73
Fundamentos da Poluição Ambiental Prof. Marcos Henrique de Araújo

Fundamentos da Poluição Ambiental

Embed Size (px)

Citation preview

Fundamentos da Poluição Ambiental

Prof. Marcos Henrique de Araújo

Marcos Henrique de Araújo

FUNDAMENTOS DA POLUIÇÃO

AMBIENTAL

Educação a Distância

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Atmosfera 10

Figura 2 Ilha de calor urbana 13

Figura 3 Efeito de inversão térmica 13

Figura 4 Trânsito em São Paulo 18

Figura 5 Aparelho respiratório humano 19

Figura 6 Chuva ácida 23

Figura 7 Poluição atmosférica 24

Figura 8 Disponibilidade de água no mundo 31

Figura 9 Ciclo biogeoquímico da água 31

Figura 10 Aquífero de Bauru 35

Figura 11 Componentes do solo 42

Figura 12 Escala de textura para o solo 43

Figura 13 Fontes de poluição do solo 46

Figura 14 Geração e coleta de RSU no Brasil 52

Figura 15 Destinação final dos RSU no Brasil 53

Figura 16 Destino final do RSU de São Paulo 53

Figura 17 Disposição final dos resíduos domiciliares de

São Paulo

54

Figura 18 Qualidade de aterro de resíduos em SP 54

Figura 19 Distribuição total dos RSSS no Brasil 56

Figura 20 Tratamento dos RSSS 57

Figura 21 Total coletado e tratado de RSI no Brasil 60

Figura 22 Geradores de resíduos industriais perigosos 61

Figura 23 Tratamento e disposição final de resíduos

industriais perigosos

62

Figura 24 Lixão a céu aberto 64

Figura 25 Impermeabilização de base 65

Figura 26 Aterro sanitário – Nova Iguaçu 66

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO 4 INTRODUÇÃO 51 POLUIÇÃO AMBIENTAL 62 AR 102.1 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA 112.2 FONTES DE POLUIÇÃO DO AR 172.3 EFEITOS DA POLUIÇÃO DO AR 192.4 PADRÕES DE QUALIDADE DO AR 23

3 ÁGUA 303.1 CICLO HIDROLÓGICO DA ÁGUA 313.2 FORMAS DE POLUIÇÃO AQUÁTICA 323.3 ÁGUAS SUBTERRÂNEAS 343.4 CONTROLE DA POLUIÇÃO AQUÁTICA 353.5 MONITORAMENTO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS 37

4 SOLO 424.1 POLUIÇÃO DO SOLO 44

5 RESÍDUOS SÓLIDOS 485.1 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS 485.2 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS (RSU) 505.3 RESÍDUOS SÓLIDOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE (RSSS) 555.4 RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS (RSI) 575.5 RESÍDUOS SÓLIDOS DE CONSTRUÇÃO (RSC) 625.6 DISPOSIÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS 635.7 POLÍTICA NACIONAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS 68

CONSIDERAÇÕES FINAIS 69 REFERÊNCIAS 52

4

APRESENTAÇÃO

É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno, esta apostila

de Fundamentos da Poluição Ambiental, parte integrante de um conjunto de

materiais de pesquisa voltados ao aprendizado dinâmico e autônomo que a

educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos alunos

uma apresentação do conteúdo básico da disciplina.

A Unisa Digital oferece outros meios de solidificar seu aprendizado, por

meio de recursos multidisciplinares como chats, fóruns, Aulas web, Material de Apoio

e e-mail.

Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a

Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente com as

bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a

redes de informação e documentação.

Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo no

seu estudo são o suplemento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado

eficiente e prazeroso, concorrendo para uma formação completa, na qual o conteúdo

aprendido influencia sua vida profissional e pessoal.

A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em

qualquer lugar!

Unisa Digital

5

INTRODUÇÃO

No Brasil nas últimas décadas, o crescimento demográfico e o aumento

da produtividade industrial fizeram com que uma parcela significativa dos resíduos

gerados por diversas fontes poluidoras, principalmente as originadas pelas indústrias

e veículos automotores, fossem liberados no ambiente sem o tratamento adequado.

No caso dos resíduos industriais, os mesmos são provenientes de

diversos segmentos como indústria química, siderúrgica, eletrônica, alimentícia e

gráfica, entre outros. Esta diversidade resulta na produção de uma grande

quantidade diária de elementos químicos, plásticos, orgânicos, além de papel,

madeira, vidros, borracha e metais. Os resíduos, em termos tanto de composição

como de volume, variam em função das práticas de consumo e dos métodos de

produção. No caso dos resíduos perigosos são particularmente preocupantes, pois,

quando incorretamente gerenciados, tornam-se uma grave ameaça ao meio

ambiente e à saúde da população.

De acordo com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo

(CETESB), a estratégia de redução ou eliminação de resíduos ou poluentes na fonte

geradora consiste no desenvolvimento de ações que promovam a redução de

desperdícios, a conservação de recursos naturais, a redução ou eliminação de

substâncias tóxicas (presentes em matérias-primas ou produtos auxiliares), a

redução da quantidade de resíduos gerados por processos e produtos, e

consequentemente, a redução de poluentes lançados nas águas, no solo e na

atmosfera.

Com isso, a poluição ambiental causada pela ação antrópica, vem sendo

considerada uma questão preocupante para a sociedade, pois o futuro da

humanidade depende da relação estabelecida entre a natureza e a utilização pelo

homem dos recursos naturais disponíveis.

Portanto, esta apostila tem o objetivo de fornecer não apenas os

conceitos básicos recorrentes à poluição ambiental, mas discutir os problemas

originados pela ação dos poluentes; fazendo com que os alunos apresentem a

capacidade de análise crítica e busquem soluções para mitigar os efeitos nocivos

causados, pelos diversos tipos de poluição, à sociedade e ao meio ambiente.

Marcos Henrique de Araújo

6

1 POLUIÇÃO AMBIENTAL

Segundo Ormond (2004), conceitua-se "Saneamento" como toda ação ou

efeito de tornar saudável, ou um conjunto de ações adotadas em relação ao meio

ambiente com a finalidade de criar condições favoráveis à manutenção do meio e à

saúde das populações.

Contudo, Saneamento Ambiental pode ser definido como um conjunto de

ações socioeconômicas que tem por objetivo alcançar Salubridade Ambiental, por

meio de abastecimento de água potável; coleta e disposição sanitária de resíduos

sólidos, líquidos e gasosos; promoção da disciplina sanitária de uso de solo;

drenagem urbana; controle de doenças transmissíveis e demais serviços e obras

especializadas, com a finalidade de proteger e melhorar as condições de vida

urbana e rural.

Essa salubridade ambiental está em risco, pois a partir da Revolução

Industrial até os dias atuais a ampliação dos níveis de poluentes produzidos pelo

homem, promoveu o aumento da poluição atmosférica; como também a

contaminação das águas e do solo, influenciando diretamente no equilíbrio dos

ecossistemas e na qualidade de vida da sociedade.

Para Valentim (2007), no caso do Estado de São Paulo, o início da

formação da indústria paulista ocorre no final da segunda metade do século XIX; as

empresas instalavam-se em áreas amplas e planas, próximas dos meios de

transporte para facilitar o processo de escoamento de seus produtos e dos corpos

d’água, com o objetivo de liberar nos efluentes os resíduos sem tratamento

originados de sua atividade produtiva. Começava, então, o processo de degradação

ambiental através do barulho proveniente da linha de produção das fábricas, da

fumaça liberada pelas chaminés, da contaminação dos efluentes, do surgimento de

doenças de veiculação hídricas e dos resíduos industriais depositados em grandes

áreas abertas.

No Brasil, o censo realizado em 1929 detectou a presença das primeiras

multinacionais americanas e europeias representantes do setor químico,

automobilístico e eletrônico, além do desenvolvimento de outros setores industriais

como o têxtil e alimentício. Nesse mesmo período, o censo realizado em nosso país

mostrava em números o crescimento industrial e demográfico, dando destaque para

7

o estado de São Paulo, com a abertura de empresas do ramo têxtil, calçadista,

químico, alimentício e metalurgia, entre outros.

Ao mesmo tempo em que a cidade se desenvolvia com a instalação de

diversas empresas, a geração de empregos e o crescimento da construção civil,

surgiam os impactos ambientais causados pelos diversos setores industriais, como

exemplos podemos citar:

• o setor têxtil: contaminação do solo e das águas subterrâneas por

chumbo, cromo, cianetos e hidrocarbonetos;

• setor químico: principais poluentes são os ácidos, metais, bases,

solventes, fenóis e cianetos;

• setor de perfumaria: óleos, graxas, chumbo, glicerina, zinco;

• setor metalúrgico: cádmio, chumbo, cobre, bário, níquel, solventes,

tintas, cianetos, hidrocarbonetos.

Na década de 50, iniciava-se a expansão da malha rodoviária e o estado

de São Paulo ocupava posição de destaque no cenário brasileiro como polo

econômico nacional, através do desenvolvimento de diversos setores da indústria no

território paulista, como foi citado anteriormente.

Segundo Singer (1968), nos anos sessenta, os novos ramos industriais

começavam a se instalar nas regiões periféricas da cidade e nos municípios que

faziam divisa com São Paulo como Santo André, Guarulhos, São Bernardo do

Campo e que hoje pertencem à Região Metropolitana de São Paulo. Esse era o

primeiro sinal do deslocamento das indústrias para outros locais, deixando as

grandes áreas que ocupavam, muitas delas contaminadas, disponíveis para outra

utilidade, iniciando-se mudanças do uso do solo urbano.

De acordo com a CETESB (1994), nesse período o setor industrial

pertencente à Região Metropolitana gerava 175 toneladas de resíduos industriais,

cujo destino era as grandes áreas não ocupadas que foram utilizadas como lixões;

sendo comum o descarte do contaminante sólido ser depositado no solo e o

poluente líquido nos corpos d’água e também no solo.

Nos anos 70, inicia-se o processo de descentralização industrial em São

Paulo, com a migração de empresas para regiões interioranas ou para outras

capitais brasileiras. Baldoni (2002) afirma que começaram a surgir novas práticas

8

industriais adotadas até os dias de hoje, como a tecnologia da automação, redução

dos postos de trabalho, melhorias na eficiência produtiva, terceirização de serviços e

investimentos em pesquisa, marketing e design.

Para Ribeiro Filho et al (2001), a utilização de metais como matéria-prima

para a produção de bens de consumo e em fertilizantes agrícolas contribuiu para o

desenvolvimento da sociedade, mas ao mesmo tempo a quantidade de metais

pesados liberados no ambiente contaminaram solos e água, causando impactos

ambientais de grandes proporções.

A atividade mineradora apesar de ser uma atividade que provoca uma

degradação localizada em sua área de lavra, os efeitos causados pelos rejeitos, ao

atingirem um corpo d’água, podem afetar uma determinada área localizada a vários

quilômetros da mineração (SALOMONS 1995). No entorno da mineradora pode-se

constatar a presença de metais pesados nas cadeias alimentares do ecossistema

local, colocando a saúde das pessoas em risco, bem como o equilíbrio ecológico do

meio. (PRIETO, 1998; JUNG, 2001).

Estudos realizados através de análises no Imposto Territorial e Urbano

(IPTU) pertencentes ao município de São Paulo, no período compreendido entre

1996 e 2004 foram identificados 2070 áreas industriais que sofreram alterações de

uso. Parte dessas áreas passou a desenvolver atividades comerciais diversas, como

lojas, armazéns e depósitos, enquanto outras foram destinadas a conjuntos

residenciais e escolas. Além disso, muitos desses terrenos permanecem

desocupados (SEPE e SILVA 2004).

Portanto, é provável que muitas dessas regiões, as quais foram ocupadas

no passado pelas indústrias, apresentem em seu solo e entorno substâncias

químicas que contaminaram o meio ambiente e colocam a saúde da população em

risco; ou seja, grande parte do passivo ambiental existente na cidade de São Paulo

é proveniente de indústrias que não exercem mais a atividade local.

Atualmente, em relação ao estado de São Paulo, o Poder Público

demonstrou uma grande preocupação com os casos de contaminação do solo por

substâncias químicas perigosas, através de levantamentos realizados pela CETESB

em 2006, onde foram encontradas 1664 áreas contaminadas no estado. Esses

dados provavelmente estão longe do número real, pois esse número apresentado

significa apenas uma pequena parcela do problema, já que é preciso uma avaliação

mais abrangente que envolva grande parte das atividades industriais e outros

9

setores que contribuem significativamente com a poluição ambiental, como os

postos de gasolina. (VALENTIM 2007).

A CETESB (2006) classifica uma área contaminada como aquela onde há

comprovadamente poluição causada por quaisquer substâncias ou resíduos que

tenham sido depositados, acumulados, armazenados, enterrados ou infiltrados, e

que determinam impactos negativos sobre os bens a proteger.

De acordo com a Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente

(CONAMA) 001/86, a poluição é a degradação da qualidade ambiental resultante de

atividades que direta ou indiretamente:

• prejudiquem a saúde, a segurança e o bem estar da população;

• criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

• afetem desfavoravelmente a biota;

• afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

• lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais

estabelecidos.

Os impactos ambientais de processos industriais resultam de subprodutos

(matéria ou energia) gerados e não comercializados, sendo, por isso, lançados fora

ao menor custo possível.

Alguns destes subprodutos podem causar poluição, portanto a análise

dos impactos ambientais de qualquer processo industrial engloba a análise dos

fluxos de matéria e energia que afluem para o processo e que dele resultam.

Segundo a CETESB – Meio Ambiente – Prevenção à Poluição (2003), a

estratégia de redução ou eliminação de resíduos ou poluentes na fonte geradora

consiste no desenvolvimento de ações que promovam a redução de desperdícios, a

conservação de recursos naturais, a redução ou eliminação de substâncias tóxicas

(presentes em matérias-primas ou produtos auxiliares), a redução da quantidade de

resíduos gerados por processos e produtos, e consequentemente, a redução de

poluentes lançados para o ar, solo e águas.

Nesta apostila abordaremos a presença de poluentes no ar, no solo e nas

águas, destacando as principais fontes geradoras dessa poluição e os impactos

negativos causados no ambiente e na sociedade em geral.

10

2 AR

A atmosfera é uma camada relativamente fina de gases e material

particulado que envolve a Terra. Esta camada é essencial para a vida e o

funcionamento ordenado dos processos físicos e biológicos sobre a Terra. Protege

os organismos da exposição a níveis arriscados de radiação ultravioleta, contém os

gases necessários para os processos vitais de respiração celular e fotossíntese e

também fornece a água necessária para a vida.

