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EMPUXO DE SOBRECARGAS ASSIMÉTRICAS EM ESTACAS: ESTUDO DE CASOS DE PONTES Flávia Elisabeth Cardoso Pires Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil. Orientador: Francisco de Rezende Lopes Rio de Janeiro Fevereiro de 2013

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EMPUXO DE SOBRECARGAS ASSIMÉTRICAS EM ESTACAS: ESTUDO DE CASOS

DE PONTES

Flávia Elisabeth Cardoso Pires

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-graduação em Engenharia

Civil, COPPE, da Universidade Federal do Rio

de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de Mestre em

Engenharia Civil.

Orientador: Francisco de Rezende Lopes

Rio de Janeiro

Fevereiro de 2013

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EMPUXO DE SOBRECARGAS ASSIMÉTRICAS EM ESTACAS: ESTUDO DE CASOS

DE PONTES

Flávia Elisabeth Cardoso Pires

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO

LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA (COPPE)

DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM

CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL.

Examinada por:

________________________________________________

Prof. Francisco de Rezende Lopes, Ph.D.

________________________________________________ Prof. Márcio de Souza Soares de Almeida, Ph.D.

________________________________________________ Prof. Sandro Salvador Sandroni, Ph.D.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

FEVEREIRO DE 2013

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iii

Pires, Flávia Elisabeth Cardoso

Empuxo de Sobrecargas Assimétricas em Estacas:

Estudo de Casos de Pontes/ Flávia Elisabeth Cardoso

Pires. – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2013.

X, 169 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Francisco de Rezende Lopes

Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa

de Engenharia Civil, 2013.

Referências Bibliográficas: p. 146-150.

1. Fundação de aterros sobre solos moles. 2.

Instrumentação geotécnica. 3. Análises numéricas. I.

Lopes, Francisco de Rezende. II. Universidade Federal

do Rio de Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia

Civil. III. Título.

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iv

À minha sobrinha Ana Luiza

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v

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Francisco Lopes.

Aos professores do curso de mestrado, em especial ao Fernando Danziger e ao

Márcio Almeida.

Ao engenheiro Roney Gomes e aos amigos do curso de mestrado e doutorado das

turmas de 2000 e de 2009: Fernando Navarro, Ian Leão, Marcelo Furtado, Ana Cecília,

Roberta Mendes, Brunna Abrantes, Flávia Carvalho, Itamar Gonçalves, Katiane dos

Santos Marcelus Magno, Michele Mariosa, Marcelo Queiroz, Manuela Silva, Vinícius

Lourenzi, Erisvaldo Lima, Helena Mota e Jaqueline Feitoza.

Aos amigos da EMBRAER, Eviation Jets, INPE, PROMINP e PLANAVE: Wagner

Ponciano, Guilherme Lariú, Marcelo Duval, Sidney Nogueira, Milena Popovic, Adimar

Maia, Paulo Renato, Claudia K, Cristina Parente, Galvani Lacerda, Francisco Galvão,

Leo Suzuki, Zenon Kouzac, Cristiane Godói, Francisco Marcondes, Hamilton Freire,

Gino Genaro, José Pelógia, Adriana Ferraz, Jane Fernandes, Joaquim Nunes, Almir

Batista e Daniele Pereira.

Aos amigos da PCE: Aline Malafaia, Breno Sales, Claudio Pereira Pinto, José Luiz

Novaes, Gustavo Domingos, Jociléia Buback, Jeanne Castro, André Panza, Giselle

Monteiro e Davi.

Aos amigos da CONCREMAT: Vânia Zaeyen, Vivente Granziottin, Marcus Bedeschi,

Carlos Kapins, Fernando Corrêa, Elton Dias, Márcio, Adriana Santos, Mônica Mendes,

Felipe Alves, Talita Miranda, Darci Bertin, Elaine Paiva, Thiago Ribeiro e Bruno Abreu.

Aos amigos das obras que acompanhei, Roberto Pereira, Sérgio Guedes, Fabio Fili e

Ferdinando.

Aos queridos amigos de sempre Fabio Soares e Claudia Pires.

E a Deus por me dar muito mais do que mereço.

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vi

Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

EMPUXO DE SOBRECARGAS ASSIMÉTRICAS EM ESTACAS: ESTUDO DE CASOS

DE PONTES

Flávia Elisabeth Cardoso Pires

Fevereiro/2013

Orientador: Francisco de Rezende Lopes

Programa: Engenharia Civil

Este trabalho aborda o fenômeno de empuxo de sobrecargas assimétricas em

estacas, conhecido como Efeito Tschebotarioff. Inicialmente é feita uma revisão

bibliográfica do fenômeno. Em seguida, são estudadas duas pontes, cujas estruturas e

fundações já haviam sido concluídas e que tiveram os aterros de acesso executados

em terra armada. Os solos sob os aterros são argilosos de baixa competência, sendo,

em uma delas, melhorado com colunas de brita. Os dados de instrumentação obtidos

desde a execução dos aterros até 6 meses depois são comparados com análises

numéricas (Método dos Elementos Finitos). As análises numéricas fora realizadas com

diferentes representações do solo de fundação tratado com colunas de brita. Os

resultados tanto das análises como da monitoração indicam que, mesmo com o

tratamento com colunas de brita, um aterro de acesso a ponte com contenção por

terra armada provoca deslocamentos horizontais de certa magnitude. Esses

deslocamentos, no caso específico das pontes estudadas, que têm estacas com

pequena capacidade de flexão, levam a uma situação de preocupação.

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vii

Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as partial fulfillment of the

requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

LATERAL THRUST ON PILES DUE TO ASYMMETRIC SURCHARGES: A STUDY OF

TWO BRIDGES

Flávia Elisabeth Cardoso Pires

February/2013

Advisor: Francisco de Rezende Lopes

Department: Civil Engineering

This work discusses the lateral thrust on piles due to asymmetric surcharges,

known as “Tschebotarioff Effect”. Firstly, a review of the phenomenon is presented.

Then, two bridges, which had both structure and foundations completed before the

access embankment, are studied. The access embankments were retained with

reinforced earth and the foundation soil is typically a low consistency clayey soil. One

of the bridges had the foundation soil improved by stone columns. Monitoring data,

from construction up to six months, were compared with results of numerical analysis

(Finite Element Method). The numerical analysis considered different representations

of the foundation soil reinforced by stone columns. The results of both the analysis and

the field monitoring data indicate that the reinforced earth access embankment can

lead to considerable horizontal movements even when the soil is improved by stone

columns. As the bridges in study have piles with small bending capacity, the observed

displacements are a matter for concern.

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viii

ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................1

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................3

2.1 Efeitos da construção de aterros sobre solos moles com estruturas

próximas......................................................................................................................3

2.1.1 Principais pesquisas e contribuições .........................................................3

2.2 Técnicas de estabilização e reforço de aterros sobre solos moles....... 24

2.3 Coluna de brita .......................................................................................... 26

2.3.1 Conceitos gerais...................................................................................... 26

2.3.2 Capacidade de carga .............................................................................. 30

2.3.3 Estimativa de recalques........................................................................... 34

2.4 Contenção lateral em terra armada.......................................................... 39

2.4.1 Conceitos gerais...................................................................................... 39

2.4.2 Interação solo reforço.............................................................................. 40

2.4.3 Elementos ............................................................................................... 41

2.5 Método dos Elementos Finitos................................................................. 43

2.5.1 O programa Plaxis................................................................................... 44

3 ESTUDOS DE CASOS........................................................................................ 50

3.1 Descrição do problema............................................................................. 50

3.2 Ponte sobre o Rio A .................................................................................. 50

3.2.1 Avaliação do Efeito Tschebotarioff........................................................... 58

3.3 Ponte sobre o Rio B .................................................................................. 59

3.3.1 Avaliação do Efeito Tschebotarioff........................................................... 65

Page 9: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

ix

3.4 Execução da obra...................................................................................... 66

3.4.1 Registros fotográficos.............................................................................. 66

4 ANÁLISES NUMÉRICAS .................................................................................... 70

4.1 Análises por Elementos Finitos ............................................................... 70

4.1.1 Geometria e Parâmetros ......................................................................... 70

4.1.2 Modelos para representação dos solos ................................................... 73

4.2 Ponte sobre o Rio A .................................................................................. 81

4.2.1 Encontro E1–PD...................................................................................... 81

4.2.2 Encontro E1-PE....................................................................................... 98

4.2.3 Encontro E2-PD....................................................................................... 94

4.2.4 Encontro E2-PE..................................................................................... 101

4.3 Ponte sobre o Rio B ................................................................................ 107

4.3.1 Encontro E1–PD.................................................................................... 107

4.3.2 Encontro E1-PE..................................................................................... 109

4.3.3 Encontro E2-PD..................................................................................... 111

4.3.4 Encontro E2-PE..................................................................................... 113

4.4 Resultados............................................................................................... 115

4.4.1 Ponte sobre o Rio A .............................................................................. 115

4.4.2 Ponte sobre o Rio B .............................................................................. 116

5 MONITORAÇÃO E COMPARAÇÃO................................................................. 117

5.1 Monitoração por pinos............................................................................ 117

5.1.1 Encontro Rio A E1–P1........................................................................... 119

5.1.2 Encontro Rio A E1-PE ........................................................................... 121

Page 10: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

x

5.1.3 Encontro Rio A E2-PD........................................................................... 123

5.1.4 Encontro Rio A E2-PE ........................................................................... 125

5.1.5 Encontro Rio B E2-PD........................................................................... 127

5.1.6 Encontro Rio B E2-PE ........................................................................... 129

5.2 Monitoração por inclinômetros .............................................................. 131

5.3 Ponte sobre o Rio A ................................................................................ 133

5.3.1 Encontro E1–P1 .................................................................................... 133

5.3.2 Encontro E1-PE..................................................................................... 134

5.3.3 Encontro E2-PD..................................................................................... 135

5.3.4 Encontro E2-PE..................................................................................... 136

5.4 Ponte sobre o Rio B ................................................................................ 137

5.4.1 Encontro E2-PD..................................................................................... 137

5.4.2 Encontro E2-PE..................................................................................... 138

5.5 Discussão sobre a instrumentação ....................................................... 139

5.5.1 Ponte sobre o Rio A .............................................................................. 139

5.5.2 Ponte sobre o Rio B .............................................................................. 142

6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA NOVAS PESQUISAS ......................... 144

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... 146

ANEXO 1 – SONDAGENS À PERCUSSÃO ............................................................ 151

ANEXO 2- PERFIS DE INSTALAÇÃO DOS INCLINÔMETROS.............................. 158

ANEXO 3 - GRÁFICOS DOS INCLINÔMETROS..................................................... 164

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1

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

Relevância da Pesquisa

O fenômeno conhecido como Efeito Tschebotarioff tem grande importância no projeto

de pontes. Ainda dada a necessidade de atender prazos cada vez mais curtos, muitas

vezes são demandadas soluções para construção mais rápida para obras onde há

terrenos com baixa capacidade de carga. No presente trabalho, houve a oportunidade

de acompanhar e avaliar o comportamento da solução de melhoramento do solo por

vibro-substituição (colunas de brita) indicada para diminuir o efeito de cargas

assimétricas em estruturas próximas. O conhecimento sobre o comportamento desse

tipo de solução, incluído suas vantagens e limitações, é interessante para sua futura

indicação em obras semelhantes.

Objetivo

O objetivo deste trabalho é acompanhar os casos de duas pontes (sendo obras

separadas para cada sentido, totalizando 4 obras de arte. Nessas obras foram

construídos aterros em “terra armada” próximos às fundações (estacas) construídas

anteriormente. No Rio A, o solo de fundação dos aterros foi melhorado com colunas de

brita e no Rio B não houve intervenção no solo de fundação.

Metodologia

Para os encontros das pontes em estudo, foi proposta instrumentação que obteve

dados do deslocamento horizontal do solo de fundação, dos deslocamentos na face da

“terra armada” e dos deslocamentos das estruturas superficiais de concreto armado

mais próximas. Esses deslocamentos foram comparados com análises numéricas por

elementos finitos feitas utilizando 4 modelagens diferentes para o solo melhorado com

colunas de brita.

Estrutura da Dissertação

O CAPÍTULO 1 apresenta a importância da pesquisa, o objetivo do trabalho, a

metodologia utilizada e a estrutura da dissertação.

O CAPÍTULO 2 apresenta os conceitos gerais necessários a compreensão do

problema e das soluções adotadas incluindo: os efeitos da construção de aterros

sobre solos moles com fundações próximas, técnicas de estabilização de aterros

sobre solos moles, vibro-substituição (colunas de brita), contenção lateral em “terra

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2

armada”. Ao final há uma apresentação da solução pelo Método dos Elementos finitos

que será usado nas análises.

O CAPÍTULO 3 apresenta o estudo de casos, caracteriza o problema em estudo e as

soluções adotadas. Apresenta desenhos de cada encontro analisado, as sobrecargas

aplicadas e o solo de fundação existente. Apresenta esquema da solução de

melhoramento do solo com colunas de brita.

O CAPÍTULO 4 trata das análises numéricas realizadas. Apresenta e descreve cada

tipo de análise. Apresenta os métodos para estimativa de parâmetros de solo, bem

como os parâmetros obtidos com base nas sondagens disponíveis, nos métodos de

análise propostos e na literatura. Por fim, nesse capítulo são apresentadas resultados

das análises realizadas e resumos dos resultados obtidos.

O CAPÍTULO 5 expõe a instrumentação realizada, sua disposição e objetivo.

Apresenta os gráficos do comportamento das obras até dezembro de 2012. Neste

capítulo os resultados da instrumentação são discutidos e comparados com análises

numéricas apresentadas no capítulo 4.

O CAPÍTULO 6 apresenta as conclusões e sugestões para trabalhos futuros.

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3

CAPÍTULO 2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Esse capítulo apresenta os conceitos gerais necessários à compreensão do problema

e das soluções adotadas incluindo: os efeitos da construção de aterros sobre solos

moles com fundações próximas, técnicas de estabilização de aterros sobre solos

moles, vibro-substituição (colunas de brita), contenção lateral em “terra armada”. Ao

final há uma apresentação da solução pelo Método dos Elementos Finitos que será

usado nas análises.

2.1 Efeitos da Construção de aterros sobre solos moles em estruturas

próximas

Qualquer sobrecarga aplicada diretamente sobre o solo induz tensões e

deslocamentos no interior da massa de solo, tanto na direção vertical com na direção

horizontal. Se houver uma estrutura sobre estacas próximas, e a sobrecarga for

assimétrica a ela, as estacas terão impedimento à deformação do solo e estarão

sujeitas a empuxo horizontal.

Segundo Tschebotarioff (1962), para a avaliação dos esforços de flexão em estacas

devido à sobrecarga assimétrica, há que se distinguirem duas condições limite. No

primeiro caso, as estacas atravessam solos arenosos fofos, suscetíveis de

deformações até elevadas por ação de tensões altas como, por exemplo, na base de

muros de arrimo com fundação direta. Porém, não sofrem recalques consideráveis,

por exemplo, pelo reaterro. Nestas condições, as tensões de flexão em estacas são

muito baixas, podendo ser desprezadas. No segundo caso, as estacas são cravadas

através de uma camada de argila mole, que não é comprimida, mas apenas deslocada

pela cravação das estacas. Este depósito argiloso, ainda mais se amolgado, sofrerá,

pela ação de uma sobrecarga, primeiro deslocamento horizontal (a volume constante)

e depois adensamento, ambos causando solicitação nas estacas.

Nessa situação, se não for possível alterar a sobrecarga e distância ao

estaqueamento, convém pensar em remover ou estabilizar o solo mole, de modo a

minimizar ou evitar o fenômeno. Para tanto serão apresentadas no item 2.2 as

técnicas de estabilização e reforço de aterros sobre solos moles.

No item seguinte apresentam-se algumas das principais pesquisas e contribuições

extraídas da pesquisa bibliográfica de Bernadete R. Danziger para um seminário,

apresentado em 1990, como parte dos requisitos para a qualificação para o

doutoramento na COPPE-UFRJ. Existem outras pesquisas na área, mas essas foram

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4

selecionadas com o objetivo de fornecer subsídio para o entendimento dos casos

estudados nesta dissertação.

2.1.1 Principais pesquisas e contribuições

i. Contribuição de Tschebotarioff

Tschebotarioff (1962) levantou vários casos de muros de arrimo sobre estacas que

apresentaram problemas de flexão e mesmo ruptura de estacas. Neste primeiro

trabalho admitiu-se que a magnitude e a distribuição de tensões laterais provenientes

de uma sobrecarga unilateral em estacas atravessando camadas de argila mole era

difícil de ser determinada, uma vez que não dispunha ainda de resultados de

instrumentações. Assim, na falta de um critério mais rigoroso, recomendou, para uma

estimativa grosseira do momento fletor nas estacas, que as tensões laterais deveriam

ser representadas por um carregamento triangular com ordenada máxima, no centro

da camada compressível, de:

H2BKph γ= (2.1)

onde B = largura da estaca

Hγ = tensão correspondente a um aterro de altura H

K = coeficiente de empuxo

O coeficiente de empuxo K, para um depósito normalmente adensado e não

amolgado, pode ser tomado como 0,4 ou 0,5.

As estacas da fileira mais próxima do aterro deveriam ser dimensionadas como vigas

simplesmente apoiadas com vão igual à espessura da camada argilosa.

Tschebotarioff (1962) recomendou a utilização, nestes casos, de estacas com elevada

resistência à flexão e, principalmente, que causassem pequeno deslocamento quando

da cravação, como por exemplo, perfis metálicos e estacas tubulares.

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5

Figura 2.1 – Proposta de Tschebotarioff: (a) caso em que a estaca pode ser considerada engastada no bloco; (b) esquema de cálculo para esse caso e (c) caso

em que a estaca não pode ser considerada engastada no bloco

Pesquisa em Allamuchy, New Jersey, em 1970

A firma de consultoria King and Gavaris, para a qual trabalhava Tschebotarioff, foi

contratada pelo New Jersey State Highway Department para pesquisa sobre empuxo

em estacas. O Highway Research Board, embora reconhecesse a necessidade de se

prever esforços de flexão em estacas de encontros em regiões de argilas moles,

considerava que as especificações Standard Specifications for highway Bridges da

AASHO apresentam um tratamento excessivamente simplificado do problema.

