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I O L A N D A S O A R E S
Licenciada em engenharia (pré Bolonha) pelo IST (Instituto Superior Técnico),pós-graduada em Sistemas Integrados de Gestão no ISQ (Instituto de Soldadurae Qualidade) e pós-graduada em Economia da Energia, Ambiente e Desenvolvi-mento Sustentável, pelo ISEG (Instituto Superior de Economia e Gestão). É mem-bro da CT 184, Comissão Técnica para a Normalização na Gestão de Energia. Éautora e coautora de várias publicações nas suas áreas de especialização,nomeadamente, Energia. Desde 1996 trabalha na implementação e manutençãode Sistemas de Gestão, como principal responsável, como consultora, auditora eformadora, em várias entidades estrangeiras e nacionais acreditadas. Colaboracom o IPAC (Instituto Português de Acreditação) como avaliadora de equipasauditoras dos Organismos Certificadores de Sistemas de Gestão.
Este livro, de uma forma simples e acessível, constitui um guia teórico eprático para a melhoria da eficiência energética das organizações atravésda implementação da norma de referência ISO 50001. Apresenta os concei-tos fundamentais para que se alcance uma efetiva melhoria e um conjunto deexemplos e casos de aplicação visando dotar o leitor de um manual práticona implementação desta norma.
No primeiro capítulo é apresentado o enquadramento atual da eficiênciaenergética e a sua relação com a norma de referência, abordando-se apossibilidade de integração da ISO 50001 com outros referenciais norma-tivos ISO de Sistemas de Gestão, nomeadamente a ISO 14001. Esclare-cem-se, também, alguns equívocos usualmente existentes nas organiza-ções relativamente à sua interligação e eventual sobreposição. No segundocapítulo é exposta uma leitura da ISO 50001, sua interpretação e respetivaoperacionalização. No terceiro capítulo, as organizações que pretendamobter, através da certificação, o reconhecimento externo da implementaçãodo seu Sistema de Gestão de Energia de acordo com a ISO 50001, poderãoencontrar exemplos, sugestões, dicas ou, simplesmente, tópicos, para essepropósito.
Este livro será pois de leitura útil para todos os formadores, consultorese responsáveis organizacionais que pretendam implementar medidas deeficiência energética para aumentarem a sua competitividade bem como oseu desempenho ambiental.
501
ISB
N 9
78-9
72-6
18-7
99-8
1879
9878
9726
9
Eficiência
Energética
e a ISO 50001
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O 5
00
01
Com exemplos de documentação e registos
de um Sistema de Gestão de Energia
implementado de acordo com a ISO 50001
ABCDEFG
EDIÇÕES SÍLABO
ABCDEFG
Eficiência
Energética
e a ISO 50001
À minha mãe.
Aos meus filhos.
«As the world grapples with creating the right energy portfolio for the future, energy efficiency policy is playing an increasingly prominent role. In recent years the amount of both private and public money being dedicated to pro-moting energy efficiency has increased a great deal.»
Tom Tietenberg & Lynne Lewis
Eficiência Energética
e a
ISO 50001
IOLANDA SOARES
EDIÇÕES SÍLABO
É expressamente proibido reproduzir, no todo ou em parte, sob qualquer
forma ou meio, NOMEADAMENTE FOTOCÓPIA, esta obra. As transgressões
serão passíveis das penalizações previstas na legislação em vigor.
Visite a Sílabo na rede
www.si labo.pt
Editor: Manuel Robalo
FICHA TÉCNICA:
Título: Eficiência Energética e a ISO 50001 Autora: Iolanda Soares © Edições Sílabo, Lda. Capa: Pedro Mota
1ª Edição – Lisboa, abril de 2015 Impressão e acabamentos: Europress, Lda. Depósito Legal: 390924/15 ISBN: 978-972-618-799-8
EDIÇÕES SÍLABO, LDA.
