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ISSN 2359-1773
Anais do
Congresso Nacional de Ensino Religioso
7ª Edição
FONAPER Florianópolis/SC
2014
VII Congresso de Ensino Religioso, realizado entre os dias 03 a 05 de outubro de 2013,
na Universidade Federal de Juiz de Fora, em Juiz de Fora/MG.
© 2014 FONAPER – Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso Caixa Postal 90 - Florianópolis/SC - CEP 88.010-970 http://www.fonaper.com.br | e-mail: [email protected] Copyright da Compilação: FONAPER Copyright dos textos: dos autores Proponentes Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso (FONAPER) Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Coordenação Geral Adecir Pozzer (FONAPER) Rodrigo Portella (UFJF) Comissão Organizadora Arnaldo Érico Huff Junior (UFJF); Elcio Cecchetti (UFSC); Francisco Sales Palheta (FONAPER); Frederico Pieper Pires (UFJF); Gracileide Alves da Silva (FONAPER); Henri Luiz Fuchs (FONAPER); Maria José da Silva Lopes (FONAPER); Maria José Torres Holmes (FONAPER); Simone Riske Koch (FONAPER); Josiane Cruzaro (ASPERSC). Comissão Científica Dr. Alberto da Silva Moreira (PUC-GO); Dr. Antônio Sidekum (UCA/El Salvador); Dr. Artur César Isaia (UFSC); Dr. Carlos André Cavalcanti (UFPB); Dr. Douglas Rodrigues da Conceição (UEPA); Drando Élcio Cecchetti (UFSC); Dra. Elisa Rodrigues (UFJF); Dr. Evaldo Luís Pauly (UNILASALLE); Dr. Flávio Augusto Senra Ribeiro (PUC-MG); Dr. Gilbraz de Souza Aragão (UNICAP); Me. Henri Luiz Fuchs (IFRS); Me. Romi Márcia Bencke (UFJF); Dr. Iuri Andréas Reblin (Faculdades EST); Dr. José Luiz Izidoro (CES-JF); Dr. Leomar Brustolin (PUC-RS) ; Dra. Lílian Blanck de Oliveira (FURB/RELER); Dr. Luiz José Dietrich (PUCPR e GPEAD/FURB); Dr. Luzival Barcellos (UFPB); Dr. Marcos Rodrigues da Silva (PUC/SP); Dra. Marga Janete Ströher (SDH/PR); Dra. Maria Clara Lucchetti Bingemer (PUC-RJ); Me. Maria José Holmes Torres (SEMED João Pessoa/PB); Dra Kathlen Luana de Oliveira (FACOS e IMT/URI); Dr. Wellington Teodoro da Silva (PUC-MG); Me. Obertal Xavier Ribeiro (UNIGRANRIO); Dr. Oneide Bobsin (Faculdades EST); Dr. Remí Klein (Faculdades EST); Dra. Sílvia Regina Alves Fernandes (UFRRJ); Ma. Simone Riske-Koch (FURB/FONAPER); Dr. Zwinglio Mota Dias (UFJF). Organização dos Anais: Janaina Hübner; Iuri Andréas Reblin; Francisco Sales Palheta. Produção dos Anais do VII Congresso Nacional do Ensino Religioso Dados Técnicos: Título: Anais do VII Congresso Nacional do Ensino Religioso Organização: Janaina Hübner; Iuri Andréas Reblin e Francisco Sales Palheta Editora/Autor corporativo: FONAPER Cidade: Florianópolis Ano: 2014 Volume: 7 Páginas: 1004 ISSN: 2359-1773 Revisão: Esther do Amaral Editoração Eletrônica: Iuri Andréas Reblin Como citar um texto nos Anais do VII CONERE: SOBRENOME, Nome. Título da Comunicação. In: Congresso Nacional do Ensino Religioso, 7., 2013, Juiz de Fora/MG. Anais do Congresso Nacional do Ensino Religioso. Organizado por Janaina Hübner, Iuri Andréas Reblin e Francisco Sales Palheta. Florianópolis: FONAPER, v. 7, 2014. página inicial - página final. (Online) ISSN: 2359-1773
A correta menção às fontes, em termos de honestidade intelectual, e a coerência às normas da ABNT são de de responsabilidade dos autores e das autoras dos textos.
http://www.fonaper.com.br/mailto:[email protected]
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ...................................................................................................13
PROGRAMAÇÃO ....................................................................................................17
COMUNICAÇÕES ...................................................................................................19
GT1: FORMAÇÃO DOCENTE PARA O ENSINO RELIGIOSO ..............................21
A PRÁTICA REFLEXIVA NO CONTEXTO DE AÇÃO DO PROFESSOR
PESQUISADOR ...................................................................................... 23
Gleyds Silva Domingues .................................................................................23
FORMAÇÃO DOCENTE E DIVERSIDADE CULTURAL RELIGIOSA:
LICENCIATURA EM ENSINO RELIGIOSO DA FURB ................................. 33
Vanderlei Kulkamp ..........................................................................................33
Gysselly Buzzi Puff ..........................................................................................33
Adecir Pozzer ..................................................................................................33
A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DO ENSINO RELIGIOSO NUMA
PERSPECTIVA INCLUSIVA ..................................................................... 49
Ana Cristina de Almeida Cavalcante Bastos ...................................................49
A MEMÓRIA DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE ENSINO RELIGIOSO -
CONTRIBUIÇÕES PARA AS PRÁTICAS COM O ENSINO RELIGIOSO
PLURALISTA .......................................................................................... 63
Araceli Sobreira Benevides .............................................................................63
O LUGAR DO ENSINO RELIGIOSO NA EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL: A
POSTURA DO EDUCADOR ENTRE O CUIDAR E O EDUCAR NA
DIVERSIDADE DE PERTENÇA ................................................................ 81
Celeide Agapito Valadares Nogueira ..............................................................81
FORMAÇÃO ACADÊMICA/PROFISSIONAL PARA A DOCÊNCIA DO ENSINO
RELIGIOSO NAS ESCOLAS PÚBLICAS BRASILEIRAS ............................. 93
Edalza Helena Bosetti Santiago ......................................................................93
FONAPER
4
OS (DES)PROPÓSITOS DO ENSINO RELIGIOSO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
........................................................................................................... 109
Renata de Souza Leão ................................................................................. 109
A FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA DO DOCENTE DE ENSINO
RELIGIOSO .......................................................................................... 125
José Carlos do Nascimento Santos ............................................................. 125
NO JARDIM DAS ERVAS – SUBPROJETO INTERCULTURAL INDÍGENA
FURB/SC ............................................................................................. 137
Eldrita Hausmann de Paula .......................................................................... 137
Sandra Andréia Müller Schroeder ................................................................ 137
O CAMINHO E OS DESAFIOS NA FORMAÇÃO DOCENTE DO ENSINO
RELIGIOSO EM PERNAMBUCO ............................................................ 151
Wellcherline Miranda Lima ........................................................................... 151
Rosalia Soares de Sousa ............................................................................. 151
ENSINO RELIGIOSO ESCOLAR NO CONTEXTO DA DIVERSIDADE
RELIGIOSA: UMA EXPERIÊNCIA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES ... 163
Iolanda Rodrigues da Costa ......................................................................... 163
Maria de Lourdes Santos Melo ..................................................................... 163
Rosilene Pacheco Quaresma ....................................................................... 163
QUE PESQUISADORES/EDUCADORES DE ENSINO RELIGIOSO
BUSCAMOS? UM DEBATE A PARTIR DA DISCIPLINA PESQUISA EM
ENSINO RELIGIOSO – PARFOR BLUMENAU E RIO DO SUL/SC ............. 177
Josué de Souza ............................................................................................ 177
O ENSINO RELIGIOSO EM GOIÁS: O PROBLEMA DA FORMAÇÃO DE
PROFESSORES ................................................................................... 189
Raimundo Márcio Mota de Castro ................................................................ 189
José Maria Baldino ....................................................................................... 189
A ABORDAGEM DA FINITUDE NO CURRÍCULO DE FORMAÇÃO DE
PROFESSORES DE ENSINO RELIGIOSO/PA: CONSIDERAÇÕES INICIAIS
........................................................................................................... 203
Rodrigo Oliveira dos Santos ......................................................................... 203
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
5
A IMPORTÂNCIA DO PROFISSIONAL HABILITADO EM CIÊNCIAS DA
RELIGIÃO PARA ATUAR COMO DOCENTE DO ENSINO RELIGIOSO NA
EDUCAÇÃO BÁSICA ............................................................................ 221
Ediana Maria Mascarello Finatto ...................................................................221
Leonel Piovezana ..........................................................................................221
FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DO ENSINO RELIGIOSO NO MUNICÍPIO
DE CARIACICA - ES ............................................................................. 235
Eliane Maura Littig Milhomem de Freitas ......................................................235
O ENSINO RELIGIOSO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL,
EM MINAS GERAIS: A FORMAÇÃO E A PRÁTICA DOCENTE .................. 251
Felippe Nunes Werneck ................................................................................251
GT2: CURRÍCULO DO ENSINO RELIGIOSO ......................................................269
ENSINO RELIGIOSO PARA ALUNOS/AS DO ENSINO FUNDAMENTAL I:
ESTUDO SOBRE PROPOSTA CURRICULAR UNIFICADA ....................... 271
Aldenir Teotonio Claudio ...............................................................................271
Marinilson Barbosa da Silva ..........................................................................271
LIMITES E AVANÇOS DA ESTRUTURA CURRICULAR DO ENSINO
RELIGIOSO NO COLÉGIO MARISTA DE BELÉM .................................... 291
Alex Coimbra Sales .......................................................................................291
O ENSINO RELIGIOSO NAS ESCOLAS PÚBLICAS BRASILEIRAS: UMA
ANÁLISE A PARTIR DAS LEGISLAÇÕES EDUCACIONAIS ...................... 309
Claudia Berdague ..........................................................................................309
O ENSINO RELIGIOSO NO CURRÍCULO ESCOLAR ............................... 319
Elisângela Madeira Coelho............................................................................319
O LUGAR DO ENSINO RELIGIOSO NO CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO
