1
São Paulo 2 SÁBADO, DOMINGO E SEGUNDA- FEIRA, 30 DE MAIO A 1 DE JUNHO DE 2015 DIÁRIO COMÉRCIO INDÚSTRIA & SERVIÇOS Projeto de Benedito Abudd expõe passeios sustentáveis, pois no momento atual de crise hídrica, a cidade de São Paulo precisa permeabilizar sua pavimentação e aproveitar as águas da chuva Reúso da água é destaque da Casa Cor que propõe modelo com drenagem URBANISMO Beatriz Peixoto São Paulo [email protected] A sustentabilidade estará no centro das discussões da Casa Cor São Paulo. A mostra de ar- quitetura, decoração e paisa- gismo – que acontece até 12 de julho no Jockey Club – terá uma área externa assinada pe- lo arquiteto e paisagista Bene- dito Abbud, que propõe um modelo sustentável de calça- da, com sistemas e materiais que facilitam a drenagem e o reúso da água. Segundo Abbud, o sistema de drenagem da cidade de São Paulo é muito antigo e parte dele está entupido, o que causa alagamentos. “A água capturada das chuvas passa pelas bocas de lobo e são levadas a tubulações. Es- sa água desemboca em rios e não é aproveitada”, explica. “A cidade necessita de al- ternativas de drenagem. No projeto, instalamos caixas al- veolares para capturar a água das chuvas, que penetra nos jardins e é encaminhada para um sistema de reserva e infil- tração”, pontua. Para Abbud, a cidade de São Paulo precisa incentivar projetos sustentáveis e de permeabilizarão de ruas e calçadas, principalmente neste momento de crise hí- drica. “Muitos poços artesia- nos estão sendo instalados. A cidade precisa começar a re- por essa água”. Participação popular O projeto de Abbud intitula- do “Se essa rua fosse minha” 1960 e 1970, passou a enxergar a cidade sob a ótica do carro, enquanto as calçadas foram esquecidas. “As calçadas da Avenida Santo Amaro, por exemplo, eram importantes para a região, um local de cine- mas e pontos de encontro. Os passeios diminuíram para me- lhorar a fluidez do trânsito, po- rém a região se desvalorizou.” Para o arquiteto, São Paulo ainda prioriza o trânsito, e o momento é de começar a valo- rizar as pessoas e o transporte público. “Esse é um modo de valorizar e dar dignidade às pessoas. É preciso enxergar a cidade sob uma ótica mais ci- dadã”, diz. Plano municipal A prefeitura divulgou no dia 15 de maio o Plano de Constru- ção e Reforma dos Passeios Públicos, que vai cobrar dos ci- dadãos a reforma de calçadas irregulares. Abbud ressalta que os pas- seios da cidade devem ser fei- tos com respaldo técnico. “Muitas pessoas desconhecem a irregularidade nas calçadas de suas casas. E muitas vezes o cidadão não é técnico. E já que a prefeitura quer realizar o pla- no, deve incentivar projetos sustentáveis e com acessibili- dade para cadeirantes e para pessoas que não têm condi- ções”, diz. O arquiteto diz que é preciso incentivar a mudança. “Ao in- vés de multa, poderia haver desconto no IPTU, por exem- plo. Essa deveria ser uma me- dida não punitiva, mas sim de bônus a quem faz certo”. Inclinações Abbud ressalta que é preciso ficar atento às calçadas com degraus em ruas inclinadas. “A cidade prioriza o acesso às ga- ragens, o que causa problemas para pedestres. Mas é preciso analisar cada caso com orien- tação técnica, pois não adianta tirar degrau em alguns casos”. A inclinação ideal para ca- deirantes é de 5% – 20 metros para subir 1 metro. Em São Paulo, esse índice é de 18,33%, segundo lei municipal. “Mas há ruas com inclinações de até 18%. Nesses casos não tem co- mo a calçada ser acessível”, afirma o arquiteto. E m p r e sas Abbud defende a criação de um departamento específico para as calçadas, com pessoas treinadas para resolver os pro- blemas da cidade. “Hoje, as concessionárias, quando pre- cisam realizar obras em redes de cabos, quebram as calçadas e não consertam da maneira correta. Essas empresas preci- sam de um programação para esse trabalho”. Ele ressalta que São Paulo incentiva as redes não embuti- das. “É preciso enterrar fios para valorizar as ruas.” FOTOS: DIVULGAÇÃO Sistemas e materiais favorecem