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PUBLICAÇÃO BIMESTRAL 194 • JULHO/AGOSTO ‘11 FARMÁCIA PORTUGUESA NOVO GOVERNO NOVO MINISTRO DA SAÚDE VELHAS QUESTÕES EM ABERTO CAMPANHA DE VACINAçãO REGRESSA àS FARMÁCIAS ÉPOCA GRIPAL 2011/2012

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PUBLICAÇÃO BImestrAL • 194 • jULhO/AgOstO ‘11

FARMÁCIA PORTUGUESA

NOVO GOVERNONOVO MINISTRO DA SAÚDE

VELHAS QUESTÕES EM ABERTO

CAMPANHA DE VACINAçãO REGRESSA àS FARMÁCIAS

ÉPOCA GRIPAL 2011/2012

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FARMÁCIA PORTUGUESA 3

PUBLICAÇÃO BImestrAL • 194 • jULhO/AgOstO‘11

FARMÁCIA PORTUGUESA

04 úLtImA hOrA Lastminute

05 edItOrIAL

06 Anf formaçãoparaempresários trainingforentrepreneurs

09 fLAshes

10 entrevIstA peDroBaptistaCrioufÍgaDo

HumanoemLaBoratÓrio peDroBaptistaCreateD HumanLiverinLaBoratory

14 POLÍtICA PrOfIssIOnAL gripesaZonaL:CampanHa DavaCinaçãonasfarmáCias seasonaLinfLuenZa:

vaCCinationCampaignreturnstopHarmaCies

22 POLÍtICA de sAúde reLatÓrioDaprimaveraDoopss opssspringreport

28 InfOrmAÇÃO terAPêUtICA CuiDaDoCom apeLeDasCrianças CHiLDren´ssKinCare

36 COnsULtOrIA fIsCAL DesCiDaDatsueasfarmáCias tHeDesCenDoftsuanDtHe

pHarmaCies

38 COnsULtOrIA jUrÍdICA regimeDetransferênCia DasinstaLaçõesDefarmáCia DeofiCina faCiLitytransfersystemof

pHarmaCy

39 InfOrmAÇÃO veterInárIA LeisHmanioseCanina CanineLeisHmaniasis

40 esPAÇO AnImAL maisfarmáCiasaDerentes morepartiCipating

pHarmaCies

42 mUseU dA fArmáCIA temapaLavraoDireCtor tHeDireCtorHastHeworD

44 InternACIOnAL ContrafaCçãotem novaDireCtivaeuropeia neweuropeanDireCtive

againstCounterfeiting

50 hOmenAgem seBastiãoaLves, funDaDorDaatraLCipan seBastiãoaLves, founDerofatraLCipan

52 nOtICIárIO news

54 reUnIões e sImPósIOs meetinganDsymposia

55 fOrmAÇÃO training

56 fICheIrO mestre masterfiLe

58 destA vArAndA fromtHisBaLCony

24PÔR AS CONTAS EM ORDEM

este é o compromisso donovoministrodasaúde,pau-lo macedo, à frente de umaequipa com a responsabili-dade de executar as directi-vas emanadas do memoran-do de entendimento entre opaísea troika.aescolhadoex-director-geraldos impos-tos e ex-administrador deempresas do grupo BCp foibem recebida entre os par-ceiros, nomeadamente entreosfarmacêuticos.

26 PROGRAMA DO GOVERNO RECUPERA DCI

umamelhorgestãodosnséa trave-mestra do programadegovernoparaasaúde:umprograma que colhe muitasdas propostas eleitorais dopsD e do CDs-pp. em ma-téria de política do medica-mento,aprescriçãoporDCi,apromoçãodosgenéricos,aunidose e a desmaterializa-ção da receita são linhas deacçãocomuns.

nOtA dO edItOr:naúltimaediçãodarevistafarmáciaportuguesanoartigo“Balançode trêsanosdefarmáciasportuguesas”publicámos incorrectamenteonomedaDirectoratécnicadafarmácianovademarcodeCanavezes.pelosucedidoapresentamosasnossasdescul-pasàDra.anaCristinaCoutoribeiroeaproveitamospararectificaronome.

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DIRECTORDr. Francisco guerreiro gomes

SUB-DIRECTORESDr. Luís matias

Dr. Nuno Vasco Lopes

COORDENADORA DO PROjECTODrª maria joão toscano

COORDENADORA REDACTORIALDrª rosário Lourenço

email: [email protected]

tel.: 21 340 06 50

PRODUçãO

CONSULTORA COMERCIALsónia Coutinho

[email protected].: 96 150 45 80

tel.: 21 850 81 10 - Fax: 21 853 04 26

Distribuição gratuita aos associados da ANF

ASSINATURAS1 Ano (12 edições) - 50,00 euros

estudantes de Farmácia - 27,50 eurosContactos

telef.: 21 340 06 50 • Fax: 21 340 06 74email: [email protected]

IMPRESSãO E ACABAMENTOrPO - Produção gráfica, Lda.

Depósito Legal n.º 3278/83Isento de registo na erC ao abrigo

do artigo 9.º da Lei de Imprensa n.º 2/99, de 13 de janeiro

Periodicidade: Bimestraltiragem: 5 000 exemplares

Distribuição

FArmÁCIA POrtUgUesA é uma publicação da Associação Nacional das Farmácias

rua marechal saldanha, 1, 1249-069 Lisboa

PROPRIEDADE

FARMÁCIA PORTUGUESA

REDACçãO: edifício Lisboa OrienteAv. Infante D. henrique, 333 h, escritório 49

1800-282 Lisboatel.: 21 850 81 10 - Fax: 21 853 04 26email: [email protected]

www.anf.pt

úLtImA hOrA

O governo decidiu criar um banco de medicamentos para os cida-dãos mais carenciados, no âmbito do Programa de emergência social (Pes). Uma medida que a ANF já considerou como sendo coerente e tendo viabilidade, desde que salva-guardada a segurança dos doentes.O objectivo é distribuir pelos mais idosos e carenciados entre 30 a 35 mil embalagens de medicamentos cujo prazo de validade expirará no intervalo de seis meses, sendo que os doentes deverão ser identifica-dos pelas Instituições Particulares de solidariedade social e pelas mi-sericórdias. serão os laboratórios a ceder os medicamentos, com o programa a constituir também uma forma de combate ao desperdício, uma vez que aqueles fármacos já não poderiam entrar no circuito co-mercial.esta é uma medida da responsabili-dade do ministério da solidariedade social, já considerada positiva pelo ministro da saúde. Paulo macedo garantiu que o risco para a saúde será acautelado, razão pela qual o Infarmed está a acompanhar o pro-cesso. A distribuição dos medica-mentos será feita “através de locais próprios e credenciados nas insti-tuições sociais, com salvaguarda das regras de segurança”.há outro risco que é preciso acau-telar, na óptica do presidente da ANF: é que estes medicamentos

ANF considera medida coerente

governocriabancodemedicamentos

não apareçam no mercado negro, como já aconteceu noutros países. Para joão Cordeiro, esta é, no en-tanto, uma medida coerente e que tem viabilidade. e, apesar de ainda não ter sido negociada com os par-ceiros, a associação está disponível para colaborar na condição de que a sua aplicação seja circunscrita no tempo e que as pessoas em situa-ção de emergência estejam “rigoro-samente identificadas”. também a Apifarma apoia a medi-da, considerando que, “no actual contexto de crise, são essenciais mecanismos de apoio às pessoas mais desfavorecidas. Congratula-se, por isso, por as empresas suas associadas serem parte integrante da iniciativa.mais céptica é a Ordem dos médicos, cujo bastonário manifestou dúvidas de que a entrega gratuita de medi-camentos a idosos seja geradora de poupanças. josé manuel silva argu-menta que a concretização da medi-da tem custos significativos, pois é preciso montar uma rede de recolha e distribuição: “Não é uma medida para tomar de ânimo leve. tem uma logística pesada”.O banco de medicamentos integra o Pes, que vigorará entre setembro deste ano e Dezembro de 2014, pro-pondo-se chegar a três milhões de pessoas. O programa tem um custo de 400 milhões de euros no primei-ro ano.

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FARMÁCIA PORTUGUESA 5

eDItOrIAL

Francisco guerreiro gomes

As grandes dificuldades económicas e sociais que o nosso País atraves-sa e que se prevê que não se venham a desvanecer, antes pelo contrá-rio, levaram a que a maioria dos nossos leitores tenha tido umas férias muito condicionadas.muitos de nós não saíram da farmácia para se deslocarem ao mar no estrageiro. Nem mesmo os destinos mais económicos, como as ilhas da madeira e dos Açores ou o Algarve foram usados como é hábito.O nosso Primeiro-ministro e o Parlamento, dando o exemplo, tiveram só duas semanas para descansarem.estar assim na farmácia traduziu-se para o proprietário em tentar fazer diariamente as compras dos produtos para manter os stocks em valores mínimos. Por outro lado, se tinha formação técnica, ir ao balcão para poder dispor de menos um empregado e dar férias justas à equipa.estudar e criar motivos de deslocação dos doentes e fazerem concor-rência embora leal aos colegas que os rodeiam. Como a segurança é um ponto importante no dia-a-dia, porque a multiplicação de assaltos obriga a fazer formação e instalar dispositivos dissuasores e de alarme.Fazer vigilância aturada às fichas de crédito que alguns clientes man-têm pagando em dias certos do mês.entretanto vêem-se acumular medidas cujo alcance ainda não é com-pletamente mensurável.Posso dar como exemplos a formação dum fundo de medicamentos, a seis meses de terminarem o prazo de validade, e que o estado destinou às pessoas mais carenciadas. A obrigação, com prazos, da prescrição informatizada com excepções legislativamente indicadas.

Não desesperemos todavia (miguel sousa tavares).

férias?

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Iniciativa de formação para empresários

ANF

potenciarodesempenho da farmáciaAumentar a competitividade das farmácias enquanto pequenas e micro empresas foi o objectivo da Iniciativa de Formação para empresários que, durante oito meses, reforçou as competências em gestão, marketing e recursos humanos de 75 proprietários de farmácia de todo o País.

Ir ao encontro das necessidades das farmácias, dotando-as de ferramen-tas que lhes permitam potenciar o seu desempenho, é uma preocupa-ção de sempre da ANF. Uma preo-cupação com particular acuidade num momento de crise económico-financeira como o actual. Foi neste contexto que a associação se pro-pôs reforçar as competências dos seus sócios e associados, candida-tando-se à Iniciativa de Formação para empresários, promovida pela Confederação do Comércio e serviços de Portugal (CCP) no âm-

bito do Programa Operacional de Potencial humano (POPh). Como o próprio nome indica, o que es-tava em causa era uma iniciativa diri-gida exclusivamente a empresários, isto é, proprietários de farmácia. O programa proposto visou melhorar a capacidade de gestão e, em con-sequência, promover a capacidade de modernização e inovação, assim contribuindo para aumentar a com-petitividade da farmácia.Ao abrigo da candidatura, aceite e financiada pelo POPh, a iniciativa estava ao alcance de 20 empresários

na zona Norte, 15 no Centro, 15 no Alentejo e 25 no Algarve. As farmá-cias participantes foram seleccio-nadas em função de um conjunto de critérios, tendo sido valorizada, no-meadamente, a adesão ao Programa Farmácias Portuguesas, mas tam-bém a participação em projectos e serviços, em estudos económico-fi-nanceiros e ainda em acções de for-mação da escola de Pós-graduação em saúde e gestão (ePgsg).A escola foi, aliás, a responsável pela delineação do programa for-mativo, que envolveu duas vertentes:

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uma teórico-prática, com a duração de 75 horas, e outra de aconselha-mento, com a duração de 50 horas. Os conteúdos versaram três gran-des domínios — gestão, marketing e recursos humanos. são estes os domínios que cada vez mais con-tribuem para o bom desempenho empresarial da farmácia, por via da aquisição de boas práticas que, a posteriori, também se reflectirão na diferenciação profissional.Uma vez identificados os domínios fulcrais da formação e do aconse-lhamento, a oferta formativa con-creta subdividiu-se em Instrumentos de Apoio à gestão, estratégia e Liderança e Organização do trabalho.Assim, as acções desenvolvidas vi-saram capacitar os participantes a interpretar e utilizar os instrumen-tos de apoio à gestão, a intervir nos principais domínios da gestão, de modo a promoverem a consolidação da actividade da empresa, e ainda a implementar mecanismos de con-

trolo da gestão. No que respeita à estratégia, ao longo de 25 horas os empresários tiveram oportunidade de reforçar os seus conhecimentos em matérias como o desenvolvimen-to de uma abordagem estratégica da empresa e do seu contexto de mer-cado, identificação dos principais objectivos e etapas da construção de um plano de marketing, definição de metas e desenvolvimento de uma estratégia comercial, reconheci-mento da importância de efectuar a monitorização do cumprimento dos objectivos.em relação à terceira área, a forma-ção incidiu sobre o reconhecimento da importância dos estilos de lide-rança para a promoção da eficácia organizacional, a promoção da mo-tivação nas equipas e nas organiza-ções, a aplicação de estratégias de comunicação e dinamização do tra-balho em equipa nas organizações, e a aplicação de técnicas de gestão do tempo e de organização de trabalho.

A Iniciativa de Formação para empresários mereceu dos partici-pantes uma avaliação muito positiva. Como em qualquer acção de forma-ção com a chancela da escola de Pós-graduação em saúde e gestão, foi pedido aos participantes que ma-nifestassem a sua opinião, quantifi-cando-a num inquérito de satisfação distribuído no final. Das 35 respostas obtidas, 60,00 por cento atribuíram a nota máxima (numa escala de 1 a 5) ao programa, sendo que outras 40,00 por cento o classificaram com 4. Não houve valorações inferiores. segmentando as opiniões, verificou--se que no que respeita à formação na área da Liderança e Organização do trabalho 74,29 por cento de respos-tas obtiveram a classificação máxima e 22,86 por cento classificaram-na com 4. já na consultoria, as opiniões dividiram-se mais: 62,86 por cento dos respondentes atribuíram-lhe 5, 20,00 por cento deram-lhe 4 e 14,29 por cento classificaram-na com 3.Quando questionados sobre a im-portância da formação e consultoria

Por empresário, a iniciativa envolveu ainda 50 horas de aconselhamento. As acções de formação e aconselha-mento decorreram entre Outubro de 2010 e junho de 2011, com uma taxa de aproveitamento do financiamento superior a 100 por cento. Isto signifi-ca que a ANF teve de suportar algu-mas das despesas, tendo custeado o diferencial entre os 354 mil euros fi-nanciados e o valor final da iniciativa.Para os participantes a iniciativa não teve custos, mas num cenário com o mesmo volume de formação o valor a suportar por cada um seria supe-rior a 4.700 euros, sem considerar as despesas de deslocação na con-sultoria.esta foi mais uma iniciativa orientada para a valorização do capital humano da farmácia, neste caso o proprietá-rio/empresário, no entendimento de que a aquisição e aplicação de fer-ramentas de gestão específicas são essenciais para a afirmação econó-mica da farmácia.

satisfação elevadanesta área na actividade da farmácia, a maioria – 71,43 por cento – optou pela classificação máxima, tendo 22,86 por cento atribuído 4. em matéria de utili-zação a médio/longo prazo dos concei-tos adquiridos, 80,00 disseram prever que aplicariam “praticamente todos” e 20,00 por cento responderam “alguns”.A formação em estratégia mereceu classificação 5 de 60,00 por cento dos respondentes e classificação 4 de 37,14 por cento, enquanto a consultoria na mesma área suscitou respostas me-nos concentradas e menos favoráveis: 34,29 por cento optaram pela nota 5, 48,57 por cento pelo 4 e 8,57 por cento pelo 3.Quanto à importância para a actividade da farmácia, o nível 5 mereceu 48,57 por cento das respostas e o 4 foi esco-lhido por 37,14 por cento dos respon-dentes, sendo que 8,57 por cento op-taram pela classificação média. No que respeita à aplicação dos con-ceitos adquiridos, 60,00 por cento dos empresários disseram planear utili-zar “praticamente todos”, enquanto outros 29,41 por cento tencionam

aplicar “alguns”. Na avaliação da formação em Instrumentos de Apoio à gestão, 62,86 por cento atribuíram a classificação máxima, 25,71 por cento deram-lhe 4 e 11,43 por cento 3. sobre a consultoria na mesma área, o 5 obteve 45,71 por cento das respostas e o 4 foi assi-nalado por 37,14 dos respondentes tendo ainda 11,43 por cento atribu-ído um 3.Na resposta à questão “que impor-tância teve a formação/consulto-ria nesta área para a actividade da farmácia”, 60,00 por cento deram nota máxima, 31,43 por cento op-taram pelo 4, tendo havido 2,86 por cento de notas negativas (2). Na aplicação concreta dos concei-tos, 71,43 por cento disseram que pretendem aplicar “praticamente todos” e 28,57 por cento preten-dem utilizar “alguns”.Da análise das respostas, decor-re que a formação conseguiu uma avaliação superior à da consulto-ria, não se tendo verificado oscila-ções significativas entre temáticas.

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farmácia Internacional, monte gordo

Uma visão mais empresarial faz falta

ANF

A proprietária da Farmácia da Cruz, no Porto, acredita que a Iniciativa de Formação para empresários irá con-tribuir para uma melhor gestão e me-lhor desempenho da sua empresa.Da sua participação faz um balanço “muito positivo”, quer pelas temáti-cas abrangidas – “direccionadas para a especificidade da farmácia” -, quer pela qualidade dos formadores – “co-nhecedores do sector” – quer ainda pela dinâmica da equipa – “os colegas eram todos muito interessados, todos tínhamos os mesmos objectivos”.maria manuela Ferreira já tinha fre-

O proprietário da Farmácia Inter- nacional, em monte gordo, colheu na Iniciativa de Formação para empresários “excelentes ferra- mentas” para uma melhor orga-nização da sua farmácia.

farmácia da Cruz, Porto

Contributos para uma melhor gestão

quentado outras acções de formação nos domínios da gestão, do marketing e dos recursos humanos, mas apre-ciou nesta iniciativa o facto de as áreas estarem interligadas e de terem sido desenvolvidas como um todo.Algumas das medidas propostas na formação já estão em curso na sua farmácia, nomeadamente no âmbito da organização da equipa. Outras se-rão implementadas com o tempo. Na sua opinião, o proprietário de farmácia tem cada vez mais de se posicionar como um empresário, muito embora, a título pessoal,

prefira a vertente profissional de ser farmacêutico à de gestor. Ao longo da história, as farmácias sem-pre viveram tempos difíceis – após o 25 de Abril, por exemplo – e o pro-prietário sempre teve de se adaptar. mas agora “o mercado é mais agres-sivo e exige uma maior adaptação”. Para a proprietária da Farmácia da Cruz, iniciativas como aquela em que participou durante quase um ano são importantes, mas insufi-cientes porque o que era realmen-te importante era uma mudança de legislação.

Candidatou-se por constituir uma “oportunidade de aprendizagem”, sempre importante mas mais ainda na actual fase de dificuldade que o sector enfrenta: “temos de ser mais empreendedores, mais profissio-nais, adquirir mais conhecimentos”.A formação alertou ricardo Pereira para a importância da aplicação de certas regras, que já sabia que exis-tiam mas de cujo impacto no desem-penho da farmácia não tinha uma noção real. regras como a de gestão de recursos humanos: “gerir pesso-as é o mais difícil. somos todos hu-manos, temos personalidades dife-rentes, métodos de trabalho diferen-tes. mas se houver objectivos bem definidos e se as funções estiverem claras, a farmácia funciona melhor”.Ao longo da formação, e por requisi-

tos do próprio formato da inicia-tiva, foi pondo em prática os con-ceitos apreendidos, adaptando-os ao perfil da sua farmácia. e não tem dúvida em afirmar que o ba-lanço é claramente positivo, con-tribuindo para profissionalizar a gestão e, em consequência, tirar mais partido do tempo e optimi-zar os recursos humanos.ricardo Pereira valoriza este tipo de formação, por entender que “uma visão mais empresarial faz falta” aos proprietários de farmá-cia. “A nossa formação de base é em Ciências Farmacêuticas e, ao fim e ao cabo, é aquilo que gos-tamos de fazer. mas a verdade é que a gestão também se reflecte na parte final do nosso trabalho, no serviço que prestamos”.

ricardo Pereira, Farmácia Internacional, monte gordo

UNIÃO EUROPEIAFundo Social Europeu

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FLAshes

dInAmArCA Adoptadas restrições à venda de mnsrm fora das farmáciasO governo dinamarquês aprovou uma lei que obriga os menores de 18 anos a deterem uma receita médi-ca para poderem adquirir analgésicos. Desta forma, ficam inibidos de comprar estes medicamentos nos 1.750 locais de venda de mNsrm criados desde 2001. O objectivo do governo é reduzir a taxa de suicídio nos adolescentes, que aumentou de forma dramá-tica nos últimos anos, sobretudo entre as raparigas. A agência do medicamento elaborou uma lista dos mNsrm com potencial risco, sendo que combinações de substâncias indicadas no tratamento de constipa-ções também deixam de estar em venda livre.

In Pharma Adhoc, 16/03/2011ANF INFOrmA - Internacional, 3/2011

IrLAndAPacote de medidas para controlar a despesa com saúdeA redução do preço dos genéricos em 40%, em média, é uma das medidas do governo irlandês no âmbito da estratégia para controlar a despesa na área da saúde durante a crise económica. A medida resulta do acordo com a associação da indústria de genéricos e representa uma poupança anual de €25 milhões para o estado. As outras medidas são o rea-linhamento do preço dos medicamentos protegidos por patente e das importações paralelas, bem como novos co-pagamentos dos doentes. Para 2011, está prevista a introdução de um sistema de comparti-cipação por preços de referência e da substituição por genéricos.