A pesquisa, que incluiu a instrumentação de estacas em uma ponte em Allamuchy, foi

descrita por Tschebotarioff (1967) e King e Gavaris (1970). Tschebotarioff (1970,

Page 16: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

6

1973), após a análise dos resultados da instrumentação, manteve o diagrama de

tensões triangular que sugerira anteriormente, recomendando, entretanto, uma

redução na tensão ph para:

zh BKp σ∆= (2.2)

onde zσ∆ é o acréscimo de tensão vertical devido à ação do aterro, no centro da

camada argilosa e junto à estaca.

Velloso e Lopes (2011) recomendam o uso de 2B ao invés de B, conforme a equação

2.2, considerando que a faixa de solo envolvida no empuxo da estaca tem uma largura

2 vezes a largura da estaca.

Quanto às condições de apoio, no caso da estaca estar engastada no bloco e o solo

superficial ser resistente, Tschebotarioff (1973) recomenda considerar a estaca

rotulada na base da argila e engastada no bloco, como a figura 2.1 (a). O momento

fletor na ligação com o bloco e o momento máximo são dados por:

( )

2

22

b2L

aLRaM

−−= (2.3)

+−+=

3

3

max L

a

L

3a2

2

RaM (2.4)

onde R é a resultante do empuxo:

2

tp0,9R h+= (2.5)

Page 17: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

7

Figura 2.2 – Relação entre tensão aplicada (dividida por uma peso específico de aterro de g=18kN/m3) e consequências, em função da resistência da argila

(Tschebotarioff, 1973)

No caso de haver dúvida quanto ao perfeito engastamento da estaca no bloco, a

solicitação máxima pode ser avaliada supondo-se a estaca bi-rotulada.

Tschebotarioff (1973) recomenda que em todos os casos onde a tensão do aterro

superar 3 vezes a resistência não drenada da camada argilosa, atenção especial deve

ser dada aos esforços de flexão nas estacas. Esta tensão corresponde a um fator de

segurança de 1,7 em relação à ruptura do aterro (que romperia com uma tensão da

ordem de 5 Su), indicando que um fator de segurança menor do que este deve ser

evitado.

ii. Contribuição de Wenz

Wenz (1963), citado por Sinniger e Viret (1975), baseou seu estudo em modelos

reduzidos e propôs um método em que a estaca é considerada como simplesmente

apoiada nos níveis superior e inferior da camada mole, sendo submetida ao diagrama

de tensões limite que se desenvolverá quando da ruptura do solo de fundação do

aterro. O método permite considerar o efeito de grupo (Schenck, 1966) para um grupo

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8

de estacas, a tensão aumenta em função da relação B/a, sendo B a largura ou

diâmetro da estaca e a o espaçamento entre eixos.

Para uma estaca isolada, o diagrama retangular de tensões que atua no trecho de seu

comprimento embutido na camada argilosa, por ocasião da ruptura do solo de

fundação, tem ordenada pu da forma:

( ) uu S22Bp π+= (2.6)

Para a estaca num grupo, o diagrama de tensões é multiplicado por um coeficiente

ψ (tal que uu pp' ψ= ), obtido através da figura 2.3 a partir da relação B/a.

Figura 2.3 – Método de Wenz

iii. Testes em Zelzate pela Franki

A firma Pieux Franki testou em 1963 quatro estacas de diferentes tipos com objetivo

de avaliar, na obra da Siderúrgica em Zelzate, Bélgica, a influência da estocagem de

placas de aço em fundações próximas. A sobrecarga devida às placas metálicas foi

simulada por um aterro de areia co 16 m de altura, contido lateralmente por uma

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9

estrutura de arrimo. As estacas, previamente instaladas a 1,3 m do muro, tinham as

seguintes características:

Estaca tubular de aço com 90 cm de diâmetro e espessura da parede de 1,5cm

colocada num furo de 1,28 m de diâmetro. No interior do tubo foram instalados

defôrmetros ao longo de duas verticais diametralmente opostas. O espaço anelar entre

a estaca e o furo foi preenchido pela areia fina.

Estaca de concreto pré-moldado fortemente armada (4,27% de taxa de armação), com

diâmetro de 60cm, instalada num furo de 1,07m de diâmetro. No interior da estaca foi

deixado, antes da concretagem, um tubo plástico de 6cm de diâmetro com o objetivo

de se medir as deformações horizontais da estaca. Foram colocados 24 defôrmetros

(strain gauges) nas armaduras longitudinais. O espaço anelar entre a estaca e o furo

foi preenchido com areia fina.

Estaca pré-moldada de concreto armado com 45cm de diâmetro e 0,75% de taxa de

armação, instalado num furo de 0,80m de diâmetro, de modo semelhante às

anteriores.

Figura 2.4 – Esquema dos testes em Zelzate: extensão aproximada do aterro = 54m

O subsolo local é constituído por areia de compacidade crescente com a profundidade,

fofa na superfície e chegando a compacta a cerca de 15m de profundidade. As

estacas tinham comprimentos entre 24 e 28m, e suas cabeças foram impedidas de se

deslocar. Na última etapa de carregamento (250 kN/m2), o momento fletor atingiu

1260kNm para a estaca de 90cm e 265kNm para a estaca de 60cm. O deslocamento

horizontal máximo do solo ocorreu na camada de areia fofa e atingiu 6cm para a

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10

sobrecarga máxima, enquanto as estacas, com topo restrito, se deslocaram abaixo da

superfície até 2cm.

iv. Testes no Norte da Alemanha por Leussink e Wenz

Leussink e Wenz (1969) apresentaram testes em um local no Norte da Alemanha onde

um depósito para minério seria responsável por uma sobrecarga de 300 kN/m2. O

subsolo consiste de uma camada superficial de 4 a 5m de aterro hidráulico,

sobrejacente a uma espessa camada de argila mole (cerca de 15m), abaixo da qual

aparece espessa camada de areia. A resistência não drenada inicial da argila mole é

cerca de 20 kN/m2 (após adensamento a 300 kN/m2 a resistência atinge 100 kN/m2).

Para manipulação do minério através de um pórtico rolante, foram previstas, para

suporte dos trilhos, vigas-caixão, em concreto armado, apoiadas sobre estacas. De

forma a avaliar o carregamento horizontal nas estacas, três estacas metálicas de

seção quadrada de 85 cm de lado foram instrumentadas e cravadas até a camada

inferior de areia. As extremidades superiores das estacas foram ligadas à viga caixão.

Durante o primeiro ano de observação a sobrecarga proveniente de um aterro arenoso

chegou a 160kN/m2 e, durante o segundo, 280kN/m2. Para uma sobrecarga de

180kN/m2 os deslocamentos horizontais do solo atingiram 50cm e aí se deu a ruptura

de uma estaca. Para a sobrecarga máxima, a estaca, já rompida, se deslocou até

80cm. Após os testes, Leussink e Wenz (1969) optaram pela solução de utilização de

drenos de areia para melhorar as características do material de fundação.

v. Contribuição de De Beer e Colaboradores

Em três trabalhos de De Beer e colaboradores (De Beer e Wallays, 1969, 1972; De

Beer, 1972) encontra-se uma proposta de método empírico para diversas situações de

carregamento próximo a estacas. Com base nos resultados das pesquisas de Heyman

e Boersma (1961) e de Leussink e Wenz (1969), De Beer e colaboradores distinguiram

dois casos:

• As tensões cisalhantes são consideravelmente menores que os valores de

ruptura.

• As tensões cisalhantes se aproximam dos valores de ruptura

Caso A

De Beer e Wallays (1972) indicam este método apenas quando o fator de segurança

global, desprezando a presença das estacas, for superior a 1,6.

Page 21: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

11

Quando a sobrecarga atuante é uniforme (figura 2.5), a tensão horizontal ph nas

estacas, na camada sujeita às deformações horizontais, é igual à sobrecarga q

atuante, ou seja:

ph=q

Figura 2.5 – Tensão horizontal ph nas estacas no caso de sobrecarga uniforme (De Beer e Wallays, 1969)

Quando a tensão horizontal não é uniforme, mas sim definida por um talude, como na

figura 2.6, um fator de redução f, dado por:

22

2f

'

'

ϕ−π

ϕ−α= (2.7)

é introduzido, obtendo-se:

ph=fq (2.8)

onde α é o ângulo de um talude fictício, dado em radianos, definido na figura 2.6, e 'ϕ

o ângulo de atrito efetivo do solo.

A tensão ph pode ser multiplicada pela largura ou diâmetro da estaca.

Como os autores se basearam num material com peso específico 18kN/m3, para um

material qualquer é preciso calcular uma altura fictícia do talude, dada por:

18

kHHf

γ= (2.9)

onde Hf = altura do talude fictício

Page 22: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

12

H=altura real dos taludes

kγ =peso específico do material do talude real em kN/m3

Figura 2.6 - Estacas submetidas a tensões laterais na vizinhança de um talude

O cálculo dos momentos fletores deve ser feito com as condições indicadas na figura

2.7.

De Beer e Wallays (1972) ressaltam também que o método semi-empírico proposto é

aproximado e serve para a estimativa do valor máximo do momento fletor. O método

não fornece a variação do momento fletor ao longo da estaca e, portanto, por

Page 23: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

13

segurança, as estacas devem ser armadas em todo seu comprimento para o máximo

momento calculado.

Figura 2.7 – Exemplo de condições de contorno de deslocabilidade horizontal

Caso B

No caso em que o fator de segurança à ruptura global é baixo, as estacas estarão

submetidas a um carregamento muito maior do que o indicado pelo método acima.

Nesta situação, De Beer e Wallays (1972) e De Beer (1972) recomendaram que o

carregamento horizontal máximo atuante na estaca seja calculado com base no

trabalho de Brinch-Hansen (1961), considerado uma região de influência para cada

estaca 3 vezes o seu diâmetro.

vi. Observações de Aoki

Aoki (1970) relata a ocorrência de esforços horizontais em estacas devidos à

execução de aterros de acesso a pontes construídas na BR-101 no Rio Grande do

Norte. Durante a realização dos serviços de terraplanagem de uma das pontes, sobre

o Rio Curimataú, ocorreu ruptura da camada de argila mole e foram observados

desaprumos e fissuras em vários pilares. Os deslocamentos, medidos na altura dos

blocos, atingiram valores de até 20cm. Diante deste fato, foi realizado um programa

mais detalhado de reconhecimento do subsolo, que revelou a ocorrência de um

afundamento acentuado do aterro na argila mole. Algumas avaliações de esforços

com base na literatura indicaram solicitações de flexão nas estacas muito superiores à

sua capacidade resistente. As fundações em estacas tipo Franki e estacas tubadas

foram reforçadas com estacas metálicas (perfis duplo I 12” com reforço). A cravação

desta estacas foi inicialmente prevista com reação na estrutura, mas verificou-se, no

Page 24: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

14

decorrer dos serviços, que era possível realizar a cravação com bate-estacas colocado

em cima da ponte. Como solução complementar, visando diminuir a sobrecarga, foi

prevista a execução de um novo aterro de acesso provido de vazios criados por

bueiros metálicos tipo ARMCO.

vii. Contribuição de Marche e Lacroix

O estudo de Marche e Lacroix (1972) se baseia na análise de quinze pontes nas quais

foram observados movimentos apreciáveis dos encontros. Para cada uma dessas

pontes os autores examinaram as condições do subsolo local, o tipo das fundações, a

sequência de construção e a natureza e amplitude dos movimentos observados. A

partir desta análise, Marche e Lacroix (1972) tentaram caracterizar as condições para

as quais existe grande probabilidade de movimentação excessiva em encontros de

pontes projetados de acordo com os métodos convencionais.

Os movimentos horizontais dos encontros são definidos pelo aumento (ou diminuição)

da distância inicial entre o tabuleiro e o encontro. Os movimentos são considerados

positivos quando se referem a um afastamento do encontro em relação ao tabuleiro da

ponte e negativos caso contrário, como mostrado na figura 2.8.

Page 25: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

15

Figura 2.8 - Notação utilizada (Marche e Lacroix, 1972)

Os quinze casos analisados apresentavam geometria da obra e condições de subsolo,

muito diversas. Os autores, então, procuram realizar sua análise segundo dois critérios

distintos:

Uma análise qualitativa, resultando da observação, permitindo definir as condições

gerais para as quais ocorreriam movimentos;

Uma análise quantitativa, baseada nos princípios da análise dimensional, sendo

variáveis escolhidas indicadas na figura 2.8.

Como resultado da análise quantitativa, Marche e Lacroix (1972) observaram a

ocorrência de três tipos de movimento. No primeiro caso (figura 2.9 (a)), movimentos

positivos foram observados em encontros que se situavam à meia altura do aterro. O

Page 26: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

16

trecho inferior do aterro mobiliza um empuxo que restringe a movimentação do trecho

superior das estacas e o encontro gira na direção do aterro. No segundo caso (figura

2.9 (b)), os movimentos observados são negativos. Os encontros, nestes casos,

apresentam a mesma altura do aterro e a camada de argila mole não mobilizava o

empuxo necessário para restringir a translação do encontro no sentido do tabuleiro da

ponte. No terceiro caso (figura 2.9 (c)), os encontros observados são positivos. As

cabeças das estacas se deslocam contra o aterro. A presença do aterro sob a região

do tabuleiro mobiliza um empuxo suficiente.

Figura 2.9 – Movimentos observados (Marche e Lacroix)

Quanto às amplitudes dos movimentos, os autores ressaltam que para as 15 pontes

consideradas, o nível de carregamento superou o limite correspondente ao início das

deformações plásticas segundo o critério de Tschebotarioff (1970). Os casos onde

foram registrados os maiores movimentos correspondem aos maiores valores da

relação uz Sσ∆ , sendo zσ∆ o acréscimo de tensão vertical na superfície da camada

mole. Nos casos em que foram observadas estacas rompidas, o nível de

carregamento se aproximava do correspondente à capacidade de carga de uma

sapata corrida.

Quanto a sequência de construção, em todas as pontes analisadas as estacas foram

instaladas antes da construção do aterro. Marche e Lacroix (1972) enfatizaram o

caráter prático da pesquisa de Tschebotarioff (1970) em que, após o adensamento

parcial da camada argilosa sob a ação de um trecho de aterro tal que u3S<σ∆ z , a

construção da parte final do aterro não ocasionou movimentos nem esforços

adicionais.

Page 27: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

17

Quanto à estabilização dos movimentos, Marche e Lacroix (1972) observam que, em

14 das 15 pontes analisadas, os movimentos se estabilizaram alguns anos após a

construção dos aterros. Tal fato foi atribuído ao ganho de resistência devido ao

adensamento sob ação do aterro. Para uma das pontes, 20 anos após sua construção,

as deformações não se estabilizaram apesar da instalação de um escoramento entre

os encontros. Tais movimentos, segundo os autores, têm características de fluência

(creep), cujas condições na época não pareciam claramente estabelecidas.

Na análise quantitativa, os autores procuravam definir o nível de carregamento mínimo

para o qual se iniciam os movimentos, levando em conta a rigidez das estacas e

compressibilidade da camada argilosa. As variáveis escolhidas para caracterizar o

fenômeno estudado, além de uS e zσ∆ , são:

E=módulo de Young equivalente obtido da análise de recalques dos aterros

L4/I = relação entre a quarta potência do comprimento definido na figura 2.8 e o

momento de inércia da seção da estaca

Ep = módulo de elasticidade do material da estaca

As variáveis adimensionais escolhidas são:

uz Sσ∆ = variável que caracteriza o nível de carregamento

L4/EpI = rigidez relativa solo-estaca

A figura 2.10 apresenta, em função das variáveis adimensionais, os pontos

correspondentes às 15 pontes analisadas. A envoltória desses pontos define o nível

de carregamento mínimo provável para o qual se iniciam os movimentos. Esta

envoltória define dois domínios: o primeiro engloba os pontos correspondentes às 15

pontes analisadas e que representa o domínio em que movimentos apreciáveis são

muito prováveis, o segundo domínio não engloba nenhum ponto representativo de

pontes cujos encontros tenham sofrido deformações apreciáveis sendo, portanto, o

domínio em que movimentos apreciáveis são pouco prováveis.

Do ponto de vista prático, se a sequência de construção consiste da instalação das

estacas antes da construção dos aterros ou durante sua construção, a figura 2.10

permite a verificação da possibilidade de uma movimentação apreciável dos

encontros.

Page 28: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

18

Figura 2.10 – Nível de carregamento provável que indica deslocamentos apreciáveis (Marche e Lacroix, 1972)

Outra tentativa dos autores, na análise quantitativa, foi a de definir os movimentos

máximos prováveis dos encontros com fundações em estacas de aço atravessando

camadas de argila mole. Como variáveis que caracterizam o fenômeno, foram

escolhidas, além de Su,L4/I e Ep, definidas anteriormente,

ω= recalque do aterro

ν = deslocamento horizontal do topo do encontro

As variáveis adimensionais escolhidas são:

ων =deslocamento relativo

SuL4/EpI = flexibilidade relativa solo-estaca

Os pontos representativos daquelas pontes construídas sobre as estacas de aço estão

apresentados na figura 2.11. A envoltória desses pontos define o deslocamento

relativo máximo provável dos encontros. Com base nos recalques, na resistência ao

cisalhamento da argila e na flexibilidade das estacas é possível se estimar, portanto, o

deslocamento máximo provável de um encontro sobre estacas de aço. Convém

ressaltar que os dados que deram origem à figura 2.11 se referem a encontros

assentes à meia altura dos aterros.

Page 29: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

19

Marche e Lacroix (1972) concluem seu trabalho sugerindo o seguinte procedimento

para a análise de fundações dos encontros de pontes:

As estacas devem ser verificadas de forma a resistirem às cargas transmitidas pelo

encontro e àquelas transmitidas por atrito negativo.

Se a tensão transmitida pelo aterro superar 3 Su, há riscos de deformações plásticas

no interior da massa de solo e, consequentemente, movimentos dos encontros como

pode ser verificado na figura 2.10.

Caso se trate de encontro assente em estacas de aço à meia altura do aterro, a figura

2.11 fornecerá uma indicação dos movimentos máximos prováveis. Neste caso, pode

ser empregado um dispositivo de apoio do tabuleiro que permita deslocamento do

encontro sem afetar a funcionalidade da obra.

