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E D I T O R I A L ACONTECE NA T&M... jan/fev/mar/abr de 2011 nº 12 pág. 3 PIONEIRISMO A conversão da história em importante ferramenta de marketing pág. 5 RECURSOS HUMANOS T&M investe no aprimoramento de pessoal hegamos ao ano de 2011 com força total. Internamente, temos avançado no aprimoramento e na reciclagem de nossos colaboradores por meio da promoção seminários e treinamentos na área de Arqui- vologia, visando incorporar os principais avanços e tendências do setor, bem como atender integralmente às expectativas dos mais diversos clientes. Ainda na área de Arquivologia, contamos com um artigo que ressalta as prin- cipais contribuições da historiadora Heloísa Bellotto para o tratamento adequado de documentos administrativos. Também destacamos nesta edição o reconhecimento cada vez maior da his- tória como valiosa ferramenta de comunicação e marketing dentro da dinâmi- ca empresarial, conforme comprova o case da Britanite, empresa do Grupo CR Almeida que comemora seus 50 anos realizando intenso trabalho de levantamen- to histórico, com significativa contribuição para o fortalecimento da marca perante funcionários e parceiros comerciais. Com a proposta de valorizar a cultura e incentivar o hábito de leitura, tomamos a iniciativa de abrir espaço para a seção Indique um Livro, na qual funcionários e colaboradores comentam e trocam experiências sobre obras literárias marcantes do ponto de vista pessoal ou profissional, possibilitando até mesmo o empréstimo dos volumes citados em caso de interesse. Outra novidade é que, a partir deste número, o jornal Em Tempo passará a ter pe- riodicidade quadrimestral, mantendo-se o envio por email de acordo com mailing da Tempo&Memória/Arte do Tempo. Boa leitura! SEMINÁRIOS NA T&M Equipe T&M dá prossegui- mento à série de seminários na área de Arquivologia, com a realização, em abril, de mais um encontro voltado ao aprimoramento das práticas e ferramentas relacionadas à organização de arquivos. Na sequência, em 9 de maio, o fo- co será a gestão de projetos. REDE DE CENTROS DE MEMÓRIA REALIZA NOVO ENCONTRO Em 24 de março de 2011, ocor- reu, no Centro de Memória da Votorantim, o 3º Encontro da Rede de Centros de Me- mória Empresarial. O evento contou com palestra de Ri- cardo Guimarães, diretor-pre- sidente da Thymus Branding, que abordou a relação entre memória, tempo e identidade das empresas. NOVO CLIENTE NA ÁREA AUTOMOTIVA Com larga experiência no resgate da história da indús- tria automotiva no Brasil, desde janeiro de 2011, a T&M atua na MAN Latin America, empresa pertencente ao gru- po alemão de mesmo nome, com mais de 250 anos de existência e especialista em produção de veículos co- merciais pesados, que há dois anos adquiriu a divisão de caminhões e ônibus da Volkswagen. O projeto abran- ge duas frentes – organiza- ção/catalogação dos acervos e realização de pesquisa his- tórica sobre a trajetória da empresa – que servirão de su- porte para a comemoração dos 30 anos dos caminhões Volkswagen no Brasil.

jan/fev/mar/abr de 2011 nº 12 EDITORIAL · Por que vale a pena ler: O narrador do livro é a Morte e ela própria conta a história de uma menina, Liesel Me- minger, que, entre 1939

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E D I T O R I A L ACONTECE NA T&M...

jan/fev/mar/abr de 2011 nº 12

pág. 3

PIONEIRISMOA conversão da história em importante ferramenta de marketingpág. 5

RECURSOS HUMANOST&M investe no aprimoramento de pessoal

hegamos ao ano de 2011 com força total.

Internamente, temos avançado no aprimoramento e na reciclagem de nossos

colaboradores por meio da promoção seminários e treinamentos na área de Arqui-

vologia, visando incorporar os principais avanços e tendências do setor, bem como

atender integralmente às expectativas dos mais diversos clientes.