In Pharma Pricing & reimbursement, Dezembro 2010INFOrmA - Internacional, 1/2011

gréCIAPlano de combate ao desperdício e à fraude na saúdeO governo grego continua sob pressão para reduzir a despesa pública com medicamentos, por acção da troika composta pelo FmI, a Comissão europeia e o Banco Central europeu, no âmbito do acordo que a grécia rubricou com o FmI para garantir ajuda ex-terna à dívida pública. Primeiro, foi o corte de €1,2 mil milhões fixado para 2010, que obrigou a medidas de austeridade, na Primavera de 2010, como a redu-ção do preço dos medicamentos. Depois, foi a vez de o governo traçar um plano alargado de combate ao desperdício e à fraude na saúde, através da criação de uma lista de medicamentos comparticipáveis (a anterior foi abolida em 2005), do estabelecimento de protocolos terapêuticos e de comissões locais para vigiar os hábitos de prescrição dos médicos, e da in-trodução da prescrição electrónica.

In scripintelligence.com, 3/12/2010; scripintelligence.com, 26/11/2010ANF INFOrmA - Internacional, 1/2011

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eNtreVIstA

farmácia Portuguesa – é licenciado em Ciências farmacêuticas. O que di-tou esta opção académica?Pedro Baptista – Foi um dos cursos que escolhi quando terminei o ensino secundário. Originalmente, estava mais inclinado para medicina, mas acabei por entrar

Pedro Baptista foi o vencedor do prémio Almofariz na categoria Figura do Ano. Uma distinção merecida pelo seu trabalho em engenharia de órgãos. Nos estados Unidos, onde vive e trabalha há quase oito anos, criou o primeiro fígado humano em laboratório. em entrevista telefónica à Farmácia Portuguesa dá conta da sua esperança de chegar à fase de transplante. e recorda como o curso de Ciências Farmacêuticas lhe aguçou o gosto pelo laboratório, decisivo no seu percurso.

pedroBaptistacriou fígado humano em laboratório

Um farmacêutico na ribalta da investigação científica

em Ciências Farmacêuticas. e não me arrependo. gostei imediatamente do curso, sobretudo porque tinha uma grande vertente prática em disciplinas como a Química e a Biologia – metade do tempo de aulas era passado no la-boratório e ou se gosta ou se detesta: para mim foi amor à primeira vista.

fP – foi o princípio do seu caminho na investigação…PB – Foi. Logo ao fim do primeiro ano do curso, ficou evidente a atra- cção que a investigação exercia sobre mim. tinha sobretudo uma grande apetência laboratorial, de tal forma que no segundo ano co-

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mecei a trabalhar em part-time num laboratório da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa. Colaborava com a profes-sora henriqueta marques da Costa, em investigação bioquímica das do-enças metabólicas. e no último ano comecei mesmo a desenvolver al-gum trabalho de investigação.

fP – Como é que, a partir daí, chega a investigador num prestigiado ins-tituto norte-americano?PB – Ao fim de seis anos – nessa altura, antes de Bolonha, a licencia-tura tinha seis anos – sentia alguma saturação pelo ambiente académi-co e decidi experimentar o mundo fora da universidade. Fui trabalhar para a indústria farmacêutica, mais concretamente para a Lilly como monitor de ensaios clínicos. Adorei a experiência e, em particular, as pessoas com quem trabalhei no de-partamento médico.já estava na Lilly quando resolvi concorrer ao programa de douto-ramento da gulbenkian. Na altu-ra, não tinha grandes expectativas, encarei a possibilidade sem gran-de preocupação. Pensei ‘se entrar, entro, se não entrar, não entro’. sinceramente. Quando me disse-ram que tinha sido aceite, tive de sair da empresa. estava a gostar do que fazia, mas o bichinho da investi-gação já estava cá dentro e não po-dia perder a oportunidade.

fP – Que implicações teve na sua vida a entrada no programa de dou-toramentos da gulbenkian?PB – em primeiro lugar, implicou um corte de mais de 50 por cento no salário… mas implicou, sobretu-do, alguns sacrifícios pessoais por-que só o primeiro ano foi feito em

Portugal, no Instituto gulbenkian de Ciência. Foi um ano riquíssimo. tínhamos seminários todos os dias, de temas diferentes. Fui exposto a áreas da Ciência que não conhecia ou não conhecia tão bem. e fiquei bastante interessado, nomeada-mente nas células estaminais e na engenharia de tecidos. Agarrou-me logo, fascinou-me imenso. Percebi que era aquilo que gostava de fazer.No segundo ano do doutoramen-to, tinha de escolher um instituto onde continuar o programa e deci-di-me pelo Wake Forest Institute of regenerative medicine, na Carolina do Norte. A mudança para os estados Unidos implicou estar lon-ge da família e do país, pelo que há sempre algum sacrifício. mas era o melhor laboratório, o mais apro-priado para o que eu queria fazer. e não me arrependo da escolha. Concluí o doutoramento em 2008 e continuei no instituto como pós-doc, para poder desenvolver o meu projecto.

fP– O seu doutoramento é em Biotecnologia farmacêutica. Quan- do se candidatou já tinha uma ideia concreta do que queria investigar?PB – tinha. Originalmente, o projec-to incidia sobre a engenharia de te-cidos, mas acabei por me centrar na engenharia de órgãos. Foi um desa-fio colocado já nos estados Unidos pelo meu chefe de laboratório. era ao mesmo tempo impensável e uma ideia fantástica. e eu aceitei o desa-fio e escolhi o fígado, devido à mi-nha formação farmacêutica, por ser o órgão onde se metabolizam todas as drogas. Foi aí que tudo começou.

fP – O resultado foi a criação do primeiro fígado humano em labora-tório. Como conseguiram?

PB – Usámos a técnica de descelu-larização do órgão. É literalmente retirar as células do órgão, neste caso o fígado, com um detergente – pode ser um detergente comum da loiça –, e o que fica é apenas o ‘esqueleto’ do órgão, ou seja, a sua matriz extracelular. O passo se-guinte é semear células, para dar origem a um fígado ‘novo’, de que o doente precisa.

fP – em que fase está a investiga-ção?PB – há dois processos que são críticos. Um é o transplante, em que estamos a investir bastante da nossa energia. Outro é conseguir expandir as células hepáticas reti-radas dos doentes, porque mesmo num fígado doente há células fun-cionais. e neste domínio estamos finalmente a ter algum sucesso. estamos a usar células de fígados adultos descartados de transplan-te e células de fetos humanos que sofreram, por exemplo, abortos te-rapêuticos. em relação ao transplante, temos uma grande expectativa no trans-plante de um fígado criado em labo-ratório num animal – primeiro o rato, depois o porco. se esta experiên- cia for bem sucedida, poderemos avançar para os ensaios pré-clíni-cos em seres humanos. A expectativa é, naturalmente, che-gar ao ‘produto final’, que é ter um fígado para transplante humano.

fP – Com que horizonte temporal trabalha, isto é, dentro de quantos anos poderão alcançar o objectivo final do transplante humano?PB – O nosso horizonte é de cinco a dez anos, mas para isso precisamos dos recursos financeiros necessá-

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rios. É uma investigação que tem um custo muito elevado. Dou-lhe um exemplo: se tivéssemos dez a vinte milhões de euros e 40 pessoas em vez de quatro, em cinco anos podería-mos estar na fase clínica se tudo cor-resse bem. Imagine a quantidade de experiências que poderíamos fazer…

fP – Isso significa que vai ficar pelo menos mais cinco a dez anos nos estados Unidos?PB – Não tenho planos para voltar, por agora. As coisas estão a cor-rer espectacularmente bem. mas se aparecer uma proposta que seja melhor para mim, posso regressar. A minha investigação pode ser de-senvolvida em qualquer outro país, até porque sou o primeiro autor do projecto. mas é muito difícil compe-tir com este laboratório.

fP – em Portugal poderia desen-volver a sua investigação?PB – Perfeitamente. A diferença que existe é em termos de recursos e de massa crítica humana. Aqui te-mos pessoas dos quatro cantos do mundo, com diferentes sensibilida-des, o que é um contributo decisivo

para materializar as ideias. mas, em Portugal, também há institutos de topo dedicados à investigação e cien-tistas com grande prestígio – basta ver as publicações científicas desses insti-tutos, é excelente o que têm publicado.Durante muito tempo sempre se disse que em Portugal não se fazia boa in-vestigação, mas não é de todo verdade. Na última década, tem havido investi-mento neste domínio.

fP – A sua investigação, se for bem su-cedida até à fase de transplante, terá grande impacto na saúde. sente-se orgulhoso?PB – Conseguir criar um órgão em la-boratório, neste caso um fígado, tem, de facto, grande impacto no tratamen-to de doenças com grande morbilidade, sobretudo em domínios em que há es-cassez de órgãos para transplante. Vai permitir aliviar o sofrimento de muitas pessoas e se eu conseguir isso será fantástico. É quase um objectivo de vida. Daria sentido ao sacrifício destes anos todos: as pessoas às vezes não compreendem mas, em Ciência, traba-lha-se muito, todos os fins-de-semana, fazem-se muitos sacrifícios pessoais. Penso que cada um de nós tem o de-

eNtreVIstA

ver de ajudar na medida do que lhe é possível e fico muito contente se esta puder ser a minha contribui-ção. e não é só na saúde: é que os avanços científicos e tecnológicos também criam emprego e geram dinâmica económica.

fP – é um português a fazer inves-tigação nos estados Unidos e com projecção. sente-se de alguma for-ma um patriota?PB – sempre me senti português e tenho muito orgulho nisso, por tudo aquilo que o nome de Portugal acarreta. esta foi uma oportunidade de pôr o país em evidência de uma forma positiva. De mostrar que, independentemente do local onde investigam, Portugal tem cientistas muito bons, que estão envolvidos em projectos de alto nível. Os portugueses não têm uma ideia muito precisa do que podem fazer, mas é imenso. temos é de acreditar e trabalhar. mais convicção e mais trabalho é o que falta em Portugal. Não é fácil, mas é possível. Aliás, dá mais pra-zer quando uma meta é difícil de al-cançar e se atinge.

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A mais-valia da intervenção farma-cêutica na prevenção da doença vai estar de novo em evidência no próxi-mo mês de Outubro: será mais uma campanha de vacinação da gripe sa-zonal, este ano associada às doen-ças pneumocócicas, à semelhança do que aconteceu em 2010.são três os principais objectivos desta acção, antes de mais, sensibi-lizar os utentes das farmácias para a importância da vacinação contra a gripe sazonal e as doenças pneumo-

em Outubro, as farmácias voltam a ser palco de mais uma campanha de vacinação da gripe sazonal: será a quarta e este ano, pela segunda vez consecutiva, associada à prevenção das doenças pneumocócicas.

Campanha de vacinação regressaàsfarmácias

Época gripal 2011/2012

cócicas, contribuindo para o aumen-to da cobertura vacinal nos grupos de risco. e, finalmente, dinamizar o serviço de administração de vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação nas Farmácias.De 1 a 31 de Outubro para estes ob-jectivos contribuirão as farmácias que aderirem à campanha: na edição anterior, foram cerca de 1700 em todo o país. A intervenção da far-mácia far-se-á em dois níveis: um visando os utentes com prescrição

de vacina contra a gripe sazonal e/ou vacina anti-pneumocócica polis-sacarídica e outro visando os utentes pertencentes aos grupos de risco mas sem prescrição das vacinas em causa para aconselhamento à con-sulta médica tendo em vista eventual prescrição. Assim, aos indivíduos já com prescri-ção deve ser proposta a vacinação na farmácia aquando da dispensa. A ad-ministração da vacina deve respeitar as recomendações, e a técnica cor-

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recta de injecção sendo importante proceder ao registo da vacinação. O registo é duplamente importante: do ponto de vista do doente, é essencial para manter actualizados os seus dados, devendo ser feito no Boletim Individual de saúde ou no Cartão de registo de Vacinação; do ponto de vista da farmácia, é uma ferramenta crucial para a intervenção farmacêuti-ca neste domínio, devendo ser feito no sifarma 2000 ou em impresso próprio.No que respeita aos indivíduos sem prescrição, a intervenção da farmá-cia envolve um primeiro momento de informação – sobre a gripe sazonal e as doenças pneumocócicas, respec-tivos sintomas/sinais e respectivas consequências, sobre o tratamento e a prevenção, com ênfase nos be-nefícios da vacinação, nas pessoas que devem ser vacinadas e na altura mais adequada. Um segundo momento envolve o aconselhamento a uma consulta médica, para eventual prescrição da(s) vacina(s). Como habitualmen-te, as farmácias aderentes recebe-rão diversos materiais de apoio ao desenvolvimento da campanha, quer técnicos, quer promocionais. No que

respeita à intervenção profissional, terão à sua disposição um descritivo da campanha, matrizes de registo de vacinação e cartões de registo de va-cinação para o utente. Além disso, já têm ao seu dispor, de campanhas anteriores, os guias práticos “Vacinação contra a gripe na Farmácia e “Vacinação con-tra as Doenças Pneumocócicas na Farmácia”, a brochura sobre o “serviço de Administração de Vacinas na Farmácias”, informação sobre o pro-cedimento de intervenção farmacêu-tica em caso de reacção anafiláctica e ainda a carta de referência à consulta médica. estes materiais estão aces-síveis no portal anfonline – www.an-fonline.pt – no menu Documentação /serviços Farmacêuticos.em relação ao registo da vacinação, é importante que as farmácias façam chegar os seus dados à ANF, quer os impressos preenchidos manual-mente, quer os impressos a partir do sifarma 2000. estes impressos deve-rão ser agrupados e enviados, junta-mente com a facturação, até dia 10 do mês seguinte àquele a que dizem res-peito: o primeiro envio deverá, assim, acontecer até 10 de Novembro. esta

é uma campanha limitada no tempo, mas a intervenção não se esgota em Outubro: depois disso, as farmácias podem – e devem – manter-se activas na divulgação dos benefícios da vaci-nação, até porque a vacina contra a gripe sazonal pode ser administrada durante todo o Outono e Inverno e a vacina contra as doenças pneumocó-cicas pode ser administrada ao longo de todo o ano.Importante é também que a equipa da farmácia seja vacinada contra a gripe: afinal, da sua actividade profissional resulta um risco acrescido de contrair e transmitir gripe.esta quarta campanha de vacinação contra a gripe sazonal e segunda con-tra as doenças pneumocócicas irá certamente confirmar os dados das edições anteriores: a intervenção farmacêutica faz a diferença na pro-moção da vacinação e no aumento da cobertura vacinal.Pela proximidade geográfica, pela comodidade de receber a vacina no acto da dispensa e pela confian-ça depositada nos farmacêuticos e demais profissionais, são cada vez mais os portugueses que se vacinam na farmácia.

De 1 a 31 de Outubro decorrerá a campanha de vacinação nas farmácias que aderirem. Na edição anterior, foram cerca de 1700 em todo o país.

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Cerca de 48 milhões de seringas foram recolhidas no âmbito do programa de troca de seringas que teve o seu início em 1993, na sequência de uma parceria entre a Comissão Nacional de Luta Contra a sida (actualmente Coordenação Nacional para a Infecção VIh/sida) e a Associação Nacional das Far- mácias. O campo de intervenção do Programa “Diz não a uma se-

Nos últimos anos verificou-se uma diminuição do número de seringas recolhidas, devido a uma possível alteração do padrão de consumos. Ainda assim, no ano 2010 foram recolhidas mais de dois milhões de seringas, sendo que, cerca de 900 mil foram recolhidas pelas farmácias aderentes.

farmácias recolheram quase900milseringas

Programa de troca de seringas em 2010

ringa em 2.ª mão” foi inicialmente limitado às farmácias comunitá-rias. No entanto, para aumentar a cobertura e melhorar a ade-quação do Programa de troca de seringas, atendendo às necessi-dades dos contextos sociais e lo-cais, foram implementados postos móveis desde 1993, e desde 1999 foram formalizadas parcerias com Organizações governamentais e

Organizações não-governamentais. O número de seringas recolhidas aumentou progressivamente des-de o primeiro ano até 1997, tendo--se registado a partir daí algumas oscilações, com os anos de 2000 e 2001 a deterem o valor máximo de recolhas. em 2005, confirmou--se uma tendência de descida. O balanço do ano passado dá con-ta dessa mesma tendência, com

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2.057.497 seringas recolhidas, menos 13 por cento do que no ano anterior.esta curva descendente pode ser explicada por diversos factores, aliás assinalados no relatório de 2009 do Instituto da Droga e da toxicodependência: aí se mencio-na, por um lado, uma alteração do padrão de consumo, com as dro-gas inaladas a ganharem terreno às injectadas, e, por outro, uma redução dos tempos de espera para primeiras consultas e admis-são em programas de tratamento, com natural reflexo no número de seringas recolhidas.Desde o início do programa, as farmácias foram responsáveis pela recolha de 32.323.362 serin-gas, cabendo o restante às par-cerias – 11.380.024 – e ao posto móvel – 3.767.145. Os dados refe-rentes ao ano 2010 apontam para uma inversão de posições entre as farmácias e as parcerias, face ao balanço global, o que se expli-ca pelo facto de o programa ter merecido sucessivas adesões de novas organizações. explica-se ainda pelo facto de essas orga-nizações envolverem equipas de proximidade, com horários que se estendem pela noite e em locais em que o tráfico e o consumo de drogas é mais relevante. Assim, em 2010 o maior número de seringas recolhidas pertenceu às parcerias – 1.163.175 –, seguin-do-se as farmácias, com 887.788 seringas recolhidas, e o posto mó-vel (presente no bairro de santa Filomena e em Odivelas) a ser res-ponsável por 6.534 trocas.em 2010, três parcerias recolheram mais de 100 mil seringas: a asso-ciação Norte Vida recolheu mais de 216 mil, a Ares do Pinhal – gAt Oriental/Ocidental mais de 161 mil

e a Cáritas Diocesana de Coimbra quase 128 mil. É de salientar que neste ano cinco parcerias rescin-diram o protocolo com o Programa de troca de seringas, devido à não renovação dos financiamentos dos seus projectos pelo IDt.No que respeita às farmácias, veri-fica-se que o número de farmácias aderentes (ano 2010: 1936) é sem-pre superior ao número de farmá-cias que entregam contentor (ano 2010: 1336). A diferença deve-se ao facto de haver farmácias integradas no programa, e com o respectivo material de apoio disponível, mas que não têm solicitações por se encontrarem em locais mais isola-dos e com menos população. Desde 2000, abandonaram o programa cerca de 121 farmácias.Foi nos distritos de Lisboa e do Porto que se concentraram os maiores volumes de recolhas, representan-do cerca de metade do total – 26,2 por cento em Lisboa e 24,2 por cen-to no Porto. No distrito de Coimbra verificou-se um aumento do núme-ro de troca de seringas, atribuível sobretudo à equipa de rua, com um volume de 20 mil trocas por mês. também o distrito de santarém se destacou, devido à intervenção de duas farmácias com mil recolhas por mês. em setúbal e Faro, as trocas diminuíram, possivelmente porque as respectivas equipas de rua rescindiram o protocolo com o programa e porque o volume de tro-ca das farmácias não é significativo.Durante o ano transacto, foram rea-lizadas duas reuniões – em Lisboa e Porto – para apresentação e distri-buição do manual de Procedimentos do Programa às estruturas partici-pantes (farmácias, equipas de rua e posto móvel), nas quais participa-ram 105 farmacêuticos e 140 técni-cos das equipas de rua.

O número de seringas recolhidas aumentou progressivamente desde o primeiro ano até 1997, tendo-se registado a partir daí algumas oscilações, com os anos de 2000 e 2001 a deterem o valor máximo de recolhas.

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já antes do programa de troca de seringas que a Farmácia Caniné, em Faro, se preocupava com os utiliza-dores de drogas, nomeadamente in-tervindo junto do tribunal para que, em vez de cumprirem prisão, os detidos por posse de droga fossem encaminhados para tratamento nas comunidades terapêuticas financia-das pelo estado.este espírito de “ajudar aqueles que precisam de ajuda” levou a directora técnica da farmácia, Isabel Caniné, a aderir ao programa logo no pri-meiro dia. e desde então, a expe-riência tem sido sempre boa, sem sobressaltos: “Considero que são doentes e, como tal, são tratados como os outros doentes. respeito- -os e eles respeitam-me e respei-tam a farmácia”. garante que nunca teve um proble-ma e a sua é das farmácias que mais

Na Farmácia sousa Botelho, em Ponta Delgada, o programa de troca de seringas conheceu um novo impulso em 2004 com a en-trada da farmacêutica adjunta Cristina gouveia. É ela própria que explica o por-quê do seu interesse: “Quando estudei em Lisboa, fiz parte do programa-piloto da troca de se-ringas, pelo que me propus de-senvolvê-lo quando vim para aqui trabalhar”.Desde então, o número de utili-zadores de drogas que procura a farmácia tem vindo a crescer. Cada vez existem mais farmácias do centro da cidade que estão a

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farmácia Caniné, faro

A atitude de ajudar os outros

seringas troca, pelo que é acentua-da a afluência de utilizadores de drogas: são discretos, mantendo um comportamento adequado. Os restantes utentes também nunca se sentiram incomodados: “As pessoas percebem. Pode acontecer a todos. Não é um problema de estrato social”. Isabel Caniné aproveita, aliás, para fazer alguma pedagogia junto dos uten-tes, chamando a atenção para o facto de estar em causa a defesa da saúde pública.A directora técnica da Farmácia Caniné conhece bem os utilizado-res do programa. Alguns são mui-to antigos, outros foram morrendo. Novos também há, mas o ritmo de entrada tem abrandado. Uns tro-cam diariamente, outros – os que residem nas zonas mais afastadas da cidade – só uma vez por semana.

sobre a sua participação no pro-grama, assegura, sem hesitar, que tem sido positiva. O facto de contri-buir para salvaguardar que doenças como a sida e a hepatite C alastrem devido à partilha de seringas é bas-tante compensador. está, no entanto, preocupada com uma tendência que identificou: a procura de seringas mais adequa-das para zonas mais profundas, como as artérias femoral e umeral, por consumidores que já têm as veias esgotadas. “É perigosíssimo”, resume.O facto de as farmácias estarem na linha da frente deste programa é encarado com toda a naturalidade: “se alguém tem um papel impor-tante nesta área somos nós. somos os que estamos mais perto dos do-entes. Pelo menos, na minha far-mácia é assim”.

farmácia sousa Botelho, Ponta delgada

Vale a pena

deixar de fazer a troca, o que leva os utentes do programa a deslo-carem-se para a periferia, onde se localiza a sousa Botelho.A participação da farmácia nes-ta iniciativa nem sempre foi bem recebida pelos demais utentes: a farmacêutica adjunta recorda que, no início, “as pessoas olhavam um pouco de lado para os toxicodepen-dentes, não entendiam bem o pro-grama e diziam mesmo que a troca de seringas era um incentivo a que consumissem droga”. mas, sempre que a ocasião se pro-piciou, Cristina foi falando com os utentes, com bons resultados: “Foram percebendo que é melhor

trocar as seringas do que as usadas ficarem espalhadas pelo chão. Até porque há uma escola aqui nas proximidades”.Na sua opinião, a troca de se-ringas constitui um programa importante a nível da comunida-de. Pessoalmente, sente a res-ponsabilidade de fazer parte da iniciativa e acredita que todas as farmácias deviam estar envolvi-das, lamentando que algumas estejam a desistir. Do diálogo que estabelece com os utilizadores de drogas já tem resultado o encaminhamento de alguns para tratamento: “só por isso vale a pena”, conclui.

