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  TRABALHO FI NAL: DIAL OGISMO ESTUDOS SOBRE DISCURSO, ENUNCIAÇÃO, GÊNERO E TEXTO NUNO ALVES I. Finismundo: a última viagem “Último Odisseu multi-  Ardiloso - no extremo  Avernotenso limite -re- Propõe a viagem. Onde de Hércules as vigilantes colunas onde escarmentam: vedando mais um passo - onde passar avante !uer di"ertrans- gredir a medida as si- gilosas siglas do #$o. Onde  A des mesura %ú&ris-propensa ad- 'erte: n$o  Ao nauta - Odisseu ( )ranca erigindo a capit*nea +a&e,a ao alvo endere,ada pre medita: trans- passar o passo: o impasse- -a-ser: enigma /esolto ( se a0inal em Finas carenas deensal0irado desdém - ousar

Haroldo de Campos e dialogia

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breve análise de poema de haroldo de campos, sob a perspectiva da dialogia.

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TRABALHO FINAL: DIALOGISMO

ESTUDOS SOBRE DISCURSO, ENUNCIAO, GNERO E TEXTONUNO ALVES Finismundo: a ltima viagemltimo

Odisseu multi-

Ardiloso - no extremo

Avernotenso limite -re-

Prope a viagem.

Onde de Hrcules

as vigilantes colunas onde

escarmentam:vedando mais um

passo - onde passar avante quer

dizertrans-

gredir a medida

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gilosas siglas do No.

Onde

A desmesurahbris-propensa

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Verte: no

Ao nauta

- Odisseu (

Branca erigindo a capitnea

Cabea ao alvo endereada )

pre

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passar o passo: o impasse-

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enigma

Resolto

( se afinal ) em

Finas carenas

deensalfirado desdm

- ousar

Ousar o mais:

O terico russo Mikhail Bakhtin desenvolveu o conceito de dialogismo em sua obra, nela ela examina o conceito de dialogismo sob diferentes perspectivas e tambm estuda detalhadamente suas manifestaes em diferentes enunciados. Segundo o terico, a lngua emseu uso real, tem a dialogia como propriedade; portantoos enunciados, durante a comunicao, so dialgicos. Neles existe uma dialogizao intrnseca com o uso da palavra, e que transpassada pela palavra de outro, portanto:todo enunciador para constituir um discurso, leva em conta o discurso de outrem, utilizando-o de alguma maneira no seu discursoDesta forma o primeiro conceito de dialogismo nos explica o real modo de funcionamento da linguagem, onde todos os enunciados formam-se a partir de outro. As formaes sociais constituem mltiplos enunciados nos quais esto em circulao e so sobre vrios temas, e abrangem diversas reas do conhecimento, e eles podem ser do passado, ou ainda ligados tradio da qual a atualidade depende, ou mesmo o futuro com enunciados que utilizaro os objetivos da nossa contemporaneidade. Nela atuam foras centrpetas e centrifugas. Foras como centrpetas atuariam no sentido de centralizar no enunciado o plurilingusmo da atual realidade, as foras como centrifugas buscariam corroer principalmente porcomicidade, atendncia cetralizantes das foras centrpetas:

"Com os conceitos de forcas centrpetas e centrifugas, Bakhtin desvela o fato de que a circulao das vozes numa formao social est submetida ao poder. No h neutralidade no jogo das vozes. Ao contrrio, ele tem uma dimenso poltica, uma vez que as vozes no circulam fora do exerccio do poder: no se diz o que se quer, quando se quer, como se quer." (p. 32)

O poema Finismundo: a tlima viagem pode ser usada como exemplo de um enunciado composto por dialogismo. H nele exemplos claros extrados da literatura (Odissia de Homero) :

ltimo

Odisseu multi-

Ardilosoe da mitologia Grega (o heri Hracles):

Onde de Hrcules

as vigilantes colunas ondeE podemos tambm verificar no poema de Haroldo de Campos que a dialogia ocorre de encontro a uma srie procedimentos estilsticos, configurando-se a partir de uma obra aberta,descrita por Eco, com componentes estilsticos domovimento neo-barroco, e de estrutura que remete a logopiade Pound:A Logopia:Logopia: A dana do intelecto entre as palavras; que trabalha no domnio especifico das manifestaes verbais e no se pode conter em msica ou em plstica. (Pound, pg.63).