Nosso planeta apresenta uma camada de ar aproximada de 800

quilômetros de espessura, sendo que quase totalidade do ar situa-se apenas numa

faixa de 40 quilômetros, tornando-se uma atmosfera rarefeita os 760 quilômetros

restantes.

Apresenta uma mistura de vários gases, como o nitrogênio (78,1%), o

oxigênio (20,9%), vapor de água e uma pequena quantidade de dióxido de carbono

(0,03%) e gases residuais.

Figura 1. Atmosfera - Fonte: Universidade Federal de Campina Grande/ Prof.ª Márcia Rios Ribeiro

11

2.1 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA

Em seu art. 1º, a Resolução CONAMA nº 003/1990 define como poluente

atmosférico qualquer forma de matéria ou energia com intensidade e em quantidade,

concentração, tempo ou características em desacordo com os níveis estabelecidos,

e que tornem ou possam tornar o ar: (i) impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde; (ii)

inconveniente ao bem-estar público; (iii) danoso aos materiais, à fauna e flora; (iv)

prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais da

comunidade.

Após a Revolução Industrial, foi possível perceber a interação desastrosa

do homem com a natureza, uma interação predatória sem a existência de

planejamento, gerando inúmeros poluentes e causando impactos ambientais, muitas

vezes irreversíveis.

A poluição do ar tem sido a mais sentida pela população, pois

necessitamos do oxigênio para nossa sobrevivência, portanto é um tema

extensivamente pesquisado nas últimas décadas e caracteriza-se como um fator de

grande importância na busca da preservação do meio ambiente e na implementação

de um desenvolvimento sustentável, pois seus efeitos afetam de diversas formas a

saúde humana, os ecossistemas e os materiais.

Vários fatores influenciam o nível de poluição de uma determinada área:

1. Tipos e qualidades de poluentes produzidos pelas atividades

comunitárias;

2. Topografia;

3. Meteorologia, como umidade relativa do ar, vento, precipitações, luz

solar, temperatura, massas de ar.

A atmosfera é o meio de propagação dos poluentes emitidos e são os

movimentos atmosféricos que determinam a frequência, a duração e a concentração

dos poluentes a que estão expostos os receptores.

No início da Revolução Industrial, pensava-se erroneamente, que a

atmosfera era grande o suficiente e que os problemas advindos da poluição do ar

gerados pela ação antrópica ficaria recluso aos ambientes fechados ou áreas mais

próximas da fonte de poluição. Houve avanços na avaliação dos problemas

12

ocasionados pela poluição do ar em distintas escalas de influência, desde áreas

próximas a zonas industriais, grandes centros urbanos, o transporte entre regiões,

até a contaminação em escala global, como o efeito estufa que provoca alterações

no clima do planeta (CETESB 2002).

Para Duchiade (1992) as condições meteorológicas são particularmente

importantes, na medida em que os ventos turbulentos ajudam a dispersar os

poluentes. Estes também são depositados pelas chuvas, que "lavam" o ar. A

combinação da estabilidade atmosférica com ausência de chuvas torna-se, assim,

profundamente desfavorável à dispersão dos poluentes.

Um exemplo disso é a piora da qualidade do ar com relação aos

parâmetros de monóxido de carbono, dióxido de enxofre e material particulado

durante os meses de inverno, em que as condições meteorológicas existentes não

favorecem a dispersão dos poluentes.

Temos também as circulações locais, que são padrões meteorológicos

específicos de uma determinada região e apresentam movimentos atmosféricos de

duração máxima de 24 horas. Podemos citar como exemplos as brisas, as ilhas de

calor e as inversões térmicas, que por sua vez, interferem nas condições de tempo e

dispersão de poluentes.

A temperatura média anual em um centro urbano é mais alta do que seu

entorno, podendo atingir uma diferença de até 10°C. Esse contraste de temperatura

forma uma circulação convectiva que contribui para a concentração de poluentes

nas grandes cidades, originando as ilhas de calor. Vários fatores contribuem para o

desenvolvimento dessas ilhas, como o excesso de asfalto, diminuindo a

permeabilidade do solo, a falta de áreas verdes e o excesso de prédios. O ar

relativamente quente sobe sobre o centro da cidade e é trocado por ares mais frios e

mais densos, convergentes das zonas rurais. A coluna de ar ascendente acumula

aerossóis sobre a cidade formando uma nuvem de poluentes concentrados.

Algumas das características das ilhas de calor diferem entre dia e noite,

por exemplo, a espessura da cobertura de poeira é muito maior durante o dia

quando os ventos estão fracos, pois desta forma as circulações relacionadas à ilha

de calor podem ter maiores dimensões. (COELHO, 2007).

13

Figura 2. Esquema ilustrativo da ilha de calor urbana. A diferença de temperatura entre periferia e centro faz com que o vento sopre para a região central acumulando os poluentes. Fonte: Coelho 2007.

Outro fator que influencia na dispersão de poluentes é a inversão térmica.

A inversão térmica é uma condição meteorológica que ocorre quando uma

camada de ar quente se sobrepõe a uma camada de ar frio, impedindo o movimento

ascendente do ar, uma vez que, o ar abaixo dessa camada fica mais frio, portanto,

mais pesado, fazendo com os poluentes se mantenham próximos da superfície.

Em um ambiente com um grande número de indústrias e de circulação de

veículos, como o das grandes cidades, a inversão térmica pode levar a altas

concentrações de poluentes. Essas inversões acontecem durante todo o ano, porém

no inverno esta camada de inversão é mais estreita e quando ocorre em uma cidade

poluída como São Paulo, provoca transtornos, pois os poluentes ficam aprisionados

muito próximos da população tornando o ar insalubre e agravando os problemas de

saúde da população.

A. B.

Figura 3. Esquema ilustrativo do efeito de inversão térmica, A) situação normal de dispersão dos poluentes atmosféricos; B) Situação de dispersão dos poluentes atmosféricos sob o efeito de inversão térmica. Fonte: Living in the Environment, Miller, 10th edition / Coelho, 2007

14

A grande dificuldade de estabelecer uma classificação que determine a

quantidade de substâncias poluentes atmosféricos no ar é a diversidade de

poluentes encontrados. Apesar disso os poluentes são classificados em:

• Poluentes primários: são aqueles emitidos diretamente pelas fontes

de emissão, ou seja, são agentes poluentes lançados diretamente na

atmosfera.

Exemplo: monóxido de carbono

• Poluentes secundários: são poluentes que se formam na atmosfera

através de reações químicas entre os poluentes primários e

componentes naturais da atmosfera.

Exemplo: gás ozônio

As substâncias poluentes podem ser classificadas de acordo com o seu

grupo físico-químico:

• Compostos de enxofre;

• Compostos de nitrogênio;

• Compostos orgânicos;

• Compostos halogenados;

• Monóxido de Carbono;

• Material particulado;

• Ozônio.

O nível de qualidade do ar vai ser determinado através da interação das

fontes de poluição e da atmosfera, além da demonstração dos efeitos negativos

sobre os seres vivos receptores dessas substâncias nocivas e dos materiais.

A qualidade do ar é determinada por um sistema de fontes móveis

(veículos automotores) e fontes estacionárias (indústrias), pela topografia e pelas

condições meteorológicas da região.

Os grupos de poluentes que determinam a qualidade do ar são escolhidos

de acordo com a frequência de sua ocorrência e de seus efeitos nocivos, sendo

eles:

15

• Material particulado (MP):

Material particulado suspenso na atmosfera é o nome dado aos

poluentes constituídos por poeiras, fumaças e da totalidade de material

líquido e sólido suspenso na atmosfera. As principais fontes emissoras

dessas partículas são: veículos automotores, processos industriais,

queima de biomassa, poeiras em suspensão, fumos. Esse material

particulado pode-se formar na atmosfera a partir de gases originados

na combustão como o dióxido de enxofre, óxido de nitrogênio e

compostos orgânicos voláteis resultantes de reações químicas no ar.

Na natureza os particulados ocorrem com vários tamanhos e formas,

sendo classificado em:

Partículas Totais em Suspensão (PTS): são partículas que

apresentam diâmetro aerodinâmico menor que 50 micrômetros. Uma

parte dessas partículas é inalável pelo organismo, afetando a saúde

das pessoas, além de interferir esteticamente na paisagem local;

Partículas Inaláveis (PI): São aquelas em que o diâmetro

aerodinâmico é menor que 10 micrômetros. Podem ser subdivididas

em partículas inaláveis finas, cujo diâmetro dinâmico é menor que

2,5 micrômetros e partículas inaláveis grossas em que o diâmetro

varia entre 2,5 e 10 micrômetros.

As partículas grossas quando inaladas podem ficar retidas na porção

superior do aparelho respiratório, já os particulados finos são

formados primeiramente pela combustão incompleta e/ou reações

químicas de poluentes primários na atmosfera, sendo leves em peso

e podendo persistir na atmosfera por dias. Alcançam o tecido

alveolar dos pulmões, aumentando o risco de doenças respiratórias

crônicas e agudas.

• Fumaça: processos de combustão originam esse material particulado

suspenso na atmosfera.

• Dióxido de Enxofre: impureza encontrada na queima dos derivados

de petróleo (gasolina e óleo diesel) e no carvão mineral. Quando

eliminado no ar, o dióxido de enxofre é oxidado e ao entrar em contato

16

com a umidade atmosférica forma-se o ácido sulfúrico, altamente

corrosivo, sendo componente da chuva ácida; além disso, o enxofre

pode combinar-se com outras substâncias no ar, originando os sulfatos

responsáveis pela diminuição da visibilidade atmosférica.

Por ser um gás altamente solúvel nas mucosas do trato aéreo superior,

provoca irritações e aumenta a produção de muco.

• Monóxido de Carbono: resultante da queima incompleta de

combustíveis orgânicos, sendo que, os principais emissores são os

veículos automotores. Ele não é percebido pelos nossos sentidos, pois

é inodoro, insípido, incolor e não causa irritação. Sua molécula

apresenta grande afinidade com a hemoglobina, pigmento respiratório

presente no interior das hemácias, interferindo no transporte de

oxigênio aos tecidos, podendo causar a morte do indivíduo por asfixia.

Quando inalado em baixas concentrações por um período contínuo,

pode causar problemas crônicos de infecção, além de agravar quadros

anêmicos e com deficiências respiratórias e cardiovasculares.

• Oxidantes fotoquímicos: conjunto de gases originados a partir de

hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênios que reagem na atmosfera

quando ativados pela radiação solar. Considerado como parâmetro

para indicador da presença de oxidantes fotoquímicos no ar, o principal

produto dessa reação é o gás ozônio, que nas camadas superiores da

atmosfera (25 km de altitude) são importantes na absorção das

radiações ultravioletas, mas quando está presente nas faixas inferiores

da atmosfera são nocivos.

Esses poluentes podem ser formados tanto nas áreas urbanas como

também nas zonas rurais, diminuindo a atividade fotossintética das plantas e lesões

nas folhas, causando prejuízos às atividades agrícolas.

Reduzem também a visibilidade na atmosfera, pois formam uma névoa

química ou smog químico, além de serem prejudiciais ao homem causando

infecções respiratórias, agravamento de quadros alérgicos respiratórios, lesões no

tecido pulmonar e irritações nos olhos.

17

O ozônio na Região metropolitana de São Paulo destaca-se, atualmente, como

o poluente com maior número de ultrapassagens do padrão legal de qualidade do ar

na cidade (CETESB, 2002).

• Hidrocarbonetos: a queima incompleta e a evaporação dos

combustíveis e de produtos orgânicos voláteis resultam em gases e

vapores denominados hidrocarbonetos. Também participam da

formação da névoa fotoquímica e alguns tipos de hidrocarbonetos,

como o benzeno, encontrados em refinarias e petroquímicas, são

considerados agentes mutagênicos e cancerígenos.

• Óxidos de Nitrogênio: são formados por 90% de monóxido de

nitrogênio e 10% de dióxido de nitrogênio. O monóxido de nitrogênio

sob a ação dos raios solares transforma-se em dióxido de nitrogênio,

sendo fundamental na formação de oxidantes fotoquímicos como o

ozônio. Em altas concentrações são prejudiciais à saúde. O dióxido de

nitrogênio pode provocar irritações na mucosa do nariz, coriza e lesões

pulmonares, reduzindo a capacidade pulmonar.

Os óxidos de nitrogênio são formados nas câmaras de combustão dos

motores de veículos, onde além do combustível, temos a combinação

em altas temperaturas do nitrogênio e oxigênio, originando

principalmente óxido nítrico e dióxido de nitrogênio.

2.2 FONTES DE POLUIÇÃO DO AR

Ribeiro Filho (1989), afirma que a maioria dos poluentes é originada a

partir da combustão incompleta dos combustíveis fósseis, como os meios de

transporte, o aquecimento e produção industrial, principalmente os setores de

metalurgia, químico e petroquímico. Somando-se aos processos de combustão, a

poluição atmosférica também é causada pela vaporização; pelo atrito, através de

operações de moagem, atividades de corte e perfuração; na combustão de materiais

residuais; na formação de poluentes secundários atmosféricos a partir de poluentes

primários, além de fontes naturais como os processos de polinização e vulcões,

sendo estes em menor escala.

18

As principais categorias de fontes de poluição são de origem antrópica,

como os meios de transporte, os processos industriais, a combustão e a produção

de resíduos sólidos.

Em relação ao nosso meio de transporte, ele está baseado na queima de

combustíveis fósseis, consequentemente, a poluição do ar é um subproduto.

No caso das grandes metrópoles brasileiras não houve a priorização por

transportes coletivos de qualidade, fazendo com que uma grande parcela da

população escolhesse o transporte individual como alternativa principal, devido à

insuficiência do transporte público e também na facilidade de linhas de crédito na

compra do automóvel. Com a falta de políticas públicas para o setor de transporte

temos a cidade de São Paulo que apresenta uma forte degradação da qualidade do

ar; atingindo no ano de 2010 a marca de 6 milhões de veículos leves, sendo

responsável por 90% das emissões de poluentes da cidade e um aumento

progressivo de congestionamentos que trafega em uma malha viária que não

acompanhou o crescimento da frota veicular.