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A entrada em funcionamento do Centro de Conferência de Facturas sito na maia, que introduziu a con-ferência centralizada de todo o re-ceituário do serviço Nacional de saúde, deu origem a um aumento significativo do volume de devolu-ções às farmácias, devido a dife-rentes entendimentos quanto às regras de prescrição e dispensa de medicamentos. situação que a ANF acompanhou desde o início, em contacto per-manente com a Autoridade Central do sistema de saúde (ACss) e que

A 1 de julho entraram em vigor novas regras de dispensa de medicamentos aos utentes do sNs. Ao mesmo tempo, foram clarificadas outras regras que, desde o início da conferência centralizada do receituário, haviam suscitado dúvidas às farmácias.

Novas regrasdedispensaBeneficiários do sNs

conheceu recentemente desen-volvimentos com a publicação de duas portarias: a n.º 193/2011, de 13 de maio, e a n.º 198/2011, de 18 de maio.Na sequência destas portarias, en-traram em vigor a 1 de julho novas regras de dispensa de receituário aos beneficiários do sNs. Algumas dessas regras já existiam, mas ou-tras vêm clarificar situações que, anteriormente, geravam dúvidas às farmácias. são alterações que respeitam a alguns pontos-chave: identifica-

ção do utente, validade da receita, prescrição e dispensa de medica-mentos estupefacientes ou psi-cotrópicos, documentos anexos à receita, obrigatoriedade de impres-são no verso da receita e regime de excepção da prescrição em recei-tas manuais.em relação à identificação do do-ente e aplicação do respectivo re-gime de comparticipação, a legis-lação determina que, nas receitas emitidas informaticamente pelas unidades de saúde do sNs, o re-gime de comparticipação é o que

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estiver impresso na própria receita. já nas receitas emitidas manual-mente, o regime de compartici-pação é o que resultar da vinheta da unidade pública de saúde; não havendo vinheta, o regime de com-participação é o que resultar dos elementos indicados na receita. se delas não constar referência ao re-gime especial, aplica-se o regime geral. em relação aos beneficiários de subsistemas, nas receitas emitidas manualmente a entidade financeira responsável é a que constar da pró-pria receita. esclarece também que receitas que apresentem apenas o nome ou o número de utente do sNs não po-dem ser devolvidas às farmácias.em matéria de validade, as receitas prescritas desde 1 de julho, quer sejam impressas informaticamen-te, quer sejam manuais, são váli-das por 30 dias a contar da data da prescrição médica. As receitas re-nováveis são válidas por seis meses. A excepção a estes prazos vai para receitas com medicamentos es-gotados, desde que o facto esteja mencionado, de forma expressa, na receita.

esta legislação prevê ainda que a não inscrição da data da prescrição não pode dar origem a devolução do receituário.também a prescrição e dispensa de estupefacientes ou psicotrópi-cos possui novas regras. Assim, estes medicamentos têm de ser, obrigatoriamente, prescritos em receita impressa informatica-mente, além de que a sua prescri-ção não pode constar de receitas onde sejam prescritos outros me-dicamentos. No verso da receita, a farmácia deve registar os dados do adqui-rente: nome, número e data de va-lidade do documento de identifica-ção (cartão do cidadão, bilhete de identidade, carta de condução ou de outro documento que contenha fotografia do titular, devendo neste caso ser recolhida a assinatura do mesmo). No caso de cidadãos estrangeiros, deve ser registado o nome e núme-ro de passaporte, com menção da data de entrega e assinatura legí-vel. Os sifarmas foram actualiza-dos de modo a garantir a recolha dos dados e respectiva impressão no verso da receita.

Para controlo da dispensa destes medicamentos nas receitas infor-matizadas, as farmácias devem conservar, por três anos, uma re-produção em papel ou em suporte informático dessas receitas, or-denadas por data de dispensa. No caso da dispensa ser efectuada em receita manual (com a devida menção da excepção) mantém- -se a necessidade de envio para o Infarmed dos duplicados da receita até ao dia 8 do mês seguinte ao da dispensa dos medicamentos.Desde 1 de julho que qualquer documento que a farmácia queira anexar à receita – fotocópia de car-tões, entre outros – tem de ser in-tegralmente colado ou fotocopiado no verso. Aliás, desde esta data que são ape-nas aceites receitas com os talões de facturação colados no verso. e a partir de 1 de Novembro apenas se-rão aceites receitas com os elemen-tos de facturação produzidos infor-maticamente e impressos no verso.Da receita médica, ou, em alter-nativa, no caso da receita médica especial incluídos em documento anexo integralmente colado no ver-so da receita.

em relação aos beneficiários de subsistemas, nas receitas emitidas manualmente a entidade financeira responsável é a que constar da própria receita.

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A prescrição eletrónica é uma rea- lidade desde 1 de Agosto. A me-dida, preparada pelo anterior go-verno e constante do memorando de entendimento assinado com a troika, devia ter entrado em vigor a 1 de julho. Contudo, foi adiada por um mês tendo em vista ul-trapassar as situações de maior dificuldade no cumprimento da legislação.A Autoridade Central do sistema de saúde pretendeu, com o pro-longamento do prazo, “garantir um número mais elevado de apli-cações informáticas certificadas, assegurando, consequentemen-te, uma maior equidade de aces-so ao mercado”. tendo em conta que a troika estabelecera o mês de setembro como horizonte má-ximo para a obrigatoriedade da prescrição electrónica, a medida entrou em vigor a 1 de Agosto, sendo regulamentada pela por-taria n.º 198/2011, de 18 de maio.Nela se sustenta que a prescrição electrónica e posterior desmate-rialização de todo o circuito ad-ministrativo do medicamento se enquadra no objectivo de facilitar o acesso dos cidadãos ao medica-

Prescrição electrónica finalmente em vigor

mento. “Neste domínio, afigura-se essencial aumentar a qualidade da prescrição e incrementar a seguran-ça do circuito do medicamento” e, para o efeito, “a prescrição electró-nica pode constituir-se num instru-mento privilegiado”.Com a prescrição electrónica – adianta a portaria – é incentivada a informatização do sistema de saúde, estimulada a comunicação entre os profissionais das diferentes institui-ções e diminuído o risco de erro ou confusão na prescrição. Adquire-se muito maior informação sobre todo o circuito do medicamen-to, desencorajando e combatendo a fraude.Até que a prescrição electrónica possa ser completamente desmate-rializada, ou seja, enviada por meios electrónicos do prescritor à farmá-cia, adopta-se a solução que passa pela emissão da receita por meios electrónicos e pela sua impressão em papel, para efeitos de dispensa do medicamento. este processo deve ser encarado como um progresso, de assinalável dimensão, no desejado caminho da desmaterialização da prescrição.A legislação prevê, no entanto, ex-

cepções, podendo a receita manual ser utilizada quando o prescritor alegar inadaptação ao sistema, prescrever menos de 50 receitas por mês, provar falência do sistema ou medicar no domi-cílio. em qualquer dos casos, tem de fazer clara menção à excepção na receita; conforme o Art. 3º, do Despacho n.º 9187/20011, desde que a situação de excepção cons-te da receita, a não verificação da situação de não excepção não constitui motivo de recusa de pa-gamento da comparticipação do estado à farmácia.esta é uma medida que a ANF há muito reclamava, nomeadamente tendo em vista os seus benefícios ao nível da diminuição do erro na interpretação da receita manual. Aliás, há muito que as farmácias estão preparadas para a comple-ta desmaterialização do circuito da receita.A ANF foi auscultada no âmbi-to do processo legislativo e tem acompanhado a fase inicial de execução da medida, verificando que, na globalidade, a transição tem corrido de forma muito po-sitiva.

Ao abrigo da Portaria n.º 198/2011, de 18 de maio, clarificada pelo Des- pacho n.º 9187/2011, de 21 de julho, os medicamentos prescritos em receitas manuais, incluindo estupefacientes ou psicotrópicos prescritos em re-ceitas especiais, apenas são com-participados se na receita constar a palavra “eXCePÇÃO” seguida da

menção à alínea a que corresponde a situação excepcional: a), b), c) ou d) do n.º 2, da portaria n.º 198/2011 de 18 de maio. A aplicação destas regras vem tor-nar mais clara a validação das recei-tas, quer na farmácia, quer no centro de conferência de facturas. Na farmácia, eliminam-se muitas

das questões que suscitavam dúvi-das no acto da dispensa, questões que, com frequência, davam origem a devoluções de receituário, com inevitáveis atrasos nos pagamen-tos do estado às farmácias e con-sequente impacto na economia das farmácias. A clarificação das regras é, pois, positiva.

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POLítICA De sAúDe

“Da depressão da crise para a gover-nação prospectiva da saúde” – assim se intitula o relatório da Primavera 2011 do Observatório Português dos sistemas de saúde (OPss), apresen-tado a 15 de junho, numa altura de mudança governativa em Portugal. Poucos dias depois, tomava posse o novo ministro da saúde, o gestor Paulo macedo.A apresentação do relatório coinci-diu com um momento muito parti-cular na vida do país: a crise econó-mico-financeira, uma realidade com impacto na vida de um número cres-cente de pessoas por via de fenóme-nos como a diminuição do poder de compra, o aumento do desemprego e o consequente risco acrescido de pobreza. A resposta à crise passou a ser o assunto dominante, condu-

zindo ao pedido de ajuda externa e à negociação com o FmI, a Comissão europeia e o Banco Central europeu (a denominada troika).Da negociação de uma saída para a crise resultou um memorando de entendimento com medidas a cum-prir num calendário muito apertado. todos os sectores foram abrangidos e a saúde não foi excepção, com as reformas acordadas a terem grande incidência financeira, agravando as dificuldades de um ministério já alvo de uma redução de 13 por cento no orçamento para 2011.“melhorar a eficiência e efectividade do sistema de saúde, introduzindo uma racional utilização de serviços e controlo de gastos” é a justificação para medidas que incluem uma re-dução substancial da despesa com

medicamentos e uma diminuição, igualmente significativa, dos gastos operacionais do sector hospitalar.

medidas necessárias mas adiadasA este propósito, os relatores do OPss comentam que, de uma forma geral, as medidas constantes do me-morando foram “relativamente bem recebidas”, quer no sector da saúde, quer pela opinião pública; “grande parte das medidas que o integram parecem necessárias e úteis (o que não quer dizer que não haja outras medidas, igualmente importantes, que não estejam no memorando”).

O memorando de entendimento assinado entre o governo português e a troika é escrutinado no relatório da Primavera do OPss no que à saúde diz respeito. e, a propósito, os investigadores levantam uma questão essencial: se as medidas nele contidas geram amplo consenso então porque não foram adoptadas antes?

O futuro da saúdeemjogorelatório da Primavera do OPss

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Aliás, algumas das medidas mais destacadas estavam já previstas no relatório sobre a sustentabilidade do sNs, de 2007.Face a esta constatação, levantam uma questão: “Dado que uma par-te considerável das medidas anun-ciadas são de grande importância e reconhecidamente aceites como necessárias, porque é que não foram tomadas antes?”.No relatório, identificam-se três ra-zões para que isso não tenha acon-tecido: baixa qualidade dos dispositi-vos e instrumentos da governação da saúde, densa estruturação dos inte-resses particulares – económicos e profissionais – que se sobrepõem muito frequentemente ao interesse geral, e ausência de uma cidadania activa – pessoas informadas e capa-citadas, disponíveis para um envolvi-mento argumentativo nas questões que lhes dizem respeito.Neste cenário, uma segunda per-gunta se coloca: “há razões para acreditar que a intervenção externa representada pelo memorando de entendimento será de tal forma de-terminante que superará as dificul-dades acima referidas?”.No seu relatório anual, o OPss dis-corre, de seguida, sobre o modo como as medidas acordadas serão aplicadas. Para sustentar, antes de mais, que a natureza e exten-são dessas medidas significam um tremendo desafio à governação da saúde nos próximos anos. e para alertar para dois riscos previsíveis: o primeiro refere-se à substituição das medidas por outras de mais fácil aceitação – “Como é fácil constatar, existe um número considerável de medidas que confrontam actores in-fluentes no sistema de saúde. Para obviar às dificuldades inerentes à aplicação haverá, eventualmente, tendência de as substituir por outras aparentemente mais fáceis de im-plementar, bastante mais onerosas para as pessoas – diminuir o aces-so aos serviços públicos e aumentar as contribuições financeiras”. O ou-tro risco passa por “redireccionar o diagnóstico da situação subjacente ao memorando para questões me-nos determinantes e mais contro-versas”: “O diagnóstico (…) é relati-vamente claro por estar suficiente-mente explicitado – maior eficiência e efectividade do sector público, me-

lhor regulação e maior concorrência entre prestadores privados”.

Limitações e controvérsiasNa sua análise do memorando, o OPss alerta para um conjunto de omissões e limitações, bem como para um ponto controverso. No cam-po das omissões identifica, nomea-damente, o facto de nada se referir em relação à necessidade de pro-teger urgentemente as populações mais vulneráveis e assegurar que a aplicação destas medidas não agra-va as iniquidades que afectam o sis-tema de saúde português. entre as limitações sublinha o facto de o in-vestimento proposto para melhorar a qualidade da governação ser ma-nifestamente insuficiente.são omissões e limitações que “po-dem resultar num desenvolvimento desequilibrado do sistema de saú-de”. A elas junta-se um “aspecto certamente controverso e tecnica-mente inadequado”: o de mencionar as taxas moderadoras sob a rubrica financiamento e tratá-las como co-pagamentos. O observatório adverte que existem muitas questões im-portantes em política de saúde que o memorando não contempla e que são da competência do governo: ou seja, caberá ao governo decidir como enquadrar o memorando no seu pro-grama, conciliando o acordo conse-guido com as suas opções próprias. e um dos aspectos que estará em evidência – exemplifica – será o da mistura entre o público e o privado no sistema de saúde português. A finalizar, o observatório propõe dois cenários para o futuro ao abrigo da sua filosofia de prospectivar a go-vernação da saúde, inaugurada com este relatório. O primeiro cenário – “crise como oportunidade” – prevê que o governo e a sociedade sejam capazes de tirar o país da crise, mo-dernizando as suas instituições, o que passará por um grande investi-mento na qualidade da governação. O segundo cenário – “pagar cada vez mais por cada vez menos” – prevê que os factores que têm dificultado as reformas persistam, levando o governo a substituir as medidas pre-vistas por outras que terão o mesmo

Acesso aos medicamentos em causaO acesso aos medicamentos é um elemento fundamental do di-reito à saúde, princípio este que é consagrado pela Organização mundial de saúde (Oms) e reafir-mado pela Autoridade Nacional do medicamento (Infarmed). É, con-tudo, um direito que no actual con-texto económico e social do país têm sido posto em causa, com a escassez de recursos a levar os cidadãos a tomarem decisões pre-judiciais ao cumprimento da tera-pêutica. Isso mesmo foi eviden-ciado no relatório da Primavera 2011, constando do documento propriamente dito e tendo, além disso, sido transposto para um filme em que médicos, farmacêu-ticos e cidadãos falam de uma re-alidade comum: há mais doentes a privarem-se dos medicamentos de que necessitam por dificulda-des económicas. Um dos teste-munhos é o de Isaura martinho, proprietária da Farmácia marvila, que dá conta da sua experiência no bairro de Chelas, em Lisboa: “Começa a haver muito desem-prego e as pessoas deixam de comprar a receita completa. No princípio do mês levam um me-dicamento, a meio do mês levam outro e ao fim do mês levam ou-tro…”.Outro dos testemunhos é o de rosa gonçalves, da Associação dos Doentes de Lúpus, que subli-nha a importância dos genéricos, embora lamente o fim da compar-ticipação a 100 por cento: “A mi-nha sorte é que eu tenho muitos genéricos. Antigamente, não se pagavam, agora já se pagam, mas são muito mais baratos”.

impacto na poupança mas impli-carão mais pagamentos directos e menor disponibilidade dos serviços públicos de saúde. são cenários extremos e a realidade – vaticina o OPss – será um cenário intermédio.

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POLítICA De sAúDe

Paulo macedo tomou posse como ministro da saúde a 21 de junho. Desde então, tem sido parco em palavras. Numa das poucas vezes em que fez declarações públicas foi num colóquio para o qual já tinha sido convidado dois meses antes, subordinado ao tema “A gestão fi-nanceira pública e a crise”. e nessa altura afirmou apenas que teria pela frente três meses “determinantes” para a definição das medidas acor-dadas com a troika, a maior parte das quais enquadrada na consolida-ção das finanças públicas, “condição necessária para a economia voltar a crescer”.sobre a sua tarefa concreta na saúde

não se pronunciou, mas os desa-fios são conhecidos e prendem-se essencialmente com a redução da despesa. O seu percurso como ges-tor, nomeadamente de empresas do grupo BCP, e o seu papel na mo-dernização da Direcção-geral dos Impostos poderão ter sido determi-nantes na escolha para tutelar esta pasta.Aos 48 anos, Paulo macedo é de-tentor de uma sólida experiên-cia profissional no sector priva-do. Licenciado em Organização e gestão de empresas, pelo Instituto superior de economia e gestão da Universidade técnica de Lisboa (Iseg), concluiu igualmente o pro-

grama de Alta Direcção de empresas na Aese – escola de Direcção e Negócios.A sua actividade profissional iniciou--se na Arthur Andersen, na divisão de consultoria fiscal, onde exerceu fun-ções até 1993. Nesse ano transitou para o Banco Comercial Português, onde ocupou vários cargos – foi di-rector da Unidade de marketing estratégico, da Direcção Comercial de Cartões de Crédito, da área de marketing da rede de Comércios e empresários, do Centro Corporativo e do gabinete do euro.entre 1998 e 2000, foi administrador da Comercial Leasing, tendo, no ano seguinte, assumido a administração

Um gestor, um economista e um médico – é esta a constituição, profissionalmente falando, do novo ministério da saúde. Uma equipa com a responsabilidade de executar as directivas emanadas do memorando de entendimento entre o país e a troika. O ministro Paulo macedo, ex-director--geral dos Impostos e ex-administrador de empresas do grupo BCP, foi uma escolha bem recebida entre os parceiros, nomeadamente entre os farmacêuticos.

umgestorparapôrordem nas contas da saúde

Paulo macedo é o novo ministro

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do Interbanco. De 2001 a 2004, de-sempenhou as funções de administra-dor da médis e, entre 2003 e 2004, inte-grou a Comissão Directiva da seguros.Foi neste ano que surgiu o convite de manuela Ferreira Leite, então ministra das Finanças, para liderar a Direcção-geral dos Impostos, cargo que exerceu até julho de 2007. regressou ao BCP como director-geral depois de o seu nome ter estado envolvido em polémi-ca devido à remuneração que auferia no momento da sua requisição – 23 mil euros. A polémica estalou após a apro-vação do estatuto do Pessoal Dirigente da Função Pública, que impedia salá-rios superiores ao do primeiro-minis-tro. O percurso de Paulo macedo inclui também o Conselho de supervisão da euronext NV, de que foi membro entre 2010 e 2011, e a docência universitá-ria, nas instituições em que se formou (Iseg e Aese) e no Instituto de estudos superiores Financeiros e Fiscais. era vice-presidente do BCP quando foi chamado para o governo.O rigor de Paulo macedo foi o principal aspecto destacado pelos parceiros so-ciais ouvidos pela comunicação social no momento em que a sua escolha para ministro foi tornada pública.Para o bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, o novo ministro dá ga-rantias de “uma cultura de exigência e rigor”: para Carlos maurício Barbosa, a nomeação de um ministro gestor “é importante” nesta altura de crise que o país atravessa. também o presidente da ANF elogiou a escolha, destacando a capacidade de Paulo macedo para enfrentar desa-

fios difíceis. joão Cordeiro deu como exemplo o sucesso na cobrança fiscal quando o agora ministro tutelou os Impostos.já o bastonário dos médicos gos-taria de ver um colega de profissão como ministro, mas ainda assim josé manuel silva destacou a imagem de “uma pessoa exigente, rigorosa, ino-vadora e dialogante” associada a Paulo macedo.O ministro da saúde não é médico, mas a sua equipa conta com um – trata-se de Fernando Leal da Costa, o novo secretário de estado Adjunto e da saúde. Licenciado em medicina pela Universidade Nova de Lisboa, é especialista em hematologia Clínica, tendo desenvolvido a sua actividade profissional no Instituto Português de Oncologia. Foi subdirector-geral de saúde entre 2001 e 2002 e entre 2003 e 2004 inte-grou a comissão para a elaboração do Plano Nacional de saúde. De Agosto de 2005 a março de 2006, Leal da Costa foi coordenador nacional para as doen-ças oncológicas. À data da sua nomeação para o go-verno era consultor da Casa Civil do Presidente da república para os as-suntos da política de saúde.A equipa ministerial completa-se com um economista – manuel teixeira, que presidia à Autoridade Central dos sistemas de saúde antes de integrar o governo. Licenciado em economia pelo Instituto superior de economia, exer-ceu vários cargos públicos sempre no âmbito das Finanças e da saúde.Foi subdirector-geral da junta de

Crédito Público, director-geral da Con- tabilidade Pública e director-geral do Orçamento. Passou ainda pelo Instituto de gestão Financeira da segurança social e pela Direcção-geral de saúde, de que foi o número dois. esta não é a sua primeira experiência governativa: manuel teixeira foi secre-tário de estado do Orçamento no mi-nistério liderado por Bagão Félix, no governo de santana Lopes. será ele a deter a tutela das contas na qualidade de secretário de estado da saúde. O controlo do desempenho económico-financeiro dos serviços do ministério da saúde era já a sua função na ACss.Ambos os secretários de estado têm poderes delegados pelo ministro, atra-vés do despacho n.º 9209/2011, de 18 de julho, publicado na 2.ª série do Diário da república de 22 de julho e com efeitos retroactivos a 28 de junho. Assim, Fernando Leal da Costa assu-miu competências relativas a organis-mos como o Alto-Comissariado para a saúde e a Direcção-geral de saúde (aqui com excepção do planeamen-to estratégico), Instituto Nacional de saúde Dr. ricardo jorge e administra-ções regionais de saúde. são ainda da sua esfera os cuidados primários, os cuidados continuados integrados e a saúde pública.Por sua vez, em manuel teixeira o mi-nistro Paulo macedo delegou compe-tências na Administração Central do sistema de saúde, no Infarmed e nas administrações regionais de saúde (sem prejuízo das competências do se-cretário de estado Adjunto).