ADVENTISTA ....................................................................................... 331
Francisco Luiz Gomes de Carvalho ..............................................................331
FONAPER
6
O ENSINO RELIGIOSO TRANSVERSALIZANDO OUTRAS ÁREAS DE
CONHECIMENTO ................................................................................. 343
Iêda de Oliveira Caminha ............................................................................. 343
Maria José Torres Holmes ............................................................................ 343
DANÇAS CIRCULARES SAGRADAS: UM RELATO DE UMA PROPOSTA
METODOLÓGICA NO CURSO DE LICENCIATURA NO ER- PARFOR/
BLUMENAU.......................................................................................... 357
Laudicéia Lene de Freitas Barbosa .............................................................. 357
O ENSINO RELIGIOSO NA REDE MUNICIPAL DE CURITIBA: ALGUMAS
CONSIDERAÇÕES ............................................................................... 369
Luís Fernando Lopes .................................................................................... 369
Renata Adriana Garbossa ........................................................................... 369
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO RELIGIOSO: EXPERIÊNCIAS,
DESAFIOS E PERSPECTIVAS ............................................................... 385
Josiane Crusaro ............................................................................................ 385
Lindamir Teresinha Bianchi Crusaro ............................................................ 385
Adecir Pozzer................................................................................................ 385
GT3: CONCEPÇÕES METODOLÓGICAS DO ENSINO RELIGIOSO ................ 397
O FENÔMENO RELIGIOSO NO ENSINO RELIGIOSO: DESAFIOS
EPISTEMOLÓGICOS PARA DOCENTES NO ENSINO FUNDAMENTAL .... 399
Anderson Ferreira Costa ............................................................................. 399
Edile Maria Fracaro Rodrigues ..................................................................... 399
ENSINO DO FATO RELIGIOSO: CONHECIMENTO PARA A ACEITAÇÃO DO
DIFERENTE ......................................................................................... 417
José Antonio Lages ...................................................................................... 417
POR UM ENSINO RELIGIOSO NÃO RELIGIOSO: DESAFIOS NO CONTEXTO
ESCOLAR ............................................................................................ 433
Daniela Crusaro ............................................................................................ 433
Josiane Crusaro ............................................................................................ 433
Lindamir Teresinha Bianchi Crusaro ............................................................ 433
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
7
ALTERIDADE E DIVERSIDADE CULTURAL RELIGIOSA: REFLEXÕES
SOBRE O SER HUMANO ...................................................................... 447
Marcely Carnieletto Gazoni ...........................................................................447
Leonel Piovezana ..........................................................................................447
A QUESTÃO ATUAL DO ENSINO RELIGIOSO COMO CAMPO DISCIPLINAR:
UMA PROPOSTA DE CONSCIENTIZAÇÃO PARA A COMUNIDADE ESCOLAR
........................................................................................................... 465
Terezinha de Souza Pacheco .......................................................................465
Neusa Maria de Souza Trindade ...................................................................465
O ATEÍSMO NAS AULAS DO ENSINO RELIGIOSO ................................. 471
Narjara Lins de Araújo ...................................................................................471
POSSIBILIDADES METODOLÓGICAS PARA O ENSINO RELIGIOSO NO
ENSINO MÉDIO EM SANTA CATARINA ................................................. 489
Eliston Terci Panzenhagen............................................................................489
MORTE E VIDA: DIFERENTES CONCEPÇÕES....................................... 503
Janete Ulrich Bachendorf ..............................................................................503
Marléte Arens ................................................................................................503
O ENSINO RELIGIOSO NA EDUCAÇÃO ESCOLAR: UM DESAFIO DIÁRIO
........................................................................................................... 515
Janete Ulrich Bachendorf ..............................................................................515
GT4: IMAGINÁRIO SIMBÓLICO E ENSINO RELIGIOSO ....................................531
A DIALÉTICA DO SAGRADO NA RESOLUÇÃO DA TENSÃO DE
CONHECIMENTO ................................................................................. 533
Marco Antônio Teles da Costa ......................................................................533
PROJETO CORPO SINCRÉTICO: INSTALAÇÃO PERFORMATIVA COMO
PERCURSO EDUCATIVO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES ................ 549
Wallace Wagner Rodrigues Pantoja .............................................................549
FONAPER
8
SAMHAIN, HERANÇAS DE UM IMAGINÁRIO SIMBÓLICO APLICADO AO
ENSINO RELIGIOSO............................................................................. 565
Silas Roberto Rocha Lima ............................................................................ 565
GT5: DIVERSIDADE RELIGIOSA E DIREITOS HUMANOS ............................... 577
ENSINO RELIGIOSO: DIREITO RECONHECIDO OU DIREITO NEGADO .. 579
Maria Lina Rodrigues de Jesus .................................................................... 579
DISCURSOS E PRÁTICAS: A (IN)TOLERÂNCIA RELIGIOSA NO AMBIENTE
ESCOLAR ............................................................................................ 597
Sueli Martins ................................................................................................. 597
DIVERSIDADE RELIGIOSA E INTERCULTURALIDADE: APORTES PARA
UMA DECOLONIZAÇÃO RELIGIOSA NA EDUCAÇÃO ............................. 615
Georgia Carneiro da Fontoura ...................................................................... 615
Lilian Blanck de Oliveira ............................................................................... 615
MEMÓRIA, TOLERÂNCIA E RESISTÊNCIAS: DISCUSSÕES SOBRE
RELIGIÃO E DIREITOS HUMANOS NO BRASIL ...................................... 635
Kathlen Luana de Oliveira ............................................................................ 635
GT6: EDUCAÇÃO E INTERCULTURALIDADE ................................................... 655
O ENSINO RELIGIOSO E A DIVERSIDADE CULTURAL RELIGIOSA NA
EDUCAÇÃO ......................................................................................... 657
Edina Fialho Machado .................................................................................. 657
Rodrigo Oliveira dos Santos ......................................................................... 657
EDUCAÇÃO INTERCULTURAL: A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE E DA
DIFERENÇA NO AMBIENTE ESCOLAR .................................................. 673
Eliel Ribeiro da Silva .................................................................................... 673
ETNOJOGO UMA PROPOSTA CRIATIVA ............................................... 689
Claudilene Christina de Oliveira ................................................................... 689
Rosana Castro de Luna Rezende ................................................................ 689
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
9
GT7: A RELIGIÃO E O ETHOS CONTEMPORÂNEO NA PERSPECTIVA DA
EDUCAÇÃO E DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL ........................................709
ORA PRO NOBIS: MEMÓRIA E RELIGIOSIDADE DOS CANTADORES DE
LADAINHA EM MOCAJUBA PARÁ ........................................................ 711
Guilherme Luís Mendes Martins ...................................................................711
DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS E LAICIDADE DO ESTADO ...... 725
Myriam Aldana ...............................................................................................725
Leonel Piovezana ..........................................................................................725
A CONTRIBUIÇÃO DE JOHN LOCKE PARA A TOLERÂNCIA ................... 739
Sérgio Ricardo Gonçalves Dusilek ................................................................739
GT8: ENSINO RELIGIOSO E VALORES DO DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO ...753
RELIGIÃO E ESTADO SECULAR EM DIÁLOGO: UMA NOVA PROPOSTA DE
ENSINO E APRENDIZAGEM PARA O ENSINO RELIGIOSO ..................... 755
Elenilson Delmiro dos Santos .......................................................................755
ENSINO RELIGIOSO E DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO NAS ESCOLAS
PÚBLICAS: UM DESAFIO A SER ENFRENTADO .................................... 767
Elivaldo Serrão Custódio ...............................................................................767
A PLURALIDADE EM DIÁLOGO E O ENSINO RELIGIOSO NO SÉCULO XXI
........................................................................................................... 785
Suely Ribeiro Barra .......................................................................................785
GT9: A ESPIRITUALIDADE E A FORMAÇÃO DO EDUCADOR .........................801
A IMPORTÂNCIA DA ESPIRITUALIDADE DO EDUCADOR NA
CONSTRUÇÃO DA ESPIRITUALIDADE NO PROCESSO EDUCATIVO .... 803
Ana D‘arc Vieira Cândido ..............................................................................803
Sidney Allessandro da Cunha Damasceno ...................................................803
ESPIRITUALIDADE: UM CAMINHO DE BUSCA E DESCOBERTAS PARA O
EDUCADOR ......................................................................................... 821
Daiane da Silva Barbosa ...............................................................................821
Laugrinei P. B. da Anunciação - UCB ...........................................................821
FONAPER
10
A ESPIRITUALIDADE NA CONSTITUIÇÃO DO DOCENTE ....................... 833
Monica Pinz Alves ........................................................................................ 833
PROFESSOR COMO MEDIADOR DE APRENDIZAGEM NO ENSINO
