HC Jorge Bichara - Heytor NOVA-2

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Habeas Corpus perfeito. Excelente peça juridica.

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EXMOS

2

EXCELENTSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DA COLENDA CMARA CRIMINAL DO ESTADO DA PARABA - TJ/PB.

O POSTULADO CONSTITUCIONAL DA NO-CULPABILIDADE IMPEDE QUE O ESTADO TRATE, COMO SE CULPADO FOSSE, AQUELE QUE AINDA NO SOFREU CONDENAO PENAL IRRECORRVEL. - A prerrogativa jurdica da liberdade - que possui extrao constitucional (CF, art. 5, LXI e LXV) - no pode ser ofendida por interpretaes doutrinrias ou jurisprudenciais, que, fundadas em preocupante discurso de contedo autoritrio, culminam por consagrar, paradoxalmente, em detrimento de direitos e garantias fundamentais proclamados pela Constituio da Repblica, a ideologia da lei e da ordem. Mesmo que se trate de pessoa acusada da suposta prtica de crime hediondo, e at que sobrevenha sentena penal condenatria irrecorrvel, no se revela possvel - por efeito de insupervel vedao constitucional (CF, art. 5, LVII) - presumir-lhe a culpabilidade. Ningum pode ser tratado como culpado, qualquer que seja a natureza do ilcito penal cuja prtica lhe tenha sido atribuda, sem que exista, a esse respeito, deciso judicial condenatria transitada em julgado. O princpio constitucional da no-culpabilidade, em nosso sistema jurdico, consagra uma regra de tratamento que impede o Poder Pblico de agir e de se comportar, em relao ao suspeito, ao indiciado, ao denunciado ou ao ru, como se estes j houvessem sido condenados, definitivamente, por sentena do Poder Judicirio. Precedentes. (STF - HC 89501 / GO, Rel.: Min. CELSO DE MELLO, Julgamento: 12/12/2006, 2 T, DJ 16-03-2007 PP-00043, EMENT VOL-02268-03 PP-00530)

A priso cautelar - qualquer que seja a modalidade que ostente no ordenamento positivo brasileiro (priso em flagrante, priso temporria, priso preventiva, priso decorrente de sentena de pronncia ou priso motivada por condenao penal recorrvel) -somente se legitima, se comprovar, com apoio em base emprica idnea, a real necessidade da adoo, pelo Estado, dessa extraordinria medida de constrio do "status libertatis" do indiciado ou do ru. Precedentes.(STF - HC 89501 / GO, Rel.: Min. CELSO DE MELLO, DJ 16.03.2007)

Joo Eliazar Bezerra, Nilo Luis Ramalho Vieira, e Heytor Cavalcanti Ferreira Leite brasileiros, paraibanos, Advogados, regularmente inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional da Paraba, sob os ns 3379, 17.664 e 15.281 todos com escritrio na Av. Epitcio Pessoa, 475, sl. 802, Bairro dos Estados, Joo Pessoa, Paraba, vm pelo direito de JORGE GABRIEL DA SILVA BICHARA, brasileiro, mecnico, natural de Joo Pessoa-PB, portador de CPF n 077.640.364-80, residente e domiciliado na Av. Floriano Peixoto, 152, Bairro de Jaguaribe, nesta capital, por esta e na melhor forma de direito, augusta presena de V. Ex.a., para interpor com fundamento nos arts. 5, LXVIII, CF; 647, caput e 648, VI, CPP a presente

O R D E M D E H A B E A S C O R P U S c o m P L E I T O L I M I N A R

nos seguintes termos a seguir delineados;

01. Sinopse ftica

EXCELNCIA, por fora de priso em flagrante realizada no dia 24.11.12 e posteriormente transformada em priso preventiva 10.12.12, encontra-se o paciente detido cautelarmente h 33 (trinta e trs) dias. A priso preventiva decretada teve cunho eminentemente de antecipao de pena, isto porque no se busca uma medida de precauo, de resguardo da colheita da prova e para garantir a realizao das buscas processuais ou seja, por necessidade processual.

A VTIMA J PRESTOU DEPOIMENTO, BEM COMO OUTRAS TESTEMUNHAS, E J H NOS AUTOS PRINCIPAIS PROVIMENTO PROCESSUAL (REPRESENTAO) CONTRA O PACIENTE, O QUE TORNA SEU CRCERE INCUO, POIS AS PROVAS J ESTO COLHIDAS NO INQURITO.

Inobstante isto, j h nos autos elementos probatrios e indicirios suficientes a respaldar a abertura da lide, sem que necessitasse, de plano, da segregao do paciente, em detrimento de outras medidas processuais mais apropriadas ao caso.

Cremos que os fatos que serviram de base para a decretao da preventiva no servem de lastro a mant-la nesta oportunidade processual, no s pelo decurso do prazo, mas tambm pelas condies pessoais do suplicante e esvaziamento processual da medida extrema.

