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História social da iluminação: a iluminação artificial do ambiente construído e o comportamento social do Brasil Colônia aos dias atuais Dezembro/2016 1 ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 12ª Edição nº 012 Vol.01/2016 Dezembro/2016 História social da iluminação: a iluminação artificial do ambiente construído e o comportamento social do Brasil Colônia aos dias atuais Glaucy Katarina Cavalcante de Oliveira – [email protected] Iluminação e Design de Interiores Instituto de Pós-Graduação - IPOG Manaus, AM, 27.5.2016 Resumo O tema história social da iluminação com foco na iluminação artificial do ambiente construído e o comportamento social do Brasil Colônia aos dias atuais teve como objeto de estudo a influência do espaço no dia-a-dia das pessoas. Diante desses pressupostos elaborou-se a seguinte questão problema: Sob o contexto histórico, que tipos de transformações sociais ocorreram no Brasil, do período colonial aos dias atuais, decorrentes da iluminação artificial no ambiente construído? Arquitetura e urbanismo possuem em comum a manipulação do espaço, seja o espaço geográfico quando recortado por ruas, avenidas, quadras, seja pela implantação de edificações no terreno. Essa manipulação do espaço é feita em razão do homem. A metodologia utilizada para efetivação desse artigo foi somente de cunho bibliográfico, por meio de livros, artigos e revistas eletrônicas. Os resultados mostram que não se identificou na literatura qualquer abordagem que levasse em conta a tipologia de comportamento de uma sociedade em virtude das transformações históricas da iluminação artificial no ambiente construído. Palavras-chave: História social; Iluminação; Ambiente construído; comportamento social. 1. Introdução Este estudo objetiva explorar, identificar, descrever e tipificar, do ponto de vista histórico do planejamento urbano, as questões relativas à evolução da ciência e das tecnologias em torno da iluminação artificial, e explicar de que maneira tal evolução modificou a vida na sociedade brasileira, do período colonial aos dias atuais. E como objetivos específicos: identificar e descrever padrões significativos e peculiaridades das soluções tecnológicas em iluminação artificial, implantadas em um determinado momento histórico, e sua respectiva consequência em relação ao comportamento do homem em seu ambiente; identificar a relação entre a iluminação artificial e o ritmo de crescimento econômico brasileiro, a partir das estatísticas governamentais e empresariais sobre atividades como os transportes, o comércio, a indústria, o turismo, o lazer e a geração de empregos; identificar e tipificar as safras tecnológicas da produção de materiais e energia para a iluminação artificial em cidades brasileiras e seu possível impacto no desenho urbanístico; compreender as origens de como, quando, onde, por

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História social da iluminação: a iluminação artificial do ambiente construído e o comportamento social do Brasil Colônia aos dias

atuais

Glaucy Katarina Cavalcante de Oliveira – [email protected] Iluminação e Design de Interiores

Instituto de Pós-Graduação - IPOG Manaus, AM, 27.5.2016

Resumo O tema história social da iluminação com foco na iluminação artif icial do ambiente construído e o comportamento social do Brasil Colônia aos dias atuais teve como objeto de estudo a inf luência do espaço no dia-a-dia das pessoas. Diante desses pressupostos elaborou-se a seguinte questão problema: Sob o contexto histórico, que tipos de transformações sociais ocorreram no Brasil, do período colonial aos dias atuais, decorrentes da iluminação artificial no ambiente construído? Arquitetura e urbanismo possuem em comum a manipulação do espaço, seja o espaço geográfico quando recortado por ruas, avenidas, quadras, seja pela implantação de edificações no terreno. Essa manipulação do espaço é feita em razão do homem. A metodologia utilizada para efetivação desse artigo foi somente de cunho bibliográfico, por meio de livros, artigos e revistas eletrônicas. Os resultados mostram que não se identificou na literatura qualquer abordagem que levasse em conta a tipologia de comportamento de uma sociedade em virtude das transformações históricas da iluminação artificial no ambiente construído. Palavras-chave: História social; Iluminação; Ambiente construído; comportamento social. 1. Introdução Este estudo objetiva explorar, identificar, descrever e tipificar, do ponto de vista histórico do planejamento urbano, as questões relativas à evolução da ciência e das tecnologias em torno da iluminação artificial, e explicar de que maneira tal evolução modificou a vida na sociedade brasileira, do período colonial aos dias atuais. E como objetivos específicos: identificar e descrever padrões significativos e peculiaridades das soluções tecnológicas em iluminação artificial, implantadas em um determinado momento histórico, e sua respectiva consequência em relação ao comportamento do homem em seu ambiente; identificar a relação entre a iluminação artificial e o ritmo de crescimento econômico brasileiro, a partir das estatísticas governamentais e empresariais sobre atividades como os transportes, o comércio, a indústria, o turismo, o lazer e a geração de empregos; identificar e tipificar as safras tecnológicas da produção de materiais e energia para a iluminação artificial em cidades brasileiras e seu possível impacto no desenho urbanístico; compreender as origens de como, quando, onde, por