a drenagem Professores da rede estadual decidem manter greve em SP PARALISAÇÃO Presidente da Desenvolve SP na Abde INSTITUIÇÃO DIVULGAÇÃO Desafio de Santos será conduzir interlocução em vários planos Milton Luiz de Melo Santos, presidente da Desenvolve SP – Agência de Desenvolvimento Paulista, foi eleito na semana passada para a presidência da Associação Brasileira de De- senvolvimento (Abde), organi- zação que une as instituições de fomento e desenvolvimen- to do País. Economista com carreira pelo Banco Central, Santos terá como um dos principais desafios conduzir o processo de Planejamento Estratégico do Sistema Nacional de Fo- mento (SNF) O planejamento prevê, dentre outros pontos, maior interlocução de todas as ins- tituições de fomento com os ministérios e órgãos federais. Mais diálogo “É importante aumentarmos o diálogo com o Banco Cen- tral e intensificarmos a nossa sinergia com o BNDES, para que os agentes financeiros possam cumprir seu papel de propulsionar a economia re- gional. Cada instituição repre- senta seu estado, mas somos um conjunto que trabalha em prol do desenvolvimento do país. E acreditamos no Sistema Nacional de Fomento como alicerce desse desenvolvimen- to”, disse Santos. Atualmente, o SNF é respon- sável por mais de 55% do saldo de operações de crédito do país, especialmente para pro- jetos de infraestrutura e apoio às micro, pequenas e médias empresas. Outros eleitos Também foram eleitos como vice-presidentes o economista Marco Aurélio Crocco, do Ban- co de Desenvolvimento de Mi- nas Gerais, e o diretor do Ban- co do Brasil, Ilton Luis Schwaab. Outros sete diretores, além do conselho fiscal da institui- ção, também foram escolhidos na mesma data. A Abde reúne 29 instituições financeiras espalhadas por to- do o país, como bancos públi- cos federais, bancos de desen- volvimento estaduais, bancos cooperativos, bancos públicos comerciais estaduais com car- teira de desenvolvimento e agências de fomento, além da Finep e do Sebrae. /Agências Os professores da rede esta- dual de São Paulo aprovaram a continuidade da greve, que ca- minha para ser a mais longa da categoria no Estado de São Paulo. O ato já chegou a 75 dias, foi aprovado no dia 13 de março e a paralisação teve iní- cio no dia 16. A aprovação ocorre em um momento de enfraquecimen- to da paralisação. No início da semana passada, a Apeoesp, principal sindicato da categoria, reconheceu que a adesão dos professores caiu pela metade e está em 30%. Já o governo Geraldo Alckmin (PSDB) fala que os faltosos não passam de 5%. O motivo, segundo o sindi- cato, foi o corte de ponto dos grevistas, que estão desde maio sem receber salário. O sindicato recorre dos descon- tos no Supremo Tribunal Fede- ral (STF). E x i g ê n c i as Os professores pedem reajuste de 75,33% para equiparação salarial da categoria a outras profissões com ensino supe- rior. A meta é prevista no Plano Nacional de Educação (PNE), sancionado em 2014 pela pre- sidente Dilma Rousseff, e deve ser cumprida nos próximos seis anos. O objetivo do PNE é orientar ações nos estados e municí- pios, que devem aprovar pla- nos próprios. Hoje o piso da categoria é de R$ 2.400, para uma jornada de 40 horas. O governo estadual afirma que só falará em reajuste salarial no mês de julho. Para minimi- zar a greve, ofereceu benefícios aos docentes temporários, co- mo acesso ao plano de saúde dos servidores públicos (Iams- pe). /Estadão Conteúdo Calçadas valorizam pessoas e transporte público Cidade deve repor a água dos poços artesianos também traz o conceito de participação cidadã. Em um painel, os visitantes da mostra poderão escrever sobre o que fariam se a rua fosse deles. As respostas serão compiladas e publicadas no site Pensando a Cidade. Segundo Abbud, as pessoas perderam a ideia de pertenci- mento das ruas da cidade. “A ideia é mostrar às pessoas que as ruas são de todos, e que os próprios cidadãos podem transformar o espaço público.” Abbud afirma que a cidade de São Paulo, nas décadas de