Ainda na área de Arquivologia, contamos com um artigo que ressalta as prin-

cipais contribuições da historiadora Heloísa Bellotto para o tratamento adequado

de documentos administrativos.

Também destacamos nesta edição o reconhecimento cada vez maior da his-

tória como valiosa ferramenta de comunicação e marketing dentro da dinâmi-

ca empresarial, conforme comprova o case da Britanite, empresa do Grupo CR

Almeida que comemora seus 50 anos realizando intenso trabalho de levantamen-

to histórico, com significativa contribuição para o fortalecimento da marca perante

funcionários e parceiros comerciais.

Com a proposta de valorizar a cultura e incentivar o hábito de leitura, tomamos

a iniciativa de abrir espaço para a seção Indique um Livro, na qual funcionários e

colaboradores comentam e trocam experiências sobre obras literárias marcantes

do ponto de vista pessoal ou profissional, possibilitando até mesmo o empréstimo

dos volumes citados em caso de interesse.

Outra novidade é que, a partir deste número, o jornal Em Tempo passará a ter pe-

riodicidade quadrimestral, mantendo-se o envio por email de acordo com mailing

da Tempo&Memória/Arte do Tempo.

Boa leitura!

SEMINÁRIOS NA T&MEquipe T&M dá prossegui-mento à série de seminários na área de Arquivologia, com a realização, em abril, de mais um encontro voltado ao aprimoramento das práticas e ferramentas relacionadas à organização de arquivos. Na sequência, em 9 de maio, o fo- co será a gestão de projetos.

REDE DE CENTROS DE MEMÓRIA REALIZA NOVO ENCONTROEm 24 de março de 2011, ocor-reu, no Centro de Memória da Votorantim, o 3º Encontro da Rede de Centros de Me-mória Empresarial. O evento contou com palestra de Ri-cardo Guimarães, diretor-pre- sidente da Thymus Branding, que abordou a relação entre memória, tempo e identidade das empresas.

NOVO CLIENTE NA ÁREA AUTOMOTIVACom larga experiência no resgate da história da indús-tria automotiva no Brasil, desde janeiro de 2011, a T&M atua na MAN Latin America, empresa pertencente ao gru- po alemão de mesmo nome, com mais de 250 anos de existência e especialista em produção de veículos co-merciais pesados, que há dois anos adquiriu a divisão de caminhões e ônibus da Volkswagen. O projeto abran- ge duas frentes – organiza-ção/catalogação dos acervos e realização de pesquisa his-tórica sobre a trajetória da empresa – que servirão de su- porte para a comemoração dos 30 anos dos caminhões Volkswagen no Brasil.

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LANÇAMENTO

correu em janeiro o lançamento da aguardada biogra-fia do piloto de automobilismo Luiz Pereira Bueno, resul-tado de mais uma parceria bem-sucedida com a empresa patrocinadora MAHLE Metal Leve. A emoção de familiares, amigos e profissionais do setor aumentou ainda mais com o falecimento de Bueno ocorrido em 8 de março de 2011, aos 74 anos, após lutar desde o início de 2010 contra um câncer.

Decano do automobilismo brasileiro, Luiz Pereira Bueno foi um dos pilotos de maior relevância da era de ouro do esporte, tendo convivido com outros ases do volante, como José Carlos Pace e Emerson Fittipaldi.

Em entrevista concedida ao site especializado Grande Prêmio a respeito da morte de Bueno, Emerson Fittipaldi, tricampeão brasileiro, declarou que o piloto foi uma len-da para sua geração. “Ele foi um dos pilares do automo-bilismo brasileiro, numa época em que os pilotos tinham de desafiar as máquinas em circuitos pouco seguros. Bird Clemente, Marinho e meu irmão Wilson Fittipaldi eram a ‘turma da pesada’, os líderes das maiores corridas do Brasil. Durante anos, inspirei-me nesses ícones, que eram exem-plo de dedicação, amor e paixão a todos os outros pilotos”.

