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ISSN 2359-1773

ISSN 2359-1773Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso 7ª Edição FONAPER Florianópolis/SC 2014 VII Congresso de Ensino Religioso, realizado entre os dias 03 a 05 de outubro

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  • ISSN 2359-1773

  • Anais do

    Congresso Nacional de Ensino Religioso

    7ª Edição

    FONAPER Florianópolis/SC

    2014

    VII Congresso de Ensino Religioso, realizado entre os dias 03 a 05 de outubro de 2013,

    na Universidade Federal de Juiz de Fora, em Juiz de Fora/MG.

  • © 2014 FONAPER – Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso Caixa Postal 90 - Florianópolis/SC - CEP 88.010-970 http://www.fonaper.com.br | e-mail: [email protected] Copyright da Compilação: FONAPER Copyright dos textos: dos autores Proponentes Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso (FONAPER) Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Coordenação Geral Adecir Pozzer (FONAPER) Rodrigo Portella (UFJF) Comissão Organizadora Arnaldo Érico Huff Junior (UFJF); Elcio Cecchetti (UFSC); Francisco Sales Palheta (FONAPER); Frederico Pieper Pires (UFJF); Gracileide Alves da Silva (FONAPER); Henri Luiz Fuchs (FONAPER); Maria José da Silva Lopes (FONAPER); Maria José Torres Holmes (FONAPER); Simone Riske Koch (FONAPER); Josiane Cruzaro (ASPERSC). Comissão Científica Dr. Alberto da Silva Moreira (PUC-GO); Dr. Antônio Sidekum (UCA/El Salvador); Dr. Artur César Isaia (UFSC); Dr. Carlos André Cavalcanti (UFPB); Dr. Douglas Rodrigues da Conceição (UEPA); Drando Élcio Cecchetti (UFSC); Dra. Elisa Rodrigues (UFJF); Dr. Evaldo Luís Pauly (UNILASALLE); Dr. Flávio Augusto Senra Ribeiro (PUC-MG); Dr. Gilbraz de Souza Aragão (UNICAP); Me. Henri Luiz Fuchs (IFRS); Me. Romi Márcia Bencke (UFJF); Dr. Iuri Andréas Reblin (Faculdades EST); Dr. José Luiz Izidoro (CES-JF); Dr. Leomar Brustolin (PUC-RS) ; Dra. Lílian Blanck de Oliveira (FURB/RELER); Dr. Luiz José Dietrich (PUCPR e GPEAD/FURB); Dr. Luzival Barcellos (UFPB); Dr. Marcos Rodrigues da Silva (PUC/SP); Dra. Marga Janete Ströher (SDH/PR); Dra. Maria Clara Lucchetti Bingemer (PUC-RJ); Me. Maria José Holmes Torres (SEMED João Pessoa/PB); Dra Kathlen Luana de Oliveira (FACOS e IMT/URI); Dr. Wellington Teodoro da Silva (PUC-MG); Me. Obertal Xavier Ribeiro (UNIGRANRIO); Dr. Oneide Bobsin (Faculdades EST); Dr. Remí Klein (Faculdades EST); Dra. Sílvia Regina Alves Fernandes (UFRRJ); Ma. Simone Riske-Koch (FURB/FONAPER); Dr. Zwinglio Mota Dias (UFJF). Organização dos Anais: Janaina Hübner; Iuri Andréas Reblin; Francisco Sales Palheta. Produção dos Anais do VII Congresso Nacional do Ensino Religioso Dados Técnicos: Título: Anais do VII Congresso Nacional do Ensino Religioso Organização: Janaina Hübner; Iuri Andréas Reblin e Francisco Sales Palheta Editora/Autor corporativo: FONAPER Cidade: Florianópolis Ano: 2014 Volume: 7 Páginas: 1004 ISSN: 2359-1773 Revisão: Esther do Amaral Editoração Eletrônica: Iuri Andréas Reblin Como citar um texto nos Anais do VII CONERE: SOBRENOME, Nome. Título da Comunicação. In: Congresso Nacional do Ensino Religioso, 7., 2013, Juiz de Fora/MG. Anais do Congresso Nacional do Ensino Religioso. Organizado por Janaina Hübner, Iuri Andréas Reblin e Francisco Sales Palheta. Florianópolis: FONAPER, v. 7, 2014. página inicial - página final. (Online) ISSN: 2359-1773

    A correta menção às fontes, em termos de honestidade intelectual, e a coerência às normas da ABNT são de de responsabilidade dos autores e das autoras dos textos.

    http://www.fonaper.com.br/mailto:[email protected]

  • SUMÁRIO

    APRESENTAÇÃO ...................................................................................................13

    PROGRAMAÇÃO ....................................................................................................17

    COMUNICAÇÕES ...................................................................................................19

    GT1: FORMAÇÃO DOCENTE PARA O ENSINO RELIGIOSO ..............................21

    A PRÁTICA REFLEXIVA NO CONTEXTO DE AÇÃO DO PROFESSOR

    PESQUISADOR ...................................................................................... 23

    Gleyds Silva Domingues .................................................................................23

    FORMAÇÃO DOCENTE E DIVERSIDADE CULTURAL RELIGIOSA:

    LICENCIATURA EM ENSINO RELIGIOSO DA FURB ................................. 33

    Vanderlei Kulkamp ..........................................................................................33

    Gysselly Buzzi Puff ..........................................................................................33

    Adecir Pozzer ..................................................................................................33

    A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DO ENSINO RELIGIOSO NUMA

    PERSPECTIVA INCLUSIVA ..................................................................... 49

    Ana Cristina de Almeida Cavalcante Bastos ...................................................49

    A MEMÓRIA DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE ENSINO RELIGIOSO -

    CONTRIBUIÇÕES PARA AS PRÁTICAS COM O ENSINO RELIGIOSO

    PLURALISTA .......................................................................................... 63

    Araceli Sobreira Benevides .............................................................................63

    O LUGAR DO ENSINO RELIGIOSO NA EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL: A

    POSTURA DO EDUCADOR ENTRE O CUIDAR E O EDUCAR NA

    DIVERSIDADE DE PERTENÇA ................................................................ 81

    Celeide Agapito Valadares Nogueira ..............................................................81

    FORMAÇÃO ACADÊMICA/PROFISSIONAL PARA A DOCÊNCIA DO ENSINO

    RELIGIOSO NAS ESCOLAS PÚBLICAS BRASILEIRAS ............................. 93

    Edalza Helena Bosetti Santiago ......................................................................93

  • FONAPER

    4

    OS (DES)PROPÓSITOS DO ENSINO RELIGIOSO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

    ........................................................................................................... 109

    Renata de Souza Leão ................................................................................. 109

    A FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA DO DOCENTE DE ENSINO

    RELIGIOSO .......................................................................................... 125

    José Carlos do Nascimento Santos ............................................................. 125

    NO JARDIM DAS ERVAS – SUBPROJETO INTERCULTURAL INDÍGENA

    FURB/SC ............................................................................................. 137

    Eldrita Hausmann de Paula .......................................................................... 137

    Sandra Andréia Müller Schroeder ................................................................ 137

    O CAMINHO E OS DESAFIOS NA FORMAÇÃO DOCENTE DO ENSINO

    RELIGIOSO EM PERNAMBUCO ............................................................ 151

    Wellcherline Miranda Lima ........................................................................... 151

    Rosalia Soares de Sousa ............................................................................. 151

    ENSINO RELIGIOSO ESCOLAR NO CONTEXTO DA DIVERSIDADE

    RELIGIOSA: UMA EXPERIÊNCIA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES ... 163

    Iolanda Rodrigues da Costa ......................................................................... 163

    Maria de Lourdes Santos Melo ..................................................................... 163

    Rosilene Pacheco Quaresma ....................................................................... 163

    QUE PESQUISADORES/EDUCADORES DE ENSINO RELIGIOSO

    BUSCAMOS? UM DEBATE A PARTIR DA DISCIPLINA PESQUISA EM

    ENSINO RELIGIOSO – PARFOR BLUMENAU E RIO DO SUL/SC ............. 177

    Josué de Souza ............................................................................................ 177

    O ENSINO RELIGIOSO EM GOIÁS: O PROBLEMA DA FORMAÇÃO DE

    PROFESSORES ................................................................................... 189

    Raimundo Márcio Mota de Castro ................................................................ 189

    José Maria Baldino ....................................................................................... 189

    A ABORDAGEM DA FINITUDE NO CURRÍCULO DE FORMAÇÃO DE

    PROFESSORES DE ENSINO RELIGIOSO/PA: CONSIDERAÇÕES INICIAIS

    ........................................................................................................... 203

    Rodrigo Oliveira dos Santos ......................................................................... 203

  • Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso

    5

    A IMPORTÂNCIA DO PROFISSIONAL HABILITADO EM CIÊNCIAS DA

    RELIGIÃO PARA ATUAR COMO DOCENTE DO ENSINO RELIGIOSO NA

    EDUCAÇÃO BÁSICA ............................................................................ 221

    Ediana Maria Mascarello Finatto ...................................................................221

    Leonel Piovezana ..........................................................................................221

    FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DO ENSINO RELIGIOSO NO MUNICÍPIO

    DE CARIACICA - ES ............................................................................. 235

    Eliane Maura Littig Milhomem de Freitas ......................................................235

    O ENSINO RELIGIOSO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL,

    EM MINAS GERAIS: A FORMAÇÃO E A PRÁTICA DOCENTE .................. 251

    Felippe Nunes Werneck ................................................................................251

    GT2: CURRÍCULO DO ENSINO RELIGIOSO ......................................................269

    ENSINO RELIGIOSO PARA ALUNOS/AS DO ENSINO FUNDAMENTAL I:

    ESTUDO SOBRE PROPOSTA CURRICULAR UNIFICADA ....................... 271

    Aldenir Teotonio Claudio ...............................................................................271

