FRIKEL, P. (Agricultura Dos Indios Mundurukú)

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    sr,

    B E L ~ M A ~ RASIL

    m O P O L O O I A N.0 4 JUf3fO De i9 9

    AGRICULTURA DOS nvDIOS MUNDuR.UKO *

    I. COiWXMENTOS TU IS SbBW A AGPJCULTLRADOS MUNDURUKO

    TWNICA DA RwXWP ~ I U B

    EIAISW Q~

    E CW-QS ~~ kE A A k ) m B t l B J 1DOS MWNDURUKO

    como wn povo possuindo um certo gráu de agricultura primiwa.Esses fdqn dbs Iifntlmt ú, c m o haMtanfes das marrgw

    se um eleiento cultkwai antigo entre 6Ges índios E talvez te-nha sido mesmo assim aís náo poderemás -ar @ contrário,

    O q~ie abemos dbre a agricultura dos Mundurukú, é pouco,e b@a-se, em sua mór parte, nos relatos dos viajantes do séculopassado. Jb naquae tempo, os Mundunikfa, eram apresentados

    r io Tapaips e já nnm .p#hnehrs esthgio de a d b a ç a as âmSpIen-ii te dessa boca . a b m do assunto agricultwa como se fos-

    ( + ) A maior parte das notas que seguem, foram colhidas em M araakg u m a estada de doi8 tnêses entre

    f l ' f t f ' r. ,* , . -edjYBvi ~ Me=Cik e ntbpta. h i L % t a m b h ~ 8 @ ~ ~ d 0 . M i s S B U ,

    b devo vdrio8 apn-nftsa & vdm3 pd0 qa bdl k pyr6

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    S iLi.; I

    I

    PM-BL - GRICULTURA aos

    as tr44 & mU~-@pWy94,hNu@arecer que nem sempre ei foram um'poh ha itua o ao

    &$w e plantas. Isto, p hil1 in assado remoto, não maiseontrollávelpor nós *dehoje. tempo? Ustóricos,desde queentraram em contactocom o; civilizadose 'se tornaram conheci-

    @% vç?ntpfqs,cul t iva rogas q fazer fadnha. E,, q@a cqygrb y~ u n d u r u k bicaram mais f k o s o s como guerreiros,pois dada aocasião, não hesitavam em atacar até cidades como Santarém(17801 i? U;CU@[4?44 ; 411, , q b b j j d L .

    Mas na medida que o domidocoloniaise fumou,e diminui-rm,2+ r v M f i q ~uerreiras, parece ter aumentadoa tend8ncíabSFieFkhiiki uma vida mais esthvel e para uma agricultura ;

    exte&a e diversa. Nêsse sentido,creio, devem ser enten-pytextos que encontymos. Embora@o de todo acordes, 1

    i < , t ) .. . . ,&TI 5 < . A i 2 t i bschforesviajantesa e i x d 6q@L\RKt .~:##qvblvimento nascas de cultivodesses fn ~y~ , .,:i , ::Mnrüus,falando de um m o @ g m @ q ~ ~dhps iwpfdo lto

    Tapajós, incluindoos ~ a c è ; u ~ 6 , i ~ ~ i 6 e ã W ~jushmenteporcausa dêstes princfpios de agricultura, como sendo semi-nbma-des. Diz ele : ÇBedfíckfi a b a"itiqa' ag&uItW .Br; pofrsso, em sentidopróprio,não são ndmades; &&&maI&&ttndavia, não ficam invariáveisno mesmo lugar" (2). MonteiroBaenat e # ~ u n h aq ~ e ~ k i l p n e n p ,gq . ?nos depois ,qa pficifjiçaç,dqs qbuqJ~pk4,sqp tendênciap$,q 3 agriçultvranão fbim a t og w e , neyi i+sa, R e e 4 M ~ q e f i s~vn;lrucú$'eg ido iiil @flos nQ 40 Mau6-assue na p ~ s w o r issâodevila$oirB'àlMsba, e& 1800 e , 1803, rg s p e k t i y q e ~ t e i , i p n $ ~ue êres. . .:errhi~íam ouca L i ~ n $ s B o f i ~ e q ,gaq dp fariyhf;

    .i ~ & u s , posteriwazente,. M d o O pt dy m& epte~eastpe. os MunduruM,não fala de cuwvo q&~fivo ,bfer&seapnas à produ~ãouantitativa das pças , isto' : nbc? o @+devolume de farinha produzida pelos Mundurukúdo Tapajbs, mas

    ' i ,

    1 - rtm 1948:272 273.@);-‘ h trd eii eiaan mf .hduagenLandbau, aher im strangeren '

    @ W n e ksibe Noma&nl-do& b l e i b ihre Niêd;edapsmkengçht u n ~ m' ' aenderlkhan d m e l b ~ ntdle . Mwtius 1867:201.~ 3 )- onteiroBaena,1843:283,

    &w':T *i .

    ' - 2 -

    úOLET'IMDO MUSEUBARAENSEEMÉLIOfiOE3.,DI; ANT GlA,4

    lesconhieceoai pele menos náo~mencionas variedades dasp i etas cultivadas prrr êles, emboradem dál* tenham cgltivadomais do que o algodão e a mandiocacitados. Atribui &ed ~ ~ v 0 1 v i m e n t ouahtitativa ao poder ou A força guerreka datribo que, por meio dela, prategia as suas lavouras mn&aeitat.-r?%, WBoa ora dev&&~õesrrsq@enbmntemalimd&goroutrast esperialmentaos Mura, Martiasdizassim: HNtksr artes c etgrinrItura os Mundurueúsòmente parecemestar d e i i l e ~ i ~ 6 l ~ i ~

    m coinparaçtioaos outros,enquantoo poder da numermas &i&-cosa tribo ( . . . dá mais &eguraíigaàs plantaçdese porque aptpulqilcl,um tarrto dema, n6o pode mais fieâr dependetadaBni-@mentede caça e pesca. Plkntam pouca d e dg6dãoe mui.t mandwa, cuja farinha, empacotadaem cestos e follias lútrgasde palmeiras.. . costumamvender aos navegantesdo qajósdesde que entraram em contáctopacífico." (4)

    d a ê dencalar aquj a pergunh: onheciaMar-dfars WtS k?s h Yespèito de urna m pr&ãgrbladosMundurukú? Parece, pois e s r m no ten't;o acima ci-tado " . a popzrfar;ão,um tanto densa não maisfim d q e n b d ob í e a m e n t eda caça e da pesca. ; oque pode dar a cozihecerum estado anterior dos Muo-

    mW como casadores e coletoresmas não aqrácuffuto&. ).

