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ESTRUTURAS DE BETÃO I
FOLHAS DE APOIO ÀS AULAS
DEFORMAÇÃO DE ESTRUTURAS DE BETÃO ARMADO
Coordenação: Júlio Appleton
Ano Lectivo 2010/2011
Estruturas de Betão I
MÓDULO 3 – Verificação da segurança aos estados limites de utilização 98
1. Estado Limite de Deformação
1.1. CÁLCULO DA DEFORMAÇÃO
1.1.1. Deformação em fase não fendilhada (Estado I)
a
p
M
1/r
EI I
curvatura: 1 r =
M EII
deslocamento: a = ⌡⌠
L 1 r
–M dx a =
1 EII
⌡⌠L M –M dx (P.T.V.)
–M − diagrama de momentos para uma carga virtual unitária aplicada na direcção de a.
1.1.2. Deformação em fase fendilhada (estado II)
Problemas:
� Determinação das relações momentos-curvatura
� Consideração da variação de rigidez ao longo dos elementos
� Definição das condições de fronteira da estrutura
1/r
EI I
EI IIMcr
M
Estado II
Estado IM
DMF
p
(+)
Nota: Cada zona da viga tem uma rigidez diferente,
consoante o nível de momento actuante.
Estruturas de Betão I
MÓDULO 3 – Verificação da segurança aos estados limites de utilização 99
Por forma a ter em conta a fendilhação da viga, é necessário considerar uma curvatura
média para cada zona do elemento.
M M
IIEIII
1/r
M
Mcr
EII
MI
(1/r)I (1/r)m (1/r)II
Conforme se pode observar pelo gráfico momento-curvatura acima, esta curvatura
média pode ser calculada através de uma média ponderada entre as curvaturas em
estado I e II, considerando para isso um coeficiente de repartição (τ):
1 rm = (1 −−−− ττττ)
1 rI
+ ττττ 1
rII
a =
⌡⌠
0
L 1rm
–M dx
Ο coeficiente de repartição, para o caso da flexão simples pode ser obtido através de:
τ = 1 – β1 β2
σsr
σs 2
= 1 – ββββ1 ββββ2
Mcr
M
2
para M > Mcr
onde,
β1 – coeficiente que tem em conta as propriedades de aderência dos varões
(β1 = 1.0 para varões de alta aderência; β1 = 0.5 para varões aderência normal);
β2 – coeficiente que tem em conta a duração ou repetição das cargas (β2 = 1.0
para uma única carga de curta duração; β2 = 0.5 para cargas actuando com
permanência ou para vários ciclos de cargas);
σsr – tensão na armadura de tracção (calculada em estado fendilhado) resultante
da actuação das cargas que provocam o início da fendilhação;
σs – tensão na armadura de tracção (calculada em estado fendilhado) resultante
da actuação do valor da carga para a qual se pretende calcular a flecha.
Nota: Se M < Mcr ⇒ τ = 0 ⇒ 1
rm = 1
rI
Estruturas de Betão I
MÓDULO 3 – Verificação da segurança aos estados limites de utilização 100
1.1.2.1. Cálculo da curvatura em estado I
A curvatura em estado não fendilhado pode ser calculada através da expressão
1 rI
= ks1 × 1
rc + ks1 kϕ1 ϕ ×
1 rc
+ 1
rcs1 ,
onde,
ks1 – coeficiente que entra em linha de conta com a acção das armaduras
1 rc
– curvatura de base
1
rc =
M Ec Ic
kϕ1 – coeficiente que entra em linha de conta com o efeito da fluência
ϕ – coeficiente de fluência
1 rcs1
– acção da retracção
1
rcs1 = kcs1
εcs d
1.1.2.2. Cálculo da curvatura em estado II
1 rII
= ks2 × 1
rc + ks2 kϕ2 ϕ ×
1 rc
+ 1
rcs2 ,
1
rcs2 = kcs2
εcs d
1.1.2.3. Método Bilinear (τ constante)
i) Cálculo dos parâmetros
ks1, kϕ1, kcs1, ϕ e ks2, kϕ2, kcs2
ii) Cálculo do coeficiente de repartição τ
M = MD Mcr ⇒ τ = 1 – β1 β2 Mcr MD = constante
onde MD representa momento na secção determinante.
Estruturas de Betão I
MÓDULO 3 – Verificação da segurança aos estados limites de utilização 101
Secções determinantes (secções de momentos máximos) - Exemplos
τ = τvão
τ = τapoio
τ = 2 τvão + τapoio
3
τ = τapoio 1 + 2 τvão + τapoio 2
4
iii) Cálculo de flechas
τ = constante ⇒ a = ⌡⌠
0
L
1 rm
–M dx = ⌡⌠
0
L
(1 - τ)
1 rI
+ τ 1
rII –M dx = ⇔
⇔ a = (1 – τ) ⌡⌠
0
L 1rI –M dx + τ
⌡⌠
0
L 1rII
–M dx ⇔ a = (1 – ττττ) aI + ττττ aII
com aI = ⌡⌠
0
L
ks1 (1 + kϕ1 ϕ) ×
1 rc
+ kcs1 εcs d –M dx
aII = ⌡⌠
0
L
ks2 (1 + kϕ2 ϕ) ×
1 rc
+ kcs2 εcs d –M dx
1.1.2.4. Método dos Coeficientes Globais
(coeficientes constantes definidos para a secção determinante)
coeficientes constantes ⇒ aI = ⌡⌠
0
L
ks1 (1 + kϕ1 ϕ) ×
1 rc
+ kcs1 εcs d –M dx ⇔
⇔ aI = ks1 (1 + kϕ1 ϕ) ⌡⌠
0
L
1 rc
–M dx + kcs1 εcs d
⌡⌠0L –M dx
Desprezando a parcela da retracção, aI = ks1 (1 + kϕ1 ϕ) ac
Da mesma forma, aII = ks2 (1 + kϕ2 ϕ) ac
Deste modo, a expressão do deslocamento vem igual a
a = (1 – τ) aI + τ aII = (1 – τ) ks1 (1 + kϕ1 ϕ) ac + τ ks2 (1 + kϕ2 ϕ) ac ⇔
⇔ a = [ ](1 – τ) ks1 (1 + kϕ1 ϕ) + τ ks2 (1 + kϕ2 ϕ) ac = k ac
Estruturas de Betão I
MÓDULO 3 – Verificação da segurança aos estados limites de utilização 102
Aplicação do Método dos Coeficientes Globais
a) Cálculo do deslocamento ac considerando um modelo elástico linear e rigidez de
flexão dada pelas secções não armadas e não fissuradas.