Bueno recebeu comovente homenagem quatro dias após seu falecimento, em 12 de março, quando suas cinzas foram lançadas no Autódromo de Interlagos, circuito no qual era recordista do anel externo. Segundo o site espe-cializado Nobres do Grid, que tinha Bueno como um de

seus padrinhos, tratava-se de um pedido feito pelo piloto que considerava o circuito o seu “maior palco”, onde fora protagonista de inúmeras e inesquecíveis vitórias.

De fato, conforme mostra em detalhes o livro, Luiz Pereira Bueno fez história no automobilismo nacional e mundial com seu jeito inconfundível de pilotar, mesclando a paixão pela velocidade ao cuidado técnico acima de mé-dia que demonstrava ter com as máquinas. Desde meni-no, manifestou especial interesse por automobilismo. Aos poucos, tornou-se exímio piloto e profundo conhecedor da mecânica dos carros, construindo uma carreira brilhan-te marcada por muitas vitórias. Ganhou notoriedade até mesmo nos circuitos internacionais de Fórmula 1. Os bas-tidores das principais corridas foram reconstituídos por meio das reminiscências do piloto e de colegas de profis-são, como o próprio Bird Clemente, Anísio Campos, Carol Figueiredo, entre outros, além dos jornalistas Bob Sharp e Luiz Carlos Secco.

A obra traz ainda fotos imperdíveis que revivem a era de ouro do automobilismo sob uma perspectiva bastante peculiar e apaixonante, a de Luiz Pereira Bueno, o Peroba, como ficou conhecido o célebre piloto.

LANÇADA BIOGRAFIA

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QU

AN

DO

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RG

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PIL

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Ainda sobre a participação nos Mil Quilômetros

de Brasília, uma matéria publicada pelo jornal O

Estado de S. Paulo, em sua edição de 15 de abril

de 1968, deixava clara a supremacia do Bino

Mark II ao ressaltar que, “numa prova de muitas

desistências e muitos azares para os principais

concorrentes”, Luiz e Pace destacaram-se

justamente por terem conseguido fazer as 209

voltas no circuito de 4.900 metros correr em

9h22s29, com média horária de 111 km/h, sem

precisar parar o carro nos boxes, a não ser para

o reabastecimento e o revezamento dos pilotos.

Nessa corrida, tiveram como único adversário

o Fitti Porsche da dupla Emerson Fittipaldi e

Lian Duarte, sendo sua vitória incontestável.

Foi a primeira corrida pela equipe da Ford, que

acabara de adquirir as ações da Willys, a qual, a

exemplo de outras duas montadoras, não resistiu

às políticas recessivas do governo Castello

Branco e acabou sendo vendida para a gigante

norte-americana. A lendária Equipe Willys, por

sua vez, passou a chamar-se Equipe Ford-Willys.

A última corrida de Luiz com o Bino Mark II

ocorreu em 17 de novembro de 1968, na Prova

Deputado Levi Neves, em Jacarepaguá, com o

Bino Mark II Renault 1.296 cc nº 47, ao lado de

José Carlos Pace, e o resultado não poderia ter

sido melhor: primeiro lugar.

A BEM-SUCEDIDA “EQUIPE DOS AMARELINHOS”

Fundada em 1952, a Willys Overland iniciou a montagem

de veículos no Brasil em 1954 com o Jeep. Dois anos de-

pois, surgia a Rural Willys e, em 1959, o compacto Renault

Dauphine. O Aero Willys brasileiro só começou a ser produ-

zido em 1960, ainda com a carroceria original, arredondada,

sendo reestilizado, com linhas angulares, em 1962. Nessa

época, Christian Heins, o Bino, convenceu a direção da fábri-

ca a montar uma escuderia, o que foi viabilizado por meio do

lançamento de um dos carros esporte da Alpine, que acabou

sendo apropriadamente chamado de Willys Interlagos. A ver-

são para corrida, denominada Berlineta, venceu praticamen-

te todas as corridas que disputou entre 1962 e 1963.