    Aindib da mesma época,mais ou menos, ,emmoo testemunhode Bates que m vários lugares do seu livro, embora muito àmargem,faiadas Mundurukficomo agricultorese bons trabalha-dores; aponta a fertilidadeda terra e o relativamentepouco es-f8rço que o fndio tem de empregar para produzir o necessário

    4) - Martius,1867:390 In den Kuenritendes Landbausscheinendie Mun-d W f inur insoweitAndernvorannistehen,alsdieMachtdeszahlreichzn

    ÉricgeriochtnStamiaea.. . den PflonmingenmahrSicherhaitwrleiht,uncl &e m a @ edraengtereBevoelkerungnichtmehrblosvonJagdundF&cl&r&& h m 3 gseyn kann. Sie bauen etwasBaumwollem d viel~Maa&~(:f ) -Wwd,eren Mehl, in Koerbe und breite Blaetter vonP.lmEmn;ten.. mrpackt sie aa die Schifferim Tapajaz zu verhandelnpfbgen,soitdemsie in niedlichenVerkehr getretensind.. .

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    émum certocom;C rciode farinhacomos regatóesmenciona,aifinal,quea16mde mandibcaplantan

    Dos&culoatualquase,nãotemosfontess8breoa

    Mundurw

    : O Handbookof SouthAmericanIndians resumeo assunto-

    ''dHo,tabacoe genipapo.Tocantins-mmeraperto de trintaplan-

    E a issolimita-se,maisoumenos,o quesesabe sbbrea a@-

    pl8ntscultivatedby themincludestwospeciesof mbnioc,sweet potato,' pfneamle,sugarcane,lariouspeppem and beabs, and' m r a lt des of

    vatedplantsut i i i idin Munduruw eco.i h ~ ~ w f : ,, ?]L -s,

    ..

    A 8

    BOLETIM DO MUS U PARAENSE EMILIO GOELDI; ANT IA, 4-*.

    waf. A experihciapdticano assuntoensinaquea a@&&turaentre os índiosdasselvasda A m õ z 8 n i z r ' ~ t eigeiras va-dantes,masnãodiferençasessenciais.

    i

    Ii n8cEfrCA DA R O G A'

    Considerandoa agriculturaentteos Indioshluhburulsúco-moumcomplexoda suacultura,notam-sesemd i f f b d m doiaelementosdistintos.O primeiroi o elementoame ma-terial, manualoutéciiico,do'qualfalaremosnestaparte. O se-gundo6 constituidopor vários fatoressociaisqued e t e r p h ma agriculturanãocomotrabalho oufator'morto,sem inflhAnda,

    comoumcomplexo'isokado'dentroda tribu,e sim, comoalgoquefazparteintegranteda vidatribal,algodo qualdepende,hojeem dia,o bem-estarda comunidadee da famiiia. N4stesentido,a própriaagriculturatorna-seum fatorsocialda vida-ndígena.9)

    Todoo ,proceaao dostrabaihosagrícolasindígenas,notada-mentea'apUca"t$oe t5xeçuçáodoqÚepoderfamos'clí&arde"téc-nf da roça",'estábaseadoem normash a s , tradfciohais,quais, porsuavez,sãodeterminadaspelosdadosímpostbspelanatureza'como'clima,época, acidentesde terreno,retc., etgmb~melo seguimentoI @ dos prbpriosserviçosagricolas a

    ; i-3--.-

    7 -%a dadaaindaa noçãoou a idéiaqiiea indip,faz do conceito"roça9(ko). Para Cle "roça" é essencialmente,a plantação de maniva,ou:msentidomaisgeral,de tubérculos,comoa macacheira,o cará,a ba-tata doce,o tajá ctc.. esteconceitoassimrestrito,deriva-seprovkvd.dgntb,dos temposq u b d dbs tubérculos,e principalmentea maainr,

    eramar 6nicmplantasoráftivadas.'Hoje,

    naturalmente,o Munduruk6dispõede muitomaiornúmerode vegetamCUltivAveisque planta namesmaroçade maniva.Falandodestes produtos,ele m e m o9s maiudas vezes,ampliao conceitode "roça*por expressáesque, ao nwsocomumentender,seriamdesnecessárias,comoporexemplo:"o g e r i m aque tenhona minharoçadc rnaniva", etc.Tendofeitoplantiriõssd ajmníutos w d o ão tubérculos,por exemplo:515 de milho , de, . , \ ,q-do, explicao assunto,falandoem "roçade milho"ou p h t hd i d h o ,etc. Mas"roça",w m oa r m oabsolutoe em sentidopr6prio

    ? , ..para.€ e,a~tamãticamente,a roçade maniva. Sobrea dupiadesigna-~ 3t rwa por p ~ o homeme d a mulherfalaremosao tratardos).Y ' Whis.

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    , F - GRICULTURA DOS W I O S MUNDURUKU9 . .

    - .. i .., Lw qa@tp em cabem dentro do seguinteesquemade desenvol-

    qrpo .teenjcode uma roça :

    t- ,1 Escolhero terreno e a quahdadeda 'terra.2. Determinaro tamanho e a forma do novv -do.3 Brocar o t q e n o .

    I

    4 Derrnibara mata.5 , Queimara derruba.6 . Encoivarar e queimar a caivara.

    . 7 Cavar e plantar.8. Primeira e segundalimpezado roçado.9 "Deqanchar" x, roçado (arrancara magdioca,colhrrr

    a safra)., itO Replantara roça.

    Vejamos agora estes trabalhos, ponto por ponto.

    1 . ESCOLHAE 0 E DA b R A - hdio 6 pornaturem,. um homem prhtico. Pensando em fazer rcç. najtumimente,olha para as c i r c u n s ~ c i a sue mais lhe podemfalcilitar o trabalhoou garantir-lheum segurocrescimentoda pianltaç50, Por isso escolheas terras que mais lhe favorecema Ia-voura,pois nem todos os lugaressáo adequadospara a roça. D epreferênciafaz sua plantaçãoem terreno levementeinclinadoou- 1em ladeira suave para que a 6gua das chuvas e das enxyrradaspossa escoar logo. Terras planas aceita sòmentequando o ter-reno é um tanto arenoso,permitindoque a água das chuvasvasepara o subsólo e não fique estagnadana roça. EMa ú1-a ra-ãlo é ao mesmo tempo o motivo,porquenão faz roças em baixa-

    das fimldas as raizes,os tubérculosapodreceriam. Além disso,o j a ainda se não existem sauveirosou insetos daninhosno ter-reno escolhido. As formigascortamtodo o manival, estragandopor eomgletaa roça.

