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5 SISTEMAS AQÜÍFEROS SEDIMENTARES As áreas sedimentares do Estado do Rio de Janeiro são bastante restritas, correspondendo às bacias de Campos e Resende, aluviões dos diver- sos rios existentes e às pequenas bacias como Volta Redonda e Itaboraí. No entanto, o conhecimento das propriedade dos aqüíferas desses sedimentos é ainda incipiente. O presente trabalho procurou re- unir a informação existente na literatura e conjunta- mente à análise dos novos dados levantados pelo Projeto Rio de Janeiro, correspondentes aos mapas geomorfológico, de coberturas inconsolidadas, ae- romagnético e de lineamentos estruturais, individua- lizar os principais sistemas aqüíferos existentes no Estado do Rio de Janeiro. Deve-se ressaltar o cará- ter preliminar desse estudo, e ainda a sua escala re- gional. Os sistemas aqüíferos aqui identificados me- recem estudos de detalhe para uma maior compre- ensão de suas características e potencialidades como recursos hídricos. 5.1 Metodologia A metodologia utilizada na definição dos siste- mas aqüíferos sedimentares partiu de uma extensa revisão bibliográfica que procurou reunir o máximo de informações a respeito das características lito- lógicas e das relações estratigráficas entre as for- mações. Posteriormente, a análise dos perfis de poços tubulares foi confrontanda com as infor- mações levantadas, permitindo definir os sistemas captados. Quando se dispunha de dados de teste de bombeamento foi possível definir algumas carac- terísticas hidrodinâmicas dos sistemas estudados. As unidades aqüíferas foram então definidas le- vando em conta, principalmente, a composição li- tológica e a presença de sistemas de falhamento que pudessem afetar a sua geometria, individuali- zando assim sistemas homogêneos quanto à favo- rabilidade hidrogeológica. No que se refere à representação em mapa op- tou-se por apresentar os sistemas aqüíferos capta- dos, nem sempre aflorantes, em função da impor- tância hidrogeológica. Assim é que na porção emersa da Bacia de Campos os aqüíferos associa- dos às formações sedimentares terciárias, total- mente cobertos por sedimentos quaternários mari- nhos, fluviais e fluviodeltaicos estão representados, em detrimento desses últimos. – 11 – Hidrogeologia do Estado do Rio de Janeiro

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SISTEMASAQÜÍFEROSSEDIMENTARES

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  • 5SISTEMAS AQFEROSSEDIMENTARES

    As reas sedimentares do Estado do Rio deJaneiro so bastante restritas, correspondendo sbacias de Campos e Resende, aluvies dos diver-sos rios existentes e s pequenas bacias como VoltaRedonda e Itabora. No entanto, o conhecimentodas propriedade dos aqferas desses sedimentos ainda incipiente. O presente trabalho procurou re-unir a informao existente na literatura e conjunta-mente anlise dos novos dados levantados peloProjeto Rio de Janeiro, correspondentes aos mapasgeomorfolgico, de coberturas inconsolidadas, ae-romagntico e de lineamentos estruturais, individua-lizar os principais sistemas aqferos existentes noEstado do Rio de Janeiro. Deve-se ressaltar o car-ter preliminar desse estudo, e ainda a sua escala re-gional. Os sistemas aqferos aqui identificados me-recem estudos de detalhe para uma maior compre-enso de suas caractersticas e potencialidadescomo recursos hdricos.

    5.1 Metodologia

    A metodologia utilizada na definio dos siste-mas aqferos sedimentares partiu de uma extensa

    reviso bibliogrfica que procurou reunir o mximode informaes a respeito das caractersticas lito-lgicas e das relaes estratigrficas entre as for-maes. Posteriormente, a anlise dos perfis depoos tubulares foi confrontanda com as infor-maes levantadas, permitindo definir os sistemascaptados. Quando se dispunha de dados de testede bombeamento foi possvel definir algumas carac-tersticas hidrodinmicas dos sistemas estudados.

    As unidades aqferas foram ento definidas le-vando em conta, principalmente, a composio li-tolgica e a presena de sistemas de falhamentoque pudessem afetar a sua geometria, individuali-zando assim sistemas homogneos quanto favo-rabilidade hidrogeolgica.

