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ense em como será o quartel-gcneral dos Homens de Negro em Los Angeles - o local onde o realizador Barry Sonnenfeld se encontra agora a finalizar o terceiro filme da série. O que imagina? Uma fortaleza branca e límpida com elevadores futuristas? Filas intermináveis de computadores resplandecentes, com homens de fato sentados ao teclado a trabalhar na montagem do filme, com Will Smith a exigir relatórios constantes? Pois está enganado. "Basicamente, estou eu!" ri-se Sonnenfeld, numa cabina de montagem no estúdio da Sony em Culver City. "O Will nunca aqui veio - ele está na Costa Rica, a rodar o seu próximo filme com o filho e o M. Night [Shyamalan]. Vários executivos da Sony vieram ver algumas versões e fazer sugestões. Mas como temos tão pouco tempo para terminar o filme, para o melhor e para o pior sou eu que tomo as decisões. Sc entrarmos em debates, o filme nunca estará pronto a tempo." "Tempo" é uma palavra referida muitas vezes durante a conversa que tivemos em meados de fevereiro com este realizador. Sonnenfeld está consciente dos prazos dantescos que tem de enfrentar nesta reta final faltam oito semanas para terminar as 1 . 100 imagens com efeitos visuais, e duas semanas para começar a edição de som final mas o realizador não parece estar a sentir-se pressionado. "'Estou bem disposto", refere com um encolher de ombros. "Truftaut disse que quando terminamos de rodar um filme ele está no pior estado possível, e que adorava a pós-produçào porque assim podia torná-lo bom outra vez. Sinto o mesmo: assim que deixamos o caos das filmagens para trás, as coisas podem melhorar." Mas são os relógios que têm mantido Sonnenfeld acordado durante estes últimos dois anos. Porque o tempo eslá no cerne de Homens de Negro S. E como muitos outros cineastas descobriram, quando começamos a lidar com cronologia, entramos num inferno sem saida. "O Will chama-me Baz", conta Sonnenfeld. "Quando estávamos a filmar Homem de Negro 11, ele disse-me: 'Baz. acho que tenho uma ideia para o terceiro.' A ideia de base era fazer com que a personagem do Will, o Agente J, tivesse de voltar ao passado para salvar o seu parceiro. Isto permitia mover o filme para outra era e explorar mais a personagem do Tommy Lee Jones. Mas acabou por ser um longo processo de desenvolvimento, em parte devido à complicação das viagens no tempo. Esta parte foi mesmo muito difícil." orno é óbvio, a culpa é do vilão. Seguindo as pegadas dos vilões anteriores da série o hotnem-barata Edwin Bug (Vincent "Foi um processo longo. As viagens no tempo são complicadas." Barry Sonnenfeld

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ense em como será o

quartel-gcneral dos

Homens de Negroem Los Angeles- o local onde

o realizador

Barry Sonnenfeld

se encontra agora a finalizar

o terceiro filme da série. O que

imagina? Uma fortaleza branca e

límpida com elevadores futuristas?

Filas intermináveis de computadores

resplandecentes, com homens

de fato sentados ao teclado

a trabalhar na montagem do filme,

com Will Smith a exigir relatórios

constantes? Pois está enganado."Basicamente, só estou cá eu!"

ri-se Sonnenfeld, numa cabina

de montagem no estúdio da Sonyem Culver City. "O Will nunca

aqui veio - ele está na Costa Rica,

a rodar o seu próximo filme com

o filho e o M. Night [Shyamalan].Vários executivos da Sony vieram

cá ver algumas versões e fazer

sugestões. Mas como temos tão

pouco tempo para terminar o filme,

para o melhor e para o pior sou eu

que tomo as decisões. Sc entrarmos

em debates, o filme nunca estará

pronto a tempo.""Tempo" é uma palavra referida

muitas vezes durante a conversa

que tivemos em meados

de fevereiro com este realizador.

Sonnenfeld está consciente

dos prazos dantescos que tem

de enfrentar nesta reta final

faltam oito semanas paraterminar as 1

.100 imagens com

efeitos visuais, e duas semanas

para começar a edição de som

final mas o realizador não

parece estar a sentir-se pressionado."'Estou bem disposto", refere

com um encolher de ombros."Truftaut disse que quandoterminamos de rodar um filme ele

está no pior estado possível, e queadorava a pós-produçào porqueassim podia torná-lo bom outravez. Sinto o mesmo: assim quedeixamos o caos das filmagens paratrás, as coisas só podem melhorar."