Figura 4. Trânsito em São Paulo Fonte: ultimosegundo.ig.com.br

O quadro a seguir mostra os tipos e quantidades de poluentes liberados

pelos veículos automotores na cidade de São Paulo:

19

Quadro 1. Emissão de poluentes pelos veículos automotores

Fonte: www.projetoempresa.com.br

Para Brown (2009), os sistemas de transportes urbanos baseados na

combinação de linhas de trem, de ônibus, ciclovias e passagens de pedestres

representam o melhor dos mundos na medida em que fornecem mobilidade, baixo

custo e um ambiente urbano saudável.

2.3 EFEITOS DA POLUIÇÃO DO AR

• Saúde humana

Figura 5. Aparelho Respiratório Humano. Fonte: http://fisica.cdcc.usp.br/

20

Quando existe uma maior concentração de poluentes no ar, a saúde

humana é diretamente afetada, especialmente os idosos, as crianças e os indivíduos

que apresentam problemas crônicos respiratórios, e cardiovasculares. Portanto, é

fundamental que o poder público adote políticas públicas preventivas para mitigar os

efeitos nocivos causados pela poluição atmosférica na sociedade e meio ambiente.

Segundo Zanotti (2007), dentre as internações ocorridas no Brasil, as

doenças causadas pela poluição do ar são responsáveis por 30% dos casos, entre

elas temos infecções do aparelho respiratório, problemas neurológicos,

cardiovasculares, dermatológicos e oftalmológicos causados pela poluição.

De acordo com Pereira et al,1998, estudos científicos realizados no

Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental do Departamento de Patologia da

Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), comprovaram os

efeitos nocivos dos poluentes sobre o organismo humano.

Uma das descobertas está relacionada entre a poluição e os abortos.

Pesquisas mostraram que a cada oito abortos ocorridos diariamente na cidade de

São Paulo, 1,5 deles pode estar associado à poluição atmosférica. O poluente mais

ameaçador para os fetos é o dióxido de nitrogênio, formado durante o processo de

combustão, como ocorre no motor dos automóveis, sendo este um dos maiores

responsáveis pela emissão desse poluente. O dióxido de nitrogênio em contato com

o feto provoca o aumento de probabilidades do aparecimento de infecções

bacterianas, além de enfraquecer os agentes de defesa que eliminam essas

bactérias localizadas nos alvéolos pulmonares, local onde ocorre o processo de

hematose.

Outro estudo feito pela universidade foi a análise de 311.735 crianças

nascidas entre 1998 e 2000. Desse total, 4,6% dos bebês apresentaram peso abaixo

de 2,5kg ao nascer, uma quantidade muito alta comparando-se áreas onde a

poluição é menor. Isso significa que a inalação de poluentes como o monóxido de

carbono, material particulado e dióxido de enxofre presentes no ar durante os três

primeiros meses de gravidez influenciam diretamente no tamanho e peso do recém

nascido; além disso, acredita-se que grande parte dos casos de prematuridade

esteja relacionada à poluição atmosférica.

Outro poluente, o dióxido de enxofre, originário das indústrias e dos

motores movidos a óleo diesel, provoca irritações das vias aéreas superiores,

causando a bronco-constrição, dificultando a passagem do ar pelos brônquios.

21

Temos também o monóxido de carbono, um gás originado a partir da

combustão incompleta de combustíveis como a gasolina, gás de cozinha e madeira.

Esse gás em altas concentrações em contato com o indivíduo pode levá-lo a óbito,

pois o monóxido associa-se ao pigmento hemoglobina localizado no interior das

hemácias, estabelecendo uma ligação química estável, com isso o gás oxigênio não

é transportado para os tecidos. A ação desse gás sobre o sistema nervoso pode

levar a uma diminuição da atividade sensitiva e motora cerebral, além disso, estudos

comprovaram que pessoas que apresentam problemas cardiovasculares, na

presença do monóxido de carbono aumentam a chance de apresentar isquemias

cardíacas.

Outro estudo realizado pela Faculdade de Medicina da USP revelou que a

exposição à poluição veicular deforma espermatozóides e reduz fertilidade. Essa

pesquisa detectou que alguns dos controladores de tráfego da cidade de São Paulo

que foram selecionados para o estudo ficavam expostos aos gases poluentes por

um período aproximado de seis horas e quarenta minutos diariamente,

apresentaram posteriormente, problemas na produção e morfologia de suas células

germinativas. Entre as causas prováveis estão os metais pesados presentes na

queima de combustíveis dos carros e a alta temperatura que os controladores de

tráfego são submetidos nas vias da capital paulistana.

Outros efeitos podem ser causados pelos poluentes presentes no ar como

ardência e lacrimejamento nos olhos, tonturas, dores de cabeça, infecções na

garganta, tosse e espirros alérgicos.

Para Saldiva (2008), a poluição é um problema de saúde pública, onde o

Brasil gasta aproximadamente três bilhões de dólares com morte e internações

causadas pela poluição atmosférica.

Como exemplo ele cita as consultas realizadas pelo Instituto do Coração

(INCOR), onde a cada 100 consultas ao pronto-socorro, 12 estão associadas a

problemas respiratórios causados pela poluição. Os idosos também são os mais

afetados, estima-se que aproximadamente 6% das mortes por causas “naturais”

foram aceleradas pela poluição do ar. Existe uma relação entre poluição atmosférica

e tumores no pulmão, um exemplo são os moradores da cidade de São Paulo que

apresentam uma probabilidade maior de desenvolver a doença comparando-se com

outros locais com menor índice de poluição.

22

De acordo com o pesquisador da USP, médico Nelson Gouveia (2004), os

efeitos agudos da poluição no ser humano são conhecidos, mas para a contribuição

crônica, em que o indivíduo vai respirando o ar poluído por muitos anos,

prejudicando o seu organismo aos poucos, ainda não existe em nosso país um tipo

de estudo, pois necessitaria a presença de diversos profissionais acompanhando

vários pacientes por um grande período de tempo, tornando-se inviável a

disponibilidade de recursos humanos e financeiros para realizar uma pesquisa dessa

magnitude, embora fosse importante, pois determinaria com exatidão os efeitos

causados pela poluição em nosso organismo.

• Vegetação Os poluentes são altamente prejudiciais aos vegetais, devido uma série

de fatores, como a sedimentação de partículas em suspensão atmosférica na lâmina

foliar, a penetração de poluentes nos estômatos das plantas, a deposição de

resíduos no solo, permitindo a absorção pelas raízes, entre outros. Esses efeitos são

nocivos para as plantas, podendo ocasionar a diminuição da taxa fotossintética do

vegetal, o colapso do tecido foliar, alterações da cor do vegetal além de limitações

no crescimento e no seu desenvolvimento.

Lemos, 2010, afirma que a cobertura vegetal é mais sensível à poluição

atmosférica do que os animais. Com o passar do tempo, os efeitos dos poluentes e

suas interações podem resultar em uma série de alterações: eliminação de espécies

sensíveis, redução na diversidade, remoção seletiva das espécies dominantes,

diminuição no crescimento e na biomassa e aumento da suscetibilidade ao ataque

de pragas e doenças.

As extensões dos danos são variáveis, pois dependem das características

dos poluentes como sua concentração, duração, propriedades físicas e químicas,

além das condições climáticas e condições do solo.

• Economia Além dos prejuízos já citados anteriormente com as internações

hospitalares, os poluentes também afetam a agricultura, provocando danos diversos

aos vegetais, causando a descoloração de folhas e flores, problemas na floração e

produção de frutos, malformação e até mesmo a morte de plantas, afetando a

qualidade e o valor do produto.

23

A poluição do ar também contribui para danificar bens materiais,

causando prejuízos incalculáveis como a corrosão e escurecimento de metais; o

enfraquecimento da borracha; a danificação de móveis; o desgaste de monumentos

e fachadas de prédios; a perda de cor de vários tipos de materiais; o

enfraquecimento do algodão, lã, fibra de seda e náilon, além de alterar a estética e

paisagem local. (RIBEIRO FILHO,1989).

Figura 6. A chuva ácida acelerou o processo natural de desgaste desse anjo em rocha Fotógrafo: Michael Drager | Agência: Dreamstime.com – www.espacoecologico.com.br

2.4 PADRÕES DE QUALIDADE DO AR

Os primeiros sinais de poluição do ar no mundo ocorreram na era pré-

cristã, onde o carvão mineral era utilizado como combustível e nestas cidades onde

eram adotadas essas práticas o ar apresentava traços de poluição, além disso,

pessoas doentes eram transportadas para locais onde o ar era mais puro.

No início do século 20, devido ao crescimento populacional e ao

desenvolvimento industrial em vários países, houve um aumento significativo nos

níveis de poluentes presentes no ar. Mesmo assim, segundo Shy, C. (1979) a

sociedade não demonstrava nenhuma preocupação com o controle da qualidade do

ar, mas foi a partir de três episódios dramáticos de poluição excessiva que as

autoridades políticas e científicas foram despertadas para discutir o assunto.

O primeiro episódio aconteceu no Vale Meuse, Bélgica, no ano de 1930,

onde existia uma grande concentração de indústrias de cerâmica e vidro,

transformações químicas e minerais, cimento, siderúrgicas, carvoarias, fábrica de

24

pólvora, ácido sulfúrico, entre outros. No início de dezembro, a falta de chuvas e

ventos propiciou o acúmulo de poluentes na região, ocasionando em dois dias a

morte de sessenta pessoas. Outro caso aconteceu no ano de 1948, em Donora

Pensilvânia, Estados Unidos, quando durante seis dias do mês de novembro uma

nuvem concentrada de poluentes ficou estacionária na cidade, causando a morte de

20 pessoas e o adoecimento de milhares de indivíduos com problemas respiratórios

e cardíacos. Presumiu-se que a grande quantidade de material particulado e dióxido

de enxofre contribuíram para o episódio. A partir daí, as autoridades americanas

começaram a desenvolver estudos no sentido de estabelecer parâmetros para

regulamentar a poluição atmosférica, sendo seguidos pelo Japão e alguns países da

Europa. Porém, o caso mais grave aconteceu em Londres no ano de 1952, onde

uma inversão térmica fez com que uma nuvem de poluentes composta

principalmente de dióxido de enxofre e material particulado permanecesse

estacionada na cidade por um período de cinco dias. O saldo dessa tragédia foi a

morte de 4 mil pessoas, despertando novamente a atenção da sociedade,

pesquisadores e autoridades para a importância de se estabelecer programas

responsáveis em controlar a emissão de poluentes.

Figura 7. Imagens de Londres sob forte poluição atmosférica em 5.12.1952, publicadas em “The London Smog Disaster of 1952”

Fonte: Air polution- the Real Truth/reprodução - www.ambiente.hsw.uol.com.br

No Brasil, no ano de 1972, inicia-se na cidade de São Paulo, pela

CETESB, o monitoramento da qualidade do ar, com a instalação de quatorze

25

estações responsáveis por medir os níveis de dióxido de enxofre e fumaça preta.

Nove anos depois, a CETESB, adota o monitoramento automático, através da

instalação de novas estações que avaliam a quantidade de material particulado;

dióxido de enxofre; ozônio; óxidos de nitrogênio; monóxido de carbono e

hidrocarbonetos presentes no ar, além da utilização de parâmetros meteorológicos,

como velocidade e direção do vento e umidade relativa do ar.

O nível de poluição do ar é medido pela quantificação das substâncias

poluentes presentes nesse ar. Esses indicadores de qualidade do ar definem

legalmente o limite máximo de um determinado poluente encontrado na atmosfera,

que garanta a saúde das pessoas e proteja o meio ambiente.

Os padrões de qualidade do ar (PQAr), segundo publicação da

Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2005, variam de acordo com a

abordagem adotada para balancear riscos à saúde, viabilidade técnica,

considerações econômicas e vários outros fatores políticos e sociais, que por sua

vez dependem, entre outras coisas, do nível de desenvolvimento e da capacidade

nacional de gerenciar a qualidade do ar. As diretrizes recomendadas pela OMS

levam em conta esta heterogeneidade e, em particular, reconhecem que, ao

formularem políticas de qualidade do ar, os governos devem considerar

cuidadosamente suas circunstâncias locais antes de adotarem os valores propostos

como padrões nacionais.

Através da Portaria Normativa Nº 348 de 14/03/90, o IBAMA estabeleceu

os padrões nacionais de qualidade do ar e os respectivos métodos de referência,

ampliando o número de parâmetros anteriormente regulamentados através da

Portaria GM Nº 0231 de 27/04/76. Os padrões estabelecidos através dessa portaria

foram submetidos ao CONAMA em 28/06/90 e transformados na Resolução

CONAMA Nº 03/90.

Portanto, o CONAMA vem estabelecendo, por meio de resoluções, as

normas para o controle de emissão de poluentes do ar por fontes fixas e móveis.

Segundo a Resolução CONAMA 03/90: Art. 1º - São padrões de qualidade do ar as concentrações de poluentes

atmosféricos que, ultrapassadas, poderão afetar a saúde, a segurança e o bem-

estar da população, bem como ocasionar danos à flora e à fauna, aos materiais e ao

meio ambiente em geral.

26

Parágrafo Único - Entende-se como poluente atmosférico qualquer forma

de matéria ou energia com intensidade e em quantidade, concentração, tempo ou

características em desacordo com os níveis estabelecidos, e que tornem ou possam

tornar o ar:

I - impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde;

II - inconveniente ao bem-estar público;

III - danoso aos materiais, à fauna e flora.

IV - prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades

normais da comunidade.

Art. 2º - Para os efeitos desta Resolução ficam estabelecidos os seguintes

conceitos:

I - Padrões Primários de Qualidade do Ar são as concentrações de

poluentes que, ultrapassadas, poderão afetar a saúde da população. II - Padrões

Secundários de Qualidade do Ar são as concentrações de poluentes abaixo das

quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre o bem-estar da população, assim

como o mínimo dano à fauna, à flora, aos materiais e ao meio ambiente em geral.

Parágrafo Único - Os padrões de qualidade do ar serão o objetivo a ser

atingido mediante a estratégia de controle fixada pelos padrões de emissão e

deverão orientar a elaboração de Planos Regionais de Controle de Poluição do Ar.

Os principais objetivos para o monitoramento do ar são:

• Fornecer dados para ativar ações de emergência, quando os níveis de

poluentes no ar possam apresentar risco à saúde pública;

• Acompanhar as mudanças e tendências na qualidade do ar devido às

alterações nas concentrações de poluentes;

• Controle do processo poluidor;

• Controle dos padrões de emissão;

• Controle da eficiência de um equipamento;

• Comparação de métodos diferentes de medição;

• Calcular fatores de emissão;

27

• Implantar ações para mitigar os efeitos nocivos dos poluentes

detectados na medição.