RELIGIOSO .......................................................................................... 847
Nancy Pereira da Silva ................................................................................. 847
GT10: CONHECIMENTOS E RELIGIOSIDADES INDÍGENAS E O ENSINO
RELIGIOSO .......................................................................................................... 861
RITUAL DO KIKI: UMA CELEBRAÇÃO DE VIDAS .................................... 863
Avalcir Rita Ferrari ........................................................................................ 863
Rosinei Pedrotti Ferrari ................................................................................. 863
Leonel Piovezana ......................................................................................... 863
INOVAÇÃO PEDAGÓGICA PARA A EDUCAÇÃO SUPERIOR EM CULTURAS
INDÍGENAS: DESAFIOS E POSSIBILIDADES ......................................... 877
Leonel Piovezana ......................................................................................... 877
Luciano Jaeger ............................................................................................. 877
Ediana M. M. Finatto ..................................................................................... 877
RELIGIOSIDADE INDÍGENA: REFLEXÕES SOBRE OS POVOS KAINGANG
........................................................................................................... 893
Gilberto Oliari ................................................................................................ 893
RELIGIOSIDADES MACUXI E A PERSPECTIVA PARA O ENSINO
RELIGIOSO .......................................................................................... 905
Manoel Gomes Rabelo Filho ........................................................................ 905
GT 11: CONHECIMENTOS E RELIGIOSIDADES AFRICANAS E AFRO-
BRASILEIRAS E O ENSINO RELIGIOSO ........................................................... 923
ESTÁGIO DE DOCÊNCIA: UMA EXPERIÊNCIA INOVADORA ENVOLVENDO
ELEMENTOS ESSENCIAIS E INDIVIDUAIS DA UMBANDA ...................... 925
Adenize Vieira de Jesus ............................................................................... 925
Daiane Waltrick ............................................................................................. 925
Ediana M. M. Finatto ..................................................................................... 925
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
11
BEBÊS ABAYOMIS: UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA PARA O ENSINO
RELIGIOSO NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL ........... 947
Dina Carla da Costa Bandeira .......................................................................947
Elane Queiroz Carneiro Ribeiro ....................................................................947
ENSINO RELIGIOSO E RELIGIÕES DE MATRIZES AFRICANAS: CONFLITOS
E DESAFIOS NA EDUCAÇÃO PÚBLICA NO AMAPÁ ............................... 959
Elivaldo Serrão Custódio ...............................................................................959
Eugenia da Luz Silva Foster .........................................................................959
DESAFIOS DO ENSINO DAS RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS ............... 977
Fabiano Aparecido Costa Leite .....................................................................977
RELIGIOSIDADE AFROBRASILEIRA E O TRATO PEDAGÓGICO NO ENSINO
RELIGIOSO .......................................................................................... 989
Alysson Brabo Antero ....................................................................................989
APRESENTAÇÃO
Em âmbito nacional, a educação básica tem ocupado lugar de
destaque nos últimos anos, principalmente após a promulgação da
Resolução CNE/CEB n° 4/2010, que institui novas Diretrizes Curriculares
Nacionais Gerais para a Educação Básica (DCNGEB)1 e da Resolução
CNE/CEB nº 7/2010, que define as Diretrizes Curriculares Nacionais para
o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos2 (DCNEF).
As diretrizes apresentam a organização curricular por áreas de
conhecimento. O art. 13, explica que os conteúdos escolares são
constituídos por componentes curriculares que, por sua vez, se articulam
com as áreas de conhecimento, as quais favorecem a comunicação entre
diferentes conhecimentos sistematizados entre estes e outros
saberes, mas permitem que os referenciais próprios de cada
componente curricular sejam preservados.
No art. 15, os componentes curriculares obrigatórios do ensino
fundamental são assim organizados em relação às áreas de
conhecimento:
I – Linguagens:
a) Língua Portuguesa; b) Língua Materna, para populações indígenas; c) Língua Estrangeira moderna; d) Arte; e e) Educação Física; II – Matemática; III – Ciências da Natureza; IV – Ciências Humanas:
a) História; b) Geografia; V – Ensino Religioso.
Neste contexto de consolidação da educação básica, do processo de
reorganização curricular, de redefinição da base nacional comum e da
1 BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CEB nº 4/2010. Define
Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Brasília, DF, 2010. 2 BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CEB nº 7/2010. Fixa as
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de Nove (9) Anos. Brasília, DF, 2010.
FONAPER
14
parte diversificada, da nova relação entre área de conhecimento e
componente curricular, que se insere o Ensino Religioso.
Atentos às mudanças da sociedade brasileira e frente aos desafios
contemporâneos surgidos após a Constituição Federal de 1988, diferentes
sujeitos vêm propondo e construindo novos paradigmas para o ensino
religioso. Legitimado pelo Art. 33 da LDB nº. 9.394/96 (redação alterada
pela Lei nº. 9.475/1997)3, é considerado disciplina escolar, parte integrante
da formação básica do cidadão, assegurado o respeito à diversidade
cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo.
Desde então, o Ensino Religioso objetiva disponibilizar
conhecimentos construídos historicamente pelas culturas e tradições
religiosas, a fim de possibilitar esclarecimentos sobre o direito à diferença,
valorizando a diversidade cultural religiosa presente na sociedade, como
uma das formas de promover e exercitar a liberdade de concepções e a
construção da autonomia e da cidadania, prerrogativas de um Estado laico
e democrático.
Todo conhecimento humano, inclusive o religioso, independente da
forma como foi construído, quando elaborado, torna-se patrimônio da
humanidade. Sendo patrimônio da humanidade, deve estar disponível à
escola a fim de possibilitar ao educando uma compreensão mais acurada
da realidade em que está inserido, possibilitando o desenvolvimento de
ações conscientes e seguras no mundo imediato, além de ampliar o seu
universo cultural. (MOREIRA; CANDAU, 2008)4.
A fim de atender as necessidades e garantir os direitos de
aprendizagem dos educandos, o conhecimento que transita o cotidiano
escolar apresenta certas características próprias para serem tratados na
escola, por isso denominados de conhecimentos escolares.
[...] Concebemos o conhecimento escolar como uma construção específica da esfera educativa, não como uma mera simplificação de conhecimentos produzidos fora da escola. Consideramos, ainda, que o conhecimento escolar tem características próprias que o distinguem
3 O Art. 33, o primeiro a ser modificado da LDBEN nº. 9.394/1996, procede de uma
grande mobilização da sociedade brasileira, envolvendo educadores, representantes de entidades civis, religiosas, educacionais, governamentais e não governamentais, de diferentes setores de atuação, sensibilizados e comprometidos com a causa do Ensino Religioso na escola pública, em nível da Educação Básica.
4 MOREIRA, Antônio Flávio Barbosa; CANDAU, Vera Maria. Currículo, conhecimento e
cultura. In: BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Indagações sobre o currículo. Brasília, 2008.
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
15
de outras formas de conhecimento. (MOREIRA; CANDAU, 2008, p. 22).
Essas características se tornam evidentes em diferentes momentos,
sendo um deles o tratamento dado aos conhecimentos no processo de
ensino-aprendizagem. Quando ensinados na escola, não podem ser
tratados como ―cópias exatas de conhecimentos socialmente construídos‖
(MOREIRA; CANDAU, 2008, p. 23). Significa dizer que não se trata de
uma simples mudança de posição ou de lugar. Se assim fosse, a função
da escola e do professor estariam comprometidas, pois não podem ser
reduzidos a simples receptores de conhecimentos elaborados pelas
instituições produtoras do conhecimento científico e das demais áreas da
atividade humana, como o mundo do trabalho, das tecnologias, dos
movimentos sociais, da produção artística, do campo da saúde, das
atividades desportivas e corporais e outras. A escola também pode ser um
espaço de produção de conhecimentos no processo de ensino-
aprendizagem.
Neste sentido, é de fundamental importância compreender que:
Para se tornarem conhecimentos escolares, os conhecimentos de referência sofrem uma descontextualização e, a seguir, um processo de recontextualização. A atividade escolar, portanto, supõe uma certa ruptura com as atividades próprias dos campos de referência. (MOREIRA; CANDAU, 2008, p. 23).
É nesta perspectiva que a formação específica para cada área do
conhecimento da educação básica tem seu fundamento. É o professor
licenciado para determinado componente curricular que poderá reunir as
condições necessárias para ler, interpretar e realizar o processo de
descontextualização e a posterior recontextualização com seus educandos
em um determinado contexto histórico-cultural, tornando assim os
conhecimentos significativos para aqueles sujeitos.
Isso posto e, diante das DCNGEB, das DCNEF e do art. 33 da LDB,
cabe perguntar: como os conhecimentos são construídos nas culturas e
tradições religiosas? Como esses conhecimentos elaborados e
sistematizados pelas ciências chegam até a escola? Quais são os desafios
e possibilidades inerentes ao processo de descontextualização e
recontextualização dos conhecimentos no Ensino Religioso? Quais são os
FONAPER
16
desafios e perspectivas para a formação de professores na área do ensino
religioso?
Discutir e socializar estudos e pesquisas relacionadas aos processos
de construção de conhecimentos nas culturas e tradições religiosas e suas
interfaces com o Ensino Religioso enquanto área de conhecimento da
educação básica, bem como oportunizar a comunicação de pesquisas e
práticas pedagógicas que dizem respeito a essa temática, foram as
intenções do VII CONERE.