    - Mesmo achando um terreno em boas condifles, levanta-seHu a o índio a questão o que poderá plantar nesse sblo. Emgerd, possue um bom conhecimentodas terras, das suas quali-$ales e pela experiendade gerações,sabe, quase intuitivamente,í ue dela pode esperar. Com outras palavras, Ble compreen-

    -

    ~ ~ L E T MO MUSEU P ~ S Eh10 ~ w r f t m w.. --

    de mpiricmente o que alí pode plantaPe qual s d resnl.tado. em candf@s normais. Pols desta apreciaçãodepende,aomenos 6rn o tamanhode wi roça. Por repetidaspmvasv&o tipo da W r a e daí tíra as conclusõesnecesshrias. Em e+

    ral, procededesta forma : Cava com o terçadoum buractre extbmina a terra. Desmnchandodentre os &dos, c o n h a pêlotato, a qualidade. Distingue trbs tipos: arenoso bcafeldta bpreto admitindocertas.or&agõesou tipos intermedihrioswnfer-me a eomposiçhou perceatagemde barro ou areia. Tira estasprovasde terra m vbriasprofundidadese extensóes-quandddesconfia que sòmentese trata de uma camadafina ou para verifi-car até mde se prolonga. Da qualidadeda terra dependetam-bém o tipo da planta*, ou em out sentido: dependendodoque êle quer plantar deve escolherum tipo de terra. Por isso,eni suas excumtksde caça pela mata, o índio presta atenção ao

    ar t e m apropriadavalea seguinteregra

    I terra arenosa: - Ma sòmente para a maniva;para outrasplanta@es 4 inadeqzada;

    terra barrenta : - M a eapecialnientepara rnadva, tuber-d o s em gerâl e t mbém para bmand-ras utras plantas nao se desenvoheimmulto bem nêgta ~610;

    terra preta : - Sa para tudo. Por sso sempre e prwcuram t m m prêt86.e a elas se d á pre-ferQndh. ÉI terra especialpaFa tabams

    2. TAMANHOE FORMA ~UI LAWPAÇW a qualidadeda terra depende, como já em parte foi aludido, também o=anho da.roça. AchandoBle a tema escolhida um tantb fra-a*.ralailando que a safra s d menos satisfat6ria,de ant&n%,

    u s a q a um tanto maior. M a prática que adquiriudesde a&venttgde, calcula e m p t r r c m d ea área necessária. Não usapkiara h a e memas, i3 semelhangade nossos d&oclm ("Braças";'ri$rpãsi,:?ois m a emelhante). Fiz váriastentettivaspara saber@mBOd lundarukfi cdcula o tamanhoda roça a faer. As

    isinpe asi*rn~mw &ando, a gentej6 saõe.

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    L _ ' r2 - 88 I

    d - l ; A& .zh,v&,g-Lb. IL . - ,Pi Y-Lr iiA, d

    4 A DERRUBA- up hign ou yup chichQn - B ~ Q -a mataé. quaseumaarteemsi. Pois,parafazeruma d*

    -~&adaem estilo,precisa-sede conhecimentoe habilidade,, de+m lhare cálculocertos,especialmentecomoas h o r *c ou comodevemsercortadasparacairem da n~aaeiramaisdesejada.Há umacertat6cnicana derrubadada mata:

    I8

    , l b s e(quandopossivel,numdosCantosOU pelomeno%r i u ' I ;dosladosm a ltosdo terreno),umaárvoremaiore tira-sepor1 " - r-

    -1 empregando-onacompraderoupas,redes,terçados,etc. : m a inhaimaginma,umafaixaquese vaialargandoem for-A FDP4 portanto,lheajudamanter,nasatuaiscircunst&cia~& ma de cunha. Cortam-se,dentrodestaárea,todos0s troncQSW P % U T ~ G ~ ~ ,seuequilíbrioeconBmico. , pelametadede seudillmetro,maisOU menos,atp 0 Paudar O, .

    Outracausaquetambém,dependeem partedosacid811hes p a e h stalido. M P P 56porfim se cortaaquelaárvoremaiori 1'dot m m o ,é a formada roça. M maí já se madfes tmo u w s e esta,inteiramente,derrubando-a.Elacaiem cimadas -,demenbs,espeçialmente,influênciasde aculturação.néo-br&si. vidnhasjá meiocortadas,arrastando-asna queda,e Porl h a . OMundurukSr,podendo,dá preferbnciaformatradido- delas, todosos outrostroncosdaquelafaixaescolhidae~a que 6 a arredondadaou e l i ~ t i c m v o i l ~ a ,;ssh 0s mces- peparada. Comgrandebarulhocai assimlogoumaora de

    : f 0s roçadose assimsgofeitos atéhoje,nas malmas matainteira,abrindoumaenormeclareira,numcumprimentodoscampos. Aindaem 1957, podia-sediçtingub muito bem de,às vezes100 metrosou mais. Depoisderrubam-se0s Pause m ormaderoça,sobrevoandode afio as malocas e a b i h - que,.por acaso,ainda ficaramem pé, comotambém0s cantostu e P~a rok t i . istojá &o 6 regrade' todocerta. Vai p aram,'paraacertara linha arred~ndandou e s q u a d w -c @ m e o terreno ,.medisseram.Maiorquw MuQnckdo doo roçado. Mas sãos6 estesquese cortamumporum .*eno, 6, creioeu,a doscaboclos.E assimv & ~ - s elantages A derrubadada mata se fae, geralmente,de abril Para