    Marinilson Barbosa da Silva ..........................................................................271

    LIMITES E AVANÇOS DA ESTRUTURA CURRICULAR DO ENSINO

    RELIGIOSO NO COLÉGIO MARISTA DE BELÉM .................................... 291

    Alex Coimbra Sales .......................................................................................291

    O ENSINO RELIGIOSO NAS ESCOLAS PÚBLICAS BRASILEIRAS: UMA

    ANÁLISE A PARTIR DAS LEGISLAÇÕES EDUCACIONAIS ...................... 309

    Claudia Berdague ..........................................................................................309

    O ENSINO RELIGIOSO NO CURRÍCULO ESCOLAR ............................... 319

    Elisângela Madeira Coelho............................................................................319

    O LUGAR DO ENSINO RELIGIOSO NO CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO

    ADVENTISTA ....................................................................................... 331

    Francisco Luiz Gomes de Carvalho ..............................................................331

  • FONAPER

    6

    O ENSINO RELIGIOSO TRANSVERSALIZANDO OUTRAS ÁREAS DE

    CONHECIMENTO ................................................................................. 343

    Iêda de Oliveira Caminha ............................................................................. 343

    Maria José Torres Holmes ............................................................................ 343

    DANÇAS CIRCULARES SAGRADAS: UM RELATO DE UMA PROPOSTA

    METODOLÓGICA NO CURSO DE LICENCIATURA NO ER- PARFOR/

    BLUMENAU.......................................................................................... 357

    Laudicéia Lene de Freitas Barbosa .............................................................. 357

    O ENSINO RELIGIOSO NA REDE MUNICIPAL DE CURITIBA: ALGUMAS

    CONSIDERAÇÕES ............................................................................... 369

    Luís Fernando Lopes .................................................................................... 369

    Renata Adriana Garbossa ........................................................................... 369

    PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO RELIGIOSO: EXPERIÊNCIAS,

    DESAFIOS E PERSPECTIVAS ............................................................... 385

    Josiane Crusaro ............................................................................................ 385

    Lindamir Teresinha Bianchi Crusaro ............................................................ 385

    Adecir Pozzer................................................................................................ 385

    GT3: CONCEPÇÕES METODOLÓGICAS DO ENSINO RELIGIOSO ................ 397

    O FENÔMENO RELIGIOSO NO ENSINO RELIGIOSO: DESAFIOS

    EPISTEMOLÓGICOS PARA DOCENTES NO ENSINO FUNDAMENTAL .... 399

    Anderson Ferreira Costa ............................................................................. 399

    Edile Maria Fracaro Rodrigues ..................................................................... 399

    ENSINO DO FATO RELIGIOSO: CONHECIMENTO PARA A ACEITAÇÃO DO

    DIFERENTE ......................................................................................... 417

    José Antonio Lages ...................................................................................... 417

    POR UM ENSINO RELIGIOSO NÃO RELIGIOSO: DESAFIOS NO CONTEXTO

    ESCOLAR ............................................................................................ 433

    Daniela Crusaro ............................................................................................ 433

    Josiane Crusaro ............................................................................................ 433

    Lindamir Teresinha Bianchi Crusaro ............................................................ 433

  • Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso

    7

    ALTERIDADE E DIVERSIDADE CULTURAL RELIGIOSA: REFLEXÕES

    SOBRE O SER HUMANO ...................................................................... 447

    Marcely Carnieletto Gazoni ...........................................................................447

    Leonel Piovezana ..........................................................................................447

    A QUESTÃO ATUAL DO ENSINO RELIGIOSO COMO CAMPO DISCIPLINAR:

    UMA PROPOSTA DE CONSCIENTIZAÇÃO PARA A COMUNIDADE ESCOLAR

    ........................................................................................................... 465

    Terezinha de Souza Pacheco .......................................................................465

    Neusa Maria de Souza Trindade ...................................................................465

    O ATEÍSMO NAS AULAS DO ENSINO RELIGIOSO ................................. 471

    Narjara Lins de Araújo ...................................................................................471

    POSSIBILIDADES METODOLÓGICAS PARA O ENSINO RELIGIOSO NO

    ENSINO MÉDIO EM SANTA CATARINA ................................................. 489

    Eliston Terci Panzenhagen............................................................................489

    MORTE E VIDA: DIFERENTES CONCEPÇÕES....................................... 503

    Janete Ulrich Bachendorf ..............................................................................503

    Marléte Arens ................................................................................................503

    O ENSINO RELIGIOSO NA EDUCAÇÃO ESCOLAR: UM DESAFIO DIÁRIO

    ........................................................................................................... 515

    Janete Ulrich Bachendorf ..............................................................................515

    GT4: IMAGINÁRIO SIMBÓLICO E ENSINO RELIGIOSO ....................................531

    A DIALÉTICA DO SAGRADO NA RESOLUÇÃO DA TENSÃO DE

    CONHECIMENTO ................................................................................. 533

    Marco Antônio Teles da Costa ......................................................................533

    PROJETO CORPO SINCRÉTICO: INSTALAÇÃO PERFORMATIVA COMO

    PERCURSO EDUCATIVO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES ................ 549

    Wallace Wagner Rodrigues Pantoja .............................................................549

  • FONAPER

    8

    SAMHAIN, HERANÇAS DE UM IMAGINÁRIO SIMBÓLICO APLICADO AO

    ENSINO RELIGIOSO............................................................................. 565

    Silas Roberto Rocha Lima ............................................................................ 565

    GT5: DIVERSIDADE RELIGIOSA E DIREITOS HUMANOS ............................... 577

    ENSINO RELIGIOSO: DIREITO RECONHECIDO OU DIREITO NEGADO .. 579

    Maria Lina Rodrigues de Jesus .................................................................... 579

    DISCURSOS E PRÁTICAS: A (IN)TOLERÂNCIA RELIGIOSA NO AMBIENTE

    ESCOLAR ............................................................................................ 597

    Sueli Martins ................................................................................................. 597

    DIVERSIDADE RELIGIOSA E INTERCULTURALIDADE: APORTES PARA

    UMA DECOLONIZAÇÃO RELIGIOSA NA EDUCAÇÃO ............................. 615

    Georgia Carneiro da Fontoura ...................................................................... 615

    Lilian Blanck de Oliveira ............................................................................... 615

    MEMÓRIA, TOLERÂNCIA E RESISTÊNCIAS: DISCUSSÕES SOBRE

    RELIGIÃO E DIREITOS HUMANOS NO BRASIL ...................................... 635

    Kathlen Luana de Oliveira ............................................................................ 635

    GT6: EDUCAÇÃO E INTERCULTURALIDADE ................................................... 655

    O ENSINO RELIGIOSO E A DIVERSIDADE CULTURAL RELIGIOSA NA

    EDUCAÇÃO ......................................................................................... 657

    Edina Fialho Machado .................................................................................. 657

    Rodrigo Oliveira dos Santos ......................................................................... 657

    EDUCAÇÃO INTERCULTURAL: A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE E DA

    DIFERENÇA NO AMBIENTE ESCOLAR .................................................. 673

    Eliel Ribeiro da Silva .................................................................................... 673

    ETNOJOGO UMA PROPOSTA CRIATIVA ............................................... 689

    Claudilene Christina de Oliveira ................................................................... 689

    Rosana Castro de Luna Rezende ................................................................ 689

  • Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso

    9

    GT7: A RELIGIÃO E O ETHOS CONTEMPORÂNEO NA PERSPECTIVA DA

    EDUCAÇÃO E DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL ........................................709

    ORA PRO NOBIS: MEMÓRIA E RELIGIOSIDADE DOS CANTADORES DE

    LADAINHA EM MOCAJUBA PARÁ ........................................................ 711

    Guilherme Luís Mendes Martins ...................................................................711

    DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS E LAICIDADE DO ESTADO ...... 725

    Myriam Aldana ...............................................................................................725

    Leonel Piovezana ..........................................................................................725

    A CONTRIBUIÇÃO DE JOHN LOCKE PARA A TOLERÂNCIA ................... 739

    Sérgio Ricardo Gonçalves Dusilek ................................................................739

    GT8: ENSINO RELIGIOSO E VALORES DO DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO ...753

    RELIGIÃO E ESTADO SECULAR EM DIÁLOGO: UMA NOVA PROPOSTA DE

    ENSINO E APRENDIZAGEM PARA O ENSINO RELIGIOSO ..................... 755

    Elenilson Delmiro dos Santos .......................................................................755

    ENSINO RELIGIOSO E DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO NAS ESCOLAS

    PÚBLICAS: UM DESAFIO A SER ENFRENTADO .................................... 767

    Elivaldo Serrão Custódio ...............................................................................767

    A PLURALIDADE EM DIÁLOGO E O ENSINO RELIGIOSO NO SÉCULO XXI

    ........................................................................................................... 785

    Suely Ribeiro Barra .......................................................................................785

    GT9: A ESPIRITUALIDADE E A FORMAÇÃO DO EDUCADOR .........................801

    A IMPORTÂNCIA DA ESPIRITUALIDADE DO EDUCADOR NA

    CONSTRUÇÃO DA ESPIRITUALIDADE NO PROCESSO EDUCATIVO .... 803

    Ana D‘arc Vieira Cândido ..............................................................................803

    Sidney Allessandro da Cunha Damasceno ...................................................803

    ESPIRITUALIDADE: UM CAMINHO DE BUSCA E DESCOBERTAS PARA O

    EDUCADOR ......................................................................................... 821

    Daiane da Silva Barbosa ...............................................................................821

    Laugrinei P. B. da Anunciação - UCB ...........................................................821

  • FONAPER

    10

    A ESPIRITUALIDADE NA CONSTITUIÇÃO DO DOCENTE ....................... 833

    Monica Pinz Alves ........................................................................................ 833