Ao todo, 64 trabalhos foram aprovados pela Comissão Científica
para a publicação, os quais integram o presente volume dos Anais do VII
CONERE.
O FONAPER agradece as instituições copromotoras e apoiadoras do
evento, os membros da Comissão Organizadora e da Comissão Científica,
acadêmicos, pesquisadores e docentes de Educação Básica que
gentilmente submeteram seus trabalhos, bem como a todos os
participantes do VII CONERE, os quais, em conjunto, contribuíram para a
realização de mais um evento científico em prol da consolidação do Ensino
Religioso como área de conhecimento na Educação Básica.
Coordenação FONAPER
(Gestão 2012-2014)
PROGRAMAÇÃO
DATA HORA ATIVIDADE C-H
03/10
5ª feira
16h00 Credenciamento
4h/a
18h30 Solenidade de Abertura
19h00 às
21h30
Mesa I: A construção dos conhecimentos nas culturas - tradições religiosas e não-religiosas
04/10
6ª feira
8h00 às
12h00
Comunicações de trabalhos – GTs
5h/a
14h00 às
16h00
Minicursos
6h/a 17h00 às
19h30
Mesa II – Os conhecimentos religiosos e não-religiosos na produção do conhecimento científico.
Plenária
19h30 Assembleia Ordinária do FONAPER
20h30 Noite Cultural
05/10
Sábado
08h30
Mesa III: A (re)construção dos conhecimentos religiosos e não- religiosos no Ensino Religioso.
Plenária
5h/a
12h30 Solenidade Encerramento
COMUNICAÇÕES
GT1: FORMAÇÃO DOCENTE PARA O ENSINO RELIGIOSO
Coordenação:
Dra. Lílian Blank de Oliveira (RELER/FURB);
Me. Simone Riske-Koch (FURB/FONAPER)
Dra. Elisa Rodrigues (UFJF)
Ementa: Ao longo da história da educação brasileira, diferentes ações foram
implementadas visando garantir a oferta de formação inicial e continuada aos
professores de Ensino Religioso. Entretanto, a partir da promulgação da Lei n.
9.475/97, a formação de docentes para esta área do conhecimento tem sido alvo
de crescente interesse, discussão e pesquisa em âmbito nacional, envolvendo a
comunidade acadêmica, sistemas de ensino e organizações da sociedade civil,
tendo em vista a necessidade de assegurar o respeito à diversidade cultural-
religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo. Este GT busca
problematizar, discutir e socializar referenciais, políticas e práticas relativas à
formação inicial e continuada na área de conhecimento de Ensino Religioso na
atualidade brasileira.
Palavras-chave: Formação Docente; Ensino Religioso; Diversidade Cultural
Religiosa; Brasil.
A PRÁTICA REFLEXIVA NO CONTEXTO DE AÇÃO DO
PROFESSOR PESQUISADOR
Gleyds Silva Domingues1 - FACULDADES EST
Resumo:
A prática reflexiva torna-se o ponto chave para que o docente repense a sua ação pedagógica, a qual não deve estar limitada ao ato de transmissão de um conhecimento sistematizado. Antes, faz-se necessário revisitar a sua forma de pensar, agir e decidir diante de uma situação ou processo educativo. Sendo assim, questiona-se: como a prática reflexiva pode contribuir de forma significativa com a ação do professor-pesquisador? E ainda, como formar o professor para o exercício de uma prática reflexiva? Diante da questão levantada, esta pesquisa visa apontar a relevância da prática reflexiva na formação do professor pesquisador situado no campo do ensino religioso. A intenção volta-se para tecer uma discussão sobre a formação profissional, uma vez que tanto o processo de ensino como de aprendizagem são demarcados por diferentes significações. A proposta, então, apresenta como direção o desenvolvimento da formação profissional reflexiva e como esta deve ser considerada pelo docente, no que se refere a sua ação educativa. Esse é o desafio ou a trama a ser construída nesta investigação. Palavras-chave: prática reflexiva; professor pesquisador; formação profissional.
Introdução
O contexto do trabalho docente torna-se referente de uma prática
profissional, a qual é revestida de códigos e linguagens que lhe dão
sentido e significação, isso porque no seu interior ocorrem representações
que são parte do fazer docente, as quais revelam concepções e saberes
oriundos, quer da experiência, quer da sistematização de conhecimentos
de natureza teórico-prática.
O fazer docente, então, é marcado por saberes que tem sua origem
nos conhecimentos tácitos e científicos, os quais foram e continuam sendo
adquiridos no processo de formação quer seja inicial ou continuada, sendo
alvos diretos da ação reflexiva, e por isso são fundamentais no ato de
repensar e ressignificar a prática educativa.
1 Doutoranda em Teologia (Faculdades EST); Bolsista da CAPES, Mestre em Educação.
Integrante do Grupo de Pesquisa Currículo, identidade religiosa e práxis educativa e pesquisadora do Núcleo Paranaense de Pesquisas em Religião (NUPER). E-mail: [email protected]
mailto:[email protected]
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Esses saberes, ainda, são expressos no trabalho educativo e
possibilitam ao professor tecer diálogos com a realidade em que está
inserido. Isso se torna mais evidente quando os saberes são percebidos no
interior de uma prática reflexiva, a qual se apresenta na tríade relacional
ação-reflexão-tomada de decisão.
A prática reflexiva torna-se, então, o objeto eleito neste trabalho, cujo
objetivo volta-se para compreender o seu sentido no contexto do trabalho
docente, uma vez que a mesma requer do profissional professor(a) o
desenvolvimento de uma escuta atenta capaz de perceber os detalhes
envolvidos na trama relacional, em que este profissional encontra-se
inserido: a práxis educativa.
Diante disto, surge a questão problematizadora a ser investigada:
como a prática reflexiva pode contribuir de forma significativa com a ação
do professor pesquisador? E ainda, como formar o professor para o
exercício de uma prática reflexiva?
A finalidade do trabalho não é apresentar respostas pontuais sobre a
problemática levantada, antes objetiva-se discutir a questão, a fim de
contribuir com o campo de pesquisa sobre formação de professores, no
sentido de pontuar possibilidades a serem consideradas, no que diz
respeito ao fazer docente em relação à prática reflexiva.
Eis um caminho a ser trilhado. A busca começou.
Saberes, formação e identidade docente
Ao falar em formação docente faz-se necessário tecer relações entre
os saberes e a prática profissional a ser exercida, isso porque não há
prática esvaziada de sentidos, antes ela partilha de certos saberes que dão
forma e representatividade à ação educativa. Entende-se que os sentidos
incorporados ao fazer docente são construídos numa trajetória de
formação e profissionalização, visto que envolve um processo marcado por
experiências, significações e conhecimentos que comporão a identidade
profissional docente.
―A identidade não é um dado adquirido, não é uma propriedade, não
é um produto. A identidade é um lugar de lutas e conflitos, é um espaço de
construção de maneiras de ser e estar na profissão‖. (NÓVOA, 1995, p.
34). A identidade, ainda:
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
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[...] nos permite aprender a ser o que somos, nos distanciando do que não somos, ajuda a compreender a complexidade do nosso trabalho e a importância do mesmo, imprime em nós um caráter, uma marca, uma especificidade que distingue pessoas e produz conhecimento (CUNHA, 2005, p.167).
A identidade docente, então, constitui-se de digitais que são
atinentes ao exercício de uma profissionalidade, a qual é revestida de
saberes que se tornam próprios de uma profissão. Isso porque, a
profissionalidade é ―caracterizada por um conjunto de competências,
habilidades e valores instituídos pela sociedade‖. (DOMINGUES, 2007, p.
22).
No caso brasileiro da formação profissional de professores, este
conjunto - de competências, habilidades e valores - pode ser encontrado
nas Diretrizes Curriculares de Formação de Professores, as quais são
utilizadas pelas diferentes instituições de ensino superior na organização e
construção de seus projetos pedagógicos voltados à formação docente.
Para Nóvoa (1992, p. 26):
Os professores têm de afirmar a sua profissionalidade em um universo complexo de poderes e relações sociais, não abdicando de uma definição ética – e, num certo sentido, militante – da sai profissão, mas não alimentando utopias excessivas, que se viram contra eles, obrigando-os a carregar aos ombros o peso das injustiças sociais. A causa do mal estar dos professores prende-se, sem dúvida, à defasagem que existe nos dias de hoje entre uma imagem idílica da profissão docente e as realidades concretas com que os professores se deparam no seu dia a dia.
Ainda sobre a profissionalidade docente é perceptível que a mesma
expresse de fato uma identidade real, ou seja, aquela que está
consubstanciada na realidade e não distanciada da mesma, o que torna
um grande desafio no processo de formação e profissionalização, pois
parte-se da ideia de uma prática fundamentada numa teoria e de uma
teoria fundamentada numa prática.
Afinal, ―os professores e as professoras também têm teorias que
embasam a sua prática e práticas que embasam suas teorias, e esses
conhecimentos podem ser sistematizados‖. (GERALDI et al., 1998, p. 264)
A relação teoria e prática torna-se o ponto de equilíbrio a ser
buscado no processo de formação docente, visto que é nesta busca que
os saberes serão situados e constituídos. Os saberes, então, podem ser
considerados como a expressão fundante do trabalho docente, pois
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revelam posicionamentos, concepções e fazeres que foram se
consolidando no decorrer de um tempo histórico. ―A apropriação desses
saberes pelo educador pode contribuir para que sua prática seja reflexiva,
consciente e politizada‖ (BENASSULY, 2002, p. 185).