R. Cidade de Manchester, 2 1170-100 Lisboa Tel.: 218130345 Fax: 218166719 e-mail: [email protected] www.silabo.pt
Índice
Acrónimos 9 Introdução 11
Capítulo 1
A Eficiência Energética e a Norma ISO 50001 – Uma combinação fundamental 13
1.1. A importância da Eficiência Energética e os benefícios decorrentes da implementação de Sistemas de Gestão de Energia de acordo com a ISO 50001 15
1.2. Apresentação genérica da norma ISO 50001 20 1.3. ISO 50001 – Comparação e integração com outros referenciais
normativos: tentativa de desconstrução de alguns mitos 24
Capítulo 2
Implementação de um Sistema de Gestão de Energia de acordo com a ISO 50001 33
2.1. O que é relevante no capítulo «Introdução» da ISO 50001? 35 2.2. A ISO 50001 e os seus requisitos 38
2.2.1. Requisitos gerais 38 2.2.2. Responsabilidade da gestão 39 2.2.3. Política Energética 41 2.2.4. Planeamento Energético 42 2.2.5. Competências, formação e sensibilização 71 2.2.6. Comunicação 73 2.2.7. Documentação 74 2.2.8. Controlo de documentos 75
2.2.9. Controlo operacional 76 2.2.10. Conceção 80 2.2.11. Aprovisionamento de energia, seus serviços produtos
e equipamentos 81 2.2.12. Monitorização, medição e análise 82 2.2.13. Avaliação da conformidade com exigências legais
e outros requisitos 84 2.2.14. Auditoria Interna ao Sistema de Gestão de Energia 85 2.2.15. Não-conformidades, correções, ações corretivas
e ações preventivas 86 2.2.16. Controlo dos registos 88 2.2.17. Revisão pela gestão 88 Referências 90
Capítulo 3
Anexos com exemplos de documentação e registos de um SGE implementado de acordo com a ISO 50001 93
Anexo 1 – Manual Integrado ISO 9001 e ISO 50001 95 Anexo 2a – Política energética Repsol 118 Anexo 2b – Política energética Chevron 119 Anexo 3a – Procedimento Avaliação Energética 120 Anexo 3b – Modelo de impresso de Matriz de Avaliação de Significância 126 Anexo 4 – Modelo de Impresso para Objetivos, metas e Planos de Ação 127 Anexo 5 – Lista de Legislação – Principal legislação associada à Energia 128 Anexo 6a – Modelo de Impresso para Levantamento das Necessidades
de Formação e para Avaliação da Eficácia da Formação 131 Anexo 6b – Modelo de Impresso para Plano de Formação 132 Anexo 6c – Modelo de Impresso para Ficha de Descrição de Funções 133 Anexo 7 – Modelo de Impresso para Plano de Comunicação 134 Anexo 8 – Procedimento Controlo de Documentos e Registos.
Avaliação da Conformidade Legal 135 Anexo 9a – Modelo de Impresso para Atividades de Controlo Operacional 143 Anexo 9b – Modelo de Impresso para Plano de Emergência 144 Anexo 10 – Modelo de Impresso para Conceção 145
Anexo 11 – Procedimento para avaliação de fornecedores 146 Anexo 12 – Modelo de Impresso para Plano de Medição de Energia 149 Anexo 13a – Modelo de Impresso para Plano de Calibração 150 Anexo 13b – Modelo de Impresso para Registo de Calibração 151 Anexo 14 – Modelo de Impresso para Verificação da Conformidade Legal 152 Anexo 15a – Lista de Verificação dos Requisitos ISO 50001 153 Anexo 15b – Procedimento para Realização de Auditorias Internas 165 Anexo 15c – Modelo de impresso para Realização de Auditorias Internas 168 Anexo 15d – Modelo de impresso para Relatório de Auditoria 169 Anexo 16a – Procedimento para Não Conformidades, Ações corretivas
e Ações Preventivas 170 Anexo 16b – Modelo de Impresso para registo de Não Conformidades,
Ações corretivas e Ações Preventivas 172
Bibliografia 175
Acrónimos
IDE Indicadores Desempenho Energético.
SGE Sistema de Gestão de Energia.
PDCA Ciclo de gestão Plan, Do, Check, Act (também designado Ciclo de Deming).
TEP Tonelada Equivalente de Petróleo (a tep é definida por convenção, como
sendo igual a 10000 megacalorias.
SGCIE Sistema de Gestão de Consumidores Intensivos de Energia.
W Watt. Unidade de potência. O watt é a potência de um sistema energético no
qual é transferida uniformemente uma energia de 1 joule durante 1 segundo.
k, M, Prefixos das unidades SI: quilo e mega.
kWh Quilo Watt hora.
MWh Mega Watt hora.