    PROFESSOR COMO MEDIADOR DE APRENDIZAGEM NO ENSINO

    RELIGIOSO .......................................................................................... 847

    Nancy Pereira da Silva ................................................................................. 847

    GT10: CONHECIMENTOS E RELIGIOSIDADES INDÍGENAS E O ENSINO

    RELIGIOSO .......................................................................................................... 861

    RITUAL DO KIKI: UMA CELEBRAÇÃO DE VIDAS .................................... 863

    Avalcir Rita Ferrari ........................................................................................ 863

    Rosinei Pedrotti Ferrari ................................................................................. 863

    Leonel Piovezana ......................................................................................... 863

    INOVAÇÃO PEDAGÓGICA PARA A EDUCAÇÃO SUPERIOR EM CULTURAS

    INDÍGENAS: DESAFIOS E POSSIBILIDADES ......................................... 877

    Leonel Piovezana ......................................................................................... 877

    Luciano Jaeger ............................................................................................. 877

    Ediana M. M. Finatto ..................................................................................... 877

    RELIGIOSIDADE INDÍGENA: REFLEXÕES SOBRE OS POVOS KAINGANG

    ........................................................................................................... 893

    Gilberto Oliari ................................................................................................ 893

    RELIGIOSIDADES MACUXI E A PERSPECTIVA PARA O ENSINO

    RELIGIOSO .......................................................................................... 905

    Manoel Gomes Rabelo Filho ........................................................................ 905

    GT 11: CONHECIMENTOS E RELIGIOSIDADES AFRICANAS E AFRO-

    BRASILEIRAS E O ENSINO RELIGIOSO ........................................................... 923

    ESTÁGIO DE DOCÊNCIA: UMA EXPERIÊNCIA INOVADORA ENVOLVENDO

    ELEMENTOS ESSENCIAIS E INDIVIDUAIS DA UMBANDA ...................... 925

    Adenize Vieira de Jesus ............................................................................... 925

    Daiane Waltrick ............................................................................................. 925

    Ediana M. M. Finatto ..................................................................................... 925

  • Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso

    11

    BEBÊS ABAYOMIS: UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA PARA O ENSINO

    RELIGIOSO NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL ........... 947

    Dina Carla da Costa Bandeira .......................................................................947

    Elane Queiroz Carneiro Ribeiro ....................................................................947

    ENSINO RELIGIOSO E RELIGIÕES DE MATRIZES AFRICANAS: CONFLITOS

    E DESAFIOS NA EDUCAÇÃO PÚBLICA NO AMAPÁ ............................... 959

    Elivaldo Serrão Custódio ...............................................................................959

    Eugenia da Luz Silva Foster .........................................................................959

    DESAFIOS DO ENSINO DAS RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS ............... 977

    Fabiano Aparecido Costa Leite .....................................................................977

    RELIGIOSIDADE AFROBRASILEIRA E O TRATO PEDAGÓGICO NO ENSINO

    RELIGIOSO .......................................................................................... 989

    Alysson Brabo Antero ....................................................................................989

  • APRESENTAÇÃO

    Em âmbito nacional, a educação básica tem ocupado lugar de

    destaque nos últimos anos, principalmente após a promulgação da

    Resolução CNE/CEB n° 4/2010, que institui novas Diretrizes Curriculares

    Nacionais Gerais para a Educação Básica (DCNGEB)1 e da Resolução

    CNE/CEB nº 7/2010, que define as Diretrizes Curriculares Nacionais para

    o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos2 (DCNEF).

    As diretrizes apresentam a organização curricular por áreas de

    conhecimento. O art. 13, explica que os conteúdos escolares são

    constituídos por componentes curriculares que, por sua vez, se articulam

    com as áreas de conhecimento, as quais favorecem a comunicação entre

    diferentes conhecimentos sistematizados entre estes e outros

    saberes, mas permitem que os referenciais próprios de cada

    componente curricular sejam preservados.

    No art. 15, os componentes curriculares obrigatórios do ensino

    fundamental são assim organizados em relação às áreas de

    conhecimento:

    I – Linguagens:

    a) Língua Portuguesa; b) Língua Materna, para populações indígenas; c) Língua Estrangeira moderna; d) Arte; e e) Educação Física; II – Matemática; III – Ciências da Natureza; IV – Ciências Humanas:

    a) História; b) Geografia; V – Ensino Religioso.

    Neste contexto de consolidação da educação básica, do processo de

    reorganização curricular, de redefinição da base nacional comum e da

    1 BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CEB nº 4/2010. Define

    Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Brasília, DF, 2010. 2 BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CEB nº 7/2010. Fixa as

    Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de Nove (9) Anos. Brasília, DF, 2010.

  • FONAPER

    14

    parte diversificada, da nova relação entre área de conhecimento e

    componente curricular, que se insere o Ensino Religioso.

    Atentos às mudanças da sociedade brasileira e frente aos desafios

    contemporâneos surgidos após a Constituição Federal de 1988, diferentes

    sujeitos vêm propondo e construindo novos paradigmas para o ensino

    religioso. Legitimado pelo Art. 33 da LDB nº. 9.394/96 (redação alterada

    pela Lei nº. 9.475/1997)3, é considerado disciplina escolar, parte integrante

    da formação básica do cidadão, assegurado o respeito à diversidade

    cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo.

    Desde então, o Ensino Religioso objetiva disponibilizar

    conhecimentos construídos historicamente pelas culturas e tradições

    religiosas, a fim de possibilitar esclarecimentos sobre o direito à diferença,

    valorizando a diversidade cultural religiosa presente na sociedade, como

    uma das formas de promover e exercitar a liberdade de concepções e a

    construção da autonomia e da cidadania, prerrogativas de um Estado laico

    e democrático.

    Todo conhecimento humano, inclusive o religioso, independente da

    forma como foi construído, quando elaborado, torna-se patrimônio da

    humanidade. Sendo patrimônio da humanidade, deve estar disponível à

    escola a fim de possibilitar ao educando uma compreensão mais acurada

    da realidade em que está inserido, possibilitando o desenvolvimento de

    ações conscientes e seguras no mundo imediato, além de ampliar o seu

    universo cultural. (MOREIRA; CANDAU, 2008)4.

    A fim de atender as necessidades e garantir os direitos de

    aprendizagem dos educandos, o conhecimento que transita o cotidiano

    escolar apresenta certas características próprias para serem tratados na

    escola, por isso denominados de conhecimentos escolares.

    [...] Concebemos o conhecimento escolar como uma construção específica da esfera educativa, não como uma mera simplificação de conhecimentos produzidos fora da escola. Consideramos, ainda, que o conhecimento escolar tem características próprias que o distinguem

    3 O Art. 33, o primeiro a ser modificado da LDBEN nº. 9.394/1996, procede de uma

    grande mobilização da sociedade brasileira, envolvendo educadores, representantes de entidades civis, religiosas, educacionais, governamentais e não governamentais, de diferentes setores de atuação, sensibilizados e comprometidos com a causa do Ensino Religioso na escola pública, em nível da Educação Básica.

    4 MOREIRA, Antônio Flávio Barbosa; CANDAU, Vera Maria. Currículo, conhecimento e

    cultura. In: BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Indagações sobre o currículo. Brasília, 2008.

  • Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso

    15

    de outras formas de conhecimento. (MOREIRA; CANDAU, 2008, p. 22).

    Essas características se tornam evidentes em diferentes momentos,

    sendo um deles o tratamento dado aos conhecimentos no processo de

    ensino-aprendizagem. Quando ensinados na escola, não podem ser

    tratados como ―cópias exatas de conhecimentos socialmente construídos‖

    (MOREIRA; CANDAU, 2008, p. 23). Significa dizer que não se trata de

    uma simples mudança de posição ou de lugar. Se assim fosse, a função

    da escola e do professor estariam comprometidas, pois não podem ser

    reduzidos a simples receptores de conhecimentos elaborados pelas

    instituições produtoras do conhecimento científico e das demais áreas da

    atividade humana, como o mundo do trabalho, das tecnologias, dos

    movimentos sociais, da produção artística, do campo da saúde, das

    atividades desportivas e corporais e outras. A escola também pode ser um

    espaço de produção de conhecimentos no processo de ensino-

    aprendizagem.

    Neste sentido, é de fundamental importância compreender que:

    Para se tornarem conhecimentos escolares, os conhecimentos de referência sofrem uma descontextualização e, a seguir, um processo de recontextualização. A atividade escolar, portanto, supõe uma certa ruptura com as atividades próprias dos campos de referência. (MOREIRA; CANDAU, 2008, p. 23).

    É nesta perspectiva que a formação específica para cada área do

    conhecimento da educação básica tem seu fundamento. É o professor

    licenciado para determinado componente curricular que poderá reunir as

    condições necessárias para ler, interpretar e realizar o processo de

    descontextualização e a posterior recontextualização com seus educandos

    em um determinado contexto histórico-cultural, tornando assim os

    conhecimentos significativos para aqueles sujeitos.

    Isso posto e, diante das DCNGEB, das DCNEF e do art. 33 da LDB,

    cabe perguntar: como os conhecimentos são construídos nas culturas e

    tradições religiosas? Como esses conhecimentos elaborados e

    sistematizados pelas ciências chegam até a escola? Quais são os desafios

    e possibilidades inerentes ao processo de descontextualização e

    recontextualização dos conhecimentos no Ensino Religioso? Quais são os

  • FONAPER

    16

    desafios e perspectivas para a formação de professores na área do ensino

    religioso?

    Discutir e socializar estudos e pesquisas relacionadas aos processos

    de construção de conhecimentos nas culturas e tradições religiosas e suas

    interfaces com o Ensino Religioso enquanto área de conhecimento da

    educação básica, bem como oportunizar a comunicação de pesquisas e

    práticas pedagógicas que dizem respeito a essa temática, foram as

    intenções do VII CONERE.