No bastasse isso, a converso da priso em flagrante para priso preventiva fundamenta-se na suposta ausncia de primariedade e na existncia de antecedentes do inquirido, posicionamento que afronta gritantemente a Smula 444 do STJ, bem como os princpios de inocncia e do devido processo legal, pois o suplicante possui residncia fixa nesta comarca, endereo sabido, meios prprios de subsistncia lcitos e no possuir uma personalidade voltada prtica de crimes. Quem o conhece, testemunha de sua personalidade pacata e serena. Em contrapartida, atualmente encontra-se recolhido ao crcere no Presdio do Roger, nesta capital, aguardando todo tipo de sorte e ao lado de criminosos da mais alta periculosidade.

02. Das condies pessoais do paciente;

Segundo o breve relato ftico acima, demonstra-se a saciedade que SUPLICAMOS Vossa Excelncia com supedneo no artigo 316 do Cdigo de Processo Penal, que a sua priso preventiva seja revogada como medida de extrema urgncia. Assim se requer, tendo como norte os ensinamento do artigo 59 do Cdigo Penal.

De vis, urge esclarecer que o autor, ao ser mantido em crcere, encontra-se em companhia de vrios elementos de altssima periculosidade, sem, contudo, seu crime revelar uma forma hedionda que implique em sua manuteno ao crcere, QUE NO TERIA A REPERCUSSO SE NO FOSSE A EXORBITNCIA DO APARATO POLICIAL NO LOCAL.

Quanto ao fato de responder a outros processos no meio idneo para respaldar a priso, negando, inclusive, vigncia Smula n. 444 do Superior Tribunal de Justia - STJ[footnoteRef:1], quando diz: [1: Julgada em 28/04/2010 - DJe 13/05/2010.]

STJ SMULA N 444: VEDADA A UTILIZAO DE INQURITOS POLICIAIS E AES PENAIS EM CURSO PARA AGRAVAR A PENA-BASE.

Neste sentido[footnoteRef:2]: "CONSOANTE ORIENTAO J SEDIMENTADA NESTA CORTE SUPERIOR, INQURITOS POLICIAIS OU AES PENAIS EM ANDAMENTO, OU MESMO CONDENAES AINDA NO TRANSITADAS EM JULGADO, NO PODEM SER LEVADOS CONSIDERAO DE MAUS ANTECEDENTES, M CONDUTA SOCIAL OU PERSONALIDADE DESAJUSTADA PARA A ELEVAO DA PENA-BASE, EM OBEDINCIA AO PRINCPIO DA PRESUNO DE NO-CULPABILIDADE. EXEGESE DA SMULA 444 DESTE STJ." [2: ]

De igual jaez:[footnoteRef:3] "A SIMPLES MENO AO FATO DE O ACUSADO POSSUIR ANTECEDENTES CRIMINAIS NO SE PRESTA A EMBASAR A CUSTDIA CAUTELAR." [3: (HC 221.617/MG, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 22/03/2012, DJe 04/06/2012)]

03. Da ausncia de fundamentao idnea da preventiva x condies pessoais do suplicante;

A Constituio Federal de 1988, consignou no art. 93, inciso IX, que TODAS AS DECISES DO PODER JUDICIRIO DEVEM SER FUNDAMENTADAS. Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, dispor sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princpios:

IX - todos os julgamentos dos rgos do Poder Judicirio sero pblicos, e fundamentadas todas as decises, SOB PENA DE NULIDADE, podendo a lei limitar a presena, em determinados atos, s prprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservao do direito intimidade do interessado no sigilo no prejudique o interesse pblico informao;(g.n.)

Comenta Antonio Scarance Fernandes[footnoteRef:4]: [4: processo penal constitucional. 6 ed. editora RT, pp. 127/128.]

"Agora, vista como garantia de ordem poltica, garantia da prpria jurisdio. Os destinatrios da motivao no so somente as partes e os juzes de segundo grau, mas tambm a comunidade que, pela motivao, tem condies de verificar se o juiz decide com imparcialidade e com conhecimento da causa. s partes sempre interessa verificar na motivao se as suas razoes foram objeto de exame pelo juiz. A este tambm importa a motivao, pois, mediante ela, evidncia a sua atuao imparcial e justa.(...) Segundo Taruffo, o "o contedo mnimo e essencial da garantia da motivao compreende, em sntese: 1. O enunciado das escolhas do juiz, com relao: a) individualizao das normas aplicveis; b) analise dos fatos; c) sua qualificao jurdica; d) s consequncias jurdicas destas decorrentes; 2. Nexos de implicao e coerncia entre os referidos enunciados"."

Resta consignar que aps o surgimento da lei 12.403 de 2011

Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Ttulo devero ser aplicadas observando-se a:

II - adequao da medida gravidade do crime, circunstncias do fato e condies pessoais do indiciado ou acusado.

Saliente-se que o decreto da priso preventiva deve ser realizado com extrema cautela e, relegada aos excepcionais, devendo o (a) fundament-lo de forma concreta e especfica.