Os parâmetros regulamentados são: partículas totais em suspensão,

fumaça, partículas inaláveis, dióxido de enxofre, monóxido de carbono, ozônio e

dióxido de nitrogênio.

Além desses poluentes, para os quais foram estabelecidos padrões de

qualidade do ar (Resolução CONAMA 3/90), as condições meteorológicas são

determinantes na concentração de poluentes, onde ventos fracos, inversões

térmicas a baixas altitudes, alta porcentagem de calmaria contribuem para o índice

elevado dessas substâncias.

Outra resolução importante, anterior à Resolução 3/90, foi a Resolução do CONAMA n°018/86 que estabelece o PROCONVE - Programa Nacional de

Controle da Poluição Veicular por Veículos Automotores, objetivando a redução de

emissões de poluentes.

Desde que foi implantado esse programa, em 1986, houve a redução de

emissão de poluentes dos veículos novos em 97%, por meio da limitação

progressiva da emissão de poluentes, através da introdução de tecnologias como o

catalisador, injeção eletrônica e melhorias na qualidade dos combustíveis.

Nas Resoluções nº 003/1990 e nº 008/1990, são estabelecidas

concentrações máximas para: partículas totais em suspensão (material particulado);

fumaça (composta principalmente de dióxido de carbono – CO2); partículas

inaláveis; dióxido de enxofre; monóxido de carbono (CO); ozônio e dióxido de

nitrogênio.

A fixação de parâmetros, para a emissão de poluentes gasosos e

materiais particulados (materiais sólidos pulverizados) por fontes fixas, começou a

ser efetuada por meio da Resolução do CONAMA1 nº 005/1989, que dispõe sobre

o Programa Nacional de Controle da Poluição do Ar – PRONAR.

Seguindo um padrão internacional, o PRONAR trata da qualidade do ar

estabelecendo padrões de qualidade de acordo com os usos das áreas

consideradas.

Para Pereira Júnior (2007), trata-se de um programa pioneiro no País,

estabelece metas e instrumentos de ação, incluindo a elaboração de um inventário

nacional de fontes de poluição do ar e de áreas críticas de poluição.

28

As Resoluções CONAMA nº 003/19902 e nº 008/19903 complementam

o PRONAR estabelecendo limites para a concentração de determinados poluentes

no ar. Esses limites tiveram como base normas (ou recomendações) da Organização

Mundial da Saúde, que levam em conta limites de concentrações compatíveis com a

saúde e o bem-estar humanos.

Nos últimos anos, com o crescimento da frota de motocicletas, houve um

aumento significativo nas emissões de poluentes atmosféricos. Este crescimento

levou à criação de um Programa de Controle de Poluição do Ar por Motocicletas-

PROMOT - estabelecendo limite de emissões, conforme Resolução CONAMA 297/02.

Índice de qualidade do ar e saúde: A tabela abaixo mostra os

parâmetros utilizados pela CETESB para determinar a qualidade do ar. Os poluentes

considerados na amostra são: Dióxido de enxofre, partículas totais em suspensão,

partículas inaláveis, fumaça, monóxido de carbono, ozônio e dióxido de nitrogênio.

Para cada substância é calculado um índice que indicará qual a qualidade do ar

naquele momento.

Tabela 1. Índice de qualidade do ar

Qualidade Índice MP10 (µg/m3)

O3 (µg/m3)

CO (ppm)

NO2 (µg/m3)

SO2 (µg/m3)

Boa 0 - 50 0 - 50 0 - 80 0 - 4,5 0 - 100 0 - 80

Regular 51 - 100 50 - 150 80 - 160 4,5 - 9 100 - 320 80 - 365

Inadequada 101 - 199 150 - 250 160 - 200 9 - 15 320 - 1130 365 - 800

Má 200 - 299 250 - 420 200 - 800 15 - 30 1130 - 2260 800 - 1600

Péssima >299 >420 >800 >30 >2260 >1600

Fonte: CETESB/2001

Para divulgação, utiliza-se o índice mais alto, ou seja, a estação que

apresentar o pior caso. Essa qualificação do ar está associada aos efeitos causados

na saúde, independentemente do poluente em questão, como a tabela a seguir:

29

Tabela 2. Qualificação do ar

Qualidade Índice Significado

Boa 0 - 50 Praticamente não há riscos à saúde.

Regular 51 - 100 Pessoas de grupos sensíveis (crianças, idosos e pessoas com

doenças respiratórias e cardíacas) podem apresentar sintomas como tosse seca e cansaço. A população, em geral, não é afetada.

Inadequada 101 - 199

Toda a população pode apresentar sintomas como tosse seca, cansaço, ardor nos olhos, nariz e garganta. Pessoas de grupos

sensíveis (crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias e cardíacas) podem apresentar efeitos mais sérios na saúde.

Má 200 - 299

Toda a população pode apresentar agravamento dos sintomas como tosse seca, cansaço, ardor nos olhos, nariz e garganta e ainda

apresentar falta de ar e respiração ofegante. Efeitos ainda mais graves à saúde de grupos sensíveis (crianças, idosos e pessoas com doenças

respiratórias e cardíacas).

Péssima >299 Toda a população pode apresentar sérios riscos de manifestações de

doenças respiratórias e cardiovasculares. Aumento de mortes prematuras em pessoas de grupos sensíveis.

Fonte: CETESB/2001

Alterações na composição dos combustíveis; o surgimento do catalisador;

o controle de emissão de poluentes; e as redes de monitoramento do ar, são

medidas importantes que contribuíram significativamente para mitigar os efeitos

nocivos da poluição, mas estamos muito longe em apresentar, nas grandes

metrópoles, um ar adequado que não coloque a nossa saúde em risco.

Um exemplo são as partículas sólidas inaláveis, o ozônio e o óxido de

nitrogênio que em muitas ocasiões, na cidade de São Paulo, apresentaram índices

acima do permitido pela OMS.

Para Brown (2009), os sistemas de transportes urbanos baseados na

combinação de linhas de trem, de ônibus, ciclovias e passagens de pedestres

representam o melhor dos mundos na medida em que fornecem mobilidade, baixo

custo e um ambiente urbano saudável.

30

3 ÁGUA

A água é um composto inorgânico presente no meio celular de qualquer

ser vivo, sendo fundamental nas diversas reações metabólicas que ocorrem na

matéria viva; portanto, essa substância é motivo de preocupação do homem em

obtê-la em quantidades suficientes para o seu consumo e necessidades diárias. Na

natureza, a água é responsável pela manutenção da umidade do ar e contribui para

a estabilidade do clima no planeta, além de ser protagonista das mais belas

paisagens.

O volume total da água permanece constante no planeta, sendo estimado

em torno de 1,5 bilhão de quilômetros cúbicos. Os oceanos constituem cerca de

97,5% de toda a água do planeta. Dos 2,5% restantes, aproximadamente 1,9% está

localizada nas calotas polares e nas geleiras, enquanto apenas 0,6 % é encontrada

na forma de água subterrânea, em lagos, rios e também na atmosfera, como vapor

d'água (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - Sabesp 2001).

Esses são números importantes para nos conscientizarmos e sabermos

da importância de preservarmos os recursos hídricos disponíveis no planeta.

31

Figura 8. Disponibilidade de água no Mundo – Fonte: www.semarh.df.gov.br/Sedhab.2007

3.1 CICLO HIDROLÓGICO DA ÁGUA

Figura 9. Ciclo biogeoquímico da água. Fonte: www.sabesp.gov.br / www.usp.br

32

O ciclo biogeoquímico da água é responsável pela renovação de água no

planeta. Esse ciclo inicia-se com os raios solares incidentes nas águas dos oceanos,

rios e reservatórios. Abaixo descrevemos a transferência de água que ocorre nesse

ciclo:

• Precipitação; resultante da condensação do vapor d’água na forma de

gotículas que se precipitam, compreendendo a totalidade das águas

que caem da atmosfera e entram em contato com a superfície. Podem

apresentar-se sob diversas formas: chuva, neve, granizo e orvalho.

Quando a água das chuvas atinge a terra, ocorrem dois fenômenos:

um deles consiste no seu escoamento superficial em direção dos

canais de menor declividade, alimentando diretamente os rios e o

outro, a infiltração no solo, alimentando os lençóis subterrâneos. A

quantidade de água que escoa depende da intensidade das chuvas e

da capacidade de absorção do solo.

• Evapotranspiração: a energia solar, incidente no planeta Terra, que é

responsável pela evaporação das águas dos rios, reservatórios e

mares; bem como pela transpiração das plantas.

3.2 FORMAS DE POLUIÇÃO AQUÁTICA

Segundo Azevedo (1999) várias formas de poluição aquática afetam as

nossas reservas d’água, podendo ser classificadas em:

• poluição biológica: presença de vírus ou bactérias patógenas,

principalmente na água potável;

• poluição térmica: pelo descarte, nos corpos receptores, de grandes

volumes de água aquecida usada no arrefecimento de uma série de

processos industriais.

Esse tipo de poluição causa três efeitos deletérios: com o aumento da

temperatura ocorre a diminuição da solubilidade dos gases em água,

ocasionando um decréscimo na quantidade de oxigênio dissolvido na

água; diminuição do ciclo de vida de algumas espécies aquáticas,

33

afetando o ciclo de reprodução; potencializa-se a ação dos poluentes já

presentes na água, pelo aumento na velocidade das reações.

• poluição física ou sedimentar: descarga de material em suspensão;

esses sedimentos bloqueiam a entrada dos raios solares na lâmina de

água, interferindo no processo de fotossíntese e diminuindo a

visibilidade dos animais aquáticos de encontrar alimento, além disso,

carreiam poluentes químicos e biológicos neles adsorvidos.

• poluição química: Ocorre devido à presença de produtos químicos e

indesejáveis. Os agentes poluidores mais comuns presentes nas águas

são:

Fertilizantes: utilizados na agricultura para aumentar a produtividade,

os fertilizantes são arrastados pela irrigação e pelas chuvas para as

águas subterrâneas, lagos e rios. Quando os fertilizantes e outros

nutrientes vegetais entram nas águas paradas de um lago ou em um

rio de águas lentas, causam um rápido crescimento de plantas

superficiais, especialmente das algas. À medida que essas plantas

crescem, formam um tapete que pode cobrir a superfície, isolando a

água do oxigênio do ar. Sem o oxigênio, os peixes e outros animais

aquáticos virtualmente desaparecem dessas águas (é o fenômeno

chamado de eutroficação).

Outros problemas ocasionados pela proliferação das algas são

alterações na água como o sabor, a turbidez, a cor, a presença de

odores, a presença de substâncias tóxicas liberadas por esses

organismos, além de aderirem às paredes dos reservatórios e

tubulações, aumentando os custos no tratamento da água.

Compostos orgânicos sintéticos: existe uma grande diversidade

desses compostos; entre eles temos os plásticos, detergentes,

solventes, tintas, inseticidas, herbicidas, produtos farmacêuticos,

aditivos alimentares. Muitos desses produtos são tóxicos e dão cor

ou sabor à água.

34

3.3 ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

Dados históricos relatam que a civilização humana sempre utilizou o solo

para disposição dos resíduos gerados em suas atividades gerais, pois o mesmo

apresenta certa capacidade de amenizar e depurar parte desses resíduos. Com o

passar do tempo, com o crescimento populacional e o aumento na quantidade e

composição desses resíduos e efluentes produzidos pela sociedade, o solo saturado

foi perdendo a capacidade de reter os poluentes. Com isso, as águas subterrâneas

correm o risco de serem contaminadas quando o solo perde essa propriedade de

depuração.

São inúmeras as fontes poluidoras que ameaçam as águas subterrâneas,

como os lixões; aterros sanitários não adequados; acidentes com substâncias

tóxicas; atividades incorretas de armazenamento; manuseio e descarte de matérias-

primas, produtos, efluentes e resíduos provenientes de atividades industriais,

mineradoras que expõem o aquífero; sistemas de saneamento “in situ”; vazamento

das redes coletoras de esgoto; uso incorreto de agrotóxicos e fertilizantes; processos

de irrigação que pode provocar problemas de salinização ou aumentar a lixiviação

de contaminantes para a água subterrânea; outras fontes dispersas de poluição

(CETESB 2010).

A presença do nitrato em águas subterrâneas é um indicador de poluição,

pois a origem dessa substância está relacionada a atividades agrícolas e esgotos

sanitários. O grande problema é a remoção do nitrato presente na água, muitas

vezes torna-se oneroso e inviável recuperar a porção de água que foi contaminada

por essa substância, colocando em risco a potabilidade da água utilizada por uma

determinada população, pois a concentração máxima permitida é de 10mg/l.

Citamos como exemplo o aquífero de Bauru, que vem apresentando um aumento

ao longo dos anos na concentração de nitrato em suas águas conforme o gráfico a

seguir:

35

Figura 10. Aquífero de Bauru - Concentração de Nitrato. Fonte: CETESB 2010

Outra forma de contaminação do aquífero é o lançamento de poluentes

diretamente, através de poços absorventes, onde a substância contaminante não

passa pelas camadas do solo. Esses poços geralmente são mal construídos e/ou

operacionados de forma inadequada.

O potencial de poluição de um determinado aquífero depende de sua

vulnerabilidade; ou seja, são levados em conta se esse aquífero está confinado ou

não, a sua profundidade, as características do estrato acima da zona saturada, além

disso, outro fator importante a ser considerado é a quantidade, forma e

características do poluente lançado.

3.4 CONTROLE DA POLUIÇÃO AQUÁTICA

No Brasil, o controle da poluição das águas, na maioria das vezes, segue

o modelo tradicional que consiste em tratar os efluentes gerados pelos esgotos

domésticos, pela agricultura e pelas indústrias, de modo a reduzir a níveis

apropriados a concentração de poluentes, ou seja, tenta “consertar o mal feito”. O

outro modelo é considerado o ideal, pois visa à prevenção, ou seja, evitar que o

corpo d’água receba poluentes. Esta abordagem está amparada em dois pilares: a

Educação Ambiental, que além de outros objetivos, busca a conscientização das

pessoas para a necessidade de reduzir a quantidade de resíduos domésticos

36

gerados e a diminuição de rejeitos industriais através da alteração de projetos e

processos industriais como a adoção da Produção mais Limpa (P+L).