    Ao todo, 64 trabalhos foram aprovados pela Comissão Científica

    para a publicação, os quais integram o presente volume dos Anais do VII

    CONERE.

    O FONAPER agradece as instituições copromotoras e apoiadoras do

    evento, os membros da Comissão Organizadora e da Comissão Científica,

    acadêmicos, pesquisadores e docentes de Educação Básica que

    gentilmente submeteram seus trabalhos, bem como a todos os

    participantes do VII CONERE, os quais, em conjunto, contribuíram para a

    realização de mais um evento científico em prol da consolidação do Ensino

    Religioso como área de conhecimento na Educação Básica.

    Coordenação FONAPER

    (Gestão 2012-2014)

  • PROGRAMAÇÃO

    DATA HORA ATIVIDADE C-H

    03/10

    5ª feira

    16h00 Credenciamento

    4h/a

    18h30 Solenidade de Abertura

    19h00 às

    21h30

    Mesa I: A construção dos conhecimentos nas culturas - tradições religiosas e não-religiosas

    04/10

    6ª feira

    8h00 às

    12h00

    Comunicações de trabalhos – GTs

    5h/a

    14h00 às

    16h00

    Minicursos

    6h/a 17h00 às

    19h30

    Mesa II – Os conhecimentos religiosos e não-religiosos na produção do conhecimento científico.

    Plenária

    19h30 Assembleia Ordinária do FONAPER

    20h30 Noite Cultural

    05/10

    Sábado

    08h30

    Mesa III: A (re)construção dos conhecimentos religiosos e não- religiosos no Ensino Religioso.

    Plenária

    5h/a

    12h30 Solenidade Encerramento

  • COMUNICAÇÕES

  • GT1: FORMAÇÃO DOCENTE PARA O ENSINO RELIGIOSO

    Coordenação:

    Dra. Lílian Blank de Oliveira (RELER/FURB);

    Me. Simone Riske-Koch (FURB/FONAPER)

    Dra. Elisa Rodrigues (UFJF)

    Ementa: Ao longo da história da educação brasileira, diferentes ações foram

    implementadas visando garantir a oferta de formação inicial e continuada aos

    professores de Ensino Religioso. Entretanto, a partir da promulgação da Lei n.

    9.475/97, a formação de docentes para esta área do conhecimento tem sido alvo

    de crescente interesse, discussão e pesquisa em âmbito nacional, envolvendo a

    comunidade acadêmica, sistemas de ensino e organizações da sociedade civil,

    tendo em vista a necessidade de assegurar o respeito à diversidade cultural-

    religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo. Este GT busca

    problematizar, discutir e socializar referenciais, políticas e práticas relativas à

    formação inicial e continuada na área de conhecimento de Ensino Religioso na

    atualidade brasileira.

    Palavras-chave: Formação Docente; Ensino Religioso; Diversidade Cultural

    Religiosa; Brasil.

  • A PRÁTICA REFLEXIVA NO CONTEXTO DE AÇÃO DO

    PROFESSOR PESQUISADOR

    Gleyds Silva Domingues1 - FACULDADES EST

    Resumo:

    A prática reflexiva torna-se o ponto chave para que o docente repense a sua ação pedagógica, a qual não deve estar limitada ao ato de transmissão de um conhecimento sistematizado. Antes, faz-se necessário revisitar a sua forma de pensar, agir e decidir diante de uma situação ou processo educativo. Sendo assim, questiona-se: como a prática reflexiva pode contribuir de forma significativa com a ação do professor-pesquisador? E ainda, como formar o professor para o exercício de uma prática reflexiva? Diante da questão levantada, esta pesquisa visa apontar a relevância da prática reflexiva na formação do professor pesquisador situado no campo do ensino religioso. A intenção volta-se para tecer uma discussão sobre a formação profissional, uma vez que tanto o processo de ensino como de aprendizagem são demarcados por diferentes significações. A proposta, então, apresenta como direção o desenvolvimento da formação profissional reflexiva e como esta deve ser considerada pelo docente, no que se refere a sua ação educativa. Esse é o desafio ou a trama a ser construída nesta investigação. Palavras-chave: prática reflexiva; professor pesquisador; formação profissional.

    Introdução

    O contexto do trabalho docente torna-se referente de uma prática

    profissional, a qual é revestida de códigos e linguagens que lhe dão

    sentido e significação, isso porque no seu interior ocorrem representações

    que são parte do fazer docente, as quais revelam concepções e saberes

    oriundos, quer da experiência, quer da sistematização de conhecimentos

    de natureza teórico-prática.

    O fazer docente, então, é marcado por saberes que tem sua origem

    nos conhecimentos tácitos e científicos, os quais foram e continuam sendo

    adquiridos no processo de formação quer seja inicial ou continuada, sendo

    alvos diretos da ação reflexiva, e por isso são fundamentais no ato de

    repensar e ressignificar a prática educativa.

    1 Doutoranda em Teologia (Faculdades EST); Bolsista da CAPES, Mestre em Educação.

    Integrante do Grupo de Pesquisa Currículo, identidade religiosa e práxis educativa e pesquisadora do Núcleo Paranaense de Pesquisas em Religião (NUPER). E-mail: [email protected]

    mailto:[email protected]

  • FONAPER

    24

    Esses saberes, ainda, são expressos no trabalho educativo e

    possibilitam ao professor tecer diálogos com a realidade em que está

    inserido. Isso se torna mais evidente quando os saberes são percebidos no

    interior de uma prática reflexiva, a qual se apresenta na tríade relacional

    ação-reflexão-tomada de decisão.

    A prática reflexiva torna-se, então, o objeto eleito neste trabalho, cujo

    objetivo volta-se para compreender o seu sentido no contexto do trabalho

    docente, uma vez que a mesma requer do profissional professor(a) o

    desenvolvimento de uma escuta atenta capaz de perceber os detalhes

    envolvidos na trama relacional, em que este profissional encontra-se

    inserido: a práxis educativa.

    Diante disto, surge a questão problematizadora a ser investigada:

    como a prática reflexiva pode contribuir de forma significativa com a ação

    do professor pesquisador? E ainda, como formar o professor para o

    exercício de uma prática reflexiva?

    A finalidade do trabalho não é apresentar respostas pontuais sobre a

    problemática levantada, antes objetiva-se discutir a questão, a fim de

    contribuir com o campo de pesquisa sobre formação de professores, no

    sentido de pontuar possibilidades a serem consideradas, no que diz

    respeito ao fazer docente em relação à prática reflexiva.

    Eis um caminho a ser trilhado. A busca começou.

    Saberes, formação e identidade docente

    Ao falar em formação docente faz-se necessário tecer relações entre

    os saberes e a prática profissional a ser exercida, isso porque não há

    prática esvaziada de sentidos, antes ela partilha de certos saberes que dão

    forma e representatividade à ação educativa. Entende-se que os sentidos

    incorporados ao fazer docente são construídos numa trajetória de

    formação e profissionalização, visto que envolve um processo marcado por

    experiências, significações e conhecimentos que comporão a identidade

    profissional docente.

    ―A identidade não é um dado adquirido, não é uma propriedade, não

    é um produto. A identidade é um lugar de lutas e conflitos, é um espaço de

    construção de maneiras de ser e estar na profissão‖. (NÓVOA, 1995, p.

    34). A identidade, ainda:

  • Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso

    25

    [...] nos permite aprender a ser o que somos, nos distanciando do que não somos, ajuda a compreender a complexidade do nosso trabalho e a importância do mesmo, imprime em nós um caráter, uma marca, uma especificidade que distingue pessoas e produz conhecimento (CUNHA, 2005, p.167).

    A identidade docente, então, constitui-se de digitais que são

    atinentes ao exercício de uma profissionalidade, a qual é revestida de

    saberes que se tornam próprios de uma profissão. Isso porque, a

    profissionalidade é ―caracterizada por um conjunto de competências,

    habilidades e valores instituídos pela sociedade‖. (DOMINGUES, 2007, p.

    22).

    No caso brasileiro da formação profissional de professores, este

    conjunto - de competências, habilidades e valores - pode ser encontrado

    nas Diretrizes Curriculares de Formação de Professores, as quais são

    utilizadas pelas diferentes instituições de ensino superior na organização e

    construção de seus projetos pedagógicos voltados à formação docente.

    Para Nóvoa (1992, p. 26):

    Os professores têm de afirmar a sua profissionalidade em um universo complexo de poderes e relações sociais, não abdicando de uma definição ética – e, num certo sentido, militante – da sai profissão, mas não alimentando utopias excessivas, que se viram contra eles, obrigando-os a carregar aos ombros o peso das injustiças sociais. A causa do mal estar dos professores prende-se, sem dúvida, à defasagem que existe nos dias de hoje entre uma imagem idílica da profissão docente e as realidades concretas com que os professores se deparam no seu dia a dia.

    Ainda sobre a profissionalidade docente é perceptível que a mesma

    expresse de fato uma identidade real, ou seja, aquela que está

    consubstanciada na realidade e não distanciada da mesma, o que torna

    um grande desafio no processo de formação e profissionalização, pois

    parte-se da ideia de uma prática fundamentada numa teoria e de uma

    teoria fundamentada numa prática.

    Afinal, ―os professores e as professoras também têm teorias que

    embasam a sua prática e práticas que embasam suas teorias, e esses

    conhecimentos podem ser sistematizados‖. (GERALDI et al., 1998, p. 264)

    A relação teoria e prática torna-se o ponto de equilíbrio a ser

    buscado no processo de formação docente, visto que é nesta busca que

    os saberes serão situados e constituídos. Os saberes, então, podem ser

    considerados como a expressão fundante do trabalho docente, pois

  • FONAPER

    26

    revelam posicionamentos, concepções e fazeres que foram se

    consolidando no decorrer de um tempo histórico. ―A apropriação desses

    saberes pelo educador pode contribuir para que sua prática seja reflexiva,

    consciente e politizada‖ (BENASSULY, 2002, p. 185).