Vejamos o texto legal:Art. 283. Ningum poder ser preso seno em flagrante delito ou por ordem escrita e FUNDAMENTADA da autoridade judiciria competente, em decorrncia de sentena condenatria transitada em julgado ou, no curso da investigao ou do processo, em virtude de priso temporria ou priso preventiva.Aps as inovaes ocorridas no Cdigo de Processo Penal, criou-se uma exigncia a mais para a decretao da priso preventiva. Qual seja, no poder ser aplicado - de pronto - como o caso em concreto priso, sem o estudo prvio da substituio a uma medida acessria priso. o que se extrai da leitura do inc. II do art. 310 do CPP, vejamos: Art. 310. Ao receber o auto de priso em flagrante, O JUIZ DEVER FUNDAMENTADAMENTE: I - relaxar a priso ilegal; ou II - converter a priso em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Cdigo, E SE REVELAREM INADEQUADAS OU INSUFICIENTES AS MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISO; ou III - conceder liberdade provisria, com ou sem fiana. Pargrafo nico. Se o juiz verificar, pelo auto de priso em flagrante, que o agente praticou o fato nas condies constantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Cdigo Penal, poder, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisria, mediante termo de comparecimento a todos os atos processuais, sob pena de revogao. Resta claro que no se deteve sobre a possibilidade de substituio da priso em flagrante em uma medida cautelar priso, tendo - em uma s tacada, negado o pedido de liberdade provisria e decretada a converso de flagrante para priso preventiva - analisado somente por meios abstratos e especulaes de ndole abstrusa ferindo de morte a letra constitucional e o preceito processual vigente.

A fundamentao para negar a imposio legal contida no inciso II do art. 310 do CPP, foi que: foi dada a urgncia e necessidade de se resguardar a integridade fsica e psquica da ofendida, fazendo cessar a reiterao delitiva, que no caso no mera presuno, mas risco concreto, e tambm para assegurar o cumprimento das medidas protetivas de urgncia deferidas. (fls. 54).

Alm do mais, em nenhum momento fora detectado um comportamento agressivo durante sua priso em flagrante, como demonstra pelo interrogatrio do policial, o soldado PM Teixeira, que ao ser interrogado disse: (...) que o conduzido no tentou reagir a priso (...) A Legislao Penal Brasileira, dentre quais: o Cdigo de Processo Penal e a Lei n. 11.340 de 2006 " Lei Maria da Penha" possuem inmeros instrumentos processuais cautelares (proibio de aproximao da vtima, priso domiciliar, internao compulsria, limitao de fim de semana, monitoramento eletrnico e etc...), mas a Magistrada olvidou-se de todos estes instrumentos, fazendo especulaes abstratas e vazias para respaldar a priso.

Vale salientar que a prpria vtima fez um Termo de Declarao, pedindo a absolvio do paciente, e alm do mais, estar registrada e frequentando como companheira no estabelecimento presidional que por ora se encontra. (Doc. Anexo)

Neste sentido[footnoteRef:5]: "A simples meno aos requisitos legais da custdia preventiva, assim como a necessidade de manter a credibilidade da justia e de coibir a prtica de delitos graves, o clamor pblico e a intranquilidade e insegurana que a soltura poderia causar comunidade, sem embasamento concreto, no se prestam a embasar a segregao acautelatria." [5: (HC 241.212/DF, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado em 26/06/2012, DJe 01/08/2012)]

Registre-se que o tratamento submetido ao suplicante, reveste-se de forma cristalina de uma gravidade maior que os destinados aos crimes hediondos. A Jurisprudncia j registrou a sua irresignao quanto equiparao de tais condutas asseverando que:

"HABEAS CORPUS" - Deferimento - Liberdade provisria - Concesso a preso em flagrante por crime de roubo - Hiptese que no comporta priso preventiva - Deteno do indiciado que no se mostra necessria para assegurar a aplicao da lei penal, para a convenincia da instruo criminal ou para garantir a ordem pblica - Indivduo com renda fixa e profisso definida - Inteligncia do art. 310, pargrafo nico, do CPP RT 559/359 (g. n.).

Desta feita, resta comprovada a desnecessidade da priso do Paciente. Ora douto(a) Julgador(a), para que se manter uma pessoa no crcere quando todos os elementos lhe so favorveis e sua personalidade no ostenta risco sociedade, nem ao processo, uma vez estando em liberdade?

A priso preventiva, como modalidade de priso cautelar, na sistemtica processual moderna, medida de extrema subsidiariedade, exceo, ultima ratio. MEDIDA DE CARTER EXTREMO.

Neste norte, a percuciente lio do Magistrado Federal e Presidente da AJUFE, Dr. WALTER NUNES DA SILVA JUNIOR, ao expor: Em verdade, assim como toda e qualquer medida de urgncia cautelar, para a decretao da priso preventiva mister que seja demonstrada a sua necessidade ou imprescindibilidade, o que se faz mediante a presena de um dos seus fundamentos, que representa o periculum in mora ou periculum in Liberati (garantia da ordem pblica ou econmica, convenincia da instruo criminal ou para assegurar a aplicao da lei penal), alm dos seus pressupostos (materialidade e indcio de autoria).

O exame da jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal a respeito da tutela cautelar penal revela a preocupao da Colenda Corte de Justia em patrulhar magistrados e tribunais a fim de coibir a subsistncia dessa medida excepcional quando ela no for absolutamente necessria. Na esteira desse pensamento, nas palavras do Ministro CELSO DE MELLO, no se pode deixar de ter em conta que a privao cautelar de liberdade individual reveste-se de carter excepcional, razo pela qual, para todos os feitos, somente h de ser imposta em situaes de absoluta necessidade. Por isso mesmo, para ser legtima a supresso do direito de liberdade do agente imprescindvel que se evidenciem, com fundamento em base emprica idnea, razes cautelar de privao da liberdade do indiciado ou do ru.[footnoteRef:6](grifei) [6: CURSO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL: TEORIA (CONSTUCIONAL) DO PROCESSO PENAL, Ed. Renovar, PP. 829/830.]