Não é à toa que os saberes são apresentados pelos estudiosos da
formação docente em categorias. Essas categorias expressam, de fato, as
significações que são representadas no fazer docente e que influenciam,
sobremaneira, a forma como este docente pensa, age e sente sobre o
exercício de sua profissão.
Weisser (1998, p. 95) sinaliza que os saberes da prática ―não são
fruto de uma transmissão, mas de uma apropriação e de uma produção;
eles estão ligados ao ator profissional, mas também à sua pessoa‖.
Os saberes imprimem o jeito de ser do docente, ou seja, eles
refletem a forma com que cada docente se afirma diante do conteúdo do
seu trabalho e também da vida. Ainda sobre os saberes, Tardif (2002)
afirma que são eles plurais, pois compreendem os conhecimentos ligados
à disciplina, ao currículo, à experiência e à formação profissional.
Na visão, ainda, de Tardif o saber tem natureza social e por isso
revela a presença de uma intencionalidade na ação do professor,
requerendo dele uma postura profissional política e ética. Isto porque, ―O
professor é alguém que deve conhecer sua matéria, sua disciplina e seu
programa, além de possuir certos conhecimentos relativos às ciências da
educação e à pedagogia e desenvolver um saber prático baseado em sua
experiência‖ (TARDIF, 2002, p. 39).
Para Gauthier (1998, p.27), a prática educativa é pautada na
―mobilização de vários saberes que formam uma espécie de reservatório
no qual o professor se abastece para responder a exigências de sua
situação concreta de ensino‖.
Assim, na tentativa de encontrar respostas para as questões
enfrentadas no cotidiano de sua ação educativa, surge a necessidade de
os professores autorrefletirem sobre suas práticas. Essa reflexão requer
posicionamento crítico diante da realidade, como também bases teóricas,
epistemológicas e práticas que substanciam seu trabalho docente.
A prática reflexiva
A reflexão é um ato que envolve escuta sensível dos sujeitos quanto
à leitura da realidade presente. Esta realidade é marcada por significações
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que dão vida ao trabalho efetivado, principalmente quando este envolve o
processo de ensinar e aprender.
Afinal, ―o ensino não é um meio para conseguir certos objetivos fixos,
previamente estabelecidos, mas o espaço no qual se realizam os valores
que orientam a intencionalidade educativa (SACRISTÁN e PÉREZ
GÓMEZ, 2007, p.86)‖.
O ato do ensinar e do aprender constitui um processo relacional a ser
mediado, o que retira dele o caráter puramente técnico e transmissivo, pois
à medida que há interação o ato educativo se apresenta como uma
possibilidade aberta para o diálogo e para o enfrentamento da realidade
social, pois a partir das questões levantadas, os sujeitos autorrefletem e se
posicionam criticamente diante das problemáticas advindas de um
contexto, no sentido de buscar sentidos para o seu pensar e agir no
mundo.
A condição basilar do ensino é ―transformar a informação numa
ponte luminosa entre a realidade do aluno e a realidade da cultura, entre o
mundo do aluno e o mundo da gramática, entre a vida do aluno e a vida
das palavras (PERISSÉ, 2012, p. 14)‖.
Frente a esta realidade interacional, entende-se que o agir reflexivo
torna-se uma prática emancipatória que requer do professor uma visão
comprometida com a reconstrução social. Isso porque, ele se torna um
protagonista de sua ação, pois assume o processo de autoria que permite
a construção de novos saberes, os quais se farão presentes no processo
ensino e aprendizagem.
Desta forma, ao transpor a concepção do professor reflexivo para o
Ensino Religioso percebe-se que seu papel requer abertura para o diálogo
e, acima de tudo, a aceitação do outro. Esse outro é percebido e sentido
com toda a gama de discursos construídos, aceitos e representados na
esfera social.
A ação reflexiva do professor frente ao seu trabalho docente, ainda,
remete à prática da autonomia legitimada e consolidada, que busca nos
discursos produzidos a representação dos papeis que entram em jogo no
ato de fazer e acontecer a educação.
A ação reflexiva é um processo que implica mais do que a busca de soluções lógicas e racionais para os problemas; envolve intuição, emoção; não é um conjunto de técnicas que possa ser empacotado e ensinado aos professores. A busca do professor reflexivo é a busca do
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equilíbrio entre a reflexão e a rotina, entre o ato e o pensamento. (GERALDI et al, 1998, p.248)
A reflexividade, então, não é um ato simples da prática docente, isso
porque o próprio ato revela o modo como o pensamento é projetado e
concretizado no trabalho educativo. Quando se pensa em ação reflexiva,
deve-se fazer a correlação possível entre os sujeitos em cena, a partir de
suas leituras e percepções sobre a vida e, principalmente, como esses
apreendem os objetos e os sentidos atribuídos no ato de significação e
desvelamento do desconhecido.
A reflexão não é apenas um processo psicológico individual, passível de ser estudado a partir de esquemas formais, independentes do conteúdo, do contexto e das interações. A reflexão implica a imersão consciente do homem no mundo da sua experiência, um mundo carregado de conotações, valores, intercâmbios simbólicos, correspondências afetivas, interesses sociais e cenários políticos. O conhecimento acadêmico, teórico, científico ou técnico só pode ser considerado instrumento dos processos de reflexão se for integrado significativamente, não em parcelas isoladas da memória semântica, mas em esquemas de pensamento mais genéricos ativados pelo indivíduo quando interpreta a realidade concreta em que vive e quando organiza a sua própria experiência (PÉREZ GÓMEZ, 1992, p.103).
Ao se posicionar política e historicamente, o professor reflexivo
confere novos jeitos de trabalhar o Ensino Religioso, à medida que permite
o ato de se descobrir diante do inusitado, do inesperado, do impensável e
do não crido. Nesse gesto de abertura para o diferente há a proposição da
autonomia, que confere voz e vez aos sujeitos que estão diretamente
envolvidos nas práticas cotidianas, pois o que se fala é de vida e não de
outra coisa.
A prática reflexiva no fazer docente torna-se o ponto de partida para
o exercício da alteridade, capaz de posicionamento e enfrentamento, cuja
finalidade não é o distanciamento, mas a busca pelo outro. Mais uma vez
este outro que desequilibra e torna a vida um grande desafio, assim como
o trabalho educativo a ser construído num tempo e num espaço
demarcado na história.
Ao praticar a reflexão no Ensino Religioso o que se tem em mente é
a diversidade de ideias, de ações e leituras sobre a vida. Vida significada,
experimentada e compartilhada, quer seja por um conjunto de crenças,
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tradições e visões de mundo. A prática reflexiva coloca em confronto as
certezas que fundamentam o sentido de ser, estar e viver neste mundo.
A reflexão na e sobre a ação evidencia o momento entre o ato pensado, concretizado e o que poderá ser reelaborado, que requer registro do professor e suas ações. Esse registro não se limita a práticas, mas são formulações e reformulações de possíveis ações, como respostas às reflexões sobre o problema encontrado na realidade escolar (DOMINGUES, 2007, p. 29).
Tem-se na prática reflexiva uma visão que projeta para o
desconhecido. É um ato de desvelamento, de descoberta e de aventura,
pois de fato não se busca por respostas prontas, mas por perguntas que
desafiam as certezas, o que torna esta prática um ato do sujeito, envolto
em suas percepções e subjetividades.
À guisa de conclusão
Falar da prática reflexiva na formação e prática docente requer um
olhar atento para o processo educativo em que estão imersos os
professores e as professoras, isso porque este processo não pode ser
limitado apenas ao momento de sistematização do conhecimento, pois sua
amplitude abarca as experiências e os saberes teórico-práticos que são
construídos ao longo de uma trajetória profissional.
Os saberes delineiam a identidade docente e o modo como cada
professor e professora orientam seu trabalho educativo, o que requer do
profissional uma postura comprometida com as questões éticas, políticas e
sociais em que se encontram imersos.
Pensar a reflexividade na prática docente é assumir que a mesma
possibilita tecer leituras sobre o vivido, o experenciado e o construído, quer
seja de forma subjetiva ou em conjunto com seus pares. O desafio a ser
perseguido é que o ato da reflexão se faça presente no contexto do
trabalho docente, a fim de significar o seu trabalho educativo.
Nesta direção, a reflexividade no contexto do Ensino Religioso torna-
se referente de uma prática que busca tecer linhas de confronto com o
estabelecido na realidade social. Assim, não há que se falar numa prática
religiosa, mas de uma multiplicidade de cosmovisões que significam a vida.
A busca pelo sentido da reflexão começa quando se toma
consciência das possibilidades a serem construídas no âmbito da prática
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docente, a qual demanda novas leituras e interpretações daquele que
observa, sente, age e vive a educação. Essa é a grande diferença.
Referências
BENASSULY, J. S. A formação do professor reflexivo e inventivo. In: LINHARES, C.; LEAL, M.C. (Orgs.). Formação de Professores: uma crítica à razão e à política hegemônicas. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.
CUNHA, Kátia Silva. A Formação Continuada Stricto Sensu: sentidos construídos pelos docentes do ensino superior privado face às exigências legais. Dissertação (Mestrado em Educação). Recife: CE/UFPE, 2005.
DOMINGUES, G. S. Concepções de investigação-ação na formação inicial deprofessores. 2007, 135 p. (Dissertação de Mestrado). Programa de Pós Graduação (strictosensu) em Educação, Universidade Metodista de Piracicaba - SP, 2007.