A Logopeia de Poundpode ser considerada como a matria intelectual constituinte do poema; o elemento que se retira pelo texto de forma geral, ou seja,pela sintaxe do texto, tantona lgica de sua organizao como em sua carga semntica, e tambm por suas referncias e influncias artsticas, culturais, e sonoras. possvel utilizar o poema, formado por logopia, fazer uma viagem no espao-tempo e dialogar com a memria e cultura de toda uma civilizao, como a do povo grego: Ao nauta

- Odisseu (

Branca erigindo a capitnea

Cabea ao alvo endereada )

pre

medita:O Neobarroco:O neobarroco no uma escola; no tem princpios normativos como o verso livre ou as palavras em liberdade.(DANIEL, 2004). O neobarroco pode ser caracterizado por sua esttica da miscigenao onde ocorre uma quebra de paradigmas entre uma vasta lista de repertrios, e principalmente com uma mesclado erudito e do popular, e ainda do neologismo e do arcasmo, dacultura ocidental e da oriental, tambm do potico e do prosaico, constituindo um hibridismo, que utilizatoda a tradio desenvolvida a partir do Sculo de Ouro, com forte composio imagtica e metafrica:

Onde de Hrcules

as vigilantes colunas onde

escarmentam:vedando mais um

passo - onde passar avante quer

dizertrans-

gredir a medida

as si-

gilosas siglas do No.

Onde

A desmesurahbris-propensa

ad-

Verte: no

A Obra aberta O estiloneobarroco, por ter caractersticas que levam ambiguidade,trabalham a favor da proliferao de mltiplos sentidos e significados; portanto, o poema Finismundo se aproxima do conceito deobra de arte aberta, quefoi formulado pelo italiano Umberto Eco. O conceito coloca em xeque todas as tradicionais:continuidade, de lei universal, de relao causal, de previsibilidade dos fenmenos (Eco, 1976: 205-206). possvel observar pontos que convergem como: a nfase na imagem que a escolha da palavra transmite:

Branca erigindo a capitnea

Cabea ao alvo endereada )na metfora, utilizada para sua construo, e que muitas vezes possui um carter vazio:

- onde passar avante quer

dizertrans-

gredir a medida

as si-

gilosas siglas do No.

a construo de sintaxe em formato de labirinto; a semntica apurada, o conflito entre o significante e o significado, conforme a teoria de signo de Saussure:

A desmesurahbris-propensa

ad-

Verte: no

Ao nauta

- Odisseu (

Branca erigindo a capitnea

Cabea ao alvo endereada )

pre

medita:trans-

passar o passo: o impasse-

-a-ser:

enigmabem como o uso de recursos como a anfora e a hiprbole:

ltimo

Odisseu multi-

Ardiloso - no extremo

Avernotenso limiteO neobarroco se caracteriza em essncia por se tratar de arte pardica, quese utiliza de gneros consolidados como o romance, a novela, o soneto etc. A respeito do neobarroco Jos Kozer diz: Um sumrio da poesia neobarroca incluiria noes tais como disperso, a reapropriao de estilos formais, estilos que movem-se em paisagens brbaras, onde as runas so reunidas, uma escrita onde otrobarcluse o hermtico proliferam, onde h grande turbulncia, misturas no-naturais, uma alegria engrenada para combinar linguagens, a dissoluo do sentido unidirecional, sem aplauso para o self ou o ego ou o eu: polifonia, polivalncia e versatilidade, utilizao dos estilos anteriores de forma a desconstru-los, criando uma verdadeira exploso de diferentes formas de escrita, um terreno de materiais, uma assinatura em direo ao feio, ao srdido, ao reciclvel, tudo aquilo caracteriza o neobarroco..So bastante apropriadas as relaes dialgicas que vc aponta no trecho1. Discurso direto

No discurso direto as personagens, de um texto literrio ou no, tomam a vez e ganham voz. Eleocorre principalmente em dilogos, permitindo que traos tanto da fala como da personalidade das personagens sejam expostos no texto; portanto o discurso direto deve fielmente reproduzir as falas. No artigo elas aparecem em:

"Voc precisa beij-la", insisti. "Daqui a cinco minutos ela vai achar que voc no gosta dela."

