Juninho rio tamisa

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O caso TmisaO rio que corta Londres j foi exemplo de catstrofe ambiental.

O rio Tamisa ou Tmisa um rio do sul da Inglaterra que banha Oxford e Londres e desagua no mar do Norte. Com 346 km de extenso, nasce perto da aldeia de Kemble na regio de Cotswolds e atravessa Oxford, Wallingford, Reading, Henley-on-Thames, Marlow, Maidenhead, Eton, Windsor e Londres e A Europa era a regio central.Em 1878, 600 passageiros do navio a vapor Princess Alice morreram em Barking, na regio leste da Grande Londres, aps a embarcao colidir e ir a pique. O principal vilo da tragdia no foi o afundamento: as vtimas foram intoxicadas pela poluio das guas do Rio Tmisa enquanto nadavam para alcanar as margens.

O drama do Princess Alice um exemplo das condies em que o rio de 346 quilmetros de extenso o maior da Inglaterra se encontrava na poca vitoriana. A gua despejada pelas indstrias e os dejetos provindos dos recm-inventados vasos sanitrios fluam diretamente para o rio ao longo de cidades importantes como Oxford, Windsor, Kingston, Richmond e Londres. A vida selvagem, peixes, mamferos e aves, agonizava. Para piorar, os londrinos bebiam gua retirada sem tratamento, o que resultou na morte de milhares de pessoas.

A situao s mudou para valer a partir de 1957, quando os nveis de poluio chegaram a um grau to elevado que o Tmisa foi declarado biologicamente morto. A gua tinha pouco oxignio e no suportava nenhuma forma de vida. Do lodo depositado no fundo emanava um insuportvel cheiro de "ovo podre" que obrigou a suspender sesses do Parlamento, em 1858. Desde ento, o governo central e as prefeituras ao longo do rio comearam uma guerra coordenada, sem trguas, contra a poluio.As mudanas comearam a ser desenvolvidas na dcada de 1960, quando um sistema de tratamento de esgoto removeu quase 100% da poluio lanada no rio.Uma legislao ambiental rgida obrigou as fbricas a eliminar o despejo de poluentes nos 20 tributrios do rio. O sistema de tratamento do esgoto da regio metropolitana de Londres (atualmente com 8 milhes de habitantes) foi aperfeioado. O problema recorrente das enchentes foi resolvido em 1980 com a construo da Barragem do Tmisa. Trechos de concreto que impermeabilizavam as margens (como se v atualmente nas margens do Rio Tiet na capital de So Paulo) foram retirados pela Agncia de Meio Ambiente, responsvel pelo manejo do rio hoje atravessado por 214 pontes e 20 tneis. Abriu-se espao, assim, para solos de lama e mais de 400 hbitats para vida selvagem.O conjunto de aes devolveu vida ao Tmisa. Atualmente, h 125 espcies de peixes e 400 espcies de invertebrados povoando as guas e as margens. Pssaros, como a gara e o martim-pescador, e mamferos, como a lontra, so avistados novamente. Em 1979 as autoridades introduziram o salmo, espcie muito sensvel poluio, mas em 2006 o peixe desapareceu. At cavalos-marinhos j surgiram nas guas do esturio, no Mar do Norte.

Depois da despoluio o rio voltou a atrair os esportes nuticos.

Hoje, o rio anima competies esportivas de remo, navegao vela, caiaque e atrai pescadores embora ningum se atreva a nadar em suas guas. O renascimento rendeu o prmio International eiss River Prize, concedido pela organizao International Riversymposium, em 2010. O Tmisa nunca esteve to limpo em 150 anos. Mas a guerra contra a poluio deve ser perene, advertem as autoridades. O antiquado sistema de drenagem e esgoto conjugado da capital, construdo na era vitoriana para uma populao menor, precisa ser refeito. Todo material orgnico e inorgnico transportado deve ser integralmente tratado. Com o sistema no limite, consertos de encanamento malfeitos e despejo inadequado de lixo, de pet, de sacos plsticos e de leo podem agravar os problemas e voltar a apresentar risco populao.

Para contornar as emergncias, a Agncia do Meio Ambiente possui oito estaes de monitoramento na Grande Londres, que vigiam a quantidade de oxignio disponvel nas guas durante as 24 horas do dia. Se o nvel cai, embarcaes vo at o ponto indicado e injetam oxignio ali. A tcnica tem se revelado eficiente, mas h consenso de que s uma troca completa do sistema de drenagem e esgoto por outro, bem mais moderno, impedir os poluentes de ameaarem novamente o rio londrino.

possvel implementar essa ao nos rios Brasileiros?

No Brasil, o triste exemplo o Tiet, seguramente um dos rios mais poludos do planeta. Quando passa pela regio metropolitana de So Paulo, ele recebe quase 400 toneladas de esgoto por dia e considerado morto: s sobrevivem no seu leito organismos que no precisam de oxignio, como certos tipos de bactrias e fungos. A principal causa da poluio o esgoto domstico. "Quase 5 milhes de pessoas ainda tm seus detritos lanados diretamente no rio", afirma o engenheiro Lineu Jos Bassoi, da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), ligada Secretaria do Meio Ambiente do governo de So Paulo.Quando se sonha com a despoluio do Tiet, inevitvel lembrar do Tmisa. O caso paulista mais complicado. Primeiro porque o Tmisa recebia menos esgoto e tem vazo maior que o Tiet, diluindo melhor a sujeira. Segundo porque os encanamentos brasileiros utilizam o sistema de separador absoluto: a gua da chuva recolhida pelos bueiros corre em uma tubulao (galeria pluvial) e o esgoto em outra. Na Inglaterra, os dois sistemas se misturam e seguem juntos para a estao de tratamento. "No Brasil, s o esgoto filtrado. A galeria pluvial, que vai direto para o rio, possui um nmero imenso de ligaes de esgoto clandestinas", diz o engenheiro Antonio Marsiglia Netto, da Companhia de Saneamento Bsico do Estado de So Paulo (Sabesp).Uma das solues para controlar essa sujeira seria instalar estaes de tratamento dentro do prprio rio. Outra ao essencial aumentar a quantidade de esgoto tratado, que hoje est em 64% na regio metropolitana de So Paulo - tarefas que levaro pelo menos mais 20 anos.

BIBLIOGRAFIA

http://revistaplaneta.terra.com.br/secao/reportagens/o-caso-tamisa