b) Correcção do deslocamento para ter em conta as armaduras, a fendilhação e a
fluência.
Deslocamento instantâneo (t = 0): a0 = k0 ac (h/d)3 (tabelas pág. 97)
Deslocamento a longo prazo (t = ∞): at = η kt ac (h/d)3 (tabelas págs. 98 e 99)
ac – flecha base (tabelas páginas 154 e 155)
k0 – coeficiente que entra em consideração com o efeito das armaduras e da
fendilhação ( )função de d/h, αρ, Mcr / MD
kt – coeficiente que entra em consideração com o efeito das armaduras, da
fendilhação e da fluência ( )função de ϕ, d/h, αρ, Mcr / MD
η – coeficiente que entra em consideração com a influência da armadura de
compressão (função de ρ’/ρ, αρ, ϕ)
(k0, kt e η para as secções determinantes → cálculo de coeficientes ponderados)
Estruturas de Betão I
MÓDULO 3 – Verificação da segurança aos estados limites de utilização 103
EXERCÍCIO 3.4
Considere a viga representada na figura seguinte (viga do exercício 2.1)
0.55 0.60
5.00
0.30
p
3φ20
Materiais: C25/30
A400 NR
Calcule a flecha para a combinação frequente de acções (pfreq = 20 kN/m)
RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO 3.4
1. Cálculo da flecha elástica
a) Pelo P.T.V.,
DMF[kNm]
(+)
pfr
D 1/R62.5
Mmax = p L2
8 = 20 × 52
8 = 62.5 kNm
1 R =
M EI
1.25m
(+)
1
DMF [m]
Mmax = P L
4 = 5 4 = 1.25 m
Estruturas de Betão I
MÓDULO 3 – Verificação da segurança aos estados limites de utilização 104
a = ⌡⌠
L 1r
–M dx =
⌡⌠
L M
–M
EI dx = 1EI ×
53 × 62.5 × 1.25 ×
1 +
2.52
52 = 9.88 × 10-4m
(tabelas pág. 153)
E = 30.5 × 106 kN/m2
I = 0.3 × 0.63
12 = 0.0054 m4 ⇒ EI = 164700 kNm2
b) Por tabelas (pág. 154)
δ = 5
384 × pL4
EI = 5
384 × 20 × 54
164700 = 9.88 × 10-4 m ⇒ ac = 9.9 × 10-4 m
2. Cálculo da flecha a longo prazo (método dos coeficientes globais)
(Considera-se ϕ = 2.5)
α = Es
Ec =
200 30.5 = 6.6
ρ = As
bd = 9.42 × 10-4 0.3 × 0.55 = 0.0057
⇒ αρ = 0.038
Mcr = W × fctm =
bh2 6 × fctm =
0.30 × 0.602 6 × 2.5 × 103 = 45kNm
Mfr = 62.5kNm > Mcr
⇒ Mcr
Mfr = 0.72
(ϕ = 2.5) ⇒ kt = 3.75
ρ’ = As' bd = 0 ⇒ ρ’/ρ = 0 ⇒ η = 1
at =
h
d
3
η kt ac =
0.60
0.55
3
× 3.75 × 9.9 ×10-4 = 0.0048 m = 4.8 mm
3. Cálculo da flecha instântanea
αρ = 0.038
Mcr Mfr
= 0.72 (Acções repetidas) ⇒ k0 = 2.3
a0 =
h
d
3
k0 ac =
0.60
0.55
3
× 2.3 × 9.99×10-4 = 0.003 m = 3 mm
Estruturas de Betão I
MÓDULO 3 – Verificação da segurança aos estados limites de utilização 105
1.2. LIMITE DE DEFORMAÇÃO
De acordo com o EC 2 (parágrafo 7.4.1)
δmáx = L
250 para a combinação de acções quase-permanentes
Caso a deformação afecte paredes divisórias, δmáx = L
500
1.3. CONTROLO INDIRECTO DA DEFORMAÇÃO
p
Lac
ac = K pL4 EI
Para uma secção rectangular: I = bh3 12 ⇒
ac L = K
12 p b E
L
h
3
∴ A deformação pode ser controlada de forma indirecta pela esbelteza (L/h)
De acordo com o EC2, a deformação pode ser controlada indirectamente caso sejam
respeitados os limites de esbelteza indicados na Tabela 7.4N.