Isto porque deve se perquirir entre a necessidade da medida e as garantias constitucionais que revestem o cidado, posto haver um evidente choque de direitos e este embate deve ser sopesado pelo Magistrado quando do exame da questo. Neste norte de se ressaltar a seguinte lio: "Toda vez que num processo ocorrer um choque entre o interesse social e o individual, este pugnando pela liberdade, aquele aconselhando a sua restrio, em favor da realizao do direito, a soluo deve ser dada partindo-se da ideia de que a liberdade pessoal, por ser um bem do indivduo, constitui, principalmente, um valor inalienvel da coletividade". Essa lio de WEBER MARTINS BATISTA (in Liberdade Provisria: modificaes da Lei 6416, de 24 de Maio de 1977, Rio de Janeiro, Forense, 1981, p.71-72), citada pelo Desembargador do TJSP CARLOS A. CANELLAS DE GODOY[footnoteRef:7] em recente ensaio publicado no Instituto Brasileiro de Cincias Criminais - IBCCrim. [7: GODOY, Carlos A. Canelas de. A garantia da ordem pblica como condio de decretao da priso preventiva. Disponvel na internet: http://www.ibccrim.org.br, 15.01.2003.]

Arremata o insigne Desembargador paulista que: "Essa a soluo encontrada por Weber Martins Batista (in Liberdade Provisria: modificaes da Lei 6416, de 24 de Maio de 1977, Rio de Janeiro, Forense, 1981, p.71-72), que se endossa, considerando-a de completa oportunidade em relao aos argumentos ora explicitados e, sobretudo, quanto ao real sentido a ser atribudo condio de garantia de ordem pblica quando da decretao da priso preventiva." [footnoteRef:8] [8: ob. cit.]

Ao que se refere priso preventiva fato que tem mais suscitado decises dos Tribunais, tem a Alta Corte deste Pas se posicionado seguindo as lies de BECCARIA, no sentido de que: O crcere no pode ser seno o necessrio, para impedir a fuga ou para no ocultar a prova dos delitos.

Ora a presuno de inocncia constitui, no universo penal, uma das maiores garantias fundamentais da liberdade do cidado, sendo preceito Constitucional que; a priso s deve ocorrer em casos excepcionais, mesmo que necessria, se possvel deve se usar de outros meios, como na legislao francesa, que no a priso e a severidade do tratamento penal. o que previa j a declarao dos Direitos dos Homens, de 1789. (Valdir Sznick, Liberdade, Priso cautelar e temporria, 1995, pgina 83)

No caso em testilha, no bastassem os arestos consignados no frontispcio desta splica, amealhamos alguns pronunciamentos oriundos de nossos Tribunais, acerca de pedidos deste jaez, verbis:

HABEAS CORPUS. HOMICDIO. CRIME DE TRNSITO. PRISO PREVENTIVA. DECRETO PRISIONAL PARA RESGUARDAR A SEGURANA DA ORDEM PBLICA. MOTIVAO INIDNEA. AUSNCIA DOS REQUISITOS DO ART. 312 DO CDIGO DE PROCESSO PENAL. CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. ORDEM CONCEDIDA.

1. A PRISO CAUTELAR MEDIDA DE CARTER EXCEPCIONAL DEVENDO SER DECRETADA E MANTIDA APENAS QUANDO PREENCHIDOS OS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 312 DO CDIGO DE PROCESSO PENAL, EXIGINDO-SE, PARA TANTO, SLIDA FUNDAMENTAO.

2. No subsiste, por ilegalidade evidente, manuteno de priso cautelar que se funda, exclusivamente, na mera alegao de necessidade da custdia para garantir a ordem pblica, assegurar a aplicao da lei penal e convenincia da instruo criminal, sem que tal fundamentao refira fato concreto e atual, capaz de autorizar a custdia.

3. A discusso a respeito do dolo eventual, com menor carga acusatria e culpa, em delito de trnsito, importa ser considerada, uma vez que, ESTANDO O PACIENTE, QUE POSSUI BONS ANTECEDENTES, RESIDNCIA FIXA E EMPREGO CERTO, SEGREGADO H MAIS DE 8 (OITO) MESES, COM FULCRO NA GRAVIDADE ABSTRATA DO CRIME E NA MENO DE QUE A ORDEM PBLICA ESTARIA ABALADA POR INFRAES DESSA NATUREZA, SEM A DEMONSTRAO CONCRETA DOS REQUISITOS E DA NECESSIDADE DA MEDIDA, RAZOVEL O PEDIDO DE REVOGAO DA PRISO.4. Ordem de habeas corpus concedida.(HC 224.243/SP, Rel. Ministro VASCO DELLA GIUSTINA (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RS), SEXTA TURMA, julgado em 28/02/2012, DJe 12/03/2012)

CRIMINAL. HABEAS CORPUS. TRFICO DE DROGAS. LIBERDADE PROVISRIA DEFERIDA PELO MAGISTRADO PROCESSANTE. CUSTDIA RESTABELECIDA PELO COLEGIADO DE ORIGEM. GARANTIA DA ORDEM PBLICA. GRAVIDADE ABSTRATA DO DELITO. AUSNCIA DE FUNDAMENTAO IDNEA. ARTIGO 44 DA LEI 11.343/2006. INCONSTITUCIONALIDADE DO BICE DECLARADA PELO PLENRIO DO STF. ORDEM CONCEDIDA.