Uma solução simples para o problema de movimentação excessiva consiste no pré-

carregamento (eventualmente com emprego de drenos verticais) nas vizinhanças dos

encontros antes da instalação das estacas.

Aqueles autores também sugerem, além do pré-carregamento e da redução do peso

do aterro, uma estrutura constituída de uma rampa de acesso à ponte.

Tschebotarioff, em discussão ao trabalho de Marche e Lacroix (1972), comenta que a

utilização de estacas inclinadas nas fundações dos encontros é um meio eficaz de

resistir à tendência de deslocamentos dos encontros. Sugere que a falta de estacas

inclinadas em ambas as direções e com adequada rigidez a flexão ocasionou os

momentos negativos relatados por Marche e Lacroix (1972).

Page 30: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

20

Figura 2.11 – Deslocamentos relativos em função da flexibilidade relativa (Marche e Lacroix, 1972)

viii. Contribuição de Poulos

Poulos (1973) desenvolveu uma solução para a análise de uma estaca isolada

embutida num solo - considerado um material elástico ideal, isotrópico, com módulo de

Young E e coeficiente de Poisson ν - que esteja sujeito a movimentos horizontais. A

estaca é analisada como um a viga vertical, dividida em elementos e o solo dividido no

mesmo número de elementos, sendo νp a máxima tensão horizontal capaz de ser

exercida na estaca (variável com a profundidade).

A solução do problema é obtida pela imposição de compatibilidade de deslocamentos

da estaca e do solo adjacente. Os deslocamentos da estaca são obtidos da equação

de flexão de uma viga. Os deslocamentos do solo são decorrentes tanto da

sobrecarga imposta como das tensões devidas à interação entre estaca e o solo. Os

deslocamentos provenientes desta interação são obtidos pelas equações de Mindlin.

Esta solução se baseia numa distribuição inicial admitida para os deslocamentos do

solo, o que, na prática, é o parâmetro mais difícil de ser obter previamente à

Page 31: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

21

construção do aterro. Este método requer também os valores de E e py para cada

profundidade, bem como as características físicas da estaca.

Figura 2.12 – Distribuição inicial assumida para os deslocamentos do solo (Poulos, 1973)

Poulos (1973) montou um sistema de equações pelo Método das Diferenças Finitas.

Na primeira interação do cálculo numérico, a deformação do solo é igual à deformação

admitida, sendo determinados os deslocamentos e consequentemente, as tensões

horizontais atuantes na estaca. Se para algum elemento a tensão horizontal calculada

superar a tensão horizontal máxima py, uma nova interação deverá ser procedida

substituindo-se p, a tensão calculada, por py. Com esses deslocamentos e tensões

finais os esforços na estaca podem ser determinados.

Acredita-se que o interesse principal do trabalho de Poulos (1973) esteja na

verificação de influência de diversos fatores sobre o comportamento da estaca. Os

fatores estudados por Poulos foram: (i) flexibilidade relativa, (ii) condições de contorno,

(iii) distribuição dos movimentos do solo, (iv) magnitude dos movimentos do solo, (v)

diâmetro da estaca e (vi) distribuição de E e Py.

Para ilustrar, na figura 2.13 é apresentado o efeito da rigidez relativa para os casos de

extremidade livre e extremidade impedida. Pode-se observar que quanto mais flexível

a estaca, mais seus deslocamentos se aproximam do deslocamento do solo e

menores os esforços nela atuantes.

Page 32: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

22

Figura 2.13 – Distribuição inicial assumida para os deslocamentos do solo (Poulos, 1973)

Poulos (1973) recomenda para aplicação a problemas práticos, os seguintes

procedimentos: os movimentos iniciais do solo sob a ação da sobrecarga podem ser

estimados a partir da Teoria da Elasticidade, por uma análise de elementos finitos ou,

preferencialmente, a partir de leituras in situ feitas por inclinômetros; o módulo de

Young do solo pode ser avaliado por correlações: a tensão horizontal de escoamento

pode ser obtida através das recomendações de Broms (1965) ou Brinch-Hansen

(1961). Poulos (1973) comparou os resultados da aplicação de sua solução com os

resultados das medições de Heyman e Boersma (1961) e Leussink e Wenz (1969)

chegando a resultados satisfatórios, e concluiu que o método pode ser utilizado na

solução de problemas práticos.

Page 33: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

23

ix. Contribuição de Bigot, Bourges, Frank e Guegan

Bigot et al., (1977) comentam que os métodos de Tschebotarioff e De Beer e Wallays

são semi-empíricos e se propõe a estabelecer um novo método, que utilize resultados

de ensaios pressiométricos. Assim, monitoram uma estaca metálica (diâmetro 90cm)

instalada no pé do talude de um aterro com 7m de altura total (coeficiente de

segurança mínimo de 2,0) executado sobre uma camada turfosa. Foram medidas

deformações das fibras extremas da estaca a cada metro de profundidade, e o

deslocamento e rotação dos momentos fletores, esforços cortantes e tensão do solo

sobre a estaca. Os deslocamentos do solo foram medidos com inclinômetros. As

características geotécnicas do subsolo foram avaliadas com ensaios pressiométricos

(PMT).

A proposição desses autores consiste da utilização das curvas pressiométricas como

curvas de reação.

A equação básica do fenômeno é:

0yEIE 4p =∆+∆y (2.10)

onde EpI = rigidez à flexão da estaca

E= módulo horizontal do solo, função da profundidade e do nível de carregamento

se yyy −=∆ , sendo ye o deslocamento da estaca e ys o deslocamento do solo

Se ys puder ser representado por um polinômio de grau igual ou inferior a 3, a equação

2.10 pode ser escrita:

0yEIEp =∆+ (2.11)

Comparando os resultados obtidos experimentalmente com os resultados teóricos,

aqueles autores concluíram que a utilização das curvas pressiométricas constitui-se

numa metodologia satisfatória pela simplicidade de análise de um fenômeno

complexo, fornecendo valores da mesma ordem de grandeza daqueles medidos. O

método esbarra na necessidade do conhecimento prévio dos deslocamentos do solo,

ys, que no teste eram conhecidos.

Page 34: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

24

2.2 Técnicas de estabilização e reforço de aterros sobre solos moles

A construção de aterro sobre solo compressível (mole) dá início ao fenômeno de

adensamento que envolve, por si só, recalques da camada compressível, variáveis em

função da espessura da camada, das variações de propriedades e da sobrecarga

aplicada. Nos bordos do aterro, além da questão dos recalques verticais, há a questão

das movimentações horizontais na massa de solo mole, sinalizando o risco de

instabilidade global e do Efeito Tschebotarioff.

Para minimizar ou excluir os problemas originados pela elevada compressibilidade e

baixa resistência dos solos moles foram desenvolvidas técnicas que envolvem

processos de estabilização hidráulica, estabilização física e química e reforços nos

solos.

Os processos de estabilização hidráulica interferem no regime de fluxo da água

intersticial presente no solo, ou seja, alteram as condições hídricas, tais como a

posição do lençol freático, a direção da percolação ou os teores de umidade naturais.

Incluem sistemas de drenagem superficial, eletrosmolse, sobrecargas de aterros

compactados e drenos verticais.

Os processos de estabilização física envolvem alteração da geometria do sistema ou

utilização de dispositivos auxiliares, tais como bermas de equilíbrio, que atuam como

elementos laterais de compensação dos esforços induzidos pelas sobrecargas sobre

solo mole.

Os processos de reforço modificam as características do solo mediante a inclusão de

materiais capazes de resistir aos esforços atuantes, particularmente os geossintéticos.

O uso concomitante destes processos é bastante comum na prática da engenharia

geotécnica, visto que, em muitos casos, esta interação garante uma maior resistência

e uma menor deformidade do solo.

A seguir apresentam-se algumas soluções (Almeida e Marques, 2010) para

estabilização de aterros capazes de eliminar ou minimizar os efeitos das cargas

assimétricas sobre estruturas próximas.

i. Remoção parcial o total do solo mole

Nesse tipo de solução procura-se evitar o problema removendo-se a camada de solo

compressível e substituindo-o por solo de melhor resistência. É viável para pequenas

Page 35: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

25

espessuras (até 4m) se houver material de empréstimo disponível bem como áreas de

bota-fora.

ii. Construção de bermas de equilíbrio

A construção de bermas de equilíbrio nas bordas do aterro tem como objetivo

aumentar a estabilidade global introduzindo uma força contrária ao movimento de

instabilização do aterro. A técnica pode demandar ampla área para construção e

grandes volumes de empréstimo. A experiência da autora tem mostrado que o

aumento da extensão, quando possível, é bem mais eficiente que o aumento da altura

das bermas, afastando as cargas assimétricas da estruturas, diminuindo assim seus

efeitos.

iii. Construção de aterro por etapas

A construção de aterro por etapas visa tirar proveito do fenômeno de adensamento,

onde se dá o aumento da resistência do solo mole ao final do processo. O método

consiste no carregamento do solo com uma carga inferior à carga final do projeto,

desse modo não ultrapassando a capacidade de suporte. O principal objetivo é

melhorar a resistência do solo mole, através do aumento das tensões efetivas, que

ocorre devido à dissipação do excesso de poro-pressões gerado ao longo do tempo.

O que pode se constituir num problema a respeito desse método é o tempo de espera.

Quando o tempo a se aguardar para que haja o melhoramento do solo é muito

elevado, essa solução pode ser associada a outros métodos que acelerem a

dissipação das poro-pressões, tais como drenos verticais.

iv. Emprego de drenos verticais para acelerar os recalques

Os drenos verticais têm a função de acelerar o adensamento do solo através do

acoplamento da drenagem vertical com a drenagem radial. O princípio da teoria dos

drenos consiste na redução das trajetórias de fluxo das partículas de água sem

alteração do valor do recalque final, porém com substancial redução do tempo de

adensamento. Essa técnica, associada com a aplicação de sobrecargas, é capaz de

acelerar os recalques e melhorar as propriedades do solo de fundação.

v. Aterro reforçado com geossintéticos

Este método consiste na inclusão na base do aterro de materiais poliméricos, de

elevada resistência à rigidez, aumentando-se o fator de segurança do sistema em

Page 36: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

26

termos de estabilidade global, durante o processo executivo e nas fases subsequentes

de adensamento do solo de fundação.

Os elementos introduzidos podem ser geotêxteis ou geogrelhas, que são elementos

bidimensionais, diferenciados pelos mecanismos de interação solo-reforço. No caso

dos geotêxteis, a interação resulta basicamente do atrito gerado pela interface entre o

solo e a superfície do reforço. No caso das geogrelhas, os mecanismos responsáveis

pela condição estabilizadora do aterro reforçado são resultantes do atrito e da

resistência passiva ou ancoragem.

Os modelos potenciais de ruptura incluem a instabilização interna por arrancamento e

por deslizamento ou escorregamento, a instabilização através da fundação e a

instabilização global.

vi. Aterros estaqueados

Em aterros estaqueados, as estacas atuam como elementos rígidos capazes de

absorver uma parcela elevada das cargas transmitidas pelo aterro, transferindo-as às

camadas mais resistentes do subsolo.

As estacas com capitéis absorvem uma parcela maior do carregamento, devido a

maior área de contato com o aterro. Isto ocorre devido ao efeito de arqueamento do

material do aterro com a deformidade do solo mole. Quando a fundação é muito

compressível e em função dos espaçamentos entre os capitéis, o efeito de arco é

reduzido, tornando-se necessária a inserção de geossintético na interface aterro-solo-

capitel, de modo a corrigir a distribuição das tensões (Macêdo, 2002).

2.3 Coluna de Brita

2.3.1 Conceitos gerais

A seguir são apresentados os conceitos básicos necessários ao entendimento e ao

dimensionamento das colunas de brita. O tratamento de uma grande área com

colunas de brita requer a adoção de uma distribuição uniforme. Para tanto, é

necessário que seja estudado o espaçamento entre as colunas e o tipo de distribuição.

Normalmente são usadas as distribuições em triangulo ou em quadrado e, mais

raramente, em hexágono apresentadas na figura 2.14. Para cada uma das

distribuições, cada coluna corresponde a uma célula com um determinado raio de

influência. A relação entre o diâmetro de influência e o espaçamento entre as colunas

Page 37: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

27

de brita pode ser 1,05 para distribuição triangular, 1,13 para distribuição quadrada e

1,29 para distribuição hexagonal, respectivamente (Balaam e Poulos, 1983).

Figura 2.14 – Malhas de distribuição de colunas de brita

O conceito de célula unitária, composta pela coluna granular e os solo circundante

(área de influência da coluna), vizinha a outras células unitárias, considera um

carregamento vertical instantâneo e o carregamento unidimensional vertical da coluna.

A adoção deste conceito acarreta que as deformações radiais na área da célula

unitária serão consideradas nulas. Assim uma das condições de contorno da célula é a

impossibilidade de deslocamento horizontal da área externa da célula. A tabela 2.2

apresenta área e raios de influência para diferentes tipos de malha.

Tabela 2.2 – áreas de influência para diferentes tipos de malha

As colunas granulares podem ser divididas em dois tipos quanto a transferência de

carga: colunas fixas (ou totalmente penetrantes) ou flutuantes. As colunas fixas são

aquelas assentes em solo competente, onde este solo terá recalques com magnitudes

inferiores ao do conjunto coluna granular/ solo compressível quando for submetido à

carga transferida pelas colunas granulares. As colunas flutuantes são aquelas que têm

a sua base assente na camada compressível. As colunas flutuantes têm maior

Page 38: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

28

interesse quando se deseja aumentar a estabilidade do conjunto aterro-solo mole, por

aprofundarem o círculo crítico de ruptura.

O coeficiente de substituição (CS), também denominado como as ou taxa de

substituição (em porcentagem) é a razão entre a área da coluna granular dividida pela

área de influência da coluna, dada pela expressão:

(%)aAA

A

A

ACS s

solcol

colcol =+

== (2.12)

onde Acol = área da coluna granular

Asol = área do solo ao redor da coluna

A = área de influência da coluna

O diâmetro da coluna (d) pode variar ao longo da profundidade dependendo do

método construtivo, variando-se assim, o valor do CS. É usual, então, adotar o valor

médio do diâmetro da coluna realizada. Domingues (2005) e FHWA (1983) comentam

que os valores de CS variam entre 0,1 e 0,35

O fator de concentração de tensões (FC), dado pela expressão 2.13, representa a

capacidade de concentração de tensões efetivas verticais nas colunas granulares

devido ao efeito de arqueamento das tensões, pois estas possuem maior rigidez do

que o solo natural, sendo de grande importância para a obtenção da magnitude do

melhoramento do solo. A figura 2.15 apresenta o modelo de distribuição das tensões,

considerando-se uma seção ao longo de uma sequência de colunas.

(sol)

(col)FC

v

v

'

'

σ∆

σ∆= (2.13)

Figura 2.15- Fator de concentração de tensões

Page 39: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

29

Domingues (2005) realizou análises numéricas, utilizando-se modelos constitutivos

com a consideração do adensamento, onde apresentou que o FC varia ao longo da

profundidade, devido ao efeito de arqueamento ao longo a profundidade do solo

compressível e também em função das tensões cisalhantes na interface do solo

natural e a coluna (figura 2.16). Devido ao processo de adensamento e os recalques

das camadas compressíveis o FC varia com o tempo. A existência de diferentes

extratos com diferentes características geotécnicas conduzem a diferentes valores de

FC. Adota-se usualmente o valor de FC como o valor máximo ao final do processo de

adensamento no topo das colunas granulares.

Figura 2.16 – Distribuição de tensões (Domingues, 2005)

O fator de redução de recalques (FRR) também denominado fator melhoramento

(“improvement factor”) e designado pela letra η na metodologia de Priebe (1995)

traduz a melhoria da capacidade de carga do solo de fundações em função da

redução dos recalques.

O FRR, dado pela expressão 2.14, é a relação do recalque (ρ ) previsto, que ocorreria

no solo natural e solo melhorado com colunas de brita.

Page 40: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

30

( )nas)ρ(com_colu

ssem_colunaρFRR = (2.14)

2.3.2 Capacidade de Carga

As colunas granulares são compostas por materiais que não possuem coesão interna

e que ao serem carregados verticalmente tendem a se deformar radialmente,

diferentemente da coluna rígida. Esta deformação lateral é maior nas camadas

superiores do solo mole onde as tensões horizontais “in situ” são menores. A figura

2.17 apresenta uma comparação entre os comportamentos de estacas rígidas e de

estacas/colunas granulares. Da mesma forma que ocorre na estaca rígida, na coluna

granular as forças verticais da coluna são equilibradas pela resistência de ponta e pelo

atrito lateral.

Com a tendência de deformação radial da coluna há o aparecimento de uma tensão

passiva no solo envolvente que é radial à coluna, chamada tensão de confinamento

radial ( rσ ).

Figura 2.17 – Comparação entre coluna rígida e granular

A seguir apresenta-se a pesquisa sobre os tipos de ruptura, parte do trabalho de

qualificação para o doutorado de Lima (2012).

2.3.2.1 Tipos de ruptura

(i). Colunas isoladas

Conjuntamente com o cálculo de recalques esperados, a avaliação da capacidade de

carga da coluna de brita é de grande importância no uso de colunas granulares. Esta

Page 41: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

31

avaliação se deve a necessidade de compatibilidade de deformações verticais

excessivas.

Os primeiros mecanismos de ruptura de colunas granulares em solos compressíveis

moles, quando estas estacas carregadas verticalmente e isoladas são:

• Excessiva expansão lateral (“bulging”) (2.18 (a));

• Ruptura por cisalhamento no topo da coluna (“shallow shear failure) (figura 2.18

(b));

• Insuficiência de resistência de ponta e atrito lateral (figura 2.18 (c)), válido tanto

para colunas isoladas quanto para colunas em grupo;

Figura 2.18 – Tipos de ruptura (FHWA, 1983)

O primeiro tipo de mecanismo de ruptura “bulging” (embarrigamento) - expulsão lateral

da coluna granular (figura 2.18 (a)) devido a insuficiência de confinamento lateral –

segundo Dayte (1982) é o mecanismo mais condicionante para a ruptura. Este tipo de

ruptura se dá numa determinada zona da coluna, situada próxima ao topo da coluna

granular. Segundo o autor, essa ruptura ocorre em profundidade até 4 vezes o

diâmetro da coluna. FHWA (1983) apresenta que essa ruptura ocorre em

profundidades de 2 a 3 vezes o valor do diâmetro da estaca.