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que e de quem decorreram as decisões sobre que projeto ou solução-padrão foi adotado para a iluminação em cidades brasileiras. A problemática do tema refere-se sob o contexto histórico, que tipos de transformações sociais ocorreram no Brasil, do período colonial aos dias atuais, decorrentes da iluminação artificial no ambiente construído? E os problemas específicos são: quais foram às coincidências de comportamento social relacionado a determinado paradigma tecnológico em iluminação artificial nos ambientes construídos? Como a partir das necessidades em cada tarefa, a luz satisfez as pessoas em seus aspectos de desempenho, conforto, lazer, costumes e comportamentos? Como e quando a iluminação artificial foi inserida no plano diretor ou no projeto de urbanização de um local, ou de uma cidade, como o são a água, o esgoto, o traçado viário, os ambientes e passeios públicos? A justificativa para expandir a pesquisa a toda história da iluminação artificial brasileira, do período colonial aos dias atuais, do norte ao sul do país, é porque se reconhece a diversidade de costumes e de comportamentos numa sociedade imersa em seus habitus locais, o que deu origem à expressão “história social da iluminação”. Portanto, e por tal razão, busca-se revelar até que ponto um habitus seria resultado de uma mudança da iluminação artificial dos espaços construídos onde residem estes indivíduos. 2. História social da iluminação A história social da iluminação vai de encontro às questões cotidianas, do passado e do presente, verificáveis no estudo de documentos iconográficos, bibliográficos e testemunhos obtidos em entrevistas, que oferecem uma visão global de uma sociedade diante do advento da iluminação artificial. A literatura a que se tem acesso explora temas associados às questões do conforto, do plano de tarefa visual, de projetos de iluminação, da luz como preocupação estética, sustentabilidade, tecnologia, cálculo e avaliação, meio ambiente, eficiência energética e questões psicológicas, ou se atém a uma descrição ou cronologia das lâmpadas, seus artefatos e sua aplicabilidade. Ressalta-se que o silêncio da etnologia fomentou a produção literária de temas delimitados sobre iluminação artificial cujos argumentos são aqui categorizados em duas classes de conceitos:

1. conceitos de natureza objetiva - que se fundamentam em um raciocínio destinado ao formalismo, à morfologia, à técnica, ao estruturalismo, ao materialismo, à luminotécnica e à biofísica, onde circulam ideias sobre as especificações técnicas da fonte de luz e seus resultados nas dimensões físicas do objeto iluminado, mensuráveis quantitativamente.

2. conceitos de natureza subjetiva - que consideram questões de ordem psicológica, poética, estética, semiótica, artística e empirista, mensuráveis qualitativamente, a partir da coleção de respostas tanto do profissional como do usuário, sobre como pensam ou percebem a influência da iluminação no contexto social.

Desta forma, a história argumentada da iluminação artificial vai além da perspectiva estritamente materialista ou tecnicista, isto é, não analisa o assunto exclusivamente na sua realidade técnica ou no domínio particular do mundo físico, mas antes considerá-lo no interior do universo sociocultural, dos usos da iluminação e dos hábitos e costumes a ela relacionados,