Além de Christian Heins, pouco a pouco a “equipe dos ama-

relinhos” montou um time imbatível de pilotos: Luiz Pereira

Bueno, Rodolpho Olival Costa, Wilson Fittipaldi Jr., Marivaldo

Fernandes, acabando, finalmente, por contratar Bird Clemente,

até então piloto da Vemag. Além desses, outros pilotos foram

contratados pela Willys nos anos seguintes, incluindo Emerson

Fittipaldi, José Carlos Pace, Carol Figueiredo, Francisco Lameirão

e Luiz Fernando Terra Smith. Após a morte de Heins, Luiz Antônio

Greco, que também atuara como piloto, assumiu o posto de

chefe da Equipe, precisamente em 1963.

Três anos depois, em 1966, a Willys conquistou sua primeira vi-

tória nos 500 Quilômetros de Interlagos, com Luiz Pereira Bueno

pilotando um modelo Alpine importado da Europa que superou

os velozes Malzoni e os emergentes Karmann Ghia-Porsche dos

concorrentes. No ano seguinte, a Willys transformou-se em Equi-

pe Ford-Willys após ser vendida para a Ford e, posteriormente,

ainda sob o comando de Luiz Antônio Greco, deu origem à Equi-

pe Bino, nome escolhido em homenagem a Christian Heins, o

Bino (apelido do piloto, diminutivo de bambino, palavra italiana

que significa menino). Com o protótipo Bino Mark II, equipado

com a mesma motorização Renault do seu antecessor Mark I,

venceu diversas provas em 1968 pelas mãos habilidosas de Luiz

Pereira Bueno e José Carlos Pace.Greco deu continuidade ao trabalho com o lançamento da

Fórmula Ford, em 1971. Os carros também foram denominados

Bino e, embora não fosse mais uma equipe de fábrica, Greco

manteve seus fortes vínculos com a Ford, participando nas

categorias Divisão 1 e Divisão 3 e obtendo inúmeras vitórias

entre 1973 a 1976, com Paulo Gomes, Antônio Castro Prado

Neto, José Carlos Pace, Marivaldo Fernandes, Bob Sharp e

Arthur Bragantini.

MARK I E BINO MARK IIOs dois Mark I, conhecidos como #21 e #22,

estiveram em uso pela Equipe Willys por toda

temporada de 1968 como reservas do Bino

Mark II. Em 1969, quando o #22, que per-

tencia a Bird Clemente, já havia saído de cena

após um acidente sofrido por Carol Figueiredo

em Petrópolis, o outro – #21 – foi vendido para

o piloto e preparador Fernando Pereira, apeli-

dado de Feiticeiro, assim como o Bino Mark II,

passando a serem utilizados em provas do cam-

peonato carioca e algumas corridas regionais.

Em 1970, o Bino Mark II retornou para as mãos

de Greco, dando continuidade à sua carreira

de vitórias até 1971.

Imagem do “furacão” Bino Mark II, que chegou

a vencer mais de um terço das provas das quais

participou.

DE UM DOS MAIORES NOMES DO AUTOMOBILISMO

BRASILEIRO

CAPITAL HUMANO

Dando prosseguimento à série de seminários na área de Arquivologia realizados na sede da T&M, em 14 e 28 de fevereiro de 2011, ocorreu o II Encontro de Reciclagem em Organização de Arquivo. Estiveram presentes os coor-denadores e supervisores da empresa, além da diretora Flávia Borges Pereira e de Maria Cristina Massolini, gerente de Educação Corporativa da Serasa Experian.

Durante o seminário, discutiu-se a necessidade de in-tegração dos Centros de Memória ao sistema de informa-ções das empresas, de forma a garantir sua inserção em suas estratégias de negócios. Nesse sentido, o tema foca-do foi o treinamento de coordenadores de equipe e ges-tores de projetos para o desenvolvimento de ferramentas e práticas voltadas à criação de um sistema único de ar-quivo, integrado e dinâmico, com 100% de controle sobre a documentação produzida, tanto no segmento adminis-trativo quanto nos arquivos históricos. Dessa forma, é pos-sível aparelhar o Centro de Memória para que ele assuma a gestão documental nos vários setores organizacionais,

II ENCONTRO DE RECICLAGEM EM ORGANIZAÇÃO DE ARQUIVO

Nesta edição, a T&M inaugura a seção Indique um Livro, uma forma de incentivar a leitura entre seus colaborado-res por meio da troca de experiências positivas obtidas no mundo das letras.