A ruptura por cisalhamento no topo da coluna (figura 2.18 (a)) se assemelha ao

mecanismo de ruptura superficial de uma fundação rasa. Este tipo de mecanismo de

ruptura pode ser evitado substituindo a camada superficial do solo por um material

Page 42: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

32

mais competente (material granular bem compactado), ou, depositando uma camada

de material de aterro sobre a coluna granular e seu entorno. Estas soluções visam o

acréscimo de tensão vertical resistiva, bem como o aumento do ângulo de atrito da

superfície de ruptura, aumentando assim o fator de segurança.

A verificação da capacidade de carga da coluna granular é semelhante à de uma

estaca rígida. Deve-se verificar se a resistência lateral e de ponta apresentam um

valor do fator de segurança (FS) compatível com o projeto. A ruptura por insuficiência

da resistência lateral e de ponta é uma ruptura externa à coluna, que pode causar um

deslocamento vertical nas estruturas apoiadas sobre estas. O diâmetro da coluna

granular e seu comprimento são as principais características a serem modificadas

para que não ocorra esse tipo de ruptura. No caso de estacas granulares flutuantes

(não comuns no Brasil) a capacidade de carga deve ser bem estudada para que não

haja excesso de deformações verticais. Nos casos mais correntes, onde a coluna de

brita é assente em um substrato competente, as cargas transmitidas pela coluna,

levando-se em consideração os diâmetros normalmente utilizados, são menores que

as resistentes pelo solo de ponta.

FHWA (1983) descreve que o processo de ruptura de uma coluna granular sem

encamisamento, em função da relação comprimento/ diâmetro da coluna, ocorre da

seguinte forma:

Para colunas granulares com relação cumprimento diâmetro/ diâmetro, inferior a 4, a

maior parte das tensões verticais na coluna serão transmitidas a ponta (visto que não

há comprimento suficiente para mobilizar atrito ou coesão, lateralmente). Se o

comprimento da coluna for muito pequeno e a tensão na base da coluna for superior a

capacidade de carga de ponta, a ruptura por influência de capacidade de carga

ocorrerá antes da ruptura por expansão lateral.

Para colunas granulares com comprimentos superiores a 4 diâmetros, a coluna tem

sua carga basicamente resistida por atrito lateral, não havendo assim uma ruptura por

capacidade de carga da coluna, sendo o condicionante para a ruptura a expansão

lateral. Hughes e Withers (1974) comentam que em profundidade de 6 a 7 diâmetros,

as tensões verticais na coluna são praticamente nulas, pois toda a tensão está sendo

resistida por atrito lateral acima deste ponto. Assim, um aumento do comprimento da

coluna granular não melhora a sua capacidade de carga. Esta afirmação deve ser

verificada caso a caso, para as argilas moles do Rio de Janeiro o atrito lateral pode ser

muito baixo.

Page 43: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

33

Para colunas granulares com pontas em estratos rígidos, a resistência de ponta é

normalmente suficiente, assim a possibilidade de ruptura seria devido à expansão

lateral.

(ii). Colunas em grupo

FHWA (1983) comenta que colunas de brita em grupo apresentam (isoladamente)

capacidade de carga ligeiramente superior quando comparada ao valor obtido em uma

coluna isolada. Isto se deve ao fato de haver um confinamento das colunas centrais

devido à existência de colunas em volta, aumentando a rigidez do conjunto.

A verificação se há insuficiência de resistência de ponta e atrito lateral também deve

ser realizada em grupo de estacas. No caso de colunas de brita flutuantes deve-se

verificar o recalque a ocorrer, semelhante ao caso de um grupo de estacas rígidas

flutuantes.

Considerando-se um aterro de grandes dimensões sobre colunas de brita, há abaixo

do aterro recalques relativamente uniformes das colunas de brita e do solo mole

(FHWA, 1983). Pode também ocorrer, no caso de aterros do tipo rodoviário, um

espraiamento dos recalques (recalques maiores na região central do aterro), parecidos

com os observados em aterros sem colunas de brita (figura 2.19). Também deve ser

verificada a estabilidade lateral do aterro.

Figura 2.19 – Recalque em aterro rodoviário

Ambily e Gandhi (2007) apresentam (figura 2.20) o formato de colunas carregadas

isoladamente e em conjunto (carga rígida) durante um ensaio em escala em

laboratório. Observa-se nesta figura que a coluna com toda a área carregada não

possui um alargamento no topo. Etzad et al. (2009) discute o artigo apresentado por

Page 44: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

34

Ambily e Gandhi (2007) e comenta que diversos autores apresentam que o tipo de

ruptura por expansão lateral de colunas não é observado quando a taxa de

substituição é maior que 10%, e que usualmente o modo de ruptura em colunas em

grupo ocorre na forma de um cisalhamento cônico (figura 2.21).

Figura 2.20 – Deformações nas colunas após o carregamento (Ambily e Gandhi, 2007)

Figura 2.21 – Tipo de ruptura para um grupo de colunas (Etezad et al., 2009)

Etezad et al. (2009) também comentam que em obras com taxa de substituição inferior

a 10% a interação entre as colunas de brita pode ser negligenciada, assim as colunas

terão comportamento igual a colunas isoladas.

2.3.3 Estimativa de recalques

Dado ao interesse deste trabalho nas deformações nos solos devido a aplicação de

cargas e os efeitos dessas deformações em estruturas próximas, neste item

apresenta-se o método de Priebe para o cálculo dos recalques, o texto foi extraído da

pesquisa bibliográfica de Bruno Lima para o seu trabalho de qualificação ao Doutorado

em maio de 2010.

Page 45: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

35

2.3.3.1 Método de Priebe (1995)

2.3.3.2 A metodologia proposta por Priebe (1995) foi baseada na construção de

colunas de granulares instaladas pelo método de vibrosubstituição e não leva em

consideração a densificação do solo ao redor das colunas. Esta nova proposta é

baseada na proposição Priebe (1976), que vem sofrendo alterações ao longo do

tempo.

Priebe (1995) considera um comportamento elástico dos materiais e utiliza a teoria de

empuxos de Rankine. Outras considerações feitas são: o conceito de célula unitária,

coluna fundada em estrato rígido, material da coluna incompressível (a

compressibilidade da coluna será levada em consideração e outra etapa); os pesos

específicos da coluna e da argila não são considerados.

A partir das considerações efetuadas a coluna não pode romper por falta de

capacidade de carga, e qualquer recalque na área carregada é resultado da

deformação radial da coluna, que é constante em todo o comprimento da coluna (pois

foram desprezados os pesos dos materiais).

O autor assume que o material da coluna possa romper por cisalhamento enquanto o

solo ao redor responde elasticamente, e que o solo compressível é deslocado durante

a instalação da coluna, até o ponto em que a razão entre as tensões verticais e

horizontais corresponde ao estado líquido, com valor do coeficiente de empuxo K=1. O

resultado destas hipóteses foi expresso como o fator básico de melhoria n0 (Equação

2.15).

( )( )

++=

AA,.fΚ

AA,f0,5

A

A1n

csaC

csc0 ν

ν (2.15)

( ) ( ) ( )AA21

AA1.1AA,νf

cs

cscs +−

−−=

νν

(2.16)

( )245tanΚ 02aC ϕ−= (2.17)

O valor do coeficiente de Poisson igual a 31s =ν é adequado para a situação final de

recalque na maioria dos casos, levando a uma simplificação na Equação 2.15.

( )( )

−+= 1

1 AA.4.Κ

AAf5

A

A1n

caC

cc0 (2.18)

Page 46: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

36

A figura 2.22 apresenta a relação entre o fator n0, (representado como n), o ângulo de

atrito do material da coluna e a razão A/Ac.

Figura 2.22- Fator de melhoria do solo (Priebe, 1995)

Como o material da coluna é compressível (não considerando o efeito de

embarrigamento das colunas), Priebe (1995) introduziu um fator de correção no

cálculo do fator de melhoria. Para casos de troca total de solo por colunas (A/Ac=1), o

valor de n0 não terá magnitude infinita, o valor de n0 será no máximo igual ao valor da

razão entre o módulo de rigidez confinado do material da coluna e do solo (Dcol;Dsol).

Este valor máximo ocorre pois se houver toda a substituição da camada compressível

por material granular, ainda haverá deformações verticais (compressão do material

das colunas). O autor determinou qual o valor do CS onde o fator básico de melhoria é

igual a Dcol/Dsol. Assim como uma aproximação, a compressibilidade da coluna foi

considerada reduzindo-se o valor do fator de melhoria com a consideração de um

acréscimo no valor de A/Ac, acresce-se este valor ao valor de

cA/A∆ ( )ccc A/AA/AA/A ∆+= e utilizando a figura 2.23 novamente se obtêm o valor

n1.

Page 47: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

37

Figura 2.23 – Consideração da compressibilidade da coluna (Priebe, 1995)

A próxima etapa na metodologia proposta por Priebe (1995) foi a consideração do

peso da coluna e solo envolvente. A consideração destes novos fatores resulta que a

diferença de tensões iniciais cai assintoticamente e o embarrigamento das colunas é

reduzido proporcionalmente. Resumidamente, com o aumento da tensão vertical no

material circundante, as colunas passam a ter um melhor suporte lateral e

consequentemente passam a suportar uma carga maior.

Para essa consideração, o autor propôs um fator de profundidade, fd, que ao ser

multiplicado pelo valor n1 criaria um parâmetro de redução de recalques que seria

função da profundidade e da tensão aplicada, este novo parâmetro foi denominado

n2=fd.n1. O valor de fd pode ser calculado a partir da equação 2.19. Ressalta-se que

diversas hipóteses, simplificações e aproximações foram efetuadas para a obtenção

deste parâmetro, Priebe (1995) apresenta com maior detalhamento cada uma destas.

Uma hipótese que merece destaque é a não consideração da tensão aplicada na

superfície atuando no solo circundante, sendo assim a favor da segurança, pois não

considera um aumento nas tensões verticais, e consequentemente horizontais, no solo

circundante, gerando assim maiores recalques (maior embarrigamento das colunas).

( )

∆−

=∑

p

d.y.1

1f

sub

(2.19)

Page 48: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

38

onde o valor do fator de influência y deve ser calculado na figura 2.24, subγ e d∆ é o

peso específico submerso (ou natural quando acima do nível d’água), e espessura,

respectivamente, de cada camada de solo circundante que haja coluna de brita; p é a

tensão aplicada na superfície.

Figura 2.24 – Determinação do fator de profundidade

O autor indica que na equação 2.19 deverá sempre ser utilizado o menor valor de subγ

de cada camada de solo, sendo assim a favor da segurança.

Devido às aproximações utilizadas pelo método, há a necessidade da adoção de

controles de compatibilidade. O primeiro fator de compatibilidade tem como base o

valor máximo da força atuante na coluna, para que a coluna granular não apresente

um recalque maior que o recalque conjunto. Assim, o valor de fd pode ser calculado de

acordo com a figura 2.24, sendo seu valor sempre superior a unidade. Caso o valor de

fd seja inferior à unidade este não deve ser utilizado. Ressalta-se que foi mantido a a

mesma nomenclatura e símbolos utilizados por Priebe (1995), assim há uma

duplicidade de simbologia coma letra y.

O parâmetro y das figuras 2.24 e 2.25 não tem nenhuma correlação e são

completamente independentes.

Page 49: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

39

Figura 2.25 – Valor limite do fator de profundidade

Para que o recalque da coluna, devido a sua compressibilidade e a carga aplicada a

ela não seja maior que o recalque do solo em volta foi introduzido um limite ao valor

máximo do fator de melhoria (Equação 2.18).

−+= 1

D

D.

A

A1n

s

ccmax (2.20)

Ressalta-se que na equação 2.20 o valor de Ac/A deverá ser o valor real, e não o valor

cAA , modificado com o acréscimo.

2.4 Contenção Lateral em Terra Armada

2.4.1 Conceitos gerais

A norma NBR 9286 – Terra Armanda define terra armada como um sistema

constituído pela associação solo-aterro com propriedades adequadas, armadura (tiras

metálicas ou não) flexíveis colocadas, em geral, horizontalmente em seu interior, à

medida que o aterro vai sendo construído, e por uma pele ou paramento flexível

externo fixado às armaduras, destinado a limitar o aterro.

O maciço em terra armada é uma estrutura de contenção flexível do tipo gravidade

que tem se mostrado uma alternativa economicamente viável para a realização de

encontros de viadutos e aterros de grande altura devido ao seu processo construtivo e

seu comportamento, entre eles:

Page 50: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

40

vii. Facilidade de montagem mesmo em obras de grande altura;

viii. Velocidade de execução idêntica à de obras de terraplenagem convencionais;

ix. Eliminação de andaimes, escoramentos, concretagem “in situ” e compactação

manual;

x. Flexibilidade dos paramentos que permite adaptação do maciço a fundações

compressíveis.

2.4.2 Interação entre Solo e Reforço

A terra armada é um material composto. A introdução da armadura flexível permite

aumentar a capacidade do maciço de resistir a esforços externos e diminuir a

deformabilidade, ou seja, a função primordial dos reforços é resistir a esforços às

tensões de tração às quais o solo não tem a capacidade de resistir.

Devido ao processo construtivo, as contenções em terra armada apresentam duas

zonas de comportamento como mostra a figura 2.26.

Figura 2.26 – Comportamento da contenção terra armada

i. Zona ativa – região localizada imediatamente atrás do paramento, nesta região

os deslocamentos para a face são superiores aos das armaduras, por esse

motivo, tensões tangenciais são transmitidas às armaduras causando aumento

da tração nas mesmas.

ii. Zona resistente – região posterior aos deslocamentos relativos onde as

tensões tangenciais tem sentido oposto, nesta região as armaduras transmitem

Page 51: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

41

tensões tangenciais ao maciço, o que faz com que a tração na armação

decresça até zero na extremidades livres.

A componente tangencial da tensão exercida pelo solo sobre cada uma das faces do

reforço é dada pela expressão:

dl

dT

2b

1=τ , (2.21)

onde:

T = tração na armadura numa dada seção;

l = é a abscissa correspondente a seção e

b = largura do reforço

A interação entre o solo e o reforço é o fenômeno essencial na terra armada, o solo

transmite os esforços que se desenvolvem no seu interior por atrito às armaduras.

Dessa forma, são os elementos de reforço que resistem à tração.

2.4.3 Elementos

A norma NBR 9286/86 define os elementos que constituem o maciço de terra armada

e faz recomendações sobre os materiais a serem empregados, algumas das quais são

apresentadas abaixo:

2.4.3.1 Material do aterro

A norma recomenda que o corpo do aterro seja executado com solo granular,

classifica os solos nos tipos A, B, C, D e E, e a partir dessa classificação, apresenta

dimensionamento, que não será objeto desse estudo, baseado no ângulo de atrito

interno ou ângulo de atrito entre o solo e a armadura.

Adicionalmente, a norma recomenda que o grau de compactação seja no mínimo 95%

da densidade aparente seca máxima, obtido no ensaio de compactação com energia

Proctor Normal.

2.4.3.2 Armadura

As armaduras são as peças lineares que trabalham por atrito com o solo do aterro,

sendo responsáveis pela maior parte da resistência interna à tração do maciço em

terra armada, devendo ter as seguintes qualidades:

Page 52: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

42

i. Boa resistência à tração com ruptura do tipo frágil;

ii. Pequena deformabilidade sob cargas de serviço;

iii. Bom coeficiente de atrito com o material de aterro;

iv. Flexibilidade suficiente para não limitar a deformabilidade vertical do maciço

em terra armada, e permitir facilidades construtivas;

v. Boa durabilidade.

2.4.3.3 Escamas

As escamas são os elementos de acabamento externo da contenção em terra armada,

tendo função estrutural secundária no seu funcionamento. As escamas são

responsáveis pelo equilíbrio de tensões da região próxima ao paramento externo. São

geralmente executadas em placas de concreto pré-moldado, armado ou não,

interligadas, mas conservando juntas abertas entre si para efeito de drenagem e de

articulação das peças.

2.4.3.4 Drenagem

Quando se utilizar material de aterro pouco permeável, ou onde ocorrer surgimento

significativo de água, deve-se prever dispositivos que permitam aumentar a eficiência

da drenagem, escoando água sem carreamento de finos, e evitando comprometer a

estabilidade da obra tanto na fase construtiva quanto na sua vida útil. É recomendado

o uso de filtros de materiais granulares e/ou geotêxteis.

2.4.3.5 Acessórios complementares

São constituídos por:

i. Dispositivos de ligação entre escamas e armaduras;

ii. Talas de emendas de armaduras;

iii. Juntas de escamas;

iv. Parafusos;

v. Chumbadores que auxiliam no içamento das escamas, permitindo seu

manuseio e montagem;

Page 53: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

43

vi. Sistema de pino e furo verticais para permitir boa flexibilidade horizontal e

movimento diferenciados entre as escamas.

2.5 Método dos Elementos Finitos

Define-se o Método dos Elementos Finitos (MEF) como uma técnica para resolver (de

forma aproximada) um problema governado por equação diferencial através de um

sistema de equações matriciais que relacionam a variável procurada em um número

finito de pontos. O procedimento para resolução de um problema segue os seguintes

passos extraídos de Lopes (2006):

i. Inicialmente divide-se o domínio do problema em um número de subdomínios,

denominados “elementos finitos”, conectados entre si através de um número

finito de pontos, denominados “pontos nodais” ou “nós”.

ii. A distribuição da variável cuja solução é procurada (variável primária) é

aproximada, no interior do elemento, por uma função particular, chamada

“função de interpolação”.

iii. A partir dessa função é possível relacionar o valor da variável do problema dos

nós de cada elemento com a geometria e propriedade do elemento, dando

origem ao sistema de equações do elemento. Este sistema de equações é

apresentado na forma de matricial, sendo a matriz dos elementos denominada

“matriz de comportamento do elemento”.

iv. Considerando a conexão dos elementos através dos pontos nodais é possível

se associar as equações dos elementos, montando um sistema global de

equações para o problema.

v. Introduzem-se valores conhecidos de variável primária do problema (introdução

das condições de contorno).

vi. Resolve-se o sistema de equações global, obtendo-se os valores da variável

do problema nos pontos nodais.

vii. Caso se deseje o valor de outras variáveis (chamadas “variáveis secundárias”),

um cálculo complementar é feito (p. ex., na análise estrutural, a variável

primária é o deslocamento e as variáveis secundárias são a deformação e a

tensão).