Jornal DCI

  • Upload
    abbud

  • View
    225

  • Download
    0

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Junho de 2015 beneditoabbud.com.br

Citation preview

Page 1: Jornal DCI

São Paulo2 SÁBADO, DOMINGO E SEGUNDA- FEIRA, 30 DE MAIO A 1 DE JUNHO DE 2015 � DIÁRIO COMÉRCIO INDÚSTRIA & SERVIÇOS

Projeto de Benedito Abudd expõe passeios sustentáveis, pois no momento atual de crise hídrica,a cidade de São Paulo precisa permeabilizar sua pavimentação e aproveitar as águas da chuva

Reúso da água é destaque da Casa Corque propõe modelo com drenagemU R BA N I S M O

Beatriz PeixotoSão Paulob e at r i z p @ d c i . c o m . b r

� A sustentabilidade estará nocentro das discussões da CasaCor São Paulo. A mostra de ar-quitetura, decoração e paisa-gismo – que acontece até 12 dejulho no Jockey Club – teráuma área externa assinada pe-lo arquiteto e paisagista Bene-dito Abbud, que propõe ummodelo sustentável de calça-da, com sistemas e materiaisque facilitam a drenagem e oreúso da água.

Segundo Abbud, o sistemade drenagem da cidade deSão Paulo é muito antigo eparte dele está entupido, oque causa alagamentos. “Aágua capturada das chuvaspassa pelas bocas de lobo esão levadas a tubulações. Es-sa água desemboca em rios enão é aproveitada”, explica.

“A cidade necessita de al-ternativas de drenagem. Noprojeto, instalamos caixas al-veolares para capturar a águadas chuvas, que penetra nosjardins e é encaminhada paraum sistema de reserva e infil-t ra ç ã o”, pontua.

Para Abbud, a cidade deSão Paulo precisa incentivarprojetos sustentáveis e depermeabilizarão de ruas ecalçadas, principalmenteneste momento de crise hí-drica. “Muitos poços artesia-nos estão sendo instalados. Acidade precisa começar a re-por essa água”.

Participação popularO projeto de Abbud intitula-do “Se essa rua fosse minha”

1960 e 1970, passou a enxergara cidade sob a ótica do carro,enquanto as calçadas foramesquecidas. “As calçadas daAvenida Santo Amaro, porexemplo, eram importantespara a região, um local de cine-mas e pontos de encontro. Ospasseios diminuíram para me-lhorar a fluidez do trânsito, po-rém a região se desvalorizou.”

Para o arquiteto, São Pauloainda prioriza o trânsito, e omomento é de começar a valo-rizar as pessoas e o transportepúblico. “Esse é um modo devalorizar e dar dignidade às

pessoas. É preciso enxergar acidade sob uma ótica mais ci-dadã”, diz.

Plano municipalA prefeitura divulgou no dia 15de maio o Plano de Constru-ção e Reforma dos PasseiosPúblicos, que vai cobrar dos ci-dadãos a reforma de calçadasi r re g u l a re s.

Abbud ressalta que os pas-seios da cidade devem ser fei-tos com respaldo técnico.“Muitas pessoas desconhecema irregularidade nas calçadasde suas casas. E muitas vezes o

cidadão não é técnico. E já quea prefeitura quer realizar o pla-no, deve incentivar projetossustentáveis e com acessibili-dade para cadeirantes e parapessoas que não têm condi-ç õ e s”, diz.

O arquiteto diz que é precisoincentivar a mudança. “Ao in-vés de multa, poderia haverdesconto no IPTU, por exem-plo. Essa deveria ser uma me-dida não punitiva, mas sim debônus a quem faz certo”.

InclinaçõesAbbud ressalta que é precisoficar atento às calçadas comdegraus em ruas inclinadas. “Acidade prioriza o acesso às ga-ragens, o que causa problemaspara pedestres. Mas é precisoanalisar cada caso com orien-tação técnica, pois não adiantatirar degrau em alguns casos”.

A inclinação ideal para ca-deirantes é de 5% – 20 metrospara subir 1 metro. Em SãoPaulo, esse índice é de 18,33%,segundo lei municipal. “Ma shá ruas com inclinações de até18%. Nesses casos não tem co-mo a calçada ser acessível”,afirma o arquiteto.

E m p r e sasAbbud defende a criação deum departamento específicopara as calçadas, com pessoastreinadas para resolver os pro-blemas da cidade. “Hoje, asconcessionárias, quando pre-cisam realizar obras em redesde cabos, quebram as calçadase não consertam da maneiracorreta. Essas empresas preci-sam de um programação paraesse trabalho”.

Ele ressalta que São Pauloincentiva as redes não embuti-das. “É preciso enterrar fiospara valorizar as ruas.”