GAUTHIER, C. et al.Por uma teoria da pedagogia: pesquisas contemporâneas sobre o saber docente - Coleção Fronteiras da Educação. Ijui: Ed.UNIJUÍ, 1998.
GERALDI, C. M. G.; FIORENTINI, D. e PEREIRA, E. M. DE. A. (orgs).Cartografia do trabalho docente: professor(a) pesquisador(a). SP: Mercado das Letras, 1998.
NÓVOA, A. (org). Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992.
______. Diz-me como ensinas, dir-te-ei quem és e vice-versa. In: FAZENDA, I. (org.) A Pesquisa em Educação e as transformações do conhecimento. Campinas: Papirus,1995, p.29-41.
PÉREZ GOMÉZ, A. O pensamento prático do professor – a formação do professor como profissional reflexivo. In: NÓVOA, A. (org). Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992.
PERISSÉ, Gabriel. A arte de ensinar. Brasília: Editora UNB, 2008.
SACRISTÁN, Juan Gimeno; PÈREZ GÓMEZ, A. I. Compreender e transformar o ensino. Porto Alegre: Artmed, 2007.
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
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TARDIF, Maurice. Saberes Docentes e Formação Profissional. 2a edição. Petrópolis: Vozes, 2002.
WEISSER, M.Lesavoir de la pratique: I‟Existence precede I‟Essence. Recherceetformation, Lessavoirs de la pratique: um enjeupourlarecherche et laformation.INRP, n.27, p. 93-102, 1998.
FORMAÇÃO DOCENTE E DIVERSIDADE CULTURAL
RELIGIOSA: LICENCIATURA EM ENSINO RELIGIOSO DA FURB
Vanderlei Kulkamp (PARFOR/FURB)1
Gysselly Buzzi Puff (PARFOR/FURB)2
Adecir Pozzer (GPEAD/FURB)3
Resumo:
O presente artigo trata da formação docente do profissional de Ensino Religioso na Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB) que, com base no artigo 33 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), visa assegurar o respeito à diversidade cultural religiosa brasileira, em uma perspectiva de direitos humanos. Ao se constatar grande carência de profissionais habilitados em Ensino Religioso para atuarem nesta área do conhecimento da educação básica que, acaba sendo suprida por profissionais com formação em pedagogia, filosofia, história e/ou outras áreas, verificamos a relevância da licenciatura em Ensino Religioso para o estudo das diferentes manifestações do fenômeno religioso presentes no cotidiano escolar e na sociedade de modo a contextualizá-lo, a partir de pressupostos científicos e em perspectivas de direitos humanos. Consideramos o Ensino Religioso, enquanto área de conhecimento e componente curricular, um espaço privilegiado para o acesso aos conhecimentos produzidos pelas culturas – tradições religiosas e não-religiosas, contribuindo significativamente na construção de relações alteritárias na diversidade cultural religiosa. Palavras-chave: Formação docente; Licenciatura em Ensino Religioso na FURB;
Diversidade Cultural Religiosa; Direitos Humanos.
1 Acadêmico da 8ª fase do Curso de Ciências da Religião: Licenciatura em Ensino
Religioso (PARFOR – Rio do Sul), da Universidade Regional de Blumenau (FURB). Licenciado em Filosofia pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). Professor de Ensino Religioso na Rede Municipal de Agronômica/SC e de Filosofia na Rede Estadual de Educação de Santa Catarina, Ensino Médio, na cidade de Rio do Sul/SC. E-mail: [email protected]
2 Acadêmica da 8ª fase do Curso de Ciências da Religião: Licenciatura em Ensino
Religioso (PARFOR – Rio do Sul), da Universidade Regional de Blumenau (FURB). Licenciada em Química pela FURB. Professora de Química e Ensino Religioso na Rede Estadual de Educação de Santa Catarina, Ensino Fundamental e Médio, na cidade de Lontras/SC. E-mail: [email protected]
3 Mestrado em Educação pela UFSC; Graduação em Ciências da Religião - Licenciatura
em Ensino Religioso pela FURB (2010); Especialização em Formação de Professores para o Ensino Religioso pela PUCPR (2006). Bacharel em Ciências Religiosas pela PUCPR (2002). Membro dos grupos de Pesquisa Ethos, Alteridade e Desenvolvimento (GPEAD/FURB) e Arte e Educação da linha Filosofia da Educação (GRAFIA/UFSC). Coordenador do Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso (FONAPER 2012-2014). Professor de Ensino Religioso Rede Pública do Estado Santa Catarina, da Associação Franciscana Senhor Bom Jesus e no Curso de Ciências da Religião – Licenciatura em Ensino Religioso na FURB/PARFOR. Atua na área da Educação, com ênfase nos seguintes temas: diversidade cultural religiosa, ensino religioso, formação de professores e direitos humanos. E-mail: [email protected]
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Introdução
Pensar a formação docente no Brasil requer uma ampliação de
olhares para além dos momentos formais pelos quais os formandos são
submetidos nos inúmeros processos formativos. Significa dizer que é
necessário compreender o conceito de formação no intuito de identificar os
pressupostos, princípios e valores que orientaram e orientam os processos
de formação presentes na atualidade.
Não nos deteremos na realização de uma análise histórica do
conceito e dos processos de formação de modo geral, apenas nos
propomos puxar um ―fio‖ da grande ―teia‖ que, de certa forma, incide
diretamente com a formação docente para o Ensino Religioso. Este ―fio‖
que nos dispomos refletir se refere à relação entre a diversidade cultural
religiosa e a formação docente para o Ensino Religioso no Brasil, com
especial atenção a licenciatura de Ensino Religioso da FURB.
É sabido, pois, que uma das marcas da sociedade brasileira é a
presença de inúmeras identidades culturais que, cada qual, trouxe crenças
e formas diversificadas de manifestá-las. Esta marca estava/está presente
nos diferentes grupos indígenas, ampliada e ao mesmo tempo negada com
a vinda dos colonizadores, seguida com o tráfico de africanos tornados
escravos, com os processos de imigração e mais recentemente com o
processo de mundianização.
Estes encontros entre culturas e crenças religiosas e não-religiosas
geraram sincretismos e despertaram a consciência de muitos para a
importância do respeito à diferença e a dignidade4 do outro5, porém,
4 Todo ser humano é portador de dignidade por ser diferente. O outro interpela o eu por
reconhecimento. O eu não poderá anular o outro ou simplesmente reduzi-lo ao mesmo. Emerge daí a diferença que constitui cada pessoa, sob a qual se constroem as identidades humanas. ―[...] A dignidade humana não provém do Estado e nem é criada pela ordem jurídica ou simplesmente atribuída ao ser humano. A dignidade humana fundamenta-se no ser sujeito e pessoa, do ―ser humano‖ como tal. Ela implica numa existência anterior ao princípio da ordem jurídica do Estado. Ela interpela eticamente pelo reconhecimento da alteridade absoluta. Ela é conquista, afirma uma nova consciência histórica para ser humanamente no mundo social e político. É anterior a qualquer direito estabelecido pelo Estado‖ (SIDEKUM, 2011, p. 40).
5 Para Levinas, o ―Outro‖ existe independentemente da intencionalidade do ―eu‖. É
totalmente diferente do ―eu‖. Totalmente livre diante do ―eu‖. ―O Outro metafísico é outro de uma alteridade que não é formal, de uma alteridade que não é simples inverso da identidade nem de uma alteridade feita de resistência ao Mesmo, mas de uma alteridade anterior a toda a iniciativa, a todo imperialismo do mesmo; outro de uma alteridade que constitui o próprio conteúdo do Outro; outro de uma alteridade que não limita o mesmo, porque nesse caso o Outro não seria rigorosamente Outro: pela
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possibilitou também a construção de preconceitos em relação à diferença
cultural e religiosa, gerando discriminação, invisibilização e estigmatização
do outro, sendo colonizado e não reconhecido em sua alteridade.
Na esteira deste contexto marcado pela diversidade cultural religiosa
é que diferentes conceitos e encaminhamentos na área da formação foram
se construindo e, em grande parte da história, reforçando certos
preconceitos referentes às crenças religiosas. No tocante ao Ensino
Religioso, a formação docente para as conhecidas ‗aulas de religião‘, de
‗educação religiosa‘ até na década de 1990 estava centrada nas
instituições religiosas cristãs. Segundo Caron (1997), esses professores
tinham formação em cursos de Teologia, Ciências Religiosas, Catequese,
Educação Cristã ou outras formações similares.
Deste modo, o Ensino Religioso tinha caráter confessional cristão.
Neste período ainda não existiam cursos de graduação com o objetivo de
formar profissionais habilitados para o Ensino Religioso, sendo capazes de
compreender o fenômeno religioso em suas diferentes manifestações
culturais religiosas, bem como as inúmeras linguagens religiosas ou não, a
partir de pressupostos científicos.
De acordo com Figueiredo (1994), as primeiras iniciativas para a
formação docente em Ensino Religioso de caráter não confessional,
surgiram no Sul do Brasil, especificamente no Estado de Santa Catarina.
Essas iniciativas são decorrentes das amplas discussões e estudos
iniciados nos anos 1970, principalmente a partir da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDBEN), nº 5.692/1971, mas, surgem
também para atender ao art. 33, da Lei nº 9.394/1996, cuja redação fora
alterada pela Lei nº 9.475/19976.