    Não é à toa que os saberes são apresentados pelos estudiosos da

    formação docente em categorias. Essas categorias expressam, de fato, as

    significações que são representadas no fazer docente e que influenciam,

    sobremaneira, a forma como este docente pensa, age e sente sobre o

    exercício de sua profissão.

    Weisser (1998, p. 95) sinaliza que os saberes da prática ―não são

    fruto de uma transmissão, mas de uma apropriação e de uma produção;

    eles estão ligados ao ator profissional, mas também à sua pessoa‖.

    Os saberes imprimem o jeito de ser do docente, ou seja, eles

    refletem a forma com que cada docente se afirma diante do conteúdo do

    seu trabalho e também da vida. Ainda sobre os saberes, Tardif (2002)

    afirma que são eles plurais, pois compreendem os conhecimentos ligados

    à disciplina, ao currículo, à experiência e à formação profissional.

    Na visão, ainda, de Tardif o saber tem natureza social e por isso

    revela a presença de uma intencionalidade na ação do professor,

    requerendo dele uma postura profissional política e ética. Isto porque, ―O

    professor é alguém que deve conhecer sua matéria, sua disciplina e seu

    programa, além de possuir certos conhecimentos relativos às ciências da

    educação e à pedagogia e desenvolver um saber prático baseado em sua

    experiência‖ (TARDIF, 2002, p. 39).

    Para Gauthier (1998, p.27), a prática educativa é pautada na

    ―mobilização de vários saberes que formam uma espécie de reservatório

    no qual o professor se abastece para responder a exigências de sua

    situação concreta de ensino‖.

    Assim, na tentativa de encontrar respostas para as questões

    enfrentadas no cotidiano de sua ação educativa, surge a necessidade de

    os professores autorrefletirem sobre suas práticas. Essa reflexão requer

    posicionamento crítico diante da realidade, como também bases teóricas,

    epistemológicas e práticas que substanciam seu trabalho docente.

    A prática reflexiva

    A reflexão é um ato que envolve escuta sensível dos sujeitos quanto

    à leitura da realidade presente. Esta realidade é marcada por significações

  • Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso

    27

    que dão vida ao trabalho efetivado, principalmente quando este envolve o

    processo de ensinar e aprender.

    Afinal, ―o ensino não é um meio para conseguir certos objetivos fixos,

    previamente estabelecidos, mas o espaço no qual se realizam os valores

    que orientam a intencionalidade educativa (SACRISTÁN e PÉREZ

    GÓMEZ, 2007, p.86)‖.

    O ato do ensinar e do aprender constitui um processo relacional a ser

    mediado, o que retira dele o caráter puramente técnico e transmissivo, pois

    à medida que há interação o ato educativo se apresenta como uma

    possibilidade aberta para o diálogo e para o enfrentamento da realidade

    social, pois a partir das questões levantadas, os sujeitos autorrefletem e se

    posicionam criticamente diante das problemáticas advindas de um

    contexto, no sentido de buscar sentidos para o seu pensar e agir no

    mundo.

    A condição basilar do ensino é ―transformar a informação numa

    ponte luminosa entre a realidade do aluno e a realidade da cultura, entre o

    mundo do aluno e o mundo da gramática, entre a vida do aluno e a vida

    das palavras (PERISSÉ, 2012, p. 14)‖.

    Frente a esta realidade interacional, entende-se que o agir reflexivo

    torna-se uma prática emancipatória que requer do professor uma visão

    comprometida com a reconstrução social. Isso porque, ele se torna um

    protagonista de sua ação, pois assume o processo de autoria que permite

    a construção de novos saberes, os quais se farão presentes no processo

    ensino e aprendizagem.

    Desta forma, ao transpor a concepção do professor reflexivo para o

    Ensino Religioso percebe-se que seu papel requer abertura para o diálogo

    e, acima de tudo, a aceitação do outro. Esse outro é percebido e sentido

    com toda a gama de discursos construídos, aceitos e representados na

    esfera social.

    A ação reflexiva do professor frente ao seu trabalho docente, ainda,

    remete à prática da autonomia legitimada e consolidada, que busca nos

    discursos produzidos a representação dos papeis que entram em jogo no

    ato de fazer e acontecer a educação.

    A ação reflexiva é um processo que implica mais do que a busca de soluções lógicas e racionais para os problemas; envolve intuição, emoção; não é um conjunto de técnicas que possa ser empacotado e ensinado aos professores. A busca do professor reflexivo é a busca do

  • FONAPER

    28

    equilíbrio entre a reflexão e a rotina, entre o ato e o pensamento. (GERALDI et al, 1998, p.248)

    A reflexividade, então, não é um ato simples da prática docente, isso

    porque o próprio ato revela o modo como o pensamento é projetado e

    concretizado no trabalho educativo. Quando se pensa em ação reflexiva,

    deve-se fazer a correlação possível entre os sujeitos em cena, a partir de

    suas leituras e percepções sobre a vida e, principalmente, como esses

    apreendem os objetos e os sentidos atribuídos no ato de significação e

    desvelamento do desconhecido.

    A reflexão não é apenas um processo psicológico individual, passível de ser estudado a partir de esquemas formais, independentes do conteúdo, do contexto e das interações. A reflexão implica a imersão consciente do homem no mundo da sua experiência, um mundo carregado de conotações, valores, intercâmbios simbólicos, correspondências afetivas, interesses sociais e cenários políticos. O conhecimento acadêmico, teórico, científico ou técnico só pode ser considerado instrumento dos processos de reflexão se for integrado significativamente, não em parcelas isoladas da memória semântica, mas em esquemas de pensamento mais genéricos ativados pelo indivíduo quando interpreta a realidade concreta em que vive e quando organiza a sua própria experiência (PÉREZ GÓMEZ, 1992, p.103).

    Ao se posicionar política e historicamente, o professor reflexivo

    confere novos jeitos de trabalhar o Ensino Religioso, à medida que permite

    o ato de se descobrir diante do inusitado, do inesperado, do impensável e

    do não crido. Nesse gesto de abertura para o diferente há a proposição da

    autonomia, que confere voz e vez aos sujeitos que estão diretamente

    envolvidos nas práticas cotidianas, pois o que se fala é de vida e não de

    outra coisa.

    A prática reflexiva no fazer docente torna-se o ponto de partida para

    o exercício da alteridade, capaz de posicionamento e enfrentamento, cuja

    finalidade não é o distanciamento, mas a busca pelo outro. Mais uma vez

    este outro que desequilibra e torna a vida um grande desafio, assim como

    o trabalho educativo a ser construído num tempo e num espaço

    demarcado na história.

    Ao praticar a reflexão no Ensino Religioso o que se tem em mente é

    a diversidade de ideias, de ações e leituras sobre a vida. Vida significada,

    experimentada e compartilhada, quer seja por um conjunto de crenças,

  • Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso

    29

    tradições e visões de mundo. A prática reflexiva coloca em confronto as

    certezas que fundamentam o sentido de ser, estar e viver neste mundo.

    A reflexão na e sobre a ação evidencia o momento entre o ato pensado, concretizado e o que poderá ser reelaborado, que requer registro do professor e suas ações. Esse registro não se limita a práticas, mas são formulações e reformulações de possíveis ações, como respostas às reflexões sobre o problema encontrado na realidade escolar (DOMINGUES, 2007, p. 29).

    Tem-se na prática reflexiva uma visão que projeta para o

    desconhecido. É um ato de desvelamento, de descoberta e de aventura,

    pois de fato não se busca por respostas prontas, mas por perguntas que

    desafiam as certezas, o que torna esta prática um ato do sujeito, envolto

    em suas percepções e subjetividades.

    À guisa de conclusão

    Falar da prática reflexiva na formação e prática docente requer um

    olhar atento para o processo educativo em que estão imersos os

    professores e as professoras, isso porque este processo não pode ser

    limitado apenas ao momento de sistematização do conhecimento, pois sua

    amplitude abarca as experiências e os saberes teórico-práticos que são

    construídos ao longo de uma trajetória profissional.

    Os saberes delineiam a identidade docente e o modo como cada

    professor e professora orientam seu trabalho educativo, o que requer do

    profissional uma postura comprometida com as questões éticas, políticas e

    sociais em que se encontram imersos.

    Pensar a reflexividade na prática docente é assumir que a mesma

    possibilita tecer leituras sobre o vivido, o experenciado e o construído, quer

    seja de forma subjetiva ou em conjunto com seus pares. O desafio a ser

    perseguido é que o ato da reflexão se faça presente no contexto do

    trabalho docente, a fim de significar o seu trabalho educativo.

    Nesta direção, a reflexividade no contexto do Ensino Religioso torna-

    se referente de uma prática que busca tecer linhas de confronto com o

    estabelecido na realidade social. Assim, não há que se falar numa prática

    religiosa, mas de uma multiplicidade de cosmovisões que significam a vida.

    A busca pelo sentido da reflexão começa quando se toma

    consciência das possibilidades a serem construídas no âmbito da prática

  • FONAPER

    30

    docente, a qual demanda novas leituras e interpretações daquele que

    observa, sente, age e vive a educação. Essa é a grande diferença.

    Referências

    BENASSULY, J. S. A formação do professor reflexivo e inventivo. In: LINHARES, C.; LEAL, M.C. (Orgs.). Formação de Professores: uma crítica à razão e à política hegemônicas. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

    CUNHA, Kátia Silva. A Formação Continuada Stricto Sensu: sentidos construídos pelos docentes do ensino superior privado face às exigências legais. Dissertação (Mestrado em Educação). Recife: CE/UFPE, 2005.

    DOMINGUES, G. S. Concepções de investigação-ação na formação inicial deprofessores. 2007, 135 p. (Dissertação de Mestrado). Programa de Pós Graduação (strictosensu) em Educação, Universidade Metodista de Piracicaba - SP, 2007.