    No que se refere representao em mapa op-tou-se por apresentar os sistemas aqferos capta-dos, nem sempre aflorantes, em funo da impor-tncia hidrogeolgica. Assim que na poroemersa da Bacia de Campos os aqferos associa-dos s formaes sedimentares tercirias, total-mente cobertos por sedimentos quaternrios mari-nhos, fluviais e fluviodeltaicos esto representados,em detrimento desses ltimos.

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    Hidrogeologia do Estado do Rio de Janeiro

  • Os aqferos superficiais ou rasos significativosdentro da escala de apresentao no foram indivi-dualizados, estando reunidos em grupos, sendodenominados segundo a origem dos sedimentosque os constituem. S foram apresentados os siste-mas que dispusessem de um mnimo de informa-es que justificassem a sua incluso no mapa.

    Vrios dados aqui apresentados foram obtidosatravs de parcerias entre a CPRM e a UFRJ (Proje-tos MODHESTI e ACOST-RIO), e a Rede de Geo-tecnologia em guas Subterrneas RESUB.

    5.2 Aqferos da Bacia Sedimentar de Campos

    5.2.1 Introduo

    A Bacia Sedimentar de Campos est localizadana regio norte do Estado do Rio de Janeiro e vemsendo alvo de inmeros estudos, motivados pela im-portncia dos seus campos petrolferos. Entretanto,na sua poro emersa, os estudos no evoluram damesma forma, e ainda hoje no existe consensoquanto a sua estratigrafia. Desde o fim do sculoXIX, pesquisadores como Hartt (1870), seguido porWilliams (1921) e Lamego (1940-1955), entre outros,se dedicaram a estudar a Bacia Sedimentar deCampos, inclusive identificando a possibilidade daocorrncia de petrleo (Caetano, 2000). Porm, es-tes estudos ficaram restritos aos sedimentos quater-nrios que afloram na rea. Somente no final de1959, com a perfurao do poo estratigrfico2-CST-1-RJ, pela Petrobras, na localidade de Farolde So Tom, Municpio de Campos, pde-se fazeruma avaliao concreta dessa parte da bacia. Essepoo, com a profundidade total de 2.620m, apre-senta o seguinte perfil: de 0 a 22m, sedimentos qua-ternrios; de 22 a 1.963m, sedimentos tercirios; de1.963 a 2.596m, diabsios; e de 2.596 a 2.602m, em-basamento gnissico. Estes dados mostram umaespessura de sedimentos tercirios em torno de1.940m, variando de argilas a areias, e intercalandosedimentos marinhos e continentais. A seguir seroreferidos os principais trabalhos que tratam da por-o emersa da Bacia de Campos.

    Schaller (1973), ao descrever a estratigrafia daBacia de Campos, refere-se aos sedimentos da suaporo oeste (poro emersa) como uma grada-o das formaes Campos e Embor para alu-vies continentais vermelhas, informalmente desig-nadas de Fcies So Tom. Observa ainda na an-lise do poo 2-CST-1-RJ, que as rochas baslticaspossuem idade absoluta de 1216 milhes de

    anos, e separam os sedimentos que lhe so sobre-postos do cristalino

    Na figura 1 pode ser visto o perfil estratigrficoda Bacia de Campos, onde na parte oeste ocorremos sedimentos da fcies So Tom. A figura 2 mos-tra a seo geolgica generalizada atravs da Ba-cia de Campos, mostrando o contato interdigitadodas formaes Campos e Embor com a FciesSo Tom.

    Paiva (1996) em estudos realizados na regio deGuaxindiba e Santa Clara, no relaciona os sedi-mentos a nenhuma formao geolgica, referin-do-se apenas sua idade. A partir da correlaodos perfis litolgicos de poos perfurados nas loca-lidades de Grussa, So Joo da Barra, Garga,Santa Clara e So Francisco, ele observa um mer-gulho das camadas para ESW, com um pequenoaumento de espessura em direo ao mar. A corre-lao sugere a existncia de falhamento de gravi-dade encoberto por depsitos quaternrios nasimediaes de Santa Clara, evidenciado pelo posi-cionamento elevado do embasamento cristalino nopoo de So Francisco.