A partir de agora, todos os funcionários e parceiros da T&M podem compartilhar suas experiências de leitura, en-caminhando para o email [email protected] o título do livro, o autor e a razão pela qual ele está sendo recomendado.

Aqueles que se interessarem pelos livros mencionados podem consultar o autor da indicação sobre a viabilidade de empréstimo do volume e enviar seu próprio parecer para o jornal. Eis as três primeiras indicações:

Linda Martins - Centro de Informação Grupo CCR Actuaemail: [email protected]

Indico: A Menina que Roubava Livros, de Markus Zusak.

Por que vale a pena ler: O narrador do livro é a Morte e ela própria conta a história de uma menina, Liesel Me-minger, que, entre 1939 e 1943, depara-se três vezes com situações trágicas.

O avanço do nazismo é visto pelos olhos de Liesel, me-nina alemã que é adotada por uma família que esconde um judeu no porão da casa. Numa Alemanha onde se fa-ziam montanhas de livros para queimar, a pequena leitora arrisca sua vida para “roubar” livros.

integrando todas as etapas, desde a produção do docu-mento até o seu armazenamento.

Em abril deste ano, ocorreu o último treinamento da sé-rie sobre Organização de Arquivo, e em 9 de maio o tema abordado será Gestão de Projetos.

INDIQUE UM LIVRO

Rachel Borges - estudanteemail: [email protected]

Indico: Persépolis, da escritora iraniana Marjane Satrapi.

Por que vale a pena ler: Para mim, ler Persépolis foi como descobrir um mundo completamente novo pelos olhos de uma criança. A pureza e a simplicidade dos qua-drinhos proporcionam riqueza histórica e cultural tão in-tensa, que é possível sentir-se na terra dos Xás e Aiatolás.

Rachel Rodrigues Passetti - diretora administrativa da T&Memail: [email protected]

Indico: A Sombra do Vento, de Carlos Ruiz Zafón.

Por que vale a pena ler: Recomendo porque é um li-vro que mistura aventura e romance para contar a história de um menino de 10 anos, Daniel Sempere, que vive em Barcelona, no pós-guerra (1945). Apesar do clima pesado, comum aos períodos que sucedem os conflitos bélicos mundiais, a narrativa é leve, sensível e bela.

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a segunda edição de Arquivos Permanentes – Tratamen-to Documental, editado pela FGV, Heloísa Bellotto inseriu um novo capítulo de especial importância para a área de atuação dos Centros de Memória, especialmente os empresariais.

O capítulo “Reflexões sobre o conceito de memória no campo da documentação administrativa” traz à tona mui-tas de nossas questões e inquietações teóricas e metodo-lógicas, temas recorrentes nos debates cotidianos internos e com clientes.

Transcrevo abaixo um pequeno trecho desse valioso livro. Vale a pena conferir e refletir sobre os temas levanta-dos pela professora Heloísa. Tenho certeza de que nossos debates e cursos serão enriquecidos:

“A informação administrativa – contida, por sua reali-dade jurídico-institucional, nos arquivos correntes e, pos-teriormente, como testemunho em fase intermediária ou como fonte histórica, custodiada nos arquivos permanen-tes – não se restringe a si mesma. Se a considerarmos de modo mais abrangente, analisando-a como transmissão cultural, lançada para o futuro por meio de diferentes do-cumentos grafados em diferentes suportes, ela pode sig-nificar muito mais, quando aliada a outros dados/informa-ções oriundos de campos não-arquivísticos.

(...) Trata-se de algo que vai muito além do próprio con-teúdo do documento. Os conjuntos informacionais que se geram não podem ser definidos compartimentadamente como material de arquivo, de biblioteca ou de centro de do-cumentação, por serem atípicos, como totalidade, a qualquer um deles. Esses conjuntos de dados constituem a memória.