USE Usos Significativos de Energia.
P Potência.
Hr Humidade Relativa.
T Temperatura.
EMM Equipamento de Medição e Monitorização.
Introdução
Interessante será a analogia que a língua inglesa, através da palavra power,
permite estabelecer entre energia e poder.
De facto, na nossa civilização, desde o seu início e sempre, Energia é Poder.
Teremos dificuldade em imaginar, desde as coisas mais comezinhas das nossas
vidas, até aos estados e às nações, a nossa existência sem ela, sem este poder.
Residirá, no entanto, nesta tão grande dependência energética o paradoxo da
nossa fraqueza civilizacional.
A energia é, também, sinónimo de fraqueza. Não sei se haverá alguma língua
que, à semelhança da inglesa para Poder, interprete tão bem esta outra analogia...
É neste contexto paradoxal, de poder versus fraqueza, que o paradigma da efi-
ciência energética se coloca.
Este livro pretende, de uma forma simples e acessível, constituir um guia com
sugestões práticas para a melhoria da eficiência energética das organizações, atra-
vés da implementação da norma de referência ISO 50001.
Apresenta, no primeiro capítulo, uma série de conceitos de entendimento funda-
mental para alcançar esta melhoria e, no segundo e terceiro capítulos, uma série de
exemplos que pretendem contribuir para que este livro possa constituir um manual
prático na implementação desta norma.
O primeiro capítulo aborda, para além dos referidos conceitos, o enquadramento
atual da eficiência energética e a sua relação com a norma de referência.
Importante neste capítulo será, também, a abordagem à possibilidade de inte-
gração da ISO 50001 com outros referenciais normativos ISO de Sistemas de Ges-
tão, nomeadamente a ISO 14001, e a tentativa de esclarecer alguns equívocos
usualmente existentes nas organizações relativamente à sua interligação e eventual
sobreposição.
O segundo capítulo apresenta uma leitura possível à ISO 50001, sua interpreta-
ção e operacionalização, tendo em vista a melhoria do desempenho e eficiência
energéticas.
12 E F I C I Ê N C I A E N E R G É T I C A E A I S O 5 0 0 0 1
As organizações que pretendam obter, através da certificação, o reconhecimento
externo da implementação do seu Sistema de Gestão de Energia de acordo com a
ISO 50001, poderão encontrar, sobretudo no terceiro capítulo deste livro, exemplos,
sugestões, dicas ou, simplesmente, tópicos, para esse propósito.
Um aspeto fundamental referido nesta norma é de que se trata de uma norma
aplicável a qualquer organização.
Os exemplos, as sugestões, as dicas e os tópicos só poderão, portanto, ser
entendidos com uma abrangência forçosamente generalista para a qual cada orga-
nização carecerá de avaliar a sua adequabilidade e aplicabilidade.
Não há modelos pré-feitos, nem fórmulas ou «poções mágicas», para que as
organizações se tornem mais eficientes energeticamente e nem para que os seus
Sistemas de Gestão de Energia se tornem eficazes.
Cada organização deverá, portanto, analisar o conteúdo deste livro com espírito
crítico face à sua própria realidade e entendê-lo como uma mera partilha de expe-
riência e conhecimento que pretende ajudar à reflexão e à inspiração da própria
organização.
Desta feita, mesmo quando surgem citações da ISO 50001, estas não invalidam
a sua leitura direta na própria norma.
A autora não quer deixar de agradecer ao Eng. Nuno Lopes a disponibilidade
para ser o primeiro leitor das linhas que se seguem e ao Eng. Américo Rebelo pelo
seu conhecimento, sobretudo, pela partilha dos exemplos práticos do uso de variá-
veis relevantes, constantes do ponto 2.2.4.13 deste livro.
Capítulo 1
A Eficiência Energética e a Norma ISO 50001
Uma combinação fundamental
A E F I C I Ê N C I A E N E R G É T I C A E A N O R M A I S O 5 0 0 0 1 15
1.1. A importância da Eficiência Energética e os benefícios decorrentes da implementação de Sistemas de Gestão de Energia de acordo com a ISO 50001
Em entrevista ao Diário Económico (18/07/2013), Robert Tromop – Coordenador
da Unidade da Eficiência Energética da Agência Internacional de Energia, afirmou
que «a eficiência energética pode reorientar a economia mundial».