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Sistemas e materiais favorecem a drenagem

Professores da rede estadualdecidem manter greve em SP

PA R A L I SAÇ ÃO

Presidente da Desenvolve SP na Abde

I N ST I T U I Ç ÃO

D I V U L G AÇ ÃO

Desafio de Santos será conduzirinterlocução em vários planos

� Milton Luiz de Melo Santos,presidente da Desenvolve SP –Agência de DesenvolvimentoPaulista, foi eleito na semanapassada para a presidência daAssociação Brasileira de De-senvolvimento (Abde), organi-zação que une as instituiçõesde fomento e desenvolvimen-to do País.

Economista com carreirapelo Banco Central, Santosterá como um dos principaisdesafios conduzir o processode Planejamento Estratégicodo Sistema Nacional de Fo-mento (SNF)

O planejamento prevê,dentre outros pontos, maiorinterlocução de todas as ins-tituições de fomento com osministérios e órgãos federais.

Mais diálogo“É importante aumentarmoso diálogo com o Banco Cen-tral e intensificarmos a nossa

sinergia com o BNDES, paraque os agentes financeirospossam cumprir seu papel depropulsionar a economia re-gional. Cada instituição repre-senta seu estado, mas somosum conjunto que trabalha emprol do desenvolvimento dopaís. E acreditamos no SistemaNacional de Fomento comoalicerce desse desenvolvimen-t o”, disse Santos.

Atualmente, o SNF é respon-sável por mais de 55% do saldode operações de crédito dopaís, especialmente para pro-jetos de infraestrutura e apoioàs micro, pequenas e médiase m p re s a s.

Outros eleitosTambém foram eleitos comovice-presidentes o economistaMarco Aurélio Crocco, do Ban-co de Desenvolvimento de Mi-nas Gerais, e o diretor do Ban-co do Brasil, Ilton LuisS c h w a a b.

Outros sete diretores, alémdo conselho fiscal da institui-ção, também foram escolhidosna mesma data.

A Abde reúne 29 instituiçõesfinanceiras espalhadas por to-do o país, como bancos públi-cos federais, bancos de desen-volvimento estaduais, bancoscooperativos, bancos públicoscomerciais estaduais com car-teira de desenvolvimento eagências de fomento, além daFinep e do Sebrae. /Agências

� Os professores da rede esta-dual de São Paulo aprovaram acontinuidade da greve, que ca-minha para ser a mais longa dacategoria no Estado de SãoPaulo. O ato já chegou a 75dias, foi aprovado no dia 13 demarço e a paralisação teve iní-cio no dia 16.

A aprovação ocorre em ummomento de enfraquecimen-to da paralisação. No inícioda semana passada, aApeoesp, principal sindicatoda categoria, reconheceu quea adesão dos professores caiupela metade e está em 30%.Já o governo Geraldo Alckmin(PSDB) fala que os faltososnão passam de 5%.

O motivo, segundo o sindi-cato, foi o corte de ponto dosgrevistas, que estão desdemaio sem receber salário. Osindicato recorre dos descon-

tos no Supremo Tribunal Fede-ral (STF).

E x i g ê n c i asOs professores pedem reajustede 75,33% para equiparaçãosalarial da categoria a outrasprofissões com ensino supe-rior. A meta é prevista no PlanoNacional de Educação (PNE),sancionado em 2014 pela pre-sidente Dilma Rousseff, e deveser cumprida nos próximosseis anos.O objetivo do PNE é orientarações nos estados e municí-pios, que devem aprovar pla-nos próprios. Hoje o piso dacategoria é de R$ 2.400, parauma jornada de 40 horas.O governo estadual afirma quesó falará em reajuste salarialno mês de julho. Para minimi-zar a greve, ofereceu benefíciosaos docentes temporários, co-mo acesso ao plano de saúdedos servidores públicos (Iams-pe). /Estadão Conteúdo

Calçadas valorizam pessoas e transporte público

Cidade deve repor a água dos poços artesianos

também traz o conceito departicipação cidadã. Em umpainel, os visitantes da mostrapoderão escrever sobre o quefariam se a rua fosse deles. Asrespostas serão compiladas epublicadas no site Pensando aC i d a d e.

Segundo Abbud, as pessoasperderam a ideia de pertenci-mento das ruas da cidade. “Aideia é mostrar às pessoas queas ruas são de todos, e que ospróprios cidadãos podemtransformar o espaço público.”

Abbud afirma que a cidadede São Paulo, nas décadas de