    GAUTHIER, C. et al.Por uma teoria da pedagogia: pesquisas contemporâneas sobre o saber docente - Coleção Fronteiras da Educação. Ijui: Ed.UNIJUÍ, 1998.

    GERALDI, C. M. G.; FIORENTINI, D. e PEREIRA, E. M. DE. A. (orgs).Cartografia do trabalho docente: professor(a) pesquisador(a). SP: Mercado das Letras, 1998.

    NÓVOA, A. (org). Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992.

    ______. Diz-me como ensinas, dir-te-ei quem és e vice-versa. In: FAZENDA, I. (org.) A Pesquisa em Educação e as transformações do conhecimento. Campinas: Papirus,1995, p.29-41.

    PÉREZ GOMÉZ, A. O pensamento prático do professor – a formação do professor como profissional reflexivo. In: NÓVOA, A. (org). Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992.

    PERISSÉ, Gabriel. A arte de ensinar. Brasília: Editora UNB, 2008.

    SACRISTÁN, Juan Gimeno; PÈREZ GÓMEZ, A. I. Compreender e transformar o ensino. Porto Alegre: Artmed, 2007.

  • Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso

    31

    TARDIF, Maurice. Saberes Docentes e Formação Profissional. 2a edição. Petrópolis: Vozes, 2002.

    WEISSER, M.Lesavoir de la pratique: I‟Existence precede I‟Essence. Recherceetformation, Lessavoirs de la pratique: um enjeupourlarecherche et laformation.INRP, n.27, p. 93-102, 1998.

  • FORMAÇÃO DOCENTE E DIVERSIDADE CULTURAL

    RELIGIOSA: LICENCIATURA EM ENSINO RELIGIOSO DA FURB

    Vanderlei Kulkamp (PARFOR/FURB)1

    Gysselly Buzzi Puff (PARFOR/FURB)2

    Adecir Pozzer (GPEAD/FURB)3

    Resumo:

    O presente artigo trata da formação docente do profissional de Ensino Religioso na Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB) que, com base no artigo 33 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), visa assegurar o respeito à diversidade cultural religiosa brasileira, em uma perspectiva de direitos humanos. Ao se constatar grande carência de profissionais habilitados em Ensino Religioso para atuarem nesta área do conhecimento da educação básica que, acaba sendo suprida por profissionais com formação em pedagogia, filosofia, história e/ou outras áreas, verificamos a relevância da licenciatura em Ensino Religioso para o estudo das diferentes manifestações do fenômeno religioso presentes no cotidiano escolar e na sociedade de modo a contextualizá-lo, a partir de pressupostos científicos e em perspectivas de direitos humanos. Consideramos o Ensino Religioso, enquanto área de conhecimento e componente curricular, um espaço privilegiado para o acesso aos conhecimentos produzidos pelas culturas – tradições religiosas e não-religiosas, contribuindo significativamente na construção de relações alteritárias na diversidade cultural religiosa. Palavras-chave: Formação docente; Licenciatura em Ensino Religioso na FURB;

    Diversidade Cultural Religiosa; Direitos Humanos.

    1 Acadêmico da 8ª fase do Curso de Ciências da Religião: Licenciatura em Ensino

    Religioso (PARFOR – Rio do Sul), da Universidade Regional de Blumenau (FURB). Licenciado em Filosofia pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). Professor de Ensino Religioso na Rede Municipal de Agronômica/SC e de Filosofia na Rede Estadual de Educação de Santa Catarina, Ensino Médio, na cidade de Rio do Sul/SC. E-mail: [email protected]

    2 Acadêmica da 8ª fase do Curso de Ciências da Religião: Licenciatura em Ensino

    Religioso (PARFOR – Rio do Sul), da Universidade Regional de Blumenau (FURB). Licenciada em Química pela FURB. Professora de Química e Ensino Religioso na Rede Estadual de Educação de Santa Catarina, Ensino Fundamental e Médio, na cidade de Lontras/SC. E-mail: [email protected]

    3 Mestrado em Educação pela UFSC; Graduação em Ciências da Religião - Licenciatura

    em Ensino Religioso pela FURB (2010); Especialização em Formação de Professores para o Ensino Religioso pela PUCPR (2006). Bacharel em Ciências Religiosas pela PUCPR (2002). Membro dos grupos de Pesquisa Ethos, Alteridade e Desenvolvimento (GPEAD/FURB) e Arte e Educação da linha Filosofia da Educação (GRAFIA/UFSC). Coordenador do Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso (FONAPER 2012-2014). Professor de Ensino Religioso Rede Pública do Estado Santa Catarina, da Associação Franciscana Senhor Bom Jesus e no Curso de Ciências da Religião – Licenciatura em Ensino Religioso na FURB/PARFOR. Atua na área da Educação, com ênfase nos seguintes temas: diversidade cultural religiosa, ensino religioso, formação de professores e direitos humanos. E-mail: [email protected]

    mailto:[email protected]:[email protected]

  • FONAPER

    34

    Introdução

    Pensar a formação docente no Brasil requer uma ampliação de

    olhares para além dos momentos formais pelos quais os formandos são

    submetidos nos inúmeros processos formativos. Significa dizer que é

    necessário compreender o conceito de formação no intuito de identificar os

    pressupostos, princípios e valores que orientaram e orientam os processos

    de formação presentes na atualidade.

    Não nos deteremos na realização de uma análise histórica do

    conceito e dos processos de formação de modo geral, apenas nos

    propomos puxar um ―fio‖ da grande ―teia‖ que, de certa forma, incide

    diretamente com a formação docente para o Ensino Religioso. Este ―fio‖

    que nos dispomos refletir se refere à relação entre a diversidade cultural

    religiosa e a formação docente para o Ensino Religioso no Brasil, com

    especial atenção a licenciatura de Ensino Religioso da FURB.

    É sabido, pois, que uma das marcas da sociedade brasileira é a

    presença de inúmeras identidades culturais que, cada qual, trouxe crenças

    e formas diversificadas de manifestá-las. Esta marca estava/está presente

    nos diferentes grupos indígenas, ampliada e ao mesmo tempo negada com

    a vinda dos colonizadores, seguida com o tráfico de africanos tornados

    escravos, com os processos de imigração e mais recentemente com o

    processo de mundianização.

    Estes encontros entre culturas e crenças religiosas e não-religiosas

    geraram sincretismos e despertaram a consciência de muitos para a

    importância do respeito à diferença e a dignidade4 do outro5, porém,

    4 Todo ser humano é portador de dignidade por ser diferente. O outro interpela o eu por

    reconhecimento. O eu não poderá anular o outro ou simplesmente reduzi-lo ao mesmo. Emerge daí a diferença que constitui cada pessoa, sob a qual se constroem as identidades humanas. ―[...] A dignidade humana não provém do Estado e nem é criada pela ordem jurídica ou simplesmente atribuída ao ser humano. A dignidade humana fundamenta-se no ser sujeito e pessoa, do ―ser humano‖ como tal. Ela implica numa existência anterior ao princípio da ordem jurídica do Estado. Ela interpela eticamente pelo reconhecimento da alteridade absoluta. Ela é conquista, afirma uma nova consciência histórica para ser humanamente no mundo social e político. É anterior a qualquer direito estabelecido pelo Estado‖ (SIDEKUM, 2011, p. 40).

    5 Para Levinas, o ―Outro‖ existe independentemente da intencionalidade do ―eu‖. É

    totalmente diferente do ―eu‖. Totalmente livre diante do ―eu‖. ―O Outro metafísico é outro de uma alteridade que não é formal, de uma alteridade que não é simples inverso da identidade nem de uma alteridade feita de resistência ao Mesmo, mas de uma alteridade anterior a toda a iniciativa, a todo imperialismo do mesmo; outro de uma alteridade que constitui o próprio conteúdo do Outro; outro de uma alteridade que não limita o mesmo, porque nesse caso o Outro não seria rigorosamente Outro: pela

  • Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso

    35

    possibilitou também a construção de preconceitos em relação à diferença

    cultural e religiosa, gerando discriminação, invisibilização e estigmatização

    do outro, sendo colonizado e não reconhecido em sua alteridade.

    Na esteira deste contexto marcado pela diversidade cultural religiosa

    é que diferentes conceitos e encaminhamentos na área da formação foram

    se construindo e, em grande parte da história, reforçando certos

    preconceitos referentes às crenças religiosas. No tocante ao Ensino

    Religioso, a formação docente para as conhecidas ‗aulas de religião‘, de

    ‗educação religiosa‘ até na década de 1990 estava centrada nas

    instituições religiosas cristãs. Segundo Caron (1997), esses professores

    tinham formação em cursos de Teologia, Ciências Religiosas, Catequese,

    Educação Cristã ou outras formações similares.

    Deste modo, o Ensino Religioso tinha caráter confessional cristão.

    Neste período ainda não existiam cursos de graduação com o objetivo de

    formar profissionais habilitados para o Ensino Religioso, sendo capazes de

    compreender o fenômeno religioso em suas diferentes manifestações

    culturais religiosas, bem como as inúmeras linguagens religiosas ou não, a

    partir de pressupostos científicos.

    De acordo com Figueiredo (1994), as primeiras iniciativas para a

    formação docente em Ensino Religioso de caráter não confessional,

    surgiram no Sul do Brasil, especificamente no Estado de Santa Catarina.

    Essas iniciativas são decorrentes das amplas discussões e estudos

    iniciados nos anos 1970, principalmente a partir da Lei de Diretrizes e

    Bases da Educação Nacional (LDBEN), nº 5.692/1971, mas, surgem

    também para atender ao art. 33, da Lei nº 9.394/1996, cuja redação fora

    alterada pela Lei nº 9.475/19976.