Page 54: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

44

2.5.1 O Programa Plaxis

O programa Plaxis, utilizado na análise por Elementos Finitos, é um programa

desenvolvido especialmente para análise de projetos de engenharia geotécnica. O

programa realiza análises bidimensionais em estado de deformação plana ou com

simetria axial.

Entre as principais características do programa estão: análise estática ou não drenada;

análise de adensamento acoplada utilizando a teoria de Biot; escolha de diferentes

relações constitutivas; diversidade de condições de carregamento devido a forças

externas, deslocamentos, tensões nodais ou fluxo imposto; algoritmo para cálculo

automático na determinação dos incrementos de carga e tempo, no caso de análises

não lineares e possibilidade de realizar análises em etapas.

A seguir apresentam-se considerações sobre o programa Plaxis extraídas dos seus

manuais de referência.

2.5.1.1 Malha de Elementos Finitos

O Plaxis permite um procedimento automático de geração de malha, no qual a

geometria é dividida em elementos triangulares, na forma de elementos básicos e

elementos estruturais compatíveis. O programa tem disponíveis elementos

triangulares isoparamétricos de 6 a 15 nós. Os elementos de 6 nós apresentam

relações de interpolação de segunda ordem para os deslocamentos. Para estes, a

matriz de rigidez é avaliada por integração numérica, usando um total de três pontos

de Gauss (pontos de tensão). Para os triângulos de 15 nós, a ordem de interpolação é

quatro e a integração envolve doze pontos de tensão. O triângulo de 15 nós é um

elemento bidimensional muito preciso que tem mostrado desempenho satisfatório na

análise de problemas complexos. No entanto, a utilização deste tipo de elemento

conduz a um consumo de memória relativamente alto e os desempenhos de cálculo e

operações podem conduzir a um elevado tempo computacional. Na maioria dos casos

a utilização de elementos de 6 nós é suficiente para a obtenção de resultados

satisfatórios. A posição dos nós e pontos de tensão nos elementos de solo

considerados no Plaxis são mostrados na figura 2.27.

A geração da malha leva em conta a posição de pontos no modelo geométrico de tal

forma que a posição exata das camadas, cargas e estruturas são levadas em

consideração na malha de elementos finitos. O processo de geração é baseado no

princípio de triângulo robusto que procura triângulos otimizados e uma malha não

estruturada. As malhas “não estruturadas” não são formadas por elementos regulares

Page 55: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

45

padrão. O desempenho numérico dessas malhas é, no entanto, melhor que a das

estruturadas, com elementos regulares. Adicionalmente, para a geração da malha, é

feita uma transformação dos dados de entrada (propriedades, condições de fronteira,

parâmetros dos materiais, etc) do modelo geométrico (pontos, linhas e “clusters”) para

a malha de elementos finitos (elementos, nós e pontos e tensão).

A precisão dos resultados depende da forma e dimensões da malha usada para

apresentar o sistema físico. Malhas mais refinadas tendem a resultados mais

acurados. Sob este aspecto o Plaxis permite o refinamento da malha em locais de

maior interesse do usuário.

Figura 2.27 – Posição dos nós e pontos de tensão nos elementos de solo.

2.5.1.2 Relações constitutivas

A escolha do modelo que será utilizado nas simulações do comportamento do material

é de grande importância para os resultados obtidos sejam realistas. Solos e rochas

tendem a se comportar de forma não-linear sob carregamento. O Plaxis dispõe de 5

modelos constitutivos, sendo um elástico linear e quatro elasto-plásticos, que são

Mohr-Coulomb, “Soft-Soil”, “Soft-Soil-Creep, e “Hardenig-Soil”. A seguir estão

apresentados brevemente os modelos elástico linear, elasto-plástico, e Mohr-Coulomb.

i. Modelo Elástico-Linear

Este modelo representa a lei de Hook de elasticidade linear isotrópica e é muito

limitado para simulação do comportamento de solos.

A matriz tensão-deformação no modelo elástico-linear, para o caso de deformações

planas, é dada por (Naylor et al., 1981):

Page 56: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

46

+−

−+

=

G00

0G3

4K'G

3

2K'

0G3

2K'G

3

4K'

D (2.22)

onde os módulos volumétricos K’ e cisalhante G são relacionados às constantes

elásticas mais convencionais, o módulo de Young E’ e o coeficiente de Poisson 'ν ,

através das seguintes expressões:

( )''

ν+=

12

EG (2.23)

( )'2-13

EK

ν'

'= (2.24)

ii. Modelos elasto-plástico

O princípio da elasto-plasticidade e as razões de deformação são decompostas em

duas frações, uma elástica e outra plástica. Na fase plástica, o corpo recupera as

deformações, enquanto que na fase plástica as deformações são permanentes. Três

princípios básicos regem os problemas que envolvem deformações plásticas: função

de plastificação, lei de endurecimento e lei de fluxo.

A função de plastificação (f) define o limite da região na qual todos os pontos

localizados no seu interior representarão um estado de tensões onde ocorram

unicamente deformações elásticas. No caso mais geral a função de plastificação é

definida como uma função de seis componentes do tensor de tensões ij

σ , e indica o

início da ocorrência de deformações plásticas.

( ) 0f =ij

σ

A função ( ) 0f ij <σ representa a região onde ocorrem unicamente deformações

elásticas, e para ( ) 0f ij >σ é uma situação impossível de ocorrer. No espaço de

tensões principais a função de plastificação representa a superfície.

Devido ao fluxo plástico ocorre endurecimento por trabalho e por deformação. Existem

duas hipóteses para definir o grau de endurecimento. Na primeira hipótese assume-se

Page 57: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

47

que o endurecimento depende unicamente do trabalho plástico (wp) e independe da

trajetória de tensões. Isto implica que a resistência após a plastificação depende

unicamente do trabalho plástico realizado pelo material. Na segunda hipótese assume-

se que o endurecimento está relacionado às deformações plásticas.

Na teoria da plasticidade a direção do vetor de deformações plásticas é definida

através de uma lei de fluxo, assumindo-se que existe uma função de potencial

plástico, no qual os incrementos de deformação plástica são ortogonais. Estes

incrementos podem ser expressos como:

ij

ijP g

λε∂∂

= , (2.25)

onde g é uma função de potencial plástico e λ é um fator de proporcionalidade,

também conhecido como multiplicador plástico. Para alguns materiais a função de

potencial plástico coincide com a função de plastificação, considerando-se que o

material segue uma lei de fluxo associada. No caso contrário, considera-se que o

material segue uma lei de fluxo não associada.

iii. Modelo Mohr-Coulomb

É um modelo perfeitamente plástico, empregado para representar ruptura por

cisalhamento de solos e rochas. O modelo Mohr-Coulomb é assim denominado por

que é assumido que o material comporta-se como linear elástico até atingir a ruptura,

não havendo a ocorrência de endurecimento devido ao fluxo plástico, ou seja, a

superfície de plastificação é fixa. A figura 2.28 mostra a relação tensão-deformação

pra o modelo Mohr-Coulomb, onde o material apresenta um comportamento linear

elástico até atingir uma determinada tensão de escoamento, que se mantém constante

para acréscimo de deformações plásticas.

Page 58: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

48

Figura 2.28 – Relação tensão-deformação para o modelo Mohr-Coulomb

A condição de Mohr-Coulomb é uma extensão da lei de Coulomb. Essa condição

assegura que a lei de atrito de Coulomb é obedecida em qualquer plano dentro de um

elemento material. A condição de Morh-Coulomb pode ser definida por três funções

formuladas em termos de tensões principais (Smith e Griffth, 1982):

( ) ( ) 0c.cossen2

1

2

1f1 ≤−++−= φφσσσσ 3232 '''' (2.26)

( ) ( ) 0c.cossen2

1

2

1f2 ≤−++−= φφσσσσ 1313 '''' (2.27)

( ) ( ) 0c.cossen2

1

2

1f3 ≤−++−= φφσσσσ 2121 '''' (2.28)

Os dois parâmetros plásticos que aparecem nas funções são o ângulo de atrito φ e a

coesão c. Essas funções, juntas, apresentam um cone hexagonal no espaço de

tensões principais, que está apresentado na figura 2.29.

O uso de uma lei de fluxo associada no critério de Mohr-Coulomb leva a uma

superestimativa da dilatância. Por isso, as funções potenciais plásticas contêm um

terceiro parâmetro de plasticidade, o ângulo de dilatância. Este parâmetro é requerido

para modelar incrementos de deformação volumétrica plástica. As funções de

potencial plástico incluindo esse parâmetro são apresentadas a seguir:

( ) ( ) ψσσσσ sen2

1

2

1g1 3232 '''' ++−= (2.29)

Page 59: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

49

( ) ( ) ψσσσσ sen2

1

2

1g2 1313 '''' ++−= (2.30)

( ) ( ) ψσσσσ sen2

1

2

1g3 2121 '''' ++−= (2.31)

Figura 2.29 – Superfície de Mohr-Coulomb no espaço de tensões principais (c=0)

Page 60: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

50

CAPÍTULO 3 – ESTUDOS DE CASOS

Esse capítulo apresenta o estudo de casos, caracteriza o problema em estudo e as

soluções adotadas. Apresenta perfil geotécnico de cada encontro analisado, contendo

as sobrecargas aplicadas, a localização das fundações e dos inclinômetros que

compõem a instrumentação. Apresenta esquema da solução de melhoramento do solo

com colunas de brita.

3.1 Descrição do Problema

As investigações geotécnicas realizadas nas proximidades das obras indicaram a

presença de solos compressíveis em vários pontos, dentre eles, regiões de encontros

de pontes. Na maioria dos pontos, soluções como adoção de bermas de equilíbrio,

remoção de solo mole, aceleração de recalques com uso de drenos verticais ou

sobrecarga, ou mesmo soluções associadas, garantiram a estabilidade e a viabilidade

da construção dos aterros até uma certa distância das pontes.

Os encontros de pontes e viadutos, contudo, apresentaram particularidades devido ao

fato de as fundações profundas das estruturas já estarem construídas na oportunidade

da construção dos aterros.

A construção dos aterros de acesso às pontes resulta numa carga assimétrica, para a

qual, a princípio, as estacas não foram dimensionadas. Conforme apresentado no

capítulo 2, a carga assimétrica induz momento fletor no fuste das estacas.

Verificando o problema, foram estudadas soluções como reforço da fundação e

melhoramento do solo com colunas de brita. Uma visando melhorar a resistência das

estacas à nova solicitação e a outra visando diminuir os deslocamentos gerados

durante a construção do aterro e consequentemente os momentos fletores gerados.

3.2 Pontes sobre o Rio A

A figura 3.1 apresenta vista aérea da região das pontes sobre o Rio A em abril de

2012.

Page 61: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

51

Figura 3.1 – Vista aérea da região da ponte sobre o Rio A – Pista direita e esquerda.

Para os quatro encontros foram projetados aterros em terra armada. O projeto original

dos encontros da ponte prevê um grupo de estacas do tipo raiz, sendo 06 (seis)

estacas verticais e 04 (quatro) estacas inclinadas sob um bloco de concreto armado

com as dimensões 10,70m x 2,10m, e altura de 1,40m. As figuras 3.2 a 3.5

apresentam perfil geotécnico de cada encontro estudado, contendo a localização das

fundações e dos inclinômetros empregados na instrumentação. A tabela 3.1 apresenta

as alturas dos aterros projetados, bem como as dimensões das estacas em cada

encontro.

Page 62: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

52

Figura 3.2 – Perfil geotécnico – Rio A - E1 – PD

Page 63: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

53

Figura 3.3 – Perfil geotécnico – Rio A - E1 - PE

Page 64: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

54

Figura 3.4 – Perfil geotécnico – Rio A - E2 – PD

Page 65: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

55

Figura 3.5 – Perfil geotécnico – Rio A - E2 – PE

Page 66: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

56

Tabela 3.1 – Características dos aterros e das fundações

COTA ESTACAS

PISTA SONDAGEM GREIDE

H aterro (m)

φ

(cm)

L (m)

E1 5,57 10,12 4,55 40 19,00 D

E2 4,43 10,75 6,32 40 11,00

E1 4,72 10,14 5,42 41 20,00 E

E2 4,23 10,74 6,51 41 16,00

A avaliação dos momentos fletores gerados pela construção posterior dos aterros

levou a adoção de algumas alterações no projeto original sendo:

(i). Adoção de 02 (duas) estacas de reforço conforme indicado na figura 3.6.

(ii). Execução de melhoramento do solo com colunas de brita diâmetro 80 cm, em

área de 21,00m x 13,58m, em malha triangular de 1,70m, de acordo com a

figura 3.6.

Page 67: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

57

Figura 3.6 – Esquema das colunas de Brita

Page 68: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

58

3.2.1 Avaliação do Efeito Tschebotarioff

O Efeito Tschebotarioff foi avaliado para os encontros E1-PD, E1-PE, E2-PD e E2-PE.

Para essa estimativa utilizou-se a formulação proposta por Tschebotarioff (1970, 1973)

com diagrama de tensões triangular conforme apresentado na figura 3.7 e a

recomendação de Velloso e Lopes (2011) quanto ao uso de 2B ao invés de B, citada

no item 2.1.1.

Figura 3.7 – Proposta de Tschebotarioff: (a) caso em que a estaca pode ser considerada engastada no bloco; (b) esquema de cálculo para esse caso e (c) caso

em que a estaca não pode ser considerada engastada no bloco.

Desta forma, com base nas equações 2.2, 2.3, 2.4 e 2.5,e nas sondagens SM-E1-PD,

SM-E1-PE, SM-E2-PD e SM-E2-PE apresentadas no ANEXO 1, obteve-se os

resultados apresentados na tabela 3.2.

Page 69: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

59

Tabela 3.2 – Avaliação do Efeito Tschebotarioff nos encontros do Rio A.

PISTA SONDAGEM H at (m)

∆σz

t (m)

L (m)

a (m)

ph kN/m

R (kN)

Mmax

(kN.m)

E1 SM-E1-PD 4,55 50,05 1,00 1,00 0,50 20,5 9,2 1,4 D

E2 SM-E1-PE 6,28 62,59 7,90 7,90 3,95 25,0 66,4 84,8

E1 SM-E2-PD 5,42 59,62 5,89 7,39 2,95 24,4 86,9 107,3 E

E2 SM-E2-PE 6,51 71,61 5,00 6,60 2,50 29,4 66,1 75,8

Como o momento resistente (em serviço) das estacas é de 80kN.m, decidiu-se fazer

um tratamento do solo de fundação.

3.3 Ponte sobre o Rio B

A figura 3.7 apresenta vista aérea da região das pontes sobre o Rio B em abril de

2012.

Figura 3.8 – vista aérea da região da ponte sobre o Rio B

Para os quatro encontros foram projetados aterros em terra armada. O projeto original

dos encontros da ponte prevê um grupo de estacas do tipo raiz, sendo 06 (seis)

estacas verticais e 04 (quatro) estacas inclinadas sob um bloco de concreto armado

com as dimensões 10,70m x 2,10m, e altura de 1,40m. As figuras 3.9 a 3.12

apresentam perfil geotécnico de cada encontro estudado, contendo a localização das

fundações e dos inclinômetros empregados na instrumentação. Devido a problemas

Page 70: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

60

com desapropriações, até dezembro de 2012 foram executados somente os aterros

dos encontros E2, ver parte superior direita da figura 3.8. A tabela 3.3 apresenta as

alturas dos aterros projetados, bem como as dimensões das estacas nos encontros do

Rio B.

Tabela 3.3 – Características dos aterros e das Fundações

COTA ESTACAS

PISTA SONDAGEM GREIDE

H aterro (m) φ

(cm)

L (m)

E1 3,26 10,88 7,62 41 25 D

E2 4,17 10,88 6,71 41 25

E1 3,26 10,74 7,48 41 25 E

E2 4,25 10,74 6,49 41 25

Page 71: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

61

Figura 3.9 – Perfil geotécnico – Rio B - E1-PD

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62

Figura 3.10 – Perfil geotécnico – Rio B - E1-PE

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63

Figura 3.10 – Perfil geotécnico - Rio B - E2-PD

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64

Figura 3.11 – Perfil geotécnico - Rio B - E2-PE

Page 75: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

65

A avaliação dos momentos fletores gerados devido à inversão da ordem construtiva

levou a adoção de duas estacas de reforço por encontro nas mesmas posições

indicadas na figura 3.6.

3.3.1 Avaliação do Efeito Tschebotarioff

Os resultados da avaliação do Efeito Tschebotarioff nos encontros do Rio B,

apresentados na tabela 3.4, foram obtidos da mesma forma descrita no item 3.3.1 com

base nas sondagens SPTAC-02, SPTAC-01 e SP-01, apresentadas no ANEXO 1. A

figura 3.13 apresenta o diagrama de tensões triangular proposto por Tschebotarioff

(1970,1973).

Figura 3.13 – Proposta de Tschebotarioff: (a) caso em que a estaca pode ser considerada engastada no bloco; (b) esquema de cálculo para esse caso e (c) caso

em que a estaca não pode ser considerada engastada no bloco.

Page 76: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

66

Tabela 3.4 - Avaliação do Efeito Tschebotarioff nos encontros do Rio B

PISTA SONDAGEM H at (m)

∆σz

t (m)

L (m)

a (m)

ph kN/m

R (kN)

Mmax

(kN.m)

E1 SPTAC-02 7,62 83,78 0,50 0,50 0,25 34,4 7,7 0,6 D

E2 SPTAC-02 6,71 73,77 1,00 1,00 0,50 30,2 13,6 2,1

E1 SPTAC-01 7,48 82,28 0,50 0,50 0,25 33,7 7,6 0,6 E

E2 SP-01 6,49 71,39 1,00 1,00 0,50 29,3 13,2 2,1

Devido aos baixos momentos estimados, não foi recomendo o tratamento do solo de

fundação.