    e Variadas,almgad res até quadradas. maio. Da determinaçãoda épocada derrubada dependea daEstasftltimas predominames e na zonado Cururti e broca.(luea precedeporumas2 a 4 semanas.Em m6dia.0890 T ~ P & em zon436,po-to, o t ~ b Mundu- fi ive d-kú fazema derrubade q a . r o ç acomumem trêsdiasms nasCOmmidad~as rnal~cas~ m, emmoradia.isoladar. . de trabaiho LLOd ~ ~ m b r m e n t oa cornWdide.ea emancipaçãoda f w a p :&~ ~ 5 ‘BAVr t14id i- ~ u f i d u ~ ~ úo sistemade malocareflete-seaquicomotamum . 5 . A Q ~ ~ I - A - mapign- matademubadi'@Wifln@t~M L ~ ~ O Srn.st08E8 w1a CuEWra . rib o novoroçadofica: descansandodurantedoismesesou m ,si parasecarbem. OsMuadurubúq u e h mseusroçadosgeral-

    g6 PBOCAR-

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    gwa AGRICUL ADÓS ÍN IOS M ~ T I U R U K I I

    toearfogo,escoihemum dia de brisaem queo vento.stejademasiadamenteforte. Poisassim,a brisafomenta.o"iiogo,mas nãoo deixapassarrápidodemais,ou's6queimariamQdEgalhosmiúdose folhagens,masostroncospermaneceriamin~ itktos. O roçadoficariasòmentechamuscado,mas não qwi,mado. 'ii-i.- i; .. -.? - % - ? - : , I j - ~ - . 7 ~ l j ~ ~ j + ,

    Pira incendiara derruba,os Mundurukúservem-sede to.chas,f e i h de palhassêcasou de certospáusresinosos. onielasdistribuemo fogoemváriospontosdo roçado. Se houveroutrasplantaçõesou ate casaspor perto,comperigode passarfogoparalá,muítasvezesqueimamprimeiroumaestreitafaixade roçadoquefica abaixodovento,paraquemaistarde,O f-ograndeda roçaencontreumaceiroe nãopasseparaa mataoucasavizinhas. Tambémpreferem,em geral,queimaros roça-dosantesde tocarfogonoscampos,comoé costumeentre S.Comoafirmam,queimandooscamposgeraisemenormesexten-sões,atrairiamchuvasqueprejudicariama queimadadas raças.

    q ' ~ lL,dn#{ r ,PA3-dy

    6. COIVARA- aipa é a coivara;encoivarar- sipochSgn ou taipa chichign; queimara coivara- aipa mupi n oasimplesmenteimapign, queimar.

    Enquantoos galhose troncosfinosqueimamdentrode ho-rasoudeumdia, os troncosmaioreslevammaistempo,ardendolentamente.Chegaa vezda coivara. Juntam-see empilham*se ramagens,galhose pedaçosde troncosquenãoforama i aquefmadosinteiramente,emcimadostroncosmaisgrouio&aln-da fumegantes,paramelhordestrui-los.Depoisateia-sefogo,wvamenten a t acoivara,parareduzirh cinzaas madeirasres-ta ~,~ dmernbarqar o terrenoparaa plantqãa,Comotodosemiçode roça,a queimada,a coivarae a quei-mada da csivara, exigemp r h he habilidade.Em casocan.tr8fia o índioobteráum roçadomalqueimado.

    < I

    7 . CAVARE PL NT R m seguida,vem a 6pocadaaskx de sdemiiroou outubro,conformeas pri-

    . Homeme mulhervií: Rantar é um - d $ a cmjugado

    lh de dÉlasasõesdserentes:cavarouabrira terra,efqqa:krq 10' . s , - - y .:-. ; ;? <

    - ' . (.) iL

    ou seja,enfiaros talosde manivana terra. A primeiraé ser-viçodo homem;a segundada mulher.

    O homemcavaou abreum buracona terra ikudn). FazIstomedianteum"paude cavar",queconsistenumavarafoae,demaisoumenos2 metrosde comprimentoe queestáapontada

    na parteinferior. O homemempurraestavaracomforça,nochão,numtlngulode 30 a 45 gráus,e endireitando-apara umaposiçãovertical,abreassimumapequenacova,na quala mu-iherqueo acompanha,colocadois,no máximotrêstalosde ma-niva(8) (masok taisabm oumasokzp maum). Tirandodacovaa pontada vara,elapisaem cimaparafechá-lae paraapertara terra,masde maneiraqueas pontassuperioresdostalosdemanivaficamforaparao desenvolvimentode galhose de folhas.Pelainfluenciada civilização,hoje em dia,os Munduruklijdusamenxadase atéferrosde cova. A disttlnciadasváriasco-vasde maniva,é, avaliadamente,de um metroemmédia.

    Nãorestadúvidaqueos Mundurukúexecutamostrabalhosde sualavouradentrode um certosistema,não s6 quantoasetapasnaaberturadasuaroça,comotambémnopróprioplantio.Existeum seguimentona ordemde plantara roça. Notempocntrea coivarae a épocade plantar,geralmentejá semeia-melanciaquese desenvolveextraordinwamentebemnessat emirecém-queimada.S6 depoisvãoos tubSrculos.Numesquemageraia ardemda plantação(emboranemsempreestritamenbobservada)4 a seguinte: --- .- -

    a) Culturaeventualde melancia(tambémjerfmum?)b) PlantaçHoou culturadefinidade :

    1 maniva2. car&3. cana4. anzmta,abacad

    * ~ c l o h u n i r ~ o p ~ s é ~ m 1 1 ~ ~ ~ n ~ d C 8m ., umto as r-, apn; f w e p n W h dln

    .$emminadosmwdioca . As sp da &v& depoisda mfn. Jo

    . pkrdadu parao novo plantio,ocasião em que s8io cortadas em pcdsçmQe 20 cntr no m&h5. te8 pedaçosou taias demaafva pimfmw

    1 1 4 - W ~ Y ai nãa so m a g a por g - m .-

    Y1

    -

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    ' 1 1 ,

    i # . . I - squema da roça Mundumkií5 . timb6 ~ i i + -6. arroz 1 A l i ,.

    r

    7. milho C 9L 1 i' r

    V 8 . feijão, fava, jerhum, etc. -,EL :L,P,Outras plantas como a macaxelra, o ta& a pimenta, =te.,

    a jd tm-se nos cantos da roça ou ao lado, conforme p ~ ~ i l i .e d r r u n s t h k . . odo caso de notar qu um-

    aimente-a mandioca e o cwh oeupeni o eoa,quanto* as ou(ras.; ~cultiva ciag, qup, ho

    n ? n l a ~ roça.: Cyá p~pdiada ,@i~t '~~&&sl-e nuei ~ a d me . s a c l m i t + ~ , : ~ k ,a.