Fernando Leal da Costa secretário de estado Adjunto do ministro da saúde

manuel teixeira secretário de estado da saúde

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POLítICA De sAúDe

A sustentabilidade financeira do serviço Nacional de saúde é o eixo em torno do qual giram as medidas para a saúde contidas no progra-ma do XIX governo constitucional. É também esse o pano de fundo das propostas que os dois partidos da coligação no poder – PsD e CDs-PP – apresentaram ao eleitorado.“Desenvolvimento do sistema Nacio- nal de saúde: Uma saúde de quali-dade para todos” é a ideia que sin-tetiza as propostas eleitorais do

Uma melhor gestão do sNs é a trave-mestra do programa de governo para a saúde: um programa que colhe muitas das propostas eleitorais do PsD e do CDs-PP. em matéria de política do medicamento, a prescrição por DCI, a promoção dos genéricos, a unidose e a desmaterialização da receita são linhas de acção comuns.

Programa de governorecuperaDCi

Proposta comum a PsD e CDs-PP

PsD, desenvolvidas em três tópicos: continuar a melhorar a qualidade e o acesso efectivo dos cidadãos aos cuidados de saúde, atingindo resul-tados alinhados com os países mais desenvolvidos da europa; garantir a sustentabilidade económica e finan-ceira do sNs mantendo os princípios fundamentais subjacentes à sua criação; e promover a humanização dos cuidados de saúde, fomentando um maior protagonismo dos cida-dãos na utilização e gestão activa

do sistema, através do exercício de liberdade de escolha dentro das re-gras de acesso pré-definidas e regu-ladas”.Por sua vez, no manifesto eleitoral 2011, o CDs-PP propunha “medidas para um sNs com mais humanidade e menor desperdício”, “consciente do enorme desafio que é garantir a sustentabilidade de um sistema de saúde universal e de qualidade”.Os dois partidos acabaram por se unir em coligação, fundindo as res-

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FARMÁCIA PORTUGUESA 27

pectivas propostas para a saúde no programa de governo. Nele se sus-tenta que “é fundamental levar a cabo uma utilização mais racional e eficiente dos recursos disponíveis, não apenas pelo objectivo da susten-tabilidade, mas porque esta é abso-lutamente necessária para continu-ar a garantir o direito à protecção da saúde, o que implica reforçar os princípios da responsabilização pe-los resultados, da transparência da gestão dos dinheiros públicos e o da imparcialidade objectiva e eficaz das decisões de política de saúde”.No que à política do medicamento diz em particular respeito, verifi-ca-se igualmente convergência de propostas, quando comparando os programas eleitorais com o pro-grama de governo. Prescrição por Denominação Comum Internacional (DCI), promoção dos genéricos, dis-pensa em unidose e desmaterializa-ção da receita médica são algumas dessas propostas comuns.O programa de governo preconiza o controlo da “utilização dos medica-mentos agindo sobre a prescrição, dando prioridade ao desenvolvimen-to de orientações terapêuticas para os serviços hospitalares e de ambu-latório, apoiadas em bases sólidas de farmacologia clínica e evidência da economia da saúde sobre custo--efectividade”. Uma proposta que constava do programa social-de-mocrata, apresentada praticamente com as mesmas palavras. O mesmo aconteceu com a intenção de “garantir o acesso e a equidade aos cidadãos através do aperfeiçoa- mento do sistema de preços e da revisão do sistema de compartici-pação de medicamentos, garantindo uma gestão eficiente e dinâmica dos recursos, redefinindo o modelo de avaliação dos medicamentos para efeitos da sua comparticipação pelo estado sem descurar os cidadãos mais desprotegidos”.O governo propõe-se também rever a

legislação no sentido de “consagrar como regra” a prescrição por DCI, “conforme o estipulado no memo-rando de entendimento”. tal como no programa do PsD, o de governo associa esta medida ao aumento do consumo de medicamentos ge-néricos, através da “normalização jurídica das patentes e alteração do sistema de preços de referência”. O objectivo é “criar condições para a duplicação do mercado de genéricos e esforço da qualidade da informa-ção dos dados de bio-equivalência dos medicamentos genéricos relati-vamente aos de referência, aumen-tando a segurança dos prescritores e dos utilizadores face a este grupo de medicamentos”. já o CDs propunha aos eleitores a generalização da prescrição por DCI, “excepto quando haja justificação técnica fundamentada”. Os sociais-democratas admitiam também a excepção, permitindo que o médico prescritor possa impedir a substituição do medicamento pres-crito por DCI por outro incluído no mesmo grupo homogéneo “quando, designadamente, aquele se destine a tratamento prolongado e/ou a pa-tologias crónicas ou mediante justifi-cação clínica, precisa e fundamenta-da, relativa à situação concreta a que se refere a receita”. No programa do governo essa res-salva desapareceu, referindo-se apenas a prescrição por DCI “como regra”.

Unidose para combate ao desperdícioOutra das propostas do partido so-cial-democrata plasmada no progra-ma de governo prevê a implementa-ção de um sistema que vise a gestão comum de medicamentos no sNs – negociação, aquisição e distribuição

– tão centralizada quanto possível. em comum, os três programas têm a defesa da unidose em farmácia comunitária. O CDs-PP inclui esta proposta en-tre as medidas de combate ao des-perdício, argumentando que “não é aceitável que continuem a ser desperdiçados todos os dias inú-meros medicamentos, de que os doentes não precisam na realida-de, mas pagos com o esforço, quer do estado, quer dos cidadãos”. O mesmo argumento levou o PsD a defender a adequação da quantida-de de medicamentos dispensados no período de tratamento, quer em terapêuticas de curta duração para doentes após alta hospitalar, quer através da dispensa em dose unitá-ria em farmácia de oficina. Por sua vez, o programa de governo con-templa a criação das “condições le-gislativas e técnicas para o avanço da dispensa de medicamentos em dose individual”.A consonância está igualmente presente na defesa da desmateria-lização da receita médica. O CDs-PP preconizava, no mani-festo eleitoral, a conclusão “com urgência” da prescrição electróni-ca, enquanto o PsD defendia a des-materialização da receita médica, e não apenas a prescrição médica informatizada. juntos no governo, acordaram na criação de “condições para a des-materialização da receita médica em todo o tipo de receituário com comparticipação pública, imple-mentando um sistema ágil de mo-nitorização do consumo de medi-camentos que promova a clareza na contabilização dos encargos do estado e do cidadão com os medi-camentos”.A desmaterialização da receita mé-dica está ainda longe de ser uma realidade, não obstante ter entrado em vigor, a 1 de Agosto, a obrigato-riedade da prescrição electrónica.

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INFOrmAÇÃO terAPêUtICA

Cuidadoscoma pele das criançaselaborado por joana gomesrevisto por Lígia garcia e Carmen Inês, [email protected]

O cuidado com a pele das crianças é uma das áreas de intervenção farmacêutica por excelência. Por este motivo, sendo a Farmácia o local de referência de informação sobre saúde e bem-estar, é fundamental garantir que os utentes obtêm o melhor aconselhamento relativo aos produtos mais apropriados e seguros e acerca das medidas de higiene e cuidados mais adequadas que devem adoptar. O objectivo prima por assegurar que pais, familiares e cuidadores fazem as melhores escolhas na hora de adquirir produtos para aplicação na pele das crianças.

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Não é só a pele dos bebés que re-quer cuidados especiais. também a pele das crianças, desde os 3 anos até à puberdade, apresenta-se mais facilmente irritável e susceptível a agressões do que a do adulto. Daí que os cuidados com a pele da criança estejam cada vez mais “na ordem do dia”, não só pela crescen-te preocupação dos pais com os cui-dados a prestar aos seus filhos mas

também devido ao número crescen-te de afecções dermatológicas, como é o caso das dermatites e das alergias a componentes presentes em alguns produtos de higiene e conforto. Consequentemente, todos os pro-dutos que entram em contacto com a pele da criança devem ser rigoro-samente seleccionados. (1) (2)

A multiplicidade de produtos para aplicação na pele das crianças à

disposição de pais, familiares e cuidadores, torna imprescindível o papel do Farmacêutico na presta-ção do melhor aconselhamento de suporte à escolha do produto com as características mais adequadas.As crianças não são adultos em ta-manho pequeno e a sua pele não é igual, apresentando particularida-des que a tornam mais susceptível à agressão por agentes externos. (3)

Afecções cutâneas mais comuns nas criançasAs crianças, dadas as particularidades que caracterizam a sua pele, estão mais propensas a desenvolver afec-ções cutâneas, das quais se destacam a xerose (pele seca) e a dermatite, também designada por eczema. (4)

Xerose (ou Pele seca)

A baixa actividade das glândulas sebáceas associada à menor capa-cidade de retenção de água torna a pele das crianças frequentemente seca e, nalguns casos, até muito seca. As regiões do corpo habitual-mente afectadas são os braços, par-te inferior das pernas, parte lateral do tronco e coxas.(4) embora esta não seja uma condição grave, pode ser

incomoda, manifestando-se normal- mente por uma pele descamativa, gre-tada e com prurido.(5) medidas simples ajudam a contrariar esta condição e passam pela utilização frequente de produtos com acção emoliente, quer durante e/ou após o banho.

Dermatite (ou eczema)

A dermatite (ou eczema) é uma reac-ção inflamatória da pele que se ma-nifesta pelo aparecimento de lesões geralmente pruriginosas.(1) Os tipos de eczemas comummente observados nas crianças são a Dermatite atópica e a Dermatite de contacto.(6)

Dermatite atópica É uma afecção cutânea com predispo-sição familiar e não contagiosa, carac-terizada por uma sensibilidade cutâ-nea exagerada.(1) (6) Afecta frequente-

mente os cotovelos, punhos, pele atrás dos joelhos e pescoço, mas pode surgir em qualquer região do corpo. (6)

Consiste no aparecimento de re-giões avermelhadas e inflamadas, associadas a um intenso prurido. As crianças têm maior dificuldade em controlar o impulso de coçar as le-sões, o que pode muitas vezes agra-var a “comichão”. O controlo desta situação passa pelo recurso a cre-mes hidratantes apropriados, após o banho e colocado com a pele ainda húmida. Nas situações de prurido mais intenso o recurso a banhos té-pidos com óleos emolientes ou com aveia coloidal (ex. D’Aveia Dermo Óleo suavizante e Aveeno® Óleo de Duche Lenitivo ) ajuda a aliviar.(1) (6)

Dermatite de Contacto

É uma inflamação causada pelo con-tacto com uma determinada substân-cia.(7) As dermatites de contacto podem

tendencialmente mais seca

sudorese imperfeita

estrato córneo de menor espessura

ph neutro

A actividade das glândulas sebáceas, que contribui para o filme lipídico da pele, é elevada durante as primeiras semanas de vida e diminui de intensidade a par-tir dessa altura, o que explica a relativa secura observada na pele das crianças. estas glândulas voltam a ter a sua actividade aumentada na puberdade, que ocorre normalmente a partir dos 12 anos. (3)

Nas crianças, as glândulas sudoríparas, embora funcionais, apresentam ainda uma resposta imatura, com impacto no suor produzido. (3)

O estrato córneo - camada mais superficial da pele, — apresenta uma menor espessura nas crianças. esta característica torna a pele menos protegida contra as agressões externas e com maior permeabilidade. (1)

O ph cutâneo na criança, ao contrário do dos adultos que é mais ácido, tende para a neutralidade, diminuindo a protecção da pele contra a excessiva prolife-ração bacteriana. (1)

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ser alérgicas ou irritativas. No caso das irritativas, podem afectar qual-quer criança, desde que exposta a uma substância irritante para a sua pele. (1) (5)

A sintomatologia característica destas dermatites vai desde uma leve e transi-tória vermelhidão, até uma inflamação mais grave da pele, com formação de bolhas. (7)

Cosmética InfantilOs produtos cosméticos e de hi-giene corporal (PChC) têm como função limpar, modificar o aspec-to, proteger e manter o bom estado de saúde da pele. (3) Ao contrário dos medicamentos, usados para tratar ou

prevenir doenças, os cosméticos não alteram a estrutura ou função da pele, daí não poderem reivindicar proprieda-des terapêuticas ou biocidas. (8) (9)

A pele da criança, frequentemente ca-racterizada com os termos “fina”, “frá-gil”, “sensível” e “imatura” é uma pele com menor capacidade de defesa pe-rante agressões externas. (9)

Características a ter em atenção

são muitos os produtos cosméticos disponíveis na Farmácia. saber quais os mais indicados para aplicar na pele da criança constitui um desafio.Para melhor aconselhar e orientar as escolhas dos utentes na hora de adqui-

INFOrmAÇÃO terAPêUtICA

tabela 2 – Principais Formas Farmacêuticas disponíveis nos produtos de cosmética habitualmente indicados em crianças (Adaptado de “A Pele da Criança. A cosmética infantil será um mito?” e de “medscape”)

formas farmacêuticasPrincipais características

e propriedadesIndicações

não recomendado/ Precauções

emulsões A/O (água em óleo)

PomadasUnguentos

Cremes gordos

Consistência mais oleosa

Propriedades oclusivas e emolientes

Pele secaPele descamativa

Indicado para zonas em que a pele é mais espessa

situações agudas exsudativas

emulsões O/A (óleo em água)

CremesLoçõesgeles

Consistência mais fluidaPropriedades calmantes e ligeiramente emolientes

Cosmeticamente mais agradável

Pele sensível e irritada

Indicado para zonas em que a pele é mais fina

-

Pastas

Consistência mais espessa (elevada quantidade de pós)

Propriedades absorventes e oclusivas

Protecção contra agentes irritantes e absorção exsudados

ex. Pasta de óxido de zinco (propriedade cicatrizante)

-

Pós

Propriedades absorventes, protectoras e secantes

Pregas cutâneas com excesso de humidade

Prevenção da maceração

risco de inalação das partículas

rir produtos cosméticos, é fundamen-tal saber quais as principais caracte-rísticas que devem ser tidas em conta e qual o seu significado. Até porque é também necessário saber gerir as preferências dos utentes, que muitas vezes solicitam produtos com determi-nadas características… “que não seja gorduroso”, “que cheire bem”, “que não arda nos olhos”, “que seja hipoa-lergénico”, “que faça espuma”…

forma de Apresentação

são diversas as formas de apresen-tação dos produtos cosméticos que resultam do recurso a diferentes formas farmacêuticas (preparações galénicas). Apesar de algumas se-

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rem mais agradáveis do ponto de vista cosmético, a sua escolha deve estar directamente relacionada com o efeito que se pretende.

substâncias potencialmente alergénicas

As reacções de hipersensibilidade ou alergia a produtos cosméticos observadas nas crianças, derivam frequentemente da presença de conservantes e/ou fragrâncias (per-fumes). Para além destas reacções, os per-fumes, apesar de tornarem os cos-méticos mais aprazíveis, também não são aconselhados em cosmé-tica infantil por poderem mascarar os sinais de deterioração do produto. (3) (8) (5)

Quanto aos conservantes (ex. para-benos e formaldeído), actuam pre-venindo a proliferação microbiana e, desta forma, aumentam o tempo de vida útil do produto cosmético, daí o seu uso. Contudo, em crianças com peles intolerantes deve dar-se pre-ferência aos produtos cosméticos que não contenham na sua compo-sição estas substâncias. (2) (8) (1)

“hipoalergénico”: melhor opção?

Os produtos rotulados de hipoaler-génicos são, por muitos, considera-dos como a opção mais segura para a aplicação na pele da criança prin-cipalmente caso apresente afec-ções cutâneas, como a dermatite atópica. hipoalergénicos são os produtos que são formulados de modo a mi-norar o risco de ocorrência de reac-ções alérgicas. Nestes produtos po-dem ser também encontradas ale-gações como “sem conservantes”, “sem fragrâncias”, “naturais” ou “seguros para peles sensíveis”. (10)

Por não existir uma definição exacta e como tal, parâmetros pré defini-

dos que estipulem os requisitos a que os cosméticos devem obedecer para serem considerados hipoaler-génicos, o significado de hipoaler-génico pode ser diferente de produ-to para produto. Assim, muito embora a alegação de hipoalergenicidade, torna-se crítica a aplicação do conhecimento técni-co da equipa da farmácia na análise dos produtos disponíveis, aquando da selecção do cosmético com as características mais apropriadas para a pele da criança. (8) (10)

Os produtos que mencionam conter apenas ingredientes “naturais”, po-dem não ser totalmente isentos de risco, desencadeando, por vezes, re-acções alérgicas. Como é o caso da lanolina, obtida através da lã de ove-lha e que pode ser encontrada em várias loções, que se sabe ser um habitual agente causal de alergias. (8)

ph

Os produtos cosméticos devem apresentar um ph o mais próximo possível da neutralidade, que carac-teriza a pele da criança. Quanto maior a diferença entre o ph do produto e o ph da pele da crian-ça, maior será o risco de agressão. este parâmetro apresenta maior impacto no caso dos produtos que podem entrar em contacto acidental com a mucosa ocular (ex. champôs, soluções lavantes, etc…) dado o ar-dor que podem provocar. É também necessária atenção as produtos com ph alcalino que po-dem contribuir para a destruição da camada lipídica da pele da criança, tornando-a mais seca. (1) (11)

tensioactivos

Os tensioactivos são substâncias empregues nos produtos cosméti-cos, especialmente nos agentes de limpeza, pela sua capacidade de

emulsionar as gorduras, removen-do-as da pele. Contudo, os tensioactivos podem muitas vezes eliminar uma grande quantidade de lípidos da superfície da pele, o que, no caso das crianças que apresentam a pele mais seca, não é pretendido. Os tensioactivos não iónicos (ex. triton X, span, tween), por apre-sentarem baixo poder detergente e baixa irritabilidade para a pele e olhos podem constituir uma melhor opção. (1) (12)

rotulagem Ao analisar a rotulagem de um pro-duto cosmético, para aplicação na pele de crianças, sublinha-se a im-portância de verificar os ingredien-tes presentes bem como as precau-ções/avisos especiais de utilização.A rotulagem de um produto cosmé-tico deve contemplar: - Lista de substâncias que fazem

parte da composição (Ingre- dientes). esta informação é par-ticularmente relevante para que possa ser verificada a presença de alguma substância à qual haja conhecimento prévio de alergia;

- Data de durabilidade mínima (data até à qual o produto cos-mético conserva as suas funções iniciais em condições apropria-das de conservação e utilização) devidamente indicada:• se a data de durabilidade mí-

nima for inferior a 30 meses, a embalagem deve indicar a data até à qual o produto cos-mético pode ser utilizado (pra-zo de validade);

• se a data de durabilidade míni-ma for superior a 30 meses, a embalagem deve indicar o pe-ríodo de tempo durante o qual o produto cosmético pode ser utilizado sem causar dano ao

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INFOrmAÇÃO terAPêUtICA

Identificação do produto

(marca Comercial)

Indicador de Folheto Informativo

Nome e morada do produtor

ou distribuidor

Programa europeu de reciclagem

Avisos/ Precauções de utilização

Ingredientes

País de Origem

Quantidade de produto

Período após abertura

Ilustração 2 – Informação disponível na rotulagem de um PChC (Adaptado de “Children and their families: the continnum of care”)

consumidor depois de aberto (Período Após Abertura).

- Código de lote de fabrico, expres-so por um conjunto de números ou letras que, em caso de efeito indesejável ou alteração do pro-duto devem ser comunicados ao INFArmeD, I.P.