I - A priso preventiva medida excepcional e deve ser decretada apenas quando devidamente amparada pelos requisitos legais, em observncia ao princpio constitucional da presuno de inocncia ou da no culpabilidade, sob pena de antecipar a reprimenda a ser cumprida quando da condenao definitiva.II - Na hiptese, a decretao de priso preventiva se fundou na necessidade de se preservar a ordem pblica em razo da gravidade abstrata do delito e suposta periculosidade do agente, dissociadas de qualquer elemento concreto, bem como na vedao legal do art. 44 da Lei 11.343/2006.III - A JURISPRUDNCIA DESTA CORTE FIRMOU-SE NO SENTIDO DE QUE A EXISTNCIA DE INDCIOS DE AUTORIA E PROVA DA MATERIALIDADE DO DELITO, BEM COMO O JUZO VALORATIVO SOBRE A GRAVIDADE GENRICA DO CRIME IMPUTADO AO PACIENTE E SUA PERICULOSIDADE ABSTRATA, NO CONSTITUEM FUNDAMENTAO IDNEA A AUTORIZAR A PRISO CAUTELAR, SE DESVINCULADOS DE QUALQUER FATOR CONCRETO ENSEJADOR DA CONFIGURAO DOS REQUISITOS DO ART. 312 DO CPP.IV - O Pleno do STF declarou a inconstitucionalidade da expresso "e liberdade provisria", constante do art. 44, caput, da Lei 11.343/2006, assim, no cabvel a manuteno da priso preventiva aos crimes de trfico de entorpecentes, em face do bice legal afastado.V - (...)VI - Deve ser cassado o acrdo recorrido para restabelecer a deciso monocrtica que concedeu ao paciente o benefcio da liberdade provisria, se por outro motivo no estiver preso, mediante as condies a serem estabelecidas pelo Magistrado singular, sem prejuzo de que seja decretada nova custdia, COM BASE EM FUNDAMENTAO CONCRETA.VII - Ordem concedida, nos termos do voto do Relator.(HC 245.703/MG, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado em 28/08/2012, DJe 05/09/2012)

HABEAS CORPUS. TRFICO E ASSOCIAO PARA O TRFICO. PACIENTE ESTAGIRIO DE DIREITO. 1. NEGATIVA DE AUTORIA. NECESSIDADE APRECIAO ACERVO FTICO PROBATRIO. IMPOSSIBILIDADE. 2. EXCESSO DE PRAZO NA FORMAO DA CULPA. SUPRESSO DE INSTNCIA. 3. PRISO PREVENTIVA. FUNDAMENTAO INIDNEA. GRAVIDADE ABSTRATA DO CRIME.PACIENTE PRIMRIO E DE BONS ANTECEDENTES. RESIDNCIA E TRABALHO FIXOS. COMPROVAO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL VERIFICADO. ORDEM PARCIALMENTE CONHECIDA E NESSA EXTENSO CONCEDIDA.

1. A via estreita do habeas corpus no se presta para a anlise da tese de negativa de autoria por demandar revolvimento do conjunto ftico-probatrio.2. A alegao de excesso de prazo na formao da instruo criminal no foi submetida e, tampouco, apreciada pelo Tribunal a quo, o que impede a sua apreciao por esta Corte Superior, sob pena de inadmissvel supresso de instncia. Precedentes.3. A liberdade, no se pode olvidar, a regra em nosso ordenamento constitucional, somente sendo possvel sua mitigao em hipteses estritamente necessrias. Contudo, a priso de natureza cautelar no conflita com a presuno de inocncia, quando devidamente fundamentada pelo juiz a sua necessidade, o que no ocorre na hiptese dos autos.4. NA ESPCIE, A ORDEM DE PRISO CARECE DE FUNDAMENTAO IDNEA, POIS DETEVE-SE, SOB O PRETEXTO GENRICO DE RESGUARDAR A ORDEM PBLICA, A FAZER ALUSES ACERCA DA GRAVIDADE ABSTRATA DOS CRIMES PRATICADOS SEM FAZER ALUSO INDIVIDUALIZAO DA PARTICIPAO DO PACIENTE, QUE PRIMRIO, TEM RESIDNCIA E TRABALHO FIXOS, NO ATENDENDO, ASSIM, S EXIGNCIAS CONTIDAS NO ART. 312 DO CDIGO DE PROCESSO PENAL, CARACTERIZANDO, PORTANTO, O ALEGADO CONSTRANGIMENTO ILEGAL.5. Habeas corpus parcialmente conhecido e nessa extenso concedido, para o fim de revogar a custdia preventiva do paciente, se por outro motivo no estiver preso.(HC 244.448/PE, Rel. Ministro MARCO AURLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 28/08/2012, DJe 09/10/2012)