Integram-na os fatos e as reflexões que podem envol-ver um ato administrativo ou a vida e a atuação de um órgão público, assim como as manifestações a respeito; transcendem a própria natureza administrativa que os criou ou dele dependem. Todos esses elementos, arqui-vísticos ou não, são iguais fontes a serem utilizadas pelo historiador. Nesse sentido, os testemunhos que se reúnem sobre o ato/teto administrativo passam da restrita con-dição de instrumento gerenciaI e alcançam uma posição dentro de um conjunto testemunhal.

Esse bloco de elementos pode ser decodificado: em pri-meiro lugar, os elementos de caráter jurídico e/ou adminis-trativo, os que normalmente chamamos de documentos de arquivo. São aqueles que, depois do trâmite dentro da ação

OBRA REVELA TRATAMENTO MAIS EFICAZ PARA DOCUMENTOS ADMINISTRATIVOS

ARTIGO

que justificou sua criação foram recolhidos a arquivos, pas-sando pelas diversas fases do ciclo vital dos documentos.

Seguem-se os elementos que embasam os primeiros ou que deles resultam e que constituem o material técni-co-científico. São os que demonstram a aplicação dos atos administrativos, podendo ainda ser os que neles se basea-ram. Acabam por ser documentos normais de bibliotecas e centros de documentação, jacentes em suportes como livros, artigos de periódicos etc. Em terceiro lugar, estão os elementos de mais difícil percepção, que são de crítica, de reflexão ou de inspiração: manifestações de apoio ou de repúdio que não passaram necessariamente ao documen-to escrito; são invenções técnico-industriais ou criações artísticas.

Enfim, trata-se de elementos que contornam extra-ofi-cialmente qualquer ato ou processo político-administrativo.

(...) São, portanto, esses três tipos de elementos que constituem a memória do ato administrativo: o documen-to de arquivo, o técnico-científico ou informativo e os ele-mentos dispersos.

(...) A organização da memória é posterior ao aconteci-mento. Exemplifiquemos com um ato político-administra-tivo do século XIX: a dissolução da Assembléia Constituin-te de 1823. Obrigatoriamente, geram-se os documentos parlamentares propriamente ditos e o ato de d. Pedro I: documentação estritamente político-administrativa e in-discutivelmente arquivística constitui o primeiro tipo dos elementos citados.

A seguir, informações de outra natureza que podem ter influído naquela resolução. Estas, por sua vez, podem origi-nar notícias e comentários na imprensa e análises impres-sas em forma de livros ou artigos. Estes são os elementos técnico-científicos ou informativos. No momento em que for montada a memória da dissolução da nossa primeira Assembléia Constituinte, toda essa documentação deve ser captada: pode ter aparecido antes e depois do ato adminis-trativo. O terceiro tipo de elemento é sempre o mais difícil, dada a sua diversidade; entretanto, não pode deixar de ser resgatado. É o caso, por exemplo, das modinhas e canções que apareceram na época contra o ato arbitrário de d. Pedro ou ainda uma paródia teatral. Não se trata, evidentemente, de fazer história, porque não se vai discutir nem interpretar modinha, mas recolhê-Ia em algum suporte e juntá-Ia a ou-

Por Flávia Borges Pereira

tros documentos, até constituir-se um corpus documental significativo. Isso é a memória. É matéria documental em estado bruto, a ser trabalhada pelo historiador.

Aos profissionais de apoio à pesquisa cabe a dissemina-ção da informação a partir do seu estado puro. Só é possí-vel fazer a interpretação porque a memória está lá, estática, porém já resgatada, reunida, arranjada e descrita criterio-

1. BELLOTTO, Heloísa. Arquivos Permanentes – Tratamento Documental. 2ª edição. São Paulo: FGV, 2011.

samente por profissionais cuja função é justamente essa. O que justifica a afirmação de José Honório Rodrigues de que a memória é estática e a história, dinâmica.”1

Britanite, empresa do Grupo CR Almeida, líder de mercado na produção de explosivos e desmonte de rocha, decidiu comemorar seus 50 anos de existência por meio de um trabalho diferenciado de resgate da memória insti-tucional que deu origem a produtos edi-toriais, como um álbum de figurinhas e um livro, além de exposição e uma série de eventos ao longo de 2011.