Efetivamente, e segundo a mesma fonte, a melhoria da eficiência energética
pode levar à redução de mais de 17,5 biliões de dólares, só na fatura de combustível.
Se estes números são, por si só, representativos do ponto de vista económico,
outros o serão a nível ambiental.
Efetivamente, as questões de sustentabilidade ao nível dos recursos naturais e
da emissão de gases com efeito de estufa, colocam-se com grande premência ao
nível da produção energética.
Qualquer fonte energética, mesmo as tradicionalmente designadas por renová-
veis, têm em termos ambientais, impactes significativos diretos e indiretos.
Indissociável do modus vivendi do Homem de hoje, as questões ambientais apa-
recem lado a lado com as questões económicas. Efetivamente, quando se analisam
as questões energéticas não se podem dissociar as três vertentes do problema:
Economia, Ambiente e Segurança no abastecimento/Qualidade de serviço.
Quer por questões de sustentabilidade dos modelos económicos atuais, quer por
questões de sustentabilidade ambiental – fará todo o sentido colocar a eficiência
energética como um tema «na ordem do dia».
A eficiência energética é, assim, vista hoje como o grande paradigma para a
resolução do «trilema»: – Como harmonizar as três faces do problema energético
Economia, Ambiente e Segurança no abastecimento/Qualidade de serviço?
Neste contexto, a ISO – International Organization for Standardization, deu um con-
tributo positivo, ao publicar, em 2011, a norma ISO 50001 – «Energy Management
Systems – Requirements with guidance for use», traduzida e adotada em Portugal,
em 2012, pelo IPQ – Instituto Português da Qualidade, como NP EN ISO 50001 –
«Sistemas de Gestão de Energia. Requisitos e linhas de orientação para a sua utili-
zação.»
16 E F I C I Ê N C I A E N E R G É T I C A E A I S O 5 0 0 0 1
A ISO 50001 fornece uma base para as organizações demonstrarem que imple-
mentam um sistema eficaz de gestão da energia, não só para atingir melhorias no
seu próprio desempenho energético, como também para comprar produtos e servi-
ços energeticamente eficientes e incorporar desenvolvimentos para a melhoria do
desempenho energético.
Efetivamente, esta norma foi desenvolvida pela ISO como o futuro referencial
para a gestão de energia, prevendo-se que possa influenciar diretamente até 60%
do consumo mundial de energia. Percentagem esta que significa o impacto positivo
desta norma, nos serviços e indústria, de acordo com uma estimativa baseada no
«World Energy Demand and Economic Outlook 2010» – US Energy Information
Administration.
A ISO 50001 ao estabelecer os requisitos para um sistema de gestão de energia,
tem como principal objetivo permitir às organizações estabelecer os sistemas e pro-
cessos necessários para melhorar o seu desempenho energético global, incluindo a
utilização, consumo e eficiência energética.
A Eficiência Energética é definida nesta norma como:
«Rácio ou outra relação quantitativa entre um desempenho, serviço, bem ou ener-gia e um consumo de energia.
Exemplo:
Eficiência de uma conversão; Relação energia necessária/energia utilizada; Rela-ção entre o resultado/energia consumida; Relação entre a energia teoricamente necessária à operação/energia consumida na operação.»
Ou seja, como podemos ter mais, gastando menos.
Na verdade, ser eficiente não significa simplesmente «gastar menos». É na rela-
ção entre o que produzimos (que pode ser mais e necessariamente o consumo
energético associado também) e o que para isso gastamos, que a questão da efi-
ciência energética se coloca (ver os pontos 2.2.4.7, 2.2.4.10 e 2.2.4.11 deste livro)
De acordo com a mesma norma, energia define-se como sendo:
«Eletricidade, combustíveis, vapor, calor, ar comprimido e outras formas/vetores.
Nota 1: (...) energia designa todas as formas de energia incluindo renováveis, que possam ser adquiridas, armazenadas, processadas, utilizadas num equipamento ou num processo, ou recuperadas.
Nota 2: Energia pode ser definida como a capacidade de um sistema produzir ati-vidade externa ou realizar trabalho.»
A E F I C I Ê N C I A E N E R G É T I C A E A N O R M A I S O 5 0 0 0 1 17
Outra definição complementar à dada pela norma é a constante no Dicionário de
Terminologia energética do Conselho Mundial da Energia [Associação Portuguesa
de Energia, 2ª edição, 1992]:
«Energia: Capacidade de um sistema para originar efeitos externos (Max Plank).