- Informação escrita em Português- Apenas propriedades ou acções

que não induzam em erro o con-sumidor, não podendo alegar ac-ções terapêuticas ou biocidas e indicação para aplicação em pele lesada ou não sã. (13)

Quanto aos ingredientes que cons-tituem o produto, estes devem ser referidos na embalagem exterior. Contudo, caso o produto esteja con-tido numa embalagem de pequenas

Período Após Abertura (símbolo)

O símbolo do Período Após Aber- tura está presente na embalagem de acondicionamento primário do produto, bem como na sua embala-gem exterior, caso esta exista. este símbolo representa uma embala-gem aberta juntamente com a vida útil do produto em meses, indicada por um número seguido da sigla “m”. estes podem surgir no inte-rior ou ao lado do símbolo da tampa aberta. (15)

dimensões, a menção aos ingre-dientes pode ser feita, em alterna-tiva, num folheto que acompanha o produto. A lista dos ingredientes deve ser ordenada de forma decrescente de concentração para as substâncias que figuram no produto em concen-tração superior a 1%, não existindo nenhuma obrigatoriedade de ordem especial para os ingredientes cuja concentração no produto seja infe-rior a 1%. Deve também constar da lista de ingredientes (caso existam) os co-rantes bem como os compostos odoríficos e aromáticos e respecti-vas matérias-primas, que devem ser referidos pela palavra “perfume” ou “aroma”.

Ilustração 1 –símbolo Período Após Abertura (Adaptado de “Children and

their families: the continnum of care”)

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FARMÁCIA PORTUGUESA 33

• A leitura cuidadosa das instruções de aplicação e conservação des-critas na embalagem ou no folheto incluso. reforçando aspectos particulares relacionados com a utilização segura do produto;

• manter sempre os frascos, boiões ou outro material de acondicio-namento primário bem fechados (com as tampas bem colocadas) enquanto não estiverem em uso;

• A importância de utilizar os produtos dentro do prazo indicado pelo símbolo “período após abertura”;

• evitar o armazenamento dos produtos sob luz solar directa ou perto de fontes de calor;

• Nunca diluir os produtos ou misturá-los com outros produtos, a me-nos que referido nas instruções;

• Aplicar os produtos com as mãos limpas ou com um aplicador que deve ser lavado com frequência;

• esperar que os aplicadores estejam completamente secos antes da sua utilização;

• Não partilhar os produtos cosméticos com outras pessoas. (15)

O bom aconselhamento passa por…… recomendar:

Cuidados essenciais com a pele das criançasA pele, o maior órgão do nosso cor-po, possui a importante função de nos proteger das agressões do meio exte-rior. Para tal é necessário preservar a sua integridade… o que deve acontecer desde tenra idade.Para a melhor saúde da pele das crian-ças é necessário proceder a alguns cuidados básicos como a sua higiene, hidratação e protecção.

higiene

A prática de uma higiene escrupulo-sa é importante na manutenção da saúde. Pais, familiares e cuidadores devem encorajar desde cedo hábi-tos correctos de higiene nas crianças, para que cresçam saudáveis, evitando doenças e infecções.O banho possibilita a remoção de resíduos depositados sobre a pele. Contudo, a água por si só é insuficiente para a completa eliminação de todos

estes resíduos. Assim sendo, para que haja uma adequada higiene da pele é necessário o recurso a agentes de limpeza apropriados, com substâncias com acção detergente (tensioactivos ou surfactantes) que assegurem a com-pleta eliminação de toda a sujidade. (3)

Actualmente há uma maior conscien-cialização dos cuidados específicos a ter com as mucosas genitais e áreas circundantes, das crianças. Produtos como o germisdin® júnior, o saugella girl, o Fem-íntim gel pediátrico e o Fem-íntim creme vulvar pediátrico encontram-se posicionados no mer-cado especificamente para a higiene e cuidados de protecção íntimos das crianças.

Produtos de limpezamais comuns

são vários os produtos de limpeza po-sicionados para a higiene das crianças. A escolha, embora passe fundamental-mente por preferências organolépticas, deve ter em atenção as características e o grau de adequabilidade do produto à pele da criança.

sabões

Os sabões apresentam bom poder emulsionante produzindo espuma abundante. No entanto, o seu ph alcali-no pode contribuir para a destruição da camada lipídica superficial da pele, ori-ginando uma secura excessiva. Como forma de compensar este efeito, existe a possibilidade de associar outros com-ponentes, como agentes humidifican-tes (óleos vegetais, lanolina) ou ácidos gordos, presentes nos denominados sabões supergordos ou “surgras”, que deixam um fino filme lipídico na pele, com acção protectora. (3)

“syndets”

são detergentes sintéticos ou “sabões sem sabão”. Possuem ph neutro ou ligeiramente ácido e bom efeito deter-gente, apesar de fazerem pouca espu-ma. Podem apresentar-se em formas sólidas ou líquidas, sendo de uso bas-tante agradável. (3)

geles

A sua acção de limpeza é exercida pe-los agentes tensioactivos suaves que os compõem, aos quais se associam agentes gelificantes hidrofílicos que produzem espuma, quando massa-jados na pele, conferindo-lhe acção adstringente e tornando o seu uso bas-tante agradável, promovendo uma sen-sação de frescura (ex. gel moussant Douceur da gama Dermo-Pédiatric da A-Derma®, Aveeno® gel Duche--banho, gel Douche Petit júnior da Klorane). (3)

Champôs

Compostos normalmente por agentes anfotéricos, não iónicos, os champôs a preferir devem ser apenas levemente detergentes, não devem provocar ardor nos olhos (o ph mais ácido de alguns champôs para adultos pode ter esse efeito) e o seu uso não deve ser agres-sivo, quer para a raiz do cabelo, quer para o couro cabeludo, bastante frágeis na infância (ex. Champôs da gama Petit júnior da Klorane). (3)

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INFOrmAÇÃO terAPêUtICA

Loções, Leites e Cremes de Limpeza

são, habitualmente, emulsões óleo em água (O/A), de fraca viscosidade embora com boa acção emulsionan-te. Utilizam-se com dupla finalidade - limpar e humidificar a pele. Contêm óleos minerais, vaselina, ceras e água, pelo que também se apresentam por vezes como cold creams (presentes em produtos de limpeza e emolientes). Devem ser aplicados com uma ligeira massagem e removidos com o auxílio de produtos específicos ou por enxa-guamento. (3)

Pains, bars (“sabonetes”)

Consistem em leites de limpeza mas sob a forma sólida, nos quais a fase líquida é reconstituída aquando da adi-ção de água. Apresentam boa tolerân-cia e podem ser usados, por exemplo, na limpeza do rosto e das mãos. (3)

toalhetes de Limpeza

A sua base celulósica é embebida em agentes detergentes suaves e o seu ph é geralmente próximo da neutralidade. Apesar da sua utilidade em algu-mas situações particulares, como por exemplo viagens, o seu uso não deve ser abusivo e a sua utilização deve ser suave, para não se correr o risco de re-moção do filme lipídico da pele. (3)

hidratação e ProtecçãoOs cuidados de hidratação e protecção da pele da criança são fundamentais para a manutenção do bom estado de saúde. As características singulares da sua pele, associadas ao estilo de vida – brincadeiras e aventuras – próprio desta faixa etária, justificam cuidados redobrados.

emolientes Na hidratação da pele da criança, pela sua propensão à secura, recorre-se frequentemente a hidratantes com ca-

Na rotina diária de higiene e cuidadoA regra fundamental para o banho é “água q.b. e pouco detergente”, ou seja, um banho rápido (10-15 minutos), com água tépida e utilizando os produtos mais adequados à pele da criança. O enxaguamento após o banho deve ser cuidadoso para que não permaneçam resíduos do produto na pele. (3)

tanto nos cuidados de higiene como de protecção devem utilizar-se produtos que respeitem o ph cutâneo, a camada lipídica superficial e o ecossistema da pele.

Nas crianças sem problemas de pele, os produtos a utilizar devem ser aquele que pais e crianças mais gostem. Para o banho deve ter-se o cuidado de esco-lher um que tenha uma base lavante suave, com adição de agentes que man-tenham o estado de hidratação e o equilíbrio lipídico da pele. No corpo podem utilizar-se sabões que devem ser neutros ou supergordos, “syndets” ou geles de banho, e para manter um bom equilíbrio cutâneo devem aplicar-se emolientes suaves (leites hidratantes) após o banho ou limpeza.

No caso das crianças com peles xeróticas ou atópicas, também durante o banho é conveniente promover a hidratação e protecção da pele. Os produtos a usar na limpeza deste tipo de peles, para além dos anteriores, englobam ainda óleos de banho e banhos coloidais (que utilizam cereais, como por exemplo a aveia, que limpam por adsorção os detritos lipo e hidrofílicos e deixam uma camada superficial protectora – ex. Aveeno® Baby Coloidal e Babe Óleo de Banho). (3) Após o banho a pele da criança deve ser cuidadosamente seca, de preferência sem esfregar com a toalha, aplicando-se de seguida um emoliente, cuja aplica-ção deve ser renovada sempre que necessário ao longo do dia. É de particular relevância que este cuidado seja criteriosamente cumprido no caso das crianças atópicas. (5) (14)

racterísticas especiais - os emolientes, que se apresentam normalmente sob a forma de emulsões A/O ou O/A. Os produtos emolientes, pelas suas pro-priedades humectantes (retenção de água na pele) e oclusivas (impedem que a água evapore), bem como pela presença de lípidos na sua composi-ção, possibilitam a reposição do filme hidrolipídico da pele, hidratando-a. estes produtos devem ser usados pre-ferencialmente durante ou após o ba-nho, com a pele ainda húmida. (3)

embora utilizados nos cuidados di-ários de crianças com pele normal, a sua utilidade é marcada nas peles secas, descamativas e pruriginosas, onde são particularmente impor-tantes na prevenção das dermatites, nomeadamente da atópica. Alguns exemplos de emolientes incluem AtL®, A-Derma® exómega, Avène Cold Cream, Creme gordo Barral®,

La roche Posay Lipikar, Physiogel®, D’AVeIA Creme hidratante, Babe Pe- diatric, Aveeno® Baby, entre muitos outros. (3) (6) (9)

Preparações barreira

Como o próprio nome indica, estas preparações funcionam como uma barreira entre a pele e o meio exterior. Apresentam frequentemente na sua composição silicones e outras subs-tâncias que possibilitam a formação de um filme protector na pele e simul-taneamente a hidratam. A sua função é proteger contra agressões externas – sejam estas causadas pela acção de substâncias irritativas (ex. água das piscinas), por acção mecânica (ex. fric-ção ao nível das pregas cutâneas) ou por acção de agentes ambientais (ex. frio excessivo). (9)

Os produtos eryplast da Lutsine,

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FARMÁCIA PORTUGUESA 35

1. Caracterização da Pele Infantil e dos Produtos Cosméticos destinados a esta Faixa etária. meireles, Carlos, et al., et al. 1, Lisboa : rev. Lusófona de Ciências e tecnologias da saúde, 2007, Vol. 4. 73-80.2. Cosmética Infantil - alguns problemas na infância. [Online] [Citação: 1 de 8 de 2011.] http://bibliotecadigital.ipb.pt/bitstre-am/10198/3577/1/Poster-Cosm%C3%A9tica%20Infantil.pdf.3. A pele da criança. A cosmética infantil será um mito? Luís Araújo Pinheiro, Ana ehrhardt Pinheiro. s.l. : Acta Pediátrica Portuguesa, 2007, Acta Pediátrica Portuguesa, pp. 200-208.4. medlinePlus. [Online] [Citação: 9 de 8 de 2011.] http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/ency/article/003250.htm.5. American Academy of Dermatology. [Online] [Citação: 26 de 7 de 2011.] http://www.aad.org/.6. Patient.co.uk. [Online] http://www.patient.co.uk/.7. manual merck. [Online] [Citação: 9 de 8 de 2011.] http://www.manualmerck.net/?id=220&cn=1769.8. Womens health. [Online] [Citação: 1 de 8 de 2011.] http://womenshealth.gov/publications/our-publications/fact-sheet/cosmetics-your-health.pdf.9. terapêutica tópica em Dermatologia Pediátrica. rocha, Natividade, horta, miguel e selores, manuela. 3, s.l. : Nascer e Crescer, 2004, Vol. 13. 215-225.

10. medscape. [Online] [Citação: 11 de 8 de 2011.] http://www.medscape.com/.11. Prevenção e cuidados com a pele da criança e do recém--nascido. Fernandes, juliana Dumêt, Oliveira, Zilda Najjar Prado e machado, maria Cecília rivitt. 1, são Paulo : An Bras Dermatol, 2011, Vol. 86. 102-10.12. rocha, jorge m. s. Aplicações de agentes tensioactivos em biotecnologia. Coimbra : tensioactivos em Biotecnologia.13. INFArmeD. [Online] [Citação: 28 de 07 de 2011.] http://www.infarmed.pt.14. Vicky r. Bowden, Cindy s greenberg. Children and their Families: the Continuum of Care . google books. [Online] [Citação: 1 de 8 de 2011.] http://books.google.pt/books?id=jrgl9AxmfheC&pg=PA1288&lpg=PA1288&dq=kids+skin+hydration&source=bl&ots=eC0yONbNAo&sig=DsjthwkrWfK_y7vf_kj9xewXPFA&hl=pt-Pt&ei=24Y2tqeXAcujhQfi-_W_Cg&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CB8Q6AewAA#v=onepage&q&f=false.15. Colipa - the european Cosmetics Association. [Online] [Citação: 26 de 7 de 2011.] http://www.colipa.eu/.16. Food and Drug Administration. [Online] [Citação: 9 de 8 de 2011.] www.fda.gov.

notificação de efeitos Indesejáveis

O contributo dos Farmacêuticos num sistema organizado de vigi-lância de produtos cosméticos fa-cilita o controlo destes produtos, promovendo a qualidade e segu-rança dos mesmos.

Para apoio ao aconselhamento em situações relacionadas com Cuidados com a pele das Crianças, tem disponível na sua Farmácia suportes iSaúde que abordam os temas Pele Seca - Hidratar é pre-ciso, Dermatite atópica - à flor da pele e Dermatite de contacto - Quando a pele reage, disponíveis no ANFOnline (http://anfonline.pt) menu Documentação, Informação saúde e no sifarma 2000 de for-ma integrada no Atendimento. Brevemente irá estar disponível um novo suporte isaúde específi-co sobre este tema.

Aveeno® Baby Creme Barreira, Decubal, D’AVeIA Creme Barreira® Uriage Bariéderm®, Avène Pediatril Creme Barreira e A-DermA® exo- mega Creme Barreira são alguns exemplos de preparações barreira disponíveis para aplicação na pele das crianças. (3)

CosmetovigilânciaA cosmetovigilância consiste num sistema que possibilita a monitori-zação dos efeitos indesejáveis re-sultantes da utilização de produtos cosméticos e de higiene corporal. A notificação dos efeitos indese-jáveis ocorridos e a sua posterior avaliação e análise têm por ob-jectivo a prevenção da repetição da ocorrência dos mesmos.(13) Os Profissionais de saúde têm o dever de notificar todos os efeitos inde-sejáveis graves e os efeitos indese-jáveis que, apesar de não se reves-tirem de carácter grave, justificam a sua notificação.(13)

As notificações podem ser efectu-adas online no sítio do Infarmed (www.infarmed.pt).(13)

Para que a notificação de um efeito indesejável seja validada é neces-

sário a presença de determinadas informações:• Identificação completa do notifi-

cador;• Informação mínima do consu-

midor, como idade e género;• Identificação precisa do produto

cosmético;• Descrição do efeito indesejável.

Ilustração 3 – Ficha de notificação (retirado de “terapêutica tópica em Dermatologia Pediátrica”)

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CONsULtOrIA FIsCAL

embora contestada por aqueles que vêem na redução dos salários a via preferencial para cumprimento do propósito de aumentar a competitivi-dade das empresas, a verdade é que esta medida parece, de facto, asse-gurar alguma poupança nos gastos fixos que as empresas mantêm, ac-tualmente, com os seus colabora-dores, sem diminuir o rendimento destes. evitando, assim, situações de agravamento das dificuldades económicas que, actualmente, as-sombram algumas famílias.De acordo com os dados constantes do relatório ora publicado, e embora se prevejam cenários diferenciados em que a redução da tsU se aplica a todas as empresas, ou apenas às que gerem criação líquida de em-prego, ou ainda, às que pertençam a determinados sectores da economia portuguesa, prevê-se que tal redu-ção, à partida, corresponda a 3,7 pon-tos percentuais. A maior preocupação das empre-sas, neste momento, é, pois, poder antecipar se a redução prevista terá impacto suficiente para estimular a competitividade no concreto merca-do em que cada uma actua, o que, nos termos do relatório, dependerá, desde logo, do facto de a descida da tsU permitir às empresas baixar os preços praticados no mercado em virtude da diminuição dos custos de produção. esta preocupação é maior nas empresas de pequena ou média

A descida da tsU easfarmácias

dimensão, como as Farmácias, onde são contratados, em média, cerca de cinco a sete colaboradores. Imaginemos então, como exemplo, uma Farmácia que emprega, para além do Director técnico, três far-macêuticos, um técnico de farmácia, bem como um caixa e um auxiliar de armazém - todos eles trabalha-dores dependentes e relativamente aos quais a Farmácia suporta actu-almente os custos com as contribui-ções obrigatórias para a segurança social, à taxa de 23,75%. De acordo com os cálculos realizados, conside-rando ordenados médios de acordo com as práticas do mercado, a pou-pança anual relativamente a todos os colaboradores ascenderá a um total aproximado de € 6.205, o que corres-ponde a uma poupança anual média de cerca de € 886 por colaborador (vide Quadro 1). já se considerarmos, comparativamente, uma descida da tsU em dez pontos percentuais, o im-pacto em termos de poupança anual será de cerca de € 16.700, ou seja, uma média de cerca de € 2.800 de poupança anual por colaborador (vide Quadro 2). Confirmam-se, assim, algumas das conclusões a que chegaram já alguns estudos prévios relativos ao impacto da descida da tsU em quatro pontos percentuais na esfera das empresas portuguesas. É que este impacto não se fará sentir com grande veemência nas pequenas e médias empresas,

mas sim nas grandes empresas, em que o número de colaboradores e, consequentemente, os custos sala-riais, são maiores.Por outro lado, as empresas deverão ainda contar com o “reverso da me-dalha”, isto é, a contrapartida que o governo irá encontrar para equilibrar a receita e que, de acordo com reco-mendação constante do relatório ora publicado, passará pelo aumento da tributação indirecta, muito provavel-mente através do aumento da taxa intermédia do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), ou, pelo menos, pela revisão das listas de produtos sujeitos às taxas reduzida e intermé-dia, salvaguardando a aplicação da taxa reduzida aos bens considerados essenciais. resta-nos aguardar por qual dos cenários sobre os quais se debruça o relatório ora publicado o governo irá optar, e questionar-nos também se, para alcançar verdadeiro impacto na competitividade das pequenas e médias empresas - afinal, o grosso do tecido empresarial português -, a descida da tsU não deveria ir além dos 3,7 pontos percentuais…, e se há margem orçamental, via receita fiscal adicional, para isso mesmo.

elaborado por:

Área Pratica de Prática Fiscal da PLmj

rogério m. Fernandes Ferreira

mónica respício gonçalves

Advogados ([email protected])

Foi finalmente divulgado no passado dia 10 de Agosto o relatório relativo ao estudo realizado sobre a descida da taxa social única (tsU), sob o título “Desvalorização Fiscal - relatório”, medida anunciada no memorando de entendimento das Políticas económicas e Financeiras (memorando “troika”), a concretizar até 2014 e ainda durante a anterior legislatura.

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FARMÁCIA PORTUGUESA 37

NOtA: Não foram consideradas as retenções na fonte de Irs

NOtA: Não foram consideradas as retenções na fonte de Irs

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CONsULtOrIA jUríDICA

alteraçãoaoregimedetransferênciadas instalações de farmácia de oficinaFoi recentemente publicada a Lei n.º 26/2011, de 16 de junho, que procedeu à primeira alteração do Decreto-Lei n.º 307/2007, de 31 de Agosto. A Lei n.º 26/2011, de 16 de junho, veio introduzir algumas alterações relevantes ao regi-me de transferência de instalações das farmácias de oficina, quer quando esta transferência ocorre dentro do mesmo município, quer quando ocorre para municípios limítrofes.

transferência de farmácia dentro do mesmo município

As alterações introduzidas no âmbito da transferência de farmácia de oficina dentro do mesmo município consis-tiram, essencialmente, (i) na introdu-ção da obrigatoriedade de um parecer prévio da câmara municipal territorial-mente competente e (ii) na possibilida-de de não aplicabilidade do requisito de distância mínima de 350 metros entre farmácias, desde que verificado o cum-primento de determinados requisitos. Vejamos:

(i) Obrigatoriedade de parecer prévio da câmara municipal territorial-mente competente

A autorização de transferência de ins-talações de farmácia de oficina dentro do mesmo município passa a estar su-jeita a parecer prévio da câmara muni-cipal competente em razão do territó-rio, sendo que na apreciação do pedido de transferência passa a ser avaliado o cumprimento dos seguintes critérios adicionais:• A necessidade de salvaguardar a

acessibilidade das populações aos medicamentos, a sua comodidade, bem como a viabilidade económica da farmácia, cuja localização o pro-prietário pretenda transferir;

• A melhoria ou aumento dos servi-ços farmacêuticos de promoção de saúde e do bem-estar dos utentes.

O parecer da câmara municipal territo-

rialmente competente deverá ser emi-tido no prazo de 60 dias a contar da data da entrada do pedido nos respectivos serviços. se a câmara municipal não emitir o parecer no prazo de 60 dias a contar da entrada do pedido, entende--se tal omissão de pronúncia como pa-recer favorável à transferência. Porém, se a câmara municipal emitir parecer e este for desfavorável à transferência, esse parecer terá carácter vinculativo, não podendo a transferência realizar--se. A transferência de farmácia sem a autorização acima referida constitui contra-ordenação muito grave, punível, no caso de pessoas singulares, com coima de €5.000,00 a €20.000,00, e no caso de pessoas colectivas, com coima de €20.000,00 a €50.000,00.