Mas são os relógios que têm

mantido Sonnenfeld acordadodurante estes últimos dois anos.

Porque o tempo eslá no cerne

de Homens de Negro S. E como

muitos outros cineastas jádescobriram, quando começamosa lidar com cronologia, entramos

num inferno sem saida.

"O Will chama-me Baz",

conta Sonnenfeld. "Quandoestávamos a filmar Homem

de Negro 11, ele disse-me: 'Baz.acho que tenho uma ideia parao terceiro.' A ideia de base era

fazer com que a personagemdo Will, o Agente J, tivesse

de voltar ao passado para salvar

o seu parceiro. Isto permitia mover

o filme para outra era e explorarmais a personagem do TommyLee Jones. Mas acabou por ser um

longo processo de desenvolvimento,

em parte devido à complicaçãodas viagens no tempo. Esta partefoi mesmo muito difícil."

orno é óbvio,

a culpa é do vilão.

Seguindo as

pegadas dos vilões

anteriores da série

o hotnem-barataEdwin Bug (Vincent

"Foi um processo longo.As viagens no tempo são

complicadas." Barry Sonnenfeld

COnofrio) c a rainha mulanteSerleena (Lara Flynn Boyle)- o grande terror de Homens de

Negro 3 é um alienígena chamado

Boris The Animal. "Ele não

é russo", clarifica Sonnenfeld."É um Bogtodite, do planetaBogiodotia. Antes chamava-se

Yaz, até que percebi que Yaz

é o nome de uma marca de pílulasantíconcecionais. Foi por pouco."

Seja qual for a sua origem, Boris

(Jemaine Clement) representa umenorme perigo. Perto do início do

filme, salta do ano 2012 para 1969

de modo a assassinar a versão mais

jovem de K (o estreante Josh

Brolin, com uma fantástica

imitação de Tommy Lcc Jones). J

(Smith) acorda no presente e

descobre que o seu parceiro

desapareceu, c há mais de 40 anos

que não há vestígios dele.

Depois de saltar do topo do

Chrysler Building - haverá de fazer

sentido - J salta para 1 969 paraprevenir o homicídio.

"Tudo isto parece divertido",ri-se o realizador. "Mas o

problema é que agora existem

dois Boris. E se o Boris de 1969

morrer primeiro, o Boris de 2012

desaparece e o filme termina.Tínhamos um final fantástico,

mas depois percebemos quetínhamos matado o Boris errado.

Por isso, damos por nós a construir

sequências de ação e depois

chegamos ao fim e pensamos:Torra, não podemos matar

este tipo agora. Ou será quepodemos? Será que o públicovai reparar? Ou será que nos

perdoam porque c uma mortetão porreira?'"

Depois de uma pré-produçãoexaustiva passada a meio

de gráficos e tabelas cronológicas("Todos nós tínhamos regrasestranhas de que não

abdicávamos."), a equipa ligouas câmaras com apenas o primeiroterço do guião completo. O planoarrojado, aprovado pela diretorada Sony, Amy Pascal, era

suspender a produção durante

alguns meses a meio das filmagens,

para se chegar a um consenso

quanto ao resto da história.

"Quando começámos o filme,sabíamos que não tínhamos

o segundo e terceiro atos

terminados", confirmaSonnenfeld. "Foi uma atitude

responsável? Se este filme

correr tão bem como penso ))

que vai correr, foi uma ideia de

génio. Sc for um falhanço, então

foi uma ideia mesmo estúpida. Mas

acho que a Amy vai acabar por terrazão. Porque a verdade é que se ela

nâo tivesse tomado esta decisão,

acho que Homens de Negro 3

ainda nem teria arrancado. 1 "

No set, esta abordagem nada

convencional deixou o elenco

e a equipa de pé atrás. "Foi uma

produção de loucos", contaRick Baker, o célebre designerde aliem da série. "Tínhamos

um argumentista no ser a escrever

as palavras momentos antes

de os atores as proferirem. Acho

que não se consegue fazer um filmeassim. Mas já vi uma versão crua e

fiquei espantado com a qualidade!"'Entretanto, alguns membros

da imprensa decidiram queo filme estava em sérios problemas.Desde o orçamento crescente