3.4 Execução da Obra

3.4.1 Registros Fotográficos

A seguir são apresentados registros fotográficos da construção das colunas de brita e

dos aterros em “terra armada”.

As colunas de brita foram executadas pelo método seco com colocação de brita pelo

fundo.

Figura 3.14- Detalhe do equipamento de vibro-subsitituição

Page 77: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

67

Figura 3.15 - Detalhe do carregamento do equipamento

Figura 3.16 - Detalhe da aparência da obra no intervalo entre a construção das colunas de brita e a execução do colchão drenante.

Page 78: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

68

Figura 3.17 - Preparação da área para a construção do aterro em “terra armada”

Figura 3.18 – Construção do colchão drenante

Page 79: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

69

Figura 3.19 – Detalhe da ligação entre o reforço metálico e a escama da “terra armada”

Page 80: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

70

CAPÍTULO 4 – ANÁLISE NUMÉRICA

Este capítulo trata das análises numéricas realizadas. Apresenta e descreve cada tipo

de análise. Apresenta os métodos para estimativa de parâmetros de solo, bem como

os parâmetros obtidos com base nas sondagens disponíveis, nos métodos de análise

propostos e na literatura. Por fim, nesse capítulo são apresentadas resultados das

análises realizadas e resumos dos resultados obtidos.

4.1 Análise por Elementos Finitos

O programa utilizado foi o PLAXIS -2D descrito no item 2.5. A análise foi 2D supondo

estado plano de deformações.

4.1.1 Geometria e Parâmetros

A geometria dos modelos de Elementos Finitos analisados foram baseadas nas

sondagens SM-E1-PD, SM-E1-PE, SM-E2-PD e SM-E2-PE para os encontros do Rio

A e nas sondagens SPTAC-02, SPTAC-01 e SP-01 para os encontros do Rio B, todas

apresentados no ANEXO 1. As sobrecargas aplicadas que simulam os aterros em

“terra armada” foram estimados a partir das alturas finais medidas em campo. A berma

de equilíbrio aplicada nos encontros do Rio A em dezembro de 2012 foi simulada pela

introdução de um volume de solo com peso específico equivalente ao que foi colocado

no local. A tabela 4.1 apresenta as sobrecargas aplicadas nos modelos. Foi

introduzido no modelo, um lastro de brita com 0,80m de espessura conforme esquema

apresentado na figura 3.6.

Tabela 4.1 – Sobrecargas aplicadas (kN/m2)

Local Sobrecarga Sobrecarga Equilíbrio

Rio A E1-PD 100,10 37,44

Rio A E1-PE 119,24 41,4

Rio A E2-PD 125,18 53,64

Rio A E2-PE 143,22 41,4

Rio B E1-PD 167,55 -

Rio B E1-PE 164,56 -

Rio B E2-PD 147,53 -

Rio B E2-PE 142,78 -

Page 81: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

71

Os parâmetros dos solos de fundação foram estimados a partir de correlações com os

resultados de sondagens a percussão (NSPT). Esse tipo de estimativa não é precisa,

pois muitas vezes as correlações existentes se referem a um tipo específico de solo ou

são baseadas em tratamento estatísticos de um universo de dados limitado.

(i). Correlações para densidade relativa (Dr) e ângulo de atrito interno ( )'φ

A densidade relativa (Dr) pode ser estimada através das expressões:

21

SPT

160,23

NDr

+=

0'vσ (Gibbs e Holtz, 1957)

21

SPT

0,28

NDr

+=

27' 0vσ(Skempton, 1986)

( ) 0,712.tanDr1,49 =− 'φ (de Mello,1971)

( )[ ]{ }1lnp'10Dr333 −−+='φ (Bolton,1986)

onde:

0'vσ é a tensão vertical efetiva inicial

(ii). Correlações para resistência não drenada (Su) de argilas saturadas

A tabela 4.2 (Terzaghi e Peck, 1967) apresenta correlação entre o NSPT e a razão

Su/Pa, onde Pa é a pressão atmosférica estimada em 100kPa.

Tabela 4.2 – Correlação entre NSPT e Su/Pa

N Consistência Su/Pa

aproximado

0 a 2 Muito mole <1/8

2 a 4 Mole 1/8 a 1/4

4 a 8 Média 1/4 a 1/2

8 a 15 Dura 1/2 a 1

15 a 30 Muito dura 1 a 2

>30 Rija >2

Page 82: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

72

Utiliza-se também Su≈10.NSPT. (kPa)

(iii). Correlações para massa específica (γ)

A tabela 4.3 (Bowles,1997) apresenta valores empíricos para φ , Dr e γ para solos

granulares a cerca de 6 metros de profundidade.

Tabela 4.3 – Valores empíricos de φ , Dr e γ para solos granulares a cerca de 6 metros da superfície.

(iv). Correlações para dilatância ( )ψ

Este parâmetro é requerido para modelar a deformação volumétrica plástica.

Usualmente o ângulo de dilatância ( )ψ da argila a ser tratada com colunas de brita é

considerado igual a zero (Lima, 2012).

(v). Correlações para Módulo de Elasticidade (E)

Para a estimativa de E foram adotadas as seguintes correlações baseadas em Lopes

et al. (1994):

E≈ 3.NSPT (MPa) para solos argilosos e

E≈ 2.NSPT (MPa) para solos arenosos

(vi). Correlações para Coeficiente de Poisson ( )ν

A tabela 4.4 (EPRI, 1990) apresenta limites para o coeficiente de Poisson efetivo.

Page 83: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

73

Tabela 4.4 – Limites de coeficiente de Poisson efetivo ( )'ν

Solo Coeficiente de Poisson

Argila 0,2 a 0,4

Areia compacta 0,3 a 0,4

Areia fofa 0,1 a 0,3

Trautmann e Kulhawy (1987) propõem as seguintes expressões:

rel0,30,1 φν +='

( ) ( )00rel 2545'-25 += /φφ

onde:

frel é o coeficiente de atrito interno relativo

4.1.2 Modelos para representação dos solos

4.1.2.1 Análise sem a introdução das colunas de brita

Para essas análises o comportamento do material foi simulado pelo modelo de Mohr-

Coulomb. O comportamento drenado foi considerado para a maioria dos materiais,

exceto para os materiais argilosos com NSPT baixo, onde foi realizada análise não

drenada em termos de tensões totais. Para tal análise foi utilizado o material tipo “non-

porous”, que utiliza parâmetros não-drenados: c=Su, φ =φ u=0 e ν entre 0,495 e

0,499.

As tabelas 4.5 a 4.12 apresentam os parâmetros utilizados nas análises sem a

introdução das colunas de brita.

Tabela 4.5 – Parâmetros do solo – Rio A – E1-PD – Sondagem SM-E1-PD

Solo Prof. (m)

NSPT médio

γ (kN/m3)

c (kPa) φ °

E (Mpa) υ ψ

Areia Siltosa (aterro)

0,30 – 1,80 11 18 2 33 29 0,33 0

Argila Siltosa 1,80 – 11,87 7,75 16 30 0 23,25 0,49 0

Silte Arenoso 11,87 – 14,45 40 18 1 36 120 0,35 0

Page 84: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

74

Tabela 4.6 - Parâmetros do solo – Rio A – E1-PE – Sondagem SM-E1-PE

Solo Prof. (m)

NSPT médio

γ (kN/m3)

c (kPa) φ °

E (Mpa) υ ψ

Areia Siltosa (aterro)

0,00 – 0,91 11 17 2 33 29 0,33 0

Argila Siltosa 0,91 – 9,30 3,25 15 20 0 10 0,49 0

Silte Arenoso 9,30 – 12,06 40 18 1 36 120 0,35 0

Tabela 4.7 - Parâmetros do solo – Rio A – E2-PD – Sondagem SM-E2-PD

Solo Prof. (m)

NSPT médio

γ (kN/m3)

c (kPa) φ °

E (Mpa) υ ψ

Areia Siltosa (aterro) 0,00 – 2,90 7,5 17 2 30 21 0,30 0

Argila 2,90 – 8,79 3,7 15 21 0 11 0,49 0

Silte Argiloso (solo residual)

8,79 – 17,15 18 18 2 36 85 0,40 0

Tabela 4.8 - Parâmetros do solo – Rio A – E2-PE – Sondagem SM-E2-PE

Solo Prof. (m)

NSPT médio

γ (kN/m3)

c (kPa) φ °

E (Mpa) υ ψ

Areia Siltosa (aterro)

0,00 – 3,00 11,5 18 30 3 29 0,33 0

Argila Siltosa 3,00 – 8,00 3,3 15 20 0 10 0,49 0

Silte Arenoso 8,00 – 15,41 30 18 2 36 85 0,40 0

Tabela 4.9 - Parâmetros do solo – Rio B – E1-PD – Sondagem SPTAC-02

Solo Prof. (m)

NSPT médio

γ (kN/m3)

c (kPa) φ °

E (Mpa) υ ψ

Argila Siltosa (aterro)

0,00 – 0,70 11 18 20 17 33,0 0,33 0

Argila siltosa c/ areia fina

0,70 – 5,87 9,4 17 30 25 28,2 0,33 0

Argila Siltosa (solo residual)

5,87 – 8,45 22,3 19 35 35 66,9 0,33 0

Page 85: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

75

Tabela 4.10 - Parâmetros do solo – Rio B – E1-PE - Sondagem SPTAC-02

Solo Prof. (m)

NSPT médio

γ (kN/m3)

c (kPa) φ °

E (Mpa) υ ψ

Argila Siltosa (aterro)

0,00 – 0,70 11 18 20 17 33,0 0,33 0

Argila siltosa c/ areia fina

0,70 – 5,87 9,4 17 30 25 28,2 0,33 0

Argila Siltosa (solo residual)

5,87 – 8,45 22,3 19 35 35 66,9 0,33 0

Tabela 4.11 - Parâmetros do solo – Rio B – E2-PD - Sondagem SPTAC-01

Solo Prof. (m)

NSPT médio

γ (kN/m3)

c (kPa) φ °

E (Mpa) υ ψ

Argila Siltosa (aterro)

0,00 – 1,00 5 16 20 17 12,5 0,33 0

Areia Siltosa 1,00 – 1,85 20 17 1 30 15 0,33 0

Argila siltosa 1,85 – 2,97 13 17 30 0 60 0,49 0

Areia siltosa / argilosa

2,97 – 4,87 12,5 17 6 30 37,5 0,33 0

Argila Siltosa 4,87 – -8,45 10,5 16 22 5 31,5 0,33 0

Tabela 4.12 - Parâmetros do solo – Rio B – E2-PE - Sondagem SP-01

Solo Prof. (m)

NSPT médio

γ (kN/m3)

c (kPa) φ °

E (Mpa) υ ψ

Argila siltosa com areia (aterro)

0,00 – 1,47 5 16 20 17 12,5 0,33 0

Argila siltosa com areia

1,47 – 7,20 8,6 17 22 20 25,8 0,33 0

Argila siltosa com areia (solo residual)

7,20 – 10,00 13,25 18 23 22 39,8 0,33 0

4.1.2.2 Análise com solo homogêneo equivalente

Priebe (1995) argumenta que a instalação de colunas de brita aumenta a eficiência ao

cisalhamento de um solo melhorado, ou seja, a instalação de colunas de brita é

extremamente favorável à estabilidade da obra. Sendo assim, foram realizadas

análises considerando um solo homogêneo equivalente com parâmetros de resistência

c’ e 'φ , peso específico e coeficiente de Poisson. Esses parâmetros podem ser

estimados através das equações propostas por Choobbasti et al. (2011) com base na

porcentagem de substituição (CS) do solo natural por brita:

Page 86: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

76

sceq CSCS γγγ )1(. −+=

sceq cCScCSc )1(. −+=

sceq CSCS φφφ )1(. −+=

sceq CSCS ννν )1(. −+=

sceq CSCS ψψψ )1(. −+=

Para essa estimativa o CS foi calculado de acordo com o item 2.3.1, considerando o

esquema das colunas de brita apresentado na figura 3.6. A estimativa resultou em

CS=0,20.

Um problema é que as equações propostas por Choobbasti et al. (2011) quando

combinada com o critério de Mohr Coulomb, verifica-se que estas não atendem ao

modelo. Desse modo, baseado no critério de ruptura de Mohr-Coulomb e

considerando o fator de concentração de tensões FC descrito no item 2.3.1, obtem-se

as relações:

( )CS1FC1

FCc

−+==

σσ

α

( )CS1FC1

FCs

−+==

σσ

β

e a seguinte equação para o cálculo de eqφ :

( ) ( ) ( )[ ]sCSCS ceq φβφαφ tan..1tan..tan 1 −+= −

Priebe (1995) apresenta os valores de eqφ e ceq como função de CS e de FRR, o que,

ao final de algumas considerações, leva a mesma equação proposta por Choobbasti et

al. (2011).

O FHWA (1983) considera, para o cálculo dos parâmetros do solo homogêneo

equivalente, que a coesão das colunas de brita é zero e que o solo circundante está

sob uma condição não-drenada, ou seja, cs=Su e φ =0°. Sendo assim, os parâmetros

são iguais a:

Page 87: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

77

( )[ ]ceq CS φαφ tan..tan 1−=

seq CS)c(1c −=

Para a estimativa de E, foi utilizada média ponderada semelhante à proposta de

Choobbasti et al. (2011):

sceq ECSECSE ).1(. −+=

Os demais parâmetros utilizados nas análises foram obtidos a partir foram obtidos

através das equações propostas por Choobbasti et al. (2011), os parâmetros do solo

circundante foram obtidos através das correlações citadas no item 4.1.1 e os

parâmetros para as colunas de brita foram obtidos da literatura. Todos os parâmetros

citados acima estão apresentados na tabela 4.13.

Tabela 4.13 – Parâmetros do solo – análise com solo equivalente homogêneo

Local Solo γ

(kN/m3) c

(kPa) φ ° E

(Mpa) υ ψ

Rio A E1-PD Argila siltosa

16 25 0 19 0,49 0

Rio A E1-PE Argila siltosa

15 20 0 10 0,49 0

Rio A E2-PD Argila

15 21 0 11 0,49 0

Rio A E2-PE Argila

15 20 0 10 0,49 0

Todos Coluna de Brita

22 0 45 100 0,30 0

Rio A E1-PD Solo homogêneo

equivalente 17 17 29 39 0,32 0

Rio A E1-PE Solo homogêneo

equivalente 16 16 29,11 28 0,45 0

Rio A E2-PD Solo homogêneo

equivalente 16 17 29 29 0,45 0

Rio A E2-PE Solo homogêneo

equivalente 16 16 29 28 0,3 0

4.1.2.3 Análise com solo equivalente a NSPT=12

Há uma estimativa de que, em geral, o solo argiloso melhorado com colunas de brita

deve apresentar o comportamento semelhante à de um solo homogêneo equivalente

com NSPT=12. A fim de verificar essa estimativa, foram realizadas análises nos

encontros do Rio A considerando que o sistema solo/ coluna, é para efeitos de

modelagem, um solo com NSPT=12. A tabela 4.14 apresenta os parâmetros estimados.

Page 88: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

78

Tabela 4.14 – Parâmetros do solo – análise com solo equivalente a NSPT=12

Solo γ (kN/m3)

c (kPa) φ °

E (Mpa) υ ψ

Solo equivalente NSPT = 12

20 0 35 40 0,30 0

4.1.2.4 Análises utilizando transformação para modelo plano deformação

Tan et al. (2010) propôs dois método de conversão de modelos numéricos para

análise de solos melhorados com colunas de brita, originalmente axissimétrico, para

análise numérica do tipo plano-deformação.

Figura 4.1 – Esquemas de conversão para o modelo plano-deformação

Page 89: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

79

(i). Modelagem 1

A primeira modelagem procura obter a mesma trajetória de fluxo perpendicular ao

perímetro da coluna de brita, figura 4.1(b), mantendo as dimensões originais do

arranjo de projeto:

bc = rc e R=B,

onde: bc é o raio da coluna no modelo plano deformação, rc é raio da coluna no

modelo axissimétrico, R é o raio da célula unitária no modelo axissimétrico e B é o raio

da célula unitária no modelo plano-deformação.

A rigidez E dos materiais nesta proposta de modelagem é dada por:

( ) ( )axs,axs,axs,axc,pls,pls,pls,plc, a1EaEa1EaE −+=− ,

onde:

os subscritos s, c, ax e pl designam solo circundante, coluna de brita, axissimétrico e

plano-deformação respectivamente e

as é a área de substituição dada por:

sc

cs AA

Aa

+= ,

onde A é a área da seção da coluna de brita ou do solo circundante.

A permeabilidade pode ser calculada através da equação proposta por Tan e Oo

(2005):

( )( )

( )( )

( )( ) 2

2

axsvcvs

svssvc

svssvc

svcvs

ax

pl

axh,

plh,

R

B

a1..mm

.ama1m.

ama1m

a1.mm

NF

NF

k

k

+−

+−

−=

onde :

kh é o coeficiente de permeabilidade horizontal;

( ) ( ) ( ) ( )2

2

2

2

4N

13NN.ln

1N

NNF

−−

−= , sendo:

Page 90: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

80

crRN = a relação de raios para a condição assimétrica e cbBN = para a condição

plano-deformação;

s

vsvs e1

m+

; c

vcvc e1

m+

; vcα e vsα coeficientes de compressibilidade de uma

coluna de brita e do solo circundante;

ec e es índice de vazios da coluna de brita e do solo circundante.

As análises realizadas não consideraram o adensamento do solo, desta forma foram

calculados somente os módulos de elasticidade para as colunas de brita e o solo

circundante que estão apresentados na tabela 4.15.

Tabela 4.15 – Módulos de elasticidade calculados a partir da Modelagem 1 (MPa)

Local Solo E

Coluna de Brita 7,6 Rio A E1-PD

Solo circundante 23,3

Coluna de Brita 12,8 Rio A E1-PE

Solo circundante 10,0

Coluna de Brita 12,0 Rio A E2-PD

Solo circundante 11,0

Coluna de Brita 12,8 Rio A E2-PE

Solo circundante 10,0

(ii). Modelagem 2

Nesta modelagem Tan et al. (2010) considera uma transformação geométrica baseada

na equivalência da capacidade de drenagem entre os modelos axissimétrico e plano-

deformação. Dessa abordagem vem as expressões:

2

2c

c R

rB.b = e

1,13.BR =

Page 91: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

81

A nova geometria obtida é igual para todos os modelos analisados e obteve B=0,79m

e bc=0,14m.