    Segundo o autor, o pacote tercirio nessa reaapresenta uma espessura da ordem de 200m, nosendo conhecido o posicionamento real e a nature-za da base desses depsitos, podendo ser o pr-prio embasamento cristalino ou formaes mais an-tigas da Bacia costeira de Campos. Paiva (1996) di-vide esses sedimentos em dois subnveis de carac-tersticas distintas, sendo o nvel superior compostopor sedimentos de origem marinha e o inferior porsedimentos continentais. O primeiro nvel, de idadeterciria superior, encoberto por depsitos recen-tes e est posicionado aproximadamente entre 30 e100m de profundidade. constitudo predominan-temente de arenitos finos a mdios, argilosos e slti-cos, avermelhados, carbonticos, com intercala-es laterticas e de argilitos ferruginosos, s vezescom presena de fragmentos de conchas.

    O segundo nvel corresponde parte basal doTercirio Inferior. constitudo predominantementepor arenitos finos, mdios a grossos, menos argilo-sos e mais quartzosos, com presena caractersti-ca de feldspato potssico, predominando coresmais claras, castanho-avermelhada, bege e cre-me-amarelada.

    O autor ainda observa que os depsitos quater-nrios superficiais so compostos por areias escu-ras, calcferas, e argilas orgnicas, com presenafreqente de fragmentos de conchas, apresentan-do espessura varivel, desde 20m em Santa Clara,at cerca de 40m em Grussa.

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    Hidrogeologia do Estado do Rio de Janeiro

    Figura 1 -Coluna estratigrfica da Bacia de Campos (Schaller, 1973).

    Figura 2 Seo geolgica generalizada atravs da Bacia de Campos (Schaller, 1973).

    EW22O

    41O 40O

    CST-1

    4A

    2

    5B3

    68

    RJS-1

    MAPA DE SITUAOLINHA DA SEO

    100

    200

    50

    20

    0 50KM

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    0KM

    67

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    0

    10 20 30

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    L E G E N D A

    FCIES S. TOM

    FM. MACA

    FM. EMBOR

    MB. SIRI

    MB. GURIRI

    FM

    .C

    AM

    PO

    S

    MB. UBATUBA

    MB. CARAPEBS

    FM. L. FEIA

    GNEAS BSICAS

    EMBASAMENTO

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    w ENM

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    FM. EMBOR

    FM. CAMPOS

    FM. MACA

    FM. LAGOA FEIA

    MB. CARAPEBS

    MB. GURIRMB. SIR

    MB. UBATUBA

    FCIESS. TOM

    FM. BARREIRAS

    121 +/- 6 M ANOS

    PR-CAMBRIANO

    JEQUI ?

    ALAGOAS

    ALBIANO

    CENOMAN.

    SANT/CON/TUR

    MAEST/CAMP.

    PALEOCENO ?

    EOCENO

    OLIGOCENO

    MIOCENO NE

    OG

    .PA

    LE

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    INF.

    TE

    RC

    IR

    IO

    PS-MIOCENO

    QUATERNRIO

    TALUDEPLATAFORMA CONTINENTALREA EMERSA

    LITOESTRATIGRAFIA CRONOESTRAT.

    . . . . .. . . . .

    v v v v

    SEDIMENTOS CONTINENTAIS VERMELHOS

    GNEAS BSICAS

    ROCHAS CRISTALINAS

    SEDIMENTOS PRODELTAICOS E MARINHOS PROFUNDOS

    SEDIMENTOS DE PLATAFORMA

    SEDIMENTOS PARLICOS E NERTICOS RASOS

    SEDIMENTOS DELTAICOS

    SEDIMENTOS EUXINCOS E EVAPORITOS

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  • Caetano (2000) relaciona os sedimentos terci-rios da Bacia de Campos, no municpio de mesmonome, s formaes Barreiras e Embor. Cita queem toda a extenso da bacia, desde o seu limiteoeste at o litoral, ocorre a Formao Barreiras, es-tando parte desta aflorante e parte recoberta porsedimentos quaternrios. Exclui apenas as re-gies vizinhas ao municpio de Campos, na mar-gem sul do rio Paraba do Sul, onde ocorrem sedi-mentos quaternrios deltaicos, e uma extensarea prxima localidade de Farol de So Tom,onde ocorre uma cunha da Formao. Embor.Esta interpretao est de acordo com a descri-o de vrios perfis de poos perfurados na re-gio, onde se fez a mesma correlao.