(ii) Possibilidade de não aplicabi-lidade do requisito de distância mínima de 350 metros entre far-mácias, desde que verificado o cumprimento de determinados requisitos

O requisito da distância mínima de 350 metros entre farmácias deixa de ser aplicável no caso de transferência den-tro da mesma localidade, desde que:• seja previsível a melhoria da quali-

dade da assistência farmacêutica;• Não ocorra alteração da cobertura

farmacêutica;• A nova localização da farmácia res-

peite as áreas e divisões legalmen-te exigíveis para aqueles estabele-cimentos;

• Os proprietários das farmácias situadas a distância inferior a 350 metros contados em linha recta dos limites exteriores declarem por escrito a sua não oposição à transferência, no caso de a trans-ferência resultar numa maior pro-ximidade geográfica entre a farmá-cia a transferir e as existentes.

A introdução desta alteração significou o regresso à solução consagrada na Portaria n.º 936-A/99, de 22 de Outubro,

reconhecendo-se assim que, nos casos em que a cobertura farmacêutica se mantenha, a melhoria da qualidade da assistência farmacêutica e das ins-talações reveste maior importância do que o cumprimento “cego” da distância mínima de 350 metros entre farmácias. Possibilita-se, assim, nomeadamente, que as farmácias com instalações an-tigas e sem possibilidade de remode-lação, possam melhorar as suas insta-lações e a qualidade e quantidade dos serviços prestados, sem necessidade de se transferirem para locais distan-tes dos focos populacionais.

transferência de farmácia para concelhos limítrofes

As farmácias situadas em municípios com uma capitação inferior a 3500 ha-bitantes por farmácia aberta ao público no município passam a poder transfe-rir-se para os concelhos limítrofes com capitação superior, desde que sejam observadas as condições de funcio-namento e se verifiquem, cumulativa-mente, os seguintes pressupostos no município de origem:• existam farmácias a menos de 350

metros da farmácia que se preten-de transferir;

• A capitação nesse município não se torne superior à legalmente exigí-vel para a abertura de novas far-mácias.

A Lei n.º 26/2011, de 16 de junho, en-trou em vigor no dia 17 de junho de 2011, aplicando-se a todos os pedidos de transferência de farmácias dentro do mesmo município posteriores à data da sua entrada em vigor, bem como àqueles que, tendo sido apresentados no INFArmeD, I.P., não tenham sido alvo de decisão definitiva até à àquela data.

elaborado por:eduardo Nogueira Pinto

e eliana Bernardo, advogadosPLmj – sociedade de Advogados

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FARMÁCIA PORTUGUESA 39

INFOrmAÇÃO VeterINÁrIA

A leishmaniose, cada vez mais conhecida e apontada como uma preocupação de saúde pública, corresponde a um grupo de doenças infecciosas parasitárias que afectam pessoas e animais domésticos e silvestres, em todo o mundo. estas doen- ças são causadas por protozoários (seres unicelulares) do género Leishmania. A leishmaniose canina trata-se de uma doença parasitária grave do cão, causada pela Leishmania infantum. este parasita é transmitido por um insecto relati-vamente parecido com um mosquito - flebótomo, mas mais pequeno. É uma zoonose (doença transmitida ao homem pe-los animais) que apresenta um grau muito elevado de risco de vida para os cães e que é endémica, não só em Portugal, mas também nos restantes países da Bacia mediterrânica bem como em várias outras regiões. em Portugal, a transmissão ao homem é rara e considerada acidental. O número de casos reportados anualmente, nos últimos anos, cifra-se em cerca de 15 casos por ano. As Leishmanioses humanas são de três formas: Leishmaniose Cutânea, Leishmaniose mucocutânea e Leishmaniose Visceral. Considera-se que o cão, como re-servatório natural da doença, tem um papel relevante na dis-seminação e manutenção da infecção humana. No homem, tal como nos cães, a Leishmaniose Visceral é fatal, caso não seja tratada, no entanto o tratamento tem uma taxa de suces-so superior à dos cães, excepto nos indivíduos imunodeprimi-dos. As recidivas humanas são raras. A transmissão da leishmaniose, do cão para o homem, faz- -se sempre por intermédio do insecto vector — o flebótomo. A doença não se transmite por mero contacto ou proximidade física. O aumento da Leishmaniose Canina pode fazer aumen-tar a Leishmaniose humana. Por esse facto é muito importan-te tentar conter a prevalência da doença no cão.estima-se que, só na europa, existam 2,5 milhões de cães in-fectados. em Portugal, devido à pequena dimensão do país e as distâncias curtas, qualquer deslocação dos animais pode significar um risco acrescido de contágio.O combate a esta doença é feito essencialmente através de medidas de prevenção que impeçam a picada do insecto transmissor. A prevenção é o mais importante para a saú-de dos animais uma vez que os tratamentos existentes não permitem eliminar definitivamente a infecção e os animais podem apresentar recidivas passados meses e anos. O custo médio para tratar um animal com leishmaniose é, na maioria dos casos, superior ao custo da prevenção da doença durante toda a vida de um cão.

Leishmaniose caninavacinavemreforçarasarmasdecombateàdoença

As medidas preventivas são várias e assumem uma relevân-cia cada vez maior no controlo da doença. De entre elas des-tacam-se as seguintes:• garantia de um bom estado de saúde do animal com reforço

do sistema imunitário. Uma boa alimentação e a despara-sitação regulares são outras medidas de prevenção igual-mente importantes.

• Uso de produtos insecticidas e repelentes, que diminuem as picadas dos flebótomos nos cães, como coleiras, sprays ou pipetas especiais (spot-on).

• evitar a exposição dos animais no exterior, sobretudo entre o entardecer e o amanhecer, correspondendo ao período de maior actividade dos insectos (flebótomos) transmissores.

• Os animais infectados, em tratamento, ou que tenham re-cuperado de um episódio da doença, devem ser protegidos das picadas dos insectos.

• Diagnóstico precoce da doença através de rastreios anuais da Leishmaniose Canina.

recentemente foi colocada à disposição dos médicos Veterinários uma nova “ferramenta” profilática, que vem com-plementar as medidas descritas e que poderá ainda reduzir mais o risco de os animais contraírem a doença. trata-se de uma vacina que vem trazer uma nova esperança de protecção dos animais e ajuda a tranquilizar os proprietários. A vacina é, desde há muito, considerada como sendo a solu-ção ideal de protecção dos animais. Contudo, a complexidade de obtenção de uma resposta imunitária eficaz contra a leish-mania não tinha permitido até ao momento obter uma vacina adequada na europa. A utilização da vacina requer um des-piste da doença, feito pelo médico veterinário, através de tes-te serológico, pelo que os proprietários dos animais deverão sempre consultar o clínico assistente para avaliar a oportuni-dade da sua utilização. se o resultado deste teste for negativo, pode dar-se início ao programa de vacinação.O programa completo de vacinação é efectuado através de uma primo-vacinação efectuada por três inoculações, segui-da de uma revacinação anual. A protecção dos animais só atinge o nível desejado quatro semanas após a última ino-culação.Não existe uma época própria para a vacinação dos cães contra a leishmaniose canina. A maior parte dos cães com mais de seis meses de idade, que não sejam portadores de doenças infecciosas, incluindo a leishmaniose canina, po-dem ser vacinados.

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esPAÇO ANImAL

farmácias aderentes continuam a crescer mais

Promover a recuperação e poste-rior desenvolvimento do segmento veterinário nas farmácias foi o que esteve na origem do espaço Animal, projecto que arrancou em 2008 com uma experiência-piloto em 50 far-mácias e que, desde logo, mostrou ser a estratégia certa. Os dados dos primeiros cinco me-ses de 2011 comprovam que vale a pena aderir ao projecto: nas farmá-cias aderentes cresceram 14,7 por cento em volume e 18,7 por cento em valor das vendas, o que é acima do mercado da veterinária, que, no mesmo período, também cresceu mas menos – 8,3 por cento em volu-me e 11,1 por cento em valor. A ven-

As farmácias aderentes ao espaço Animal continuam a crescer acima do mercado da veterinária: nos cinco primeiros meses de 2011 o crescimento foi de 14,7 por cento em volume e 18,7 por cento em vendas. A provar que, com as ferramentas e a atitude certas, a diferenciação é possível.

da média das farmácias com espaço Animal no acumulado dos cinco me-ses situou-se nas 348 unidades, en-quanto nas restantes farmácias foi de 235 unidades.Numa análise comparativa en-tre maio de 2011 e o mês anterior, continua a existir um diferencial no crescimento: as farmácias espaço Animal cresceram 11,1 por cento enquanto o mercado da veterinária cresceu 9,9 por cento. segmentando o mercado veteriná-rio, verificou-se que os medicamen-tos correspondem a 72 por cento do total em volume e a 70 por cento em valor. Contudo, foram os acessórios veterinários que mais se destaca-

ram no crescimento, com as vendas em volume a dispararem 60,4 por cento por comparação com os mes-mos cinco meses de 2010. em valor, a subida foi de 37,4 por cento entre os dois períodos. No total do mercado da veterinária, o distrito de setúbal destaca-se, tendo sido o único com um cresci-mento acima dos 20 por cento – 20,5 – em unidades vendidas, sempre comparando o intervalo de janeiro a maio deste ano com o mesmo pe-ríodo do ano passado. segue-se a guarda, com um au-mento na ordem dos 16 por cento. Quanto ao crescimento em valor, santarém apresentou um saldo

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FARMÁCIA PORTUGUESA 41

positivo, de 5,5 por cento. O distri-to que mais cresceu foi Viana do Castelo – 23 por cento – seguindo--se Leiria – 21,1 – e setúbal – 20,7 por cento.esta análise envolveu dados for-necidos por 313 farmácias com espaço Animal, as quais regista-ram, no acumulado dos meses em análise e comparativamente com o período homólogo, um crescimento de 79 por cento em volume e 83 por cento em valor. em maio, a venda média destas farmácias situou-se nos 1.214 euros, contra 791 euros a nível nacional. são indicadores concretos da mais--valia deste projecto gerido pela

globalvet, a empresa constituí-da pela ANF e pela Bioconsulting. graças às ferramentas de forma-ção, informação e organização dis-ponibilizadas, tem-se assistido ao emergir de um conjunto de farmá-cias especializadas, com um novo olhar sobre os medicamentos e pro-dutos dirigidos à saúde animal.O grupo inicial de 50 farmácias que testaram o espaço Animal alargou--se progressivamente e, actual-mente, inclui quase 380. em 2008, quando o projecto foi lançado, o segmento veterinário esmorecia nas farmácias, mas a experiência-piloto veio rapidamente demonstrar que era um segmento

com imenso potencial, nomeada-mente para equilibrar e até com-pensar a tendência de decréscimo de vendas noutras áreas, como a dos medicamentos não sujeitos a receita médica. O ano seguinte foi o do alargamento e 2010 o da conso-lidação. O ano em curso está orientado para o reforço do apoio de retaguarda às farmácias. A globalvet fornece as ferramentas que permitem crescer de uma for-ma sustentada. Os dados relativos aos primeiros cinco meses do ano – recolhidos pela hmr e tratados pelo CeFAr – são a melhor prova dessa nova dinâmica.

grupo de Farmácias espaço Animal

mercado da Veterinária

As farmácias aderentes ao espaço Animal crescem cerca de 11% em maio face a Abril.

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mUseU DA FArmÁCIA

Os museus privados desempenham um importante papel na difusão do conhecimento. É um papel que nin-guém questiona, mas que, no en-tanto, tem sido sistematicamente ignorado por quem tem a respon-sabilidade da definição da política museológica nacional. A crítica é do director do museu da Farmácia, joão Neto, que desde 1996 dá corpo

Papel dos privados poucoreconhecido

O director do museu da Farmácia reclama do estado o reconhecimento do importante papel dos museus privados na disseminação do conhecimento. e lamenta que a política museológica nacional os discrimine em matéria de financiamento, sem olhar à qualidade da colecção e ao valor dos objectivos.

a um projecto privado nascido com o intuito de preservar e divulgar a história da farmácia em Portugal e no mundo.joão Neto lamenta que os museus privados não mereçam do estado e das suas instituições o mesmo tratamento dos públicos: ainda que resultem de uma iniciativa privada perseguem objectivos de interesse

público, na medida em que contri-buem para tornar acessível à socie-dade o património e a cultura.A discriminação do estado traduz- -se, nomeadamente, na exclusão dos museus privados das políticas de financiamento, que, invariavel-mente, beneficiam as instituições públicas, designadamente através de subsídios ao seu funcionamento.

joão Neto critica política para os museus nacionais

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mas também na ausência dos mu-seus privados dos roteiros turísticos e culturais, que, com raras excep-ções como o da gulbenkian, são es-táticos nas propostas que incluem.Os museus privados travam uma “luta titânica” para obter financia-mento, luta essa que – lamenta joão Neto – poucas vezes é reconhecida: “Ninguém imagina o esforço que os museus privados têm de fazer para permanecerem abertos”. A própria sociedade tem uma con-cepção errada sobre o papel dos museus privados: perante a gratui-tidade de muitos museus públicos, é com alguma dificuldade que acei-ta que os privados peçam um valor pela entrada. A propósito, joão Neto critica a política de gratuitidade, de-fendendo, em alternativa, a defini-ção de um valor mínimo uniforme para todos os museus. seria uma forma de valorizar o património. Até porque a gratuitidade não acrescen-ta valor. já o pagamento, mesmo simbólico, é uma forma de valorizar a visita e o que dela se colhe – dese-javelmente, conhecimento.O facto de haver museus com entra-da gratuita – predominantemente públicos – e museus com entrada paga introduz, além disso, um factor

de desequilíbrio na contabilidade das visitas: a gratuitidade é um fac-tor de atracção de visitantes, mas é um factor que ilude, pois garante a afluência de pessoas, não garante a transmissão de conhecimento. Os museus privados têm, pois, uma tarefa difícil, agravada pelo facto de o estado se esquecer que, também eles, dignificam o país. joão Neto lamenta que os projectos privados não sejam vistos como na-cionais, que sejam vistos como par-ticulares e não de interesse público. e que, em consonância com esta atitude, sejam tratados de forma diferente. O estado – critica – fica absorvido pela sua própria estrutu-ra, gerando uma certa concorrência desleal dos museus públicos face aos privados. A prova disso é que consome os seus próprios recursos, financiando apenas os museus que são públicos e ignorando a importância das co-lecções que o esforço privado traz à luz do dia.“Na política museológica nacional, tem de haver uma maior clarifica-ção dos apoios. Um museu é im-portante pela sua colecção, pelos objectivos que se propõe alcançar e pelos resultados. e o estado deve

reconhecer essa importância e tra-tar os diferentes museus como um património comum, sem distinção entre público e privado”, argumenta.O museu da Farmácia é um exem-plo de como uma instituição privada pode contribuir – e contribui – para a disseminação do conhecimento. Nasceu – como o nome indica – como museu da farmácia, orienta-do para a história da profissão e do sector, mas a sua filosofia cedo ex-travasou as fronteiras da farmácia. tornou-se mais abrangente e mais diversificado, estendendo-se da far- mácia à saúde e desta à própria evolução da humanidade. Cinco mil anos de civilizações estão retratados num museu que não se limita ao passado histórico, incor-porando os testemunhos das con-quistas do homem e da ciência. É essa mais-valia, protagonizada por peças de elevada qualidade, que o faz sobressair. Ainda assim, o seu director gosta-ria que a visão de uma associação profissional e de toda uma profissão fosse reconhecida pela tutela da Cultura e esse reconhecimento con-vertido em apoios ao funcionamento do museu. Para que possa continu-ar a cumprir a sua missão.

A propósito, joão Neto critica a política de gratuitidade, defendendo, em alternativa, a definição de um valor mínimo uniforme para todos os museus. seria uma forma de valorizar o património. Até porque a gratuitidade não acrescenta valor.

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INterNACIONAL

Adoptada directiva europeia contra falsificaçãoA directiva comunitária que visa impedir a introdução de medicamentos falsificados na cadeia de distribuição foi já publicada no jornal Oficial da União europeia. Nela está previsto um sistema de autenticação, que garanta a segurança dos medicamentos da produção à dispensa. A ANF está a acompanhar o processo, participando no grupo de trabalho criado no âmbito do PgeU: a principal preocupação é assegurar que o sistema a adoptar tenha o menor custo possível.

ANF atenta a impacto nas farmácias

A falsificação de medicamentos é um problema que assume uma acutilân-cia crescente, preocupando quem tem a responsabilidade da decisão política e da regulação em saúde, bem como todos os intervenientes no circuito do medicamento. Num mercado em que os canais digitais esbatem ainda mais as fronteiras físicas, é cada vez mais fácil fazer circular ilegalmente medi-camentos falsificados, colocando em causa a saúde pública, mas também minando o tecido económico.A questão há muito que está em cima da mesa, tendo sido alvo de frequentes debates no Parlamento europeu, com

o contributo do grupo Farmacêutico da União europeia (PgeU) e de entida-des congéneres. O processo legislativo culminou com a recente adopção de uma alteração à Directiva 2001/83/Ce, com o sentido de impedir a introdução, na cadeia de abastecimento legal, de medicamentos falsificados no que diz respeito à sua identidade, história ou origem.A directiva, emanada do Parlamento europeu e da Comissão, publicada no jornal Oficial da União europeia a 1 de julho último, assenta exactamente na constatação de que se regista “um au-mento alarmante” de medicamentos

que “contêm normalmente componen-tes fora das especificações ou falsifica-dos, ou não contêm um ou mais com-ponentes, ou contêm componentes em dosagens incorrectas”. representam, por isso, uma “séria ameaça” para a saúde pública.No preâmbulo da directiva, acrescenta--se que esses medicamentos não che-gam aos doentes apenas através de meios ilegais, mas também através da cadeia de abastecimento legal, o que pode conduzir à falta de confiança dos doentes no circuito legal. Além disso, estes medicamentos po-dem chegar a doentes de países ter-

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ceiros, o que constitui mais uma razão para a União europeia tomar medidas que impeçam a sua entrada em circu-lação.

segurança definida em função do perfil de risco são estes os vários objectivos da har-monização dos dispositivos de segu-rança à escala europeia, dispositivos esses que deverão permitir verificar a autenticidade e identificar cada emba-lagem, bem como comprovar a even- tual adulteração. O âmbito de aplicação dos dispositivos deverá ter em devida conta as particularidades de determi-nados medicamentos ou categorias de medicamentos, nomeadamente os genéricos.Assim, a directiva determina que, em regra, os medicamentos sujeitos a re-ceita médica deverão ser dotados de dispositivos de segurança. Contudo, “dado o risco de falsificação e o risco decorrente da falsificação de medica-mentos ou de categorias de medica-mentos, deverá ser prevista, por meio de um acto delegado, a possibilidade de excluir certos medicamentos ou categorias de medicamentos sujeitos a receita médica do requisito de serem dotados de dispositivos de segurança, após a realização de uma avaliação do risco”.Para os medicamentos ou categorias de medicamentos não sujeitos a recei-ta médica, não deverão ser previstos dispositivos de segurança, “a menos que, a título excepcional, uma avaliação de risco revele um risco de falsificação com consequências graves”. “Convém, por isso, que tais medicamentos sejam inscritos numa lista a estabelecer num acto delegado”.Os dispositivos de segurança deverão permitir verificar cada embalagem de medicamentos fornecida, independen-temente do modo de distribuição utili-zado, incluindo as vendas à distância. e abrangem toda a cadeia de distribui-ção, envolvendo indústria, grossistas e farmácias.

PgeU favorável à directiva, mas faz alertaA directiva contra a falsificação de medicamentos foi bem acolhida pelo PgeU, que destaca o facto de, pela pri-meira vez, se ter avançado a nível euro-peu para um sistema de autenticação electrónica dos medicamentos e para a regulação da venda pela Internet.em comunicado, o PgeU recorda que muitos dos detalhes desse sistema ficaram por decidir, pela Comissão europeia, incluindo o tipo de identifi-cador electrónico, a organização das bases de dados de apoio ao sistema e, inclusive, que medicamentos são abrangidos. Neste último campo, os farmacêuticos europeus entendem que se deve partir do princípio de que todos os medicamentos correm o risco de contrafacção, pelo que o sistema de autenticação não deveria fazer a distin-ção entre medicamentos sujeitos e não sujeitos a prescrição obrigatória. No que respeita à venda online, os far-macêuticos europeus são favoráveis à adopção de medidas que previnam as vendas ilegais, mas manifestam sérias reservas quanto ao desenvolvimento de um logotipo comum para as far-mácias que vendem medicamentos na Internet. Argumentam, a propósito, que os logotipos são facilmente falsificá-veis, podendo gerar-se um sentimento de falsa segurança para os utentes, a não ser que sejam tecnicamente muito robustos. e dá como exemplo o facto de o logotipo do próprio PgeU já ter sido falsificado duas vezes, ao que tudo indi-ca com o propósito de “legitimar” uma farmácia online ilegal na rússia.A propósito da directiva, o secretário--geral do PgeU, john Chave, conside-rou-a “radical em muitas vertentes” e com significativo impacto na cadeia de distribuição de medicamentos a nível europeu. “Parece certo que, no futuro, os farmacêuticos europeus irão verifi-car a autenticidade dos medicamentos antes de os dispensarem, tal como os cartões de crédito já são verificados nas lojas. mas, muitas questões per-

manecem por responder sobre como o sistema será implementado. Os farma-cêuticos europeus trabalharão em es-treita ligação com a Comissão europeia para garantir que o sistema adoptado é o mais adequado para o nosso objectivo principal – a segurança do doente”.Uma das reticências dos farmacêuticos europeus prende-se com a protecção dos dados dos doentes e propriedade comercial dos dados das farmácias. É, aliás, uma reticência que está contida na posição conjunta do PgeU, da eFPIA (Federação europeia das Associações e Indústrias Farmacêuticas) e do gIrP (Associação europeia dos grossistas Farmacêuticos).A posição elenca os dez princípios essenciais para proteger os doentes dos medicamentos falsificados, tendo como meta a construção de um siste-ma robusto contra a contrafacção. Um dos pontos diz respeito, precisamente, à protecção dos dados pessoais dos doentes, estipulando-se que “o siste-ma de autenticação deve servir para prevenir a falsificação, não para aceder aos dados individuais das farmácias”. Alerta-se ainda que “os produtores não deverão procurar, e não terão acesso, a informação individual dos doentes, nomeadamente o perfil de prescrição”. A posição frisa que “os dados das tran-sacções pertencem à farmácia” ou, em certas circunstâncias, ao grossista.Outra questão que tem estado no cen-tro da discussão é a do modelo técnico de autenticação dos medicamentos. Cada embalagem passará a ter como que um bilhete de identidade. Porém, não há consenso quanto à solução con-creta a adoptar. A ANF tem participa-do nesta discussão, no âmbito de um grupo de trabalho criado pelo PgeU: um dos temas em aberto é a definição do modelo técnico de autenticação das embalagens, esperando-se, contudo, que a solução encontrada seja a mais custo-efectiva para toda a cadeia de distribuição de medicamentos. esta directiva deverá ser transpos-ta para a legislação dos estados- -membros da União europeia no prazo de 24 meses a contar da sua publicação no jornal Oficial, ou seja, até 1 de julho de 2013.