Nota: a energia pode apresentar-se sob as seguintes formas: • energia mecânica; • energia térmica (energia interna, entalpia); • energia de ligação química; • energia de ligação física; • energia de radiação eletromagnética; • energia elétrica.»
Uma vez estabelecidos os conceitos, podemos afirmar que grande parte da efi-
ciência energética conseguida nas organizações é obtida através da alteração dos
processos de gestão da energia, e não através da instalação de novas tecnologias.
Neste sentido, interessante será o estudo publicado pela ADENE – Agência para
a Energia, em 2010, sob o título «Medidas de Eficiência Energética Aplicáveis à Indús-
tria Portuguesa: Um Enquadramento Tecnológico Sucinto», cujo quadro resumo (ver
Quadro 1) se apresenta seguidamente:
Quadro 1. Soluções e medidas que podem contribuir para a eficiência energética na Indústria
Transversais ou horizontais
Âmbito Medida/tecnologia Poupança
tep/ano
Total
%
Sistemas acionados por motores elétricos
Otimização de motores
Sistemas de bombagem
Sistemas de ventilação
Sistemas de compressão
Total
19 115
2 294
510
5 161
27 080
0,35
0,04
0,01
0,10
0,50
Produção de calor e frio Cogeração
Sistemas de combustão
Recuperação de calor
Frio industrial
Total
27 000
64 043
72 048
1 338
164 429
0,50
1,18
1,34
0,02
3,04
Iluminação Total 1911 0,04
18 E F I C I Ê N C I A E N E R G É T I C A E A I S O 5 0 0 0 1
Âmbito Medida/tecnologia Poupança
tep/ano
Total
%
Eficiência do processo industrial/outros
Monitorização e controlo
Tratamento de efluentes
Integração de processos
Manutenção de equipamentos
Isolamentos térmicos
Transportes
Formação e sensibilização de recursos humanos
Redução da energia reativa
Total
10 554
2 402
94 986
24 871
18 012
48
3 166
1 125
155 164
0,20
0,40
1,76
0,46
0,33
0,001
0,06
0,02
2,87
Total das medidas transversais 348 584 6,45
Setoriais ou específicas
Setor Medida/tecnologia Poupança
tep/ano Total %
Alimentação e bebidas
Otimização da esterilização
Processos de separação com membranas
Mudança de moinhos horizontais para verticais
Destilação sob vácuo
Total
2 808
1 354
1 312
768
6 242
0,052
0,025
0,024
0,014
0,115
Cerâmica Otimização de fornos
Melhoria de secadores
Extrusão com secadores
Extrusão dura
Otimização de produção de pó para prensagem
Utilização de combustíveis alternativos
Total
5 125
591
860
1 155
997(a)
8 728
0,095
0,01
0,016
0,021
0,018 (a)
0,161
Cimento Otimização de fornos
Otimização de moagens
Utilização de combustíveis alternativos (p. ex. biomassa)
Redução da utilização de clínquer no cimento
Utilização de gás natural (em substituição do coque de petróleo)
Total
0
0
104 388 (b)
(a)
0
0
0
0
0 (b
(a)
0
0
Madeira e artigos de madeira
Transportadores mecânicos em vez de pneumáticos
Aproveitamento de subprodutos de biomassa
Otimização de fornos de secagem contínua
Total
11
469
47
527
0,0002
0,0087
0,0009
0,0097
Metalo-electro- -mecânica
Combustão submersa para aquecimento de banhos
Reutilização de desperdícios
Otimização de fornos
Total
70
349
670
1 089
0,0013
0,0065
0,0124
0,0202
A E F I C I Ê N C I A E N E R G É T I C A E A N O R M A I S O 5 0 0 0 1 19
Setor Medida/tecnologia Poupança
tep/ano Total %
Metalurgia e fundição
Melhoria na qualidade dos ânodos e cátodos
Setor da fusão
Número de fundidos por cavidade
Rendimento do metal vazado
Diminuição da taxa de refugo
Despoeiramento
Aumento da cadência do ciclo
Redução de sobre-espessuras
Total
62
197
369
49
10
37
4
2
730
0,0012
0,0036
0,0068
0,0009
0,0002
0,0007
0,0001
0,00004
0,0135
tep – tonelada equivalente de petróleo. A tep é definida por convenção, como sendo igual a 10000 megacalorias.