O grau de tratamento requerido por um dado efluente depende

principalmente dos padrões de lançamento em questão, que, por sua vez, estão

ligados às características do corpo receptor.

O arsenal de tecnologias de tratamento de efluentes é muito amplo.

Abaixo contém um resumo das tecnologias disponíveis:

Tipos de tratamento de efluentes:

• Tratamento Primário: remoção de sólidos em suspensão e de materiais flutuantes.

Gradeamento

Decantação

Flotação

Separação de óleo

Equalização Quadro

Neutralização

• Tratamento Secundário: visa a remover as substâncias biodegradáveis presentes no efluente.

Lagoas de estabilização

Lagoas aeradas

Lodos ativados e suas variantes

Filtros de percolação

RBCs (sistemas rotativos)

Reatores anaeróbicos, etc.

• Tratamento Terciário: emprega técnicas físico-químicas e/ou biológicas para a remoção de poluentes específicos não removíveis pelos processos biológicos convencionais.

Microfiltração

Filtração

Precipitação e coagulação Adsorção (carvão ativado)

Troca iônica

Osmose reversa

Ultrafiltração

Eletrodiálise

Processos de remoção de nutrientes

(N, P)

37

Cloração

Ozonização

PAOs (processos avançados de oxidação) etc. Fonte: QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Poluição e Tratamento de Água// Eduardo Bessa Azevedo/Nov.(1999, p.24).

3.5 MONITORAMENTO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS

Segundo Lamparelli (2010), na avaliação da qualidade das águas

devemos observar quais variáveis, incluindo nesse universo as biológicas, serão

escolhidas e monitoradas; além disso, saber que os padrões utilizados para análise

dos resultados dependem do enquadramento e, consequentemente, dos usos

previstos para os diferentes tipos d’água. Esses usos são diversos incluindo o

abastecimento público, a irrigação, a dessedentação, atividades recreativas,

balneabilidade, proteção da vida aquática e uso paisagístico.

Os padrões de qualidade para as variáveis biológicas apresentam

regulamentação Federal, determinada pela Portaria 518/2004 do Ministério da

Saúde, o qual define padrões para as variáveis como coliformes fecais, presença de

protozoários, concentração de cianotoxinas e quantidade de cianobactérias, com o

objetivo de preservar a saúde da população. Existe também a Resolução do CONAMA 274/2000 que estabelece os padrões para balneabilidade, incluindo

coliformes termotolerantes e E. coli e a Resolução CONAMA 357/2005 que

estabelece critérios para classificação e enquadramento dos corpos d’águas, bem

como condições e padrões de lançamentos de efluentes. Esses instrumentos legais

são acrescidos da legislação existente nas esferas estadual e municipal.

O monitoramento das águas interiores no estado de São Paulo é

realizado pela CETESB desde os anos 70, tendo como objetivo avaliar a evolução

da qualidade das águas, diagnosticar locais críticos e posteriormente descobrir

causas e definir prioridades nas ações de prevenção, tratamento, controle e

recuperação, de acordo com o uso destinado além de subsidiar o planejamento

ambiental e fornecer informações aos Comitês de Bacia e população.

Dentre as análises laboratoriais realizadas pela CETESB referentes à

rede de monitoramento, temos:

38

• Ecotoxicológicos: testes de toxidade aguda (bactérias, algas,

microcrustáceos e equinodermos); testes de mutagenicidade e

genotoxidade; estudos de bioacumulação em organismos aquáticos.

• Microbiológicos e parasitológicos: Indicadores microbiológicos de

contaminação como coliformes, S. aureus, bacteriófagos, bactérias

heterotróficas entre outros. Patógenos: vírus entéricos, Vibrio

cholerae, protozoários, helmintos etc. Micro-organismos associados

com corrosão e deterioração de água.

• Hidrobiológicos: Comunidades aquáticas; algas tóxicas; clorofila a.

Índices de Qualidade das Águas - A apresentação dos resultados de

monitoramento é feita por meio de índices que sistematizam a informação de grande

número de variáveis facilitando a compreensão dos resultados obtidos. Esses

índices são utilizados para classificar determinado corpo d’água em faixas de

qualidade: péssima, ruim, regular, boa e ótima.

Em 1998, a Secretaria de Verde e Meio Ambiente do Estado de São

Paulo criou um grupo de trabalho formado por pesquisadores para revisar os

indicadores de qualidade de água, resultando na proposta de três diferentes índices

de avaliação da qualidade das águas, relativos a diferentes usos:

• IVA: Índice de qualidade das águas para fins de proteção da vida

aquática dos rios e reservatórios. Inclui a avaliação de substâncias

tóxicas, ensaios ecotoxicológicos e grau de eutrofização.

• IAP: Índice de qualidade da água bruta com vistas ao abastecimento

público. Inclui a presença de substâncias tóxicas e organolépticas,

precursores de trahalometanos, a determinação do número de células

cianobactérias e os ensaios de mutagenicidade.

• IB: Índice de balneabilidade. Avalia a condição da água para recreação

por meio de ensaios microbiológicos.

Índices de Comunidades Aquáticas - O monitoramento biológico,

realizado pela CETESB, tem como objetivo integrar e traduzir, por meio de

indicadores biológicos, eventuais impactos que as comunidades aquáticas estão

39

submetidas no ambiente. Exemplo de índices de comunidade aquática utilizados no

monitoramento da qualidade das águas:

ICF: Índices de Comunidade Fitoplanctônica:

Fitoplâncton: utilizada como indicadora de água, principalmente em

reservatórios, pois a análise de sua estrutura permite avaliar alguns efeitos das

alterações ambientais. Esses seres vivos constituem a base da cadeia alimentar,

portanto, a produtividade dos níveis tróficos seguintes depende da sua biomassa.

Os organismos fitoplânctons respondem rapidamente às alterações

ambientais decorrentes da interferência antrópica ou natural. Utilizada como

indicador de poluição por pesticidas ou metais pesados em reservatórios utilizados

para abastecimento (LAMPARELLI et AL,1996). A presença de algumas espécies

em altas densidades pode comprometer a qualidade das águas. O grupo das

Cianobactérias possui espécies de grande potencial tóxico e sua ocorrência está

relacionada a eventos de mortandade de animais e danos à saúde humana

(CHORUS e BARTRAN, 1999).

O ICF é baseado em três medidas: a proporção dos grandes grupos que

compõem o fitoplâncton, da densidade dos organismos e a concentração de clorofila

a, classificando a água em ótima, boa, regular, ruim e péssima.

ICZ: Índices da Comunidade Zooplanctônica para Reservatórios

• Zooplâncton: comunidade formada por protozoários, rotíferos,

cladóceros e copépodes, grupos dominantes no ecossistema de água

doce, é importante na manutenção do equilíbrio do ambiente aquático,

podendo atuar como reguladora da comunidade fitoplanctônica e na

reciclagem de nutrientes, além de servir de alimento para diversas

espécies de peixes.

Uma das alterações da comunidade de zooplâncton está associada ao

aumento da poluição aquática, reduzindo o número de espécies.

O ICZ considera a presença ou ausência dos grupos principais e relaciona

a razão entre o número total de calanóides, indicador de melhor qualidade da água,

e o número total de ciclopóides, indicador de ambientes altamente eutróficos com o

respectivo índice de estado trófico, calculado com os dados de clorofila a. Estes dois

40

resultados são associados com categorias de qualidade boa, regular, ruim e péssima

( COELHO - BOTELHO, 2003).

ICB: Índices da Comunidade Bentônica para rios e reservatórios

• Bentos: a comunidade bentônica corresponde ao conjunto de

organismos que vivem todo ou parte de seu ciclo de vida no substrato

de fundo de ambientes aquáticos. Os macroinvertebrados (0,5mm)

compõem essa comunidade, que ocorre em todos os tipos de

ecossistemas aquáticos, exibindo variedade de tolerâncias a vários

graus e tipos de poluentes. Possuem baixa motilidade, estando sujeitos

às alterações de qualidade do ambiente aquático, servindo como

monitores contínuos que possibilitam a avaliação, em longo prazo, dos

efeitos de descargas regulares, intermitentes ou difusas, de

concentrações variáveis de poluentes.

O ICB aplicado considera diferentes descritores, os quais foram fundidos

em índices multimétricos, adequados a cada tipo de ambiente, ou seja, zonas

sublitoral e profundal de reservatórios e rios.

Os índices de comunidades planctônicas, juntamente com os da

comunidade bentônica da região sublitoral, permitem um diagnóstico integrado dos

ecossistemas aquáticos, cuja avaliação considera em conjunto os resultados das

variáveis físicas e químicas, bem como climatológicas.

Os desafios para os programas de monitoramento são: ter agilidade,

continuidade, atualização e qualidade dos resultados. Além disso, quando é incluído

o biomonitoramento, além de infraestrutura laboratorial adequada, metodologia

padronizada e garantia de qualidade, visando comparações espaciais e temporais, o

significado dos indicadores deve ser claro para os tomadores de decisão e público

geral (USEPA,2005).

41

4 SOLO

Segundo a CETESB, o solo é um meio complexo e heterogêneo, produto

de alteração do remanejamento e da organização do material original (rocha,

sedimento ou outro solo), sob a ação da vida, da atmosfera e das trocas de energia

que aí se manifestam, e constituído por quantidades variáveis de minerais; matéria

orgânica; água da zona não saturada e saturada; ar e organismos vivos, incluindo

plantas, bactérias, fungos, protozoários, invertebrados e outros animais.

Figura 11: Componentes do solo fonte: CETESB 2001

As propriedades físicas, químicas e biológicas de cada tipo de solo são

determinadas pelo processo geológico de formação, pelos seres vivos locais, pela

evolução desse sedimento de acordo com o relevo e clima, como também a origem

dos minerais.

O solo apresenta diferentes conteúdos das frações: areia, siltes ou argilas

– pois depende dos tipos de minerais originais, dos processos de intemperismo e

transporte. A textura define o tamanho relativo dos grãos e granulometria, a sua

medida (escala granulométrica).

Observe a escala de textura utilizada para o solo:

42

Figura 12. Escala de textura para o solo. Fonte: CETESB 2001

As camadas do solo que se diferenciam entre si, são formadas a partir da

alteração do sedimento original, através de processos como o intemperismo. As

diversas colorações são originadas de acordo com a intensidade de hidratação do

ferro, dos teores de cálcio e óxido de silício, além da presença de material orgânico

nas camadas superficiais. Portanto o perfil do solo será definido pelo conjunto dos

horizontes e ou camadas que abrangem verticalmente, desde a superfície até o

material originário, podendo apresentar uma grande variedade numa mesma região.

A granulometria e o tipo de material constituinte do sedimento apresentam

influência direta nas propriedades do solo e processos de atenuação e transporte de

poluentes.

Comparando-se com os solos temperados, os solos tropicais apresentam

uma maior profundidade e temperatura, além disso, a decomposição da matéria

orgânica ocorre em uma maior velocidade, como também uma absorção de água

maior pelos vegetais.

43

4.1 POLUIÇÃO DO SOLO

Solo contaminado, segundo a CETESB, é um local onde há poluição ou

contaminação causada pela introdução de quaisquer substâncias ou resíduos que

nela tenham sido depositados, acumulados, armazenados, enterrados ou infiltrados

de forma planejada, acidental e até mesmo natural.

De acordo com Lemos (2010) a poluição do solo vem se tornando motivo

de preocupação para a sociedade e para o Poder Público, devido não só aos

aspectos de proteção à saúde pública e ao meio ambiente; mas também à

publicidade dada aos relatos de episódios críticos de poluição em várias partes do

mundo, provenientes de efeitos cumulativos da deposição de poluentes

atmosféricos, da aplicação de agrotóxicos e fertilizantes e da disposição de resíduos

sólidos domésticos, industriais, materiais tóxicos e radioativos.

A poluição do solo acontece quando o mesmo sofre alterações

significativas em suas características naturais, podendo ser ocasionado por

fenômenos naturais: terremotos, inundações ou principalmente pela ação do homem,

através da ocupação irregular do solo para construção de sua moradia, a deposição

inadequada de resíduos domésticos e industriais, o desenvolvimento de atividades

mineradoras e agropecuárias e acidentes no transporte de cargas.

Apesar de o solo apresentar uma grande capacidade de imobilizar e

depurar certa quantidade de impurezas nele encontradas; essa capacidade torna-se

limitada quando existem resíduos depositados no sedimento, provenientes de

diversas origens, como o lixo doméstico, industrial, poluentes atmosféricos,

fertilizantes, materiais tóxicos, além disso, os efeitos cumulativos desses resíduos

podem alterar a característica do solo original.

O grande problema, atualmente, a ser discutido pela sociedade e pelo

poder público são os índices alarmantes de poluição do solo em todo mundo,

causando alterações significativas no meio ambiente; colocando a saúde das

pessoas em risco; como também podendo trazer consequências irreversíveis nos

ciclos biogeoquímicos influenciando a produção de alimentos de origem vegetal e

origem animal.

Apesar desta realidade, a poluição do solo ainda não foi plenamente

discutida, além disso, não existe consenso entre os pesquisadores de quais seriam

44

as melhores formas de abordagem da questão. Juntamente com as dificuldades

técnicas, a questão política, não sendo adequadamente conduzida, é outro

obstáculo para controlar a poluição do solo, induzindo a ocorrência de áreas que

apresentam condições adversas para a ciclagem de nutrientes, no ciclo da água,

prejudicando a produção de alimentos.

Dados históricos demonstram que a deposição de resíduos no solo,

resultantes de atividades antrópicas, sempre foi prática comum que se perpetuou por

diversas gerações.

Para Sánches (2001), poluição do solo pode ser definida como a

presença de substâncias que alteram negativamente a sua qualidade e possam, por

conseguinte, afetar a vegetação que dele depende, a qualidade da água subterrânea

ou ainda representar um risco para a saúde das pessoas que com ele entrem em

contato direto.

As indústrias manufatureiras, de extração mineral, construção civil, da

produção de energia, com tratamento e disposição dos resíduos, as empresas que

produzam bens ou matérias-primas em escala industrial, como também os

armazenadores de matéria-prima e produtos são os principais responsáveis pela

contaminação do solo e do passivo ambiental existente. O passivo ambiental pode

ser definido como o acúmulo de danos ambientais que devem ser reparados a fim de

que seja mantida a qualidade ambiental de um determinado local.