(''O dobro dos custos de Homensde Negro //!" - Business Insider)ao tamanho da caravanade Wi]l Smith ("Maior que

um apartamento!"' - CBS News),vários pontos foram escrutinados

a uma luz negativa."Grande parte das histórias

eram invenções da imprensaI',1 ',

suspira Sonnenfeld, "For exemplo,o Will tinha a mesma caravana

em Homens de Negro // e Fm Sou a

Lenda, e já estava em Nova lorquehá meses. O nosso filme tornou-se

"Havia um argumentista no seta escrever as palavras segundosantes de os atores as dizerem."Rick Baker

desde que Homens de Negro II se

mostrou como um falhanço crítico

e comercial, e Sonnenfeld meteu

o pé no acelerador, com promessasde mais alienígenas e açào quenos primeiros dois filmes juntos.Por entre as cenas prometidasestá uma fuga de uma prisão

alienígena de máxima segurança;um tiroteio num restaurante chinos:

e um clímax explosivo no Cabo

Canaveral, com o lançamentoda missão Apollo de 1 969 como

pano de fundo.

F há ainda uma sequência de

perseguição que promete espantar.

com J e K (talvez múltiplos K)atrás de Boris (talvez múltiplos

Boris) através de Nova lorque."O Will Smith e o Josh Brolin

estão sentados nuns monociclos

gigantescos, que são basicamente

rodas gigantes, do género

impossível de conduzir na

realidade", conta o realizadorcom ar deliciado. "A mota doBoris é tecnologia alienígena com

elementos orgânicos; é quase umanimal de estimação. A mota queusámos pesava mais de 350 quilose só havia uma pessoa nos EUA

que conseguia conduzi-la!"

um circo mediático. Isso de certa

forma até é divertido. Mas quandotemos filmagens a decorrer,

torna-se irritante."

pesar do alarido,a equipamanlcvc-se

focada na

sua missão.

Já passarammÊÊÊk de/ longos anos

Apesar da óbvia inspiração em

Easy Rider (que estreou em 1969),Sonnenfeld diz que o seu filme não

tem muitas referências externas.

"Para mim, o mais importanteera ver o Agente K naquela época,

e não os protestos antiguerra ou

contrastar os homens de fato com

os tipos de cabelo grande. Por isso,

vamos a uma das festas do AndyWarhol, mas não a Woodstock.

E estou a usar música de Lou Reed

e de Hendrix."As mudanças mais radicais

passam pelo design das criaturas

("Os alienígenas neste filme são

do estilo retro, da velha guarda,com capacetes em forma de

aquário e armas de raios", sorri

Baker) e pelo casting. Rip Tom está

da saída ("Há um serviço fúnebre

para o Agente Z no início do

filme", conta Sonnenfeld); entramEmma Thompson e Alice Eve

como duas encarnações da AgenteO ("A Emma fala um excelente

alienígena", elogia o realizador).Mas o estreante mais crucial é Josh

Brolin, que encarna o jovem K."O Will e eu estávamos

preocupados porque a químicaentre ele e o Tommy é o que dá vida

aos filmes", explica o realizador."Mas o Josh trabalhou tanto- tinha sempre um MP3 para ouvir

a voz do Tommy. E descobrimos

que o Tommy tinha criado uma

personagem forte que o Josh

conseguiu encarnar na perfeição,

parecem a mesma pessoa."O final do filme continua

no segredo dos deuses (emborasuspeitemos que o tenhamos

visto, mas fomos "neuralisados"

de seguida). Mas Baker

deixa escapar um comentáriointeressante: "Ao menos agoratemos o Josh Brolin para continuar

com o papel do Tommy..."Estará a insinuar que o Agente

K de 1969 regressa ao futuro com

o J de 20 12? O que acontece então

ao K de 2012? Alguém tem um

gráfico que nos empreste?"Vou dizer-vos o que se passa

com Homens de Negro 4", ri-se

Sonnenfeld. "Passaram cinco anos

entre o primeiro e o segundo. Dez

anos entre o segundo e o terceiro.

Por isso, daqui a 20 anos voltamos

a ver-nos: no verão de 2032. O Willvai ter 65 anos e eu vou estar numlar. Vai ser hilariante." NOS

Homens de Negro 3 estreiaa 24 de maio.