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OUtrOs

umafarmacêuticaapaixonada pela pinturaPrecisa de pintar como de respirar: Fátima Baião santos é farmacêutica e gosta muito da sua profissão, mas a pintura é um sonho de sempre, concretizado em inúmeras exposições dentro e fora do País.

Fátima Baião santos

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Fátima Baião santos cresceu a desenhar e a pintar. Não sabe di-zer exactamente quando nasceu a paixão pela pintura, desde que se recorda que joga com as for-mas e com as cores. De tal forma que ainda equacionou enveredar por Belas Artes e fazer da pintura a sua forma de vida, mas o prag-matismo acabou por vencer e de-terminar a incursão por Ciências Farmacêuticas.A actual proprietária e directora técnica da Farmácia Baião santos, em monte Abraão, não se arre-pende da escolha. gosta muito da profissão que abraçou e diz mes-mo que para se ser farmacêutico é preciso ter muita arte e, hoje em dia, também uma grande paixão. Nunca desistiu, porém, das tintas e das telas. Foi sempre alimentan-do o sonho, nomeadamente com a frequência de uma formação na escola Atelier relevo que a dotou das técnicas para pintar a óleo, o seu material preferido, no entanto não deixa de ser na sua essência uma autodidacta.Os acasos da vida ditaram que a sua farmácia fosse frequentada por

vários artistas. recorda como, “um dia, muito a medo”, lhes disse que também pintava e desafiada a mos-trar o seu trabalho, respondeu que talvez não valesse a pena, porque era “muito amador”. mas tanto insistiram que perdeu as reticências. e foi o princípio de uma incursão no mundo das exposições, em Portugal e no estrangeiro, mui-to impulsionada pelo pintor josé Codeço.“estava muito longe de imaginar que poderia expor. Quando não es-peramos, as coisas acontecem. era um sonho que desejava muito, muito e pensava que não conseguia con-cretizar, mas consegui”, resume.já perdeu a conta a quantas ex-posições compareceu. em média, quatro ou cinco por ano. Desde a primeira, em 2001, em Arcos de Valdevez, terra que, curiosamente, sempre a havia cativado e onde pin-tou um dos seus quadros favoritos, uma pequena ovelha entre as pare-des modestas de uma casa rural. são muitos os países em que dá a conhecer a sua obra, em salões de artes plásticas de renome, como o de Angoulême e o de Cannes, am-

já perdeu a conta a quantas exposições compareceu. em

média, quatro ou cinco por ano. Desde a primeira, em 2001, em

Arcos de Valdevez, terra que, curiosamente, sempre a havia cativado e onde pintou um dos

seus quadros favoritos, uma pequena ovelha entre as paredes

modestas de uma casa rural.

bos em França. Na cidade à beira do mediterrâneo que todos os anos reúne as estrelas do cinema já trouxe consecutivas medalhas de ouro, conquistadas de entre cente-na e meia de artistas que, a cada ano, expõem a sua criatividade. A Cannes tem levado, nas últimas três edições, máscaras pintadas a óleo: uma delas, um Pierrot de 2008, é mesma a sua eleita. mas todas elas espelham o seu fascínio por Veneza, a cidade dos canais e do fausto carnavalesco. É mais na realidade do que no ima-ginário que Fátima Baião santos se inspira. em imagens que capta em fotografia para mais tarde ins-pirarem a dança dos pincéis sobre a tela. Da sua arte diz que é de estilo na-turalista figurativo: no princípio, eram as paisagens que a moti-vavam mais, agora interessa-a sobretudo a figura humana. mas admite que, como artista, está em transformação, pelo que poderá evoluir nas preferências.Pinta à noite, quando despe a pele de farmacêutica. Pode ficar horas embrenhada num quadro: “Quando

Fátima Baião como é conhecida no meio da arte e a sua filha Vera partilham, além da farmácia, o gosto pela pintura

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Desde a primeira exposição, na Casa das Artes de Arcos de Valdevez, em 2001, que Fátima Baião santos não deixou de estar presente em múlti-plas mostras colectivas de pintura, dentro e fora de fronteiras. Logo nesse ano participou também no 1.º salão de Artes Plásticas de Angoulême, a que voltou no ano seguinte. Ainda em 2002, expôs na Academia europeia das Artes, em Paris, e no 32.º salão Internacional de gembloux (Bélgica), onde nesse ano e no seguinte conquistou a me-dalha de bronze. já expôs em várias cidades da Dinamarca, miami, Nova

pinto, não tenho dores, nem fome, nem sono”. mas pode ser esgotan-te e, por isso, procura abrandar o ritmo: já chegou a pintar seis a oito telas por ano, mas actualmente pinta menos. Quase sempre para exposições, uma vez ou outra para oferecer. Porque vender significa separar- -se dos seus quadros, a artista tem dificuldade em vendê-los: “Dedico--me muito a cada um deles. são como um bocadinho de mim”. Os que não circulam entre exposições estão em sua casa. são já uma cen-tena.Apesar de ter moderado o ritmo, as solicitações não cessam. A mais recente passa pela participação em mais uma colectânea de arte europeia, da autoria de Fernando Infante do Carmo.A pintura faz parte da vida da famí-lia Baião santos.Fátima tentou incutir nos filhos o gosto pela arte: desde pequenos que a acompanhavam nas andan-ças do grupo de Artistas e Amigos da Arte (gArt) pelo país, para ses-sões de pintura ao vivo.A filha seguiu-lhe os passos na profissão e no hobby: “tem muito talento”. já o filho chegou a ga-nhar um prémio numa dessas ses-sões em tavira, mas ficou-se por aí. todavia, também ele enveredou pelas Ciências Farmacêuticas, que está prestes a terminar.

OUtrOs

Fragmentos de uma artista

Iorque e Dubai. em 2005, voltou a ser distinguida, desta vez com um diploma de honra e prestígio na exposição Internacional mundo da Cultura e das Artes, em Cannes, e com uma medalha de prata em evian, França. em 2006, 2007 e 2008 voltou a conquistar medalhas em Cannes, bronze e prata. As obras que expôs em 2009 valeram--lhe a medalha de ouro, que repe-tiu no ano seguinte. são apenas fragmentos de um vasto percurso artístico que inclui a presença em múltiplos eventos e a participação em diversas colectâneas de arte.

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sebastião Alves nasceu a 25 de Abril de 1920, filho de pais proprietários de uma pequena exploração agrí-cola na aldeia de Amoreira, conce-lho de Proença-a-Nova. Um entre seis irmãos, é do tempo em que uma sardinha se dividia por dois. “Não tinha nada a ver com a vida de hoje”, comentou, a 29 de junho, numa sessão em jeito de homena-gem promovida pela Associação Comercial de Lisboa em colabora-ção com o grupo económico e com a editora D. Quixote e em que estive-

“sou um homem de negócios”Aos 91 anos, sebastião Alves é um homem tão desembaraçado na palavra como foi nos negócios: desde cedo o seu espírito empreendedor se revelou, fazendo-o obreiro de uma multinacional farmacêutica. Foi esse caminho que contou numa sessão de homenagem em Lisboa.

sebastião Alves, fundador da Atral Cipan

ram presentes, entre outros, o vice--presidente da ANF joão silveira, o coordenador-geral, Abel mesquita, e o director do museu da Farmácia, joão Neto.Deu, nessa sessão, o testemunho de uma vida cedo destinada a grandes feitos. O dia em que nasceu, aliás, viria a ser décadas mais tarde o dia da re-volução. Não faltaram revoluções na vida deste homem que começou por guardar rebanhos na aldeia na-tal e que pegou numa farmácia em

falência para a transformar num grupo farmacêutico internacional – a Atral Cipan.Dos irmãos, só o mais velho não foi à escola. ele próprio fez dois anos de seminário, na altura “a única maneira de um camponês estu-dar”. Dois irmãos, aliás, foram pa-dres. Aos 16 anos, estreou-se como aprendiz na construção, aos 18 che-gou a mestre, mas rapidamente se inconformou com os 12 escudos que ganhava por semana e se decidiu a trabalhar por conta própria.

hOmeNAgem

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Aos 21 deixou a Beira para cumprir o serviço militar em Lisboa. estava--se em Agosto de 1941 e a segunda guerra mundial já corria. tirou o curso de enfermagem – “Os meus colegas eram todos mais cultos do que eu…” – e um ano depois pro-moveram-no a sargento miliciano enfermeiro. Nos dois anos que passou na tro-pa, concluiu o liceu, inscrito numa escola nocturna. em 44 matricu-lou-se na Faculdade de medicina ao mesmo tempo que começava a trabalhar numa farmácia da rua Luís de Camões, em Lisboa. Não chegou a terminar o curso, mas fez da farmácia o embrião de um império.trabalhava na propaganda de uns produtos que a farmácia tinha conseguido produzir quando ouviu, casualmente, uma conversa entre os três sócios na qual se equa-cionava a falência: “Ouviam-se os gritos”, recorda. Disse-lhes que havia outras formas de trabalhar e desafiaram-no: “É capaz? sou!”.e foi. Logo no mês seguinte, as ven-das dobraram. Percorreu o país, analisou o mercado, reforçou a equipa. e rapidamente se lan-çou nos contactos internacionais, através das câmaras de comércio. tânger, então uma cidade-livre, foi o primeiro destino dos seus esforços de internacionalização. Começou a receber respostas às cartas que enviara. e não mais parou: percorreu os países que então eram colónias

portuguesas em África e mui-tos outros, da Líbia à Argélia, da Nigéria à Costa do marfim. Foi até à China, à tailândia e ao Vietname. Com sucesso: em 1948 factura-va mil contos, um ano depois dez mil contos. De 1949 a 1965, viveu nos aviões, dos estados Unidos ao japão: “Por acaso, não caiu ne-nhum comigo”, ironiza. sebastião Alves foi inovador nos negócios. Foi ele que começou a fazer antibióticos em Portugal, quando ninguém acreditava, nem cá dentro nem lá fora. O país era conhecido pela cortiça e pelo bom vinho, apenas. As portas não se abriam: “Andei à procura de tecnologia. Fui a milão e publiquei um anúncio no Corriere della sera a recrutar técnicos. Apareceu uma dúzia de respostas”. só quando começou a produzir eritromicina e tetraci-clina e a exportar para os estados Unidos acreditaram na sua visão. Não se ficou, porém, pela indús-tria farmacêutica. em 1954 comprou uma pequena ti-pografia, a gris Impressores, onde trabalhava a mulher de Fernando Namora. e foi com o intuito de pro-mover os livros do escritor que no ano seguinte se lançou no merca-do editorial com a Arcádia. mais tarde, a dificuldade em encontrar livros para os filhos levou-o a constituir a Verbo.A diversificação dos negócios levou-o a constituir, em 1962, a Celulose do tejo, e, em 1969, a Cisul

– Cimentos do Algarve. “sou um ho-mem de negócios”, sintetiza. O ano da revolução foi, para sebastião Alves, o ano do exílio. Viveu entre espanha e o Brasil, mas não abrandou: em segóvia, fundou a Cesquisa, uma fábrica de corticoes-teróides, e no rio de janeiro a Cipran, para produção de antibióticos.A fábrica mais emblemática do gru-po é, porém, no Carregado: aí cons-truiu um bairro, com 150 casas para os funcionários, creche e escola para os filhos, lar de terceira idade e capela.Longe vão os tempos do pastoreio na aldeia de Amoreira. sebastião Alves construiu um império pre-sente em mais de uma centena de países. Uma obra reconhecida no país e fora dele: foi agraciado com as comen-das de mérito Industrial e de mérito Civil, atribuídas pelo Presidente da república, e com a comenda da Ordem equestre do santo sepulcro de jerusalém, conferida pelo Va- ticano.Longe vão também os tempos em que foi deputado à Assembleia Nacional (entre 1965 e 1973), mas isso não o impede de ter ideias so-bre o estado do País: a propósito, conta a parábola do romano que dis-se a César que havia um problema na Ibéria – não se governa nem se deixa governar. “Acho que estamos um pouco aí…”. “O país – acrescen-ta – está doente, mas os chineses dizem que as ostras só dão pérolas quando estão doentes…”.

Longe vão os tempos do pastoreio na aldeia de Amoreira. sebastião Alves construiu um império presente em mais de uma centena de países. Uma obra reconhecida no país e fora dele: foi agraciado com as comendas de mérito Industrial e de mérito Civil, atribuídas pelo Presidente da república, e com a comenda da Ordem equestre do santo sepulcro de jerusalém, conferida pelo Vaticano.

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NOtICIÁrIONOtICIÁrIO

Alliance healthcare com novo presidenteA Alliance healthcare, empresa do universo empresarial da ANF, tem desde julho último um novo chief executive officer: trata-se de Fernando melo, gestor com mais de 20 anos de experiência no sector da logística, nomeada-mente em empresas como a tNt express e a tNt express.Fernando melo assumiu a lide-rança da Alliance numa fase de expansão da empresa, que é já a maior distribuidora de medi-camentos a nível nacional. Com cerca de 450 trabalhadores, possui importantes plataformas logísticas em Lisboa, Almancil, Castelo Branco e Porto. em comunicado, o novo presi-dente afirmou ser seu objectivo “manter a liderança da distribui-ção farmacêutica em Portugal”. e, por isso, a empresa vai traba-lhar na optimização de todos os processos operacionais, garan-tindo uma maior qualidade do serviço prestado às farmácias. É igualmente importante – sus-tentou Fernando melo – ter co-laboradores motivados e focados nos clientes: “Pessoas motivadas fazem um melhor serviço e, por isso, vamos ter clientes mais satisfeitos como princípio estra-tégico”.A Alliance healthcare resulta de uma parceria empresarial entre a Alliance Boots e a ANF.

As empresas farmacêuticas repre-sentadas pela Apifarma viram apro-vados 495 pedidos de Autorização de Introdução no mercado (AIm) entre janeiro e junho deste ano. Outros 25 pedidos foram indeferidos.No primeiro semestre, deram en-trada no Infarmed 341 pedidos de AIm, correspondendo a 162 proces-sos. Destes, a grande maioria – 134 – diz respeito a medicamentos genéricos. maio foi o mês com maior número

Indústria viu 405 AIm aprovados até junho

de pedidos, 85, seguido de Abril, com 78. No mesmo período, foram inva-lidados 25 pedidos e cancelados 14. De acordo com o relatório “Indica- dores de actividade relativos à ava-liação de pedidos de Autorização de Introdução no mercado (AIm) de me-dicamentos de uso humano, por pro-cedimento nacional”, em janeiro de 2011 havia no Infarmed 608 pedidos de AIm, em Fevereiro 556, em março 558, em Abril 527, em maio 504 e em junho 517 processos.

Despesa com antivirais a crescer

Os tratamentos com medicamentos antivirais custaram, o ano passado, 194,4 milhões de euros em 34 unida-des hospitalares do serviço Nacional de saúde. Os dados constam do mais recente relatório da Coordenação Nacional para o VIh/sida, intitulado “A Infecção por VIh: Portugal, 2009”.Os custos têm crescido, em parte de-vido ao uso de medicamentos inova-dores, mas também devido ao facto de haver mais doentes em tratamento: em 2009, eram 22.417, dos quais 1.900 eram novos doentes. O hospital com

maior número de doentes era o Curry Cabral, com 2.476, se bem que apenas 90 fossem novos doentes. O mesmo hospital fez 3.000 dos 14.164 atendi-mentos em consultas externas.No ano em análise, registaram-se 254 mortes na sequência da infecção, mas verificou-se um decréscimo do número de doentes com tuberculose associada: 237, menos 13,3 por cento do que em 2007. O documento analisa também o custo dos tratamentos, que se situa, em média, em 8623 euros por doente e por ano. há, no entanto, hospitais que gastam o dobro de outros: é o caso do de santa maria, onde o custo médio por doente é de 12.800 euros, contra 6.400 no Curry Cabral. Valores intermédios apresentam os hospitais de gaia (7.200 euros), Coimbra (7.500) e Faro (8.100).em declarações ao jornal Diário de Notícias, o coordenador nacional para a Infecção VIh/sida, henrique de Barros, sustentou que estas diferenças são “motivo de preocupação” e “carecem de explicação”. “O nosso papel é pre-cisamente resolver os problemas de desigualdade no acesso e iniquidade. Os doentes devem ter acesso à mesma qualidade de tratamento e à mesma dignidade”, defendeu.

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O bastonário da Ordem dos médicos, josé manuel silva, acompanha-do do presidente do Conselho regional da secção regional do sul da Ordem dos médicos, António manuel da silva Pereira e Coelho, visitou a sede da ANF, a convite da Direcção, com a qual reuniu. O encontro ocorreu no passado dia 27 de julho e permitiu dar a conhe-cer melhor a ANF e o seu Universo empresarial, bem como os serviços da Associação. A sessão culminou com a visita ao museu da Farmácia.

Bastonário da Ordem dos médicos na ANF

Clara Carneiro assessora do PresidenteA farmacêutica Clara Carneiro foi nomeada consultora da Casa Civil do Presidente da república para os Assuntos de Política de saúde. A nomeação foi publicada em Diário da república a 27 de julho, mas tem efeitos desde o dia 18 do mesmo mês. Clara Carneiro substitui Fernando Leal da Costa, que assumiu funções como secretário de estado Adjunto e da saúde no actual governo.Clara Carneiro foi deputada nas duas anteriores legislaturas, tendo sido elei-ta nas listas do Partido social Democrata, primeiro pelo círculo eleitoral de setúbal, depois pelo de Lisboa.entre julho de 1989 e junho de 1995, presidiu à secção regional de Lisboa da Ordem dos Farmacêuticos. Actualmente, é professora associada convi-dada do Instituto superior de Ciências da saúde egas moniz, além de sócia gerente de uma farmácia comunitária.

A despesa com medicamentos em Portugal correspondeu, em 2008, a 20,6 por cento do total de gastos com a saúde, o que coloca o país aci-ma da média – de 16,9 por cento – da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento da económia (OCDe). A comparação consta do relatório health Data 2011, da OCDe e diz res-peito a 2008, o único ano para o qual, segundo o documento, existem dados disponíveis. No que respeita à despe-sa global com a saúde, correspondia, no ano em análise, a 10,1 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), mais do

que a média da organização que, em 2009, era de 9,5 por cento. O relatório sublinha que, apesar da proporção das despesas com saúde no PIB, Portugal gastou apenas 2,508 dólares per capita em 2008 (valor ajus-tado à paridade do poder de compra), contra uma média de 3,223 nos países da OCDe em 2009. Os estados Unidos são o país com maior despesa na saú-de, quer global, quer per capita.em quase todos os países, à excep-ção do Chile, do méxico e dos estados Unidos, o sector público é a principal fonte de financiamento da saúde. em

Portugal, em 2008, o financiamento público correspondeu a 65,1 por cen-to da despesa global, menos do que a média de 71,7 por cento da OCDe.O relatório analisa ainda os recursos humanos na saúde, indicando que Portugal possui mais médicos por mil habitantes do que a média da OCDe: 3,8 contra 3,1 – ressalva, porém, que aquele número é de médicos autoriza-dos a exercer, não dos que exercem de facto a profissão. No que respeita a en-fermeiros, Portugal duplicou o número nas últimas duas décadas, mas esse crescimento ainda coloca o país abaixo da média – 5,6 enfermeiros por mil ha-bitantes em 2009 contra 8,4 na OCDe.Os dados das camas hospitalares são de 2009, ano em que Portugal possuía 2,8 por mil habitantes, contra 3,5 da média da OCDe. No capítulo dos indicadores de saúde, Portugal apresenta um desempenho positivo: a esperança de vida à nascen-ça era, em 2009, de 79,5 anos, igual à média; a mortalidade infantil situava- -se, no mesmo ano, nas 3,6 mortes por mil nados vivos, inferior à média de 4,4 mortes no global da OCDe. Portugal é também um dos países com menor taxa de adultos fumadores diá-rios (18,6 por cento em 2006, acima da média de 22,3 por cento). No que res-peita à obesidade entre adultos, a inci-dência era de 15,4 por cento em 2006, equiparada à média da OCDe.