HABEAS CORPUS. ESTELIONATO NA MODALIDADE SIMPLES POR DUAS VEZES.CONTINUIDADE DELITIVA. DOSIMETRIA. PENA-BASE. FIXAO BEM ACIMA DO MNIMO LEGAL. CIRCUNSTNCIAS JUDICIAIS. DESFAVORABILIDADE. FUNDAMENTAO. EXISTNCIA. SISTEMA TRIFSICO. OBSERVNCIA. INQURITOS POLICIAIS E AES PENAIS EM ANDAMENTO. SOPESAMENTO PARA A ELEVAO DA REPRIMENDA NA PRIMEIRA ETAPA DA DOSIMETRIA. IMPOSSIBILIDADE. SMULA 444 DESTE STJ. DEMAIS CIRCUNSTNCIAS JUDICIAIS. AUSNCIA DE MANIFESTA ILEGALIDADE OU ABUSO DE PODER RECONHECVEIS DE PLANO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EM PARTE EVIDENCIADO.

1. CONSOANTE ORIENTAO J SEDIMENTADA NESTA CORTE SUPERIOR, INQURITOS POLICIAIS OU AES PENAIS EM ANDAMENTO, OU MESMO CONDENAES AINDA NO TRANSITADAS EM JULGADO, NO PODEM SER LEVADOS CONSIDERAO DE MAUS ANTECEDENTES, M CONDUTA SOCIAL OU PERSONALIDADE DESAJUSTADA PARA A ELEVAO DA PENA-BASE, EM OBEDINCIA AO PRINCPIO DA PRESUNO DE NO-CULPABILIDADE. EXEGESE DA SMULA 444 DESTE STJ.(...) (HC 155.278/PB, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 14/08/2012, DJe 24/08/2012)

HABEAS CORPUS. TRFICO DE DROGAS. ASSOCIAO. PRISO EM FLAGRANTE.PEDIDO DE LIBERDADE PROVISRIA. DEFERIMENTO PELO JUIZ.RESTABELECIMENTO DA CONSTRIO PELO TRIBUNAL. FUNDAMENTOS INIDNEOS. VEDAO LEGAL. QUANTIDADE DA DROGA. AUSNCIA DE REQUISITOS PARA A MANUTENO DA CUSTDIA CAUTELAR. CONSTRANGIMENTO ILEGAL CARACTERIZADO.1. A Sexta Turma desta Corte pacificou o entendimento segundo o qual a simples vedao do art. 44 da Lei n 11.343/06 no obstculo, por si, concesso da liberdade provisria, no se olvidando que a proibio - ento contida na Lei de Crimes Hediondos - foi suprimida pela Lei n 11.464/07.2. A quantidade de droga, quando expressiva, constitui elemento ftico determinante na avaliao da necessidade da priso cautelar, notadamente para assegurar a ordem pblica. Contrrio sensu, a apreenso de pequena quantidade de entorpecente no se mostra suficiente, por si s, para justificar a custdia antecipada.3. A SIMPLES MENO AO FATO DE O ACUSADO POSSUIR ANTECEDENTES CRIMINAIS NO SE PRESTA A EMBASAR A CUSTDIA CAUTELAR.

4. Ordem concedida a fim de restabelecer a deciso de primeiro grau que deferiu a liberdade provisria.(HC 221.617/MG, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 22/03/2012, DJe 04/06/2012)

Milita, ainda, em favor do paciente, o princpio da presuno de inocncia, posto aquele decreto ter sido levado a cabo ainda em sede de inqurito, no se perfazendo imutvel e nem muito menos verdade absoluta. O prof. VICENTE GRECO FILHO, costuma dizer com imensurvel acerto que: o inqurito apenas uma sucesso de verdades provisrias, cuja nica verdade a da sentena. Ora a presuno de inocncia constitui no universo penal uma das maiores garantias fundamentais da liberdade do cidado.

No caso dos autos, no entanto, data mxima vnia, no se vislumbra os requisitos autorizadores da medida extrema, pois como citado h pouco, o paciente possui todos os requisitos objetivos e subjetivos a lhe garantir o direito a revogao da custdia cautelar. Tudo encontra-se provado atravs dos documentos em anexo a este pedido. Nas palavras do Mestre processualista penal ptrio MIRABETE, acerca do instituto da liberdade provisria, este ensina ipsi litteris:

Como, em princpio, ningum deve ser recolhido priso seno aps a sentena condenatria transitada em julgado, procura-se estabelecer institutos e medidas que assegurem o desenvolvimento regular do processo com a presena do acusado sem sacrifcio de sua liberdade, deixando a custdia provisria apenas para as hipteses de absoluta necessidade. Perante nossa lei, esse instituto a liberdade provisria, que substitui a priso provisria, com ou sem fiana, nas hipteses de flagrante (art. 301 a 310), pronncia (art. 408, 1) e sentena condenatria recorrvel (art. 594) (MIRABETE, Julio fabbrini, in Cdigo de Processo Penal Interpretado, 5 ed., edt. Atlas, ob. cit. Pg. 403) (grifo nosso)

Como vemos pelo vasto e unssono acervo jurisprudencial, a priso do paciente deve ser revista, pois s se autorizaria a sua manuteno, se ocorresse a unio dos pressupostos elencados no art. 312 do Cdigo de Processo Penal, quais sejam: a garantia da ordem pblica ou para assegurar a aplicao da lei penal.