    - 2 -

    1 2 t 2 1 . 2 <

    2 1 2 1 2 1 2

    2 1 2 1 2 1

    I1 - - squema da ;oça Munduruk6 (ampliada)

    sntiío; m a distinçgo entre @tas que se cultivam na roça estrf-, merPta a t a , e outrw espedahente fruteiras, fora da roga, emWoeirw, ao redor da casa, nos portos de cm6a ou outros luga-

    fmquQnda r ~ g , a tam Zbdt, No @mim m a trata-se

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    BOLETIEf DQ MUSEU PA AiALNSE EMfLTO GBELDI; ANT

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    HOLETIM Q MUSEU PARAENSE EWfLlQ W D I ; A m R O P ~ o G I A ~m .-- a

    o, nasmalocasdoscam-ao usodo fabricoda larbilh~.

    S. Seistose deucom sim-vadaporeles,quantoproc=sotalveztenha

    maislentoainda. especialmentepor influênciada Nlfs-em 1911,no'RioCUrUrÚ,~ 5 0rodutm

    arroz,a favae viiriasoutrashortaliçasque,principalmenutivam, masque,pelosfndios,sãoad@reduzidfssimaDe árroresfmtfferas

    nestestiltimosdecenios: a mangueira,a laranjei-e umacertaqualidadede 'cacaueiro.o, jerimum,etc.,8lesjb conheciam,

    plantavam-nosem muitopequenaescala,

    bivrp U CAPMAÇÃO alamosda planfa~ão.completaralgumasnotass6bre0s seTVigosde roça7de-

    poisdeserelaplantada. claroque, depois m i n a ra plan-taçãopròpriamentedlta a roçaprecisaaindade algunsCuida-

    masdepoisde m a s emanas, upLaatio e a coiheita,fazem-se,

    emoutambémda pdmeiraouque Asvezes,atét~mavarnm cimade (chapasde) pedra. a, quaseexclusivamente,a t e ~ a d o

    8 anosparsados,no rnMrn'd. 0 Mund-a mar6;wdaP= h o'(ohuvas)e da nemwskWe.R a m a

    ogn; fazera segundaé: k 2 . . .

    L .. g . 4. ~ M R ípdio uw mais da expressão*regional' demwcharo roc;âdpI2ou &da 'arrancara mandioca" Mi?ta ogn. Dentrode:- ano,a-roçaestamadum? P

    , d m n a d a . Arranca-sea mandiocai4 mão Na0se deSman-, conformea necessidade.parae alguma*orçae jeito. Muitasap ~rp.ot o e 8s tbbd e

    a. terçado ao Ia @das

    I

    7 i

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    3. Roçae gnipotribal:migraçãointraterritosial.f t b Y- JtL

    - ' e, se houvernecessidade,queima-sealgunsgalhos w b ROÇAINDIVÍDUO:DIVISÃO E TR B LHO PELOS SEXOS ;[email protected],o lixo da roça. Procede-seh nova plantaMo.- . m PmceMOdereplantaé usadotambémemcasos de ufgdncia,i quandoao fndb PWqualquercircunst&ncia, ou doença,n a foi qualcadaumé dono doqueadquire,faz OUproduz. Assim,es

    P O ~ V ~ ~azernovoroçado. Quandose faz replantapara d tabelecem-sede antemão,para o indivíduo,certosdireitosdementeaproveitasa terra,quasesemprederrubammaisum novoroçado,emborapequeno,às vezesencostado,ampliandbplmente roçadoveiho. O índiosabeperfeitamentequeo resul-tado de Umareplmta6 muitomenor queo de m a oçanova.Porisso temquesuprira parte@e a terrada =planta me newA Fk-equent-ente,â capoeira nova, a roçarecém4-mchada 6 apmveitada,simplerrmente,para plantarum banana M

    , a terra fbrapropriada.

    Sabe apmvdtara m aroça e as plantasquenelacultiva,w d o-a desubprodtihs@e Ihe ajudam o BUS-o. 10) eiramente.~a agriculturah& erviçosexclu9ivosiio hmem,

    ecialmente nafase inicialda preparaçãodo roçado;ed ~ o sxc~usfoosa mulher,principalmentedesdeo momento

    implmente ~3 thn>o

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    Wais ambos 0s sexos participam, como na plantação de maniva, w v a , carft, cana, milho, arroz, hanaz , bmd a, etc*,e tc-Ai h ~ m e m bre a Cova com o pau de cavar e a mulher põe os D ~ t a s ã o do trabalho em dois ciclos, conforme o 8sgalhos ou talos de malliva no buraco aberto e fecha-o,pisandoem cima. e tmbbm, a t e d n o i o g i a a respeito do conceito da roça-

    @- d d s ttjmos para a roça: kut, diz o homem; ko, fala aCada etapa da Plantação, tem assim os serviços determina- m a e f . Estas duas expressões não sã0 pròpriamente, uma dumdos pelo a t e m a dos C ~ C ~ O Srgol6gicos. Um esquema oferece

    o seguinte quadro : pb egignaçaospara a roça esim indicam a rWa enquanto 4

    d t a d o ' d o trabalho de um dos dois SexoS. Sáo designaçõespar-TEABALHOS ciais pmtanto, kat expressãousada pelos homens, abrange 0s

    preparativos da roça atb il plantação - ro~ado , nquanto 6trabalho do homem. KO, tbrmo das mulheres para a roça,

    homem range os trabalhos feitos pela mulher na roça, desde a planta-oo. pelo sentido bbico poderiam traduzir-se Bstes dois ter

    ms: k ~ t omo derruba ko como plant-ã0. d s w se torna1 Escolher a terra e o terreno2 Determinar o tamanho e a forma -3 . Brocar4 Derrubar a mata5 Queimar a derruba6 . Encoivarar -7 Queimar a coivara8 Plantal: abrir a cova Plantar: enterrar os talos de maniva9 -

    10.Fazer a segunda limpeza da m aColher: arrancar a mandioca, dm-manchar o roçado.