Que reproduz a fala do jornalista ao amigo gringo.

"Nos somos mais carinhosos do que vocs".Que reproduz a fala tpica de um brasileiro diante do comportamento do brasileiro.

"No, vocs so possessivos e ciumentos".Que reproduz a fala de estrangeiros ao comportamento brasileiro. 2. Discurso indiretoNo discurso indireto o prprio narrador conta a histriareproduzindo a fala, e tambm as reaes das personagens. Normalmente ele escrito na terceira pessoa; e nesse caso, o narrador utiliza de suas palavras para tentar reproduzir aquilo que foi dito pela personagem. No artigo elas aparecem em:Ele estava acostumado com o padro americano: conversar, pegar o telefone, ligar, jantar, evitar pratos com alho porque talvez v beijar -mas talvez no. Se for, que seja em um cantinho escuro ou aps um "vamos para outro lugar". O padro brasileiro outro: gostou, beijou.

Que reproduz a fala do amigo norte americano do jornalista, e descreve como o comportamento norte americano diante de uma paquera. Depois, ela me deu uma grande bronca. Eu a tinha deixado "sozinha".

Que reproduz a reao da namorado do jornalista durante uma festa que os dois participaram. 3. AspasAspas so utilizadas para demarcar ao longo de uma narrativa alguma palavra ou expresso que deve ser atribuda a outro discurso prvio. No artigo elas aparecem em:"Aqui?", respondeu ele. "Na sua frente? De jeito nenhum!" E no beijou mesmo. Mais tarde, a mineira me diria: "Seu amigo me esnobou."A primeira aspa faz referncia a fala do amigo do jornalista, quando ele diz que ele deve beijar a moa no bar. A segunda aspa remete a uma segunda fala do amigo do jornalista diante do fato de que deveria beijar a moa. Por ltimo o jornalista incluir uma fala da moa que demonstra a reao dela diante do fato de o amigo do jornalista no a ter beijado no bar.

Depois, ela me deu uma grande bronca. Eu a tinha deixado "sozinha".

A aspa utilizada ao fim da fala do jornalista remete ao termo utilizado pela namorada dele. 4. Polmica claraA polmica clara aparece no discurso para descrever a divergncia entre discursos, esta divergncia aparece de forma clara e objetiva; como acontece em debates polticos, por exemplo, portanto uma ideia contrria a outra. No texto elas aparecem em: Sempre achei esquisito que casais brasileiros, quando saem com amigos ou para uma festa, nunca se soltam. No meu pas, o casal pode chegar junto, mas se separa para socializar. Num restaurante pode at no sentar ao lado do parceiro, ideia que alguns brasileiros acham bizarra.No enxerto acima esto destacadas duas posies antagnicas sobre o comportamento de casais quando vo a eventos sociais, as diferenas ocorrem de acordo com o pas de cada um: no Brasil o comum que casais no se soltem, enquanto nos EUA o comum que eles se separem para socializar. Na segunda parte do trabalho, a questo da dialogia ficou meio de fora, desapareceu; teria sido importante retomar o objetivo principal do trabalho. Nota 8,0, IzaREFERNCIAS BIBLIOGRFICAS Campos, Haroldo de. Crisantempo: no espao curvo nasce um. So Paulo: Perspectiva, 2004. (Signos, 24).KOZER, Jos.O neobarroco: um convergente na poesia latino-americana, in revistaZuni,www.revistazunai.com.br, 2004.

ECO, Umberto.Obra aberta. So Paulo: ed. Perspectiva, 1976ABC da literatura/Ezra Pound; organizao, traduo e apresentao da edio brasileira Augusto de Campos e Jos Paulo Paes. 11. Ed. So Paulo: Cultrix, 2006.

Porsculo de ouroentende-se a poca clssica e apogeu da cultura espanhola, essencialmente desde oRenascimentodo sculo XVI at oBarrocodo sc. XVII.

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caberia uma breve introduo para explicar como a dialogia pode se manifestar por meio de outros recursos