Fonte: «Medidas de Eficiência Energética Aplicáveis à Indústria Portuguesa: Um Enquadramento Tecnológico Sucinto» – ADENE – Agência para a Energia, 2010.
Conforme o quadro constante da Figura 1, podemos constatar que a segunda
medida com mais impacto na eficiência energética é uma medida transversal a toda
a indústria – «Eficiência do processo industrial/Outros». Por sua vez esta medida,
tão impactante no contributo para a eficiência energética da nossa indústria, desdo-
bra-se nas seguintes ações exclusivamente processuais e organizacionais:
• Monitorização e controlo. • Integração de processos. • Manutenção de equipamentos. • Sistemas de Transporte (exclusivamente medidas de controlo operacional). • Formação e sensibilização de recursos humanos.
Perfazendo, só estas, um total de 151 589 tep/ano.
Se pensarmos que outras medidas, nomeadamente setoriais, também englobam
medidas exclusivamente processuais e organizacionais, facilmente deduzimos que o
total de poupança apresentado, decorrente de medidas deste tipo, é conservativo.
Interessantes são, também, os resultados dos estudos que apontam para que,
em termos percentuais, as poupanças nas pequenas organizações sejam equiva-
lentes às organizações de maior dimensão. Colocando, assim, a eficiência energé-
tica como um fator transversal a todo o tecido empresarial.
Nesta medida compreende-se porque uma política económica tão pragmática
como a alemã, tenha criado incentivos e benefícios fiscais para as Organizações que
adotem a ISO 50001.
De resto, a própria legislação nacional reconhece o potencial da ISO 50001, no
PNAEE – Plano Nacional de Ação para a Eficiência Energética, para o período 2013-
20 E F I C I Ê N C I A E N E R G É T I C A E A I S O 5 0 0 0 1
2016, publicado na Resolução do Conselho de Ministros de nº 20/2013 de 10 de
abril, através da referência:
«Tendo em conta a execução e a avaliação do SGCIE, pretende-se promover a sua revisão no sentido do alargamento do seu âmbito de aplicação, bem como da melhoria do grau de monitorização dos consumos de energia ou das condições de incentivo para estimular a adesão de empresas em regime voluntário. Pretende-se igualmente melhorar a monitorização da implementação das medidas de eficiência energética através, nomeadamente, da utilização de protocolos de medição e veri-ficação. Com esta revisão do SGCIE pretende-se ainda dinamizar a adesão das empresas às normas europeias sobre sistemas de gestão de energia (ex. ISO 50001).»
1.2. Apresentação genérica da norma ISO 50001
A abordagem definida nesta norma permite às Organizações o tratamento de
dados, o que leva à identificação de situações que podem ser corrigidas ou melho-
radas ao nível do seu desempenho energético.
A tal facto, não será indiferente o enquadramento e sistemática na organização
dos requisitos desta norma, esquematicamente representados no Quadro 2:
Quadro 2. Enquadramento e sistemática na organização dos requisitos da ISO 50001
Situação de referência
Objetivos e metas
Mudança de comportamentos
Monitorização do desempenho
• Identificação dos usos de energia.
• Determinação do desempenho energético.
• Determinação do desempenho energético a atingir.
• Ações a implementar e responsabilidades e meios a utilizar.
• Procedimentos operacionais.
• Formação e sensibilização.
• Definição de indicadores.
• Recolha e análise de dados.
Fonte: Revista SGS Global, nº 30 de maio 2012 – «Energia novos desafios» de Ana Inácio.
A E F I C I Ê N C I A E N E R G É T I C A E A N O R M A I S O 5 0 0 0 1 21
Alguns dos requisitos desta norma e benefícios decorrentes da sua implementa-
ção são os seguintes:
Quadro 3. Alguns requisitos da ISO 50001 e principais benefícios decorrentes da sua implementação
Requisitos Benefícios
• Definição de política energética, objetivos, metas e planos de ação.
• Envolvimento da gestão de topo. • A gestão de energia é integrada na gestão corrente.
• Identificação sistemática dos usos e consumos energéticos e respetivos impactos.
