pinchot (1985) afirma ser o intraempreendedorismo um desafio para toda empresa, j que seu

    objetivo o de garimpar novos talentos, fomentando a criao de novos empreendedores

    atravs de atividades que desenvolvam este mesmo esprito dentro da organizao. Para que

    uma organizao obtenha sucesso com o intraempreendedorismo, o esprito empreendendor

    deve estar primeiramente presente nos indivduos que compem a sua gesto. Alm disso,

    necessrio que estes intraempreendedores trabalhem em conjunto, maximizando a soluo de

    problemas e a criao de novas oportunidades.

    Cunningham e Lischeron (1991) apontam tais atividades intraempreendedoras estando

    relacionadas a quatro focos principais: (a) redirecionamento estratgico, mediante o

    conhecimento e explorao das condies do mercado; (b) duplicao organizacional, criando

    novas sedes ou divises da empresa em outras regies; (c) desenvolvimento de produtos,

    preferencialmente utilizando as condies e produo j existentes; e (d) eficincia

    operacional, aumentando a qualidade dos servios e produtos oferecidos.

    No contexto brasileiro, Cunha et al. (2009) afirmam serem os novos empreendimentos

    brasileiros possuidores de um baixo potencial inovativo. O ambiente econmico com altas

    taxas de desemprego e baixo nvel de renda, a estrutura de mercado em que estes

    empreendimentos se desenvolvem, motivados pela necessidade do prprio empreendedores, e

    as deficincias do sistema nacional de inovao, que no promove um acmulo de

    aprendizado interativo, seriam as causas da caracterstica pouco inovadora dos novos

    empreendimentos no Brasil.

    Existem vrios conceitos de inovao, sendo por isso difcil defini-la com preciso. Mattos e

    Guimares (2005) defendem que, embora inovao esteja ligada a criao de um produto ou

    melhoramento de processos, poderia ser definida simplesmente pela substituio de um

    material por outro ou uma nova forma de comercializao e distribuio, ou ainda, por um

    novo servio.

    Utterback (1971) define inovao como uma inveno que chegou ao mercado, foi

    comercializada e produziu impacto econmico. Tlamo (2002) corrobora com Utterback

    (1971) ao propor que a inovao compreende a disposio de uma inveno ao consumo em

    larga escala.

    Mattos e Guimares (2005) classificam as inovaes como:

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    a) inovaes incrementais, quando ocorrem pequenas melhorias em um produto ou nos

    processos;

    b) inovaes radicais, quando ocorrem grandes melhorias em um produto, envolvendo

    nova tecnologia que torna obsoleta a que era anteriormente utilizada;

    c) inovaes fundamentais, quando o impacto da inovao possibilita o desenvolvimento

    de vrias outras inovaes.

    De acordo com Moreira e Queiroz (2007) muitos estudiosos vem desenvolvendo taxonomias

    da inovao. As taxonomias mais citadas so descritas no QUADRO 3, a seguir.

    QUADRO 3

    Taxonomias da inovao

    a) inovaes no produto ou nos servios, que dizem respeito criao por parte das

    empresas de novos produtos ou servios;

    b) inovaes no processo de produo, que consistem na introduo de novos

    procedimentos, novas formas de produzir sejam na produo fsica ou nas operaes de

    servios, representando avanos tecnolgicos da empresa;

    c) inovaes na estrutura organizacional, que incluem mudanas nas relaes de

    autoridade, nos sistemas de comunicao e so importantes para a competitividade da

    empresa;

    d) inovaes nas pessoas, que esto ligadas as mudanas de comportamento ou crenas

    das pessoas que compem a empresa;

    e) inovao tecnolgica, que se relacionam s atividades operacionais e podem se referir

    tanto a produtos quanto a processos.

    Fonte: Moreira; Queiroz, 2007

    Nota: Adaptado pelo autor.

    A inovao tecnolgica refere-se a um processo tecnologicamente novo ou substancialmente

    aprimorado, que envolve a tecnologia de produo nova ou significativamente aperfeioada,

    bem como mtodos novos ou substancialmente aprimorados de manuseio (BRITO; BRITO;

    MORGANTI, 2009). As autoras afirmam ainda que os mtodos podem envolver mudanas

    nas mquinas e equipamentos e/ou na organizao produtiva.