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pois se supõe que a sociedade classifica suas percepções em categorias significativas a ela, e as insere numa visão macro-social. Ao historiador cabe o esforço de distinguir o habitual do incomum, saber identificar a diferença entre o emprego de uma técnica e a socialização da mesma, demarcar conceitos, materiais e estágios que representem uma tradição ou uma inovação. Thomas Edison sequer era nascido quando o inglês Sir Humpry Davy inventou a lâmpada elétrica em 1808 (DILAURA, 2006), mas foi Edison quem socializou a técnica, comercializou o artefato e levou para o interior das residências a luz elétrica. O historiador, na visão de Giedion (1998, p. 17) “não pode calcular o curso dos acontecimentos futuros, com o faz o astrônomo”, de modo que a história pode ser considerada como a “percepção do processo móvel da vida”. Assim, para realizar uma mensuração do espaço histórico, o percurso é, com efeito, singularmente desafiador em um terreno dinâmico, onde “o essencial é a visão panorâmica e simultânea, [...] já que só através da percepção simultânea de vários períodos e diversos campos dentro de um período, cabe alcançar a visão da evolução anterior (GIEDION, 1998, p. 27). Sob este enfoque, à primeira vista abundante, pretende-se abrir, aqui e ali, pequenas brechas, marcar o terreno, como arqueólogo e historiador do espaço e do tempo, ciente de um espaço demasiadamente vasto e ao mesmo tempo, com uma proposta de investigação na dimensão do ambiente construído, sem alimentar a ilusão de se conseguir uma visão completa, mas antes sistematizada e organizada. Sabe-se da dificuldade em se obter respostas para todas as dúvidas, mas os resultados que aqui se conseguir podem suscitar a curiosidade e incitar outros pesquisadores a continuar e decifrar novas parcelas deste estudo, aprofundar aquelas que por ventura superficialmente se desbravou. E, por ventura, contribuir para o meio acadêmico, visto que no estudo da arquitetura e cotidiano do arquiteto existem preocupações referentes ao planejamento urbano, no qual a iluminação artificial encontra-se inserida, embora não contemplada na grade curricular da maioria dos Cursos de Graduação em Arquitetura e Urbanismo, no Brasil. Para o sociólogo francês Pierre Bourdieu, habitus equivale a “esquemas interiorizados que permitem engendrar todos os pensamentos, percepções e as ações característicos de uma cultura” (BOURDIEU, 2004, p. 349). Em um espaço geográfico e histórico de dois séculos, onde cada indivíduo que compôs a sociedade brasileira guarda percepções sobre a iluminação no espaço construído, seja ele público, privado, de repouso, de namoro, de recordações, de uma vida, acredita-se que “em sistemas de iluminação a relação entre causa e efeito [...] atende uma necessidade que é imposta pelo olho humano e que, por não ser uma máquina newtoniana, varia de individuo a individuo” (COSTA, 2005, p.18), que no desfiar do tempo afetou a noção e os aspectos da vida em sociedade. O sociólogo alemão Norbert Elias acredita que “cada pessoa singular, por mais diferente que seja de todas as demais, tem uma composição específica que compartilha com outros membros de sua sociedade. [...] é a composição social dos indivíduos” (ELIAS, 1994, p. 150). O historiador norte-americano Robert Darnton entende que “a expressão individual ocorre dentro de um idioma geral, de que aprendemos a classificar as sensações e a entender as coisas pensando dentro de uma estrutura fornecida por nossa cultura” (DARNTON, 1996, p. 17).

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O Programa Luz para Todos, além de levar energia à população rural, oferece soluções para utilizá-la como vetor de desenvolvimento social e econômico em comunidades de baixa renda, contribuindo para a redução da pobreza e para o aumento da renda familiar. Estima-se que, aproximadamente, 300 mil empregos diretos e indiretos são gerados em consequência da implementação do Luz para Todos, uma vez que é dada prioridade ao uso da mão-de-obra local e à compra de materiais e equipamentos nacionais fabricados nas regiões próximas às localidades atendidas (BRASIL, 2008, p.98).

Por fim, as questões que envolvem o planejamento urbano e a iluminação artificial fazem parte também do programa do governo atual onde a inserção da iluminação e da energia modificam uma sociedade e seus costumes, geram empregos e contribuem para uma melhor qualidade de vida. Desta forma, acredita-se na importância deste estudo para fins de subsidiar cientificamente um panorama da relação entre a iluminação artificial e o modo de vida do brasileiro. 3. Iluminação natural

“Inventos e descobrimentos devem estar integrados com suas implicações sociais”

(GIEDION, 1998, p. 719).