• Tudo é considerado. • Enfoque nos aspetos que têm maior potencial de poupança.
• Definição de processos e de procedimentos. • Consistência na implementação. • Maior eficiência nos processos.
• Atribuições e responsabilidades de comunicação definidas.
• Pessoal treinado, competente e com consciência das suas funções e responsabilidades.
• Maior envolvimento.
• Implementação de controlos operacionais. • Incremento do uso eficiente de recursos. • Minimização das situações do risco de desvios no consumo de energia.
• Monitorização e medição do consumo de energia.
• Estabelecimento de relação entre o consumo e os fatores que o influenciam.
• Previsão do consumo de energia. • Os desvios podem ser identificados e corrigidos.
• Informação relevante recolhida para a decisão.
• Análises regulares ao desempenho conduzidas pela gestão de topo.
• Podem ser identificadas tendências. • Oportunidades para melhoria identificadas e implementadas.
• Melhoria contínua.
Fonte: SGS – formação «Implementação de Sistemas de Gestão de Energia de acordo com a ISO 50001. 2013».
A opção pela implementação e certificação de Sistemas de Gestão de Energia,
de acordo com a ISO 50001, poderá ainda surgir como reação a pressões na envol-
vente da Organização, nomeadamente:
• Aumento dos custos de Energia. • Segurança no Abastecimento de Energia.
22 E F I C I Ê N C I A E N E R G É T I C A E A I S O 5 0 0 0 1
• Opinião Pública. • Cumprimento de Legislação e Regulamentação. • Certificação Energética (SGCIE e SCE). • Sistemas de Taxas e Impostos aplicáveis ao consumo de energia. • Aspetos Ambientais a considerar na atividade da organização. • Imagem competitiva da concorrência.
Como resposta genérica a estas pressões, a norma desdobra-se nos seguintes
requisitos:
Quadro 4. Requisitos da ISO 50001
Requisitos
1 Âmbito
2 Referências normativas
3 Termos e definições
4 Requisitos do sistema de gestão de energia
4.1 Requisitos gerais
4.2 Responsabilidade da gestão
4.2.1 Gestão de topo
4.2.2 Representante da gestão
4.3 Política energética
4.4 Planeamento
4.4.1 Generalidades
4.4.2 Obrigações legais e outros requisitos
4.4.3 Avaliação energética
4.4.4 Consumo energético de referência
4.4.5 Indicadores de eficiência energética
4.4.6 Objetivos e metas e planos de gestão de energia.
4.5 Implementação e funcionamento
4.5.1 Generalidades
4.5.2 Competência, treino e sensibilização
4.5.3 Comunicação
4.5.4 Documentação do sistema de energia
A E F I C I Ê N C I A E N E R G É T I C A E A N O R M A I S O 5 0 0 0 1 23
Requisitos
4.5.5 Controlo operacional
4.5.6 Conceção e desenvolvimento
4.5.7 Aquisição de serviços, produtos, equipamento e energia
4.6 Verificação
4.6.1 Monitorização, medição e análise
4.6.2 Avaliação de conformidade com as obrigações legais
4.6.3 Auditoria interna do sistema de gestão de energia
4.6.4 Não conformidades, correções, ações corretivas e preventivas
4.6.5 Controlo de registos
4.7 Revisão pela gestão
4.7.1 Generalidades
4.7.2 Entradas para a revisão pela gestão
4.7.3 Saídas da revisão pela gestão
Aplicável na indústria, serviços ou qualquer outro tipo de organização, a norma
ISO 50001 fornece, assim, um referencial para demonstrar a implementação de um
sistema eficaz para atingir melhorias no desempenho energético.
O nível de detalhe e de complexidade do Sistema de Gestão de Energia, a
amplitude da documentação e dos recursos que lhe são afetos, dependem de vários
fatores, como a dimensão da organização, o âmbito do sistema, a natureza das suas
atividades, produtos e serviços.
Em síntese, pode afirmar-se que o objetivo desta norma é definir os requisitos
para um sistema de gestão de energia que permita às organizações estabelecer os
sistemas e processos necessários para melhorar o seu desempenho energético
global, incluindo a utilização, consumo e eficiência energética, permitindo, assim, a
redução de custos com a energia.