    Segundo Andreassi (2007, p.14) a inovao tecnolgica tambm pode ser considerada uma

    pea-chave na obteno da competitividade de um pas. No caso do Brasil, o crescimento

    econmico modesto da dcada de 1980, alm das mudanas do contexto internacional, limitou

    a adoo de estratgias polticas visando o aumento da competitividade das empresas por

    meio de investimentos em atividades inovativas (STAL, 2006).

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    Como todo crescimento da atividade empreendedora est relacionado com a velocidade das

    mudanas tecnolgicas e inovaes (FILION, 1999), h de se esperar uma movimentao

    ainda maior de ambas as atividades, tendo em vista o acmulo de mudanas geradas

    atualmente. Como um campo que contm ainda inmeros aspectos a serem considerados e

    analisados, o nmero de pesquisas sobre empreendedorismo e inovao tende a crescer,

    estendendo-se a cada vez mais reas de estudo. Alm do mais, o crescimento de estudos j

    observado foi tambm acompanhado de um crescimento ainda maior na quantidade de novos

    empreendimentos e de sua contribuio para o desenvolvimento econmico em todo o mundo.

    3 Metodologia

    O presente trabalho utiliza a abordagem qualitativa como mtodo de pesquisa. Essa escolha

    deve-se sua relevncia especfica para o estudo de relaes sociais (FLICK, 2004), em que

    os pesquisadores tm a possibilidade de estudar as coisas em seus cenrios naturais, tentando

    entender, ou interpretar, os fenmenos em termos dos significados que as pessoas a eles

    conferem (DENZIN; LINCOLN, 2006, p. 17). Godoy (1995) confirma esta afirmao ao

    relatar que pesquisas com este tipo de abordagem tm o ambiente natural como fonte direta de

    dados, utilizando de um carter descritivo e um enfoque indutivo para compreender o

    significado das coisas.

    Como estratgia de pesquisa qualitativa, o estudo de um caso fictcio foi escolhido pela sua

    adequao s situaes de pesquisa em que o foco se encontra em fenmenos

    contemporneos inseridos em algum contexto da vida real (YIN, 2004, p. 19). J a coleta de

    dados deste estudo foi feita mediante anlise de contedo dos aspectos relevantes extrados da

    narrativa.

    Os dados coletados neste estudo so caracterizados como dados narrativos, definidos por Hair

    Jr. et al. (2007, p. 153) como dados que aparecem na forma de descries de comportamento

    por escrito ou em registros de udio e vdeo. Quanto ao pesquisador, neste caso ele

    caracterizado como observador completo, que substitui a observao real pela observao

    mediante registros, no exercendo nenhuma influncia no fato ou sujeitos observados

    (FLICK, 2004).

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    Com relao ao mtodo de anlise utilizado, este trabalho utilizou a estratgia de

    fundamentao nas proposies tericas. Esta estratgia utiliza as bases tericas para fazer

    exame dos dados extrados do estudo observacional, ajudando a por em foco certos dados,

    definindo explanaes e orientando toda a anlise do estudo (YIN, 2004).

    Vale, no entanto, ressaltar, que esta consiste em uma anlise de representaes, j que o livro

    feito mediante elementos do mundo real, como as relaes humanas ali expostas, por

    exemplo, mas tem um carter fictcio. As representaes so definidas por Moscovici (2003)

    como sendo toda a prtica mental e social do pensamento primitivo, senso comum e cincia.

    Esta representao coletiva responsvel por tratar fenmenos gerais relacionando-os com

    prticas ou realidades que no o so (MOSCOVICI, 2003, p.184). Dessa forma, a

    interpretao surge mediante esse dilogo entre informaes contextuais e bases tericas

    (SPINK, 1999).

    4 O Segredo de Lusa Anlise e Discusso

    A narrao presente no livro O Segredo de Lusa consiste em uma histria fictcia de uma

    empreendedora brasileira de sucesso. Lusa, a protagonista da histria, uma jovem que

    nasceu e cresceu na pequena cidade de Ponte Nova, interior do estado de Minas Gerais. Aos

    vintes anos de idade, est noiva de Delcdio, tambm natural de Ponte Nova, e cursa o quinto

    ano de odontologia em uma universidade de Belo Horizonte. Suas caractersticas fsicas e,

    principalmente, psicolgicas so descritas logo no incio da narrao.