4.2 Ponte sobre o Rio A

4.2.1 Encontro E1-PD

4.2.1.1 Análise sem a introdução das colunas de brita

Figura 4.2 – Malha deformada – E1-PD – sem colunas de brita

Page 92: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

82

Figura 4.3 – Estabilidade – E1-PD - sem colunas de brita

4.2.1.2 Análise com solo homogêneo equivalente

Figura 4.4 – Malha deformada – E1-PD - solo homogêneo equivalente

Page 93: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

83

Figura 4.5 – Estabilidade – E1-PD - solo homogêneo equivalente

4.2.1.3 Análise com solo equivalente a NSPT=12

Figura 4.6 – Malha deformada – E1-PD - solo equivalente a NSPT=12

Page 94: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

84

Figura 4.7 – Estabilidade – E1-PD - solo equivalente a NSPT=12

4.2.1.4 Análise utilizando transformação para plano-deformação Modelagem 1

Figura 4.8 – Malha deformada – E1-PD – plano-deformação Modelagem 1

Page 95: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

85

Figura 4.9 – Estabilidade – E1-PD – plano-deformação Modelagem 1

4.2.1.5 Análise utilizando transformação para plano-deformação Modelagem 2

Figura 4.10 – Malha deformada – E1-PD – Modelagem 2

Page 96: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

86

Figura 4.11 – Estabilidade – E1-PD – Modelagem 2

4.2.1.6 Deslocamentos horizontais

A figura 4.12 apresenta resumo dos deslocamentos horizontais encontrados nas

análises efetuadas e os perfis de deslocamentos do inclinômetro INPD-10E em

04/12/2012, quando foi construída a berma de equilíbrio e em 29/01/2013.

Page 97: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

87

Rio A E1-PD

-18

-16

-14

-12

-10

-8

-6

-4

-2

0

-35 -30 -25 -20 -15 -10 -5 0

Deslocamento horizontal (mm)

Pro

fundid

ade (m

)

Sem colunas de brita

Solo eq.homogêneo

Solo eq. homogêneo S2

Solo eq. NSPT=12

Solo eq. NSPT=12 S2

Plano deform. Mod 1

Plano deform. Mod 1 S2

Plano deform. Mod 2

Plano deform. Mod 2 S2

Inclinômetro INPD-10E 4/12/12

Inclinômetro INPD-10E 29/01/13

Figura 4.12 – Deslocamentos horizontais – E1-PD

Page 98: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

88

4.2.2 Encontro E1-PE

4.2.2.1 Análise sem a introdução das colunas de brita

Figura 4.13 – Malha deformada – E1-PE – sem colunas de brita

4.2.2.2 Análise com solo homogêneo equivalente

Figura 4.14 – Malha deformada – E1-PE - solo homogêneo equivalente

Page 99: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

89

Figura 4.15 – Estabilidade – E1-PE - solo homogêneo equivalente

4.2.2.3 Análise com solo equivalente a NSPT=12

Figura 4.16 – Malha deformada – E1-PE - solo equivalente a NSPT=12

Page 100: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

90

Figura 4.17 – Estabilidade – E1-PE - solo equivalente a NSPT=12

4.2.2.4 Análise utilizando transformação para plano-deformação Modelagem 1

Figura 4.18 – Malha deformada – E1-PE - plano-deformação Modelagem 1

Page 101: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

91

Figura 4.19 - Estabilidade – E1-PE - plano-deformação Modelagem 1

4.2.2.5 Análise utilizando transformação para plano-deformação Modelagem 2

Figura 4.20 – Malha deformada – E1-PE - plano-deformação Modelagem2

Page 102: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

92

Figura 4.21 – Estabilidade – E1-PE - plano-deformação Modelagem2

4.2.2.6 Deslocamentos horizontais

A figura 4.22 apresenta resumo dos deslocamentos horizontais encontrados nas

análises efetuadas e os perfis de deslocamentos do inclinômetro INPE-12E em

04/12/2012, quando foi construída a berma de equilíbrio e em 04/01/2013.

Page 103: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

93

Rio A E1-PE

-14

-12

-10

-8

-6

-4

-2

0

-800 -700 -600 -500 -400 -300 -200 -100 0

Deslocamento horizontal (mm)

Pro

fundid

ade (m

)

Sem colunas de brita

Solo eq.homogêneo

Solo eq. homogêneo S2

Solo eq. NSPT=12

Solo eq. NSPT=12 S2

Plano deform. Mod 1

Plano deform. Mod 1 S2

Plano deform. Mod 2

Plano deform. Mod 2 S2

Inclinômetro INPE-12E 4/12/12

Inclinômetro INPE-12E 04/01/13

Figura 4.22 – Deslocamentos horizontais – E1-PE

Page 104: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

94

4.2.3 Encontro E2-PD

4.2.3.1 Análise sem a introdução das colunas de brita

Figura 4.23 – Malha deformada – E2-PD – sem colunas de brita

Figura 4.24 – Estabilidade – E2-PD – sem colunas de brita

Page 105: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

95

4.2.3.2 Análise com solo homogêneo equivalente

Figura 4.25 – Malha deformada – E2-PD - solo homogêneo equivalente

Figura 4.26 – Estabilidade – E2-PD - solo homogêneo equivalente

Page 106: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

96

4.2.3.3 Análise com solo equivalente a NSPT=12

Figura 4.27 – Malha deformada – E2-PD - solo equivalente a NSPT=12

Figura 4.28 – Estabilidade – E2-PD - solo equivalente a NSPT=12

Page 107: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

97

4.2.3.4 Análise utilizando transformação para plano-deformação Modelagem 1

Figura 4.29 – Malha deformada – E2-PD - plano-deformação Modelagem1

Figura 4.30 – Estabilidade – E2-PD - plano-deformação Modelagem1

Page 108: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

98

4.2.3.5 Análise utilizando transformação para plano-deformação Modelagem 2

Figura 4.31 – Malha deformada – E2-PD - plano-deformação Modelagem2

Figura 4.32 – Estabilidade – E2-PD - plano-deformação Modelagem2

Page 109: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

99

4.2.3.6 Deslocamentos horizontais

A figura 4.33 apresenta resumo dos deslocamentos horizontais encontrados nas

análises efetuadas e os perfis de deslocamentos do inclinômetro INPD-11E em

04/12/2012, quando foi construída a berma de equilíbrio e em 31/01/2013.

Page 110: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

100

Rio A E2-PD

-20

-18

-16

-14

-12

-10

-8

-6

-4

-2

0

-100 -80 -60 -40 -20 0 20

Deslocamento horizontal (mm)

Pro

fundid

ade (m

)

Sem colunas de brita

Solo eq.homogêneo

Solo eq. homogêneo S2

Solo eq. NSPT=12

Solo eq. NSPT=12 S2

Plano deform. Mod 1

Plano deform. Mod 1 S2

Plano deform. Mod 2

Plano deform. Mod 2 S2

Inclinômetro INPD-11E 4/12/12

Inclinômetro INPD-11E 31/01/13

Figura 4.33 – Deslocamentos horizontais – E2-PD

Page 111: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

101

4.2.4 Encontro E2-PE

4.2.4.1 Análise sem a introdução das colunas de brita

Figura 4.34 – Malha deformada – E2-PE – sem colunas de brita

4.2.4.2 Análise com solo homogêneo equivalente

Figura 4.35 – Malha deformada – E2-PE - solo homogêneo equivalente

Page 112: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

102

Figura 4.36 – Estabilidade – E2-PE - solo homogêneo equivalente

4.2.4.3 Análise com solo equivalente a NSPT=12

Figura 4.37 – Malha deformada – E2-PE - solo equivalente a NSPT=12

Page 113: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

103

Figura 4.38 – Estabilidade – E2-PE - solo equivalente a NSPT=12

4.2.4.4 Análise utilizando transformação para plano-deformação Modelagem 1

Figura 4.39 – Malha deformada – E2-PE - plano-deformação Modelagem 1

Page 114: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

104

Figura 4.40 – Estabilidade – E2-PE - plano-deformação Modelagem 1

4.2.4.5 Análise utilizando transformação para plano-deformação Modelagem 2

Figura 4.41 – Malha deformada – E2-PE - plano-deformação Modelagem2

Page 115: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

105

Figura 4.42 – Estabilidade – E2-PE - plano-deformação Modelagem2

4.2.4.6 Deslocamentos horizontais

A figura 4.43 apresenta resumo dos deslocamentos horizontais encontrados nas

análises efetuadas e os perfis de deslocamentos do inclinômetro INPE-13E em

04/12/2012, quando foi construída a berma de equilíbrio e em 25/01/2013.

Page 116: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

106

Rio A E2-PE

-18

-16

-14

-12

-10

-8

-6

-4

-2

0

-300 -250 -200 -150 -100 -50 0 50

Deslocamento horizontal (mm)

Pro

fundid

ade (m

)

Sem colunas de brita

Solo eq.homogêneo

Solo eq. homogêneo S2

Solo eq. NSPT=12

Solo eq. NSPT=12 S2

Plano deform. Mod 1

Plano deform. Mod 1 S2

Plano deform. Mod 2

Plano deform. Mod 2 S2

Inclinômetro INPE-13E 4/12/12

Inclinômetro INPE-13E 25/01/13

Figura 4.43 – Deslocamentos horizontais – E2-PE

Page 117: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

107

4.3 Ponte sobre o Rio B

4.3.1 Encontro E1-PD

Figura 4.44 – Malha deformada – E1-PD – sem colunas de brita

Figura 4.45 – Estabilidade – E1-PD – sem colunas de brita

Page 118: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

108

Rio B E1-PD

-9

-8

-7

-6

-5

-4

-3

-2

-1

0

-9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0

Deslocamento horizontal (mm)

Pro

fundid

ade (m

)

Sem colunas de brita

Figura 4.46 – Deslocamento horizontal – E1-PD – sem colunas de brita

Page 119: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

109

4.3.2 Encontro E1-PE

Figura 4.47 – Malha deformada – E1-PE – sem colunas de brita

Figura 4.48 – Estabilidade – E1-PE – sem colunas de brita

Page 120: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

110

Rio B E1-PE

-9

-8

-7

-6

-5

-4

-3

-2

-1

0

-9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0

Deslocamento horizontal (mm)

Pro

fundid

ade (m

)

Sem colunas de brita

Figura 4.49 – Deslocamento horizontal – E1-PE – sem colunas de brita

Page 121: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

111

4.3.3 Encontro E2-PD

Figura 4.50 – Malha deformada – E2-PD – sem colunas de brita

Figura 4.51 – Estabilidade – E2-PD – sem colunas de brita

Page 122: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

112

Rio B E2-PD

-25

-20

-15

-10

-5

0

-35 -30 -25 -20 -15 -10 -5 0

Deslocamento horizontal (mm)

Pro

fundid

ade (m

)

Sem colunas de brita

Inclinômetro INPD-14E 10/01/2013

Figura 4.52 – Deslocamento horizontal – E2-PD – sem colunas de brita

Page 123: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

113

4.3.4 Encontro E2-PE

Figura 4.53 – Malha deformada – E2-PE – sem colunas de brita

Figura 4.54 – Estabilidade – E2-PE – sem colunas de brita

Page 124: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

114

Rio B E2-PE

-18

-16

-14

-12

-10

-8

-6

-4

-2

0

-25 -20 -15 -10 -5 0 5

Deslocamento horizontal (mm)

Pro

fundid

ade (m

)

Sem colunas de brita

Inclinômetro INPE-10E 10/01/2013

Figura 4.55 – Deslocamento horizontal – E2-PE – sem colunas de brita

Page 125: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

115

4.4 RESULTADOS

Neste item estão apresentados os resumos dos resultados das análises realizadas.

Em dezembro de 2012 foi introduzida uma berma de equilíbrio com o objetivo de

estabilizar e reduzir os deslocamentos horizontais observados nas leituras dos

inclinômetros instalados no Rio A, seu efeito nas análises está apresentado no

presente item e no item 4.2 como sobrecarga 2.

4.4.1 Ponte sobre o Rio A

Tabela 4.16 - Encontro E1-PD

ANÁLISE Fator de Segurança

(sobrecarga 1)

Deslocamento Horizontal 1 máximo (mm)

Deslocamento Horizontal 2 máximo (mm)

Sem coluna de brita

1,61 -23

Solo equivalente 1,59 -17 -16

Solo equivalente NSPT =12

1,58 -12 -10

Plano deformação – Modelagem 1

1,69 -31 -28

Plano deformação – Modelagem 2

1,80 -22 -20

Tabela 4.17 - Encontro E1-PE

ANÁLISE Fator de Segurança

(sobrecarga 1)

Deslocamento Horizontal 1 máximo (mm)

Deslocamento Horizontal 2 máximo (mm)

Sem coluna de brita

<1 -792

Solo equivalente 1,55 -17 -13

Solo equivalente NSPT =12

1,78 -16 -13

Plano deformação – Modelagem 1

1,21 -87 -84

Plano deformação – Modelagem 2

1,25 -37 -33

Page 126: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

116

Tabela 4.18 - Encontro E2-PD

ANÁLISE Fator de Segurança

(sobrecarga 1)

Deslocamento Horizontal 1 máximo (mm)

Deslocamento Horizontal 2 máximo (mm)

Sem coluna de brita

1,11 -69

Solo equivalente 1,48 -19 -15

Solo equivalente NSPT =12

1,48 -18 -15

Plano deformação – Modelagem 1

1,55 -54 -32

Plano deformação – Modelagem 1

1,50 -32 -28

Tabela 4.19 - Encontro E2-PE

ANÁLISE Fator de Segurança

(sobrecarga 1)

Deslocamento Horizontal 1 máximo (mm)

Deslocamento Horizontal 2 máximo (mm)

Sem coluna de brita

<1 -246

Solo equivalente 1,47 -29 -27

Solo equivalente NSPT =12

1,48 -20 -18

Plano deformação – Modelagem 1

1,53 -37 -34

Plano deformação – Modelagem 1

1,28 -40 -36

4.4.2 Ponte sobre o Rio B

Tabela 4.20 – Análises dos encontros sem uso de colunas de brita

Local Fator de Segurança

(sobrecarga 1)

Deslocamento Horizontal 1

(mm)

E1-PD 1,43 -8

E1-PE 1,43 -8

E2-PD 1,37 -15

E2-PE 1,69 -10

Page 127: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

117

CAPÍTULO 5 – MONITORAÇÃO E COMPARAÇÃO

Neste capítulo é feita a exposição da instrumentação realizada, sua disposição e

objetivo. São apresentados os gráficos do comportamento das obras e os resultados

da instrumentação são discutidos e comparados com as análises numéricas

apresentados no capítulo 4.

5.1 Monitoração por Pinos

Foi proposto um sistema de instrumentação por pinos para acompanhamento

topográfico para monitorar os encontros de ponte sujeitos ao Efeito Tschebotarioff. Os

pinos foram dispostos nas estruturas de concreto já construídas mais próximas aos

aterros que comporiam as cargas assimétricas e desta forma passíveis de sofrer o

efeito das movimentações na massa de selo. O comportamento de uma das faces em

escamas do maciço em “terra armada” também foi monitorada com o objetivo de

verificar alguma movimentação.

A figura 5.1 apresenta foto de um exemplo de ponto da viga transversal conforme

materializado em campo.

Figura 5.1 – Materialização de ponto para monitoramento topográfico

Page 128: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

118

A figura 5.2 apresenta esquema dos pontos localizados nas estruturas de concreto e

face da “terra armada” monitorados semanalmente.

Figura 5.2 – Esquema da locação dos pinos para monitoramento topográfico

As estruturas de concreto próximas aos encontros do Rio B foram instrumentadas e a

instrumentação foi acompanhada no decorrer do período estudado no presente

trabalho, porém, dado que não houve subida dos aterros em “terra armada” nos

encontros E1-PD e E1-PE, somente as leituras dos encontros E2-PD e E2-PE estão

apresentadas a seguir.

Os próximos itens apresentam gráficos formados pelas movimentações observadas

em cada encontro de ponte onde a sobrecarga foi aplicada até 04 de janeiro de 2013,

data da aplicação da sobrecarga de equilíbrio.

Page 129: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

119

5.1.1 Encontro Rio A E1-PD

Figura 5.3 – Rio A – E1-PD - Locação dos pinos

Figura 5.4 – Rio A – Leituras pinos 6 e 8

Page 130: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

120

Figura 5.5 – Rio A – Leituras pinos 5, 7 e 18

Figura 5.6 – Rio A – Leituras pino 22

Page 131: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

121

5.1.2 Encontro Rio A - E1-PE

Figura 5.7 – Rio A – E1-PE - Locação dos pinos

Figura 5.8 – Rio A – Leituras pinos 1, 3 e 17

Page 132: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

122

Figura 5.9 – Rio A – Leituras pinos 2 e 4

Figura 5.10 – Rio A – Leituras pino 23

Page 133: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

123

5.1.3 Encontro Rio A E2-PD

Figura 5.11 – Rio A – E2-PD - Locação dos pinos

Figura 5.12 – Rio A – Leituras pinos 13, 15

Page 134: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

124

Figura 5.13 – Rio A – Leituras pinos 14, 16 e 20

Figura 5.14 – Rio A – Leituras pino 22

Page 135: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

125

5.1.4 Encontro Rio A - E2-PE

Figura 5.15 – Rio A – E2-PE - Locação dos pinos

Figura 5.16 – Rio A – Leituras pinos 9, 11

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126

Figura 5.17 – Rio A – Leituras pinos 10, 12 e 19

Figura 5.18 – Rio A – Leituras pino 24

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127

5.1.5 Encontro Rio B E2-PD

Figura 5.19 – Rio B – E2-PD - Locação dos pinos

Figura 5.20 – Rio B – Leituras pinos 11 e 12

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128

Figura 5.21 – Rio B – Leituras pino 15, 16 e 20

Figura 5.22 – Rio B – Leituras pino 22

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129

5.1.6 Encontro Rio B E2-PE

Figura 5.23 – Rio B – E2-PE - Locação dos pinos

Figura 5.24 – Rio B – Leituras pinos 9 e 10

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130

Figura 5.25 – Rio B – Leituras pinos 13, 14 e 19

Figura 5.26 – Rio B – Leituras pino 21

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131

5.2 Monitoração por Inclinômetros

A monitoração por inclinômetros foi projetada para monitorar as movimentações

horizontais a que as estacas raiz já construídas estariam submetidas durante a

construção dos aterros em “terra armada” e após, até a completa estabilização.