    A definio da estratigrafia da Bacia de Camposno faz parte no escopo desse trabalho. Porm foinecessrio optar por uma nomenclatura. A presen-a de feies caractersticas de sedimentao ma-rinha observadas nos poos de Santa Clara, Grus-sa e outros, correspondentes formao terciriasuperior descrita por Paiva (1996), parece indicarque esses sedimentos no so correlacionveiscom a Formao Barreiras. Dessa forma, optou-sepor utilizar a denominao Aqfero So Tom paraesse sistema. O Aqfero Quaternrio Deltaico defi-nido por Caetano (1996), foi mantido, como tam-bm foi mantido o Aqfero Tercirio Embor. Po-rm o primeiro foi renomeado para Aqfero Fluvio-deltaico, e o segundo para Aqfero Embor (?),tendo seus limites redefinidos. O uso de interroga-o junto denominao Formao Embor se ex-plica pelo fato de existirem questionamentos, emrelao correlao desses sedimentos com a For-mao Embor. Algumas hipteses sugerem queos mesmos seriam variaes da Fcies So Tom,ou ainda, se trataria de sedimentos mais recentes,relacionados a ambientes fluviodeltaicos quatern-rios.

    A evoluo estrutural da Bacia de Campos fun-damental para a definio da geometria de seusdepsitos. Schaller (1973) descreve um sistema bi-nrio de alinhamentos estruturais, sendo o maisproeminente com direo SW-NE e o mais suavecom direo NW-SE. Alm disto, cita que estes ali-nhamentos so regionais e afetam no s o emba-samento, como tambm os sedimentos, indicandoque so persistentes at tempos no muito remo-tos. Na figura 3 esto representados os principais li-neamentos definidos por Schaller. Caetano (2000)tambm retrata a evoluo estrutural da bacia, as-sociando-a a falhamentos normais, que definem ageometria dos principais sistemas aqferos.

    Os elementos estruturais mais proeminentes,SW-NE, moldam todo o arcabouo da poroemersa da bacia, com falhamentos normais, evolu-indo no sentido leste at o baixo de So Tom. Os li-neamentos NW-SE, possivelmente, tambm estoassociados a movimentos verticais, formando umgrben a SW da cidade de Campos. Na parte oestedesta calha estrutural ocorrem os sedimentos flu-viodeltaicos, e a leste, a cunha descrita como For-mao Embor, localizada na regio de Farol deSo Tom. Na figura 4, o perfil A-B, mostra a relaodestas estruturas com a geometria dos sistemasaqferos.

    A maioria dos limites dos sistemas aqferos re-presentados no mapa foram inferidos, estando as-sociados a lineamentos estruturais. Convm lem-brar que estes pacotes sedimentares sofreram efei-tos das reativaes desses falhamentos.

    Apesar de apresentar uma homogeneidade lito-lgica, o Aqfero So Tom foi dividido em SoTom I e So Tom II, em funo da diferena deespessuras e de algumas variaes das caracters-ticas hidrodinmicas.

    5.2.2 Sistemas Aqferos

    a) Aqfero Fluviodeltaico: Localiza-se na mar-gem direita do Rio Paraba do Sul, a SW da cidadede Campos, ocorrendo em uma rea de aproxima-damente 304km2. Algumas localidades so abas-tecidas por captaes nesse sistema, como ocaso de Donana e Goytacazes. constitudo porsedimentos quaternrios, aflorantes, compostospor areias e arenitos, finos a mdios com matriz sil-tosa e bandas argilosas. Trata-se de um aqfero li-vre, com espessuras variando de 60 a 90m, sobre-posto ao embasamento cristalino e sedimentosmais antigos. Caetano (2000) calcula a permeabili-dade mdia em 91,00m/dia, a transmissividademdia de 8,200m2/dia e a capacidade especficamdia de 90m3/h/m, levando em conta dados dequatro poos. As guas so de boa qualidade, oca-sionalmente ferrruginosas Os valores de STD nor-malmente no ultrapassam 300mg/l, mas existempoos em Goytacazes que atingiram 1.112mg/l.