    > A aste esquema básico vale para os casos nomais . Se hou-ver @ande necessidade, ou urgência no serviço, o homm pode

    ajudar, wasionalmente, nos trabalhosde

    capinição, limpezae

    ate colheita. Mas por Si Sã0 S ~ ~ ~ Ç O Sr6prios da mulher epertencem Por eito, devido ao ciclo de trabalho, g mulher

    Esta divisão de trabalho, oferece ainda outro aqecto .não te sómente em relação ao preparo ou uso da plantasão,tsmbem se refere especie das pr6prias plantas de a l t i vo , Itirbbm h certa exclusividade,por exemplo: só o homem planbe melancia, j e r i m ~ ,mendubf, mamão, fava e feijao.

    P na miar P das plantas ou sementes a serem cda .Vadasy ap-e um seWi~0 onjugado na forroa. já mf da:

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    \eira grupo, dos campos, encontramosmais ou me-rimitiva ou tradicionaldo sistema agrfcola Mundu-ma de trabalho coletivo à base de auxílion a t u o .a situaeãoatual nas malocas dos campos, dizel:-

    do : Cada campineimadultodo sexomasculino,tem 'sua prdpria

    roea que é limpa pelo esforço coletivo de todos os homens da1, - - I de mandiocacom a cooperacãoda aldeia intei--a B8ts trabalhocooperativo,de fato, atécerto mhu. exis-

    .

    te nas inalocria, e deve a e r entendidodentro das normas da di-visão de trabalho e suas bases jurfdicas que se referem em pri-meiro lugar, ao direito à propriedadeparticular ou individud.Aqui, no assunto de r q a , trata-se-de um serviço conjugado dosdois elementossociais, masculinoe feminino. e, dependendod 4Iea cios respectivosciclos de trabalho. liornem e mulher, p etémf mesmo depois de casados, e formando, portanto, tamilia.o perdem, pelo casamento,os seus direitos indlvimiaisde p mprS8tBrios de sua parte da roça, pois o índio é essencialmente

    individualista,e não conhecedireibs de propriedadeem anipm.Para equilibraresta situação,m o r r e a um conceitoque poderia-mo8 e h m a r de direito de compensaqáo .que se apIiesao usu-fruto da roça-emcomum ao homem, à mulher e: n - a h t e ,aos filhos pelos quais são responsávefs.

    Conv6m expiicarmais à - d u d o &te assunto, a respeito da, ~roprikdadda roca.Creio que seja necesshriofazer uma distinçsoentre o pm

    ~riethr ioa terra e o propriethriodos trabalhosfeitos nesta terra.cQW0 twp,b4m dos r&su~tadosbtidos,

    IA, 4 .. .

    (12). Existe, portanto, unicamente, um direito de proprieda&tsamifbzio,enquantoestd sendou-ada; ireito que melhor

    - -

    se poderiachamar de uso ou de usufruto.te conceito é completadopelo outro aspectoda questão,

    quanto aos trabalhose produtosda roça. Entra aqui o conjun-

    to dos trabalhosde homem e de mulher (conformeos ciclos detrabalho),e a famíiia, que já por sí forma uma pequena comuni-dade, faz valer os seus direitos.

    O conceito deste direito d e aparente propriedade em co-mum, deriva-seda divisão de trabalho entre homem e mulher.Pelo direito individual,cada um 4 dono e proprietaui:~do queproduz, faz etc. homem faz a roça, a derruba (kat) e 6 pro-prietário dela. A mulher, portanto, planta, estritamente dito,em propriedadealheia (a saber do homem ou marido)e paga-lheo usufrutodêste direito, mais tarde, com prodri t~se sua planta-çgo. Com outras palavras: em compensa~ãaelo preparo daroça, feito pelo homem ou marido, êle pode comer tamb6m daplanta@odela. Por outm parte, a mulher doma'da sua plan-tação e o homem ou marido n8o pode, pelo direito de proprieda-de indiv@u&,Qdfmtar da qfantaçlo aB&a, mesmo sendo a daprópriamulher. Adquire, porém, um certo direito, não de pro-priedadepmas e usofmto, na plantagão,pelo trabalhode a. terpossibilitadopela derruba da mata. A mulher, corresponde,pois, a obrigaçãode deixar s marido usufruir de sua plantação,qentrodos moldesda divisão do trabalho. Trata-sepois, de dirêitos (ou respe&amente, deveres)recfprocosque são normali-z@os e,contrabalançadospelodireito.de c o m p e n s a ç ~ ? ~E, re-lativámenteB divisão de babalho, este direito de r o m ~ ã o -.L?.

    absolutamentenecesslnfo: O que faria o homem com derm-sem poã& plantar, o que é do direito da mulher? Sem o -:;tra$dlho prévio do homem, ela só plantar em quantida-

    ÇrS- -

    EbttL os Tenetehara,. t d bç m tribo do grupo'tupl, obswsa$a. uma coisaW serhclhante. ãirrden. Iands, that is to say, laa* on whi h peopleh h ~ e xpiiiided labof, are either individual ar group * . ~ u r i n *

    i- e 2W e a man stiI1 has crops on +e te, it beíongs to him, But oonas Y a MveM ttl?*his cmpa rinâ ãbndonod the fahd t tbe séCòndary

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    tas de cultivo não se desenvolveriam bastante. Em ambos osdes pequenas e por outra, por falta do preparo de terra, as plan-

    casos, os resultados seriam mesqwinhos e o sustenta da familia,nesta parte, estaria periclitando. Resulta, daf, a necessidadedeste direito de compensaçãom W a .

    Cada homem, ou, respectivamente, cada farnfia, faz sua ro-ç@própria e a possue com direitos de exclusividade, O dono,pede a m o de seus parentes ou, dos homens do grupo

    com que convive, para o ajudarem nos serviços (broca, derruba,etc.), enquanto a mulher, mais tarde, pede, por sua rez, (masnem sempre), o auxflio das mulheres para os serviçostipicamentefemininos, no sistema da divisão de trabalho j mencionado 13).A comunidadeauxilia o individuo,ou melhor, os membros se aju-dam mùlvamente; e cada um deve aulriliar os outros, quandochega a vez de fazer a roça. Existe pois, quanto a este trabalhocoletivo, um elaborado sistema de receita e recompensa em baaesiguais. Recebem-se dias de trabalho e, mais tarde, paga-se esteauxilio recebido, da mesma forma, com dias de trabaiho. Tra-ta-se, portanto, de um amplo sistema de auxílio mútuo. E: na-turai que o dono da nova roça achará o seu príndpal apoio den-

    13) -Embora aqui se trate da a@cultura dos Mundurukú atuais, sejam ano-

    Mundurukil adturadosgélico em ama maloca

    dos campos, em Dekudyem. Segundo estas informaçãcs. o sistema agrfcola dos ancestrais mundurucl a respeito de auxíiio mútuo e de pro-priedade da roça teria sido um tanto diferente. Dizem que, primitiva-mente, o grupo todo fazia um roçado grande para todos os membrw dacomunidade e que os direitos do indivíduo na se baseavam, jw-

    comum e dihio do grupo ou ficava, sòmente, de r e sma para casos de

    q

    - - -=I , ,i

    ,, --r7 ,.