A iluminação natural, na era paleolítica, proporcionou ao homem que durante os dias se deslocasse para procurar alimento (caça), o que explica ter sido um nômade. Essa luz natural afetou a vida social de nossos ancestrais ao lhe orientar nos deslocamentos para sua sobrevivência. O território que compõe as Américas (do Canadá à Patagônia) é um bloco vertical cuja luz do sol se põe por volta das 18h. Já o território que compõe a Eurásia (de Portugal à Turquia, parte da Rússia e do Afeganistão ao Vietnã), é um bloco horizontal onde em certas épocas do ano é possível, por exemplo, haver sol às 22 horas em Paris (DERZE, 2009, p. 88). O fator iluminação natural pode explicar o salto dado pela civilização européia frente aos ameríndios, no que se refere não apenas à produção da agricultura, fundição de armas ou fabricação de artefatos para o cotidiano (os ameríndios também o faziam), mas, antes, porque se em certas épocas do ano havia mais luz natural disponível na Eurásia, podia-se manter o ritmo de trabalho por mais tempo, acumular a produção, além de favorecer o deslocamento das mercadorias de uma região à outra enquanto houvesse luz, com o uso de animais para o transporte de cargas, e no futuro com o uso de locomotivas. O transporte à luz do dia (mais longo no verão europeu) favoreceu o sistema de trocas e o desenvolvimento de mercados com significativo impulso na economia europeia. Assim, a utilização da luz natural nos dias mais longos da Eurásia, influenciou o modo de vida social desde o período neolítico, nas civilizações egípcias, gregas, romanas, católicas medievais, renascentistas até que fosse possível se trabalhar à noite, quando Murdock (um funcionário de James Watt, autor da máquina a vapor) instalou dentro da fábrica uma fonte de luz artificial, acesa por meio da destilação do gás de carvão (BUTERA, 2009, p. 72). Assim como a iluminação natural proporcionou avanços sociais para o homem europeu, a iluminação artificial a gás, usada à noite, proporcionou à sociedade europeia, no séc. XVIII, a

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ampliar o seu turno de trabalho e contribuir para o sucesso da revolução industrial na Inglaterra, com inevitáveis consequências no futuro econômico e social da Europa.

Figura 1 - Avenue de Clichy Louis Anquetin (1887), óleo sobre tela. Fonte: Thompson (1999, p. 27). Essa mesma iluminação a gás atravessa o Atlântico e é introduzida no séc. XIX, na capital do Brasil, Rio de Janeiro, pelas mãos do empresário Irineu Evangelista de Sousa (Barão de Mauá), que inaugura a iluminação a gás no Brasil, no dia 25 de março de 1854 (CALDEIRA, 1995, p. 289).

A iluminação a gás na parte central do Rio prolonga a vida social nos parques e nas ruas da cidade. O Passeio Público, no Rio de Janeiro, era lugar de ver e de ser visto. O início da iluminação a gás na parte central da cidade atrai para fora das casas — para os cafés, as confeitarias e os restaurantes — as famílias que antes só se expunham ao olhar público nas missas dominicais e, às vezes, nos teatros. [...] Nos anos 1860 a iluminação a gás entra nas casas mais ricas e, em 1874, cerca de 10 mil casas já dispunham desse conforto. No ambiente iluminado das casas, dos salões e dos cafés, a aparência individual devia revestir-se de novos atributos estéticos. (NOVAIS, 1997, p. 85).

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Figura 2 - Iluminação a gás no Rio de Janeiro, capital do Brasil

Fonte: Novais (1997, p. 84).

Entretanto, se a introdução da iluminação artificial a gás ocasionou um conforto e uma mudança no comportamento da sociedade brasileira, no que tange ao comportamento social na Alemanha, em 1819, o diário alemão “Kolimische Zeitung” com relação à iluminação a gás, publicava: “as lâmpadas desta inatural iluminação são muito perigosas podendo explodir a qualquer momento. Ademais, a luz é demasiada inibindo os cavalos, incentivando os ladrões e facilitando a indecência” (BONALI, 2001, p. 154). Barros (2005, p. 9) ao analisar o contexto de instalação da energia elétrica na cidade de Juiz de Fora (MG), em 1889, no contexto da “Belle Époque”, localizou no jornal local Gazeta da Tarde, datado de 24 de agosto de 1889, o seguinte relato:

Se a população desta cidade atualmente não se diverte é porque não quer. Além da iluminação elétrica, que é motivo para passeios à noite, para as mais joviais palestras, aí estão duas companhias - a de toureiros e a Pery, que provocarão de certo, pruridos de sair de casa a quem, com o povo de Juiz de Fora, não nasceu para viver na toca.