    b) Aqfero Embor ?: Localiza-se nos arredoresda localidade de Farol de So Tom, ocorrendo emuma rea de aproximadamente 350km2. constitu-do por sedimentos no aflorantes, tidos como ter-cirios, compostos por arenitos conchferos varia-dos, com feldspato; argilitos impuros e argilas or-gnicas, podendo ocorrer pedaos de madeirafssil. Encontra-se totalmente coberto por sedi-

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  • mentos quaternrios. As captaes que abaste-cem as localidades de Farol de So Tom e Saturni-no Braga localizam-se nesse sistema. Trata-se deum aqfero confinado com espessuras de at220m, sobreposto a sedimentos mais antigos. Cae-tano (2000) calcula a permeabilidade mdia em0,86m/dia, a transmissividade mdia em 190m2/diae a capacidade especfica mdia 3,50m3/h/m. Asguas tm boa qualidade. Os valores de STD nor-malmente no ultrapassam 300mg/l.

    c) Aqfero So Tom II: Localiza-se em toda aparte leste da poro emersa da Bacia de Campos,ocorrendo em uma rea de aproximadamente910km2. consti tudo por sedimentosno-aflorantes, tercirios, compostos por arenitosavermelhados, laterticos com argilas clcicas, so-bre arenitos consolidados argilosos. um sistemaconfinado, totalmente coberto por sedimentos qua-ternrios, com espessura de pelo menos 230m, sen-do que, nas proximidades de Farol de So Tom,pode atingir 2.000m. Esse aqfero fortemente afe-tado por falhas normais, aumentando a espessuraem direo linha de costa estando sobreposto aoembasamento cristalino e sedimentos mais antigos.Vrios poos so utilizados para abastecer cidadese comunidades locais, entre estas cita-se So Joo

    da Barra, Grussa, Santa Clara e o SESC-Grussa. Ascaptaes deste aqfero normalmente encon-tram-se entre 80 e 160m de profundidade. A perme-abilidade mdia calculada, por Caetano (2000), de1,4m/dia, a transmissividade mdia de 110m2/diae capacidade especfica mdia de 2,35m3/h/m.Ocorrem guas ferruginosas, STD entre 200 e600mg/l.

    d) Aqfero So Tom I: Localiza-se na parte cen-tral da poro emersa da Bacia de Campos, for-mando uma faixa alongada no sentido NE-SW,ocorrendo em uma rea de aproximadamente380km2. constitudo por sedimentos tercirios,no-aflorantes, totalmente recobertos por sedimen-tos quaternrios. Esse sistema composto por are-nitos avermelhados, laterticos com argilas clci-cas, sobre arenitos consolidados argilosos. Tra-ta-se de um aqfero confinado, com espessura deat 160m, sobreposto ao embasamento cristalino.Como o anterior, este aqfero tambm fortemen-te afetado por falhas normais. A permeabilidademdia estimada de 1,5m/dia, a transmissividademdia estimada de 100m2/dia e a capacidade es-pecfica mdia estimada de 0,5m3/h/m. Podemocorrer guas ferruginosas, STD entre 500 e1.800mg/l.

    15

    Hidrogeologia do Estado do Rio de Janeiro

    Figura 3 Esboo estrutural e faciolgico dos sedimentos neo-cretceos/tercirios da Bacia de Campos.(Schaller, 1973).

    Embasamento

    Derrames Baslticos

    Fcies S. Tom

    Pred. de Areias

    Pred. de Folhelhos

    Fm. Barreiras

    Quaternrio

    LEGENDA

    + + +

    VVVV

    ......

    ......