    Após algumas tentativas sem êxito de criar cursos de licenciatura em

    Ensino Religioso no Estado de Santa Catarina7, a FURB, tendo recebido a

    coordenação do Conselho Interconfessional para a Educação Religiosa

    comunidade da fronteira, seria, dentro do sistema, ainda o Mesmo‖ (LEVINAS, 1980, p. 26).

    6 ―O Ensino Religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do

    cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo‖ (BRASIL, 1997).

    7 De acordo com Oliveira (2003), já em 1972 foi elaborado o primeiro projeto de curso de

    licenciatura de Ensino Religioso. Outros dois projetos foram elaborados em 1973 e entre 1985 a 1990, de forma articulada com a Secretaria Estadual da Educação. Porém, nenhum obteve êxito na sua implementação.

  • FONAPER

    36

    (CIER) e de representantes da Secretaria da Educação e do Desporto de

    Santa Catarina (SED), em outubro de 1995, avaliou e acolheu a proposta

    de ofertar licenciatura em Ensino Religioso. Para esta área do

    conhecimento da educação básica, criava-se aí a primeira licenciatura do

    país, exigindo e desafiando para uma nova perspectiva de formação

    docente.

    Neste sentido, pretendemos refletir alguns aspectos que, com base

    na experiência de estarmos envolvidos com esta formação, reconhecemos

    como diferenciais para o exercício da docência na atualidade, no intuito de

    afirmar o quanto é relevante uma formação fundamentada em uma

    perspectiva interreligiosa e intercultural em vista de uma educação

    emancipadora.

    Diversidade cultural religiosa brasileira: invisibilizações e reconhecimento

    Tratar da diversidade religiosa presente na sociedade brasileira

    implica compreender como a pluralidade de culturas está imbricada aos

    processos históricos, políticos e sociais que, de uma forma ou de outra,

    perpassam os processos formativos, tanto acadêmicos quanto escolares.

    Antes de qualquer coisa, é preciso lembrar que a diversidade

    religiosa foi (e continua) se constituindo nos encontros e/ou desencontros

    entre as culturas, em que a dimensão transcendental foi sendo

    representada e tomando forma de crenças fundadas em mitos, vivenciada

    e representada em rituais e símbolos específicos.

    Por cultura, concordamos que é o arcabouço para a sobrevivência e

    o desenvolvimento do ser humano, por possibilitar aprendizagens, sentidos

    e significados (SIDEKUM, 2009). O mesmo autor complementa tal

    definição afirmando que ela é:

    [...] todo o ato de aprender a viver e o processo de humanizar-se. Cultura passa a ser o processo de humanização. Assim, podemos definir a cultura como o modo de viver do ser humano. Pela cultura o homem supera o que lhe é dado pela natureza. Portanto, a cultura é todo o processo com o qual ele se transforma: a sociedade e o mundo material. [...] A cultura compreende-se a partir da criatividade humana. Essa criatividade é sua característica fundamental. O caráter antropológico é a divisa que se estabelece com um mundo dado. [...] A cultura expressa o desenvolvimento das habilidades cognitivas e espirituais do ser humano. Além da ideação do mundo, o ser humano é impulsionado para a transformação do mundo (SIDEKUM, 2009, p. 58-60).

  • Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso

    37

    Todas as culturas produziram crenças religiosas frente aos

    processos de compreensão e explicação dos fenômenos naturais e

    humanos que incidiam sobre os corpos humanos e influenciavam o

    ambiente que viviam. De acordo com Martini (1995), na raiz de toda

    criação cultural reside uma possibilidade de transcendência. A capacidade

    de transcender é uma dimensão inerente ao ser humano e esta integra

    tudo o que está em seu envolto. Por isso, o ser humano foi deixando

    marcas ao longo da história que o caracteriza como homo religiosu que, de

    acordo com Eliade (2001), é a abertura às manifestações inteiramente

    diferentes das realidades consideradas ―naturais‖.

    O religioso, expresso em diferentes religiosidades e tradições

    religiosas, passa a ser entendido como parte de uma totalidade,

    corresponsável pela vida. Para Eliade, buscar conhecer o universo

    transcendental e as situações assumidas pelo ser humano religioso é fazer

    avançar seu conhecimento como um todo, embora se saiba que,

    [...] a maior parte das situações assumidas pelo homem religioso das sociedades primitivas e das civilizações arcaicas há muito tempo foram ultrapassadas pela história. Mas não desapareceram sem deixar vestígios: contribuíram para que nos tornássemos aquilo que somos hoje; fazem parte, portanto, da nossa própria história (ELIADE, 2001, p. 164).

    No Brasil, as crenças religiosas dos povos ancestrais indígenas e

    africanos foram relegadas, negadas e invisibilizadas pelos colonizadores,

    os quais impuseram outra crença, a cristã. Aos que se negavam à

    conversão, à perseguição e ao não reconhecimento social e político. Além

    dos povos ancestrais indígenas, passaram pelas mesmas restrições e

    perseguições integrantes das religiões afro-brasileiras, judaicas e

    protestantes, até a Proclamação da República. A diversidade cultural

    religiosa era tida como uma ameaça ao fundamento em que a sociedade

    brasileira estava organizada (FONAPER, 2000).

    A concepção etnocêntrica, monocultural e colonialista não

    permitia/permite ver/aceitar/acolher a diversidade cultural e religiosa que

    constitui a sociedade brasileira. Com o processo de imigração iniciado no

    século XIX e intensificado no século seguinte, juntamente com as lutas de

    movimentos étnicos, sociais e religiosos ocorreu um processo de

    ampliação e percepção da diversidade cultural religiosa. Mesmo assim, tal

  • FONAPER

    38

    processo se mostrou insuficiente e lento enquanto reconhecimento social e

    político de inúmeras identidades culturais/religiosas.

    É perceptível que, mesmo após as reformas educacionais, o modelo

    etnocêntrico e monocultural permanece em propostas pedagógicas, em

    currículos de formação docente, produções de materiais didáticos,

    paradidáticos e outros, manifestando que, em certa medida, a própria

    educação e demais processos formativos têm se mostrado

    corresponsáveis na reprodução do pensamento monocultural. Pode-se

    dizer que, ora ela assume oficialmente, ora oficiosamente valores da

    cultura religiosa eurocêntrica, judaico-cristã, masculina, branca, negando

    e/ou desconsiderando o religioso presente no substrato das diferentes

    culturas.

    Na Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural, da UNESCO,

    publicada em 2002, a diversidade cultural é reconhecida como um

    patrimônio da humanidade. Do conjunto de elementos que constituem as

    culturas, não é possível excluir a dimensão das crenças religiosas, pois

    são parte da cultura e, de uma forma ou de outra, exercem influência na

    formação das identidades dos sujeitos.

    Mesmo que, aparentemente, as diferenças culturais e religiosas

    ―convivam bem‖ no Brasil, é preciso afirmar que o contexto é complexo e

    (re)produtor de exclusões, desafiando fundamentalmente os processos

    formativos para que ampliem suas reflexões, estudos e práticas a fim de

    superar processos que invisibilizam, discriminam e colonizam o outro em

    sua alteridade.

    Neste sentido, cabe destacar que a perspectiva intercultural e

    interreligiosa tem despertado o interesse de educadores que,

    comprometidos em assegurar o respeito e o (re)conhecimento da

    diversidade religiosa no campo educacional, têm procurado refletir e

    encaminhar práticas de caráter intercultural.

    A formação da identidade do docente em ensino religioso

    O reconhecimento do perfil do profissional de Ensino Religioso

    possibilita o exercício da cidadania e a construção de uma relação

    respeitosa com o diferente. O fato de acolher e aceitar o diferente e suas

    diferenças permite conhecer o outro em mim mesmo. A partir desta atitude

  • Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso

    39

    compreendemos que cada pessoa é única e irrepetível, digna de

    reconhecimento e respeito.

    Deste modo, não é possível tornar o outro igual ao mesmo, pois,

    acarretaria anulação total do outro, mas o que pode ocorrer são tentativas

    de redução, causadas pela pouca liberdade e responsabilidade em

    assumir a própria vida diante daquele/daquilo que a ameaça e,

    principalmente diante de processos subalternos e colonizantes que

    discretamente se desenvolvem na sociedade.

    No decorrer da história, o professor da Educação Básica conviveu

    com a desvalorização profissional.

    A desvalorização do professor de educação básica (antigo primário e ginásio e, depois, Ensino Fundamental; ensino secundário e, hoje, Ensino Médio) é continuação do longo processo histórico da educação no Brasil desde os tempos dos jesuítas, passando pela era pombalina, que a República não conseguiu superar (CORDEIRO, 2010, p. 128).

    Nas relações que o ser humano desenvolve, o uso das linguagens

    tem de favorecer a construção de uma ética da comunicação capaz de

    proporcionar transformações no convívio entre educandos e educadores.

    Mas, a alteridade do outro não pode ser compreendida na sua totalidade,

    pois acessamos o outro por meio da linguagem, e esta tem se

    demonstrado limitada e falível, especialmente quando se trata do

    entendimento do outro na sua infinitude.

    A linguagem é a maneira mais complexa que o ser humano criou para se relacionar com o mundo; ele faz a humanidade ser. Desde a fecundação, a fala do grupo familiar já integra o indivíduo no nível sociocultural da existência, transmitindo expectativas, escolhendo nomes, relatando a experiência e progressos no seu crescimento. A linguagem é a possibilidade concreta de os dados brutos da realidade tornem objeto de conhecimento. A fala permite às gerações transmitir o processo de interação com a natureza e elaborar a compreensão sobre elas (ANDRADE,1993, p.22).