    BOLETIM O MUSEU PARABNSE EMfLIO GOELDI; A m

    tro de sua parentela: filhos adultos, irmãos, cunhados, genros,

    o auxíiio e combina-se o dia e mais outras circunstânciasda aju-da. Não h& dansas convidativas ou coisa semelhante. Para odono da roça 6 importante acertar os dias de auxílio, porque temque providenciar para estes dias o rancho: carne, peixe, beijh,bebidas. Pois da aquisição dêste rancho depende a continuida-de ou a interrupção dos serviços da roça. Quando são muitosos homens e o dono da roça nPo pode arrumar alimentação su-fldente, trabalha-se com intervalos. Broca-seum ou dois dias edepois para-se, para caçar e pescar. Continua-se, mais tarde,com a derruba, da mesma maneira, conforme a b6iaW, omo di-zem. Os intervalos ou, respectivamente, os dias de trabalhodependem, portanto, da provisão ou dos mantimentos eafsten-

    - Assim se explica, também, porque homens e mulheres, aseu tempo, trabalham preferencialmente em grupos : porquetrabalham a convite do dono da roça. Quando, porém, se tratado desfruto da roça j madura, então a famflia manifesta e exer-ce seu direito particular de propriet4ris s8bre a roça. Emais das vezes, para arrancar andioca, homem e mdher ouos membros âa família preferem lr a sós Desfruta-se a roça,geralmente,sem o coacurso dos outros ou do grupo. Eis, pola,a situagáo da família Mundusuk6em relaçgo h roça e planta@i0

    para trabalhos em comum euc r os respectivos dim, existe também, nêste mesmo sentido de a d -

    Amazonas. Na região de 9an-isso de pwum , marcar um

    ida, tem te costume rdzearofundas C vem de longa data, da época em que Baixo Amar

    ainda era terra de índias e de maloces. Em outras regi , o pu-

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    u m e n t e 1 fora da antiga comunidade,entre M u n d ~ m MMw a d o s . bservei um caso destes na própria missão, entre pai

    a t e m a de wnvivência em comunidadest@w pma dstw nóhh ligação direta vida da raaloca e suas comunidades sgd i ~ o ~ v e ~ .s famílias se emancipam. m o h i m a casasem comum, mas cada familia tem casa pSópria. Possuem, porisso mesmo e neceesaiiamente,roça-eplantação particdm ~. E, e fins, gemimente, comerciais. .como cada famfia sab também cada homem ou cada f-a, f K k i d ~ - a h e n t e roçado. Isto fundamentalmente.. Madevido dificuld8düs existentes e por necessidade, consemou-: de propriedade. Em casos de morte, O roçado Passa Para aase te elemento tHo proveitoso O a u a o m o h o , convidam-,se s e vizinhos para auxiliarem na roça e, por. outrai

    da vida em comunidade. juntamente com ele. Quando não há famllla, 0s

    se sempre a plantaç80.

    forma que, depois de um certo espaço de tempo, g r U PnisE, r m b e n t e , mora distante de sua fonte de alfnentaçáo,

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    FBú .- GKICULTUR O S fNDIOS MUNDURUKO

    &.ais favorável. nesta ocasião, pode-se observar o sistemap-tivo e, sem dlvida, mais ideai desta relação reciproca deroça e maloca.

    No caso da mudança e da construção de uma nova maloca,esta fica no centro do novo roçado do tuxaua ou chefe do grupo.A forma tradicional da roça é arredondada, como já menciona-mos. E no centro dela limpa-se o terreiro da nova aldeia, tam-bém redondo. Nêle se distribuem as casas num quadrado: acasa ou o barracãodos homens (hokso),aberto com a frente paraleste e com a casa dos espíritos dos ancestrais (kaduke) ao lado;

    i as casas ovais para as mulheres e crianças (hok-a) direita eF J csquerda, Iechando-seo quadrado com outra hok-a no lado este,

    se houver necessidade.

    --/ / (-r> \\

    /

    \\ T :\ h.)

    /

    \- - -A

    /

    I11 - squema de u a maloca MundurukGT: terreiro; H: hoksa; h: hok-a; R: roçados

    L

    0 ticleo assim formado torna-se, então, um novo centro dobo tgbal do lá ou sipe. Roça e maloca formam,m ma

    unidade e a maloca fica dentro da primeira m a Nos

    C ? , .

    I BOLETIM M USEU PARAENSE EM~LIOGOELDI N LOGIA, 4

    guintes, ampliaae o roçado mais para os fundos. E, se a t e ~ anão for prbpria, transfere-se a roça para mais adiante, e semptemais adiante, at6 que, depois de uma série de anos, sente-se ne-cessidade de transferir a aldeia e começar de novo. Orfgina-se, assim um ciclo de migração intraterrltorlr do8gnipos. - L , * i , .