A contaminação do solo pode ocorrer por diversas formas, entre elas

temos: a deposição de resíduos; estocamento e/ou processamento de produtos

químicos; disposição de resíduos e efluentes, devido a algum vazamento; deposição

pela atmosfera, por inundação ou práticas agrícolas indiscriminadas; atividades

mineradoras.

Segundo Cunha (1997), a origem das áreas contaminadas pode estar

associada a diferentes fontes de poluição, entre elas temos as de natureza

industrial, de sistemas de tratamento e disposição de resíduos e as relacionadas ao

armazenamento e distribuição de substâncias químicas, entre elas a

comercialização de combustíveis.

Quando um determinado poluente está presente na superfície do solo, ele

pode ser absorvido, deslocado pela ação dos ventos ou pelas águas do escoamento

superficial ou lixiviado pelas águas de infiltração, passando pelas camadas

45

inferiores, atingindo as águas subterrâneas, contaminando o recurso hídrico

indispensável para a sociedade.

A figura abaixo demonstra as fontes de poluição do solo e sua migração:

Figura 13. Fontes de poluição do solo. CETESB 2001

As atividades incluídas na categoria de potencialmente poluentes são

diversas, algumas delas estão descritas no quadro. Quadro 2 – Atividades de usos e ocupação do solo, potencialmente poluentes

Aplicação no solo de lodos de esgoto, lodos orgânicos industriais, ou outros resíduos

Aterros e outras instalações de tratamento e disposição de resíduos

Silvicultura Estocagem de resíduos perigosos Atividades Extrativistas Produção e teste de munições Agricultura/horticultura Refinarias de petróleo Aeroportos Fabricação de tintas Atividades de processamento de animais Manutenção de rodovias

Atividades de processamento de asbestos Estocagem de produtos químicos, petróleo e derivados

Atividades de lavra e processamento de argila Produção de energia Enterro de animais doentes Estocagem ou disposição de material radioativo Cemitérios Ferrovias e pátios ferroviários Atividades de processamento de produtos químicos

Atividades de processamento de papel e impressão

Mineração Processamento de Borracha Atividades de docagem e reparação de embarcações

Tratamento de efluentes e áreas de tratamento de lodos

Atividades de reparação de veículos Ferro-velhos e depósitos de sucata Atividades de lavagem a seco Construção civil Manufatura de equipamentos elétricos Curtumes e associados Indústria de alimentos para consumo animal Produção de pneus

Atividades de processamento do carvão Produção, estocagem e utilização de preservativos de madeira

Manufatura de cerâmica e vidro Atividades de processamento de ferro e aço Hospitais Laboratórios

Fonte: CETESB 2001

46

Para Ribeiro Filho et al (2001) a granulometria e o tipo de material

constituinte do sedimento apresentam influência direta nas propriedades do solo e

processos de atenuação e transporte de poluentes.

A textura, estrutura, densidade, porosidade, permeabilidade, fluxo de

água, aeração e calor, ou seja, os processos físicos são importantes nos processos

de atenuação física de poluentes, como filtração e lixiviação, facilitando as

condições para que os processos de atenuação química e biológica possam ocorrer.

O deslocamento da água no solo acontece em um meio poroso e

heterogêneo, onde a velocidade desse composto orgânico será determinada pelo

tamanho, sua forma e as conexões entre os vazios do solo e a viscosidade do fluído.

Portanto, a mobilidade de um determinado poluente presente no solo depende da

granulometria que compõem um determinado solo, como também a intensidade de

compactação do mesmo.

Em relação às propriedades químicas dos solos: pH, quantidades de

nutrientes, capacidade de troca iônica, condutividade elétrica e matéria orgânica são

fundamentais na atenuação de poluentes nesse meio. Podemos citar a adsorção, a

fixação química, a precipitação, oxidação, troca e a neutralização iônica que ocorrem

no solo.

Segundo Oliveira et al (2004), atualmente um dos principais problemas de

poluição do solo está relacionado à disposição inadequada de resíduos,

ocasionando um grande impacto ambiental como a contaminação da água, sua

escassez e o aparecimento de doenças correlacionadas.

47

5 RESÍDUOS SÓLIDOS

Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, a norma

brasileira NBR 10004/2004 define-se resíduo sólido como:

[...] resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível. (ABNT, 2004).

Para a Organização Mundial de Saúde – OMS – resíduos podem ser

definidos como algo que não apresenta valor comercial e o seu proprietário

dispensa.

A Agenda 21 em seu capítulo 21 diz que:

O manejo ambientalmente saudável de resíduos deve ir além da simples deposição ou aproveitamento por métodos seguros dos resíduos gerados e buscar desenvolver a causa fundamental do problema, procurando mudar os padrões não-sustentáveis de produção e consumo. Isto implica a utilização do conceito de manejo integrado do ciclo vital, o qual apresenta oportunidade única de conciliar o desenvolvimento com a proteção do meio ambiente.

5.1 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS

De acordo com IPT/Cempre (2000), os resíduos sólidos podem ser

classificados de várias formas: 1) por sua natureza física: seco ou molhado; 2) por

sua composição química: matéria orgânica e matéria inorgânica; 3) pelos riscos

potenciais ao meio ambiente; e 4) quanto à origem.

No entanto, as normas e resoluções existentes classificam os resíduos

sólidos em função dos riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde, como também,

em função da natureza e origem.

Com relação aos riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública a

ABNT 10.004/2004, classifica os resíduos em:

48

Classe I: Resíduos perigosos: são aqueles que requerem a maior

atenção por parte do administrador, em função de suas propriedades físicas e

químicas ou infecto-contagiosas, exigindo tratamento, pois coloca em risco a saúde

pública e o meio ambiente e apresentam as seguintes características:

• Inflamáveis: frascos pressurizados de inseticidas, pólvora suja etc.

• Corrosivas: resíduos de processos industriais contendo ácidos e bases

fortes.

• Patogênicas: material com presença de micro-organismos como os

vírus e bactérias.

• Reativas: resíduos industriais contendo substâncias altamente reativas

com água.

• Tóxicas: resíduos contendo alta concentração de metais pesados.

Estes resíduos podem ser condicionados, armazenados por um curto

período, incinerados, ou depositados em aterros sanitários adequados para o

recebimento desse material perigoso.

Classe II: Não perigosos: resíduo de restaurantes, papelão, papel, sucata

ferrosa não contaminada.

II A - não inertes: Não se enquadram nas classes I e IIB, mas apresentam

características inflamáveis e biodegradáveis, podemos incluir o lixo doméstico. Estes

resíduos podem ser dispostos em aterros sanitários ou, através de observações, ser

avaliada a potencialidade desse material para a reciclagem.

II B – inertes: De acordo com as NBRs 10006 e 10007, não apresentaram

nenhum de seus componentes solubilizados a concentrações superiores aos

padrões de potabilidade da água. Podem ser dispostos em aterros sanitários ou

reciclados.

Os rejeitos são os resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as

possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis

e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a

disposição final ambientalmente adequada.

Com relação à responsabilidade pelo gerenciamento dos resíduos sólidos

pode-se agrupá-los em dois grandes grupos.

49

O primeiro grupo refere-se aos resíduos sólidos urbanos (RSU),

compreendido pelos:

• resíduos domésticos ou residenciais;

• resíduos comerciais;

• resíduos públicos.

O segundo grupo, dos resíduos de fontes especiais (RFE), abrange:

• resíduos industriais;

• resíduos da construção civil;

• rejeitos radioativos;

• resíduos de portos, aeroportos e terminais rodoferroviários;

• resíduos agrícolas;

• resíduos de serviços de saúde.

5.2 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS (RSU)

Os resíduos sólidos de origem urbana (RSU) compreendem aqueles

produzidos pelas inúmeras atividades desenvolvidas em áreas com aglomerações

humanas do município, abrangendo resíduos de várias origens, como residencial,

comercial, de estabelecimentos de saúde, industriais, da limpeza pública (varrição,

capina, poda e outros), da construção civil e, finalmente, os agrícolas. Dentre os

vários RSU gerados, são normalmente encaminhados para a disposição em aterros,

sob responsabilidade do poder municipal, os resíduos de origem domiciliar ou

aqueles com características similares, como os comerciais, e os resíduos da limpeza

pública.

No caso dos resíduos comerciais, estes podem ser aceitos para coleta e

disposição no aterro desde que autorizado pelas instituições responsáveis. Ressalta-

se que o gerenciamento de resíduos de origem não domiciliar, como é, por exemplo,

os resíduos de serviço de saúde ou da construção civil, são igualmente de

responsabilidade do gerador, estando sujeitos à legislação específica vigente. A

50

composição dos RSU domésticos é bastante diversificada, compreendendo desde

restos de alimentos, papéis, plásticos, metais e vidro até componentes considerados

perigosos, por serem prejudiciais ao meio ambiente e à saúde pública. (ZANTA et al)

Os municípios brasileiros, em sua maioria, possuem grande demanda por

sistemas de saneamento de resíduos sólidos urbanos. Dados do Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (IBGE -2002) demonstram que no Brasil ainda persiste na

falta de tratamento ou na disposição final precária desses resíduos, causando

problemas que envolvem aspectos sanitários, ambientais, econômicos e sociais, tais

como: disseminação de doenças, contaminação do solo e das águas subterrâneas e

superficiais, poluição do ar pelo gás metano, e o favorecimento da presença de

catadores.

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA - 2006),

dentre os componentes perigosos presentes nos resíduos sólidos urbanos

destacam-se os metais pesados e os biológicos - infectantes.

Metal pesado é um termo coletivo para um grupo de metais e metalóides

que apresenta densidade atômica maior que 6 g/cm³. No entanto, atualmente é

utilizado para designar alguns elementos (Cd, Cr, Cu, Hg, Ni, Pb e Zn) que estão

associados aos problemas de poluição e toxicidade (ALLOWAY, 1997).

Os metais pesados são utilizados nas indústrias eletrônicas, maquinários

e outros utensílios da vida cotidiana. Sua ocorrência nos resíduos está

correlacionada às principais fontes, como baterias (inclusive de telefones celulares),

pilhas e equipamentos eletrônicos em geral (Pb, Sb, Zn, Cd, Ni, Hg), pigmentos e

tintas (Pb, Cr, As, Se, Mo, Cd, Ba, Zn, Co e Ti), papel (Pb, Cd, Zn, Cr, Ba), lâmpadas

fluorescentes (Hg), remédios (As, BI, Sb, Se, Ba, Ta, Li, Pt), dentre outros.

Como componentes biológicos presentes nos resíduos urbanos,

destacam-se:

Escherichia coli, Klebsiella sp., Enterobacter sp., Proteus sp.,

Staphylococcus sp., Enterococus, Pseudomonas sp., Bacillus sp., Candida sp.,

que pertencem à microbiota normal humana.

O contato dos agentes existentes nos resíduos sólidos ocorre

principalmente através de vias respiratórias, digestivas e pela absorção cutânea e

mucosa. Pelas vias respiratórias ocorre mediante a inalação de partículas em

suspensão durante a manipulação dos resíduos. Pela via digestiva, quando há

51

ingestão de água poluída, vegetais, peixes, frutos do mar e outros alimentos

contaminados.

As atividades capazes de proporcionar dano, doença ou morte para os

seres vivos são caracterizadas como atividades de risco à saúde e risco para o meio

ambiente.

De acordo com a ANVISA (2006):

Risco à Saúde é a probabilidade da ocorrência de efeitos adversos à saúde relacionados com a exposição humana a agentes físicos, químicos ou biológicos, em que um indivíduo exposto a um determinado agente apresente doença, agravo ou até mesmo morte, dentro de um período determinado de tempo ou idade.

Risco para o Meio Ambiente é a probabilidade da ocorrência de efeitos

adversos ao meio ambiente, decorrentes da ação de agentes físicos, químicos ou

biológicos, causadores de condições ambientais potencialmente perigosas que

favoreçam a persistência, disseminação e modificação desses agentes no ambiente.

Os dados abaixo apresentam o balanço da geração e coleta dos resíduos

sólidos urbanos (RSU) no Brasil em 2009, onde é possível demonstrar que quase 7

milhões de toneladas de resíduos geridos deixaram de ser coletados.

Figura 14. Geração e coleta de RSU no Brasil

A seguir temos a destinação final do total de RSU coletados no Brasil em

2009:

52

Figura 15. Destinação final dos resíduos sólidos no Brasil

O quadro abaixo ilustra os dados do Brasil e os dados de São Paulo em

relação à geração e coleta de RSU em 2009:

Quadro 3. Geração e coleta de RSU no Brasil e no Estado de São Paulo em 2009

Em relação ao Estado de São Paulo o total de RSU coletado no ano de

2009, teve o seguinte percentual de destinação final:

Figura 16. Destino final do RSU coletados no Estado de São Paulo em 2009

O Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Domiciliares publicados

anualmente pela CETESB desde 1997 demonstra uma sensível melhora das

condições de disposição final dos resíduos dos 645 municípios do estado. Esse

resultado positivo deve-se a uma série de fatores como o aumento de fiscalizações

53

realizadas pelas Agências Ambientais; as ações desenvolvidas pelos técnicos da

CETESB, na elaboração dos índices utilizados na classificação dos locais de

deposição dos resíduos; e no desenvolvimento de políticas públicas auxiliando e

assessorando os municípios.

A evolução dos índices de qualidade de disposição dos resíduos sólidos

domiciliares está ilustrada abaixo:

Figura 17. Situação da disposição final dos resíduos domiciliares nos Municípios do Estado de São Paulo- Período 1997-2009. Fonte CETESB 2010

Inadequado Controlado Adequado

Figura 18. IQR - Índice de Qualidade de Aterro de Resíduos no Estado de São Paulo. Fonte: CETESB 2010

54

5.3 RESÍDUOS SÓLIDOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE (RSSS)

A Resolução CONAMA n°358/05 e a Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) ANVISA n°306/04, dispõem 5 artigos que versam sobre o gerenciamento dos

RSSS em todas as suas etapas. Definem a conduta dos diferentes agentes da

cadeia de responsabilidades pelos RSSS. Refletem um processo de mudança de

paradigma no trato dos RSSS, fundamentada na análise dos riscos envolvidos, em

que a prevenção passa a ser eixo principal e o tratamento é visto como uma

alternativa para dar destinação adequada aos resíduos com potencial de

contaminação. Com isso, exigem que os resíduos recebam manejo específico,

desde a sua geração até a disposição final, definindo competências e

responsabilidades para tal.