Portugal gasta mais em medicamentos do que OCDe

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reUNIões e sImPÓsIOs

vII Congreso nacional de Atención farmacéutica“La salud del siglo XXI: un desafío para el farmacéutico”

29 de setembro e 1 de OutubroVigo, espanhamais informações em:www.atencionfarmaceutica2011.com

III Congress of the Portuguese society of Pharmaceutical sciences e IX spanish-Portuguese Conference on Controlled drug delivery“New trends in Pharmaceutical sciences”

13, 14 e 15 de OutubroAuditório do edifício ANF - Portomais informações e inscrições: www.spcf-splc-crs.com.pt

40st symposium on Clinical Pharmacy“Clinical Pharmacy – Connecting Care and Outcomes”

19-21 de OutubroDublin-Irelandamais informações em: www.escpweb.org

InternACIOnAIsnACIOnAIs

Conferência de Actualização em farmacoterapia“Integração da Farmacogenómica na Decisão terapêutica”

23 de setembrohospital Fernando Fonseca (Amadora-sintra)Contactos: 213 400 610

II Congresso da fundação do Pulmão “Infecções respiratórias - um desafio multifactorial”

14 e 15 de OutubroAuditório da Associação Nacional das Farmáciasmais informações em: www.fundacaoportuguesadopulmao.org

12.ª Conferência Anual de economia da saúde

15 de OutubroFundação Calouste gulbenkian, Lisboa secretariado: APes, escola Nacional de saúde Pública - UNL Av. Padre Cruz, 1600-560 LIsBOA tel: 217512104e-mail: [email protected]: www.apes.pt

Conferência de Actualização em farmacoterapia“Detecção e sinalização da suspeita iatrogénica na rotina clínica”

4 de Novembrohospital Fernando Fonseca (Amadora-sintra)Contactos: 213 400 610

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FARMÁCIA PORTUGUESA 55

FOrmAÇÃOCurso data Local duração nº

CdP’s Preço* Associados Anf*

ZOnA nOrte

fArmACOterAPIA

O Boletim de Análises 10 e 11 Out Porto 14 1,4 250 € 200 €Doenças Autoimunes 24-Out Porto 7 0,7 175 € 140 €O medicamento e o Idoso 19-Out Porto 7 0,7 175 € 140 €Osteoporose 20-Out Porto 7 0,7 175 € 140 €Patologias do Pé 08-Nov Porto 7 0,7 175 € 140 €Doenças reumáticas 25-Nov Porto 7 0,7 175 € 140 €medICAmentOs mAnIPULAdOs

medicamentos manipulados: Organização segundo as Boas Práticas/Aspectos regulamentares/Cálculo de manipulação 17-Nov Porto 7 0,7 175 € 140 €

gestÃO

Fidelização do Cliente 18-Out Porto 7,5 0,75 175 € 140 €O marketing e a gestão do espaço da Farmácia 26-Out Porto 7 0,7 175 € 140 €gestão de Conflitos e reclamações 14-Nov Porto 7,5 0,75 175 € 140 €Negociação e Compras 28 e 29 Nov Porto 14 - 175 € 140 €PrImeIrOs sOCOrrOs

suporte Básico de Vida com DAe 07-Out Porto 6 0,6 125 € 100 €fOrmAÇÃO AjUdAntes

Atendimento e Venda na Farmácia 03 e 4 Nov Porto 15 188 € 150 €hipertensão Arterial e Dislipidemias 10-Nov Porto 100 € 80 €

ZOnA CentrO

fArmACOterAPIA

Antibioterapia 13-Out Coimbra 7 0,7 175 € 140 €Doenças Oncológicas 17 e 18 Out Coimbra 14 1,4 250 € 200 €O medicamento e o Idoso 27-Out Coimbra 7 0,7 175 € 140 €Infertilidade e Disfunção sexual 14-Nov Coimbra 7 0,7 175 € 140 €Interacção Alimento medicamento 23-Nov Castelo Branco 7 0,7 175 € 140 €Doenças Crónicas e gravidez 28-Nov Coimbra 7 0,7 175 € 140 €fOrmAÇÃO AjUdAntes

Automedicação e mNsrm 17-Nov Fundão 6 - 100 € 80 €ZOnA sUL e ILhAs

fArmACOterAPIA

Asma e DPOC 12 e 13 Out Lisboa 14 1,4 250 € 200 €Osteoporose 14-Out Lisboa 7 0,7 175 € 140 €medicamentos Veterinários:Animais de Companhia 18-Out Lisboa 7 175 € 140 €Doenças gastrointestinais 21-Out Lisboa 7 0,7 175 € 140 €Depressão 20-Out Lisboa 7 0,7 175 € 140 €Interacção Alimento medicamento 24-Out Angra do heroísmo 7 0,7 175 € 140 €O Boletim de Análises Clínicas 09 e 10 Nov Évora 14 1,4 250 € 200 €Antibioterapia 10-Nov Vilamoura 7 0,7 175 € 140 €Interacção Alimento medicamento 14-Nov Funchal 7 0,7 175 € 140 €medICAmentOs mAnIPULAdOs

medicamentos manipulados na Farmácia 27 e 28 Out Lisboa 14 1,4 250 € 200 €gestÃO

O marketing e a gestão do espaço da Farmácia 17-Out Lisboa 7 0,7 175 € 140 €gestão do tempo 19-Out Lisboa 7,5 0,75 175 € 140 €marketing de serviços Farmacêuticos 24-Out Lisboa 7 0,7 - 140 €gestão e Desenvolvimento de recursos humanos 25 e 26 Out Lisboa 14 1,4 250 € 200 €tesouraria e Controlo de gestão 26 e 27 Out Vilamoura 14 1,4 250 € 200 €técnicas de Venda 10-Nov Lisboa 7 0,7 175 € 140 €fOrmAÇÃO AjUdAntes

Automedicação e mNsrm 10-Out Lisboa 6 - 100 € 80 €

a) aguarda creditação por parte da OF.* - Aos preços indicados acresce IVA à taxa em vigor.

rua marechal saldanha, 1, 1249-069 Lisboa telf: 21 340 06 00 (geral) • telf: 21 340 06 45/610/756/712 Fax: 21 340 07 59 • e-mail: [email protected]

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FICheIrO mestre

Alteração de morada

Farmácia da Estação de Algésrua major Afonso Pala, nº 51495-001 ALgÉsFarmácia da estação de Algés, Lda.maria judite de menezes joão das Neves

Farmácia de LanhesesLargo da Feira4925-411 LANhesessFL - sociedade Farmacêutica Lanheses, Lda.Paulo jorge Pereira Viana Arriscadosónia Virgínia Delgado Lages

Farmácia Nobrezarua Frederico Augusto Nobreza, nº 33080-546 FIgUeIrA DA FOZFarmácia Nobreza - rodrigues & Ferreira, Lda.mário rui do Amaral Ferreirarui miguel Pereira FerreiraDulce ema Pereira rodriguesrita Alexandra rodrigues Ferreira

Farmácia Pedra MourinhaAlto do Alfarroba, Lote 2, Loja A8500-791 POrtImÃOOceanifarma, Lda.Ana Figueiredo santos de Almeida gouveiaPaulo jorge Vieira de Almeida gouveia

Farmácia Serra das MinasAvenida maria Lamas, nº 24/262635-430 rIO De mOUrOFarmácia serra das minas, s.A.Bruno miguel roque roçadasPedro miguel santos de sousatiago André Leitão Duarte santosjoana Andrea Leitão Duarte santosm. Celeste Leitão Duarte santos

Instalação de farmácia

Farmácia Branco de S. M. Machederua Dr. António josé de Almeida, Nº 41 - A7005-764 sÃO mIgUeL De mACheDemanuel Fradinho Branco - Farmácia, Unipessoal Lda.manuel Fradinho Branco

Farmácia Nova de Árvorerua Nossa senhora de Fátima, nº924,r/C esq.4480-125 ÁrVOremaria Alcide milheiro Piresmaria Alcide milheiro Pires

Farmácia Oliveirarua Zeca Afonso, s/N7600-434 sÃO jOÃO De NegrILhOsjorge Oliveira e Lisete Pereira Lda.jorge manuel Pereira rodrigues de Oliveiramaria Lisete Oliveira Felício

Farmácia S. Cosmerua Luís de Camões, s/N2480-142 sÃO BeNtOmaria manuela Cordeiro m. Ângelomaria manuela Cordeiro m. Ângelo

Farmácia Santiagorua Dr. joaquim Carvalho e silva, nº 453750-859 BOrrALhAteresa Alexandra da Conceição Castanholateresa Alexandra da Conceição Castanhola transferência de Local

Farmácia Avenida Brasilrua do molhe, nº 24150-498 POrtOLevelroot, Lda.edgar Alves rosa

Farmácia BarreiroAv. António granjo, Largo da estação, Nº 75400-080 ChAVesteresa Alexandra da silva Barreiroteresa Alexandra da silva Barreiro

Farmácia Cardoso Cruzrua 1º de maio, nº 1614640-470 sANtA mArINhA DO ZêZereBranca maria Cardoso dos santos CruzBranca maria Cardoso dos santos Cruz

Farmácia da AlamedaAlameda Pero da Covilhã, Nº 31 r/C6200-507 COVILhÃCarlos Filipe dos reisCarlos Filipe dos reis Farmácia da Tamargueirarua das tamargueiras, nº 53080-279 FIgUeIrA DA FOZCilésia maria torres saraivaCilésia maria torres saraiva

Farmácia Ferraria Paulinorua D. Afonso henriques, Nº 137-A2040-366 rIO mAIOrCristina Isabel Ferraria da silva Paulino solnadoCristina Isabel Ferraria da silva Paulino solnado

Farmácia Natáriorua Bombeiros Voluntários, edifício dos Ctt, Loja B3140-250 mONtemOr-O-VeLhOmil-homens mano, Lda.António joão sales manoCélia regina Lopes mil homens mano

Farmácia TorresAv. Dr. josé Osvaldo Laranjeira rodrigues gomes, Nº 237 edifício roseira II4970-231 ArCOs De VALDeVeZmaria Lúcia torresmaria Lúcia torres

Farmácia Vasco da GamaAlameda dos Oceanos, Lote 1.07.01 g1990-208 LIsBOAmail Pharma - Negócios de Farmácia, Lda.Ana Paula dos santos CabralFarmácia martim moniz - sociedade Unipessoal Lda.

Alteração à denominação

Farmácia Avenida Brasilrua do molhe, nº 24150-498 POrtO, Levelroot, Lda.edgar Alves rosa

Farmácia Cardoso Cruzrua 1º de maio, nº 1614640-470 sANtA mArINhA DO ZêZereBranca maria Cardoso dos santos CruzBranca maria Cardoso dos santos Cruz

Farmácia Caxariasrua manalvo, 82435-068 CAXArIAsFarmácia Capitão, Lda.maria Natália Pereira Valinhamaria Natália Pereira da Valinha Unipessoal, Lda. Farmácia da AlamedaAlameda Pero da Covilhã, Nº 31 r/C6200-507 COVILhÃCarlos Filipe dos reisCarlos Filipe dos reis Farmácia da Estação de Algésrua major Afonso Pala, nº 51495-001 ALgÉsFarmácia da estação de Algés, Lda.maria judite de menezes joão das Neves

Farmácia da Tamargueirarua das tamargueiras, nº 53080-279 FIgUeIrA DA FOZCilésia maria torres saraivaCilésia maria torres saraiva

Farmácia Vasco da GamaAlameda dos Oceanos, Lote 1.07.01 g1990-208 LIsBOAmail Pharma - Negócios de Farmácia, Lda.Ana Paula dos santos CabralFarmácia martim moniz � sociedade Unipessoal Lda. Alteração à Propriedade

Farmácia AfonsoAv. Dr. Vasco Campos3400-362 AVÔmanuel A. Pinto, Unipessoal Lda.manuel henrique Alves Pinto

Farmácia Aliançarua Arcebispo Évora, 182350-174 OLAIAAlmeida Campos, Lda.Ana maria são martinho de Almeida Campos serras ritomaria josé são martinho de Almeida Campos

Farmácia Andrade RibeiroAvenida Infante santo, 66-B1350-180 LIsBOAFarmácia Andrade ribeiro, Lda.Armanda de Andrade ribeiroestefânia Álvares Pereira de Andrade ribeiroLucília de Andrade ribeiro

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FARMÁCIA PORTUGUESA 57

Farmácia Carvalhorua hilário de Almeida Pereira, 224 r/C3560-172 sÁtÃOAna maria Carvalho saraiva, Unipessoal Lda.Ana maria Carvalho saraiva Abreu

Farmácia Centralrua Aires da Fonseca, 47900-050 ALFUNDÃOPharmavita, sociedade Farmacêutica, Lda.josé Luís rocha simãomaria madalena Botelho Pereira Farmácia CentralLargo Duarte Pacheco5200-212 mOgADOUrOAbel Augusto dos santos martins PintoAbel Augusto dos santos martins Pinto

Farmácia Cortesãorua do Padrueiro, 203025-565 sÃO sILVestrerosa Cartaxo & Lima, Lda.Álvaro rodrigues Limarosa maria Carvalho dos santos Cartaxo Lima

Farmácia Cresporua Professor Dr. joaquim Fontes, 52710-654 sINtrAjoaquim Crespo da silva, Unipessoal Lda.joaquim António Crespo Ferreira da silva

Farmácia Davidrua joão Pereira Venâncio2420-357 LeIrIAFarmácia David, Lda.sara Catarina da Costa marques DavidVirgílio manuel Pereira David

Farmácia de LanhesesLargo da Feira4925-411 LANhesessFL - sociedade Farmacêutica Lanheses, Lda.Paulo jorge Pereira Viana Arriscadosónia Virgínia Delgado Lages

Farmácia de RebordõesAv. Américo teixeira, 1284795-765 sÃO tOmÉ NegreLOsFarmácia C.A. de rebordões, Unipessoal Lda.Camila da Conceição marques Pereira Assunção

Farmácia Diogo Roquerua miguel Bombarda, 3212830-090 BArreIrOmaria Olívia Diogo roque - sociedade Unipessoal, Lda.maria Olívia g. D. mendes roque

Farmácia do EngenhoCaminho do engenho - edifício Flor do engenho, Loja 3/0 BL.B9200-127 mAChICOZita gonçalves, Unipessoal Lda.joana Patrícia Alves Cunha gonçalvesZita graça Alves gonçalves

Farmácia Furtadorua D. Francisco gomes de Avelar, 88670-083 ALjeZUrsociedade Farmacêutica escobar, Lda.António Augusto escobarIsabel Umbelina Novais escobarValter António Novais escobarsolange elisabete Novais escobar

Farmácia Guerra Suc.rua Andrade, 341170-016 LIsBOAjosé manuel de matos Ferreirajosé manuel de matos Ferreira

Farmácia LagoaLargo do município, s/N8400-357 LAgOAIsabel Luisa da silva Nunes, Unipessoal Lda.Isabel Luisa da silva Nunes

Farmácia Magalhãesrua de são Pedro, 9044510-431 sÃO PeDrO DA COVAAndré Aires, Unipessoal Lda.André da rocha Braga de Freitas Aires

Farmácia MateusBairro do marrão-mateus5000-707 VILA reALmoreira & Andrade, Lda.Leonor m. de Lacerda moreira de Noronha e Andrade margarida Lacerda moreira de Noronha e Andrademariana Lacerda moreira de Noronha e AndradePedro gonçalo thiel Veiga de Noronha e Andrade

Farmácia Mendes Dordiorua Padre silva, 277470-038 CANOrosa Carreiro & marta rodrigues - sociedade Farmacêutica, Lda.marta sofia ramalho rodriguesrosa maria Pereira Carreiro

Farmácia ModernaPínzio6400-069 PíNZIOFarmácia Coelho & Nogueira, Lda.Luís manuel Coelho Nogueiramaria de Nazaré Coelho Nogueira

Farmácia Monteirorua 25 de Abril, 14754825-010 AgreLA stsFarmácia monteiro mamede, sociedade Unipessoal Lda.Arnaldo de Castro mamedemaria rosa m. m. Castro mamede

Farmácia Nobrezarua Frederico Augusto Nobreza, nº 33080-546 FIgUeIrA DA FOZFarmácia Nobreza - rodrigues & Ferreira, Lda.mário rui do Amaral Ferreirarui miguel Pereira FerreiraDulce ema Pereira rodriguesrita Alexandra rodrigues Ferreira

Farmácia Novarua António Antunes silva, 6, 2300-335 tOmArAna guerreiro - sociedade Farmacêutica, Unipessoal Lda.Ana Alexandra Lourenço Dias Pintor Alcântara guerreiro

Farmácia Pedra MourinhaAlto do Alfarroba, Lote 2, Loja A8500-791 POrtImÃOOceanifarma, Lda.Ana Figueiredo santos de Almeida gouveiaPaulo jorge Vieira de Almeida gouveia Farmácia Pintorua Antero Quental, 92795-017 LINDA A VeLhAFarmácia Pinto Quelhas, Lda.joaquim Quelhas dos santosmaria helena Pinto Quelhas dos santos moura PinheiroFlorinda Pinto Barata Q. dos santos

Farmácia Porto Santorua joão gonçalves Zarco, 509400-166 POrtO sANtOColombo-Farma, Unipessoal Lda.sofia marques Antunes

Farmácia Redinharua Bernardino marques, 3105-324 reDINhAhélder Félix - sociedade Unipessoal, Lda.hélder Luís Domingues Félix

Farmácia Ribeirabravenserua de são Bento, 139350-223 rIBeIrA BrAVAmaria da Paz & Filhos, Lda.Fernando mendes Azeredo Paismaria joão mendes de Azeredo Paismaria teresa mendes de Azeredo Paismaria da Paz mendes de Azeredo Paismaria da Paz Camacho Pereira mendes Pais

Farmácia Ribeiro dos SantosAvenida Norton de matos, Lote mjA2300-438 tOmArelvira maria Carlos ribeiro dos santoselvira maria Carlos ribeiro dos santos Farmácia Sá Coutorua 25 de Abril, 10, 4720-393 FerreIrOs AmrFarmácias mCP, Lda.Pedro Luís dos santos Cardoso de LimaCarlos miguel Pires Fonseca de ribeiro CoimbraCatarina matos Barbosa Ferreira

Farmácia Sousarua jacques Pessoa, 7, 8800-350 tAVIrABárbara silva & Ana Nobre, Lda.Ana mónica da silva NobreBárbara dos ramos silva

Farmácia Vitisrua da Boa Nova, 121 e 1254405-535 VILA NOVA De gAIAVacatio, s.A.Daniel ramos martim Krupenskimatilde homem de Lucena Líbano monteirotomás de Castro Norton Vaz PintoVasco stilwell de Andrade

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DestA VArANDA

A farmácia tem futuro

As farmácias estão em crise, com um nú-mero cada vez maior à beira do colapso.Um sector tradicionalmente sólido e bem organizado está mergulhado num clima de dificuldades económicas e financeiras.há cinco anos ninguém diria que o sector estaria hoje na situação em que está.Chegámos a esta situação arrastados pela crise do País. As farmácias não são culpadas da crise. são vítimas dela.sobre o sector abateram-se medidas que ninguém estudou nem planeou.O estado, pela mão dos sucessivos gover-nos, gastou o que tinha e o que não tinha sem cuidar de medir a sua capacidade de endividamento.As consequências teriam de chegar mais cedo ou mais tarde.elas aí estão à vista de todos.No nosso sector, há já farmácias que não conseguem adquirir em nenhum fornece-dor os medicamentos de que necessitam para dispensa ao público; farmácias que não pagam aos seus fornecedores; pro-cessos judiciais para cobrança de dívida e acordos de regularização de dívida cada vez em maior número; farmácias que en-cerram para férias porque não têm me-dicamentos para dispensar aos utentes; farmácias que só conseguem adquirir medicamentos a dinheiro, por falta de crédito junto dos fornecedores.mas, não podemos deixar-nos vencer pe-las adversidades actuais. As farmácias têm uma função social insubstituível. As farmácias têm futuro.Para o construirmos é essencial que o estado seja diferente. É preciso restaurar a confiança dos cidadãos. A confiança no estado carece de rigor e transparência nas decisões do governo,

clareza de objectivos e políticas sustentá-veis. temos de regressar ao conceito de estado como pessoa de bem.Os próximos anos serão de austeridade e uma política de austeridade é mais difícil do que uma política de benefícios.O grande desígnio do momento é fazer bem com poucos recursos. As farmácias estão a reagir com sentido de responsabilidade e coragem às adver-sidades actuais. e estão, como sempre têm estado, interessadas em cooperar com o governo na procura das melhores soluções. As farmácias têm toda a sua actividade dentro do País. se o estado fa-lir, falimos todos nós.mas, não nos peçam os impossíveis.A despesa pública com medicamentos dispensados nas farmácias, em 2011, é já inferior ao objectivo de 1% do PIB fixado para 2013 no memorando de entendimento celebrado com a troika.A obrigação do sector do medicamento contribuir para a resolução da crise das finanças públicas está portanto a ser cumprida. As farmácias não aguentam novas medidas de austeridade.está em risco a qualidade e a segurança no acesso aos medicamentos pela popu-lação portuguesa.É altura do estado se voltar para si pró-prio e para os outros sectores da saúde.É altura do estado se voltar para a racio-nalidade das estruturas de saúde, para o seu enquadramento institucional, para os sistemas de gestão e para os recursos humanos.É altura do estado definir objectivos e prioridades adequados à sua vocação e às suas disponibilidades financeiras. Por outro lado, com inteligência e imaginação

seremos capazes de encontrar soluções que minimizem o impacto das medidas de austeridade.As farmácias constituem uma rede nacio-nal de extrema importância para o siste-ma de saúde.Podem prestar mais serviços farmacêu-ticos de qualidade com inegáveis benefí-cios para os doentes.Os medicamentos hospitalares são um exemplo paradigmático. A distribuição pelas farmácias de medicamentos que não sejam de uso exclusivo hospitalar melhora a acessibilidade dos doentes a esses medicamentos e cria mecanismos de monitorização da sua prescrição, dis-pensa e adesão à terapêutica.Os farmacêuticos e as farmácias olham para o estado como um parceiro na pres-tação de Cuidados de saúde. se o estado olhar da mesma forma para as farmá-cias, estas podem fazer mais e melhor pelo sistema de saúde. temos confiança no futuro do País e das farmácias.Unidos, como sempre temos estado no passado, seremos suficientemente fortes para que as farmácias sejam capazes de resistir às adversidades actuais e cons-truir um futuro melhor.É nisso que acreditamos e é por isso que lutaremos.

joão Cordeiro

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FARMÁCIA PORTUGUESA 59

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