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    O

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    40 30o41 00o41 30o

    21 30o

    22 00o

    0 5 15 25ESCALA

    QUILMETROS

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    4000

    2800

    3200

    3600

    2400

    2000

    2000

    BAIX

    ODE

    SO

    TOM

    PLA

    TAFO

    RM

    A

    DO

    PARAB

    A

    LAGOA

    FEIA

    CAMPOS

    MACA

    PRAIA

    RIO PARABA DO SUL

    DEUBA

    TUBA

    Pta. GURIR

    DECAR

    APEBUS

    PRAIA

    ALT

    OS

    REG

    IONAIS

    DO

    LEST

    E

    I S PA C A S S E D I M E N T O SNEOCRETCEOS E TERCIRIOS

  • 16

    Figura 4 Mapa de Favorabilidade Hidrogeolgica do Estado do Rio de Janeiro, com perfil.

    Embasamento

    AqferoBarreiras

    Embasamento

    Poo708

    Poo670

    AqferoS. Tom ISedimentos

    Quaternrios

    FalhasFalhas

    Poo765

    Poo806

    AqferoS. Tom II

    AqferoEmbor?

    Esc

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    AB

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    Orientao do Perfil

    4130'

    4100'

    2230'

    2200'

    2130'

    500

    1000

    1500

    m0

    Perfil AB

    Escala100 25 km

  • e) Aqfero Barreiras: Localizado na borda oesteda Bacia Sedimentar de Campos, faz contato late-ral com o embasamento cristalino, ocorrendo emuma rea de aproximadamente 1.630km2. consti-tudo por sedimentos tercirios, aflorantes, com-postos por argilas laterticas e areias com xido deferro, sobrepostos ao embasamento cristalino. Oaqfero livre, pouco produtivo, com vazes mxi-mas da ordem de 2m3/h e capacidade especficamdia de 033m3/h/m. guas normalmente ferrugi-nosas.

    5.3 Aqferos da Bacia Sedimentar deResende

    5.3.1 Introduo

    A Bacia Sedimentar de Resende est localizadana Regio do Mdio Paraba do Sul, no extre-mo-oeste do Estado do Rio de Janeiro. Abrangeparte dos municpios de Itatiaia, Resende, PortoReal e Quatis. A sua forma alongada no sentidoNE-SW, medindo aproximadamente 46km de com-primento e 8km de largura.

    Vrios pesquisadores dedicaram-se ao estudodos sedimentos tercirios da Bacia Sedimentar deResende: Amador (1975, 1976) e Amador et al.(1978) (apud Castro, 2000) subdividiram o pacotesedimentar da Bacia de Resende a partir de crit-rios paleoambientais e paleoclimticos, formalizan-do-o em duas unidades litoestratigrficas: Forma-o Resende (inferior) e Formao Floriano (superi-or). Posteriormente, Ramos (1997) (apud Castro,2000), caracterizou a presena de trs formaesdistintas, Formao Quatis, Formao Resende eFormao Itatiaia.

    Os aqferos da Bacia Sedimentar de Resendeso fortemente afetados por falhamentos normais.Segundo Castro (2000), diversos autores identifica-ram duas orientaes predominantes de falhamen-tos gravitacionais: 1) estruturas E-NE relacionadas abertura da bacia, caracterizadas como reativa-es de antigas falhas transcorrentes do Ciclo Bra-siliano, desenvolvidas durante o processo de sepa-rao dos continentes africano e sul-americano. 2)falhas normais de orientao N-NE, que segundoMelo (1984 e 1985), so, aparentemente maisrecentes que as primeiras, e responsveis pelas so-leiras que compartimentam internamente a bacia.

    Ainda segundo Castro (2000), diversos autoresvm atestando a ocorrncia de movimentaes neo-tectnicas na regio da Bacia de Resende, sendo

    conflitantes quanto a origem dos esforos tectni-cos (distensivos, compressivos ou ambos?). Ric-comini (1989) afirma que a tectnica do Rift Conti-nental do Sudeste do Brasil caracterizada por di-ferentes fases e tipos de deformao que afetamtanto o preenchimento sedimentar das baciascomo seu embasamento. Essas fases obedeceri-am seguinte cronologia: movimentos extensivosna direo NNW-SSE, ocorrendo ao longo do siste-ma de falhas ENE- e E-W; movimentos compressi-vos NE-SW; compresso NW-SE; e nova fase de ex-tenso NW-SE. Salvador (1994), (apud Castro,2000) afirma que estas movimentaes estariamrelacionadas a esforos compressivos de idadepleistocnica, e teriam orientao NW-SE, associa-dos a uma transcorrncia de direo E-W que afetaos colvios e linhas de seixos. Segundo o autor,durante o Holoceno, a ocorrncia de eventos exten-sionais com direo E-W seria responsvel pela for-mao de grbens de direo N-S. As famlas dejuntas conjugadas de direes ENE-WNW, que se-cionam os depsitos coluviais e aluviais, seriam de-correntes de uma nova mudana de esforos, tam-bm de idade holocnica, que passaram paracompressivos.