Santos (2005, p. 32), ao considerar a iluminação como elemento de composição da paisagem urbana, distinguiu três momentos com base no tipo de pensamento sobre a iluminação pública: na fase da iluminação pública a gás (1854), a iluminação era fator de segurança; no final do séc. XIX até os anos 80, era funcional; no final do séc. XX, a iluminação artificial se instala como fator de identidade noturna das cidades.

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Figura 3 - Iluminação elétrica no Rio de Janeiro, capital do Brasil

Fonte: Centro da Memória da Eletricidade no Brasil (2003, p. 129) Mascaró (2006, p. 56) defende que ao se pensar nos “recintos urbanos”: ruas, avenidas, praças..., parte do desempenho luminoso “depende da arquitetura [...] da presença (ou não) da vegetação, e que cada um gera uma distribuição específica de intensidade e distribuição luminosa. Entretanto admite que “essas considerações não estão no elenco de critérios básicos de projeto arquitetônico. Nem urbano ou luminotécnico” (MASCARÓ, 2006, p. 57). Ao estudar como quatro arquitetos modernistas (Frank Lloyd Wright, Walter Gropius, Le Corbusier e Louis Khan) pensaram e usaram a luz na construção do espaço, Szabo (1995) apresenta a conclusão desenvolvida por Rasmussen de que “as características principais dos modernos seriam a valorização da quantidade como a grande qualidade e a procura de uma luz uniforme” (RASMUSSEN, 1996 apud SZABO, 1995, p. 101). Cabe considerar que esta iluminação, artificial, empregada na construção dos espaços, era apagada às 22h, como fonte de economia de energia desde o período colonial à primeira década do séc. XX, no Rio de Janeiro. A primeira: o óleo de baleia, a segunda: a eletricidade. O desligamento das luzes gerava na sociedade uma necessidade de se recolher aos lares e cessar as atividades. Em virtude dessas ações de repouso da sociedade e da escuridão noturna, não se delineou, desde o período colonial, uma preocupação com a iluminação no projeto básico urbanístico. Ao entrevistar cidadãos brasileiros entre 60 e 90 anos de idade sobre como era a iluminação em seu tempo de infância e adolescência, os relatos contêm uma

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coincidência: “a luz dos postes era desligada quando dava dez horas da noite” (BASTOS, 2009)1. “O objeto das ciências sociais é histórico. [...] as sociedades humanas existem num determinado espaço cuja formação social e configuração são específicas” (MINAYO, 1994, p.13). Para Schorske (2000, p.67) a experiência da multidão é fundamental para se “saborear” a transitoriedade de uma cidade. Assim, “a história social da iluminação oferece uma oportunidade para se conhecer a evolução da mentalidade humana no que se refere à relação funcional e conceitual que se deu (e se dá) entre o homem, a iluminação e seu modo de vida” (DERZE, 2009, p. 88). 4. Iluminação de interiores Neste capítulo será abordado um estudo sobre iluminação de interiores, ao se analisar a iluminação de determinado ambiente deve-se verificar se este apresenta qualidade adequada às exigências da luminotécnica: correta distribuição, conforto visual e boa eficiência energética. Ao contrário do que se costuma pensar, a obtenção do conforto visual não é obtido apenas através da obtenção do nível de iluminamento proposto por norma. Para a obtenção do conforto visual é necessário, além da iluminância adequada, um controle dos reflexos, dos brilhos e do ofuscamento. O conforto visual é considerado por Philips (2001), “como sendo um conjunto de condições em um determinado ambiente, no qual o ser humano pode desenvolver suas tarefas visuais com o máximo de acuidade e precisão visual, com menor esforço, com menor risco de prejuízos à vista e com reduzidos riscos de acidentes, visto que uma iluminação inadequada pode causar acidentes, erros de trabalho, fadiga, cefaléia e irritabilidade ocular, os quais apresentarão como conseqüência a diminuição da atividade produtiva”. Além da obtenção do conforto visual, o sistema de iluminação deve possuir a melhor eficiência energética possível sem, entretanto, influenciar negativamente o conforto visual. Dessa forma, para verificar se o sistema de iluminação de um determinado ambiente está compatível com os tipos de trabalho a ele destinados, com seus usuários e suas características, de forma a gerar conforto visual e um bom rendimento luminoso, será apresentado o seguinte procedimento: 1°Levantamento das dimensões e das refletâncias do Ambiente o primeiro passo para a análise de um projeto luminotécnico é o levantamento das dimensões do recinto. As características a serem levantadas são: comprimento, largura, pé-direito, altura da luminária em relação ao solo, plano de trabalho e posicionamento das janelas. Esses dados são fundamentais para a verificação da situação do ambiente, visto que todas elas influenciam na iluminância, no conforto visual e no rendimento do sistema. 2°Levantamento das características luminotécnicas do sistema de iluminação Nesta etapa, deve-se fazer o levantamento do tipo de luminária, das lâmpadas, da tensão de funcionamento, da quantidade de luminárias, da carga elétrica instalada, da flexibilidade de