Após algumas tentativas sem êxito de criar cursos de licenciatura em
Ensino Religioso no Estado de Santa Catarina7, a FURB, tendo recebido a
coordenação do Conselho Interconfessional para a Educação Religiosa
comunidade da fronteira, seria, dentro do sistema, ainda o Mesmo‖ (LEVINAS, 1980, p. 26).
6 ―O Ensino Religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do
cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo‖ (BRASIL, 1997).
7 De acordo com Oliveira (2003), já em 1972 foi elaborado o primeiro projeto de curso de
licenciatura de Ensino Religioso. Outros dois projetos foram elaborados em 1973 e entre 1985 a 1990, de forma articulada com a Secretaria Estadual da Educação. Porém, nenhum obteve êxito na sua implementação.
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(CIER) e de representantes da Secretaria da Educação e do Desporto de
Santa Catarina (SED), em outubro de 1995, avaliou e acolheu a proposta
de ofertar licenciatura em Ensino Religioso. Para esta área do
conhecimento da educação básica, criava-se aí a primeira licenciatura do
país, exigindo e desafiando para uma nova perspectiva de formação
docente.
Neste sentido, pretendemos refletir alguns aspectos que, com base
na experiência de estarmos envolvidos com esta formação, reconhecemos
como diferenciais para o exercício da docência na atualidade, no intuito de
afirmar o quanto é relevante uma formação fundamentada em uma
perspectiva interreligiosa e intercultural em vista de uma educação
emancipadora.
Diversidade cultural religiosa brasileira: invisibilizações e reconhecimento
Tratar da diversidade religiosa presente na sociedade brasileira
implica compreender como a pluralidade de culturas está imbricada aos
processos históricos, políticos e sociais que, de uma forma ou de outra,
perpassam os processos formativos, tanto acadêmicos quanto escolares.
Antes de qualquer coisa, é preciso lembrar que a diversidade
religiosa foi (e continua) se constituindo nos encontros e/ou desencontros
entre as culturas, em que a dimensão transcendental foi sendo
representada e tomando forma de crenças fundadas em mitos, vivenciada
e representada em rituais e símbolos específicos.
Por cultura, concordamos que é o arcabouço para a sobrevivência e
o desenvolvimento do ser humano, por possibilitar aprendizagens, sentidos
e significados (SIDEKUM, 2009). O mesmo autor complementa tal
definição afirmando que ela é:
[...] todo o ato de aprender a viver e o processo de humanizar-se. Cultura passa a ser o processo de humanização. Assim, podemos definir a cultura como o modo de viver do ser humano. Pela cultura o homem supera o que lhe é dado pela natureza. Portanto, a cultura é todo o processo com o qual ele se transforma: a sociedade e o mundo material. [...] A cultura compreende-se a partir da criatividade humana. Essa criatividade é sua característica fundamental. O caráter antropológico é a divisa que se estabelece com um mundo dado. [...] A cultura expressa o desenvolvimento das habilidades cognitivas e espirituais do ser humano. Além da ideação do mundo, o ser humano é impulsionado para a transformação do mundo (SIDEKUM, 2009, p. 58-60).
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Todas as culturas produziram crenças religiosas frente aos
processos de compreensão e explicação dos fenômenos naturais e
humanos que incidiam sobre os corpos humanos e influenciavam o
ambiente que viviam. De acordo com Martini (1995), na raiz de toda
criação cultural reside uma possibilidade de transcendência. A capacidade
de transcender é uma dimensão inerente ao ser humano e esta integra
tudo o que está em seu envolto. Por isso, o ser humano foi deixando
marcas ao longo da história que o caracteriza como homo religiosu que, de
acordo com Eliade (2001), é a abertura às manifestações inteiramente
diferentes das realidades consideradas ―naturais‖.
O religioso, expresso em diferentes religiosidades e tradições
religiosas, passa a ser entendido como parte de uma totalidade,
corresponsável pela vida. Para Eliade, buscar conhecer o universo
transcendental e as situações assumidas pelo ser humano religioso é fazer
avançar seu conhecimento como um todo, embora se saiba que,
[...] a maior parte das situações assumidas pelo homem religioso das sociedades primitivas e das civilizações arcaicas há muito tempo foram ultrapassadas pela história. Mas não desapareceram sem deixar vestígios: contribuíram para que nos tornássemos aquilo que somos hoje; fazem parte, portanto, da nossa própria história (ELIADE, 2001, p. 164).
No Brasil, as crenças religiosas dos povos ancestrais indígenas e
africanos foram relegadas, negadas e invisibilizadas pelos colonizadores,
os quais impuseram outra crença, a cristã. Aos que se negavam à
conversão, à perseguição e ao não reconhecimento social e político. Além
dos povos ancestrais indígenas, passaram pelas mesmas restrições e
perseguições integrantes das religiões afro-brasileiras, judaicas e
protestantes, até a Proclamação da República. A diversidade cultural
religiosa era tida como uma ameaça ao fundamento em que a sociedade
brasileira estava organizada (FONAPER, 2000).
A concepção etnocêntrica, monocultural e colonialista não
permitia/permite ver/aceitar/acolher a diversidade cultural e religiosa que
constitui a sociedade brasileira. Com o processo de imigração iniciado no
século XIX e intensificado no século seguinte, juntamente com as lutas de
movimentos étnicos, sociais e religiosos ocorreu um processo de
ampliação e percepção da diversidade cultural religiosa. Mesmo assim, tal
FONAPER
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processo se mostrou insuficiente e lento enquanto reconhecimento social e
político de inúmeras identidades culturais/religiosas.
É perceptível que, mesmo após as reformas educacionais, o modelo
etnocêntrico e monocultural permanece em propostas pedagógicas, em
currículos de formação docente, produções de materiais didáticos,
paradidáticos e outros, manifestando que, em certa medida, a própria
educação e demais processos formativos têm se mostrado
corresponsáveis na reprodução do pensamento monocultural. Pode-se
dizer que, ora ela assume oficialmente, ora oficiosamente valores da
cultura religiosa eurocêntrica, judaico-cristã, masculina, branca, negando
e/ou desconsiderando o religioso presente no substrato das diferentes
culturas.
Na Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural, da UNESCO,
publicada em 2002, a diversidade cultural é reconhecida como um
patrimônio da humanidade. Do conjunto de elementos que constituem as
culturas, não é possível excluir a dimensão das crenças religiosas, pois
são parte da cultura e, de uma forma ou de outra, exercem influência na
formação das identidades dos sujeitos.
Mesmo que, aparentemente, as diferenças culturais e religiosas
―convivam bem‖ no Brasil, é preciso afirmar que o contexto é complexo e
(re)produtor de exclusões, desafiando fundamentalmente os processos
formativos para que ampliem suas reflexões, estudos e práticas a fim de
superar processos que invisibilizam, discriminam e colonizam o outro em
sua alteridade.
Neste sentido, cabe destacar que a perspectiva intercultural e
interreligiosa tem despertado o interesse de educadores que,
comprometidos em assegurar o respeito e o (re)conhecimento da
diversidade religiosa no campo educacional, têm procurado refletir e
encaminhar práticas de caráter intercultural.
A formação da identidade do docente em ensino religioso
O reconhecimento do perfil do profissional de Ensino Religioso
possibilita o exercício da cidadania e a construção de uma relação
respeitosa com o diferente. O fato de acolher e aceitar o diferente e suas
diferenças permite conhecer o outro em mim mesmo. A partir desta atitude
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
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compreendemos que cada pessoa é única e irrepetível, digna de
reconhecimento e respeito.
Deste modo, não é possível tornar o outro igual ao mesmo, pois,
acarretaria anulação total do outro, mas o que pode ocorrer são tentativas
de redução, causadas pela pouca liberdade e responsabilidade em
assumir a própria vida diante daquele/daquilo que a ameaça e,
principalmente diante de processos subalternos e colonizantes que
discretamente se desenvolvem na sociedade.
No decorrer da história, o professor da Educação Básica conviveu
com a desvalorização profissional.
A desvalorização do professor de educação básica (antigo primário e ginásio e, depois, Ensino Fundamental; ensino secundário e, hoje, Ensino Médio) é continuação do longo processo histórico da educação no Brasil desde os tempos dos jesuítas, passando pela era pombalina, que a República não conseguiu superar (CORDEIRO, 2010, p. 128).
Nas relações que o ser humano desenvolve, o uso das linguagens
tem de favorecer a construção de uma ética da comunicação capaz de
proporcionar transformações no convívio entre educandos e educadores.
Mas, a alteridade do outro não pode ser compreendida na sua totalidade,
pois acessamos o outro por meio da linguagem, e esta tem se
demonstrado limitada e falível, especialmente quando se trata do
entendimento do outro na sua infinitude.
A linguagem é a maneira mais complexa que o ser humano criou para se relacionar com o mundo; ele faz a humanidade ser. Desde a fecundação, a fala do grupo familiar já integra o indivíduo no nível sociocultural da existência, transmitindo expectativas, escolhendo nomes, relatando a experiência e progressos no seu crescimento. A linguagem é a possibilidade concreta de os dados brutos da realidade tornem objeto de conhecimento. A fala permite às gerações transmitir o processo de interação com a natureza e elaborar a compreensão sobre elas (ANDRADE,1993, p.22).