A Resolução CONAMA n° 358/05 trata do gerenciamento sob o prisma da

preservação dos recursos naturais e do meio ambiente. Promove a competência aos

órgãos ambientais estaduais e municipais para estabelecerem critérios para o

licenciamento ambiental dos sistemas de tratamento e destinação final dos RSSS.

Por outro lado, a RDC ANVISA n°306/04 concentra sua regulação no

controle dos processos de segregação, acondicionamento, armazenamento,

transporte, tratamento e disposição final. Estabelece procedimentos operacionais em

função dos riscos envolvidos e concentra seu controle na inspeção dos serviços de

saúde (ANVISA 2006).

Segundo Moura (2010), três princípios devem orientar o gerenciamento

dos resíduos de serviços de saúde: reduzir, segregar e a disposição final.

Ao reduzir os RSSS no momento da geração e evitar o desperdício

economizam-se recursos não só em relação ao uso dos materiais, mas também no

tratamento diferenciado destes resíduos. A segregação é o ponto fundamental na

discussão sobre a periculosidade ou não dos RSSS. Apenas uma parcela é

potencialmente infectante, contudo, se ela não for segregada, todos os resíduos que

a ela estiverem misturados também deverão ser tratados como potencialmente

infectante, exigindo procedimentos especiais para o acondicionamento, coleta,

transporte e disposição final, elevando, assim, os custos do tratamento desses

resíduos.

55

De acordo com a ANVISA, os resíduos gerados nos serviços de saúde

são classificados em 05 grandes grupos descritos abaixo:

GRUPO A: São resíduos com a possível presença de agentes biológicos

que, por suas características de maior virulência ou concentração, podem apresentar

risco de infecção.

GRUPO B: São resíduos contendo substâncias químicas que podem

apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas

características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade.

GRUPO C: Qualquer material resultante de atividades humanas que

contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de isenção

especificados nas normas do CNEN e para os quais a reutilização é imprópria ou

não prevista.

GRUPO D: São resíduos que não apresentam riscos biológico, químico

ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente podendo ser equiparado aos resíduos

domiciliares.

GRUPO E: São materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como:

lâmpadas de barbear, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas

endodôntricas, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas, tubos capilares,

micropipetas, espátulas e todos os utensílios de vidro quebrado no laboratório.

Abaixo está a distribuição total da porcentagem de RSSS coletada por

região do Brasil em relação às 221.270 toneladas coletadas no país em 2009:

Figura 19. Distribuição total dos RSSS coletados por região do Brasil

O Estado de São Paulo coletou no ano de 2009 o valor de 85.378 t/ano

(ABRELP, 2009) de resíduos sólidos de serviços de saúde, possuindo uma

capacidade instalada de tratamento destes resíduos que corresponde a 100.978,80

56

(t/ano), distribuída em 3 diferentes tecnologias. A capacidade apresentada, em

porcentagem, no gráfico a seguir, é em relação à capacidade total.

Figura 20. Tecnologias aplicadas no tratamento dos RSSS coletados no Estado de São Paulo

5.4 RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS (RSI)

Resíduo sólido industrial é todo resíduo que resulte de atividades

industriais e que se encontre nos estados: sólido; semi-sólido; gasoso – quando

contido; e líquido, cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede

pública de esgoto ou em corpos d’águas, ou exijam para isso soluções técnicas ou

economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível. Ficam incluídos

nessa definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água e aqueles

gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição (Resolução

CONAMA 313/2002).

A legislação invoca o princípio da responsabilidade do gerador que trata a

responsabilidade desde a geração, estocagem, armazenamento, transporte,

tratamento até sua disposição final. Os riscos ambientais constituem uma nova

preocupação que deve estar presente nas decisões dos empresários e nos

programas de imagem institucional das empresas.

A legislação ambiental, como hoje está colocada, pode punir severamente

as indústrias que transgridam os padrões de qualidade em suas descargas de

resíduos para o meio ambiente, a níveis maiores que os padrões permitidos na

legislação. Trata-se de enfrentar os riscos, muitos maiores, de uma interdição, com

os lucros cessantes decorrentes, e até de um descomissionamento ou interdição

definitiva da instalação (SOUZA et al 1997).

57

Os resíduos originados pela atividade industrial são diversos, com isso, a

classificação ocorre de acordo com o seu grau de periculosidade.

De acordo com a NBR-10-004, periculosidade é a característica

apresentada por um resíduo que em função de suas propriedades físicas, químicas

ou infecto-contagiosas podem apresentar:

• Risco à saúde pública, provocando ou acentuando de forma

significativa, um aumento de mortalidade e ou incidência de doenças.

• Riscos ao meio ambiente, quando o resíduo é manuseado ou

destinado de forma inadequada.

Segundo Silva (2004) o quadro abaixo representa os principais

componentes dos resíduos sólidos de acordo com as indicações das tipologias

industriais, utilizando-se como base os trabalhos de Brasil (1999), Dias (1999) e

CONAMA (2002):

Quadro 4. Principais componentes dos resíduos sólidos de acordo com as tipologias industriais.

Atividades industriais

Principais componentes dos resíduos sólidos

Indústria de Tratamento de

Minérios

Materiais inerentes (entulho e refugos de minério).

Indústria de Minerais não Metálicos e

Cerâmicos

Entulho, materiais inerte. Algumas indústrias podem apresentar plásticos, ácidos, componentes orgânicos.

Indústria Metalúrgica Areia de fundição, escórias, restos de carvão, refugo de peças e coque. As coquerias produzem alcatrão rico em compostos orgânicos.

Indústria Metálica Sucatas metálicas contaminadas com óleos e graxas lubrificantes, lamas provenientes de estações de tratamento de águas residuárias frequentemente contaminadas com substâncias tóxicas, resíduos líquidos perigosos.

Indústria de Mobiliário Pedaços de madeira, serragem, palha, material plástico de enchimento e tecidos. A fabricação de chapas e placas de materiais aglomerados ou prensados origina resíduos sólidos contendo: tintas, vernizes, colas resinas e solventes.

Indústria de papel e papelão

Fibras de celulose e aparas de papel, lamas provenientes do processamento industrial e de estações de tratamento de águas residuárias.

Indústria de Borracha Aparas e grânulos de borracha, resinas, solventes, plásticos, papel e pedaço de madeira.

Indústria Química, de Perfumaria, Sabões e

Velas

Produtos químicos orgânicos e inorgânicos, pedaço de metal, plásticos, catalisadores exaustos, lamas oriundas do processamento de estações de tratamento de águas residuárias e de tanques de armazenamento de matérias-primas e/ou combustíveis, resíduos de incineração, resíduos viscosos (resinas, alcatrão piche e substâncias graxas).

Indústria de Produtos Farmacêuticos e

Veterinários

Produtos químicos (drogas), vidros, plásticos e papéis, resíduos biológicos (por exemplo, culturas de micro-organismos patogênicos).

58

Indústria de Produtos e Matérias Plásticas

Plásticos papel e papelão, contaminados, frequentemente com restos de tintas, resinas, solventes e materiais de carga.

Indústria Têxtil Restos de fios (naturais ou sintéticos), tecidos e papéis, podendo ainda, tais resíduos conterem tintas e solventes provenientes de estamparia.

Indústria de Vestuário, Calçados e Artefatos de Tecidos

Peças refugadas, pedaços de tecidos e couro.

Indústria de Produtos Alimentares

Restos de alimentos, embalagens danificadas (metálicas, plástico, papel e de vidro), lamas provenientes do processo industrial e de tratamento de águas residuárias.

Indústria de Bebidas Papéis, vidro, plásticos, resíduos provenientes do processamento industrial e da estação de tratamento de águas residuárias.

Indústria de Editorial e Gráfica

Papel, resto de tinta, papelão e arame.

Indústrias Diversas Os resíduos sólidos gerados por este grupo incluem desde materiais inertes (plásticos, metais, papéis), resíduos específicos dos materiais produzidos até resíduos sólidos contendo substâncias tóxicas.

Dentro destas condições, foram levantadas quantidades de RSI recebidos

e tratados no Brasil por empresas privadas, de acordo com a tecnologia utilizada no

processo de tratamento. O quadro abaixo apresenta estas quantidades no período

de 2006 e 2007. Quadro 5. Quantidades de RSI coletados e tratados no Brasil

Nos gráficos a seguir há a representatividade do percentual destas

quantidades, em relação ao total de RSI tratados, em 2006 e 2007, respectivamente.

59

Figura 21. Percentual do total coletado e tratado de RSI no Brasil em 2006/2007

Nas indústrias, o tratamento dos resíduos constituintes de passivos

ambientais apresenta-se de forma crescente. A tabela a seguir apresenta as

quantidades dos resíduos industriais tratados em relação à origem dos resíduos:

Quadro 6. Quantidades de resíduos tratados em relação à sua origem

60

Isto ocorre, principalmente, pelo custo de transporte dos resíduos e,

também, pelas restrições e dificuldades impostas por diversos estados no

recebimento de resíduos provenientes de outros estados. Segundo a CETESB,

estudos realizados no ano de 1996 mostraram, de acordo com os gráficos a seguir,

que as indústrias do Estado de São Paulo geraram por ano mais de 500 mil

toneladas de resíduos sólidos perigosos; cerca de 20 milhões de toneladas de

resíduos sólidos não-inertes e não-perigosos; e acima de um milhão de toneladas de

resíduos inertes. Os estudos revelaram, ainda, que 53% dos resíduos perigosos são

tratados, 31% são armazenados e os 16% restantes são depositados no solo.

Figura 22. Maiores geradores de resíduos industriais perigosos (Classe I) no Estado de São Paulo (1996). Fonte: CETESB. Inventário de resíduos industriais - 1996

61

Figura 23. Tratamento e disposição final de resíduos industriais perigosos (Classe I) no Estado de São Paulo (1996). Fonte: CETESB. Inventário de resíduos industriais - 1996

Diante dessa situação o setor, por meio da análise de projetos de

sistemas de armazenamento, reaproveitamento, tratamento e/ou disposição final de

resíduos sólidos industriais, e da elaboração/revisão de normas técnicas, legislação

ambiental estadual e federal e resoluções, tem contribuído para a melhoria dos

índices de qualidade ambiental.

5.5 RESÍDUOS SÓLIDOS DE CONSTRUÇÃO (RSC)

Nos últimos anos tem aumentado as preocupações com o saneamento

dos ambientes urbanos e a necessidade de ampliar o conceito desse termo para a

totalidade dos componentes que interferem com a qualidade de vida da sociedade;

mas nos resíduos de construção e demolição (RCD) não se tem dado ênfase.

Os resíduos provenientes da construção civil, além dos problemas

semelhantes aos resíduos domésticos, apresentam agravantes, pois a quantidade

dos volumes produzidos, os impactos ambientais gerados, os custos sociais

envolvidos são desconhecidos, inclusive as possibilidades do reaproveitamento

desse material são mínimas.

Segundo Pinto (2000) faz-se necessário a formulação de uma

metodologia para a gestão diferenciada de resíduos sólidos da construção urbana

62

como novo modelo para a superação dos problemas econômicos e ambientais

existentes.

A Metodologia para a Gestão Diferenciada é um conjunto de ações de

entes públicos e privados, visando à reorientação de sua prática, para que recursos

naturais não renováveis sejam usados com racionalidade e o ambiente seja

preservado da disposição aleatória de resíduos com elevado potencial de

aproveitamento. Esse modelo de gestão originou-se a partir da constatação de que

as sociedades nunca consumiram tantos recursos naturais e geraram tantos

resíduos como na atualidade e, em função disso, é dever do Poder Público, a

interrupção de práticas coadjuvantes, por serem meramente corretivas; sendo

necessária a estruturação de redes de áreas descentralizadas para a captação e a

reciclagem de resíduos provenientes das atividades de construção civil.

A aplicação dessa metodologia permitirá o desenvolvimento de

procedimentos adequados para minimizar e valorizar os resíduos, com redução de

custos aliada à preservação ambiental.

5.6 DISPOSIÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS

No Brasil, as formas de disposição final são usualmente designadas como

lixão ou vazadouro a céu aberto, aterros controlados e aterros sanitários.

Lixão ou vazadouro a céu aberto: é uma forma inadequada de

disposição final de resíduos sólidos, caracterizada pela simples descarga de lixo de

forma descontrolada sobre o substrato rochoso ou solo. Não há critérios técnicos

para escolha e operação dessas áreas. Os resíduos depositados diretamente no

solo podem contaminar o solo, as águas superficiais e subterrâneas, causando

grande impacto negativo ao meio ambiente e colocando em risco a saúde pública.

Com a aprovação e o sancionamento da lei 12305/10 que estabelece a

Política Nacional de Resíduos Sólidos, a existência de lixões não será permitida.

63

Figura 24. Lixão a céu aberto. Fonte: www.ib.usp.br

Aterro controlado: esse sistema prescinde da coleta e tratamento do

chorume, assim como da drenagem e queima do biogás, não evitando os problemas

de poluição. No mais, o aterro controlado deve ser construído e operado exatamente

como um aterro sanitário.

Aterro sanitário: esse sistema está baseado em estudos de engenharia e

normas operacionais específicas, é utilizado para disposição de resíduos sólidos no

solo de forma controlada e segura, reduzindo ao máximo os impactos causados ao

meio ambiente e preservando a saúde pública.

O local para receber o lixo deve estar totalmente impermeabilizado. A

impermeabilização é feita através de Geomembrana de PVC Vinimanta acoplada

com manta geotêxtil, recoberta por uma camada de aproximadamente 50 cm de

argila compactada.

64

Figura 25. Impermeabilização de base - aterro sanitário - Nova Iguaçu-RJ. Fonte: S.A. Paulista/ Adriana Filipetto

Posteriormente à impermeabilização, os resíduos são depositados e

compactados em camadas sobre o solo devidamente impermeabilizado. Sobre a

camada de argila compactada são assentados tubos perfurados (drenantes),

verticalmente e horizontalmente, recobertos com pedras marroadas e revestidos por

uma manta bidim, a qual evita a colmatação do sistema de drenagem, que tem como

finalidade o recolhimento dos líquidos percolados (chorume) e eliminação de gases

(metano, sulfídrico, mercaptana etc.).