    Bela, criativa e indomvel, querida por todos, apesar de um tanto autoritria

    e teimosa. [...] Adorava aprender por meio de conversas com pessoas pelas

    quais sentia respeito e simpatia. [...] Lusa era atrada pelo novo, pelo

    inusitado. Observadora perspicaz, sabia ver coisas onde ningum nada

    notava, sempre por um ngulo otimista. Tinha prazer em se diferenciar das

    outras meninas, como se fosse pecado ser igual. Sua forma de se vestir, seu

    vocabulrio, a vontade de desvendar novos caminhos colocavam-na fora dos

    padres de comportamento no seu meio (DOLABELA, 2006, p. 37-38).

    Tais caractersticas remetem s discusses de Cantillon (1755) e Say (1803) que, ao

    apresentarem o indivduo empreendedor, diferenciam-no dos demais agentes econmicos pela

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    sua capacidade inovadora e geradora de mudanas. Clark (1899) e, principalmente,

    Schumpeter (1912) apresentam a capacidade inovadora do empreendedor como responsvel

    por ensinar os consumidores a querer coisas novas, ou coisas que diferem em um aspecto ou

    outro daquelas que tinham o hbito de usar (SCHUMPETER, 1997, p. 76).

    Desde a infncia, Lusa auxiliava sua tia e madrinha Fernanda, a nica empresria da famlia,

    atendendo clientes em sua loja de servios e comrcio, chamada Sereia Azul. Tento a tia

    sempre como espelho de pessoa bem-sucedida, Lusa lhe nutria grande admirao, pela sua

    capacidade criativa e de influncia. Dessa forma, comea a crescer um desejo para o seu

    futuro: o de abrir um negcio prprio.

    A idia para o novo negcio surge quando Lusa inicia os estudos em Belo Horizonte. L, ela

    percebe que a goiabada-casco, um doce tradicional de Ponte Nova, desejado por todos,

    sendo que este no comercializado, restringindo-se simples fabricao caseira pelos

    prprios moradores da cidade. Assim, Lusa comea a sonhar com sua futura empresa: a

    Goiabadas Maria Amlia Ltda.

    Percebe-se neste ponto que o movimento inicial para a ao empreendedora de Lusa est

    voltado para o que Filion (1999) identificou como uma abordagem do empreendedorismo pela

    viso de especialista de marketing, em que o empreendedor nada mais do que um

    identificador de oportunidade cujo pensamento est voltado para o consumidor.

    Aps decidir-se por dedicar sua vida a tal negcio, Lusa resolve procurar Fernanda para

    contar da sua deciso e pedir auxlio, auxlio este que, inicialmente, Fernanda se nega a dar

    por considerar todos os riscos que Lusa teria de enfrentar. Lusa ento decide buscar novas

    fontes de apoio e instruo, guardando de sua famlia o segredo em relao a este sonho. A

    partir de ento, a narrao se concentra em mostrar Lusa como uma pessoa fortemente

    perseverante, que consegue superar todas as barreiras que surgem ao longo do caminho, em

    especial, junto aos seus prprios familiares que, posteriormente, descobrem seus planos de

    carreira como empresria.

    Suas constantes vitrias apresentadas ao longo da narrativa acabam por assemelhar Lusa ao

    perfil de empreendedor heri, apresentado por McClelland (1961), alm de, aps ter

    alcanado o sucesso to desejado, tornar-se uma pessoa de grande influncia em sua cidade

    natal. Alm disso, o desenvolvimento e crescimento de Lusa durante o perodo em que se

    dedica criar seu negcio acaba por expor vrias outras caractersticas empreendedoras, alm

    do vis inicial de pensamento voltado para o mercado. Dessa forma, Lusa pode ser

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    relacionada s definies apresentadas por Filion (1999) conforme comportamentalistas,

    especialistas em operaes, finanas e gerenciamento.

    Consoante s caractersticas apresentadas por Bull e Williard (1993), Lusa, a princpio, no

    conta apenas somente com o suporte do ambiente, j que em sua cidade natal e no seu crculo

    familiar, a deciso pela carreira de empresria no aprovada em um primeiro momento. No

    entanto, tal suporte conseguido em Belo Horizonte, quando Lusa comea a desenvolver

    redes de relacionamento com indivduos que tem os conhecimentos necessrios para auxili-la

    nas suas atividades, como o caso de Pedro, professor de um curso de computao, Eduardo,

    um consultor de administrao, e Andr, o proprietrio de uma fbrica de doces.