    O ser humano nunca está pronto e, por ser inacabado, sempre

    permanece buscando o conhecimento de si mesmo e do outro que, de

    uma forma ou de outra, dá sentido a sua existência. Por isso, o espaço

    escolar tem maior relevância quando compreendido como espaço de

    construção de identidades individuais e coletivas, sendo a identidade e

    alteridade do outro o imperativo ético para continuar pensando e agindo

  • FONAPER

    40

    não a partir de uma ―egologia‖, mas sim, a partir do outro, proposta

    filosófica de Emmanuel Levinas8.

    O reconhecimento da identidade e da alteridade do outro e do outro

    em mim nos processos de formação docente encontra-se desafiada pela

    globalização, o que tem trazido sérias consequências à educação. Os

    elementos norteadores desta ideologia tentam inculturar nos formandos a

    prática do consumismo, do individualismo, em que o ‗ter‘ tem muito mais

    importância que o ‗ser‘. Assim sendo, pode-se cair no risco de formar

    analfabetos funcionais.

    Formação docente e a licenciatura em Ensino Religioso na FURB

    Na atualidade, a formação do professor de Ensino Religioso

    apresenta-se cercada por inúmeros desafios. De um modo geral, no Brasil,

    é possível encontrar correntes que defendem a exclusão deste

    componente curricular. Outras correntes defendem a permanência do

    Ensino Religioso, mas de caráter confessional. Outra corrente defende a

    permanência do Ensino Religioso laico, independente de qualquer

    confissão religiosa e sem qualquer tipo de proselitismo. Mas, se há uma

    legislação (Art. 210 da Constituição Federal; Art. 33 da LDB) e esta indica

    uma concepção (assegurar o respeito à diversidade cultural religiosa, sem

    proselitismo), por que tantas dificuldades para efetivamente pensar a oferta

    de formação docente, bem como sua oferta por parte dos sistemas de

    ensino, nesta perspectiva?

    Com a promulgação da Lei nº 9.475/1997, que alterou a redação do

    art. 339 da Lei nº 9.394/1996, inaugurou-se uma nova identidade deste

    componente. O Ensino Religioso perde seu caráter confessional e/ou

    interconfessional e adquire status de estudo do fenômeno religioso na

    diversidade cultural religiosa do Brasil. A partir disso, surgem novas

    demandas, especialmente voltadas à formação docente para esta área do

    8 Para aprofundamentos, ver Tese de Doutoramento de Marcos Alexandre Alves, UFPEL,

    2011, intitulada ―Pedagogia da Alteridade: O Ensino como Acolhimento Ético do Outro e condição crítica do saber em Levinas‖.

    9 O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do

    cidadão, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas do ensino fundamental, assegurando o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo (BRASIL, 1997).

  • Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso

    41

    conhecimento (Cf. Resolução CNE/CEB nº 2 e Resolução CNE/CEB nº

    4/2010).

    O Ensino Religioso, enquanto área de conhecimento e componente

    curricular tem de proporcionar o conhecimento dos elementos básicos que

    compõem o fenômeno religioso partindo das experiências religiosas e não

    religiosas percebidas e vivenciadas no contexto dos educandos. Os

    conteúdos do Ensino Religioso presentes no currículo visam garantir o

    direito à diferença, promovendo a construção de relações interpessoais,

    interculturais e interreligiosas, efetivando assim os princípios da

    Declaração Universal dos Direitos Humanos.

    Para alcançar estes objetivos, faz-se mister formar docentes que

    sejam capazes de desempenhar este papel na educação básica,

    confrontando processos que reduzem o ser humano a lógica instrumental e

    monocultural. Os docentes precisam ter consciência da complexidade

    sociocultural da questão religiosa no ambiente escolar, estando abertos e

    sensíveis à diversidade cultural religiosa, mediando diálogos, conflitos a

    fim de garantir aprendizagens e o direito à expressão do pensar, crer, ser e

    viver.

    Como em todas as áreas de conhecimento, exige-se também do

    profissional de Ensino Religioso, sensibilidade e responsabilidade frente às

    pessoas que são parte dos processos formativos. Justifica-se com isso a

    necessidade de profissionais que estejam devidamente preparados para o

    exercício da docência no ambiente escolar.

    Configuram algumas exigências para o profissional de Ensino

    Religioso:

    Compreenda o fenômeno religioso, contextualizando-o espacial e temporalmente; Configure o fenômeno religioso através das ciências da religião; Conheça a sistematização do fenômeno religioso pelas tradições religiosas e suas teologias; Analise o papel das Tradições religiosas na estruturação e manutenção das diferentes culturas e manifestações sócio-culturais; Faça a exegese dos Textos Sagrados orais e escritos das diferentes matrizes religiosas (africanas, indígenas, ocidentais e orientais); Relacione o sentido da atitude moral, como consequência do fenômeno religioso sistematizado pelas Tradições Religiosas e como expressão da consciência e da resposta pessoal e comunitária das pessoas (FONAPER, 1998, p. 11).

    A formação acadêmica deste profissional deve auxiliar no estudo e

    desenvolvimento de suas habilidades e competências. Uma das

    dificuldades encontradas na atualidade é o número de profissionais

  • FONAPER

    42

    devidamente preparados e qualificados para a prática docente deste

    componente. Por isso, encontramos situações onde professores

    habilitados em outras áreas de conhecimento estão assumindo aulas de

    Ensino Religioso com o intuito de complementar sua carga horária, sem

    formação alguma.

    As habilidades e competências que o profissional de Ensino

    Religioso precisa adquirir durante a sua formação acadêmica são

    múltiplas. Entre elas convém destacar a relação entre teoria e prática

    através de uma formação sólida na área das ciências humanas, onde

    conhecimentos religiosos de matriz indígena, africana, oriental e semita se

    articulam em diferentes áreas como a Antropologia, Sociologia, Filosofia,

    História, Geografia, Psicologia, Teologia, Ética e outras.

    Com base no histórico de 18 anos - desde a instalação do Fórum

    Nacional Permanente do Ensino Religioso – FONAPER, ele propõe que a

    formação específica para o professor de Ensino Religioso em nível

    superior, deve se dar por meio de licenciatura, precisa estar alicerçada em

    dois pressupostos curriculares: o epistemológico, que tem suas bases nas

    Ciências Sociais, especificamente nas Ciências da Religião e o

    pedagógico, que se fundamenta nas Ciências da Educação. Estes

    pressupostos necessitam estar articulados, sem que um se sobreponha ao

    outro, mas que se complementem visando à formação docente

    (FONAPER, 2008).

    Na proposta de Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de

    graduação em Ciências da Religião – Licenciatura em Ensino Religioso,

    elaborada a partir dos debates realizados no X Seminário Nacional de

    Formação de Professores para o Ensino Religioso pelo FONAPER e,

    encaminhado à presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE),

    Professora Clélia Brandão Alvarenga Craveiro, em 4 de dezembro de

    2008, assim propôs a contemplação dos dois pressupostos acima citados

    no art. 7º:

    O curso de Graduação em Ciências da Religião – Licenciatura em Ensino Religioso terá a carga máxima de 2.800 horas de efetivo trabalho acadêmico, assim distribuído: I – 1.800 horas de conteúdos curriculares de natureza científico-culturais específicos no campo das Ciências da Religião e da Educação, incluindo atividades formativas como assistências às aulas, realização de seminários e participação na realização de pesquisas;

  • Anais do Congresso Nacional de Ensino Religioso

    43

    II – 400 horas de prática como componente curricular, realizadas articuladamente às questões metodológicas dos conteúdos curriculares de natureza científico-cultural; III – 400 horas dedicadas ao Estágio Supervisionado em todos os níveis da Educação Básica, caracterizadas por um trabalho prático-reflexivo devidamente acompanhado pelos docentes do curso, no qual os graduandos desenvolverão atividades pedagógicas rigorosamente planejadas; IV – 200 horas de atividades complementares de cunho acadêmico-científico-cultural em áreas específicas de interesse dos licenciados, articulados ao campo das Ciências da Religião e da Educação (FONAPER, 2008).

    Outros aspectos fundamentais à formação docente para o Ensino

    Religioso devem ser considerados, como: ter consciência crítica com

    espírito investigativo, visão ampla da realidade/mundo/cosmo,

    conhecimento do ser humano como um ser inacabado em contínuo

    desenvolvimento, capacidade de discernimento e maturidade no exercício

    de sua profissão, domínio dos conteúdos a serem estudados neste

    componente, abertura à diversidade cultural e religiosa, senso de

    responsabilidade perante o Outro, estímulo à pesquisa de campo.

    Um professor de Ensino Religioso não pode reduzir sua formação ao

    domínio dos saberes de diferentes culturas e tradições religiosas, mas,

    para além destes conhecimentos necessários, precisa ter sensibilidade e

    responsabilidade referente às questões que dizem respeito ao ser humano

    em sua dignidade e alteridade, identificando e erradicando práticas

    prosélitas na escola e na sociedade que depõem contra os direitos

    humanos.

    Nesta perspectiva e atendendo os imperativos legais no que se

    refere à formação docente e às necessidades regionais, o Curso Ciências

    da Religião: Licenciatura em Ensino Religioso da FURB reelaborou sua

    proposta curricular no ano de 2011.

    O objetivo do curso consiste em:

    Auxiliar o acadêmico na construção de um referencial teórico-metodológico que viabilize uma leitura e compreensão crítica dos fenômenos religiosos na diversidade cultural, permitindo a construção de uma sociedade justa, solidária e livre, capaz de reconhecer na alteridade a dignidade de todas as formas e expressões de vida (OLIVEIRA; RISKE-KOCH, 2012, p. 473).

  • FONAPER

    44

    De acordo com as mesmas autoras, espera-se que com essa

    proposta curricular se atinja os seguintes objetivos enquanto curso de

    graduação:

    a) Habilitar o acadêmico para o exercício pedagógico em Ensino Religioso na Educação Básica; b) Investigar e compreender a dimensão educativa da escola e sua interação com a família, comunidade e sociedade em suas diversidades; c) Situar o estudo dos fenômenos