O ser humano nunca está pronto e, por ser inacabado, sempre
permanece buscando o conhecimento de si mesmo e do outro que, de
uma forma ou de outra, dá sentido a sua existência. Por isso, o espaço
escolar tem maior relevância quando compreendido como espaço de
construção de identidades individuais e coletivas, sendo a identidade e
alteridade do outro o imperativo ético para continuar pensando e agindo
FONAPER
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não a partir de uma ―egologia‖, mas sim, a partir do outro, proposta
filosófica de Emmanuel Levinas8.
O reconhecimento da identidade e da alteridade do outro e do outro
em mim nos processos de formação docente encontra-se desafiada pela
globalização, o que tem trazido sérias consequências à educação. Os
elementos norteadores desta ideologia tentam inculturar nos formandos a
prática do consumismo, do individualismo, em que o ‗ter‘ tem muito mais
importância que o ‗ser‘. Assim sendo, pode-se cair no risco de formar
analfabetos funcionais.
Formação docente e a licenciatura em Ensino Religioso na FURB
Na atualidade, a formação do professor de Ensino Religioso
apresenta-se cercada por inúmeros desafios. De um modo geral, no Brasil,
é possível encontrar correntes que defendem a exclusão deste
componente curricular. Outras correntes defendem a permanência do
Ensino Religioso, mas de caráter confessional. Outra corrente defende a
permanência do Ensino Religioso laico, independente de qualquer
confissão religiosa e sem qualquer tipo de proselitismo. Mas, se há uma
legislação (Art. 210 da Constituição Federal; Art. 33 da LDB) e esta indica
uma concepção (assegurar o respeito à diversidade cultural religiosa, sem
proselitismo), por que tantas dificuldades para efetivamente pensar a oferta
de formação docente, bem como sua oferta por parte dos sistemas de
ensino, nesta perspectiva?
Com a promulgação da Lei nº 9.475/1997, que alterou a redação do
art. 339 da Lei nº 9.394/1996, inaugurou-se uma nova identidade deste
componente. O Ensino Religioso perde seu caráter confessional e/ou
interconfessional e adquire status de estudo do fenômeno religioso na
diversidade cultural religiosa do Brasil. A partir disso, surgem novas
demandas, especialmente voltadas à formação docente para esta área do
8 Para aprofundamentos, ver Tese de Doutoramento de Marcos Alexandre Alves, UFPEL,
2011, intitulada ―Pedagogia da Alteridade: O Ensino como Acolhimento Ético do Outro e condição crítica do saber em Levinas‖.
9 O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do
cidadão, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas do ensino fundamental, assegurando o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo (BRASIL, 1997).
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
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conhecimento (Cf. Resolução CNE/CEB nº 2 e Resolução CNE/CEB nº
4/2010).
O Ensino Religioso, enquanto área de conhecimento e componente
curricular tem de proporcionar o conhecimento dos elementos básicos que
compõem o fenômeno religioso partindo das experiências religiosas e não
religiosas percebidas e vivenciadas no contexto dos educandos. Os
conteúdos do Ensino Religioso presentes no currículo visam garantir o
direito à diferença, promovendo a construção de relações interpessoais,
interculturais e interreligiosas, efetivando assim os princípios da
Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Para alcançar estes objetivos, faz-se mister formar docentes que
sejam capazes de desempenhar este papel na educação básica,
confrontando processos que reduzem o ser humano a lógica instrumental e
monocultural. Os docentes precisam ter consciência da complexidade
sociocultural da questão religiosa no ambiente escolar, estando abertos e
sensíveis à diversidade cultural religiosa, mediando diálogos, conflitos a
fim de garantir aprendizagens e o direito à expressão do pensar, crer, ser e
viver.
Como em todas as áreas de conhecimento, exige-se também do
profissional de Ensino Religioso, sensibilidade e responsabilidade frente às
pessoas que são parte dos processos formativos. Justifica-se com isso a
necessidade de profissionais que estejam devidamente preparados para o
exercício da docência no ambiente escolar.
Configuram algumas exigências para o profissional de Ensino
Religioso:
Compreenda o fenômeno religioso, contextualizando-o espacial e temporalmente; Configure o fenômeno religioso através das ciências da religião; Conheça a sistematização do fenômeno religioso pelas tradições religiosas e suas teologias; Analise o papel das Tradições religiosas na estruturação e manutenção das diferentes culturas e manifestações sócio-culturais; Faça a exegese dos Textos Sagrados orais e escritos das diferentes matrizes religiosas (africanas, indígenas, ocidentais e orientais); Relacione o sentido da atitude moral, como consequência do fenômeno religioso sistematizado pelas Tradições Religiosas e como expressão da consciência e da resposta pessoal e comunitária das pessoas (FONAPER, 1998, p. 11).
A formação acadêmica deste profissional deve auxiliar no estudo e
desenvolvimento de suas habilidades e competências. Uma das
dificuldades encontradas na atualidade é o número de profissionais
FONAPER
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devidamente preparados e qualificados para a prática docente deste
componente. Por isso, encontramos situações onde professores
habilitados em outras áreas de conhecimento estão assumindo aulas de
Ensino Religioso com o intuito de complementar sua carga horária, sem
formação alguma.
As habilidades e competências que o profissional de Ensino
Religioso precisa adquirir durante a sua formação acadêmica são
múltiplas. Entre elas convém destacar a relação entre teoria e prática
através de uma formação sólida na área das ciências humanas, onde
conhecimentos religiosos de matriz indígena, africana, oriental e semita se
articulam em diferentes áreas como a Antropologia, Sociologia, Filosofia,
História, Geografia, Psicologia, Teologia, Ética e outras.
Com base no histórico de 18 anos - desde a instalação do Fórum
Nacional Permanente do Ensino Religioso – FONAPER, ele propõe que a
formação específica para o professor de Ensino Religioso em nível
superior, deve se dar por meio de licenciatura, precisa estar alicerçada em
dois pressupostos curriculares: o epistemológico, que tem suas bases nas
Ciências Sociais, especificamente nas Ciências da Religião e o
pedagógico, que se fundamenta nas Ciências da Educação. Estes
pressupostos necessitam estar articulados, sem que um se sobreponha ao
outro, mas que se complementem visando à formação docente
(FONAPER, 2008).
Na proposta de Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de
graduação em Ciências da Religião – Licenciatura em Ensino Religioso,
elaborada a partir dos debates realizados no X Seminário Nacional de
Formação de Professores para o Ensino Religioso pelo FONAPER e,
encaminhado à presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE),
Professora Clélia Brandão Alvarenga Craveiro, em 4 de dezembro de
2008, assim propôs a contemplação dos dois pressupostos acima citados
no art. 7º:
O curso de Graduação em Ciências da Religião – Licenciatura em Ensino Religioso terá a carga máxima de 2.800 horas de efetivo trabalho acadêmico, assim distribuído: I – 1.800 horas de conteúdos curriculares de natureza científico-culturais específicos no campo das Ciências da Religião e da Educação, incluindo atividades formativas como assistências às aulas, realização de seminários e participação na realização de pesquisas;
Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso
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II – 400 horas de prática como componente curricular, realizadas articuladamente às questões metodológicas dos conteúdos curriculares de natureza científico-cultural; III – 400 horas dedicadas ao Estágio Supervisionado em todos os níveis da Educação Básica, caracterizadas por um trabalho prático-reflexivo devidamente acompanhado pelos docentes do curso, no qual os graduandos desenvolverão atividades pedagógicas rigorosamente planejadas; IV – 200 horas de atividades complementares de cunho acadêmico-científico-cultural em áreas específicas de interesse dos licenciados, articulados ao campo das Ciências da Religião e da Educação (FONAPER, 2008).
Outros aspectos fundamentais à formação docente para o Ensino
Religioso devem ser considerados, como: ter consciência crítica com
espírito investigativo, visão ampla da realidade/mundo/cosmo,
conhecimento do ser humano como um ser inacabado em contínuo
desenvolvimento, capacidade de discernimento e maturidade no exercício
de sua profissão, domínio dos conteúdos a serem estudados neste
componente, abertura à diversidade cultural e religiosa, senso de
responsabilidade perante o Outro, estímulo à pesquisa de campo.
Um professor de Ensino Religioso não pode reduzir sua formação ao
domínio dos saberes de diferentes culturas e tradições religiosas, mas,
para além destes conhecimentos necessários, precisa ter sensibilidade e
responsabilidade referente às questões que dizem respeito ao ser humano
em sua dignidade e alteridade, identificando e erradicando práticas
prosélitas na escola e na sociedade que depõem contra os direitos
humanos.
Nesta perspectiva e atendendo os imperativos legais no que se
refere à formação docente e às necessidades regionais, o Curso Ciências
da Religião: Licenciatura em Ensino Religioso da FURB reelaborou sua
proposta curricular no ano de 2011.
O objetivo do curso consiste em:
Auxiliar o acadêmico na construção de um referencial teórico-metodológico que viabilize uma leitura e compreensão crítica dos fenômenos religiosos na diversidade cultural, permitindo a construção de uma sociedade justa, solidária e livre, capaz de reconhecer na alteridade a dignidade de todas as formas e expressões de vida (OLIVEIRA; RISKE-KOCH, 2012, p. 473).
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De acordo com as mesmas autoras, espera-se que com essa
proposta curricular se atinja os seguintes objetivos enquanto curso de
graduação:
a) Habilitar o acadêmico para o exercício pedagógico em Ensino Religioso na Educação Básica; b) Investigar e compreender a dimensão educativa da escola e sua interação com a família, comunidade e sociedade em suas diversidades; c) Situar o estudo dos fenômenos