1 A entrevistada está com 99 anos, em 2009, e passou a infância e juventude no Rio de Janeiro, no bairro da Tijuca. O relato citado é recorrente nas demais entrevistas realizadas em 2009 com outros brasileiros. Em anexo, CD com um trecho em vídeo com 12min33s da entrevista com a Sra. Nícia Bastos.

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acendimento das lâmpadas e do posicionamento das luminárias pelo recinto. Esse levantamento será de fundamental importância no momento da realização da análise do sistema de iluminação. 3°Levantamento de relatos sobre a iluminação Deve ser feito um levantamento com os usuários do ambiente, verificando se os mesmos apresentam queixas em relação ao sistema de iluminação. Esse levantamento deve verificar reclamações sobre os níveis de iluminação durante o período de funcionamento, da ocorrência de ofuscamento, de reflexos, de brilhos, se existe a incidência de radiação solar direta no ambiente, e de qualquer outro tipo de reclamação que o usuário julgue ser pertinente. Apesar do projetista conseguir verificar, de forma intuitiva e visual, os níveis de ofuscamento, reflexos e brilhos gerados pela iluminação artificial durante a sua visita noturna ao local, ele terá uma grande dificuldade para fazer essa mesma análise para o período do dia. Essa dificuldade ocorre devido à variação da incidência dos raios solares no ambiente no decorrer do dia. Dessa forma, seria necessária a sua permanência no recinto durante um longo período, para a obtenção das informações, que podem ser passadas pelos próprios usuários. A iluminação dos ambientes durante o período do dia é feita através da combinação entre a iluminação artificial e a natural. Essa combinação é de fundamental importância para a obtenção de uma economia energética. Entretanto, não é aconselhável que a radiação solar incida diretamente no ambiente, visto que ela, normalmente, causa ofuscamento e aquecimento no recinto. 4°Determinação da iluminância ideal ao ambiente Nesse tópico, deve-se realizar o levantamento das atividades destinadas ao ambiente a ser iluminado, para se determinar a iluminância ideal ao ambiente. Esse procedimento deve ser baseado na NBR 5413 - Iluminância de interiores. 5°Verificação da iluminância do ambiente A avaliação do nível de iluminamento em determinado ambiente deve ser realizada de acordo com a NBR 5382 – Verificação da iluminância de ambientes interiores. Essa norma apresenta uma metodologia para a determinação da iluminância média de ambientes interiores de área retangular. O uso desse método nas áreas descritas pela norma resultará em valores de iluminância média com o máximo de 10% de erro sobre os valores que seriam obtidos pela divisão da área total em áreas de 50x50 centímetros, fazendo a medição em cada área e realizando a média aritmética (CREDER, 1996). Baseando-se no tipo e posicionamento das luminárias é proposto que seja medida a iluminância de alguns pontos do ambiente e, através desses, aplica-se uma metodologia de cálculo para a determinação da iluminância média. Ao se verificar a iluminância de determinado ambiente, deve-se realizar a consulta à norma, para a determinação dos pontos e dos cálculos que deverão ser utilizados. Quando o ambiente apresenta iluminação suplementar para determinado plano de trabalho, é interessante que seja verificada a iluminância média sobre essa superfície. Quando o plano de trabalho a ser iluminado por iluminação suplementar não for de 73 grandes dimensões, a medição de sua iluminância média deve ser feita dividindo o plano de trabalho em malhas de distância máxima de 50x50cm e calculando a sua média aritmética. Sugere-se que a iluminância nesses locais não seja superior a dez vezes a iluminância média gerada pela iluminação geral. É importante ressaltar que a medição da iluminância média da iluminação geral deve ser feita com iluminação suplementar desligada (MAMEDE FILHO, 1996).