Para o diretor comercial Paulo Celso Gomes de Castro, o levanta-mento histórico e seus desdobra-mentos constituem importante ferra-menta de comunicação e marketing, tanto em âmbito interno quanto externo. “Conhecer a trajetória do empreendimento e ter a oportu-nidade de contar sua própria história faz com que os funcio-nários, desde quem trabalha no chão de fábrica até a direto-ria, sintam-se responsáveis pelo negócio e elevem seu nível de comprometimento. Já os clientes, ao ficarem cientes dos desafios que enfrentamos ao longo de 50 anos de atuação no mercado, com revezes, superações e a retomada do cres-cimento, constatam a solidez da empresa, o que traz um ga-nho muito grande em termos de confiabilidade”.

De acordo com Castro, a expertise da Tempo&Memória/Arte do Tempo atendeu prontamente às expectativas da empresa. “Nós conseguimos levantar informações das quais jamais teríamos conhecimento se não fosse o traba-lho de pesquisa e sistematização da memória da Britanite realizado pela equipe de historiadores. Isso também nos possibilitou elaborar um calendário de comemorações di-versificado, com vários produtos e eventos”.

Um dos produtos editoriais resultantes do trabalho de

CASE DE DESTAQUE

Pesquisa histórica aliada a produtos editoriais

pesquisa histórica, um álbum de figurinhas, foi lan-çado em fevereiro deste ano em evento que con-tou com a participação de funcionários e do CEO da Britanite, Antonio Luiz Cyrino de Sá. Todos se mostraram muito entusiasmados com a iniciati-va, que, segundo Castro, tem obtido excelente

repercussão, alcançando até mesmo os familiares dos colaboradores. “Cerca de 70% dos nossos funcio-

nários não conheciam a história da Britanite, que é muito inspiradora, e o álbum mostra exatamente isso: como

surgimos e onde chegamos. Ao mes-mo tempo que resgata a origem da

empresa, também nos remete à nossa própria origem, especialmente ao pe-

ríodo da infância, quando temos o hábito de colecionar figurinhas. A brincadeira é tão agradável que todos fazem questão de levar o álbum para casa e compartilhar nossa história com a família”.

A Tempo&Memória/Arte do Tempo produziu o álbum de figurinhas e também é responsável pela edição do livro institucional a ser lançado em setembro, por ocasião do aniversário de fundação da Britanite. A obra narra a tra-jetória da empresa desde as primeiras incursões na área de produção de explosivos, incluindo a participação nas maiores obras de infraestrutura do País, até os dias atuais, marcados pela fase de internacionalização dos negócios.

As comemorações prosseguirão com a realização de uma exposição e de minieventos, sempre com foco na história da empresa que comemora seu cinquentenário e vislumbra ca-minhos para mais 50 anos de sucesso. “Estamos formatando o DNA da Britanite para o futuro”, assegura Paulo de Castro.

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O Jornal Em Tempo é um veículo eletrônico de comunicação da Tempo&Memória/Arte doTempo.Edição nº 12 / Ano 4 – 1º quadrimestre de 2011.

Diretora da T&M: Flávia Borges Pereira / Diretora da Arte do Tempo: Ana Trevisan Serino / Editor: Marco Polo Henriques / Projeto Gráfico e Diagramação: Arte do Tempo / Conselho Editorial: Clarice Caires, Edna de P. Oliveira e Rachel Passetti / Distribuição: funcionários e clientes da T&M/Arte doTempo / É permitida a reprodução do conteúdo deste boletim desde que citada a fonte e o site da Tempo&Memória.

Prezados ColaboradoresNosso boletim tem periodicidade quadrimestral e, para que possamos cumprir esse cronograma, necessitamos que o conteúdo das seções seja encaminhado para [email protected] até a última semana do terceiro mês de cada quadrimestre.