As figuras 5.27 e 5.28 mostram a disposição dos inclinômetros, centralizados em

relação ao bloco de coroamento das estacas. Eles foram dispostos entre a face da

terra armada, que ainda não estava construída quando a foto foi tirada, e o bloco da

estrutura. Os inclinômetros foram instalados conforme os esquemas de instalação

apresentados no ANEXO 2.

Figura 5.27 – Localização do inclinômetro – centralizado em e relação ao bloco

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132

Figura 5.28 – Localização do inclinômetro – vista geral do instrumento centralizado

Após serem levantadas dúvidas sobre o inclinômetro INPD-12E no encontro E1-PE,

que poderia ter sido instalado numa profundidade não suficiente para garantir a

indeslocabilidade do pé, procedeu-se a instalação do inclinômetro INPE-12E A ao lado

do primeiro instrumento.

Durante o acompanhamento da evolução dos deslocamentos do inclinômetros,

constatou-se que os valores observados superavam o deslocamento final obtido em

análises numéricas. Com base nessa comparação foi lançada sobrecarga de equilíbrio

em 04/12/2012 com alturas de 2,08m para o encontro E1-PD, 2,30m para o encontro

E1-PE, 2,98m para o encontro E2-PD e 2,30m para o encontro E2-PE.

Era esperado que os deslocamentos horizontais registrados após a colocação da

sobrecarga de equilíbrio cessariam ou mesmo regridam. As leituras dos inclinômetros

até um mês após o lançamento da sobrecarga de equilíbrio estão apresentados nesse

capítulo.

Os itens que seguem mostram os gráficos da evolução dos deslocamentos formados

com as leituras semanais efetuadas. Os gráficos individuais das leituras em toda a

profundidade estão apresentados no ANEXO 3.

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133

5.3 Ponte sobre o Rio A

5.3.1 Encontro E1-PD

Figura 5.29 – Elevação da “terra armada” e da sobrecarga de equilíbrio.

Figura 5.30 - Leituras do inclinômetro INPD-10E

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134

5.3.2 Encontro E1-PE

Figura 5.31 – Elevação da “terra armada” e da sobrecarga de equilíbrio.

Figura 5.32 - Leituras do inclinômetro INPE-12E e INPE-12E A

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135

5.3.3 Encontro E2-PD

Figura 5.33 – Elevação da “terra armada” e da sobrecarga de equilíbrio.

Figura 5.34 - Leituras do inclinômetro INPD-11E

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136

5.3.4 Encontro E2-PE

Figura 5.35 – Elevação da “terra armada” e da sobrecarga de equilíbrio.

Figura 5.36 - Leituras do inclinômetro INPE-13E

Page 147: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

137

5.4 Ponte sobre o Rio B

5.4.1 Encontro E2-PD

Figura 5.37 – Elevação da “terra armada” e da sobrecarga de equilíbrio.

Figura 5.38 - Leituras do inclinômetro INPD-14E

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138

5.4.2 Encontro E2-PE

Figura 5.39 – Elevação da “terra armada” e da sobrecarga de equilíbrio

Figura 5.40 - Leituras do inclinômetro INPD-10E

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139

5.5 Discussão sobre a instrumentação

5.5.1 Ponte sobre o Rio A

5.5.1.1 Monitoração por pinos

Monitoração das estruturas de concreto armado

A monitoração por pinos no encontro E1-PD apresentou leituras variando entre -3mm

e 2 mm na direção vertical. Para o encontro E1-PE a variação foi entre -3mm e 7mm.

O encontro E2-PD apresentou variação entre 0 e 4mm nas leituras. Finalmente, o

encontro E2-PE apresentou variação de leituras entre 1mm e -5mm.

A observação dos gráficos (figuras 5.4 a 5.28) permite notar que as leituras oscilam

entre valores positivos e negativos, que as leituras de pinos localizados na mesma

face de um bloco (figura 5.2) se comportam de maneira incompatível com a rigidez da

estrutura instrumentada, levando a conclusão de que as variações de leitura são fruto

de erros associados ao método de leitura utilizado.

Monitoração da face do aterro em “terra armada”

Desde o início do monitoramento até aproximadamente 20 de setembro de 2012, as

leituras dos encontros E1-PD, E1-PE, E2-PD e E2-PE apresentaram comportamento

semelhante à monitoração das estruturas de concreto armado. Após essa data, cerca

de 3 meses após o término da construção dos aterros em “terra armada”, as leituras

passaram a indicar deslocamentos verticais chegando a 41mm no encontro E1-PD,

90mm no encontro E1-PE, 33mm no encontro E2-PD e 95mm no encontro E2-PE.

A partir da mesma época foram observados deslocamentos significativos também na

direção horizontal, perpendicular a face monitorada, atingindo 11mm no encontro E1-

PD, 30mm no encontro E2-PD e 43mm no encontro E2-PE.

O fato de que os deslocamentos significativos das faces monitoradas começaram a

ser observados cerca de 3 meses após a conclusão dos aterros em “terra armada”, ao

passo que os deslocamentos dos inclinômetros começaram a ser observados no início

da construção dos aterros é uma circunstância que indica que os deslocamentos

observados não estão associados com o Efeito Tschebotarioff.

5.5.1.2 Monitoração por inclinômetros

Para efeito de comparação com as análises por elementos finitos, as tabelas 5.1 a 5.4

apresentam as leituras observadas na época da conclusão dos aterros em “terra

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140

armada”, antes do lançamento da sobrecarga de equilíbrio e após um mês do

lançamento da sobrecarga de equilíbrio juntamente com os deslocamentos obtidos

nos modelos numéricos. A tabela 5.3 apresenta as velocidades de deslocamento

horizontal desenvolvidas desde o início da construção dos aterros em “terra armada”

até o mês de dezembro de 2012.

Tabela 5.1 – Deslocamentos horizontais máximos anteriores a aplicação da berma de equilíbrio (mm)

ANÁLISE E1-PD

INPD-10E E1-PE

INPE-12E E2-PD

INPD-11E E2-PE

INPE-13E

Sem coluna de brita 23 792 69 246

Solo equivalente 17 17 19 29

Solo equivalente NSPT =12

12 16 18 20

Plano deformação Modelagem 1

31 87 54 37

Plano deformação Modelagem 2

22 37 32 40

Deslocamento ao final da “terra armada”

6 8 8 11

Deslocamento em 04/12/2012

18 35 22 29

Tabela 5.2 – Deslocamentos horizontais finais após a aplicação da berma de equilíbrio (mm)

ANÁLISE E1-PD

INPD-10E E1-PE

INPE-12E E2-PD

INPD-11E E2-PE

INPE-13E

Solo equivalente 16 13 15 27

Solo equivalente NSPT =12

10 13 15 18

Plano deformação Modelagem 1

28 84 32 34

Plano deformação Modelagem 2

20 33 28 36

Deslocamento em 04/01/2013

19 36 22 29

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141

Tabela 5.3 – Velocidades de deslocamento horizontal (mm/semana)

E1-PD

INPD-10E E1-PE

INPE-12E E2-PD

INPD-11E E2-PE

INPE-13E

Junho/2012 1,88 - 2,43 -

Julho/2012 1,40 1,17 2,23 2,50

Agosto/2012 0,40 4,63 0,50 2,45

Setembro/2012 0,32 1,07 0,27 0,70

Outubro/2012 0,31 0,59 0,31 0,82

Novembro/2012 0,21 0,78 0,16 0,42

Dezembro/2012 0,09 0,13 0,17 -0,07

Os dados de inclinômetro lidos mostram que os deslocamentos máximos ao final do

mês de dezembro de 2012, 6 e 5 meses após da “terra armada” para a pista direita e

pista esquerda respectivamente, se aproximaram mais da análise numérica realizada

com o solo homogêneo equivalente calculado conforme proposto por Choobbasti et al.

(2011)

As propostas de Tan et al. (2010) para transformação do modelo numérico

axissimétrico para plano-deformação foram as que mais divergiram do deslocamento

máximo final observado, exceto pelo encontro E1-PE, que pode ter tido suas medidas

afetadas por problemas de instalação.

Os resultados das análises considerando a construção das bermas de equilíbrio e os

últimos deslocamentos medidos em campo estão apresentados na tabela 5.2, no

entanto não foi observado nenhum padrão que permitisse a comparação com as

previsões das análises.

Era previsto que após a aplicação da berma de equilíbrio houvesse uma pequena

regressão dos deslocamentos medidos. Pelo fato de que os deslocamentos

prosseguem meses após a aplicação da carga e devido ao pouco tempo decorrido

após a aplicação da sobrecarga de equilíbrio, não é possível observar claramente

essa regressão. Foi então elaborado um estudo das velocidades de deslocamento

desenvolvidas desde a construção dos aterros em “terra armada” apresentado na

tabela 5.3. O estudo mostrou que, com exceção do encontro E1-PE, o mês da

construção do aterro foi aquele com maior velocidade de deslocamentos, com redução

gradativa das velocidades no decorrer dos meses e que após a aplicação da berma de

Page 152: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

142

equilíbrio, a redução da velocidade foi significativa, inclusive apresentando regressão

para o encontro E2-PE.

5.5.2 Ponte sobre o Rio B

5.5.2.1 Monitoração por pinos

Monitoração das estruturas de concreto armado

A monitoração por pinos nos encontros E2-PD e E2-PE apresentou variação entre 0 e

-3mm nas leituras.

A observação dos gráficos (figuras 5.20 a 5.26) permite notar que as leituras oscilam

entre valores positivos e negativos, que as leituras de pinos localizados na mesma

face de um bloco (figura 5.2) se comportam de maneira incompatível com a rigidez da

estrutura instrumentada, levando a conclusão de que as variações de leitura são fruto

de erros associados ao método de leitura utilizado.

Monitoração da face do aterro em “terra armada”

As leituras dos encontros apresentam comportamento semelhante à monitoração das

estruturas de concreto armado, com variação na direção vertical de 0mm a -2mm para

o encontro E2-PD e de 0mm a -3mm para o encontro E2-PE.

5.5.2.2 Monitoração por inclinômetros

Para efeito de comparação, a tabela 5.4 apresenta as leituras tomadas ao final da

construção do aterro em terra armada, as últimas leituras em 04/01/2013 e os

deslocamentos obtidos através de modelos numéricos.

A comparação com as análises em por elementos finitos mostra que, ao contrário do

esperado, o encontro E2-PE apresentou deslocamentos maiores que o encontro E2-

PD, mostra claramente também a diferença entre os formatos das deformadas de

deslocamento encontradas. Para o encontro E2-PD, a deformada prevista apresenta

máximo na profundidade aproximada de 6,0m, a deformada real além do máximo

nesta profundidade, apresentada deslocamentos próximo ao nível do terreno, até a

profundidade de 2,5mm (figura 4.52). Esse desvio na parte superior foi computado por

ter magnitude significativa na profundidade da cabeça das estacas próximas, no

entanto para a comparação com o modelo numérico foi considerado o deslocamento a

6,0m de profundidade por se considerar que o deslocamento superior não vale para

fenômeno em estudo. No encontro E2-PE, observa-se que a deformada obtida da

instrumentação apresenta 02 máximos a 2,0m e a 6,0m, o modelo apresenta apenas

Page 153: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

143

um máximo na profundidade de aproximadamente 3,0m. O modelo numérico adotou

simplificação das camadas de solo que pode ter mascarado a presença de solo com

maior NSPT na profundidade de 4,0m, causando essa diferença de forma. Sendo assim,

comparou-se o máximo obtido nas análises numéricas com o resultado da

instrumentação a 1,5m.

Tabela 5.5 – Deslocamentos horizontais (mm)

ANÁLISE E2-PD

INPD-14E E2-PE

INPE-10E

Sem coluna de brita 15 10

Deslocamento ao final da “terra armada”

4 16

Deslocamento em 04/01/2013

8 23

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144

CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA NOVAS PESQUISAS

Este trabalho abordou uma questão importante nos projetos de pontes – conhecida

como Efeito Tschebotarioff – mas para a qual se dispõe de poucos dados de

comparação previsão-monitoração e de informação sobre métodos de mitigação. Há

relatos de experiências e métodos de projeto, publicados principalmente no exterior,

mas pouco se dispõe em termos de métodos de mitigação do problema.

Em relação aos casos de obra estudados, eles apresentam interesse na medida em

que os aterros de acesso são contidos pelo processo de terra armada, o que cria uma

transição brusca do trecho com sobrecarga para o trecho sem. Outro ponto de

interesse é que as fundações das pontes foram executadas antes dos aterros (sabe-se

que a execução prévia dos aterros minimiza o fenômeno, pois parte das deformações

ocorre antes da execução das estacas) e as estacas tinham uma capacidade de flexão

limitada.

Em uma das obras adotou-se, como forma de mitigar o fenômeno, colunas de brita

(tratamento por vibro-substituição). Este tipo de tratamento é amplamente utilizado

para minimizar recalques e tem o potencial de minimizar deslocamentos horizontais.

A partir dos estudos feitos pode-se concluir que:

• A execução posterior dos aterros, em relação às estacas, favorece o

aparecimento do fenômeno; a solução de contenção dos aterros de acesso

pelo processo de terra armada agrava o fenômeno;

• Mesmo com o solo de fundação melhorado por vibro-substituição (colunas de

brita) os deslocamentos horizontais foram importantes e chegaram, em alguns

encontros, a níveis que podem colocar em risco a integridade das estacas;

• Os deslocamentos horizontais dos aterros sobre colunas de brita se

desenvolvem ao longo de bastante tempo após a conclusão do aterro;

considerando um subsolo argiloso mole, o tempo para estabilização não é

menor que 3 meses após concluída a sobrecarga;

• A aplicação de uma berma de equilíbrio contribui para minimizar o fenômeno,

praticamente levando à estabilização dos deslocamentos; devido ao tempo

reduzido de observação, não foi possível constatar uma possível regressão dos

deslocamentos (ou essa regressão praticamente não ocorrerá);

Page 155: Flavia_Elisabeth_Cardoso_Pires_mestrado(1).pdf

145

• A monitoração da obra – com inclinômetro e medição topográfica de pinos nas

estruturas da ponte e estruturas de contenção – se mostrou adequada, mas,

em obras futuras, deve ser incrementada, com, por exemplo, a monitoração de

placas ou marcos superficiais no topo do aterro;

• Na prática de projetos é comum se recorrer a métodos simplificados, como o

de Tschebotarioff, etc.; no caso presente, estes métodos indicaram maior

gravidade no caso da ponte sobre o Rio A, onde o solo foi melhorado por vibro-

substituição (colunas de brita);

• Dispõe-se hoje de métodos numéricos que podem contribuir para quantificar os

deslocamentos e esforços nas estacas decorrentes do Efeito Tschebotarioff;

• Na prática de projetos geralmente se dispõe somente de sondagens (com

ensaios SPT) e os parâmetros de projeto têm que ser arbitrados, o que

compromete a qualidade das previsões (especialmente no caso de métodos

numéricos);

• No caso do uso de colunas de brita, é comum fazer-se uma modelagem

numérica com o solo tratado representado por um único material, com as

propostas de Priebe (1995) e Choobbasti (2011); os resultados dessas

modelagens se aproximaram dos deslocamentos observados.

Como sugestão para novas pesquisas indica-se:

• Estudar, com os dados disponíveis, o quanto se melhoraria as previsões com

uma modelagem numérica mais sofisticada – com modelo de solo tipo Cam-

Clay (ou “Soft-soil”) e eventualmente modelagem 3D;

• Estudar as movimentações no tempo, com uma modelagem numérica que

inclua adensamento acoplado.

• Monitorar outras pontes com uma instrumentação que inclua equipamentos

como o perfilômetro por exemplo, e executar mais ensaios in-situ (CPTu, DMT)

para uma reavaliação das conclusões desta dissertação.

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146

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ANEXO 1 – SONDAGENS A PERCUSSÃO

Figura A1.1 – Rio A - E1-PD - SM-E1-PD

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152

Figura A1.2 – Rio A – E1-PE - SM-E1-PE

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153

Figura A1.3 – Rio A – E2-PE - SM-E2-PD

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154

Figura A1.4 – Rio A – E2-PE - SM-E2-PE

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155

Figura A1.5 – Rio B – E1-PD e E2-PD - SPTAC-02

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156

Figura A1.6 – Rio B – E1-PE - SPTAC-01

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157

Figura A1.7 – Rio B – E2-PE - SP-01

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158

ANEXO 2 – PERFIS DE INSTALAÇÃO DOS INCLINÔMETROS

Figura A2.1 – Rio A – E1-PD - Inclinômetro INPD-10E

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159

Figura A2.2 – Rio A – E1-PE - Inclinômetro INPE-12E

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160

Figura A2.3 – Rio A – E2-PD - Inclinômetro INPD-11E

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161

Figura A2.4 – Rio A – E2-PE - Inclinômetro INPE-13E

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162

Figura A2.5 – Rio B – E2-PD - Inclinômetro INPD-14E

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163

Figura A2.1 – Rio A – E2-PE - Inclinômetro INPE-10E

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164

ANEXO 3 – GRÁFICOS DOS INCLINÔMETROS

Figura A3.1 – Rio A – E1-PD - Inclinômetro INPD-10E

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165

Figura A3.1 – Rio A – E1-PE - Inclinômetro INPE-12E

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166

Figura A3.3 – Rio A – E2-PD - Inclinômetro INPD-11E

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167

Figura A3.4 – Rio A – E2-PE - Inclinômetro INPE-13E

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168

Figura A3.5 – Rio B – E2-PD - Inclinômetro INPD-14E

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169

Figura A3.6 – Rio B – E2-PE - Inclinômetro INPE-10E