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6°Análise qualitativa da iluminação A análise mais utilizada, para se verificar se a iluminação está adequada, é através da comparação entre a sua iluminância média e a iluminância requerida pelo ambiente. Entretanto, dizer que a iluminância em um ambiente está de acordo com a norma não significa que a iluminação do mesmo esteja em boas condições. Um projeto otimizado de iluminação, além de gerar a quantidade ideal de iluminância sobre o plano de trabalho, deve atender a vários outros requisitos. Em ambientes com sistema de refrigeração, deve-se evitar o uso de lâmpadas do tipo incandescente, pois as mesmas apresentam uma grande carga térmica e aumentam o consumo de energia. 7°Resultado final da análise Após todo o levantamento sugerido, deve ser feita a análise final da iluminação, apresentando os principais problemas encontrados. Com relação ao segundo item, a principal preocupação que se deve ter é com a flexibilidade de acendimento das lâmpadas. Em diversas edificações, em particular edifícios de escritório, verifica-se muito desperdício de energia, quando a iluminação é feita em apenas um circuito, pois obriga o acendimento de todas as luzes do ambiente quando se quer iluminar apenas um ponto de trabalho. O acendimento das lâmpadas em um ambiente pode e deve ocorrer em teclas ou interruptores diversificados. A utilização dessa flexibilidade deve ser feita de forma que as luminárias mais próximas das janelas possam ser desligadas quando houver luz natural suficiente. Uma outra forma de flexibilidade interessante a ser adotada é o acendimento intercalado das luminárias em diferentes teclas. Essa divisão torna possível a obtenção de uma iluminância média menor que a máxima exigida pelo recinto. Quando a sala for utilizada para tarefas que requerem uma menor iluminância, pode-se obter uma economia de energia, desligando parte de suas lâmpadas. Esse tipo de aplicação é muito utilizado em auditórios e teatros. A terceira forma é a divisão de uma sala em setores. Cada um deles terá todas as suas lâmpadas controladas por uma das teclas do interruptor. Essa distribuição torna possível que parte da sala seja utilizada para a execução de suas tarefas normais, enquanto as outras estejam desligadas. Além disso, atualmente, existem vários modelos de sensores de presença e fotoelétricos, que ligam ou desligam as luzes do ambiente de acordo com seu tipo de aplicação, obtendo, dessa forma, uma grande economia de energia (PHILIPS, 2001). O nível de iluminamento ideal ao ambiente, obtido no quarto item, deve ser comparado à iluminância média verificada no ambiente. Quando a iluminância do ambiente está muito alta quando comparada à ideal, deve-se diminuí-la, pois níveis mais altos que o indicado por norma, além de não apresentarem ganhos aos usuários, geram um maior consumo de energia. Quando os níveis estão abaixo, existem várias medidas que podem tornar o ambiente mais iluminado. Dentre elas podem-se citar: limpeza das luminárias; troca das lâmpadas; limpeza das superfícies do ambiente; realização de uma nova pintura do ambiente, com tintas de tonalidades mais claras; e, até mesmo, sugerir a troca daquele tipo de lâmpada por uma de maior fluxo luminoso (CREDER, 1996). 5. Metodologia Para atingir o objetivo proposto neste estudo, o método compreendeu-se a exploração de documentos iconográficos, documentos bibliográficos e testemunhos obtidos através de

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entrevistas gravadas em vídeo, pelo método da história oral. Os dados foram identificados com base na análise de conteúdo devido à sua “função heurística: a análise de conteúdo enriquece a tentativa exploratória, aumenta a propensão à descoberta, e uma função de administração da prova” (BARDIN, 2004, p. 25). As entrevistas adéquam-se ao objetivo do estudo, uma vez que “qualquer tema [...] desde que ainda vivam aqueles que têm algo a dizer sobre ele, é passível de ser investigado através da história oral” (ALBERTI, 2005, p. 29). Sob a perspectiva de Meihy (2005, p. 162), buscar as contradições por meio de um diálogo de oposições no momento das entrevistas, funciona como “a solução mais objetiva para os estudos da oralidade”, pois se parte de um assunto específico, possibilitando a articulação das narrativas por meio de um diálogo com outros documentos.