Com inteiro acerto, vale ressaltar, tambm a honrosa lio de VIEIRA DE ANDRADE, onde destaca o princpio da dignidade da pessoa humana, como princpio fundamental: "est na base do estatuto jurdico dos indivduos e confere unidade de sentido ao conjunto dos preceitos relativos aos direitos fundamentais. Estes preceitos no se justificam isoladamente pela proteo de bens jurdicos avulsos, s ganham sentido enquanto ordem que manifesta o respeito pela unidade existencial de sentido que cada homem para alm de seus atos e atributos. E esse princpio da dignidade da pessoa humana h de ser interpretado como referido a cada pessoa (individual), a todas as pessoas sem discriminaes (universal) e a cada homem como ser autnomo (livre).

evidente, assim, que a dignidade da pessoa humana funciona como suporte de todos os direitos fundamentais consagrados na Constituio Federal. Como, portanto, entender que a privao no necessria da liberdade individual no signifique uma pena precipitada e, por isso, uma ofensa dignidade da pessoa atingida e todos aqueles que sofram o risco de serem tambm, indistinta e imotivadamente, alcanados pelo arbtrio? Quem ousaria negar a proibio da liberdade provisria, a partir de determinados tipos, no constitua o rompimento da ordem que est subjacente e d sentido ao conglomerado dos direitos fundamentais? Vedar-se o direito fundamental liberdade provisria, quando a priso totalmente desnecessria, , portanto, afronta flagrante ao princpio da dignidade humana. (Inconstitucionalidade da Proibio da Liberdade Provisria - Fascculos de Cincias Penais, n. 4, pp. 20-21)

Ademais, h de se sopesar a mantena segregacional sob o prisma do Princpio da Presuno de Inocncia (art. 5 inciso LVII da CF), em relao gravidade do delito imputado ao Paciente, para saber se ainda avulta a premente necessidade daquela. Com efeito, resta a evidncia que somente possvel a execuo provisria da pena de restrio de liberdade, em casos excepcionais e de gritante necessidade. No caso em testilha, sem mesmo estar formalizada a iniciao da culpa, o paciente j est sendo alvo de crticas e julgamentos por parte do povo. SOB OS OLHARES DO POVO PARAIBANO, O MESMO, J ESTA JULGADO E CONDENADO.

Para findar, trazemos colao pertinente lio de ROBERTO DELMANTO JNIOR, que assevera que: "Reconduzido o prisioneiro liberdade, as marcas da culpabilidade permanecem indelveis, ainda que absolvido. No raro se pergunta: ser ele realmente inocente? E o cidado honrado, no instante em que levado priso preventivamente, fica marcado para sempre com a mcula da desonra, com o ferro escaldante da improbidade, que permanece latente em sua reputao. Murmura-se, a boca pequena: ', se foi para as grades, porque algo havia'". (in As modalidades da priso provisria e seu prazo de durao. Rio de Janeiro: Renovar, 1998, p. 11).

CASO VOSSA EXCELNCIA NO ENTENDA PELA APLICABILIDADE DO ART. 316 DO C.P.P., QUANTO INEXISTNCIA DE MOTIVOS PARA A CONTINUIDADE DA PREVENTIVA, ROGAMOS PELO ACATAMENTO, PELAS ILAES DESPRENDIDAS ACIMA, QUE LHE SEJA DEFERIDO O PEDIDO QUANTO A POSSIBILIDADE DE CONCESSO DA LIBERDADE PROVISRIA. UMA VEZ QUE AS EXIGNCIAS ESTO UMBILICALMENTE ENTRELAADAS E NADA OBSTA A SPLICA ALTERNATIVA.

Em resumo, o requerente no apresenta qualquer periculosidade caso venha a responder ao processo em liberdade, primrio e tem residncia fixa, portanto, plenamente possvel a aplicao de alguma(s) medida(s) diferentes da segregao cautelar.

Os julgados abaixo retratam as posies dos nossos tribunais:

HABEAS CORPUS. LEI MARIA DA PENHA. AMEAAS E LESO CORPORAL. CRIMES PUNIDOS COM DETENO. LIBERDADE PROVISRIA DEFERIDA PELO MAGISTRADO. APLICAO DE MEDIDAS PROTETIVAS, CUSTRIA CAUTELAR RESTABELECIDA PELA CORTE ESTADUAL. FALTA DE FUNDAMENTAO. AUSENCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ART. 313 DO CODIGO DE PROCESSO PENAL. LEI MARIA DA PENHA. CDIGO DE PROCESSO PENAL.