    Ainda de acordo com Mello et al. (1999) (apudCastro, 2000), as feies geomorfolgicas da reada Bacia de Resende e adjacncias refletem o fortecontrole neotectnico sobre a estruturao do rele-vo. Como exemplo o autor cita o forte estrangula-mento topogrfico prximo cidade de Resende,na regio conhecida como alto estrutural de Re-sende, que divide a bacia em duas sub-bacias, e caracterizado por lineamentos NNE e NNW.

    O estudo da evoluo tectnica da Bacia deResende fundamental para a compreenso dasua potencialidade aqfera, pois condiciona asua geometria, as espessuras de suas camadas ea existncia de divisores de gua subterrnea. Amovimentao neotectnica imprime uma porosi-dade secundria aos seus sedimentos, aumentan-do ainda mais a sua capacidade de infiltrao earmazenamento.

    5.3.2 Sistemas Aqferos

    a) Aqfero Multicamadas Resende: Estende-sepor toda a rea da bacia, ocorrendo em uma reade aproximadamente 195km2. constitudo por se-dimentos tercirios das formaes Accias/Floria-no, Resende e Itatiaia. Est parcialmente cobertopor sedimentos quaternrios e apresenta intensaintercalao de sedimentos, heterogneos, pelti-

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    Hidrogeologia do Estado do Rio de Janeiro

  • cos e arenosos, com extenso lateral restrita. Soaqferos confinados a semiconfinados, com es-pessuras variando de 8 at 220m, fortemente afeta-dos por falhamentos normais e fraturas. Existem v-rios poos captando este sistema, sendo a sua mai-oria destinados ao uso nas indstrias da regio. Se-gundo Castro (2000), a permeabilidade mdia daFormao Accias/Floriano de 3,5m/dia, da For-mao Resende de 1,0m/dia e da Formao Itati-aia de 0,27m/dia, a capacidade especfica mdia de 0,559m3/h/m. A qualidade das guas boa,mas dependendo do local e nvel captado, podemser ferruginosas, com at 4,2mg/l. O valor de STDnormalmente varia de 90 at 400mg/l.

    b) Aqferos Aluvionares: Na Bacia Sedimentarde Resende ocorrem aqferos rasos, associados asedimentos quaternrios de origem aluvial, queneste trabalho no foram individualizados, sendoagrupados no item 5.4.2-c, Aqferos Alvio-Lacus-tres.

    5.4 Outros Sistemas Aqferos

    5.4.1 Introduo

    Outros sistemas aqferos de menor extensoainda podem ser descritos. Possuem normalmentemenor expresso, mas nem por isto so menos im-portantes que os ligados s bacias sedimentaresde maior pujana. Alguns destes aqferos podematingir produtividades substanciais, sendo funda-mentais para as localidades onde se encontram.Como referido anteriormente, devido principalmen-te falta de informaes, algumas dessas unida-des foram agrupadas. Em estudos futuros, essesaqferos devem ser avaliados individualmente, ecertamente podero viabilizar o abastecimento dereas com carncia de gua.

    5.4.2 Sistemas Aqferos

    a) Aqfero Tercirio Volta Redonda: Localizadonos arredores da cidade de mesmo nome, ocorreem uma rea de aproximadamente 8km2. Est as-sociado a sedimentos da Bacia Sedimentar de Vol-ta Redonda, compostos por areias e argilas, forte-mente intercaladas, com presena de lateritas, so-brepostas ao embasamento cristalino. Esto parci-almente recobertos por sedimentos mais recentes.Os aqferos so livres a semi-confinados, com es-pessuras entre 10 e 30m, baixa produtividade, me-nor que 1m3/h. Os poos localizados nesta rea,

    normalmente ultrapassam os sedimentos, tendocaptaes mistas, aqfero sedimentar/fissural, oucaptando unicamente o sistema aqfero fissuralsubjacente. A qualidade qumica das guas regu-lar, ocorrendo a presena de ferro nas guas.