Ao dar a voz a múltiplos narradores, a História Oral possibilita diferentes versões, diferentes percepções sobre o mesmo fato. Por isso, neste tipo de trabalho, não se poderia adotar modelos reducionistas de análise, buscando a continuidade e a descontinuidade, os equívocos, as falhas, as comparações apenas, pois aquele que rememora expressa, também, em seu discurso, as suas fantasias e suas idealizações, ultrapassando o campo do racional, da lógica e da razão. Pela somatória das memórias individuais temos a evidência de uma memória coletiva, que nos fornece elementos para a reconstrução da memória histórica (FREITAS, 2006, p. 116).

As entrevistas foram realizadas pela metodologia da história oral como complemento da historicidade, combinada aos documentos iconográficos e bibliográficos, em que serão todos descritos e tipificados cronologicamente, a fim de explicar a problemática do estudo. Abaixo, uma representação esquemática do referencial teórico adotado no estudo.

Para fins de orientação intelectual sobre os procedimentos metodológicos, espera-se conduzi-los por meio da mediação teórica proposta por Rüsen: “pode-se conceber a pesquisa histórica regulada, operacional e substantivamente, de três maneiras: hermenêutica, analítica e dialeticamente” (RÜSEN, 2007, p. 116).

História Social da

Iluminação

Teóricos da História: Para conhecer possibilidades e métodos de raciocínio do

historiador.

Teóricos da Sociologia: Para conhecer o

funcionamento da sociedade, seus ritos, suas heranças

culturais.

Teóricos da Iluminação: Para conhecer a evolução conceitual e tecnológica aplicada à iluminação

artificial.

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6. Conclusão Observando a história social da iluminação e os diversos sistemas de iluminação do dia a dia, pode-se supor que, no Brasil, existe um grande descaso relacionado aos sistemas de iluminação. Suspeita-se que os sistemas de iluminação no país, em geral, apresentam manutenção precária, utilização de luminárias impróprias, iluminância inadequada, baixa eficiência, entre outros problemas. Para que a iluminação de ambientes internos seja feita de forma correta e otimizada, é necessária a verificação de uma grande quantidade de informações e a realização de alguns procedimentos e análises. Entretato, nem sempre se conhece ou se dá importância necessária a esse tipo de projeto. Um sistema de iluminação inadequado pode causar acidentes, erros de trabalho, fadiga, cefaléia e irritabilidade, os quais apresentarão como conseqüência diminuição da atividade produtiva. A conseqüência desse descaso é a implementação de projetos com péssima distribuição luminosa, baixos níveis de iluminância, sistemas de baixa eficiência luminosa ou com problemas de ofuscamento providos de iluminação natural ou artificial. Esse descaso parte, até mesmo, dos próprios fabricantes de luminárias, que dificilmente passam aos projetistas as informações necessárias para a realização de projetos de iluminação consistentes e ideais ao ambiente. A própria Philips, uma das maiores empresas de iluminação do mundo, não disponibiliza o catálogos de luminárias em sua pagina da internet do Brasil. Dessa forma, para a realização de iluminação de ambientes internos, sugere-se além da execução do projeto, é necessária a adoção de uma política de manutenção periódica, para que a iluminação do ambiente permaneça ideal ao longo do tempo. Referências ALBERTI, Verena. História dentro da História. In: Fontes históricas. São Paulo: Contexto, 2005. p. 155-202. BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Tradução: Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro. Lisboa, Portugal: Edições 70, 2004. 223 p. BARROS, Cleyton Souza. Luz e progresso: o imaginário da Belle Èpoque em Juiz de Fora (1889-1914). In: I COLÓQUIO DO LABORATÓRIO DE HISTÓRIA ECONÔMICA E SOCIAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA. Anais do I Colóquio do LAHES. 13 a 16 de junho de 2005. Juiz de Fora: LAHES, 2005. BASTOS, Nícia Calmon de Araújo. História Social da Iluminação no Brasil. 23 abr 2009. Entrevista concedida a Farlley Derze. Arquivo pessoal de Farlley Derze, em hard disk. Formato .avi (73 min). BONALI, Natale. A história da iluminação artificial: das origens ao século XX. São Paulo: AD, 2001. 176 p. ilust.

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