    No que diz respeito s tipologias de empreendedores, apresentadas por Filion (1999), Lusa

    pode ser classificada como: empreendedora independente (COLLINS; MOORE; UNWALL,

    1964), oportunista (SMITH, 1967), orientada para o crescimento (LAUFER, 1974; MINER,

    1990), auto-empregada (VESPER, 1980), orientada pelo grau de risco do negcio

    (LAFUENTE; SALAS, 1989), inovadora (JULIEN; MARCHESNAY, 1996) e missionria

    (FILION, 1999).

    Alm disso, a narrativa presente em O Segredo de Lusa evidencia uma forte relao com

    algumas das escolas do empreendedorismo descritas por Cunningham e Lischeron (1991). A

    escola do grande indivduo, a escola das caractersticas psicolgicas, a escola clssica, a

    escola do gerenciamento e a escola da liderana tem seus pensamentos expostos ao longo do

    caminho empreendedor de Lusa. Neste aspecto, apenas a escola do intraempreendedorismo

    no abordada na narrativa, j que o processo empreendedor de Lusa no se deu no contexto

    de uma organizao.

    As alteraes realizadas por Lusa na sua goiabada-casco, em relao s suas caractersticas

    de produo e mercadolgicas, ressaltam uma caracterstica de forte potencial inovador,

    contrariando o defendido por Cunha et al. (2009) que destaca o empreendedor brasileiro como

    sendo possuidor de um baixo potencial inovador.

    Por fim, como consequncia destas alteraes, mesmo que apenas incrementais (MATTOS;

    GUIMARES, 2005), e de seu aprendizado como empreendedora, o grande sucesso do

    produto de Lusa confirma suas caractersticas inovadoras e no apenas inventoras, como

    defendido por Utterback (1971) e Tlamo (2002).

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    5 Consideraes Finais

    A forte caracterstica didtica evidenciada ao longo da narrativa faz de O Segredo de Lusa

    um manual para futuros e atuais empreendedores. No entanto, tambm os aspectos

    teoricamente descritos pelos diversos estudos nas reas de empreendedorismo e inovao so

    totalmente passveis de anlise mediante observao dos elementos representativos expostos

    durante toda a narrativa.

    Como o objetivo deste estudo consistiu em analisar, atravs de um estudo de caso fictcio, os

    pressupostos tericos relacionados ao empreendedor inovador presentes no livro O Segredo

    de Lusa, considera-se que o mesmo foi atingido, tendo em vista a contribuio gerada para

    esta rea de pesquisa ao analisar, mediante uma abordagem qualitativa, tais aspectos em um

    ambiente social fictcio.

    A importncia de um ambiente favorvel a toda atividade empreendedora colocado em

    nfase quando tal empreendimento encontra dificuldades de nascimento, como mostrado no

    livro. No entanto, mesmo com a ausncia deste ambiente, no nula a possibilidade de que

    indivduos com forte caracterstica empreendedora e inovadora possam conquistar espao,

    mediante o desenvolvimento de novos produtos, como o caso de Lusa. As consequncias

    sociais e econmicas so um grande incentivo para que barreiras inovao e

    empreendedorismo sejam enfrentadas. Percebendo a influncia que esta atividade exerce

    sobre o desempenho e crescimento de uma economia, novos caminhos para o seu incentivo e

    disseminao devem ser buscados.

    Dadas as limitaes do presente estudo, por considerar uma anlise mediante a observao de

    fatos fictcios onde esto presentes elementos representativos da sociedade atual, as

    constantes discusses e a crescente presena do empreendedorismo e da inovao como

    fatores indispensveis ao desenvolvimento econmico devem sempre promover o nascimento

    de novos trabalhos na rea.

    Em especial, recomenda-se para estudos futuros, que elementos como as barreiras ao processo

    inovador e os aspectos fomentadores de um ambiente empreendedor sejam analisados. Dessa

    forma, ser possvel compreender em absoluto o peso de cada um destes elementos na

    dinmica econmica do desenvolvimento de novos empreendimentos.

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