    b) Aqfero Macacu: Localizado na parte sul daBacia Hidrogrfica do Rio Macacu, se estende poraproximadamente 110km2. Est associado a sedi-mentos tercirios compostos por argilas arenosas,areias finas e siltes variados, fortemente intercala-dos, sobrepostos ao embasamento cristalino.Esto parcialmente recobertos por sedimentosmais recentes. O aqfero livre a semiconfinado,com espessura de pelo menos 40m, sendo poucoprodutivo. Os poos construdos nesta rea, nor-malmente ultrapassam os sedimentos, tendo cap-taes mistas, aqfero sedimentar/fissural, oucaptando unicamente o sistema aqfero fissuralsubjacente. As vazes mximas so na ordem de1,5m3/h e a capacidade especfica mdia de0,06m3/h/m.

    c) Aqferos Alvio-Lacustres: Nesta unidade fo-ram agrupados vrios aqferos. Existem muito pou-cas informaes sobre estes sistemas que normal-mente so muito mal aproveitados. Ocorrem espa-lhados por toda a rea do Estado do Rio de Janeiro,em uma extenso de aproximadamente 3.700km2.Os sedimentos podem apresentar localmente vari-aes, mas normalmente so compostos por inter-calaes de areias e argilas, com matria orgnicae intensa variao composicional. Os aqferos solivres, sobrepostos tanto ao embasamento cristali-no quanto a sedimentos mais antigos. Apresentamespessuras em torno de 20m e possuem importn-cia hidrogeolgica local. Alguns desses aqferospodem atingir espessuras da ordem de 100m, pos-sivelmente associados a pequenos grbens, o quelhes confere uma potencialidade maior, com va-zes superiores a 10m3/h. Este o caso das alu-vies dos rios Macacu, Guandu, Guapiau, Macae Iguau. As captaes geralmente so feitas porpoos rasos, cacimbas ou poos escavados componteiras, exceto nos locais de maior espessura,onde existem poos tubulares totalmente constru-dos em formaes sedimentares. Capucci (infor-mao oral), citou estudos realizados pela CEDAEnas aluvies do rio Macacu e a existncia de poosnas aluvies do rio Iguau, que corroboram estasinformaes, indicando o alto potencial dessesaqferos. As guas so normalmente de boa quali-dade, a levemente ferruginosas.

    d) Aqferos Cordes, Restingas e Terraos Lito-rneos: Localizam-se na regio costeira do Estado

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  • do Rio de Janeiro, ocorrendo em uma extenso de560km2. Os sedimentos so compostos por areiasrazoavelmente selecionadas, com matriz sltica aargilosa, granulometria fina a grossa. Os aqferosso livres, rasos e normalmente salinizados, comaproveitamento restrito. As captaes, normalmen-te, so feitas por poos rasos, aproveitando os pri-meiros nveis de gua, que podem ser potveis. Asguas destes sistemas so utilizadas normalmentepara o abastecimento residencial, como no caso de

    Piratininga, na regio ocenica de Niteri, objeto deestudos realizados por Lowsby (2000).

    e) Argilas Orgnicas Costeiras: Localizam-senas regies costeiras do Estado do Rio de Janeiro,ocorrendo em uma extenso de 290km2. Os sedi-mentos so argilosos ricos em matria orgnica,restritos a ambientes de manguezais. As guas sofortemente salinizadas com altos teores de ferro ecloretos, sem condies para utilizao da guasubterrnea.

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    Hidrogeologia do Estado do Rio de Janeiro

    5 SISTEMAS AQFEROS SEDIMENTARES5.1 Metodologia5.2 Aqferos da Bacia Sedimentar de Campos5.2.1 Introduo5.2.2 Sistemas Aqferos

    5.3 Aqferos da Bacia Sedimentar de Resende5.3.1 Introduo5.3.2 Sistemas Aqferos

    5.4 Outros Sistemas Aqferos5.4.1 Introduo5.4.2 Sistemas Aqferos