1.Conforme reiterada jurisprudncia desta Corte Superior de Justia, toda custdia imposta antes do trnsito em julgado em julgado de sentena penal condenatria exige concreta fundamentao, nos termos do disposto no art. 312 do Cdigo de Processo Penal.2. No se justifica a priso provisria do paciente se no se logrou demonstrar, de forma concreta, que sua liberdade oferecer risco ordem pblica. O prprio magistrado a quo entendeu desnecessria a segregao, fixando medidas protetivas que se revelam suficientes para garantir a segurana da vitima. Ademais, o paciente j esta em liberdade h mais de um ano e no h qualquer noticia de que tenha descumprido tais determinaes.3.Tratando-se de crimes punidos com deteno, no sendo o paciente valido e inexistindo dvida sobre sua identidade, condenao anterior ou descumprindo de medidas protetivas, mostram-se ausentes os requisitos que autorizam a custdia cautelar, nos termos do art. 313 do Cdigo de Processo Penal.4. Ordem concedida para, cassando o acordo atacado, restabelecer a deciso que deferiu ao paciente a liberdade provisria, condicionada observncia das medidas protetivas fixadas pelo magistrado.(151174 MG 2009/0205871-6, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, data de julgamento: 20/04/2010, T6- SEXTA TURMA, data de publicao: DJe 10/05/2010).

HABEAS CORPUS. LESO CORPORAL E AMEAA. CRIMES ABRANGIDOS PELA LEI N 11.340/2006 (LEI MARIA DA PENHA). PRISO PREVENTIVA. DESCUMPRIMENTO DE MEDIADA PROTETIVA DE URGNCIA. FUNDAMENTO INSUFICIENTE. NECESSIDADE DE DEMONSTRAO DOS REQUISITOS QUE AUTORIZAM A CUSTDIA CAUTELAR. ART. 312 DO CDIGO DE PROCESSO PENAL. ORDEM CONCEDIDA.

1. Muito embora o art. 313, IV, do CPP, com a redao dada pela lei n 11.340/2006, admita a decretao de priso preventiva nos crimes dolosos que envolvam violncia domstica e familiar contra a mulher, para garantir a execuo de medidas protetivas de urgncia, a adoo dessa providncia condicionada ao preenchimento dos requisitos previstos no art. 312 daquele diploma.2. imprescindvel que se demonstre, com explcita e concreta fundamentao, a necessidade da imposio da custdia para garantia da ordem pblica, da ordem econmica, por convenincia da instruo criminal ou para assegurar a aplicao da lei penal, sem o que no se mostra a razovel a privao da liberdade, ainda que haja descumprimento de medida protetiva de urgncia, notadamente em se tratando de delitos punidos com pena de deteno.3. ordem concedida.(HC 100.512/MT, Rel. Ministro PAULO GALLOTTI, SEXTA TURMA, julgado em 03/06/2008. DJe 23/06/2008).

PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. DELITO PUNIDO COM DETENO. PRISO EM FLAGRANTE. NEGATIVA DE LIBERDADE PROVISRIA. AUSNCIA DOS REQUISITOS LEGAIS PARA A SEGRAGAO PROVISRIA. ORDEM CONCEDIDA.1. Nos crimes punidos com deteno, analogicamente, s se admite a priso provisria quando se apurar que o indiciado vadio; havendo dvida sobre sua identidade no fornecer ou no indicar elementos para esclarec-la; se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentena transitada e julgado e se o delito envolver violncia domestica familiar contra a mulher, visando garantir a execuo das medidas protetivas de urgncia. (precedentes)2. Se a deciso que indeferiu a liberdade provisria no faz a referncia comprovada existncia dos requisitos do art. 313 do CPP, a segregao no pode ser mantida.3. ordem concedida.(HC 89.493/MG, Rel. Ministra JANE SILVA (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/MG), QUINTA TURMA, julgado em 08/11/2007, DJe 26/11/2007 p.225).

Fica claro que o paciente no deve ser mantido em crcere, conforme documentos em anexos, o mesmo um jovem, pai de um filho de 05 (cinco) anos, primrio, possui residncia fixa, trabalha de mecnico para sustentar a famlia e no apresenta nenhum perigo concreto a vitima ou sociedade.

04. Concluso.

Desta forma, MM. Juiz, preenchendo o paciente as condies para responder o processo em liberdade, requer que seja atendido o pedido ora formulado, e, aps cumpridas as formalidades legais, pede-se que seja expedido o competente ALVAR DE SOLTURA.

Nestes termos, contando com a experincia e ao saber Jurdico de V. Ex, pois como j dito a priso do Paciente de nada vale ao processo por se tratar, no de um marginal, mas sim, de um jovem trabalhador com residncia fixa, efetivamente observa-se a desnecessidade da priso preventiva decretada pelo juzo a quo.

Ademais, consoante comprovam os inclusos documentos, o paciente homem trabalhador (mecnico), com residncia fixa na cidade de Joo Pessoa Paraba, estando disposto a prestar quaisquer esclarecimentos, se necessrios, bastando para tanto que fosse convocado ou intimado, pois como j dito, nada tem a esconder.

Nestes Termos,Pedem Deferimento.Joo Pessoa, 26 de Dezembro de 2012.

Joo Eliazar Bezerra Heytor Cavalcanti Ferreira Leite OAB/PB 3.379 OAB/PB 15.281Nilo Lus Vieira RamalhoOAB/PB 17.664