ESPECIAL

A passagem da colaboradora Luciana Amaral pela Tempo&Memória confunde-se com a própria história da empresa. Após quase 18 anos de convivência, nossa querida Lu, como era chamada internamente, decidiu partir para novos desafios, mas deixou bons momentos para serem recordados, marcados por grandes conquistas e muitos aprendizados:

À mestre Lu, com carinho

“Ao longo de 16 anos, tive o prazer de conhecer a Lu e compartilhar com ela alguns projetos. Foi uma experiência muito interessante. Logo percebi que seu notório mau humor era apenas ‘fachada’ Na intimidade, Lu sempre se mostrou meiga e divertida.

E quanto à sua ‘fome de leão’?Ressalte-se que não estou referindo-me ao fato de ser

comilona, ‘um bom garfo’ como se costuma dizer, mas à sua inigualável ‘fome’ de aprender, crescer, ensinar.

Felicidades, Lu!”Edna de Paula Oliveira • gerente de projetos da T&M

“Lu, foi muito bom trabalhar, aprender e estar com você. Que você seja muito feliz na sua nova etapa”.

Ana Trevisan • diretora da Arte do Tempo

“Quando penso na minha convivência com a Luciana, vejo uma mulher inteligente, competente e determinada; ao mesmo tempo, vejo uma mulher sensível, solidária e amiga. Felicidades, Lu! Amo você!”

Dorothy Maia • jornalista

“No pouco tempo em que trabalhamos juntas, a Lu mostrou ser uma mulher de muita garra, sempre pegando no pé de todo mundo para o trabalho sair bem feito. Brincadeirinha, Lu, obrigada pela experiência que me passou. Boa sorte!”

Jackeline Carnier • assistente administrativo da T&M

“As orientações da Luciana me ajudaram muito aqui na J.Macêdo. Ela consegue passar aquela confiança de quem sabe o que está fazendo, é bastante solícita e não tem problemas em arregaçar as mangas e partir para o trabalho braçal sempre que preciso. Além de tudo, é uma pessoa muito agradável, trocávamos várias dicas gastronômicas e cinematográficas. Tenho certeza de que ela já deve estar saindo-se bem na nova empreitada!”

Leonardo Félix de Araújo • arquivista técnico da T&M

“Se alguém me perguntar como é a Luciana, acho que ‘generosa’ é a primeira coisa que vou dizer. Todas as vezes em que precisei, ela sempre esteve disposta a ajudar e, se não tivesse a resposta, perguntava para meio mundo até encontrá-la. Um beijão, Lu. Sentimos saudade!”

Janete Marques • coordenadora técnica da T&M

“A Luciana é uma profissional dedicada e com grande capacidade de concentração em seus objetivos.”

Clarice Caires • gerente de projetos da T&M

“Luciana é a pessoa mais craque em arquivos que já conheci. Nos meus cinco anos de T&M, foi sempre o ‘oráculo’ para as questões mais ‘cabeludas’ que encontramos nos acervos. Lu, obrigado por compartilhar sua experiência conosco e desejo tudo de bom nessa nova fase profissional!”

Fred Hila • coordenador de projetos da T&M

“Escrever uma mensagem para a Lu não é uma tarefa fácil para mim. Pode parecer loucura e mesmo algo incoerente, mas, na verdade, muitos sentimentos estão envolvidos. Isso mesmo, sentimentos, pois fazemos parte de uma empresa que assume as emoções. A Tempo&Memória foi, para muitos de nós, uma escola, onde aprendemos e desbravamos caminhos em novas áreas do conhecimento e profissionais. Caminhos que sequer sonhávamos quando começamos no fim dos anos 1980.

Tenho consciência de que a saída da Lu faz parte desse mesmo processo e estou feliz e orgulhosa. Mas, por outro lado, não posso deixar de lamentar sua perda para nossa equipe.

Boa sorte, Lu, nossa amizade e nossa luta irão sempre nos unir!”Flávia Borges Pereira • diretora da T&M

“A pessoa que me entrevistou e contratou! Lu, com certeza, você nunca será esquecida nesta empresa e, quanto a mim, sempre será minha grande amiga.”

Luiz Peixeiro • coordenador de projetos da T&M