    LDesta relação de roça e aldeia, ou também, de roça e comu-

    nidade, resulta pois, relativa pouca estabilidade local dos grupostribais que, p o r m , n80 chega ormas de nomadismo, talveznem às de um semi-nomadismo estritamente dito. De fato,existe uma certa migração dos grupos, resultantes das condiçõesagrwas, pois 6 a terra que obriga o índio a mudar-sesempre denovo. Mas estas migrações são um processo lento que não senota tanto ou acentuadamente,porque as mudanças de um lu-gar para outro, realizam-se s6 espaçadamente, dentro de decgi-nios e porque se passam dentro de uma certa área bem definidaque é justamente o habitat da tribo. Saindo, porém, este mo-vimento dos limites do territbrio prbprio, as causas devem serprocuradas, geralmente, em outras cfrcunst8ncias: em guerras,coação por outras tribos, ou como se nota entre os Mundurukfiatuais, as influgindas do comércio e da extraçáo da borracha.Mas, primitiva e normalmente, esta migração interna , Isto 6,êsses deslocamentose essas mudanças de grupos dentro da áreaprópria da tribu, baseiam-se unicamente, nas ditas condiçõesagrárias. Já Martius disse dos Tupf do alto Tapajós, a fr secitada : Dedicam-se a uma agricultura primitiva e, por isso,em sentido prbprio, não sáo nbmades; as suas malocas, todavia,nCi0 fiem iiivarihveis no mesmo lugar 16). ale, portanto, jánotou giste movimento e reconheceraa agricultura como respon-shvel pela maior ou menor estabilidade do fndio seu terri-tM6: De fato, a m e k a cousa pode dizer-se c o n c r e t a d t e bMundurukíi. Ele nHo nomade, justamente por causa da sua

    I

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    , a r - FjfflK~L- GRICULTURADOSI N ~ I Ò Sí~NbU UKir l u - 3-

    '?v-TERMINOLOGIAINDfGENAA RESPEITODA ROÇA E PLANTAS, DE CULTIVO. v

    , RESPEITODA ROÇA 17) .a) ferramenta : .

    ' : '? (I,. v :;. I', i- .- 8 - 3, enxada - - 11, I purure

    ferro de cova ; I - chit ' q. , . .páu de cavar

    , . . . i 'b ip nzararai~arab p '.; '; ' ( ' 5 1b roça e s e r e 0 de roça: . - L.

    I ; 'roça (enquanto é trabalho do ho- I _ -' .mem); êle diz : k t

    * , , froça (enquanto é trabalho, da mu-, her);~la diz : . . io - . , - , - i

    brocar r , ,, - . tyup tatabm .. .erruba* (mata) , I,, , . , L yup chign; yup chichign

    queimar . . . s- ., .; r . - ; i im n , , , . r . , . , t 3 - , .coivara , taipa

    . ,, l taipa chign; taipa chich@pt-., i taipa mapign

    ,r?rr, ,-, mmok) tatsabm; mersokj

    -. capinar, 1. iimpeza, limpar, 2 8 limpeza

    warabm ypu mum yabi3

    -

    BOLETIMDO MUSEUP R ENSE EMfLlOGOELDI;ANTROPOLOGIA,

    A RPSpEITODAS PLANTAS DE CULTIVO.

    algodão (Gessypium)" qualidade grande buru chichi

    qualidade pequena buru ananananaz (Ananaz sativus), abacaxi ipaia

    ,99 qualidade grande, azedo ipara diidii" qualidade do campo ipara dy6 dy8

    qualidade sem espinhos,ipara biraprap

    qualidade pequena ipara ananqualidade pequena, ama- .

    ipara remarroz (Oryza) arúirabanana (Musa sapientum) aku

    qualidade São Tom6 aku rabã chichi; (aku- robõ) . . * (

    99 Caiena ou akuh y a iCdana - ,aku an an pa

    RBxa aku pakpakBranca aku ritrit

    akurorot: akurim rim

    n aku ipapan; aku chik pa- v -(Nlusa paradisíaca); quall- tr. r ,:dade Pacoua aku chichi

    " qualidade Pacova grande aku ok gim: chichl

    aku o k p h t anaku hi b beredn pabatata doce (Ipomoea batatas) wechik

    qualidpde amarela wechik pakpak" doce qualidade meioroxa weçbik tuitui

    branca we k ririt" (pintada por dentrd w e a pirã p a r a r a

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    ) wadye akarap pa - rkape (ip)murese; muros0murese ririt tamurese pakpak hat tamurese krauCana (Saccharium offidnanim) kanya

    cará (Dioscorea) awai; puiraqualidade, dentro metade r&xo, metade branca awai kurep (ta)qualidade meio escura

    I I awai pugnpugn (ta)meio escura

    9, ? 7awai ruirui

    pretinha, pequenaf (Põe na manicue-

    I f ra) awai tutuS >> ( parece mão de

    b l

    9

    genteP1)9, awai panatyatbola grande

    9, 9, awai puira hik a afino comprido, -'branco I

    1 99 awai puira brechidn (pui-de entresaca ver- ra beredn; puira ririt1 . melha

    9awai puira ara e paL

    grande, cará-assu awai puira> vermelho aWai puira pakpak I

    redondo, vermelho

    cuia

    ande feijáv; setoi I I1- , h.

    comum (pequeno wetoi anan c -de fava comp* _r,da) hadyorõ ,,;v ; r

    g e n i p a ~ oGenina americana) iaarem ap (a),: ti: Id a ) 3lirurnu (a)

    limão Citrus) brimão, brimáu, brimáumacaxeira (Manihot esp . (Palma-

    ta ?) makachi -macaxeira qualidade branca maikachi taritat

    >> amarela makachi potpotmamão (Carica papaya) asãu a

    r8xo'

    asãu rom rom (asãu rem-. rem)manga (Mangifera Indica) ' mága, mlkamanicuera (Manihot, esp . ?) maso; manikue

    qualidade roxa na fo-lha masoqualidade branca nafolha maso yubritat

    maniva (Manihot utilíssima) masokquaiidade amarela masok pekpekV 9t de folha meio

    rãxa masok tchukumaide folha gran-de W ~ P a i r i ~ n ~ e n

    9, de folha mes- 7 4mo roxa @a-

    * r masok p a r a .9 C

    raiso) , 11 i ,>> branca masok tatya iim um a>> de folha miu-

    da masok ananmelancia (Citrullus vulgaris), car-

    ne vermelbo barãchi, burãsi-amelancia qualidade de carne

    branca baráchi a biu chep nyen .a a

    melancia qualidade pequena barãchi an an a/

    I I de carne rbxa barãchi rem rem a > ., w'

    m o Zea mays)de bago duro

    mura, moramora tyatya (ra)

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    - h y f.. . , wenarnbone .? I .

    k. cheirosa>r r achirew

    j malagueta &i aí a)r )' redonda achi kurêtanyen a)

    tabaco Nicotiana tabacum) he; etajh Aracea esp.) qualidade do

    mato, plantado poririttajá qualidade de cobra kurudyudyuttimb6Paullinia? Serjania ? sã ok, sã ok papa1.irucÚ BixaOrellana) . tyuku a)

    , 8 . m 1 rrir * . h , . '

    . I J i l / i

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