O chorume é um líquido escuro contendo alta carga poluidora, o que pode

ocasionar diversos efeitos sobre o meio ambiente. O potencial de impacto deste

efluente está relacionado com a alta concentração de matéria orgânica, reduzida

biodegradabilidade, presença de metais pesados e de substâncias recalcitrantes.

Ele é captado através de drenos e conduzido ao tanque de equalização que têm a

função de reter os metais pesados e homogeneizar os afluentes. Em seguida é

conduzido à lagoa anaeróbica onde bactérias vão atacar a parte orgânica,

provocando a biodegradação. Para complementar a biodegradação, o chorume é

conduzido para a lagoa facultativa, que irá tratá-lo por processo aeróbico e

65

anaeróbico. Os efluentes após passarem por este sistema de tratamento e com a

redução de sua carga orgânica em torno de 89 a 92% são lançados nos rios, neste

momento não causarão mais danos ao meio ambiente.

O biogás gerado nos aterros sanitários deve ser drenado e queimado

para mitigação dos efeitos causados pelo seu lançamento na atmosfera,

notadamente no que concerne a potencialização do efeito estufa, ou ser utilizado

como uma fonte energética em potencial.

Cada setor do aterro sanitário esgotado deve ser objeto de contínuo e

permanente monitoramento para avaliar as obras de captação dos percolados, a

drenagem das águas superficiais, o sistema dos gases e a eficiência dos trabalhos

de revegetação da área.

Figura 26. Aterro Sanitário - Nova Iguaçu- RJ. Fonte: S.A. Paulista/ Adriana Filipetto

66

5.7 POLÍTICA NACIONAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

Com relação à Política Nacional de Resíduos Sólidos, as primeiras

iniciativas legislativas para a definição de diretrizes à área de resíduos sólidos

surgiram no final da década de 80. Desde então, foram elaborados mais de 70

Projetos de Lei, só agora o país conta com uma lei que disciplina de forma

abrangente a gestão de resíduos sólidos no território nacional. Em agosto de 2010

foi sancionada a lei 12305/2010 que estabelece a Política Nacional de Resíduos

Sólidos, criando um marco regulatório no país na área dos resíduos sólidos.

Sendo o resultado de uma ampla discussão com órgãos do governo,

instituições privadas, organizações do terceiro setor e sociedade civil, a Política

Nacional de Resíduos Sólidos reúne objetivos, princípios, instrumentos e diretrizes

para a gestão dos resíduos sólidos.

O sancionamento da lei 12305/20120 beneficiará todo o território

nacional, por meio da regulação dos resíduos sólidos desde a sua geração à

disposição final, de forma continuada e sustentável, com reflexos positivos no âmbito

social, ambiental e econômico, norteando os Estados e Municípios para a adequada

gestão de resíduos sólidos.

A lei faz a distinção entre resíduo (lixo que pode ser reaproveitado ou

reciclado) e rejeito (o que não é passível de reaproveitamento), além de se referir a

todo tipo de resíduo: doméstico, industrial, da construção civil, eletroeletrônico,

lâmpadas de vapores mercuriais, agrosilvopastoril, da área de saúde e perigosos.

Os principais objetivos da nova lei são:

• A não-geração, redução, reutilização e tratamento de resíduos sólidos;

• Destinação final ambientalmente adequada dos rejeitos;

• Diminuição do uso dos recursos naturais (água e energia, por exemplo)

no processo de produção de novos produtos;

• Intensificação de ações de educação ambiental;

• Aumento da reciclagem no país;

• Promoção da inclusão social;

• Geração de emprego e renda para catadores de materiais recicláveis;

• Erradicação do trabalho infanto-juvenil nos lixões.

67

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O atual modelo econômico estimula um consumo crescente e

irresponsável de bens materiais, mas a cada dia percebemos que há um limite para

essas práticas consumistas, pois nos deparamos com algumas das consequências

indesejáveis desse tipo de ação humana; como a contaminação da água, o

esgotamento do solo e a crescente poluição atmosférica, principalmente nas

grandes cidades.

Os problemas causados pela poluição são diversos e apresentam

diferentes graus de complexidade, pois variam conforme o caso e as características

específicas da região que sofreu o impacto ambiental. As soluções para mitigar os

efeitos negativos do poluente serão dispendiosas para a sociedade caso as medidas

a serem tomadas não apresentem ações preventivas e, também, caso não ocorra o

envolvimento, além do Poder Publico, das empresas, do terceiro setor e da própria

população.

Estender a Educação Ambiental em todos os setores da sociedade será

fundamental para que possamos mudar comportamentos, posturas e práticas

habituais nocivas ao meio ambiente e estabelecer atitudes que verdadeiramente

visem ao desenvolvimento sustentável.

Portanto, as questões ambientais não devem ser tratadas apenas como

um conjunto de temáticas para proteger a vida dos seres vivos, mas também

promover melhorias do meio ambiente com ações concretas que transformem esta

realidade e obtenha qualidade de vida para todos.

68

REFERÊNCIAS

ABES, Associação Brasileira De Engenharia Sanitária e Ambiental. Resíduos Sólidos Urbanos - Coleta e Destino Final. Ceará, 2006.112p.Disponível em

http://www.abes-dn.org.br/portal. Acesso em 21 nov. 2010.

AMARAL, D.M.; PIUBELI, F.A. A poluição atmosférica interferindo na qualidade de vida da sociedade. In: X SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 2003,

Bauru, UNESP, 2003. p. 2-10.

ANVISA- Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 182p.

ARAÚJO, M. H. Considerações sobre plano de manejo de resíduos sólidos na indústria gráfica: o estudo de caso da Versacolor Rótulos e Etiquetas Adesivas Ltda - 2010. 46f. Monografia (Especialização)- Universidade São Judas

Tadeu, São Paulo, 2010.

BESSA, E.B.; Poluição e Tratamento de Água. Revista Química Nova na Escola,

São Paulo, n. 10, p.21-25, 1999.

BROWN, L.R.; Plano B 4.0: Mobilização Para Salvar a Civilização. São Paulo. New

Content. 2010.421p.

CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. AR – 2001- Disponível

em: http://www.cetesb.sp.gov.br/Ar-Cetesb.mht . Acesso em 8 dez. 2010.

CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Águas Subterrâneas –

2001 - Disponível em:

http://www.cetesb.sp.gov.br/Solo/agua_sub/importancia.asp.Acesso em 21 nov.

2010.

CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Relatório de Qualidade do Ar no Estado de São Paulo – 2010 - Disponível em:

<http://www.cetesb.sp.gov.br/Ar/publicacoes.asp>.

69

CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Solo – 2001 - Disponível

em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/Solo/agua_sub/importancia.asp>|Acesso em 21

nov. 2010.

COELHO, M. S. Z. S. (2007). Uma Análise Estatística com Vistas a Previsibilidade de Internações por Doenças Respiratórias em Função de Condições Metereotrópicas na Cidade de São Paulo. 2007. 179f. Tese

(Doutorado) – Instituto de Astronomia e Geofísica e Ciências Atmosféricas da

Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resoluções do Conama: resoluções.

DEL PINO, J. C.; KRUGER V.. FERREIRA, M. Poluição do Ar. Porto Alegre: Instituto

de Química do Rio Grande do Sul, 1996.75p.

DUCHIADE, M. P. Poluição do ar e Doenças Respiratórias; Uma Revisão. Cad.

Saúde Públ., Rio de Janeiro, 8 (3): 311-330, jul/set, 1992.

FELIPETTO, A.; Minimização de Gases de Efeito Estufa e Aproveitamento Energético do Biogás na CTR Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, 37p., 2005.

FIESP - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Resíduos Sólidos. São

Paulo. 2010. Disponível em

<http://www.fiesp.com.br/ambiente/area_tematicas/residuos.aspx.> Acesso em 9

jan.2010.

GALVÃO FILHO, J. B. Poluição do Ar, Aspectos Técnicos e Econômicos do Meio Ambiente. São Paulo: Engenharia Consultoria e Planejamento Ambiental,

189, 25p.

GERAQUE, E. A.; Perigo no ar: Apesar dos avanços nos últimos 20 anos, a

poluição atmosférica continua a ser um problema grave de saúde pública em São

Paulo. Revista Scientific American Brasil, São Paulo, n.54, p. 1-7, 2006.

70

GOMES, A.; Legislação Ambiental e Direito: Um Olhar Sobre o Artigo 225 da

Constituição da República Federativa do Brasil. REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE ADMINISTRAÇÃO, Garça, n.14, p.1-8, 2008.

GOUVEIA, N.; FREITAS, C. U.; MARTINS, L. C.; MARCÍLIO, I. O. Hospitalizações

por causas respiratórias e cardiovasculares associadas à contaminação atmosférica

na cidade de São Paulo, Brasil. Cad. Saúde Públ., Rio de Janeiro, v.22, n.12, 2006.

IPT- Instituto de Pesquisas Tecnológicas. Relatório Técnico - Saneamento Ambiental, 2007.p.1-32. Disponível em < HTTP://www.sigrh.sp.gov.br.> Acesso em:

28 dez. 2010.

LAMPARELLI, M. C.; (2010). O papel do biólogo no monitoramento da qualidade das águas do Estado de São Paulo. Bio Brasilis, São Paulo, n. 1, p. 9-

13, 2010.

LATORRE, M. R. D. O.; MARTINS, L. C.; SALDIVA, P. H. N.; BRAGA, A. L. F.

Relação entre poluição atmosférica e atendimento por infecções de vias aéreas

superiores no município de São Paulo: avaliação do rodízio de veículos. Revista Brasileira de Epidemiologia, São Paulo, v.4, n.3, p.220-229., 2001.

LEMOS, M. M. G.; (2010) Qualidade dos Ecossistemas Terrestres. BioBrasilis, São

Paulo, n. 1, p. 13-16, 2010.

LIMA, R. S. R.; LIMA, R.; OKANO, N. H. Saneamento Ambiental. Cartilha temática,

CREA-Pr, Paraná, p.9-22, 2010 .

LISBOA, H. M.; Efeitos causados pela poluição atmosférica. In: Controle da Poluição

Atmosférica. São Carlos: Universidade Federal de são Carlos, 2007. p.1-34.

MACEDO, S. L. V.; PROBLEMAS AMBIENTAIS URBANOS CAUSADOS PELO TRÂNSITO NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO – RMSP. São Paulo.

Disponível em <http:

www.nossasaopaulo.org.br/portal/files/ProblemasAmbientaisUrbanos.pdf> Acesso

em: 29.12.2010.

71

MOTTA, R. S.; MENDES, A. P. F.;Custos de Saúde Associados à Poluição do Ar no Brasil . IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Brasília, 1994. 36p.

MOURA, R.; Requisitos de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde em - Municípios de Menor Porte - 2010.15f. Monografia (Especialização) -

Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Goiás, 2010.

Nacional do Meio Ambiente. – Brasília: Conama, 2008. p.928.

NASS, D. P.; O Conceito de Poluição. Revista Eletrônica de Ciências, São Carlos,

n. 13, p. 1-2, 2002.

OLIVEIRA, F. J. S.; JUCÁ, J. F. T.; Acúmulo de metais pesados e capacidade de

impermeabilização do solo imediatamente abaixo de uma célula de um aterro de resíduos sólidos. Engenharia Sanitária e Ambiental.,Rio de Janeiro, v.9, n.3,

2004.

PÁDUA, V. L. (Coord). Esgotamento Sanitário - Qualidade da Água e Controle da Poluição. Minas Gerais: Nucase - Núcleo Sudeste de Capacitação e Extensão

Tecnológica em Saneamento Ambiental, 2007. 72 p.

PEREIRA JÚNIOR, J. S. Legislação Brasileira Sobre Poluição do Ar. Brasília:

Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados, 2007.12p.

PEREIRA, L. A.; LOOMIS, D.; CONCEIÇÃO, G. M.; BRAGA, H.; ARCAS, R. M.;

KISHI, H. S.; SINGER, J. M.;, BOHM, SALDIVA, P. H.; Association between air

poluition and intrauterine mortality in São Paulo, Brazil. Journal Environmental Health Perspectives. V.106, n.6. p.325-329,1998.

PINTO, T. P.; Metodologia para a gestão diferenciada de resíduos sólidos da construção urbana.1999. 218f. Tese (Doutorado) – Escola Politécnica,

Universidade de São Paulo, São Paulo, 1999.

QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Poluição e Tratamento de Água N° 10, NOVEMBRO

1999

REIS JÚNIOR, N. C. Poluição do ar. Espírito Santo: Centro Tecnológico da

Universidade Federal do Espírito Santo, 1999.52p.

72

RUSSO, P. R., Poluição atmosférica: refletindo sobre a qualidade ambiental em áreas urbanas. Rio de Janeiro: CEDERJ. Disponível em <HTTP://

WWW.portal.cederj.edu.br>Acesso em 21 nov. 2010.

São Paulo (Estado). Relatório Técnico- Saneamento Ambiental, Secretaria do Meio

Ambiente, 2006. Disponível em < HTTP://www.sigrh.sp.gov.br.> Acesso em: 14 nov.

2010.

SILVA, F. C. Poluição Ambiental, Módulo Saneamento, FCH/UCP. Braga, Portugal,

p. 2 - 26, 2009.

SILVA, S. R.;PROCÓPIO,S. O.; QUEIROZ, T. F. N.; DIAS, L. E. Caracterização de

rejeito de mineração de ouro para avaliação de solubilização de metais pesados e

arsênio e revegetação local. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Minas Gerais,

n.28, p. 189-196, 2004.

SILVA, J. S. Estudo do reaproveitamento dos resíduos sólidos industriais na região metropolitana de João Pessoa (Bayeux, Cabedelo, João Pessoa e Santa Rita)2004.111p. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal da Paraíba, João

Pessoa, 2004.

SOARES, S. R. A.; BERNARDES, R. S.; NETTO, O. M. C.; Relações entre

saneamento, saúde pública e meio ambiente: elementos para formulação de um

modelo de planejamento em saneamento. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 18

(6):1713-1724, dez. 2002.

SPERLING, M. V.; Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. Minas Gerais: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental -

Universidade Federal de Minas Gerais, 2005, 452p.

VALENTIM, L. S. O.; Requalificação Urbana, requalificação do solo e riscos à

saúde.São Paulo: Fapesp, Annablume, 2007.159p.

ZANTA, V, M.; FERREIRA, C. F. A.; Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos. In: CASTILHOS JÚNIOR, A. B. C. (Coord.) São Carlos:

Departamento de Saneamento Ambiental da Universidade Federal de São Carlos,

2003. p.1-274.