Outros benefícios podem, no entanto, ser ressalvados:
• Minimizar os impactos ambientais associados aos consumos de energia
• Apoiar a redução de custos operacionais
• Promoção da implementação de boas práticas de gestão de energia
• Suportar o cumprimento de requisitos legais e de objetivos ambientais
24 E F I C I Ê N C I A E N E R G É T I C A E A I S O 5 0 0 0 1
• Assegurar a credibilidade e maior transparência em processos/contratos que
dependam da performance no uso da energia
• Fundamentar a avaliação de programas de eficiência energética
• Redução dos riscos, dos respetivos custos financeiros e da exposição a penali-
dades legais
• Incrementar a capacidade de resposta a presentes e futuros requisitos dos
clientes e do público em geral
1.3. ISO 50001 – Comparação e integração com outros referenciais normativos: tentativa de desconstrução de alguns mitos
A norma é baseada em elementos comuns com outras normas ISO, como a ISO
9001 ou a ISO 14001, assegurando um alto nível de compatibilidade entre elas.
De resto, à semelhança destas, o ciclo de Deming ou PDCA (ver ponto 2.1 deste
livro), é, também, a metodologia de base adotada para o Sistema de Gestão de
Energia. Esta metodologia permite enquadrar e focalizar a Organização num ciclo de
Melhoria Contínua, desta feita, do seu desempenho energético (Figura 1).
Figura 1. Melhoria Contínua do desempenho energético da organização, através da implementação da metodologia PDCA
Política energética
PlanDo
ActCheck
SGE
Eficiência energética
Fonte: Fórum SPQ Expo 27 de setembro de 2013, Orlando Paraíba, Agência de Energia e Ambiente da Arrábida.
I O L A N D A S O A R E S
Licenciada em engenharia (pré Bolonha) pelo IST (Instituto Superior Técnico),pós-graduada em Sistemas Integrados de Gestão no ISQ (Instituto de Soldadurae Qualidade) e pós-graduada em Economia da Energia, Ambiente e Desenvolvi-mento Sustentável, pelo ISEG (Instituto Superior de Economia e Gestão). É mem-bro da CT 184, Comissão Técnica para a Normalização na Gestão de Energia. Éautora e coautora de várias publicações nas suas áreas de especialização,nomeadamente, Energia. Desde 1996 trabalha na implementação e manutençãode Sistemas de Gestão, como principal responsável, como consultora, auditora eformadora, em várias entidades estrangeiras e nacionais acreditadas. Colaboracom o IPAC (Instituto Português de Acreditação) como avaliadora de equipasauditoras dos Organismos Certificadores de Sistemas de Gestão.
Este livro, de uma forma simples e acessível, constitui um guia teórico eprático para a melhoria da eficiência energética das organizações atravésda implementação da norma de referência ISO 50001. Apresenta os concei-tos fundamentais para que se alcance uma efetiva melhoria e um conjunto deexemplos e casos de aplicação visando dotar o leitor de um manual práticona implementação desta norma.
No primeiro capítulo é apresentado o enquadramento atual da eficiênciaenergética e a sua relação com a norma de referência, abordando-se apossibilidade de integração da ISO 50001 com outros referenciais norma-tivos ISO de Sistemas de Gestão, nomeadamente a ISO 14001. Esclare-cem-se, também, alguns equívocos usualmente existentes nas organiza-ções relativamente à sua interligação e eventual sobreposição. No segundocapítulo é exposta uma leitura da ISO 50001, sua interpretação e respetivaoperacionalização. No terceiro capítulo, as organizações que pretendamobter, através da certificação, o reconhecimento externo da implementaçãodo seu Sistema de Gestão de Energia de acordo com a ISO 50001, poderãoencontrar exemplos, sugestões, dicas ou, simplesmente, tópicos, para essepropósito.
Este livro será pois de leitura útil para todos os formadores, consultorese responsáveis organizacionais que pretendam implementar medidas deeficiência energética para aumentarem a sua competitividade bem como oseu desempenho ambiental.
501
ISB
N 9
78-9
72-6
18-7
99-8
1879
9878
9726
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Eficiência
Energética
e a ISO 50001
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00
01
Com exemplos de documentação e registos
de um Sistema de Gestão de Energia
implementado de acordo com a ISO 50001
ABCDEFG
EDIÇÕES SÍLABO
ABCDEFG
Eficiência
Energética
e a ISO 50001